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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS 12 DE JUNHO DE 2014
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Vendas do comércio varejista caem 0,4% em abril 12 de junho de 2014 às 10:27
Essa é a segunda queda consecutiva, depois da estagnação do setor em fevereiro. Foto: Divulgação O volume de vendas do comércio varejista no país teve queda de 0,4% em abril deste ano, ante o mês anterior. Essa é a segunda queda consecutiva, depois da estagnação do setor em fevereiro. Em março, a queda havia sido de 0,5%. Os dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) foram divulgados nesta quarta-feira, dia 12, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A receita nominal teve alta de 0,6% no período. Ante abril do ano passado, houve altas de 6,7% no volume de vendas e de 13,5% na receita nominal. No acumulado do ano, os crescimentos são de 5% no volume de vendas e 11,1% na receita. Já em 12 meses, o comércio acumula altas de 4,9% e 11,8%, respectivamente. De março para abril, houve queda no volume de vendas em seis das oito atividades comerciais pesquisadas. Os maiores recuos foram observados nos segmentos de livros, jornais, revistas e papelaria (2,7%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-2,6%) e de supermercados e produtos alimentícios (1,4%). Também tiveram quedas no volume de vendas, os setores de tecidos, vestuário e calçados (-1%), combustíveis e lubrificantes (-0,8%) e móveis e eletrodomésticos (-0,1%). O setor de artigos farmacêuticos teve estabilidade e outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,3%). Em relação ao varejo ampliado (que inclui também os setores de veículos e material de construção), o volume de vendas cresceu 0,6% de março para abril. A alta foi puxada exclusivamente pelo segmento de veículos e motos, partes e peças (5,4%), já que o setor de material de construção caiu 0,5%. (Agência Brasil)
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Emprego na indústria cai em abril, diz IBGE 12 de junho de 2014 às 10:29
Na comparação com os quatro primeiros meses do ano anterior, nível caiu 2%. Foto: Divulgação O nível de emprego na indústria fechou os primeiros quatro meses do ano com queda de 2%, na comparação com o mesmo período do ano anterior, intensificando, assim, o ritmo de queda em relação ao registrado no último quadrimestre do ano passado (-1,7%). Os resultados negativos predominaram em todas as bases de comparação do ano anterior. A constatação é da Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (Pimes), divulgada no dia 11 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo os dados da pesquisa, em abril o total do pessoal ocupado assalariado na indústria mostrou variação de – 0,3%, na comparação com março, após dois meses consecutivos de taxas positivas (0,1% em fevereiro e 0,2%). Na comparação com abril de 2013, o emprego industrial registrou queda de 2,2%, neste caso o trigésimo primeiro resultado negativo consecutivo nesse tipo de confronto e o mais intenso desde dezembro de 2009 (-2,4%); enquanto a taxa acumulada nos últimos 12 meses recuou 1,5%, mantendo a trajetória ligeiramente descendente iniciada em agosto do ano passado (-1%). De acordo com os técnicos do IBGE, a queda de 2,2% reflete retrações no número de pessoal ocupado em 11 dos 14 locais pesquisados, com o principal impacto negativo sendo observado em São Paulo, o maior parque fabril do país, onde o emprego chegou a recuar 3,3%, pressionado em grande parte pela redução no total do pessoal ocupado em 13 das 18 atividades.
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Os destaques negativos, neste caso, ocorreram nas indústrias de produtos de metal (-15,4%), produtos têxteis (-10,6%), máquinas e equipamentos (-3,8%), calçados e couro (-13,8%), refino de petróleo e produção de álcool (-11,0%), meios de transporte (-2,8%), alimentos e bebidas (-1,6%), outros produtos da indústria de transformação (-5,6%) e papel e gráfica (-3,3%). Numa análise regional, os estados que apresentaram quedas mais significativas foram Rio Grande do Sul (-4,6%), Paraná, (-3,7%) e Minas Gerais (-2,2%). Em contrapartida, entre os três locais pesquisados com resultados positivo no emprego, destacam-se, Pernambuco (4,4%) e Região Nordeste (0,3%). Os números divulgados pelo IBGE indicam, ainda, que na comparação abril 2013/abril 2014, houve recuou em 13 dos 18 ramos pesquisados, com destaque para as pressões negativas vindas de produtos de metal (-7,3%), calçados e couro (-8,5%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-7,0%), meios de transporte (-3,5%), refino de petróleo e produção de álcool (10,4%), produtos têxteis (-5,1%) e máquinas e equipamentos (2,8%). (Agência Brasil)
Embraco inicia novo negócio no Brasil 12 de junho de 2014 às 10h 46 Fonte: Economia - SC
Modelo de negócio utiliza eletrodomésticos descartados para fazer produtos novos. Foto: Divulgação A Embraco, líder mundial no segmento de compressores herméticos para refrigeração, amplia sua atuação no setor de eletrodomésticos de linha branca e refrigeração comercial, lançando neste mês uma nova operação. Nomeado como Nat.Genius, o modelo de negócio é focado em oferecer soluções de operação reversa e desenvolvimento
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de novos produtos. Para isso, a Embraco utiliza sua experiência de mais de 20 anos em manufatura reversa de compressores e sua atuação em Pesquisa e Desenvolvimento de materiais e tecnologias. No mundo, a Embraco conta com aproximadamente 500 profissionais dedicados à Pesquisa e Desenvolvimento e uma estrutura completa de engenharia de materiais e química, além de parceiras com universidades. Este ativo é um dos principais diferenciais do negócio, que também conta com a experiência da Embraco em operar a mais eficiente fábrica de reciclagem de compressores do mundo, com capacidade para processar aproximadamente 2 milhões de unidades/ano. “O que estamos fazendo com o lançamento do Nat.Genius é trazer a competência que a Embraco possui para contribuir com um melhor aproveitamento dos materiais que hoje são descartados, beneficiando toda a cadeia da indústria da refrigeração e de eletrodomésticos da linha branca”, explica Reinaldo Maykot, vice-presidente de Negócios e Marketing da Embraco. “Na prática, isso significa reaproveitar os materiais da cadeia de produção de uma maneira mais inteligente. A partir da coleta de produtos para reciclagem, a inovação que aplicaremos nesses processos de recuperação possibilitará uma maior valorização dos materiais contribuindo, assim, para o avanço do processo de economia circular*”, finaliza Maykot. O Nat.Genius começa a operar no Brasil com um plano de expansão que prevê a criação de cinco unidades de manufatura reversa em regiões estratégicas do país para atender clientes da linha branca e também de refrigeração comercial. “Temos um grande potencial de mercado no Brasil, pois a indústria ainda não possui soluções e infraestrutura suficientes às necessidades de operação reversa. O volume total de eletrodomésticos de linha branca e de refrigeração comercial descartados ao ano é de cerca de 500 mil toneladas”, comenta Marcos Fábio Lima, diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios Embraco. “Acreditamos que essa é uma necessidade que crescerá ainda mais com a Política Nacional de Resíduos Sólidos – que prevê a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos e o acordo setorial para a logística reversa. Sendo assim, é nosso objetivo oferecer ao governo, empresas e sociedade uma solução de infraestrutura e tecnologias que satisfaçam as necessidades em operação reversa”, destaca Lima. Além da operação no Brasil, que já conta com mais de 80 funcionários dedicados, o Nat.Genius nasce com planos de expandir suas atividades para regiões onde a Embraco já está presente como: Estados Unidos, China, México e Europa. Inspiração na Natureza
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O Nat.Genius é uma fonte de matéria-prima mais sustentável para outras indústrias em uma época em que o volume de resíduos cresce em ritmo acelerado. Há um esforço mundial – tanto da iniciativa privada, quanto da esfera governamental – para reduzir a geração de resíduos e promover seu correto aproveitamento, diminuindo o envio para aterros e, portanto, o impacto no meio ambiente. Além da aposta em pesquisa e desenvolvimento para criar novos produtos, o Nat.Genius também conta com parceiros estratégicos para garantir aos seus clientes a reciclagem de 100% dos materiais que estão presentes em eletrodomésticos de linha branca e refrigeradores comerciais. “O Nat.Genius traduz o conceito de Economia Circular* aplicado na prática, gerando além de uma nova frente de negócio para a Embraco, um grande benefício para a cadeia de eletrodomésticos de linha branca, de refrigeração comercial e para o meio ambiente”, conclui Lima. Novo negócio começa com importantes parcerias O Nat.Genius começa sua operação com clientes como a Metalfrio, Vonpar, Elco e Whirlpool. Em cada uma dessas parcerias, a empresa prestará um modelo de trabalho diferente, atendendo a necessidade de cada uma das companhias de descarte e de novos produtos transformados por meio da economia circular. Em 2013 o volume de produtos processados e transformados em novos produtos foi de 7 mil toneladas. Para 2014, o Nat.Genius espera processar um volume de aproximadamente 12 mil toneladas. No serviço oferecido à Metalfrio e à Whirlpool, o Nat.Genius será responsável pela manufatura reversa, fazendo a coleta e o processamento dos eletrodomésticos que não serão mais utilizados. A partir desse material serão desenvolvidos outros produtos, como pás feitas das chapas de metal das paredes dos refrigeradores. A parceria com a Vonpar – engarrafadora da Coca-Cola nos Estados do RS e SC – que utiliza em seu negócio expositores e máquinas refrigeradas, também repassa seus produtos no final de vida para o Nat.Genius. Um exemplo de componente que é remanufaturado e reinserido no ciclo produtivo é o conjunto rotor / estator, parte do motor elétrico que é posteriormente utilizado em equipamentos de ventilação. A prestação de serviço com a Elco envolve a compra de novos produtos fabricados pelo Nat.Genius a partir do alumínio reciclado. A Elco, fabricante mundial de motores elétricos e eletrônicos, estava em busca de um fornecedor que pudesse desenvolver e fornecer produtos com qualidade diferenciada. O fato de a Embraco empregar sua tecnologia neste projeto do Nat.Genius, além de suprir uma necessidade da Elco, trouxe também mais um produto exemplo de economia circular.
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*Economia Circular – modelo que repensa as atuais práticas econômicas como um sistema regenerativo, no qual todos os materiais podem ser reaproveitados em outros processos industriais, gerando novos produtos evitando assim o desperdício e reduzindo o consumo de matérias-primas e o envio de resíduos a aterros.
Governador sobrevoa obras em Araquari e Ilhota 12 de junho de 2014 às 08h 55 - Fonte: Economia SC
Trabalhos para construção do fábrica da BMW devem ser concluídos em setembro. Foto: Divulgação O governador Raimundo Colombo sobrevoou as obras da BMW, em Araquari, e da Ponte de Ilhota, nesta quarta-feira, dia 11. Os trabalhos para construção do fábrica da BMW devem ser concluídos em setembro deste ano. A inauguração da fabrica esta marcada para 30 de setembro de 2014. A unidade será a primeira fábrica de automóveis da marca alemã na América Latina. As obras da BMW começaram oficialmente em dezembro de 2013. A fábrica deve gerar mais de 6 mil postos de trabalho, sendo 1,3 mil empregos diretos e cerca de 5 mil indiretos. O investimento total é da ordem de R$ 600 milhões. A unidade terá capacidade instalada para produzir 32 mil veículos ao ano. O empreendimento tem o apoio do Governo do Estado e do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). O governador também sobrevoou as obras da Ponte de Ilhota, que está sendo construída sobre o Rio Itajaí-Açu, ligando a Rodovia Jorge Lacerda (SC-470) à BR-470, no Vale do Itajaí. A ponte terá 482 metros de extensão e será resultado de investimentos da ordem de R$ 19 milhões, por meio de uma parceria
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entre Governo do Estado (que pagará 20% da obra) e governo federal (responsável pelos outros 80%). Até agora, 12 dos 16 pilares foram concluídos e metade da laje está pronta. A expectativa é de concluir a obra até novembro deste ano.
Juro Zero bate novo recorde em operações Fonte: Economia - SC
O microempreendedor individual formalizado, com receita anual até R$ 60 mil, pode solicitar o empréstimo de até R$ 3 mil. Foto: Divulgação O programa Juro Zero da Secretaria do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDS) para microempreendedores individuais (MEIs) disponibilizou R$ 3.335.162,00 em 1.176 empréstimos em maio. É o maior número mensal de operações desde o lançamento do Juro Zero, em novembro de 2011. “Verificamos um crescimento de 60% nos últimos seis meses. Estamos trabalhando para que o programa continue com este sucesso”, diz o diretor de Apoio às Micro e Pequenas Empresas e ao Empreendedor Individual da SDS e gestor do programa, Cau Harger. O MEI formalizado, com receita anual até R$ 60 mil, pode solicitar o empréstimo de até R$ 3 mil em uma das 18 instituições de microcrédito habilitadas ou unidade do Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (SICOOB). O valor pode ser parcelado em oito prestações das quais, se os sete primeiros forem pagos em dia, a última é isenta, paga pelo Governo do Estado. O empreendedor recebe, ainda, consultoria de gestão financeira e inovação, dada pelo Serviço de Apoio as Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina (SEBRAE/SC). O Juro Zero visa incentivar o crescimento do empreendedorismo catarinense. No total, foram 25.431 empréstimos, o que corresponde a R$ 71.850.100,50. Além do SICOOB e SEBRAE/SC, é desenvolvido
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em parceria com a Agência de Fomento de Santa Catarina (BADESC) e a Associação das Organizações de Microcrédito de Santa Catarina (AMCRED/SC).
Correios reajustam tarifas postais Fonte: Economia SC
Valor das tarifas postais será corrigido em 7,85%; reajuste foi publicado nesta quarta-feira no Diário Oficial da União. Foto: ABr/ Divulgação O Ministério das Comunicações divulgou nesta quarta-feira, dia 11, novos valores tarifários para serviços nacionais e internacionais dos Correios. A portaria foi publicada no Diário Oficial da União. O primeiro porte de carta comercial, com peso até 20 gramas, passou de R$ 1,20 para 1,30. A carta não comercial, sem serviços adicionais, foi reajustada de R$ 0,80 para R$ 0,85. Entre os serviços adicionais estão registro da carta, aviso de recebimento e mão própria. A Carta Social, destinada a pessoas de baixa renda, permanecerá em R$ 0,01. O último reajuste havia sido feito em junho de 2012.
Férias coletivas param 'um Maracanã' CRISTINA CAMARGO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA LUCAS SAMPAIO DE CAMPINAS 12/06/2014
A Copa começa nesta quinta-feira (12) com o equivalente a pouco mais de um Maracanã superlotado de trabalhadores em férias coletivas pelo país. São ao menos 85 mil pessoas nessas condições, espalhadas por oito Estados, segundo levantamento da Folha com sindicatos, empresas e entidades patronais.
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Parte delas já está em férias coletivas. Outras entram a partir de hoje e ficam assim nas próximas semanas. Os setores mais afetados são o de produtos eletrônicos e o automotivo, em especial o último, com ao menos dez montadoras sob esse regime. Na Ford, por exemplo, são cerca de 10 mil em férias. Um deles é Victor Teles, 24, há dois anos e meio na fábrica da Ford em Taubaté (a 140 km de SP) e desde a última segunda-feira (9) em férias coletivas. "Vou aproveitar para ver os jogos [da Copa]. Combinamos um churrasco, no fim de semana, na chácara com amigos." Guilherme Henrique, 18, que trabalha na linha de produção e também está de férias coletivas, diz que foi pego de última hora com o aviso da empresa e não teve tempo para se programar. "Pretendo ver os jogos com os amigos em um bar. Se o Brasil for para as finais, aí vamos fazer um churrasco." Editoria de Arte/Folhapress
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Apesar da Copa, o clima é de apreensão entre os funcionários. Alguns temem receber cartas de demissão durante esse período de férias. Na Ford, há férias coletivas nas unidades de São Bernardo do Campo (SP), Camaçari (BA) e Taubaté (SP), onde há em curso um programa de demissão voluntária. A montadora fala em ajuste no "nível de produção à demanda do mercado" e no estoque. De acordo com o último balanço da Anfavea (Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores), a produção de veículos nos cinco primeiros meses do ano recuou 13,3% em relação a 2013. No setor eletroeletrônico, a Whirlpool, das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid, é uma das empresas a optar pelas férias coletivas. Serão 14 dias (de 12 a 25 de junho) para 5.000 funcionários da área administrativa de todas as unidades no Brasil. "Foi uma solução para que os funcionários possam ver os jogos e a empresa não tenha perdas", diz, em nota. Para o pesquisador José Dari Krein, do Cesit (Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho), da Unicamp, há margem das indústrias para essas férias coletivas, diante da economia fraca e dos altos estoques. "Isso acontece em todos os anos de Copa. As empresas criam um mecanismo de compensação e ajustam a sua produção." Para os trabalhadores, no entanto, a parada obrigatória não é bemvinda. "Ficamos inseguros. Muitas empresas falam que as férias coletivas são a primeira medida. Depois podem demitir", afirma Miguel Torres, presidente nacional da Força Sindical. Segundo ele, outro fator negativo é o desconto desses dias parados nas férias regulares dos trabalhadores. O conjunto das pessoas que acreditam em aumento do desemprego nos próximos meses, por exemplo, atingiu 48% em pesquisa Datafolha da semana passada –um recorde no governo Dilma. SEM COMEMORAÇÃO "Não vai ter comemoração. As pessoas estão bastante apreensivas com a possibilidade de perder o emprego. Para a Copa, não planejei nada", diz Anderson Aparecido dos Anjos, 37, há 17 anos na Eaton, em Valinhos (SP). Pai de três filhos, afirma que não aproveitará a Copa nem as férias coletivas iniciadas na terça-feira (10).
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"A gente fica tenso com o que pode acontecer", completa o funcionário da multinacional que produz peças para o setor automotivo. Para José Nunes Filho, representante do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), a indústria não quer demitir, mas contratar, investir e crescer. No entanto, há um esgotamento no estímulo ao consumo e o endividamento da população. "Você não pode atuar na economia só em uma ponta. Tem de aumentar a produtividade, a infraestrutura." Diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas, região que concentra indústrias automobilísticas, Sidalino Orsi Júnior afirma que o sinal amarelo está aceso, mas culpa as indústrias. "São crises instaladas para ver se arrancam mais do governo. E, infelizmente, o prejudicado é o trabalhador."
Apesar da Copa, varejo vende menos e não espera melhora com o Mundial PEDRO SOARES 12/06/2014 12h02 Folha Online
O varejo tem pouco a comemorar pela realização da Copa no Brasil. Poucos setores do comércio devem se beneficiar do evento –a maioria deles já registrou vendas menores em abril. Após a queda nas vendas em março, o comércio manteve a tendência e sofreu novo recuo em abril. As vendas no período caíram 0,4% na comparação com o mês anterior, informou o IBGE nesta quinta-feira (12). Analistas esperam que esse quadro se repita em maio e junho. O principal impacto negativo vem do menor número de dias úteis, com feriados em algumas cidades-sedes. Além disso, muitas lojas vão fechar suas portas em dias de jogos. Nem mesmo em áreas de comércio popular o movimento não lembra o de Copas passadas. Vendedora há sete anos de uma grande loja de atacado e varejo de roupas, Maria do Carmo Santos diz que neste ano as vendas estão boas, mas nem tanto quanto na Copa de 2010. A procura, diz, se concentra nas camisetas amarelas lisas, apenas com detalhes em
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verde, compradas por empresas para estampar suas marcas –serviço feito na própria loja do Saara, polo de comércio popular no centro do Rio. Pelos dados do IBGE, as vendas de tecidos, vestuário e calçados caíram 1% de março para abril. Já os supermercados venderam 1,4% menos –nesse caso, também sob o impacto da inflação em patamar elevado. A expectativa do setor é de que as vendas não aumentem porque muitas pessoas vão optar por fazer suas refeições e consumir bebidas em bares, fora de casa. COMBUSTÍVEL E TV A movimentação menor mesmo antes da Copa, diante do caos provocado em muitas cidades por conta das obras, resultou numa queda de 0,8% das vendas de combustíveis. Mesmo um ramo que vinha bem e se beneficiava do evento, já não mostrou expansão: as vendas de eletrodomésticos e móveis recuou 0,1%. É que, dizem analistas, muitas pessoas se anteciparam e já trocaram seus aparelhos de TV. Para a LCA, o desempenho do varejo "surpreendeu negativamente a maioria dos analistas, vindo na contramão do sugerido por alguns indicadores antecedentes do comércio", como dados de inadimplência e faturamento de supermercados. Ainda assim, a LCA ressalta que "as condições ainda deterioradas do mercado de trabalho e a elevação dos preços" afetaram o desempenho do varejo. PERDA DE RITMO Para o economista Fábio Bentes, da CNC (Confederação Nacional do Comércio), a perda de ritmo já era esperada. Estudo da entidade apontava que apenas o ramo de outros artigos de uso pessoal e doméstico (que concentra produtos de plástico, metal e utensílios diversos) seria impulsionado pela Copa. As vendas do ramo avançaram 0,3% de março para abril –o único com desempenho positivo no conjunto do varejo, que apontou queda de 0,4%. Bentes diz ainda que a decretação de feriados em diversas cidades durante os jogos poderá agravar o resultado do setor, já que a hora trabalhada deve ser pagar em dobro. Desse modo, além do impacto sobre as vendas decorrente da menor movimentação durante os jogos, "os varejistas teriam como opção fechar os estabelecimentos ou abri-los sujeitos a custos maiores e vendas mais fracas."
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Sem a ajuda da Copa, com a piora do mercado de trabalho e a consumidores cada vez menos confiantes, a LCA prevê um crescimento de 3,5% das vendas em volume do comércio em 2014, abaixo dos 4,3% de 2013.
Aumento global de preço de casas preocupa, diz FMI DO "FINANCIAL TIMES" 12/06/2014 02h00 Tradução de PAULO MIGLIACCI
O mundo precisa agir para conter o risco de mais uma devastadora crise na habitação, afirmou nesta quarta (11) o FMI, ao publicar novos dados que demonstram que os preços da habitação estão muito acima de suas médias históricas em muitos países. O alerta do FMI mostra como uma aceleração nos preços mundiais da habitação, a partir de uma base já elevada, se tornou uma das maiores ameaças à estabilidade econômica, já que os países não vêm conseguindo grande progresso em manter os preços sob controle. Min Zhu, vice-diretor-executivo do Fundo, afirmou que os instrumentos para controlar booms na habitação "ainda estão sendo desenvolvidos", mas que isso não deveria "servir como desculpa para a inação". Editoria arte/Folhapress
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Os preços da habitação "continuam muito acima da média histórica na maioria dos países", com relação a rendas e aluguéis, disse Zhu em discurso no BC alemão na semana passada. O texto do discurso só foi divulgado na quarta-feira. "Isso vale, por exemplo, para a Austrália, Bélgica, Canadá, Noruega e Suécia." BRASIL
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Em seu discurso, o dirigente do FMI não cita o Brasil. Os preços das residências no país subiram no ano passado 7,4% acima da sua média histórica, o sétimo maior avanço entre 52 países analisados pelo FMI. Emílio Kallas, diretor de incorporação e terrenos urbanos do SecoviSP (sindicato do mercado imobiliário), afirma que a alta de preços dos imóveis não representa riscos à economia do país. De acordo com ele, os bancos são rigorosos ao conceder o financiamento imobiliário, e a elevação dos valores dos imóveis é causada por reflexo do crescimento dos custos de construção, e não por especulação. Ele cita a alta do valor dos terrenos, os gastos com órgãos públicos e a burocracia no processo de licenciamento de projetos como alguns dos fatores que aumentam o custo para as empresas. ALTA GLOBAL O aumento global dos preços das casas é reflexo da recessão mundial, em que os dirigentes de bancos centrais decretaram reduções recorde nas taxas de juros, o que empurrou os valores dos imóveis para um patamar que o FMI considera como risco significativo para economias tão distintas como as de Hong Kong e Israel. O novo índice mundial de preços da habitação do FMI mostra nova aceleração neste início de ano, com alta de 3,1% nos preços ante 2013. Os valores estão subindo mais rápido nos países emergentes, com o maior aumento nas Filipinas (10%), seguida por Hong Kong, Nova Zelândia e China. Philippe Lopez/AFP
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Edifício em Hong Kong;, onde os preços subiram 10%; alta em todo o mundo preocupa, diz FMI "Em alguns casos os preços das casas estão se recuperando da forte correção que sofreram durante a Grande Recessão", disse Zhu. "Em outros casos, os preços das casas mantiveram seu ritmo de alta com apenas uma ligeira atenuação durante a Grande Recessão", completou o dirigente do Fundo.
Segundo Ipea, Dilma inflou dado sobre diminuição da miséria GUSTAVO PATU DE BRASÍLIA 12/06/2014 02h00
A presidente Dilma Rousseff usou números inflados sobre a redução da miséria no Brasil em seu pronunciamento de rádio e TV sobre a Copa do Mundo. Dados do próprio governo põem em xeque a afirmação de que, "em uma década", foram retirados "36 milhões de brasileiros da miséria", apresentada na mensagem presidencial da terça-feira (10).
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Estudo publicado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, vinculado ao Palácio do Planalto) aponta que, de 2002 a 2012, o número de miseráveis (ou extremamente pobres) caiu de 14,9 milhões para 6,5 milhões.
Trata-se, portanto, de uma queda de 8,4 milhões no número de pessoas que vivem na miséria ao longo dos primeiros dez anos da administração petista, abaixo da cifra mencionada por Dilma. Publicado em outubro, o documento informa que o cálculo seguiu o parâmetro adotado na maior parte das estatísticas oficiais: a linha de renda mensal até R$ 70, definida em 2011. Para os demais anos, o valor foi corrigido pela inflação. Outras metodologias citadas no texto do Ipea também chegam a números muito inferiores aos do pronunciamento da presidente. Até com uma renda mensal de R$ 140, definidora da pobreza mais ampla, o contingente cai de 41 milhões para 15,7 milhões de brasileiros na década, uma diferença de 25,3 milhões.
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OUTRA CONTA O número apresentado por Dilma repete o apurado em outra conta, divulgada no ano passado pelo Ministério do Desenvolvimento Social, que não mediu a evolução da miséria ao longo do período citado no pronunciamento da presidente ao país. "Em 2011, havia 36 milhões de pessoas, beneficiárias do Bolsa Família, que estariam na miséria caso sobrevivessem apenas com sua renda familiar", segundo afirma um balanço do programa Brasil Sem Miséria. A cifra, portanto, saiu de uma subtração hipotética dos benefícios do programa Bolsa Família da renda de sua clientela em um determinado momento –e não da comparação entre a quantidade de miseráveis antes e depois do programa. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, ainda restavam, naquele ano, 22 milhões de beneficiários abaixo da linha de miséria. Com o Brasil Sem Miséria e o Brasil Carinhoso, que, na prática, são ampliações da ação do Bolsa Família, esse grupo deixou a extrema pobreza, diz o governo federal. Procurados pela Folha, o Palácio do Planalto e o Ministério do Desenvolvimento Social defenderam o critério. A pasta afirma que os dados foram retirados do cadastro único utilizado nas políticas de assistência, no qual estão registrados os brasileiros de baixa renda. A defesa não contesta as conclusões do Ipea, baseadas na pesquisa por amostra de domicílios realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). De acordo com a mensagem enviada pelo governo, as pesquisas do IBGE captam a pobreza "em um ponto determinado do tempo", enquanto o cadastro único mensura "o contingente daqueles que estão ou estarão na pobreza em um determinado intervalo de tempo". "O cadastro é a única fonte que, além de mensurar, permite ao poder público agir para a redução da pobreza, nas várias dimensões em que ela se manifesta", diz o texto do ministério.
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Recessão "técnica", vida real e voto Cresce o risco de que país saiba, um mês antes de votar, que o PIB encolheu por um semestre.
AUMENTOU O RISCO de que a economia brasileira encolha no primeiro semestre. As prévias da atividade econômica indicam que se torna mais provável uma baixa da produção no segundo trimestre e uma revisão do crescimento do início do ano. O resultado do crescimento do PIB da primeira metade do ano será divulgado no dia 29 de agosto, quase um mês antes do primeiro turno da eleição (5 de outubro). Qual pode ser o efeito político de um Pibinho mais do que minguante? Era razoável imaginar, desde o início do ano, que as desmelhoras econômicas cada vez mais intensas e o efeito acumulado de quase um semestre de tumulto nas ruas tenderiam a se realimentar, o que deveria afetar o prestígio e a votação de Dilma Rousseff. Foi o que aconteceu. As desmelhoras e primeiro sinais de pioras na economia realimentaram o mau humor social e político, o que ajudou a degradar ainda mais a confiança na economia. A alta da insegurança econômica, bem maior que a deterioração da economia, está associada à baixa da popularidade da presidente e candidata Dilma Rousseff, que voltou a níveis semelhantes ao do colapso provocado por junho de 2013. Em si mesma, a notícia de encolhimento da economia, do PIB, quase um mês antes da eleição deve ter algum impacto de imagem direto, mas nem tanto assim: o grosso do eleitorado não sabe nem quer saber o que é PIB. A palavra "recessão" não vai pegar bem, ao menos entre a minoria que acompanha tais coisas. Caso se confirme o encolhimento semestral, muito vai se ouvir a expressão "recessão técnica", o que não quer dizer quase nada (o adjetivo "técnico" parece conferir seriedade a um substantivo, mas não tem lá grande substância além de significar dois trimestres consecutivos de produção econômica menor). Mais importante é saber quando desse encolhimento será reflexo da deterioração econômica mais perceptível no cotidiano do grosso do eleitorado. Indicadores antecedentes (prévias indiretas) de pesquisas da FGV passaram a captar um risco de aumento de desemprego (nas grandes cidades, o emprego já não cresce faz uns seis meses; não há desemprego maior, pois menos gente procura trabalho).
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A indústria teve um maio ruim e está em regime de férias coletivas (ameaça de demissão, pois). Mas ninguém prevê explosão nem alta relevante do desemprego neste ano. No entanto, por ora prevê-se também que o PIB do segundo semestre vai compensar parte das perdas do primeiro. Ainda assim, as previsões vão baixando. Na mediana, a centena de previsões privadas do PIB compiladas pelo Banco Central está em 1,4% para o ano (ante 2,5% de 2013) e com cara de baixar. Ontem, os economistas do Itaú, que não são descabelados, baixaram a deles para 1%, com encolhimento no segundo trimestre. Na ausência de novidades, a tendência é de o esfriamento se disseminar paulatinamente pela economia "real" (isto é, a da percepção cotidiana), como tem ocorrido desde o final do ano passado, clima mal temperado ainda por notícias pontualmente ruins de recessão "técnica", demissões em setores muito notórios e inflação estourando a meta por alguns meses. Vinício Freire vinit@uol.com.br
Apetite chinês dificulta avaliação do mercado de algodão Folha Online MAURO ZAFALON mauro.zafalon@uol.com.br
O relatório de oferta e demanda de produtos agrícolas do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) desta quarta-feira (11) trouxe poucas alterações em relação ao do mês anterior. No caso da soja, o Usda apenas elevou o esmagamento de 2013/14. Com isso, os estoques dos EUA caíram ainda mais, o suficiente para apenas 13 dias de consumo nesta safra que se encerra. Uma das novidades do relatório ficou para o algodão, segundo Daniele Siqueira, da AgRural, de Curitiba. Os EUA estão exportando mais, e a área a ser colhida deve ser ampliada na safra 2014/15. O aumento de área plantada nos EUA ocorre devido às chuvas de maio no Texas, Estado que vinha sofrendo forte seca havia vários anos. Siqueira afirma, no entanto, que uma alta na produção, sem expansão do consumo, significa ampliação dos estoques. O resultado final é uma alteração de preços. Para a analista da AgRural, quando se trata de prever tendências de mercado de algodão, tudo fica mais difícil por causa da China.
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O país asiático, quando se esperava que pisasse no freio nas compras externas, manteve as importações. Os chineses agora têm algodão para 620 dias de consumo. Provavelmente os chineses estarão com um apetite menor na próxima safra. Após ter comprado 5,3 milhões de toneladas em 2011/12, a China deverá adquirir apenas 1,7 milhão de toneladas na safra 2014/15, avalia o Usda. O comércio mundial do produto estará menos ativo na próxima safra. As importações, que chegaram a 10 milhões de toneladas na safra 2012/13, recuam para 7,7 milhões em 2014/15. O consumo mundial fica praticamente estável, em 24,4 milhões de toneladas, enquanto a produção será de 25,2 milhões, também com pouca alteração. Os estoques mundiais, que em 2010/11 eram de 11 milhões de toneladas, sobem para 22,4 milhões na próxima safra, estima o Usda. A safra 2014/15, que tem início em agosto, deverá ter 33 milhões de hectares semeados com algodão no mundo. Nesta que se encerra foram 32,8 milhões. Commodities caem 3,7% em maio, aponta banco O preço das commodities vai cair 1,4% neste ano. Já em 2015, deve subir 1,6%. A avaliação é de economistas do banco Itaú, que apuram mensalmente o ICI (Índice de Commodities Itaú). Em maio, a queda do índi- ce foi de 3,7%. Condições climáticas favoráveis, principalmente nos Estados Unidos, provocaram a queda dos agrícolas. Os economistas do banco especializados nessa área apuraram uma queda de 10% nos preços das commodities agrícolas. Entre elas, estiveram café e açúcar, que oscilam devido às incertezas nos fundamentos, apontam. Os preços do minério de ferro continuam em queda, pressionados pela desaceleração na China e pela maior oferta de metais pela Austrália. DE OLHO NO PREÇO Londres Alumínio (US$ por tonelada)1.836 Petróleo (US$ por barril)109,95
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Nova York Açúcar (cent. de US$)*16,81 Algodão (cent. de US$)*85,51 *por libra-peso Reunião Produtores e indústria se reuniram nesta quarta (11) com Neri Geller, da Agricultura, para discutir o fim da proibição do uso de avermectinas. Plano B Produtores e indústria fazem documento apontando a importância do uso adequado do produto. Definição O setor e a Embrapa vão fazer testes de campo para definir o período ideal de carência.
Analistas esperam mais desligamentos no setor Alessandra Saraiva e Camilla Veras Mota | Do Rio e de São Paulo Valor Online
O desempenho fraco da produção é apontado como principal responsável pela onda de demissões na indústria. Sem uma perspectiva de recuperação do setor no curto prazo, analistas esperam que o emprego industrial continue a registrar resultados negativos neste ano. Fernando Abritta, economista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), considera "preocupante" o comportamento das horas pagas, indicador antecedente do emprego. Em abril, elas foram reduzidas em 3,1% sobre o mesmo período do ano passado, a maior retração desde outubro de 2009, de 5,3%. Nos 12 meses encerrados em abril, o indicador cedeu 1,7%, queda mais forte que a redução do emprego no mesmo período, de 1,5%, ressalta. "Se a produção industrial não reagir, fica difícil um resultado melhor no emprego e nas horas pagas", considerou. O recuo de 2,2% no emprego industrial em abril, em comparação com igual mês de 2013, foi o pior desde dezembro de 2009, quando diminuiu 2,4%. Houve redução em 11 dos 14 locais pesquisados pelo IBGE, com destaque para São Paulo, principal impacto negativo, com queda de 3,3% no mesmo confronto. O Estado, lembra Abritta, representa 40% da produção - cerca de um terço do ramo
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automotivo, cuja produção acumula queda de 10,2% no quadrimestre - e 36% do emprego industrial do país. Leandro Padulla, da MCM Consultores, acredita que, depois das reduções de 1,4% e de 1,1% do emprego no setor em 2012 e 2013, respectivamente, a indústria se encaminha para o terceiro ano seguido de queda no indicador. Para Gilberto Braga, do Ibmec/RJ, além da desaceleração estrutural da atividade neste ano, as eleições devem influenciar de forma negativa a produção e, por consequência, o emprego da indústria no período. "As decisões de investimento foram tomadas anteriormente ou postergadas para o próximo ano, quando já será conhecido o próximo governo", pondera.
Liquidez explica dicotomia entre preços e economia Roberta Costa | De São Paulo Valor Online
Em uma semana, o Banco Central Europeu (BCE) estará, de certa forma, praticando uma espécie de "QE" (sigla em inglês para afrouxamento quantitativo) na zona do euro. A instituição deixará de enxugar do mercado mais de uma centena de bilhões de euros, ao não esterilizar os recursos usados para comprar ativos no mercado secundário sob o programa SMP (Securities Markets Programme). Até ontem, o BCE vinha esterilizando os recursos jogados no mercado a partir da compra dos títulos, oferecendo aos bancos depósitos a prazo, de forma a não deixar o dinheiro em circulação na economia. Mas, a partir do dia 18, esses depósitos deixarão de ser oferecidos e, com isso, € 162,5 bilhões serão despejados no mercado. Não esterilizar foi, de certa forma, uma "quebra de promessa" da autoridade monetária, segundo Paul Mortimer-Lee, do BNP Paribas, porque o BCE havia se comprometido a não monetizar dívidas da área do euro. Dessa forma, com a mudança de postura do BCE, quebra-se um paradigma e efetivamente um "QE" começa, já que a política monetária passa a ser afetada pela compra de ativos. O SMP foi criado com o objetivo de solucionar a escassez de liquidez no mercado interbancário e lidar, assim, com seu impacto negativo sobre a transmissão da política monetária no pior momento da crise na zona do euro. Com yields elevadíssimos, países periféricos da região, como Espanha, Itália, Irlanda e Grécia quase sucumbiram em termos de financiamento da dívida e debacle na economia. Embora o cenário na
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zona do euro tenha mudado radicalmente em termos de mercado, o mesmo não aconteceu do ponto de vista macroeconômico. Portugal, Irlanda e Grécia, que estavam sob o programa de resgate da troica, voltaram ao mercado, captando com sucesso suas necessidades de financiamento. O apetite de investidores por papéis espanhóis e italianos nos últimos meses não poderia ser explicado por uma melhora substancial no cenário desses países. Por que o yield espanhol estaria abaixo do americano e do alemão de mesmo prazo? O Chipre, último país a recorrer ao resgate há apenas um ano, está preparando também sua volta ao mercado de títulos. Segundo o jornal grego "Ekathimerini", Deutsche Bank, Goldman Sachs, HSBC, UBS e VTB Capital vão coordenar a emissão e organizar uma série de reuniões com investidores de renda fixa na Europa. A ação do BCE na semana passada sem dúvida impulsionou os planos do país. Essa dicotomia clara entre preços de ativos e indicadores econômicos é explicada por analistas como resultado da ampla liquidez. A hipótese é que a expectativa de mais injeção de liquidez pelo BCE, não apenas pelo corte marginal de juros, mas por um possível programa amplo de compras de ativos (QE) impulsiona apostas em ativos da zona do euro. O estrategista Steven Barrow, do Standard Bank, explica que comprar o que os bancos centrais compram é sempre uma boa estratégia. A lógica é que compras diretas de ativos por um banco central elevam o preço desse ativo. Barrow diz que a maioria dos estudos sugere que os rendimentos americanos de 10 anos estão 100 pontos base mais baixos como resultado do QE. Mas, no caso da zona do euro, apesar de o QE ainda não ter sido anunciado, a não esterilização dos títulos funciona como uma injeção extra de liquidez, que pode tomar o caminho da compra de ativos dos governos e, sob esse ponto de vista, a queda dos yields parece fazer sentido, bem como a força de outros ativos, como as ações.
Acumular patrimônio é essencial para aposentadoria sem sustos Sérgio Tauhata | De São Paulo Valor Online
"A gente não acredita que vai ficar velho, mas esse dia chega." O economista Felipe Westin tinha 35 anos quando essa consciência
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tomou conta de seus pensamentos a ponto de se tornar impossível de ignorar. Hoje, com 61 anos, considera-se feliz pela decisão tomada lá atrás de planejar - e executar - os planos para o momento de sua saída do mercado de trabalho. Aposentado pelo INSS desde 2008 e com uma renda vitalícia conferida pelo seu plano de previdência privada, que passou a ter neste ano, Westin recebe ainda aluguéis de alguns imóveis comerciais, comprados ao longo dos 35 anos de carreira em multinacionais, dos quais 20 como diretor de recursos humanos. "É comum as pessoas chegarem a certa idade com muita dificuldade financeira e dependendo de filhos. Não queria isso para mim", afirma o ex-executivo
Mesmo com a independência financeira garantida, o economista não quis parar de vez. Em lugar de vestir o pijama, mantém há quase 10 anos uma consultoria na área de RH junto com uma das filhas. "Enquanto tiver clientes eu continuo na ativa. Mas agora posso ficar na ativa com tranquilidade." A história do economista ilustra a importância de, literalmente, ser previdente. "As pessoas precisam se conscientizar da necessidade de se fazer uma poupança cada vez mais cedo", enfatiza o presidente da Bradesco Vida e Previdência, Lúcio Flavio de Oliveira. No planejamento ideal, o futuro aposentado, além da contribuição para o INSS, deveria começar sua previdência privada na casa dos 20 anos. Assim, segundo Carolina Mazza Wanderley, consultora sênior da Mercer, aos 60 anos, teria acumulado quatro décadas de aportes. Nessa situação, 10% do salário mensal seria suficiente para se obter um benefício entre 80% e 100% do último rendimento, quando somadas a pensão oficial e a renda do plano privado. Porém, de acordo com Oliveira, da Bradesco Vida e Previdência, o mais comum no Brasil é que os trabalhadores comecem a poupar para a aposentadoria mais tarde, entre 30 e 40 anos. Para o executivo, seja em qual fase da vida, "a poupança adequada é a possível". O especialista lembra que o esforço de economia não deve prejudicar os projetos de curto e médio prazos. "Porque muitas vezes
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estão ligados à educação, ao desenvolvimento profissional, à família e à construção de patrimônio", explica. Mesmo quem não conseguiu um volume de recursos confortável até o momento de se aposentar, pode ainda otimizar o patrimônio. Na avaliação de Angela Azevedo, sócia da consultoria MoneyPlan e planejadora financeira com certificação CFP, muita gente deixa de considerar o patrimônio na longevidade. "Um apartamento ou casa muito grande, por exemplo, adquirido para ser a residência da família, pode ser vendido para a compra de um imóvel menor e a diferença ser aplicada como recurso para a aposentadoria", explica. Segundo Angela, é preciso tomar cuidado, por exemplo, com a parte imobilizada do patrimônio que gera custos, alguns inesperados. Foi o que aconteceu com o engenheiro aposentado José Tanaka, de 76 anos. "Tenho um terreno na praia que comprei há 30 anos para fazer uma casa. Mas nunca construí", conta. Em 2014, o aposentado recebeu uma multa de R$ 3 mil por não ter limpado a área. O primeiro passo para um final - ou um início - feliz na aposentadoria, explica a sócia da MoneyPlan, começa por fazer as contas e saber o quanto será necessário para manter o padrão de vida e qual a capacidade de poupança. "Quando não se tem esses números na cabeça é impossível planejar." Para o superintendente de produtos da Brasilprev, Sandro Bonfim, esse planejamento pode ser feito por etapas. Uma dica, conforme o especialista, é estabelecer objetivos de médio prazo em lugar de apenas um com horizonte demasiado amplo. "Tem gente que começa a poupar para aposentadoria, outros para abrir um negócio, para viajar, morar fora ou tendo como foco a educação", considera. À medida que o tempo passa, diz Bonfim, é preciso revisitar esses objetivos. "É importante fazer planos intermediários. E, por mais que acabe gastando parte da poupança, você criou a disciplina de economizar no longo prazo", completa Aura Rebelo, diretora de produtos e marketing da Icatu Seguros. O planejamento também deve levar em conta o tipo de renda na aposentadoria, considera Leandro Lourenço, superintendente de marketing da Mongeral Aegon. Nos planos abertos, como os PGBLS e VGBLS, ao final do período de contribuição, o cliente pode optar por ser vitalícia ou por tempo determinado. "Essa renda pode ser revertida ao cônjuge ou aos filhos em caso de morte do titular", diz. Essa conta deve ser feita, porque a mesma reserva gera diferentes rendas, de acordo com as condições desejadas (veja quadro).
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A estreita relação entre pesquisas e 'price efficiency' As oscilações no mercado financeiro ocorridas a cada divulgação de pesquisas eleitorais têm surpreendido. Desde 2002 não se via tamanha correlação entre as cotações no mercado e as pesquisas de intenção de voto para a Presidência. No último dia 27 de abril, o Ibovespa fechou em alta de 3,5% após o CNI/Ibope mostrar queda da presidente Dilma Rousseff de 43% para 36%, sendo a sua maior alta diária desde 2 de setembro de 2013. Já no dia 6 de junho, o Ibovespa registrou nova alta de 3,04%, retornando à linha dos 53 mil pontos, após o Datafolha mostrar nova queda nas preferências de voto na presidente. A correlação tem se mostrado consistente. Conforme noticiado pelo Valor recentemente, ao menos um instituto de pesquisa passou a oferecer um serviço chamado de pesquisa "clone" ou "gêmea", por meio do qual participantes do mercado podem encomendar pesquisa seguindo os mesmos critérios das pesquisas registradas no TSE cinco dias antes de sua divulgação. Em 2002, quando ocorreu correlação parecida com a atual, a CVM emitiu a Deliberação 443, reconhecendo que as intenções de voto em eleições têm o potencial de influenciar a cotação de valores mobiliários e que, portanto, o uso de pesquisas ainda não divulgadas pode configurar "vantagem indevida" no mercado, possivelmente caracterizando "prática não equitativa", conforme proibida pela Instrução CVM nº 8. Esta norma define "prática não equitativa" como aquela que "resulte, direta ou indiretamente, efetiva ou potencialmente, um tratamento para qualquer das partes, em negociações com valores mobiliários, que a coloque em uma indevida posição de desequilíbrio ou desigualdade em face dos demais participantes da operação". Essa prática está sujeita a penalidades que podem variar entre advertência, multa, suspensão e até cassação de registro, nos termos do artigo 11 da Lei 6.385. Resta então saber se a utilização de pesquisas gêmeas é vedada pela Deliberação 443. A questão é delicada e ainda não parece ter sido enfrentada pela CVM. Uma diferença importante entre a pesquisa gêmea e a conduta expressamente vedada pela Deliberação é que esta última se refere ao vazamento do resultado da pesquisa original, ainda não divulgada, para que agentes do mercado a utilizem, antecipando-se às oscilações que virão quando houver a "precificação" da mesma pesquisa na bolsa. Ou seja, a Deliberação
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443 refere-se à utilização de informações "vazadas" sobre pesquisas ainda não divulgadas. Já as pesquisas gêmeas, segundo o noticiado, buscam espelhar a pesquisa original, por meio da adoção dos mesmos critérios, tais como quantidades de entrevistados e de municípios pesquisados. Trata-se de levantamentos encomendados por investidores ou agentes do mercado de modo a tornar suas decisões de investimento melhor informadas, contribuindo com a eficiência na precificação do mercado. Um recente trabalho de professores da Haas School of Business (Berkeley) demonstra que investidores institucionais produzem "value relevant information", sendo que as suas posições e negociações em bolsa aprimoram a formação de preços no mercado, fortalecendo o já conhecido conceito de "price efficiency" (Hendershott, Livdan e Schurhoff, 2014). São vários os trabalhos acadêmicos nos EUA que demonstram que investidores institucionais são mais bem informados do que o varejo e que as suas negociações contribuem para a formação de preços (e.g. Bohemer e Kelley (2009). Para o Nobel de Economia de 2013, Eugene Fama, um mercado é considerado "eficiente" se os preços refletem todas as informações relevantes disponíveis, o que pode ocorrer quando elas são acessíveis sem custo aos participantes do mercado e todos compartilham das mesmas expectativas quanto aos seus impactos nas cotações (Fama (1970). Essas condições de mercado são obviamente teóricas e demonstram que, no Brasil, o mercado também não é "fully efficient". Em sua forma semiforte, o mercado eficiente incorpora as informações relevantes à medida que elas sejam divulgadas. Assim, dada a forte correlação atual entre intenção de voto e cotação em bolsa, assim que uma pesquisa é publicada, os preços se ajustam rapidamente ao novo conjunto de informações disponível. Paralelamente a isso, a utilização privada de pesquisas gêmeas por investidores de peso também pode refletir nos preços em decorrência de variações na oferta e na demanda, ajustando-os. Além disso, analistas de grandes firmas têm função relevante no suprimento de informações ao mercado, a quem as pesquisas gêmeas também podem ter grande utilidade. Trata-se então de ferramenta legítima de investidores em busca de investimentos bem informados, seguindo as suas próprias expectativas quanto ao impacto dessas informações nas cotações, o que contribui com a formação de preços. É do jogo. As pesquisas servem como conduíte para que as intenções de voto sejam canalizadas à bolsa. A pesquisa privada serve de ferramenta aos investidores, enquanto a publicada se incorpora rapidamente aos preços, corrigindo assimetrias e desmistificando expectativas. Pode-
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se fazer um paralelo com o que ocorre previamente às reuniões do Copom, quando agentes do mercado tentam prever as intenções dos membros do Comitê com relação à variação da Selic, não parecendo correto afirmar que negociações baseadas em diagnósticos privados quanto às tendências do Comitê se tratem de práticas não equitativas. A Deliberação CVM 433 não parece proibir a utilização de pesquisas "gêmeas", apesar de elas poderem beneficiar aqueles participantes dispostos a pagar por mais informações. Estudos demonstram que investidores institucionais e agentes profissionais são mais bem informados que os de varejo e a sua atuação contribui para o "price formation". Se a utilização de pesquisas privadas fosse proibida, poderíamos estar nivelando por baixo o conteúdo informacional das cotações em bolsa, em prejuízo da formação eficiente de preços. Uma manifestação da CVM sobre o assunto seria oportuna no atual cenário político-econômico. Felipe Prado é advogado licenciado do BM&A - Barbosa, Mussnich & Aragão, cursou Master in Laws (LLM) na Universidade de Chicago e atualmente é 'visiting attorney' em escritório em Nova York. Valor Online