Jornais e Revistas de 28 de maio de 2014

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 28 DE MAIO DE 2014

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Aliança Mercosul-UE pode ser alternativa à China, diz órgão O acordo entre a União Europeia e o Mercosul, que está em negociação, poderá ser mais uma alternativa dos blocos à China no comércio exterior, segundo a Eurocâmaras (associação europeia das câmaras de comércio). "Tenho muito respeito pela China, mas, na parte de comércio, há uma ação um pouco predatória, porque ela não faz o jogo de mercado", afirma Benoit d'Iribarne, que preside a entidade. "Por isso, é preferível fazer negócios com países e continentes que seguem as mesmas regras, que promovem parcerias mais equilibradas", diz o executivo, que também preside no Brasil o grupo francês Saint-Gobain.

Além da compra e venda de produtos, a aproximação entre os dois blocos poderá trazer benefícios ao Brasil na área de infraestrutura, ainda segundo Iribarne. Uma das saídas é a ampliação das parcerias público-privadas para a melhoria de condições de estradas, portos e aeroportos, diz ele. "O governo sozinho não pode fazer [tudo]. O caminho é abrir licitações e, nesse sentido, a Europa tem uma experiência muito boa [em projetos de infraestrutura]", diz. Outras áreas de cooperação entre as regiões que poderão sair fortalecidas são as de tecnologia industrial, como aeronáutica, informática e biofarmacêutica. Sobre as dificuldades na aprovação do acordo de livre comércio, o executivo reconhece que é preciso vencer resistências dos dois lados.

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"Enquanto na Europa há grandes barreiras do lado agrícola, na parte industrial é mais do lado do Brasil", afirma. "Isso impede os blocos de fazerem negócios muito maiores", ressalta. Concorrência direta A Perfetti van Melle, multinacional ítalo-holandesa dona de marcas de balas como Mentos, Happydent e Fruittella, entra neste ano no Brasil em um segmento dominado pela norte-americana Mondelez. A empresa traz ao país uma marca de chiclete que concorrerá diretamente com o Trident (da americana), que detém hoje 75% do mercado brasileiro de gomas de mascar sem açúcar. "E o mercado nacional é muito focado nesse formato [de chiclete]", diz o presidente da Perfetti van Melle no Brasil, Henrique Veloso.

Cerca de 60% do comércio de chicletes no país corresponde a esse formato. "A intenção é levar para o consumidor uma nova proposta em um segmento que já tem alta penetração." O lançamento deve contribuir para a empresa elevar de 30% para 40% a participação das gomas de mascar em seu faturamento. Por enquanto, o produto será importado do Vietnã –país onde a companhia tem uma de suas 35 plantas. Não há planos imediatos para expansão da fábrica brasileira, instalada em Vinhedos (SP). "Começamos com importação e aguardamos os resultados", acrescenta. € 2,5 bilhões foi o faturamento global da companhia em 2012, cerca de R$ 7,6 bilhões 17 mil são os funcionários da empresa 18% foi a alta das vendas no mercado brasileiro em 2013

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Confiança na trave Apenas 26% dos entrevistados pela consultoria Ipsos no Brasil avaliaram a situação atual da economia do país como boa neste mês. O desempenho revelou uma alta de dois pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, em abril.

O país ficou em 16º lugar em uma lista de 26 nações pesquisadas pela empresa. A melhor situação foi registrada na Arábia Saudita, onde 89% das pessoas entrevistadas avaliaram de forma positiva a economia. A França aparece em último lugar, com 9%. Questionados se a economia local vai se fortalecer nos próximos seis meses, 58% dos brasileiros ouvidos afirmaram acreditar que sim. O país, que desde 2010 ocupava a primeira posição entre as 26 nações, perdeu neste mês para a Arábia Saudita, que passou dos 49% em abril para 59% em maio. Em seguida estão Índia (53%) e Indonésia (46%). A França aparece como a menos otimista, com 7%. O Egito, que ficou em sexto lugar, teve alta de oito pontos percentuais no período, o segundo maior avanço. Colheita urbana O Habib's fechou uma parceria com o Banco de Alimentos para arrecadar excedentes de produção (a maioria hortifrútis) em restaurantes da rede. Na torcida Até marca de vodka se prepara para a Copa. A SKYY criou uma garrafa comemorativa em verde e amarelo para o período. Hábito da leitura O grupo Habitasul, de indústrias, imobiliária e hotelaria, irá premiar em até R$ 21 mil os funcionários que participarem de um prêmio literário. É necessário que cada um leia oito livros.

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Governo paga quase 30% dos salários do pessoal ocupado no Brasil, diz IBGE RIO - O governo é responsável por pagar quase 30% dos salários do País, segundo o Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora represente apenas 0,4% das organizações do cadastro, a administração pública, incluindo as três esferas do governo (Federal, Municipal e Estadual), absorveu 19,9% do pessoal ocupado assalariado e pagou 29,8% dos salários e outras remunerações em 2012. O governo também pagou os salários médios mensais mais elevados, R$ 2.723,29, contra uma média de R$ 1.842,09 das entidades sem fins lucrativos e R$ 1.722,71 das entidades empresariais. No ano, as empresas representavam 89,9% das organizações do País, com 76,3% do pessoal ocupado total (que inclui sócios e proprietários), 73,4% dos empregados assalariados e 63,9% dos salários e outras remunerações pagos em 2012. Já as entidades sem fins lucrativos, que equivaliam a 9,7% das organizações existentes, detinham 6,7% do pessoal ocupado assalariado e 6,3% dos salários pagos no ano. Em relação ao porte, as grandes empresas ainda são responsáveis por mais da metade dos postos de trabalho no País. Apesar do predomínio das companhias de menor tamanho, as organizações com 250 pessoas ou mais respondiam por 53,7% do pessoal ocupado assalariado e 69,1% dos salários e outras remunerações. Comércio. O comércio manteve a liderança pelo terceiro ano seguido na absorção de pessoal ocupado assalariado. A atividade chamada "Comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas" contava com 8,9 milhões de pessoas em 2012, 19,1% dos empregados assalariados do País. O setor deteve ainda o maior número de empresas (41,8% do total) e de pessoal ocupado total, que inclui sócios e proprietários (22,2%). No entanto, a folha de salários e outras remunerações deteve apenas 12,1% do total pago no ano, atrás da folha da administração pública (23,7%) e das indústrias de transformação (19,1%). Trabalho formal. As empresas e outras organizações formais instaladas no País criaram 7,8 milhões de novos postos de trabalho assalariado entre 2008 e 2012. O número de empregados saltou de 38,4 milhões para 46,2 milhões no período. Quase metade das novas vagas (49,4%) foi gerada em apenas três atividades: no Comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas (23,1% delas), na Construção (13,2%); e nas Atividades administrativas e serviços complementares (13,1%). Em relação à instrução, 82,3% do pessoal assalariado não tinham nível superior. No entanto, na passagem de 2011 para 2012, o pessoal assalariado com nível superior cresceu 6,0%, enquanto o pessoal assalariado sem nível superior cresceu 1,6%. Os trabalhadores com nível superior receberam, em média, R$ 4.405,55, 215% a mais que os empregados sem curso superior, que tinham salário médio de R$ 1.398,74. Nas empresas, a participação dos assalariados sem nível superior recuou, mas ainda é expressiva: passou de 90,7% em 2009 para 89,5% em 2012. A administração pública tem o maior porcentual de empregados com nível superior: aumentou de 35,8% em 2009 para 41,3% em 2012. Nas entidades sem fins lucrativos, a fatia de trabalhadores com nível superior subiu de 25,9% em 2009 para 27,3% em 2012.

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Em protesto contra impostos, gasolina será vendida com desconto em SP SÃO PAULO - Cinco mil litros de gasolina comum serão vendidos com isenção de impostos nesta quartafeira, 28, em São Paulo. O desconto faz parte do Dia da Liberdade de Impostos, realizado na capital paulista há seis anos com o objetivo de "demonstrar para a população qual o tamanho da carga tributária brasileira e como ela afeta a vida de cada um", como explica Ricardo Salles, um dos organizadores do evento.

O litro da gasolina, que normalmente sai por R$ 2,899, vai ser vendido no Posto Ipiranga da Avenida Sumaré por R$ 1,362 - uma economia de 53%, referente ao total da carga tributária incidente sobre o produto. Cada carro poderá receber no máximo 30 litros durante o período do protesto, que vai das 9 às 13 horas ou até que o combustível acabe. A diferença de preço será paga pelos organizadores do ato: o Instituto Ludwig von Mises e o Movimento Endireita Brasil, fundado por Salles. A data do Dia da Liberdade de Impostos foi escolhida com base em informações do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). O cálculo indica que 28 de maio é o último dos 148 dias trabalhados no ano pelo brasileiro apenas para quitar seus impostos. "Até então, você trabalhou para pagar o governo", afirma Salles. O Dia da Liberdade de Impostos foi realizado pela primeira vez em Porto Alegre, há 11 anos. Outras cidades do País aderiram ao evento, que ocorre no exterior com o nome "Free Tax Day". No ano passado, os cinco mil litros de gasolina foram vendidos na capital paulista para 188 carros e 41 motos.

Indústria do atraso Em abril de 2012, o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) pôs R$ 12,4 bilhões à disposição de governadores e prefeitos, a fundo perdido, no quadro do PAC Mobilidade--Grandes Cidades. Era de esperar, sobretudo após os protestos de 2013, que os políticos se lançassem como moscas ao mel federal. Não foi o que ocorreu, entretanto. O jornal "Valor Econômico" mostrou que apenas R$ 479 milhões daquele montante foram de fato sacados por Estados e municípios para construir ou ampliar corredores de ônibus e metrôs. Como explicar que políticos contrariem o que parece ser sua própria natureza --para a maioria, governar não vai além de fazer obras, ou pelo menos inaugurá-las--, ainda mais quando o tema da mobilidade está tão em evidência? A julgar pelas cifras, tudo se passa como se as manifestações de junho não tivessem ocorrido. Algo de espantoso, tendo em vista que contratos de obras de infraestrutura também participam de um sistema de vasos comunicantes que alimenta as campanhas eleitorais.

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O nível baixo de captação no manancial federal de verbas para mobilidade urbana permaneceu mesmo após sucessivos adiamentos de prazos. De início, os governos locais e estaduais tinham de apresentar projetos até outubro de 2013. Depois, ficou para dezembro. Em seguida, para junho deste ano. Tudo indica que o termo crucial dessa inequação é a palavra "projeto". Tanto a administração pública como as empresas privadas enfrentam dificuldades para formular projetos de engenharia aptos a obter a aprovação dos órgãos financiadores. Na raiz dessa incapacidade estaria a carência de mão de obra qualificada. Em consequência, muitas grandes obras acabam sendo licitadas apenas com apoio em projetos básicos e orçamentos genéricos, não raro de baixa qualidade. Abertos os canteiros e iniciada a construção, evidencia-se a irrealidade de premissas e prazos assumidos. Sucedem-se os atrasos e aditivos contratuais, a fim de arcar com os custos da revisão. Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgado nesta semana esquadrinhou a execução de seis obras de infraestrutura iniciadas nos últimos quatro anos, entre elas a transposição do rio São Francisco. Concluiu que os atrasos as encarecem em cerca de R$ 28 bilhões --o bastante para erguer 466 mil casas populares. É dinheiro suficiente para fomentar a suspeita de que os adiamentos decorram não de falhas em projetos e incompetência técnica, mas de excesso de esperteza de alguns políticos e empresários. Será interessante observar se algum candidato nas eleições deste ano apresentará proposta para dar cabo dessa indústria do atraso.

Desigualdade A Folha presta um excelente serviço à sociedade brasileira ao continuar dando espaço à interessante discussão em torno do livro do economista francês Thomas Piketty, "O Capital no Século 21". Foi imenso o "choque" que a obra produziu após o lançamento de sua tradução em inglês. Olhada com cuidado, a sua tese está longe de provar empiricamente o inevitável fim do "capitalismo", imposto por alguma "lei" histórica (o que Marx pensou ter feito com o uso de argumentos lógicos). Reduzida à sua essência, ela é o resultado de pura aritmética: se a taxa de retorno do capital (que ele, como a maioria dos economistas em seus modelos chama de "r") for permanentemente maior do que a taxa de crescimento do PIB (que ele, como os economistas, chama de "g"), então haverá, necessariamente, uma acumulação de renda e patrimônio que, ao fim e ao cabo, submeterá a democracia ao controle do capital e tornará o "capitalismo" disfuncional. O problema não é econômico, é político! Não tem nada a ver com "esquerda" ou "direita". Instituições mal construídas permitem que uma classe se aproprie do excedente econômico produzido pelo trabalho, como ocorria no regime colonial e ocorre no capitalismo de "compadres"... O problema é que "g" e "r" não são constantes e não satisfazem, necessariamente, a desigualdade: "r" sempre maior do que "g". Dependem da qualidade das instituições e, portanto, são de extrapolação duvidosa. A relação entre eles controla aritmeticamente, no longo prazo, a distribuição da renda entre o trabalho e o capital e a acumulação dos patrimônios. São as instituições e o jogo dialético permanente entre o bom funcionamento dos "mercados" e o bom funcionamento das "urnas" que determinam a relação entre "g" e "r". O livro de Piketty já produziu dois resultados notáveis. O primeiro, muito triste para nós que amamos a França. Infelizmente, o francês transformou-se numa língua paroquial em matéria de economia, para prejuízo do próprio pensamento econômico universal. O livro só teve a merecida repercussão quando vertido para o inglês.

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O segundo, é que mostra a insanidade do "cientificismo" que domina a pobre modelização de alguns economistas que têm inveja da física e se recusam entender que o átomo da economia (o cidadão comum, sujeito da política do governo) tem memória, aprende e reage num jogo dinâmico com a autoridade. E, o que é pior e mais grave, protesta e vota! A distribuição da renda sempre implicará uma valorização filosófica. Como ensinou Adam Smith há mais de 250 anos ("A Teoria dos Sentimentos Morais", 1759), se a economia for um dia "ciência", ela há de ser uma ciência moral.

SUBTERRÂNEA Economia informal perde peso em 2013 e soma 16,2% do PIB SÃO PAULO - A economia informal movimentou o equivalente a 16,2% do PIB em 2013, cerca de R$ 782 bilhões. O resultado é inferior ao verificado no ano anterior (16,8% do PIB) e está em queda há três anos. O cálculo é feito pela Fundação Getulio Vargas em associação com o Etco (Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial) e busca mensurar o peso de atividades ilícitas na economia, como sonegação de impostos, pirataria e trabalho informal. Segundo Fernando de Holanda Barbosa Filho, coordenador do Índice de Economia Subterrânea, a tendência é cadente desde 2003. A desoneração de tributos da folha de pagamentos, medida que o governo tornou permanente, é um dos fatores apontados pelo economista como motivo para o recuo da informalidade em 2013. Embora não consiga medir a contribuição exata do benefício, Barbosa diz que a desoneração foi um "fator novo" de incentivo à formalização. A medida beneficia as empresas que têm mais empregados com carteira assinada. A desoneração se somou a outros vetores que reduzem a informalidade, como o crédito bancário, as notas fiscais eletrônicas, a educação e a formalização crescente do mercado de trabalho. Ainda assim, o economista diz que a medida deveria ser avaliada em uma reforma tributária, que teria como objetivo organizar todos os impostos e as isenções.

Desemprego é de 11,1% em abril em 6 regiões, mostra Seade/Dieese SÃO PAULO - A taxa de desemprego no conjunto de seis regiões metropolitanas do país subiu ligeiramente entre março e abril, de 11% para 11,1%, mostra Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese) e da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). No mesmo período do ano passado, o desemprego atingiu 11,2%. O contingente de desempregados no conjunto das seis regiões foi estimado em 2,324 milhões de pessoas, 30 mil mais que em março. A população economicamente ativa (PEA) ficou em 20,9 milhões de pessoas, 24 mil mais que no mês anterior. Na comparação com março, o setor que mais contratou, em termos relativos, foi a indústria de transformação, com criação de 39 mil postos de trabalho, 1,4% a mais. Os serviços vieram na sequência,

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com saldo de 77 mil vagas, acréscimo de 0,7% no contingente. O comércio e reparação de veículos automotores cortou 91 mil pessoas, redução de 2,5%, e a construção registrou 26 mil demissões líquidas, decréscimo de 1,7% no volume de trabalhadores. O levantamento é realizado nas regiões metropolitanas de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Recife e Fortaleza. Na passagem de março para abril, o desemprego aumentou no Recife (de 12,8% para 13,3%) e em Belo Horizonte (de 8,3% para 8,7%), registrou leve oscilação em São Paulo (de 11,5% para 11,6%) e Porto Alegre (de 6% para 6,1%) e diminuiu em Fortaleza (de 7,9% para 7,6%). No caso de São Paulo, o setor que mais contratou em abril, em termos relativos, foi a indústria de transformação, com criação de 39 mil postos de trabalho, 1,4% a mais ante março. Serviços tiveram saldo de 77 mil vagas, acréscimo de 0,7% no contingente. O comércio e reparação de veículos automotores cortou 91 mil pessoas, redução de 2,5%, e a construção registrou 26 mil demissões líquidas, decréscimo de 1,7% no volume de trabalhadores. Renda No conjunto das seis regiões pesquisadas, o rendimento médio real dos ocupados subiu 0,7% em março, em relação ao mês antecedente, para R$ 1.715. Já o rendimento médio real dos assalariados ficou em R$ 1.738, aumento de 0,8% na mesma comparação. Vale notar que os dados relativos à renda se referem sempre ao mês anterior ao do levantamento. Considerando a região metropolitana de São Paulo, o rendimento médio real dos trabalhadores ocupados cresceu 0,8% em março, na comparação com fevereiro, para R$ 1.914. O rendimento dos assalariados aumentou 1,1% no período, para R$ 1.922.

Confiança da indústria tem maior queda desde o fim de 2008, mostra FGV SÃO PAULO - O Índice de Confiança da Indústria (ICI) cedeu 5,1% em maio, na comparação com o mês anterior, saindo de 95,6 pontos para 90,7 pontos, conforme a Sondagem da Indústria de Transformação, da Fundação Getulio Vargas (FGV). É a maior queda registrada desde dezembro de 2008, quando o indicador recuou 9,2%. O resultado aumenta o distanciamento do índice em relação à sua média histórica, de 105,5 pontos. A queda da confiança da indústria em maio foi maior que a sinalizada pela prévia do indicador, divulgada na semana passada, que havia caído 4,6%. No confronto com maio do ano passado, o índice recuou 13,1%. De acordo com a FGV, houve deterioração tanto das avaliações sobre a situação presente quanto do quadro nos meses seguintes. O Índice da Situação Atual (ISA) diminuiu 5,1%, para 92,3 pontos, e o Índice de Expectativas (IE) teve baixa de 5%, para 89,2 pontos. “A piora do ambiente de negócios, captada por todos os quesitos integrantes do ICI, sinaliza desaceleração da atividade no setor e aumento do pessimismo em relação à possibilidade de reversão da tendência nos próximos meses”, avalia a FGV em nota. O levantamento mostrou ainda que o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) avançou 0,2 ponto percentual, indo de 84,1% em abril para 84,3% em maio. A coleta de dados para a edição de maio da Sondagem foi realizada entre os dias 5 e 23 deste mês com 1.219 empresas.

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IBGE: Salário do brasileiro foi de R$ 1.943, em média, por mês em 2012 RIO - As empresas e outras organizações ativas (administração pública e entidades sem fins lucrativos) brasileiras pagaram a seus funcionários, em média, R$ 1.943,16 por mês em 2012, um valor equivalente a 3,1 salários mínimos, que na época valia R$ 622 mensais. É o que mostra o Cadastro Central de Empresas (Cempre), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em termos absolutos, o salário médio mensal cresceu 2,1% em relação a 2011, mas medido em mínimos houve uma queda, já que os R$ 1.903,76 pagos em 2011 equivaliam a 3,3 mínimos da época. Saindo da média do país, quando vistas por região, escolaridade, gênero e tipo de organização, as discrepâncias salariais são grandes. Do ponto de vista da organização, por exemplo, apesar de serem predominantes, as entidades empresariais pagaram os salários médios mensais mais baixos (R$ 1.722,71). Já os órgãos da administração pública pagaram os salários médios mensais mais elevados (R$ 2.723,29), seguidos das entidades sem fins lucrativos (R$ 1.842,09). Do ponto de vista regional, entre as 27 unidades da federação, o Distrito Federal pagava o maior salário médio, com 5,8 salários mínimos, seguido por Rio de Janeiro e São Paulo, com 3,7 e 3,6 salários mínimos, respectivamente. Os salários médios das mulheres tiveram crescimento real acima do dos homens em 2012. Mesmo assim, a discrepância salarial entre os gêneros continua grande, favorável aos homens. Enquanto os salários das mulheres, entre 2011 e 2012, tiveram crescimento real de 2,4%, para 1.697,30, os dos homens subiram 2%, chegando a R$ 2.126,67. As diferenças também são significativas por nível de escolaridade. O pessoal assalariado com nível superior recebeu, em média, R$ 4.405,55, enquanto o pessoal sem nível superior teve rendimento de R$ 1.398,74, uma diferença de 215%. Ao todo, 82,3% do pessoal assalariado não tinha nível superior e 17,7% a possuía. O pessoal assalariado com nível superior cresceu 6,%, enquanto o pessoal assalariado sem nível superior teve alta de 1,6%. A pesquisa ainda informa que o total de salários e outras remunerações aumentou 7,1% em 2012 na comparação com o ano anterior, totalizando R$ 1,2 trilhão. Nesse período, o pessoal ocupado total (sócios, proprietários e pessoal ocupado assalariado) subiu 2,3%, para 53,4 milhões de pessoas. Desse total, 86,6% integravam o grupo de pessoal ocupado assalariado, ao passo que os 13,4% estavam na condição de sócio ou proprietário. De acordo o Cempre, foram contabilizadas 5,2 milhões de empresas e outras organizações formais no país em 2012, indicando alta de 1,3% frente ao ano anterior. Desse conjunto, as empresas representavam 89,9%, as entidades sem fins lucrativos eram 9,7% e os órgãos da administração pública representavam apenas 0,4%. Os órgãos públicos, apesar de representarem somente 0,4% das empresas e outras organizações, absorveram 17,2% do pessoal ocupado total, 19,9% do pessoal ocupado assalariado e pagaram 29,8% dos salários e outras remunerações em 2012. As empresas empregavam 76,3% do pessoal ocupado total, 73,4% do pessoal ocupado assalariado e 63,9% dos salários e outras remunerações. De 2008 a 2012, o total de salários e outras remunerações pagas pelas empresas brasileiras acumulou crescimento real de 35,3%. Tomando-se apenas o salário médio mensal, houve aumento real de 10,1% nesse período. No acumulado do período, 12 atividades tiveram avanço real dos salários médios mensais acima da média. O aumento mais expressivo foi observado pelo IBGE no segmento de indústrias extrativas, com 44,5%, seguido por saúde humana e serviços sociais (21,3%) e construção (20,5%).

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Tropeços na infraestrutura amarram o crescimento Há cerca de um ano, no fim de junho de 2013, em resposta à "voz das ruas", o governo federal anunciou cinco pactos com o objetivo de responder às principais demandas da onda de manifestações que varreu as principais cidades do país. Um deles era melhorar os transportes, gatilho dos protestos por causa do aumento da tarifas, que trouxe à tona as insatisfações nas áreas de saúde e educação. O Pacto dos Transportes se comprometeu a tirar do papel obras do PAC da Mobilidade - Grandes Cidades, lançado um ano antes com o objetivo de preparar várias cidades para a Copa do Mundo, mas que não decolaram. Se o PAC da Mobilidade previa investimentos de R$ 37,6 bilhões em 44 obras, o Pacto dos Transportes aumentou o cacife para R$ 50 bilhões, com recursos a fundo perdido e financiamento subsidiado. Sob a pressão popular, rapidamente o total foi loteado. Em apenas três dias de reuniões realizadas no início de julho entre o governo federal, Estados e municípios, a demanda chegou a R$ 52 bilhões. A cidade e o Estado de São Paulo apresentaram projetos no valor de R$ 19,5 bilhões. O Rio se candidatou a mais R$ 4,5 bilhões. Há um mês, uma segunda fase do Pacto da Mobilidade Urbana foi colocada no ar, a de Médias Cidades, para municípios com 400 mil a 700 mil habitantes. Parecia que, desta vez, os projetos sairiam das pranchetas. Mas as coisas continuam muito mal paradas. Reportagem do Valor (26/5) informa que Estados e municípios não têm acesso aos bilhões em investimentos do governo federal em mobilidade urbana porque não apresentaram o projeto básico de engenharia nos prazos fixados. Pelos dados obtidos pela Lei de Acesso à Informação, Estados e municípios sacaram até abril apenas R$ 479 milhões dos R$ 12,4 bilhões disponibilizados a fundo perdido para obras como metrô e corredores de ônibus pelo PAC da Mobilidade. O restante referem-se a financiamentos da Caixa ou do BNDES com juros subsidiados e prazo de 30 anos, com cinco de carência. Apenas 21 dos 44 projetos tiveram financiamento contratado no Ministério das Cidades. Para ter acesso aos recursos, Estados e municípios tinham que apresentar os projetos até outubro. Como não conseguiram, o prazo foi sucessivamente ampliado para dezembro e, agora, para o fim de junho. Elaborar os projetos de modo adequado, com os detalhes técnicos exigidos, parece ser uma das principais dificuldades. Tanto que em setembro, o Ministério das Cidades publicou um manual de orientação técnica para a realização de projetos de mobilidade urbana. Há problemas ainda com as desapropriações. Mas há também os limites de endividamento dos Estados e municípios. Talvez esses motivos tenham levado o governo a aumentar o limite de crédito para obras de mobilidade urbana dentro do PAC, que passou de R$ 19,4 bilhões para R$ 21,4 bilhões. A medida, aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) nesta semana, permite também o remanejamento de valores do programa de Grandes Cidades e Médias Cidades em favor das obras do PAC. O governo quer provavelmente dar um gás na área de mobilidade urbana sem depender de Estados e municípios, depois que anunciou neste mês um pacote de R$ 8 bilhões em investimentos até o fim do ano em cem obras rodoviárias como estradas, duplicações, anéis rodoviários, pontes, viadutos e travessias urbanas, em um total de 6,4 mil km. As obras estão localizadas principalmente em regiões metropolitanas do Sul, Sudeste e Nordeste. No entanto, o governo federal não é um modelo de pontualidade. Ao visitar as obras de transposição do rio São Francisco, a presidente Dilma Rousseff reconheceu que o governo "subestimou" a complexidade do projeto, iniciado em 2007 com a promessa de estar concluído em 2010. O prazo foi então adiado para 2012 e, agora, para 2015. Com o Palácio do Planalto tropeçando nos próprios pés, Estados e municípios com dificuldades, e o programa de concessões avançando em ritmo lento, a economia rateia. Os consultores Claudio Frischtak e Katharina Davies divulgaram a previsão de que o investimento em infraestrutura deve passar de 2,45% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013 para 2,52% neste ano. Nesse ritmo, seriam necessários 25 anos

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para se chegar ao desejado patamar de 4% que sustentaria um crescimento econômico mais vigoroso. É tempo demais até para quem já espera há 27 anos a Ferrovia Norte-Sul ficar pronta.

Darwinismo e humanidades Por mais de um século a relação das humanidades com o darwinismo foi muito atrapalhada pelas incipiências e precariedades que caracterizaram os dois lados. Como até sua "síntese moderna", de meados do século passado, o darwinismo era demasiadamente especulativo, até os anos 1970 foram desastrosas quase todas as iniciativas de usá-lo para entender os humanos e suas sociedades. As mais notáveis - que deram origem ao repugnante "darwinismo social" e ao hediondo crime da eugenia - só poderiam ter levado as humanidades a recusar qualquer convite para que a relação fosse reavaliada. Mesmo assim, a "biofobia" resultante de tão negativo legado não chegou a impedir que nos anos 1980 o darwinismo começasse a se legitimar como paradigma que não se restringe às ciências naturais. Foi o traumático debate que se seguiu ao esboço lançado em 1975 por Edward O. Wilson de uma "sociobiologia humana" que dez anos depois engendrou firme acolhida do darwinismo em ao menos três disciplinas dedicadas ao entendimento de comportamentos humanos: psicologia, antropologia e economia. As três sociedades científicas que mais contribuem para tirar o darwinismo do gueto das biociências foram criadas na segunda metade da década de 1980. Psicólogos e antropólogos se juntaram a biólogos para fundar a "Human Behavior and Evolution Society" (HBES), que lançou o periódico "Evolution & Human Behavior" como sucessor do "Ethology & Sociobiology". Pesquisadores dessas três disciplinas também se associaram a ecólogos na "International Society for Behavioral Ecology" (ISBE), que publica "Behavioral Ecology". E economistas fundaram a sua "International Joseph A. Schumpeter Society" (ISS), que edita o "Journal of Evolutionary Economics". Mas também se destacam na literatura científica cruciais contribuições darwinistas provenientes de outras cinco disciplinas - arqueologia, ciência política, filosofia, sociologia e relações internacionais - mesmo sem similares organizações e periódicos. Disso tudo emergiram três posições sobre o grau de abrangência do darwinismo. Os que não vão além das analogias, como os pioneiros economistas Richard R. Nelson e Sidney G. Winter, preferem se dizer adeptos de um "darwinismo parcial". Distanciam-se assim do "darwinismo universal" liderado pelo filósofo Daniel Dennet e pelo biólogo Richard Dawkins, mas também do "darwinismo generalizado" contraposto pelo economista Geoffrey Hodgson, para quem esse paradigma só faz sentido na análise de sistemas populacionais complexos, e não para todo e qualquer fenômeno, como pretende a tribo do www.universaldarwinism.com Todavia, o futuro do darwinismo nas humanidades será bem menos determinado pelo debate entre essas três posições do que pelos desfechos de duas outras controvérsias de fronteira, coincidentemente desencadeadas há dez anos por duplas de biólogos. A primeira é contestação de que as possibilidades de cooperação entre as pessoas dependeriam direta e exclusivamente de sua proximidade genealógica. Essa tese da "aptidão inclusiva" baseada em "seleção de parentesco", que desde 1964 havia hegemonizado todo o campo darwinista, passou a ser minimizada pelas simulações computacionais de Martin A. Nowak. Foi o que levou seu colega Edward O. Wilson à guinada em favor da seleção "multinível" baseada em "cinco regras da evolução da cooperação", título de artigo de Nowak na revista "Science" (2006:314), com a ótima versão popular "Why We Help", na "Scientific American" de julho de 2012. A outra promissora controvérsia foi provocada pela proposta de se distinguir quatro dimensões evolucionárias independentes, pois, além dos tão celebrados sistemas de herança genética - nos quais se concentraram os esforços de pesquisa - também se mostram relevantes outros três conjuntos: os epigenéticos (transmissão de fenótipos em vez de genótipos, em processos que não envolvem o DNA), e mais dois, eminentemente socioculturais: os "comportamentais" e o "simbólico". Segundo as biólogas Eva Jablonka e Marion J. Lamb, autoras de "Evolução em quatro dimensões" (Companhia das Letras, 2010), há interação entre três sistemas de herança comportamentais: por

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transferência de substâncias; por aprendizado socialmente mediado pela observação de indivíduos mais experientes; e por imitação. Exemplos: a formação de preferências alimentares, o processo de aprendizado nos primeiros três dias de vida e a imitação vocal. Mas a radical diferenciação dos humanos ocorreu porque, além da importância adquirida por esses três sistemas de herança comportamentais, outro modo de transmissão evoluiu e assumiu o controle: a transferência maciça de informação mediante símbolos. O que mais distingue a evolução humana é a consciência e capacidade de comunicar tanto sua história pretérita (mítica ou real) como necessidades e ambições futuras. Algo que ainda parece bem longe de poder ser razoavelmente explicado pelos "módulos mentais" da psicologia evolutiva, "blocos-base" da neurociência, ou misteriosos "memes" do "darwinismo universal".

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