SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS
09 DE JUNHO DE 2015
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'Haverá nova chamada para Fies ainda neste ano', diz ministro da Educação FONTE JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO SABINE 08/06/15 às 22h 00 Quem estuda no ensino superior privado pode, finalmente, dar um respiro aliviado. O ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, disse ao Abecedário nesta segunda-feira (8) que haverá, ainda neste ano, uma nova chamada de inscrições para o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil). Essa foi a primeira vez que o governo deu um sinal positivo sobre novas vagas no Fies desde a conclusão do prazo dos novos pedidos de financiamento, que terminou em 30 de abril. “Nós já resolvemos isso: a chamada para novas vagas será feita em breve, no segundo semestre”, disse. No início de maio, Janine afirmara que reabrir o sistema seria “inútil”, já que os recursos tinham se esgotado. A afirmação causou reação negativa de estudantes e de escolas privadas, que tiveram de oferecer formas alternativas de financiamento para não perder alunos novos. Muitos estudantes relataram, ainda, problemas para se inscrever no sistema do Fies pela internet. Alguns chegaram a passar a noite na faculdade na tentativa de garantir uma vaga no financiamento. Na primeira chamada do Fies, o programa contou com R$ 2,5 bilhões destinados para 252.442 novos contratos de financiamento. Metade de quem tentou obter crédito novo para financiar o curso superior neste ano ficou de fora. Para se ter uma ideia, em 2014, foram feitos 732 mil novos contratos em duas chamadas. O Fies tem, ainda, 1,9 milhão de contratos ativos, ou seja, de estudantes que já tinham sistema de financiamento anteriormente e que continuam estudando. As regras para obter financiamento ficaram mais rígidas neste ano e devem continuar as mesmas: só poderá entrar com um pedido no Fies quem tiver nota mínima de 450 pontos no Enem (Exame Nacional de Ensino Médio) e que não tenha zerado na redação do exame. O MEC resolveu mudou as regras na expectativa de garantir uma qualidade mínima de quem o governo financia os estudos. Muitas instituições de ensino superior torceram o nariz para a mudança. Para se ter uma ideia, um estudante de escola pública brasileira tira, em média, 450 pontos no Enem. Janine não deu detalhes sobre a quantidade de novos contratos de financiamento que serão disponibilizados no segundo semestre deste ano e nem disse de onde sairá o dinheiro. A pasta de Educação tem a previsão de corte de cerca de 30% no orçamento deste ano comparado ao ano passado. Quem mais tem sido afetado pelo corte tem sido as universidades federais, que dependem exclusivamente do MEC para manutenção da sua infraestrutura mínima. Muitas estão com problemas para fazer pagamentos de serviços terceirizados e de contas como de energia. Hoje, 56 universidades e institutos federais estão oficialmente em greve. O ministro disse, ainda, que provavelmente não haverá novos projetos na pasta. “Em tempos de corte de recursos, precisamos avaliar o que estamos fazendo e como vamos seguir”, disse. Entre os programas prioritários do MEC que serão avaliados, de acordo com Janine, estão o Ciência sem Fronteiras, responsável pelo envio de estudantes para estudar no exterior, e o Pronatec, voltado à promoção do ensino técnico. Para educação básica, o ministro pretende avaliar e disseminar boas práticas na escola. A ideia é criar um portal na internet que relate boas práticas de professores, diretores e de secretários municipais que tenham tido resultados positivos na escola. Professor de ética na USP, Janine assumiu a chefia de Educação há pouco mais de dois meses, após a saída de Cid Gomes (leia mais aqui). Encontrou um ministério com corte de recursos, universidades públicas em greve e escolas particulares pedindo mais dinheiro para financiamento. Sobre o cenário, o ministro está otimista. “Vou fazer o que tiver de ser feito para conseguir bons resultados na minha gestão”. E de quanto tempo será a gestão? “Pelo menos e no máximo até o final do mandato da presidente Dilma”.
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Editorial: Informação de menos FONTE JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO 09/06/2015 às 02h 00 Poucos temas servem tão bem a políticos oportunistas quanto o das modificações na legislação penal. Seja pela constante percepção de insegurança, seja pelo momentâneo impacto de um crime escabroso, a ampla maioria dos brasileiros sempre se mostra inclinada a aceitar medidas que aumentam os poderes punitivos do Estado. Entende-se que parcelas expressivas da população, sentindo-se desprotegidas, se deixem levar por uma atmosfera emocional e vindicativa. O que não se entende nem se pode aceitar é que o Congresso Nacional faça o mesmo. De deputados e senadores, bem como de seus interlocutores do Executivo, se espera uma atitude racional e serena no debate sobre segurança pública. Em nenhum campo, afinal, a interferência estatal na vida do cidadão pode ser tão dura quanto na esfera criminal, podendo chegar a uma ordem de privação da liberdade. O desejável, portanto, seria basear tais discussões em argumentos sólidos e informações confiáveis, mas, a esta altura do século 21, o Brasil não dispõe de estatísticas para auxiliar uma das principais polêmicas nessa área: a proposta de reduzir a maioridade penal, passando-a de 18 para 16 anos. Conforme noticiou esta Folha no domingo (7), não existem dados que dimensionem a participação de jovens nos crimes no país. Ao longo de dois meses, a reportagem procurou as 27 unidades da Federação e solicitou números sobre delinquência juvenil. Apenas nove os apresentaram. As respostas mostram que em pelo menos sete delas a participação de menores em homicídios com autoria conhecida é igual ou superior a 10%. A taxa contrasta com a indicada pelo governo federal na semana passada: os menores responderiam por menos de 1% dos homicídios, índice que já fora divulgado antes tal proporção chegou a ser mencionada neste espaço. A informação repassada por alguns Estados, todavia, ainda é precária. Não só porque as metodologias utilizadas variam mas também porque unidades federativas populosas como São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia não forneceram dados em 2004, o governo paulista calculou que, em 2003, os menores respondiam por 3,3% dos assassinatos com autoria conhecida. Seja como for, a reportagem revela um Brasil absurdamente atrasado nesse ponto, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se viu obrigado nesta segunda (8) a reconhecer o quanto a área da segurança pública falha ao não dispor de estatísticas fidedignas. De fato.
A orfandade dos trabalhadores FONTE JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO 09/06/15 A esfera trabalhadora do Brasil está órfã de lideranças. Não há perfis a expressar o ideário clássico do trabalhismo --o sentimento de pertinência de classe, o culto às instituições sociais, a valorização do trabalho, a união de todos sob a mesma bandeira etc.--, nem organizações capazes de defender posições claras no espectro ideológico. As massas trabalhadoras formam aglomerados dispersos, abrigados em espaços ocupados por centrais sindicais, cuja preocupação central é garantir um quinhão do bolo de recursos do sistema confederativo. Os comandos dessas entidades têm sido entregues a pessoas com perfis que lembram os dos pelegos do passado, agarrados aos braços da máquina estatal, com um olho na perpetuação do poder e outro na moldura partidária, onde buscam abrigar sua identidade.
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Ao perceberem que os partidos podem ser extensão de seu poder, as centrais inauguram a era do "sindicalismo partidário", um bom empreendimento para seus negociantes políticos. Afinal, ali pode florescer um promissor feudo eleitoral. E onde está o trabalhismo histórico, cujas sementes foram semeadas por Getúlio Vargas, nos anos 30, por João Goulart e Leonel Brizola, nos anos 60? Definhou ao longo das últimas décadas. Suas raízes começaram a secar nos tempos áridos da ditadura de 1964. A partir de 1979, em razão da abertura política, tentou reaparecer, mas o velho PTB cindiu-se. Virou ser invertebrado quando passou a ser objeto de disputa entre Brizola e Ivete Vargas, neta de Getúlio, que acabou ficando com a sigla. Ao ex-governador sobrou o desafio de fundar o PDT. O legado getulista dividia-se entre os dois partidos. Capengando numa vereda cheia de curvas e sob o refluxo ideológico provocado pela queda do Muro de Berlim, em novembro de 1989, o velho PTB esmaeceu o verniz das lutas trabalhistas. Enquanto isso, o PDT, mais pela performance do perfil carismático de seu principal dirigente, passou a acenar com a bandeira de um "socialismo moreno", possivelmente esculpido com a régua do maior teórico do trabalhismo, Alberto Pasqualini, que dizia: "Nem Nova York nem Moscou. O trabalhismo brasileiro é autóctone e crioulo". A morte de Brizola, em 2004, enterrou o que sobrara do ideário trabalhista. Daí por diante, o país abriu o ciclo do chamado sindicalismo de resultados, pragmático e burocrático, com seu cordão umbilical amarrado ao corpo do Estado. Convém lembrar que, em 1980, o trabalhismo passou a ser também referência central do PT, por inspiração de seus idealizadores, o setor esquerdista da Igreja Católica, intelectuais, parcela do PCB e metalúrgicos do ABC paulista. Em 35 anos, no entanto, o PT nunca conseguiu unir as bandas dispersas das massas trabalhadoras, por brandir um discurso desagregador e manter uma visão unilateral do poder sobre as estruturas do Estado. O que sobrou do trabalhismo? Um ente sem pé nem cabeça. Hoje não passa de abrigo para o neopeleguismo sustentado pelo Estado. Perdeu significado no dicionário da política. Sete centrais sindicais disputam espaço, dividindo as representações das categorias profissionais. Emergem parcerias entre centrais e partidos, sendo mais evidente o casamento entre CUT e PT, duas faces da mesma moeda. Diante da ruína do edifício petista, trabalhadores de muitos setores percebem, desmotivados, a ação desnorteada de sua representação. Pergunta-se qual o ideário das entidades e não se tem resposta. A CUT tateia na corda bamba, tentando, ao mesmo tempo, ser contra e a favor do governo. Qual o papel do maior líder sindical da história contemporânea, Lula, na defesa do trabalhismo? Difícil responder. As bandeiras que Lula levantou tornaram-se refrões sem sentido. Qual é a real situação dos trabalhadores, quem canaliza suas demandas? Centrais preocupadas com os cofres, como no atual combate contra a terceirização de serviços? O fato é que as massas trabalhadoras começam a expressar desesperança, estão temerosas. Trabalhadores da classe C que vieram da classe D temem voltar ao antigo habitat. Sentem-se órfãos.
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O filho do agricultor FONTE JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO JOÃO GUILHERME SABINO OMETTO 09/06/15 Várias propriedades agropecuárias brasileiras, de distintos portes, desenvolvidas ao manejo da enxada, suor e trabalho pelos antigos donos e descendentes, são administradas por herdeiros com diplomas e pós-graduados. Eles agregam ao precioso legado dos pais e avôs o valor de sua formação acadêmica. Muitos desses novos gestores são movidos por ansioso desejo de promover mudanças, a começar pela redução dos custos. Dos insumos aos recursos humanos, das máquinas ao arame farpado das cercas, passando pelo aperto dos fornecedores, movem-se por incontrolado impulso de economizar. Princípio corretíssimo, desde que aplicado na medida certa. Cortar itens de modo exagerado pode significar o colapso da produção e do lucro. Essas histórias costumam ter final feliz, pois a experiência do pai equilibra a equação. Análogo a esses deliciosos e verídicos "causos" do campo, é o esforço fiscal do governo, capitaneado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Não há dúvida de que diminuir despesas é prioritário, mas é preciso respeitar os limites do arrocho das empresas e investimentos públicos. Ou a economia padecerá. Cabe, portanto, uma análise do ajuste fiscal que está em curso. O primeiro aspecto refere-se ao decreto nº 8.434/15, da presidente Dilma Rousseff, que fixa teto de R$ 18,9 bilhões para o Programa de Aceleração do Crescimento, nos cinco primeiros meses de 2015. Em relação ao valor do mesmo período de 2014, de R$ 26 bilhões, a queda é de 27%. Já para as despesas discricionárias dos ministérios, passíveis de manejo, o limite é de R$ 78,5 bilhões, 2,5% a menos do que os R$ 80,5 bilhões de 2014. Não seria melhor tirar menos do PAC, que gera empregos e renda, e mais do custeio? O esforço fiscal também está subtraindo recursos das empresas, considerando o aumento de impostos. Há, ainda, medidas provisórias que limitam o seguro-desemprego, auxílio-doença e pensão por morte. Isso, além da questão social, significa menos dinheiro no consumo e mais estagnação. Outra proposta enviada ao Congresso reduz muito a desoneração da folha de pagamento. Se aprovada, as empresas serão oneradas num momento em que suas margens estão pressionadas pelo aumento dos juros, inclusive os do BNDES. Cai o incentivo tributário e cresce o custo de produzir. Há, ainda, a majoração da energia elétrica. Todos concordam com a meta de superavit primário de 1,2% do PIB. A redução das despesas e o aumento de arrecadação, porém, precisam ser bem direcionados, ter foco correto e garantir um mínimo de fôlego para a economia. Há alternativas para os cortes, como diminuir o dinheiro do fundo partidário, os elevados custos com os quase 30 mil ocupantes de cargos em comissão no governo federal, controle de viagens de funcionários, eventos e gastos não prioritários. E isso vale para todas as instâncias dos três Poderes. Ninguém deseja que o Estado seja o pai de todos e distribua benesses às empresas, mas também não queremos que aja como o radical filho do agricultor. JOÃO GUILHERME SABINO OMETTO, 75, engenheiro, é vice-presidente do Conselho de Administração do Grupo São Martinho e vice-presidente da Fiesp - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.
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A malhação de são Joaquim FONTE JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO VINICIUS TORRES FREIRE vinit@uol.com.br 09/06/15 O FERIADO DA festa da eucaristia, Corpus Christi, e o Congresso do PT não são uma combinação lá muito católica. A proximidade das duas datas talvez tenham pois suscitado essa justaposição meio sacrílega de comentários da presidente e do vice da República a respeito de Joaquim Levy. O ministro apenas da Fazenda não pode ser tratado como Judas, protesta Dilma Rousseff, mas, sim, como Cristo, secunda Michel Temer. As metáforas evangélicas parecem expressar a preocupação de que Levy fique entre a forca e a cruz no 5º Congresso do Partido dos Trabalhadores, que começa depois de amanhã. Para ficar no popular, Levy e sua política econômica podem ser malhados ao ponto bem passado de que o PT pareça ter se convertido à oposição formal a Dilma 2. É improvável que a maioria do PT entregue a presidente para a adoção, no caso pelos padrastos malvados do PMDB. Mas a malhação desmedida de são Joaquim não deve contribuir para atenuar a confusão política ridícula e lastimável em que vive o país. Ou seja, a presidente traiu seu partido ao se travestir do primeiro para o segundo mandato, roupa que o grosso do PT quer rasgar, confesse ou não de público, ou pelo menos fantasiar. Entre as propostas que correntes do partido querem aprovar em seu Congresso estão coisas como um próindústria (créditos subsidiados) e um pró-exportação (mais subsídios), políticas que o ministro da Fazenda quer despachar aos poucos para o além. Claro, vai se defender ainda o "imposto sobre grandes fortunas", a poção mágica de muita esquerda, baseada em um pensamento que combina Robin Hood com Tio Patinhas (política socioeconômica progressista resumese a tirar de ricos para dar aos pobres por meio da expropriação do cofre do tesouro escondido). A isso chegou a esquerda, depois de mais de 12 anos de poder em que não elaborou plano algum de tributação séria e mais justa de renda, herança ou consumo, e menos ainda (muito complicado, "ai, que preguiça") pensou ou implementou políticas econômicas que propiciem crescimento mais rápido e igualitário. Preferiu dar dinheiro a oligopólio, crédito a juro quase zero, e fazer dívida pública, que custa juros indecentes, pagos a remediados e ricos. Mas passemos. O assunto era a beatificação ou a malhação de Joaquim. O fato de que a esta altura da procissão Dilma Rousseff e o(s) PT não tenham chegado a um acordo sobre o que fazer das sabotagens mútuas não é bom sinal. As semanas estão politicamente mais calmas nos palácios e nas ruas (ou a fúria é silenciosa) e, ao fim, pode ser que o povo tolere calado o período de arrocho e esfolamento, que ainda vai longe. Pode ser que não. Os tempos de provação serão compridos, até 2017, para ficar no básico. Conviria ter um projeto novo de governo, não tentativas amadoras, mesquinhas e desesperadas de salvar a cara do PT para as próximas eleições, de dourar a pílula, de fazer cócegas no "andar de cima" com medidas ineptas para jogar para a galera. Para não ser injusto com o PT, diga-se que partido algum acordou para o fato de que o Brasil de 1994-2010 foise desta numa pior e de que, seja qual for a cor da reforma ("liberais" ou "nacional e popular"), ela tem de ser profunda.
Ministros querem que Dilma faça concessões à base petista FONTE JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO ANDRÉIA SADI e VALDO CRUZ DE BRASÍLIA 09/06/15 No auge do distanciamento de Dilma Rousseff com o PT, ministros recomendaram à presidente fazer acenos à base social do partido e voltaram a defender, nos bastidores, a taxação de grandes fortunas. O tema é uma das principais bandeiras do PT e deve ser discutido durante o congresso da sigla, que começa nesta quinta-feira (11). 6
Dilma ainda não tem posição fechada sobre a proposta, que enfrenta resistências do ministro Joaquim Levy (Fazenda), que prefere a tributação de heranças. Para ele, a taxação de fortunas adotada em outros países recentemente não funcionou --além de não gerar receita significativa, afugentou milionários, que migraram para outros locais. Ministros petistas ouvidos reservadamente pela Folha insistem, porém, que a presidente precisa reforçar o recado de que o ajuste não vai "onerar só o trabalhador", apesar de o governo já ter elevado a tributação dos bancos. Em conversa com petistas em março, o ex-presidente Lula pediu o aprofundamento das relações do PT com movimentos sociais. Dirigentes criticam, nos bastidores, a política econômica do segundo governo Dilma e pressionam por medidas em benefício dos trabalhadores, na contramão do ajuste fiscal. Levy deve ser alvo de petistas durante o congresso do PT em Salvador. A CUT (Central Única dos Trabalhadores) levará ao evento críticas ao ministro e ao governo Dilma, a quem acusa de ter promovido uma "guinada na política econômica, com ataques a direitos dos trabalhadores". Com o aumento da tensão entre o partido e o governo, Dilma não vai participar da abertura do congresso do PT ao lado de Lula, como previsto inicialmente. Ela voltará de Bruxelas, para onde viaja nesta terça (9) apenas na madrugada de sexta. Assessores avaliam se vai valer a pena sua ida ainda na sexta ou no sábado, dia do encerramento, geralmente bastante esvaziado neste tipo de evento, em que as decisões se concentram no primeiro e segundo dias. Nesta segunda, a presidente defendeu o ministro da Fazenda. Em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", ela disse que Levy não pode ser tratado "como Judas". "Eu acho injustas [as críticas] porque não é responsabilidade exclusiva dele. Não se pode fazer isso, criar um judas". O vice-presidente Michel Temer também saiu em defesa do ministro. "O ajuste fiscal que o Levy está levando adiante vai representar exatamente isso: num primeiro momento, parece uma coisa difícil, complicada, mas que vai dar os melhores resultados. Muito menos Judas e muito mais Cristo". Em entrevista ao jornal belga "Le Soir", publicada nesta segunda (8), Dilma defendeu o freio de arrumação que seu governo está promovendo nas contas públicas. "Tivemos que fazer esse ajuste, que não é nem de direita, nem de esquerda, nem de centro", afirmou. A presidente disse ainda que o ajuste fiscal "não é uma escolha". "O ajuste é essencial. Não é algo que você pode ou não fazer: não há alternativa senão fazê-lo". Nos últimos dias, às vésperas do encontro petista, a própria cúpula do PT passou a ficar preocupada com o clima de confronto de alas do partido com o governo e desencadeou uma operação para tentar acalmar os ânimos. O receio de líderes petistas, partilhado pelo ex-presidente Lula, é que o Congresso do PT aprofunde o distanciamento da presidente com o partido, o que seria prejudicial para os dois lados. Para reforçar a imagem do PT, deteriorada pelos últimos escândalos como mensalão e petrolão, a cúpula do partido vai defender que, durante o Congresso, sejam lançadas agendas próprias da sigla, como a recriação da CPMF. A medida não conta com o apoio oficial do governo porque representa mais impostos. RELAÇÃO A relação entre a presidente e o PT sempre foi tensa, mas se deteriorou nos últimos meses. No início do segundo mandato, ela demitiu o núcleo ligado a Lula no Planalto, alijando representantes da corrente majoritária da sigla, a CNB (Construindo um Novo Brasil), das principais decisões do governo. Além disso, nomeou Levy e Kátia Abreu (Agricultura), ministros criticados pela militância petista.
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G7 propõe abdicar de combustíveis fósseis Fonte DO "FINANCIAL TIMES" DE SÃO PAULO 09/06/15 O G7, que reúne os sete países desenvolvidos mais ricos, declarou-se em consenso sobre a necessidade do mundo de abandonar gradativamente o uso de combustíveis fósseis até o fim deste século. Reunidos na Alemanha para sua cúpula anual, líderes de EUA, Alemanha, França, Reino Unido, Japão, Canadá e Itália afirmaram no comunicado final do evento que são precisos profundos cortes na emissão de gases causadores do efeito estufa e a "descarbonização" da economia ao longo do século. O texto também ressalta uma meta de redução na emissão de gases-estufa entre 40% e 70% até 2050 ante os níveis de 2010 --a primeira ocasião em que esses países, em conjunto, apoiam metas precisas no longo prazo. Mas o texto, embora enfatize as datas de 2050 e 2100, não propõe nenhum cronograma para o abandono dos combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão) nem planos para reduzir as emissões. Além disso, ao tratar de políticas oficiais de estímulo aos combustíveis sujos --um velho debate nos EUA, ressalva que devem ser eliminados "subsídios ineficazes aos combustíveis fósseis", abrindo uma brecha para que alguns programas possam ser classificados como eficientes. O texto é mais enfático sobre a necessidade de se apoiar o desenvolvimento de fontes alternativas e um fundo que ajude os países mais pobres a lidarem como a mudança climática. Os líderes reafirmaram o compromisso de, até 2020, mobilizar US$ 100 bilhões ao ano de fontes privadas e públicas para tanto. Ativistas do clima disseram que as decisões das democracias mais ricas estimulariam a negociação entre quase 200 países para fechar um acordo global na convenção sobre o clima marcada para dezembro em Paris. "Pela primeira vez na história, os líderes do G7 se uniram em torno de uma meta de longo prazo de descarbonizar a economia mundial", disse Jennifer Morgan, chefe do programa de clima no World Resources Institute, importante organização ambiental dos EUA. Isso "tornará evidente para empresas e mercados financeiros que os investimentos mais lucrativos derivarão de tecnologias que promovam o baixo uso do carbono". O objetivo proposto pelo G7 é um desafio potencialmente imenso para empresas de petróleo, gás natural e carvão, que podem enfrentar pressão para transformar seus negócios ou investir mais em tecnologias como a captura e armazenagem de carbono. A queima de combustíveis fósseis libera na atmosfera dióxido de carbono, um dos causadores do efeito estufa, que, segundo cientistas, está elevando as temperaturas do planeta a níveis arriscados.
Comunicado conjunto demonstra boas intenções, mas não prevê maiores ações FONTE JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO LUCIANA COELHO EDITORA DE "MUNDO" 09/06/15 Ao declararem, em comunicado, que "cortes profundos na emissão de gases-estufa são necessários junto com a descarbonização da economia global ao longo deste século", os líderes do G7 provocaram alvoroço. Publicações como os jornais britânicos "Financial Times" "The Guardian" louvaram a frase como histórica. É, afinal, a primeira vez que os líderes das sete potências desenvolvidas, em conjunto, põem a necessidade de abandonar o uso dos combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão) em um futuro visível, ainda que distante. Mas o texto não firma compromissos nem prevê mudança de atitudes. É, essencialmente, uma declaração de boas intenções para se forjar algum consenso na Conferência do Clima que ocorrerá em dezembro em Paris. A própria palavra "descarbonização" é ambígua, como notou a agência "Associated Press" (AP). "Significa substituir combustíveis fósseis por fontes alternativas como energia solar e eólica. Mas o termo está aberto a interpretações que incluem o uso de alguns combustíveis fósseis." Ou, também, a ideia de "compensar" o uso desses combustíveis com medidas como o plantio de florestas.
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Um porta-voz do governo alemão consultado pela AP disse que a chanceler Angela Merkel referiu-se, ao usar a palavra, a reduções "substanciais" das emissões de gases-estufa nas próximas décadas e a "quase zero" até 2100. Não falou, pois, em combustíveis. Para Carlos Rittl, secretário-executivo da rede de ONGs Observatório do Clima, há ainda uma distância entre a declaração e as ações. "A ambição e a urgência declaradas pelos países mais ricos não correspondem aos compromissos colocados na mesa por EUA, Canadá e União Europeia e ao que o Japão tem sinalizado que fará", afirmou, citando as metas estabelecidas ou almejadas para o corte de emissões. "Alguém precisa virar esse jogo, e quem está em melhores condições de fazer isso com ganhos para a economia é o Brasil", disse à Folha. Ulf Moslener, professor de de energia sustentável na Escola de Finanças e Administração de Frankfurt, disse à AP que o comunicado é, "em boa parte, uma confirmação daquilo sobre o que já se concordou antes". "Seu valor é deixar desenvolvidos na mesma página para negociar com países em desenvolvimento".
SC terá PPP para sistema de ônibus rápidos FONTE JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br 09/06/15 O governo de Santa Catarina buscará um parceiro privado para investir na implantação do sistema de ônibus rápidos, chamado de BRT, na região de Florianópolis. A estimativa é que a primeira fase do projeto, que incluirá um trecho de dez quilômetros de extensão, precisará de cerca de R$ 300 milhões em aportes. "Decidimos que a PPP [parceria público-privada] é a melhor saída nesse momento em que o governo federal passa por ajustes e que será mais difícil acessar recursos", afirma Cássio Taniguchi, superintendente da região metropolitana de Florianópolis. O investimento para a criação do sistema deverá ser feito pelo grupo vencedor do contrato, que depois será remunerado por meio de contraprestações públicas. A primeira etapa prevê um corredor na via expressa da capital, que liga a ilha de Florianópolis à cidade vizinha de São José, no continente. Com um transporte público mais rápido, a meta é incentivar a troca do automóvel pelo ônibus na capital. "Um estudo mostrou que 48% das locomoções na região de Florianópolis são feitas com carros, acima de São Paulo e Rio, onde as médias são de 32% e 21%", diz Taniguchi, que foi prefeito de Curitiba de 1997 a 2004. O projeto passará pela fase de modelagem neste ano, para que a licitação seja lançada no início de 2016. A expectativa de emprego para o terceiro trimestre deste ano no país diminuiu 13 pontos percentuais na comparação com o mesmo período de 2014, segundo o grupo de recrutamento Manpower. O índice (parcela das empresas que pretendem aumentar as contratações menos as que devem diminuir) ajustado em função de variações sazonais para os meses de julho a setembro é de -3%. Esse é o pior desempenho já registrado pela pesquisa, que começou a ser feita no fim de 2009. As companhias de médio porte, que tem entre 50 e 249 funcionários, sãos as mais pessimistas, com -12%. Na sequencia, aparecem as pequenas (de 10 a 49 empregados), com -9%, as micro (menos de 10), com -4%, e as grandes (mais de 250), com -1%. Dentre os Estados analisados, Paraná e Minas Gerais apresentam os piores índices (-6%). No Rio, o indicador ficou em -2%. Ao todo, foram entrevistados cerca de 59 mil empregadores em 42 países. No Brasil, foram 850 ouvidos. Cortes... Nove meses após ter comprado a rede de restaurantes Montana, o grupo J.Alves, dono do Griletto, vai reformular 25 das 96 lojas da marca. ...nobres Elas passarão a ter um perfil "premium" para atingir os públicos A e B. A meta é elevar o tíquete médio dessas unidades em 20%. 9
A rede Graal, de postos de serviços em estradas, revisou para baixo seu plano de chegar a 60 unidades até o ano que vem. A nova previsão é abrir mais três ou quatro pontos neste ano e cerca de outros cinco em 2016. Hoje, são 44 paradas em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. "Estamos mais módicos por causa da crise. Há um volume menor de viajantes nas estradas e o movimento está abaixo do esperado", afirma Evaristo Gomes, diretor da Graal. O grupo fechou uma parceria com a CPFL para oferecer postos de abastecimento para carros elétricos. Os primeiros pontos serão nas unidades Graal das rodovias Anhanguera e Bandeirantes e devem começar a operar em 60 dias. "A princípio, o serviço será gratuito e permitirá carregar 80% da bateria em 30 minutos", diz Rafael Lazzaretti, diretor da CPFL. R$ 21,2 milhões será o aporte realizado pela CPFL para criar 30 pontos de abastecimento em SP. A venda de imóveis novos na cidade de São Paulo teve o melhor desempenho do ano no mês de abril, segundo estudo do Secovi-SP (sindicato das imobiliárias). Foram comercializadas 2.185 unidades no mês, um aumento de 72,5% em comparação com março e de 1,8% em relação a abril de 2014. O volume vendido apresentou uma melhora pelo segundo mês consecutivo. "Apesar de não estarmos confiantes de que seja uma tendência, pois os consumidores e as empresas não estão otimistas, é sinal de que existe demanda na capital quando há lançamentos", diz Celso Petrucci, do Secovi-SP. No período, foram lançadas 3.023 unidades residenciais, um incremento de 291,1% em relação a março e de 28,2% na comparação com abril do ano anterior. A maioria (60%) dos imóveis vendidos em abril eram com dois dormitórios. O tíquete médio foi de R$ 405 mil -38,2% inferior ao do mesmo mês de 2014. 23,8% foi a participação dos imóveis com um dormitório nas vendas de abril de 2015 R$ 884,2 milhões foi o VGV (Valor Global de Vendas) na cidade de São Paulo no período -37,2% foi a variação no VGV em relação ao mesmo mês do ano passado na capital
Exportações de petróleo para a China sobem 260% FONTE JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO RENATA AGOSTINI DE SÃO PAULO e ÁLVARO FAGUNDESEDITORADJUNTO DE "MERCADO" 09/06/15 A China mais do que triplicou as compras de petróleo do Brasil neste ano, tornando-se o principal destino do produto no exterior. O aumento das vendas brasileiras acontece em um momento em que a Petrobras intensifica os acordos com a China para garantir financiamento. No mês passado, a estatal obteve crédito de US$ 7 bilhões com bancos chineses. De janeiro a maio, foram 5,4 milhões de toneladas enviadas ao país asiático ou 35% de todo o petróleo brasileiro embarcado ao exterior. É a maior compra já feita por um único país no período. O volume embarcado ao país asiático é mais que o dobro do enviado aos Estados Unidos, que em 2014 foi o maior importador. 1
O aumento das importações chinesas ajudou o país a bater recorde na venda de petróleo neste ano. No total, foram mais de 15 milhões de toneladas exportadas até maio --uma alta de 80% ante igual período de 2014. Apesar disso, houve queda nas receitas. O preço do barril de petróleo caiu cerca de 40% nos últimos 12 meses. O movimento acentua, porém, a dependência brasileira da demanda chinesa. O país asiático passa a ser o maior comprador de quatro dos dez principais produtos da pauta exportadora brasileira. A China já era destino principal de soja, minério de ferro e celulose. O comércio entre Brasil e China começou a ganhar corpo na década passada e deu um salto com o aumento do preço dos produtos básicos no mercado mundial. Em 2000, as vendas para o mercado chinês contabilizavam pouco mais de US$ 1 bilhão. No ano passado, alcançaram US$ 40 bilhões, puxadas por soja e minério. MOEDA DE TROCA O interesse chinês pelo petróleo brasileiro vem crescendo desde 2009. Naquele ano, durante visita do expresidente Lula à China, o país liberou um financiamento de US$ 10 bilhões para a Petrobras por meio do Banco de Desenvolvimento da China. O empréstimo foi acompanhado de um acordo de fornecimento de petróleo por dez anos para a estatal chinesa Sinopec, dona de refinarias no país asiático. No ano seguinte, os chineses começaram a trazer suas empresas para o país. A Sinopec comprou participação na subsidiária da espanhola Repsol no Brasil, e a Sinochem --outra estatal chinesa-- adquiriu fatia da norueguesa Statoil em um campo de petróleo no país. Elas foram seguidas em 2013 por Cnooc e CNPC, também controladas pelo governo chinês, que passaram a participar de consórcio para explorar o pré-sal. Neste ano, a Petrobras voltou a pedir dinheiro a Pequim. Dois empréstimos que somam US$ 7 bilhões foram aprovados para socorrer a estatal brasileira. "Isso sugere que mais óleo deve seguir para a Ásia. Considerando a dificuldade de financiamento que a Petrobras enfrenta, o Brasil deve voltar-se à China para mais empréstimos em troca de mais petróleo", afirma Virendra Chauhan, analista da consultoria britânica Energy Aspects. No início dos anos 2000, o petróleo significava apenas 0,5% do que o Brasil embarcava para a China em valores. Atualmente, ele representa 13% das receitas de exportação para o país asiático. 6 aeroportos regionais de SP serão leiloados Terminais de Araras, Bragança, Ubatuba, Jundiaí, Itanhaém e Campinas (Amarais) estarão no plano de concessão Dilma Rousseff anuncia hoje pacote, que terá R$ 198 bilhões em investimentos e incluirá porto, ferrovia e estrada FONTE JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO NATUZA NERY, DIMMI AMORA e VALDO CRUZ DE BRASÍLIA 09/06/15 Seis aeroportos do interior do Estado de São Paulo foram incluídos no plano de concessões a ser anunciado nesta terça-feira (9) pela presidente Dilma Rousseff. Segundo a Folha apurou, a programação é que sejam leiloados ainda neste ano os terminais de Araras, Bragança Paulista, Ubatuba, Jundiaí, Itanhaém e Campinas (Amarais), todos em São Paulo. O aeroporto de Caldas Novas, em Goiás, também está na lista. Esses aeroportos vão receber obras do governo federal no plano de aviação regional. E os Estados, que serão responsáveis por sua administração, já definiram que eles serão concedidos à iniciativa privada. A intenção é desafogar os grandes terminais do Estado de São Paulo, principalmente Congonhas. FERROVIAS O pacote, que até a semana passada tinha previsão de investimentos na casa dos R$ 130 bilhões, será ampliado para R$ 198 bilhões por causa da entrada de novos trechos ferroviários. 1
Os trechos que estavam previstos eram as ligações entre Mato Grosso/Pará, Maranhão/Pará e Mato Grosso do Sul/São Paulo. Também deverão entrar no pacote um trecho de ferrovia entre o Rio de Janeiro/Espírito Santo e novos trechos da Ferrovia Norte-Sul entre Goiás e São Paulo, além de etapas que vão compor a Transoceânica (Brasil-Peru). A obra ambiciosa é cobiçada pelo governo federal, mas de difícil implementação devido à grandiosidade do projeto, que precisará cruzar a cordilheira dos Andes para atingir o oceano Pacífico. PORTOS No setor de portos também será incluída uma mudança que vai beneficiar São Paulo. O porto de São Sebastião (SP), que não estava incluído nas primeiras etapas de concessão, deverá estar na programação para que tenha seus terminais licitados em 2016. A previsão no setor é que um primeiro grupo de ter- minais portuários em Santos (SP) e na região de Belém (PA), com investimentos estimados em R$ 4,7 bilhões, possa ir a leilão ainda neste ano. Para o segundo grupo de terminais --nos portos de Paranaguá (PR), Salvador e Aratu (BA), o governo tentará realizar os leilões no primeiro semestre de 2016. O porto de São Sebastião entrou nessa etapa do pacote. No caso das rodovias, uma parte significativa do pacote busca tirar do papel obras de concessionários que já administram vias federais desde as décadas de 1990 e 2000. Segundo a Folha apurou, são pelo menos R$ 19 bilhões em obras dessas concessões que não estavam previstas em seus contratos. Entre as intervenções previstas, ao menos duas importantes são em rodovias paulistas. Uma delas é a duplicação de toda a BR-153 (Transbrasiliana) dentro do Estado, num total de 320 km entre as divisas com o Paraná e Minas Gerais. A outra obra é a nova pista da serra das Araras na BR-116 (rodovia Presidente Dutra), que liga o Estado ao Rio de Janeiro. Essa obra estava prevista no contrato original da concessionária Nova Dutra, assinado na década de 1990, mas acabou não sendo feita porque o dinheiro foi gasto para outras intervenções. Além dos investimentos das atuais concessionárias de rodovias, o governo tentará leiloar pelo menos dez novos trechos de estradas federais, com investimentos de pelo menos R$ 46 bilhões. Produção industrial recua em 13 das 14 regiões em abril ante março, diz IBGE FONTE IDIANA TOMAZELLI - O ESTADO DE S. PAULO 09 Junho 2015 às 10h 35 Trata-se do recuo mais generalizado desde dezembro de 2008, quando a produção industrial também cedeu em 13 regiões do País; em SP, recuo de 11,3% foi o maior desde junho de 2009 A redução de ritmo na produção industrial nacional na passagem de março para abril, já descontados os efeitos sazonais, foi acompanhada por 13 dos 14 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se do recuo mais generalizado desde dezembro de 2008, quando a queda da produção também cedeu em 13 regiões.
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RELACIONADAS: OPINIÃO. Acentua-se o recuo da produção industrial Brasil vai 'virar a produção industrial', diz Levy Em novembro daquele ano, a baixa havia sido ainda mais intensa, atingindo todos os locais investigados pelo órgão. Em São Paulo, maior parque industrial do País, a produção caiu 3,6% em abril ante março. O resultado ficou acima da média do Brasil, que foi de recuo de 1,2% no período. Registraram recuos intensos na passagem do mês as regiões de Ceará (-7,9%), Bahia (-5,1%), Amazonas (-5,1%) e Pernambuco (-4,6%), enquanto Região Nordeste (-3,7%), Goiás (-2,1%), Rio Grande do Sul (-1,9%) e Pará (1,8%) também apontaram quedas mais intensas do que a média nacional.
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Em São Paulo, a queda de 11,3% na produção industrial em abril ante igual mês do ano passado, foi a maior neste confronto desde junho de 2009 Rio de Janeiro (-1,2%), Santa Catarina (-0,9%), Minas Gerais (-0,8%) e Espírito Santo (-0,5%) completaram o conjunto de locais com índices negativos em abril de 2015. Por outro lado, Paraná, com expansão de 1,4%, mostrou o único resultado positivo no mês, após registrar recuo de 2,4% em março ante fevereiro. Recuos intensos. A queda de 11,3% na produção industrial em São Paulo em abril ante igual mês do ano passado, a maior neste confronto desde junho de 2009, estendeu-se por 17 das 18 atividades investigadas na região. Trata-se do recuo mais generalizado na indústria paulista em toda a série histórica, iniciada em 2002, afirmou nesta terça-feira o técnico Rodrigo Lobo, da Coordenação de Indústria do IBGE. "Esta é a primeira vez na série da produção industrial de São Paulo em que isso acontece. É uma queda generalizada entre as atividades", contou Lobo. Segundo ele, apenas o segmento de minerais não-metálicos avançou em abril ante abril de 2014, com ganho de 2,3%, puxado pela produção de cimentos. Mas o técnico ponderou que não se trata de um destaque, pois o setor vem de uma base de comparação muito baixa. O resultado ruim no mês de abril ainda levou a produção em São Paulo a registrar, em abril, a 14ª queda consecutiva na comparação com igual mês do ano anterior, algo também inédito na série. Setores como têxtil, vestuário, máquinas e equipamentos e veículos sustentam a mesma sequência negativa. "Essas duas últimas atividades costumam influenciar bem mais a queda da indústria como um todo em São Paulo", disse Lobo. Mas alguns segmentos vão além. A atividade de outros produtos químicos está no vermelho há 18 meses, enquanto a fabricação de produtos de metalurgia acumula perdas há 17 meses. "A perda da renda das pessoas, seja por menor crescimento do salário nominal ou por aumento da inflação, acaba reduzindo demanda por produtos industriais. Além disso, o aumento da taxa de juros, que repercute no encarecimento do crédito e já pressiona negativamente o poder de compra das famílias, é perverso também com os empresários, uma vez que reduz perspectiva de fazer novos investimentos. A taxa de câmbio está relativamente desvalorizada, mas ao mesmo tempo a demanda do exterior não é tão robusta", justificou o técnico do IBGE. Na série com ajuste sazonal, é possível identificar que a indústria de São Paulo opera 17,6% abaixo do pico histórico de produção, atingido em março de 2011. Apenas em abril, o recuo da atividade na região foi de 3,6% na comparação com o mês anterior. "As atividades que mais explicam essa perda da produção industrial são veículos, equipamentos de informática, máquinas e equipamentos e perfumaria, sabões e produtos de limpeza", listou Lobo. Resultado ruim no mês de abril ainda levou a produção em São Paulo a registrar, em abril, a 14ª queda consecutiva na comparação com igual mês do ano anterior Já no Ceará, a indústria registrou queda de 7,9% na produção em abril ante março, a baixa mais intensa desde maio de 2003 (-8,2%), segundo o IBGE. "Percebemos movimento menor no setor de derivados de petróleo e biocombustíveis, e o produto que mais cai é asfalto de petróleo. Outras atividades que pressionaram foram bebidas e calçados", contou Lobo. 1
Na Bahia, a queda de 5,1% em abril sucedeu o aumento de 24,0% em março, sempre na comparação com o mês anterior. Segundo o técnico, no terceiro mês do ano houve um impulso atípico devido à retomada das operações em plataformas de petróleo, paralisadas em meses anteriores para manutenção ou devido a acidentes. Além disso, em abril, outras atividades que pressionaram foram celulose, metais não metálicos, metalurgia e veículos. Alta no PR. O Paraná foi a única região a mostrar alta na produção industrial em abril ante março, segundo o IBGE. Mas o aumento de 1,4% na margem, puxado pelos setores de alimentos, outros produtos químicos e veículos, não deve ser comemorado. "Não significa recuperação, o estado ainda está 23,6% abaixo de seu pico de produção, que foi em dezembro de 2011", afirmou o técnico Rodrigo Lobo. O desempenho do Paraná é pior do que a média nacional. A indústria brasileira como um todo operava, em abril, 12,3% abaixo do seu pico histórico, observado em junho de 2013. Embora não tenham tido aumento na produção em abril ante março, duas regiões que se beneficiam da extração de minério de ferro têm tido resultados melhores. No Pará, onde o setor extrativo responde por 80% da indústria, a produção está 1,8% abaixo do pico histórico. Já no Espírito Santo, onde a fatia do setor é próxima a 60%, o desempenho está 3,9% abaixo do recorde.
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