Resenha 01 07 2016

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS

01 DE JULHO DE 2016

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Real dispara, e Banco Central decide voltar a intervir no câmbio Marcello Casal Jr/Agencia Brasil

FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, EULINA OLIVEIRA DE SÃO PAULO e EDUARDO CUCOLO DE BRASÍLIA 01/07/2016 às 02h 00

O Banco Central voltará a intervir no câmbio nesta sexta (1º), depois de mais de 40 dias. De 18 de maio, quando as operações do BC foram interrompidas, até esta quinta (30), a moeda brasileira foi a que mais se valorizou no mundo, consideradas as 16 principais divisas: 9,82%. O rand sul-africano, que ficou em segundo lugar, subiu bem menos: 6,83%. O BC anunciou que fará um leilão de "swap" cambial reverso de US$ 500 milhões. Esse instrumento equivale à compra de moeda no mercado futuro, ou seja, contribui para elevar a demanda por dólar e segurar a sua queda. O dólar mais barato reduz a inflação, mas, por outro lado, prejudica exportações e afeta as contas externas. DÓLAR Saiba mais sobre a moeda americana

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Entenda as diferenças entre os tipos de dólar Conheça as estratégias do governo para conter a alta do dólar e alcançar o 'câmbio ideal' Veja como investir em moedas estrangeiras Confira a cotação do dólar e outras moedas

Como o mercado de câmbio é muito volátil, consultores recomendam que quem vai precisa de dólar compre aos poucos ao longo de um período de tempo. Moedas estrangeiras não são opções recomendadas a pequenos investidores. JANELA OPORTUNA Na terça (28), o novo presidente do BC, Ilan Goldfajn, havia reafirmado que o câmbio é flutuante e que autoridade monetária poderia utilizar todas as ferramentas cambiais de que dispõe, sempre com parcimônia. Afirmou ainda que o plano do BC era encontrar uma janela de oportunidade para reduzir o estoque de swap cambial em ritmo compatível com o funcionamento do mercado, "quando e se possível". O estoque de swaps está hoje em US$ 62,1 bilhões. Na prática, é como se o BC tivesse injetado moeda estrangeira nesse valor. Quando negocia o swap reverso, está na prática recomprando esses dólares e secando o estoque das mãos do mercado. DISPARADA Também no resultado do primeiro semestre, foi o real que mais se valorizou: 19,59%. Ou seja, o Brasil foi o país em que o dólar mais caiu. No mercado à vista, referência para o sistema financeiro, a queda foi de 23,4% no período. No fechamento desta quinta, chegou a R$ 3,18, menor valor desde 21/7/ 2015 (R$ 3,1735). Somente em junho, o real avançou 11,46%, a maior alta percentual desde abril de 2003 (+13,23%).

Dólar sobe a R$ 3,24 com ação do BC; Bolsa avança com exterior positivo 3


FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, EULINA OLIVEIRA DE SÃO PAULO 01/07/2016 às 12h 47

O otimismo predomina nos mercados financeiros globais pela quarta sessão seguida, que ainda reagem às expectativas de que os bancos centrais vão aumentar os estímulos monetários para minimizar os efeitos do "Brexit", ou seja, a saída do Reino Unido da União Europeia. As Bolsas globais e o petróleo sobem nesta sexta-feira (1), e o dólar cai frente às principais moedas, com exceção do real. Após pouco mais de 40 dias, o Banco Central voltou a atuar no mercado de câmbio, com o leilão de 10.000 contratos de swap cambial reverso, no montante total de US$ 500 milhões. A operação, realizada nesta manhã, equivale à compra futura de dólares pela autoridade monetária. A moeda americana à vista subia há pouco 1,76%, para R$ 3,2410, depois de fechar na casa dos R$ 3,18 nesta quinta-feira (30). O dólar comercial avançava 0,90%, a R$ 3,2430. Segundo analistas, o montante de swap cambial reverso leiloado nesta sexta-feira é pequeno, insuficiente para reverter a tendência de queda do dólar no curto prazo. Essa tendência se deve ao cenário externo favorável, reforçado pelas apostas de manutenção dos juros americanos nos próximos meses. As altas taxas de juros praticadas no Brasil e a perspectiva de melhora da economia local são outros fatores que atraem capital externo. Com o leilão de hoje, o estoque de swaps cambiais tradicionais do BC, equivalentes à venda futura da moeda americana, caiu para US$ 61,635 bilhões. O presidente do BC, Ilan Golfajn, afirmou, em entrevista ao Valor Pro publicada nesta manhã, que há uma conjuntura de fatores internacionais e domésticos que estão permitindo o

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desmonte de swaps cambiais tradicionais. Goldfajn disse ainda que trabalha com dois objetivos: manter o câmbio flutuante e reduzir o estoque de swaps. DÓLAR Saiba mais sobre a moeda americana

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Para a equipe de análise da corretora H.Commcor, a atuação da autoridade monetária nesta sexta-feira não foi para defender um piso para o dólar. "Foi apenas para cumprir o que Ilan tem sinalizado quanto ao desmonte gradual da exposição cambial sem ferir o conceito de câmbio flutuante, bem como o natural controle de excessos no mercado", escrevem os analistas, em boletim. No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 caía de 13,925% para 13,855%; o contrato de DI para janeiro de 2021 operava estável, a 12,150%. Analistas destacam que os juros futuros são influenciados pela decisão do CMN (Conselho Monetário Nacional) de manter a meta de inflação em 4,50% para 2018. Havia especulações de que essa meta poderia ser reduzida. Analistas da Guide Investimentos comentam que a manutenção da meta de inflação pressiona os juros futuros para baixo. Se a meta fosse reduzida, a taxa básica de juros (Selic) poderia demorar mais para cair. "O motivo é que o BC não precisaria buscar uma meta ainda mais desafiadora, mas isso não quer dizer que começará a cortar juros antes de outubro", escreve a Guide, em relatório. O CDS (credit default swap) brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, perdia 1,05%, aos 313,636 pontos. BOLSA

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O Ibovespa sobe pela quarta sessão consecutiva, seguindo seus pares globais. Há pouco, o índice ganhava 0,80%, aos 51.937,17 pontos. As ações da Petrobras subiam 3,18%, a R$ 9,72 (PN), e 4,25%, a R$ 12,00 (ON). O petróleo, porém, operava perto da estabilidade. Os papéis da Vale avançavam 1,22%, a R$ 13,19 (PNA), e 2,27%, a R$ 16,64 (ON), apesar do recuo do minério de ferro na China. No setor financeiro, Itaú Unibanco PN ganhava 0,56%; Bradesco PN, +0,63%; Banco do Brasil ON, -1,04%; Santander unit, -0,44%; e BM&FBovespa ON, -1,00%. As ações ordinárias da JBS recuavam 5,30%, a R$ 9,47. A Polícia Federal deflagrou mais uma etapa da Operação Lava Jato na manhã desta sexta-feira (1º), batizada de Sépsis, que tem como um de seus alvos a Eldorado Celulose, uma empresa do grupo J&F -holding da JBS, dona da Friboi. A PF realizou buscas na sede do grupo e na casa de seu dono, Joesley Batista, em São Paulo. A JBS não é alvo da operação. Outro alvo de buscas é o empresário Henrique Constantino, herdeiro da Gol Linhas Aéreas. Os papéis ON da Gol perdiam 1,73%, a R$ 3,39. As ações ON da Estácio avançavam 2,77%, a R 17,42, e as ON da Kroton subiam 5,07%, a R$ 14,29. A Kroton aumentou sua oferta e o conselho de administração da Estácio aceitou os novos termos para ser adquirida pela rival direta, informaram as companhias de educação superior privada nesta sexta-feira. A operação é avaliada em cerca de R$ 5,5 bilhões. EXTERIOR Dados divulgados nesta sexta-feira mostraram que a atividade manufatureira nos EUA avançou em junho no ritmo mais forte em mais de um ano, o que contribuiu para aumentar o bom humor dos investidores. Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones subia 0,20%; o S&P 500, +0,29%; e o Nasdaq, +0,45%. Na Europa, as Bolsas fecharam no campo positivo: Londres (+1,13%); Paris (+0,86%); Frankfurt (+0,99%); Madri (+1,29%); e Milão (+0,61%). As Bolsas chinesas tiveram leve alta nesta sexta-feira. Em Tóquio, o índice Nikkei avançou 0,68%.

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Kroton aumenta oferta e conselho da Estácio diz que aceita fusão Marisa Cauduro/Folhapress

Alunos do curso de administração no grupo Kroton em 2013; grupos disputam Estácio

FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, JOANA CUNHA DE SÃO PAULO 01/07/2016 às 11h43

A Kroton aumentou sua oferta e o conselho de administração da Estácio aceitou os novos termos para ser adquirida pela rival direta, informaram as companhias de educação superior privada nesta sexta-feira (1º). A operação é avaliada em cerca de R$ 5,5 bilhões. A fusão cria uma gigante universitária no país, ao unir a atual líder e a vice-líder do setor. Segundo estudo da consultoria CM Consultoria com base em dados do MEC de 2014, a união com a Kroton geraria uma instituição com mais de 1 milhão de matrículas de graduação. Às 11h30, as ações ordinárias da Kroton subiam 5,14%, para R$ 14,30, as ordinárias da Estácio avançavam 2,88%, a R$ 17,45, e as de mesmo tipo da Ser Educacional que disputava a Estácio com a Kroton tinham valorização de 0,64%, a R$ 12,55. "O Conselho de Administração da Estácio, em reunião realizada ontem (quinta), manifestou que está de acordo com os termos econômicos da nova proposta da Kroton, desde que os 7


demais termos da operação sejam estabelecidos de forma satisfatória", afirmou a Estácio em comunicado ao mercado nesta sexta-feira. A Estácio informou ainda que seu conselho vai se reunir em 8 de julho para avaliar todas as condições da proposta da Kroton, antes de convocar assembleia de acionistas da companhia. A operação ainda depende de alguns trâmites administrativos e da aprovação das autoridades regulatórias. Analistas do setor consideram que a fusão da Estácio com a Kroton enfrentaria restrições do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). A nova oferta da Kroton envolve relação de troca de 1,281 ação de sua emissão por cada papel da Estácio e também distribuição de dividendos extraordinários aos acionistas da Estácio de R$ 170 milhões, o que representa cerca de R$ 0,55 por papel da companhia. A ação da Kroton encerrou na véspera cotada a R$ 13,60. GIGANTE A compra da Estácio vai reforçar o poder de mercado da Kroton com a adição de cerca de 600 mil alunos a sua base de 1 milhão de estudantes no país. A nova empresa, segundo estudo da CM Consultoria, especializada no setor, aponta que "dentre as dez maiores companhias educacionais, o grupo Kroton/Estácio teria cinco de cada dez alunos". Carlos Monteiro, presidente da CM, calcula que para fazer frente em número de alunos a esse novo gigante educacional, todas as demais companhias no ranking das dez a maiores do setor teriam de se fundir. O negócio Kroton/Estácio deve desencadear uma onda de fusões e aquisições no setor para rivalizar com um líder tão forte, segundo especialistas. O setor vem se desenvolvendo rumo à consolidação há cerca de dez anos. Entre 2007 e junho de 2016, foram mais de 170 operações de fusões e aquisições, com volume em torno de R$ 13,77 bilhões, conforme levantamento da CM. Até o final do ano passado, o Cade analisou 62 atos de concentração envolvendo fusões e aquisições entre instituições de ensino superior privadas e entrada de fundos de investimento em companhias do setor. Neste mercado, os atos de concentração só ganharam relevância do ponto de vista da defesa da concorrência a partir de 2007, intensificando-se em 2008, com forte participação da Estácio. Levantamento do departamento de estudos econômicos do Cade mostram que, "neste dois anos, das 12 operações notificadas no órgão, 11 foram protagonizadas pelo Grupo Estácio". A maior parte foi aprovada sem restrições. DISPUTA Na quarta-feira (29), a Ser Educacional havia aumentado sua proposta pela fusão com a Estácio. A Ser havia elevado para R$ 1 bilhão a proposta que havia feito no início de junho, em que oferecia R$ 590 milhões como prêmio aos acionistas da Estácio para unir as duas empresas. A

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proposta representava um aumento de R$ 1,92 para R$ 3,25 por ação da Estácio na distribuição dos dividendos aos atuais acionistas da rede fluminense.

Janguiê Diniz, o fundador da Ser Educacional, afirmou publicamente inúmeras vezes ao longo deste último mês de negociações que, caso não fosse o escolhido para fechar o negócio com a rede fluminense, se lançaria em busca de um outro parceiro. A Kroton começou com uma proposta em que as duas empresas se fundiriam e os atuais acionistas da Estácio receberiam ações da Kroton. Cada ação com voto da Estácio valeria 0,977 da ação da líder do setor. Como a relação foi considerada insuficiente pela Estácio, a Kroton elevou o número para 1,25 ação de sua emissão por papel da rival. Mas ainda ficou longe do 1,6 que a família Zaher, uma das principais acionistas, gostaria de alcançar ou do 1,4 que poderia ser considerado meio-termo. A família Zaher é a segunda maior acionista da Estácio, com aproximadamente 13% de participação. Representada por seu assessor financeiro, Nelson Rocha Augusto, a família tem conversado com bancos e pretende oferecer cerca de R$ 2 bilhões aos fundos que são acionistas da Estácio em troca de elevar a participação familiar para 51% e impedir a venda à Kroton, conforme a Folha antecipou. A notícia de que a família poderia elevar sua participação gerou desconforto dentro do conselho da empresa. Também indispôs Chaim Zaher, hoje presidente da Estácio, e outros sócios da rede, investidores institucionais que também têm papéis da Kroton, e que já deram sinais de que estão de acordo com a união com líder do setor. HISTÓRIA Fundada na década de 70 como uma faculdade de direito na zona norte do Rio, a Estácio partiu para uma sequência agressiva de aquisições após receber investimento da empresa de private equity GP, que ficou com 20% da companhia, em 2008. Trouxe instituições de 22 Estados para seu portfólio, entrou na modalidade de ensino a distância, que permite forte elevação do número de alunos, com redução de custos nos ganhos de escala, e abriu capital. 9


KROTON /1º TRI.2016 Receita líquida: R$ 1,27 bilhão Lucro líquido: R$ 505,9 milhões Dívida líquida: R$ 137,2 milhões Número de matrículas: 961.082 (2014) Marcas: Anhanguera, Pitágoras, Unic, Unime ESTÁCIO/ 1º TRI.2016 Receita líquida: R$ 793 milhões Lucro líquido: R$ 128,5 milhões Dívida líquida: R$ 568,9 milhões Número de matrículas: 409.586 (2014) Marcas: Estácio SER /1º TRI.2016 Receita líquida: R$ 285 milhões Lucro líquido: R$ 85,9 milhões Dívida líquida: R$ 323 milhões Número de matrículas: 105.469 (2014) Marcas: Faculdade Maurício de Nassau, Faculdades Integradas do Tapajós - FIT, Unama Universidade da Amazônia

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Sem limite para gastos, Estados quebrariam de novo, diz Meirelles FONTE IDIANA TOMAZELLI – JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 01 Julho 2016 às 10h 22

Ministro da Fazenda afirmou que a trajetória de crescimento das despesas dos Estados tem seguido um rumo insustentável

Acordo com Estados foi uma conquista importante, segundo Meirelles RELACIONADAS   

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BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta sexta-feira, 1, que a inclusão dos Estados na PEC do teto de gastos é um ponto crucial para evitar a repetição da situação atual de crise financeira nos governos estaduais. "Como estamos até agora, qualquer acordo com os Estados iria durar pouco, os Estados iriam quebrar de novo em poucos anos", disse o ministro em entrevista à Rádio Estadão. Meirelles destacou que a trajetória de crescimento das despesas dos Estados tem seguido um rumo insustentável e que a adesão ao teto é um ponto fundamental para pavimentar o caminho até o reequilíbrio financeiro dos governos estaduais. Esse ponto foi uma contrapartida ao acordo de renegociação das dívidas dos Estados com a União, fechado neste mês. O ministro disse que o acordo, dadas as condições do momento, foi uma conquista importante. "O acordo foi feito conseguindo que os Estados paguem aquilo que deixaram de pagar com as liminares e, depois, que concordassem com juros compostos, e não juros simples, o que faz diferença muito grande", explicou. A manutenção das liminares, que permitiu aos Estados suspender os pagamentos das parcelas da dívida integralmente, teria custo maior para os cofres do Tesouro Nacional do que o acordo delineado pela equipe econômica. O impacto da renegociação em 2016 será de R$ 20 bilhões. 11


Pelo trato, os Estados voltarão a pagar as parcelas da dívida em janeiro de 2017, ainda com desconto. Os pagamentos integrais só serão retomados em julho de 2018.

Avaliação boa ou ótima do governo Temer é de 13%, diz pesquisa Ibope FONTE JULIA LINDNER – JORNAL O ESTADO DE S. PAULO 01 Julho 2016 às 11h 07

Parcela que avalia governo como ruim ou péssima é de 39%, e regular, 36%; a margem de erro é de dois pontos porcentuais BRASÍLIA - A porcentagem da população que considera a gestão provisória do presidente em exercício Michel Temer boa ou ótima é de apenas 13%, de acordo com pesquisa realizada pelo Ibope sob encomenda da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A parcela dos entrevistados que avalia a atual gestão como ruim ou péssima é de 39%. Já os que consideram o governo regular são 36%. Outros 13% não souberam ou não quiseram responder. Todas as variações ocorreram dentro da margem de erro máxima de dois pontos porcentuais. RELACIONADAS:   

Maioria dos brasileiros acha que, com Temer, corrupção fica igual ou maior que com Dilma Temer se preocupa com resultado de pesquisas de avaliação do governo Pesquisa revela imagem ruim do governo Temer no exterior

De acordo com a pesquisa, 53% dos entrevistados desaprovam a maneira de governar de Temer desde que ele assumiu, em meados de maio. A proporção dos que aprovam a gestão é de 31%. Não souberam ou não responderam 16%. A CNI e o Ibope também perguntaram sobre a confiança em relação ao presidente em exercício. A parcela dos que não confiam nele é de 66%. O porcentual daqueles que confiam na pessoa do presidente é de 27%. Outros 7% não souberam ou não quiserem responder sobre a confiabilidade de Temer.

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Presidente interino Michel Temer durante encontro com representantes da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), no Palácio do Planalto, em Brasília

Em relação à Dilma, houve melhora na popularidade, porém pouco significativa. Dos entrevistados, 44% consideram que a gestão de Temer é igual a da presidente afastada. Outros 25% avaliam que a atuação do presidente em exercício é pior do que a sua antecessora. Dos entrevistados, 23% disseram que a gestão de Temer é melhor do que a Dilma. Outros 8% não souberam ou não quiserem responder. Na última pesquisa divulgada pelo CNI, a porcentagem da população que desaprovavam a maneira de Dilma governar era de 82%. Políticas públicas. A pesquisa mostra um recuo na desaprovação da política no combate ao desemprego. Na gestão de Dilma, 86% desaprovavam o governo nessa área, hoje, na gestão Temer, o número caiu para 67%. Também caiu a desaprovação das políticas do governo, em comparação à gestão Dilma, no combate à fome e à pobreza (de 69% para 63%), na educação (de 74% para 64%), na segurança pública (de 84% para 72%) e no meio ambiente (de 68% para 55%). Na consulta, somente 16% aprovam a aplicação da taxa de juros; em relação aos impostos, apenas 17%. A pesquisa mostra ainda que a parcela dos entrevistados que percebe o noticiário mais desfavorável ao governo é de 40%, enquanto aqueles que vêm o noticiário mais favorável são 18%. O porcentual dos que enxergam o noticiário nem favorável nem desfavorável é 25. Na pesquisa, em menos de dois meses de governo, houve um grande número de não respostas. Os questionamentos foram feitos entre os dias 24 e 27 de junho. Foram ouvidas 2.002 pessoas em 142 municípios. O grau de confiança da pesquisa é de 95%.

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FI-FGTS fechou 2015 com R$ 1,15 bi em debêntures da Eldorado Brasil Celulose FONTE FERNANDA GUIMARÃES E CAMILA TURTELLI – JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 01 Julho 2016 às 12h 08

Operação da PF buscou documentos na Eldorado sobre o fundo nesta sexta-feira; companhia foi citada em delação premiada do ex-vice-presidente da Caixa

Eldorado foi citada em delação premiada do ex-vice-presidente da Caixa RELACIONADAS  

PF prende operador de Eduardo Cunha Delator cita propina a Cunha em 12 operações do FI-FGTS

SÃO PAULO - O Fundo de Investimento do Fundo de Garantia por Tempo e Serviço (FI-FGTS) possuía, ao final do ano, passado R$ 1,149 bilhão em debêntures da Eldorado Brasil Celulose, conforme as demonstrações financeiras do fundo correspondente a 2015. Com esse valor, os papéis da dívida da Eldorado correspondiam, na época, a 3,72% do patrimônio líquido da carteira. Na manhã de hoje, a Polícia Federal buscou documentos na Eldorado exatamente sobre o FIFGTS. A companhia foi citada em delação premiada do ex-vice-presidente da Caixa, Fábio Cleto, que disse acreditar que o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) tenha recebido valor superior a 1% como comissão, relativo a essa emissão. A Eldorado Brasil confirmou que a Polícia Federal realizou busca e apreensão em suas dependências nesta manhã, em São Paulo, mas diz "desconhecer as razões e o objetivo desta ação". Por meio de nota, a fabricante de celulose do grupo J&F afirma que na ocasião prestou todas as informações solicitadas e que "sempre atuou de forma transparente e todas as suas atividades são realizadas dentro da legalidade". No demonstrativo financeiro citado consta que "os recursos captados por meio dessa emissão são destinados para o desenvolvimento do projeto de construção e implantação do tratamento de águas e efluentes relacionados ao projeto localizado na cidade de Três Lagoas14


MS, bem como investimento em soluções para transporte rodoviário e hidroviário da emissora".

'Não há pacote de bondades', diz Meirelles FONTE IDIANA TOMAZELLI – JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 01 Julho 2016 às 10h 08

Em entrevista à 'Radio Estadão', o ministro da Fazenda afirmou que todas as iniciativas aprovadas nos últimos dias que elevaram despesas do governo já estavam previstas na meta de resultado primário

Temer concedeu medidas que já somam R$ 125,4 bilhões em gastos e renúncias fiscais RELACIONADAS   

Governo deve retirar famílias irregulares do Bolsa Família, diz senador Após fim de ajuste fiscal, governo pode reduzir impostos, afirma Meirelles ‘Pacote de bondades’ de Temer chega a R$ 125 bi

BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta sexta-feira, 1, em entrevista à Rádio Estadão, que "não há pacote de bondades" concedido pelo governo do presidente em exercício, Michel Temer. Segundo o ministro, todas as iniciativas aprovadas nos últimos dias que elevaram despesas do governo já estavam previstas na meta de resultado primário, que é de um déficit de R$ 170,5 bilhões. Desde que assumiu em 12 de maio, Temer concedeu medidas que já somam cerca de R$ 125,4 bilhões em gastos e renúncias fiscais - com impactos já neste ano e até 2018. Isso inclui o reajuste do Bolsa Família e a liberação de recursos para a educação básica de Estados e municípios. "Não (há pacote de bondades). Já existe uma meta de primário este ano, e esses valores se enquadram nessa meta", afirmou Meirelles. O ministro reafirmou que a meta é realista e lembrou que os reajustes de servidores, por exemplo, foram acertados ainda no governo da presidente afastada, Dilma Rousseff. Essas propostas também têm potencial para impactar as contas públicas. "Esses acordos já estavam previstos (na meta) e se enquadram no teto (de gastos). Esses aumentos estarão sujeitos ao teto, ou seja, comporão essa regra", destacou Meirelles. 15


Meirelles disse ainda que a PEC do teto de gastos vai balizar todas as negociações do governo a partir de agora e ressaltou que a equipe econômica não deve ficar na negociação "de varejo" no Congresso. "É ponto básico do ajuste econômico que todas as demais negociações têm que ser sujeitas a esses limites, isto é, não apenas essa questão de Estados, isso é um item, mas existe toda uma série de itens do ajustamento que serão discutidos normalmente pelo Congresso Nacional e pelo Executivo. O que existe é o limite, que, se aprovada a emenda, será colocado, portanto, na própria Constituição, e com cláusulas de correção automática", disse o ministro. Meirelles disse ainda que em breve será enviado ao Congresso uma emenda que incluirá os Estados na regra do teto de gastos, como foi acertado no acordo de renegociação das dívidas desses entes com a União. "Há cláusulas de correção automática se um ente não cumprir o teto", disse. Mudança estrutural. Meirelles afirmou que o ritmo de crescimento dos gastos com saúde, educação e Previdência Social "inviabilizaram" um controle maior das despesas nas últimas décadas. O ministro lembrou que, com o envio da PEC do teto de gastos ao Congresso, os dispêndios com saúde e educação passarão a seguir a regra que prevê correção pela inflação. O ministro disse que o projeto representa uma mudança estrutural no gasto público brasileiro, pois prevê crescimento real zero das despesas. "Hoje, o governo tem capacidade prática discricionária de pouco mais de 10% do Orçamento. Estamos mexendo na estrutura fiscal pela primeira vez desde a Constituição de 1988", disse o ministro. "É uma mudança estrutural na evolução das despesas públicas no Brasil." Previdência. Meirelles afirmou ainda que pretende enviar a proposta de reforma da Previdência ao Congresso Nacional "o mais rápido possível". "A intenção é enviar o mais rápido possível, espero que seja antes das eleições municipais, para ter condições de ser votada pelo Congresso", disse. Meirelles ressaltou, porém, que uma reforma desse porte "não é alvo de negociação simples" ou de "atos unilaterais". Por outro lado, destacou que algo precisa ser feito na área para permitir que a solvência do Estado brasileiro esteja garantida. "Mas não é algo que vai passar pelo Congresso rapidamente", reconheceu. "A reforma da Previdência não é simples em nenhum país do mundo." Meirelles disse que o mais importante neste caso é garantir que o trabalhador terá acesso do benefício, e que a sociedade precisa participar do debate. "Quando a proposta estiver com escopo básico, vamos discutir com a população", garantiu.

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Produção industrial fica estável em maio, mas cai 9,8% no ano FONTE VINICIUS NEDER – JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 01 Julho 2016 às 12h 13

Essa é a primeira vez desde 2012 que o indicador não cai por três meses seguidos; para o IBGE, é cedo falar em reversão da tendência de queda, mas pior momento já passou

No ano, a produção da indústria acumula queda de 9,8% RELACIONADAS:  

Produção industrial sobe 0,1% em abril, mas ainda tem queda de 10,5% no ano Volume de serviços prestados recua 4,5% em abril

RIO - A produção industrial ficou estável em maio ante abril, na série com ajuste sazonal, informou nesta sexta-feira, 1, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa é a primeira vez desde 2012 que o indicador não cai por três meses seguidos. O resultado veio dentro das expectativas dos analistas ouvidos pela Agência Estado, que esperavam desde queda de 1,10% a crescimento de 1,10%, com mediana de baixa de 0,10%. Em relação a maio de 2015, a produção caiu 7,8%. Nesta comparação, sem ajuste, as estimativas eram todas negativas, indo de -9,50% a -6,00%, com mediana de baixa de 7,80%, em linha com o valor divulgado. No ano, a produção da indústria acumula queda de 9,8%. Em 12 meses, o recuo é de 9,5%. O gerente da Coordenação da Indústria do IBGE, André Macedo, destacou que é cedo para falar em reversão da tendência de queda na indústria. "Perdas observadas no passado são ainda muito importantes", afirmou o pesquisador. Macedo lembrou que, na comparação com 2015, a retração da produção industrial ainda é generalizada. Na comparação de maio com maio de 2015, há queda em 21 dos 26 ramos pesquisados pelo IBGE, e a queda da produção na comparação anual é a 27ª seguida. No entanto, Macedo diz que a indústria pode ter superado o fundo do poço. "Talvez o pior tenha ficado para 2015", afirmou. Para o pesquisador, o ajuste de estoques, que vem sendo feito desde 2015, é o principal fator que explica a estabilização da produção industrial entre abril e maio. A alta de 0,6% na média móvel trimestral de maio é a primeira leitura positiva 17


desde outubro de 2014. "Parece que a gente está, no período mais recente, com estoques mais equalizados na média do setor industrial", afirmou Macedo. Setores. Na passagem de abril para maio, em 12 dos 24 ramos analisados pela Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física (PIM-PF), a produção cresceu. A de veículos automotores foi destaque, com alta de 4,8%. Entre os 11 ramos dos 24 pesquisados que recuaram em maio ante abril, os destaques foram a produção de produtos alimentícios, com queda de 7,0%, e de produtos derivados de petróleo, com recuo de 8,2%. Um setor apresentou estabilidade no período analisado. A produção da indústria de bens de capital subiu 1,5% em maio ante abril. Na comparação com maio de 2015, o indicador mostra queda de 11,4%. No acumulado de 2016, houve queda de 23% na produção. Em 12 meses, o resultado é de retração de 26,9%. Para o pesquisador do IBGE, a alta na margem na produção de bens de capital ainda é pequena diante da queda recente. Para ele, o que dá fôlego à produção de bens de capital é a base depreciada de comparação, o incremento da produção de caminhões nos últimos meses e o aumento das expectativas do empresariado. A desvalorização do câmbio não teria papel relevante, segundo Macedo. Em relação aos bens de consumo, a pesquisa registrou alta de 0,1% na passagem de abril para maio. Na comparação com maio de 2015, houve recuo de 5,4%. No acumulado do ano, a queda é de 7,5%, enquanto a taxa em 12 meses é de recuo de 8,7%. Na categoria de bens de consumo duráveis, o mês de maio foi de avanço de 5,6% ante abril, e queda de 17,4% em relação a maio de 2015. Entre os semiduráveis e os não duráveis, houve diminuição de 1,4% na produção em maio ante abril, e queda de 2,1% na comparação com maio do ano passado. Para os bens intermediários, o IBGE informou que o indicador teve queda de 0,7% em maio ante abril. Em relação a maio do ano passado, houve redução de 8,1%. No acumulado do ano, houve queda de 9,2%, enquanto a taxa em 12 meses ficou negativa em 7,6%. O índice de Média Móvel Trimestral da indústria ficou positiva em 0,6% em maio. Revisões. O IBGE revisou o dado da produção industrial do mês de abril ante março, de +0,1% para +0,2%. A produção de fevereiro ante janeiro também foi revista, de -2,9% para -2,7%. Já o desempenho da produção de janeiro ante dezembro passou de +0,4% para +0,1%. Também houve revisões em meses de 2015. O desempenho da produção de dezembro ante novembro passou de -0,7% para -0,5%. A produção de novembro ante outubro passou de 2,2% para -1,9%. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve revisão na taxa de abril ante abril de 2015, de -7,2% para -6,9%.

Sompo Seguros prevê crescimento de 20% e mira R$ 7 bi em prêmios até 2020 FONTE ALINE BRONZATI – JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 01 Julho 2016 às 12h 07

Seguradora resulta da união da empresa brasileira Marítima com a japonesa Yasuda; prêmios de seguros da companhia devem saltar de R$ 2,692 bi no ano passado para R$ 6,896 bi em 2020 A seguradora Yasuda Marítima passa a se chamar, a partir desta sexta-feira, Sompo Seguros, assumindo a marca do grupo global de origem japonesa, e planeja no Brasil crescimento anual médio de cerca de 20% até 2020. Com isso, os prêmios de seguros da companhia devem saltar de R$ 2,692 bilhões no ano passado para R$ 6,896 bilhões em 2020, segundo Francisco Caiuby Vidigal Filho, diretor-presidente da seguradora no País. 18


"Queremos mais do que dobrar de tamanho no Brasil. Apesar da crise e dos problemas estruturais do País, o mercado de seguros está em crescimento e há muitas oportunidades para negócios", disse Vidigal Filho, em evento, em São Paulo, nesta manhã.

Os ramos que mais cresceram de janeiro a maio foram grandes riscos (179,8%, na mesma base de comparação), transporte (77,2%) e seguro de vida (58,5%)

Como exemplo, citou a baixa penetração do mercado de seguros no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, hoje pouco acima dos 4%, bem abaixo da participação de ao redor dos 10% dos países desenvolvidos. Embora outros emergentes, como China e Índia, tenham peso menor que o Brasil, o executivo chamou a atenção para a África do Sul, onde a penetração do setor de seguros está próxima dos 15%, o que mostra a oportunidade existente no País. "A Sompo quer crescer cada vez mais em mercados emergentes como Brasil, Turquia, Indonésia, Malásia, Cingapura. E quem olha mercados emergentes tem de olhar o Brasil de olhos bem abertos", destacou Vidigal Filho. De janeiro a maio, a Sompo Seguros emitiu R$ 1,22 bilhão em prêmios de seguros, incluindo saúde, montante 13,4% maior que o registrado em igual intervalo do ano passado. Os ramos que mais cresceram no período, conforme a companhia, foram grandes riscos (alta de 179,8%, na mesma base de comparação), transporte (77,2%) e seguro de vida (58,5%). Se excluído o ramo saúde, a expansão de prêmios de janeiro a maio ultrapassou os 20%, conforme o presidente da Sompo Seguros. Para este ano, de acordo com ele, a companhia deve ampliar seu portfólio de produtos no Brasil com soluções específicas para pequenos e médios negócios, caminhoneiro no setor de transportes e também apólices combo que associam seguro automóvel e residencial. Ele antecipou ainda que a seguradora pretende lançar ofertas sob medida para o público de alta renda. Com patrimônio líquido de mais de R$ 1 bilhão e R$ 3,4 bilhões em ativos totais, a operação brasileira da Sompo é a maior do grupo fora do Japão, com faturamento de cerca de R$ 2,7 bilhões no ano passado e três milhões de clientes. A companhia é resultado da união da brasileira Marítima Seguros e a subsidiária da Sompo no Brasil, a Yasuda Seguros. Em 2009, a japonesa comprou 50% da companhia fundada em Santos há mais de sete décadas. Quatro anos mais tarde, por meio da Yasuda, a Sompo elevou sua participação na Marítima e assumiu o controle da seguradora no País. Após a conclusão da integração, cujo aval do 19


regulador saiu há quase dois anos, a companhia decidiu trocar seu nome no Brasil para Sompo Seguros, já aprovado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). A Sompo Holdings é a maior seguradora do Japão em Seguros Patrimoniais. No mundo, ocupa a 12ª colocação, com faturamento de mais de 2,5 bilhões de ienes (cerca de R$ 81 bilhões) e 10,2 trilhões de ienes em ativos totais (cerca de R$ 325 bilhões) no ano fiscal 215. Está presente em 32 países e reúne mais de 20 milhões de clientes no mundo.

Atividade industrial da China tem estagnação em junho, mostra pesquisa Consumidores na China não se abalam

Kim Kyung-Hoon/Reuters

FONTE REUTERS 01/07/2016 às 08h 19

O crescimento do setor industrial da China teve estagnação em junho, mostrou nesta sextafeira (1º) a pesquisa oficial Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês), ampliando as expectativas de que o governo chinês terá que adotar mais estímulos em breve para impulsionar a economia. Embora a produção tenha atingido máxima de 12 meses, quase todas as outras medidas mostraram sinais de enfraquecimento, sugerindo que a recuperação na atividade está perdendo força. As encomendas para exportação e os estoques caíram e as empresas dispensarem trabalhadores a um ritmo mais rápido.

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O PMI oficial de indústria caiu para 50,0 em junho ante 50,1 em maio, exatamente na marca de 50 que separa crescimento de contração. Analistas consultados pela Reuters esperavam leitura de 50,0, mínima de quatro meses. Uma pesquisa privada do setor industrial sinalizou um cenário ainda mais sombrio, mostrando que a atividade encolheu mais do que o esperado em junho e pelo 16º mês seguido. O PMI do Caixin/Markit, que foca em empresas de pequeno a médio porte, caiu a 48,6, ante 49,2 em maio. Já a pesquisa PMI oficial do setor de serviços mostrou que a atividade no setor acelerou em junho, a 53,7 ante 53,1 em maio, o que se sustentado indicará progresso na tentativa do governo de reequilibrar a economia.

Porto Rico dá calote de mais de US$ 1 bilhão no pagamento de títulos de dívida pela 1ª vez FONTE DOW JONES NEWSWIRES 01 Julho 2016 às 11h 59

O Banco de Desenvolvimento do Governo da ilha disse que o território enfrenta uma crise de liquidez iminente e que os seus saldos de caixa caíram para níveis 'perigosamente baixo' SAN JUAN - Porto Rico anunciou nesta sexta-feira que deixará de pagar mais de US$ 1 bilhão em títulos general bonds, que são créditos sênior da ilha protegidos por uma garantia constitucional de receitas, disseram autoridades. Esta é a primeira vez que o território dos EUA não consegue pagar o que deve em títulos "general obligation". RELACIONADA: 

Obama e Hillary farão primeiro ato de campanha juntos na terça

O Banco de Desenvolvimento do Governo da ilha disse que o território enfrenta uma crise de liquidez iminente e que os seus saldos de caixa caíram para níveis "perigosamente baixos". Ele não disse o quanto os detentores de bônus seriam pagos ou se eles iriam receber quaisquer pagamentos.

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Governo de Porto Rico tem dito por semanas que seria incapaz de fazer pagamentos da dívida

"Mesmo que a comunidade desse até o seu último centavo" em sua conta para o pagamento da dívida de sexta-feira, "seríamos ainda titulares da dívida pública de milhões de dólares", disse o banco em um comunicado. O governo disse nesta sexta-feira que, mesmo depois de empregar certas medidas de emergência para atrasar outros pagamentos a fornecedores, o que fez no passado para juntar o dinheiro para pagar os obrigacionistas, a ilha ainda poderia ficar sem dinheiro em agosto ou setembro. O presidente dos EUA, Barack Obama, assinou uma lei na quinta-feira para enfrentar a crise da dívida da ilha, mas não forneceu qualquer mecanismo para evitar o calote. A lei também autoriza um conselho de supervisão de sete membros, nomeados por Obama com a entrada de líderes do Congresso, para supervisionar a reforma financeira com a autoridade para iniciar a reestruturação da dívida. O governo de Porto Rico tem dito por semanas que seria incapaz de fazer pagamentos da dívida. Ainda assim, alguns analistas disseram que a ilha iria encontrar uma maneira de fazer os pagamentos mais altos, repetindo um padrão observado ao longo do ano passado em que a ilha disse que não tinha dinheiro para pagar a dívida, mas baseou-se em reservas e tomou outras medidas de emergência para conseguir fazer os pagamentos. Quase US$ 2 bilhões de pagamentos de obrigações vencem nesta sexta-feira, a maioria dos quais são títulos protegidos por uma garantia constitucional sobre as receitas da ilha.

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'Contrabando é fenômeno universal', afirma exsecretário da Receita Federal FONTE SUZANA INHESTA E MÁRCIA DE CHIARA - JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 01 Julho 2016 às 13h 15

Segundo Everardo Maciel, as causas gerais do contrabando são a carga tributária elevada e a falta de vigilância na fronteira SÃO PAULO - O ex-secretário da Receita Federal, Everardo Maciel afirmou hoje que o contrabando é um fenômeno universal, atemporal e oportunista. "Se não cuidarmos das questões que a criam, o contrabando só vai crescer", destacou. Segundo ele, as causas gerais do contrabando são a carga tributária elevada e a falta de vigilância na fronteira. "Além da ingenuidade das autoridades sanitárias, que é quase uma prática de cumplicidade ao contrabando", declarou. RELACIONADA: 

Contrabando afeta economia e saúde pública, diz secretário de Segurança de SP

Já entre as causas específicas, Maciel citou os entrepostos francos paraguaios e o trânsito aduaneiro para Ciudad Del Leste (Paraguai); a indisposição dos países que fazem fronteira com o Brasil; a condescendência com os crimes de bagatela; e a atual crise brasileira de valores. "Infelizmente, nosso tratamento muito lento nas questões diplomáticas com o Paraguai não deixou que firmássemos parcerias efetivas para combater o contrabando", informou.

Participantes falaram que não são contra contra a importação e a entrada de produtos no Brasil mais tecnológicos, mas afirmaram que precisam de regras mínimas

Maciel concluiu que não se pode "deixar um flanco aberto qualquer" para combater o contrabando. "Há de se ter soluções estratégicas e não pontuais. Tem que ter acordos de cooperação com países fronteiriços e isso é atribuição do Itamaraty. Há necessidade de regimes especiais que já estão previstos na Constituição. Tem que existir marcas que tenham condições de competir com os falsificados", listou.

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Ele ainda comentou da necessidade de uma PEC para estabelecer limites máximos de tributação, na hipótese de incidências interfederativas sobrepostas. "O contrabando é um problema complexo, temos que ter ciência disso, e não terá solução se não tiver cooperação do governo", destacou. O especialista participa do "Fóruns Estadão - Combate ao Contrabando", evento organizado pelo Grupo Estado em parceria com o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO) e com o Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP).

Política de combate ao contrabando deve ser de governo e não de ministérios, diz Serra FONTE SUZANA INHESTA E MÁRCIA DE CHIARA – JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 01 Julho 2016 às 14h 33

Em evento organizado pelo 'Estado', o ministro das Relações Exteriores afirmou que o contrabando afeta a geração de empregos e arrecadação de impostos O ministro das Relações Exteriores (MRE), José Serra, disse nesta sexta-feira que a política de combate ao contrabando e de fronteira deve ser de governo e não de ministérios específicos. "O custo de aumentar a presença do Estado nessas ações é mínimo em face dos benefícios que serão gerados em termos de arrecadação e diminuição da criminalidade. Qualquer medida de redução de gastos no combate aos ilícitos fronteiriços é absolutamente antieconômica", ressaltou. A autoridade participou do "Fóruns Estadão – Combate ao Contrabando", evento organizado pelo grupo Estado, em parceria com o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO) e Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP).

Em evento do 'Estado', Serra informou que o governo atual está com uma nova política de fronteira

Serra informou que o Brasil é hoje o 18º país mais violento do mundo em taxas de homicídio e que, entre 2012 e 2015, a Polícia Rodoviária federal apreendeu um milhão de unidades de medicamentos, seis milhões de pacotes de cigarro e 300 mil garrafas de bebidas alcoólicas. Já 24


o total de mercadorias contrabandeadas e pirateadas apreendidas pela Receita em 2015 foi de R$ 1,8 bilhão. Nesse sentido, o Itamaraty terá quatro pontos de ação: reforçar a coordenação interna entre os órgãos envolvidos; mobilizar recursos para reforçar a presença do Estado brasileiro na fronteira; fortalecer a coordenação entre os países vizinhos, com vistas a estabelecer uma verdadeira "governança regional" no combate ao contrabando, tráfico e outros ilícitos e buscar uma integração fronteiriça que valorize as populações locais. Impacto. O ministro também afirmou no evento que o contrabando é a pior opção econômica possível e é problema de segurança pública. "O contrabando tem o viés de ser um problema macroeconômico, que afeta a geração de empregos, a arrecadação de impostos e todos os negócios que funcionam regularmente, e é um problema grande de segurança pública, já que os contrabandistas operam no âmbito de grandes organizações criminosas internacionais", disse. Nesse sentido, o chanceler informou que o governo atual está com uma nova política de fronteira. "A cooperação de outros países é indispensável, porque o Brasil tem uma fronteira terrestre de 16,8 mil quilômetros, com nove ou 10 países, quase cinco, seis vezes a fronteira entre Estados Unidos e México. E lá tem 20 mil homens atuando e aqui a escassez de pessoal da Polícia Federal é total", afirmou. Serra disse que foi criado um Comitê Executivo de Coordenação e Controle de Fronteiras, integrado pelos ministérios de Defesa, Justiça e Cidadania e Relações Exteriores, com apoio da PF, Receita Federal, Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e Forças Armadas. "Acertamos já os primeiros procedimentos no assunto. Ontem, houve a primeira reunião da Câmara de relações Exteriores e Defesa Nacional (Creden), que foi passo decisivo para aprimorar a coordenação entre os órgãos envolvidos", destacou. O chanceler ainda explicou que a nova política de fronteira terá como eixo presença eficaz do Estado e maior integração dos países vizinhos. "Para isso, convocaremos uma reunião em Brasília com, os ministros de relações Exteriores do Cone Sul em conjunto com outros ministros para estabelecer as bases dessa coordenação", explicou. "Temos que agir de forma conjunta, em coordenação, ponto este que hoje deixa a desejar. E também essa ação contará com a nossa disponibilidade em aparatos de emergência e de homens", disse.

Desemprego na zona do euro cai para 10,1% em maio, diz agência Eric Vidal/Reuters

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Desemprego na zona do euro cai a 10,1% em maio

FONTE FRANCE PRESSE 01/07/2016 às 11h 47

O desemprego na zona do euro caiu 0,1% em maio, para 10,1%, o menor nível registrado nos países da moeda única desde julho de 2011, de acordo com a primeira estimativa da agência de estatísticas europeia, a Eurostat. Os analistas entrevistados pela agência de notícias financeiras Facset já esperavam o resultado. Em abril, a taxa estava em 10,2%, e em maio de 2015, era de 11%. O dado significa 16,267 milhões de pessoas estão emprego na zona do euro, 112 mil a menos que em abril. Em relação a maio de 2015, são 1,44 milhão de pessoas desempregadas a menos. Por país, as disparidades são relevantes. República Tcheca, Malta e Alemanha registraram as menores taxas (4,0%, 4,1% e 4,2%), enquanto Grécia e Espanha continuam sendo os países com os piores índices (24,1% e 19,8%, respectivamente). Entre as pessoas com menos de 25 anos o desemprego caiu de 22,4% em maio de 2015 para 20,7% em maio deste ano. Na Espanha, a taxa atinge 43,9% entre as pessoas abaixo de 25 anos (643 mil) em maio e na Grécia era de 50,4% (128 mil) dados de março. No conjunto da União Europeia, o desemprego registrou queda de 0,1 ponto percentual, de 8,7% em abril para 8,6% em maio. 26


Energia solar de geração 'caseira' dobra em 2016 FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, MARIA CRISTINA FRIAS 01/07/2016 às 03h 00

A energia solar fotovoltaica de microgeração aumentou em mais de quatro vezes nos últimos doze meses, de acordo com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Só neste ano, o número de conexões instaladas no país subiu 99%. Até o fim de 2016, o setor projeta que a alta total chegue a 800%. A disparada é fruto das recentes mudanças de regulamentação, aprovadas no fim do ano passado e em vigor desde março, que permitem que o excedente gerado possa ser descontado da fatura de energia elétrica. "Além disso, o tamanho máximo dos sistemas subiu para 5 megawatts e foram criados mecanismos de compensação para condomínios e consórcios", afirma o presidente da Absolar (entidade do setor), Rodrigo Sauaia. A tributação da energia ainda é um entrave, segundo ele. Hoje, 16 Estados têm um convênio com o Confaz (conselho de política fazendária) para que o ICMS não recaia sobre energia gerada, o que reduz o custo em 20%, diz o presidente da Thymos Energia, João Carlos Mello. Outra barreira é o alto preço dos equipamentos, hoje importados. A célula fotovoltaica representa 80% do custo de geração, segundo Mello. Um programa de incentivo à microgeração, anunciado pelo governo federal em dezembro de 2015, promete desonerar a importação e criar novas linhas de financiamento ao setor. A implementação do projeto está em análise. "Com a crise, porém, dificilmente algo sairá agora." 98% dos sistemas instalados são solares fotovoltaicos 48% dos sistemas está em Minas, São Paulo e Rio 29,74 MW é o potencial instalado por micro e minigeração.

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BOM PARA QUEM? A decisão de manter a meta de inflação em 4,5% em 2018 surpreendeu parte do mercado, que esperava uma redução para 4%. Para a equipe econômica, porém, uma queda da meta anunciada pelo Conselho Monetário Nacional não seria benéfica e passaria uma mensagem de tendência ao aperto monetário.

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"Indicaria que os juros iriam ficar mais altos", disse um membro da área.Executivos gastam mais tempo com dívida no Brasil As altas alavancagens das empresas e a dificuldade para acessar crédito são problemas específicos de diretores financeiros das companhias abertas do Brasil. A avaliação é de Tim Koller, sócio da McKinsey em Nova York e autor de um livro sobre precificação de negócios, que está em São Paulo. "Gerenciar dívida e conseguir acessar crédito é muito mais desafiador do que em outros mercados onde o setor financeiro pode gastar mais tempo com investidores." O papel dos diretores financeiros tem mudado ao longo dos anos, diz, e uma das novas funções é decidir quais unidades de negócios vão servir para crescer e quais poderão dar retorno. "A questão é encontrar o balanço correto dentro de cada empresa", afirma. Devem sair do mercado de capitais os primeiros sinais robustos de que a crise chega ao fim, diz Koller. Existe um padrão em recessões, diz: a economia cai, lucros caem e preços de ativos financeiros acompanham. "Os agentes não percebem pontos de inflexão no comércio de ações, mas, se olharmos pelo lado bom, eles antecipam as melhoras. PEDE PARA VIAGEM Das cem lojas que a rede de lanchonetes Bob's pretende abrir neste ano, 65 serão localizadas em cidades do interior. Em 2015, foram inaugurados 102 pontos de venda. A previsão de investimento com as novas unidades é de R$ 80 milhões.

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Julho em Mercado Aberto

"Desde 2009, quando começamos o movimento de interiorização da marca, percebemos o potencial de negócios desses locais", diz Marcello Farrel, diretor-executivo da cadeia de restaurantes. Na época, a empresa iniciou a expansão por municípios com 200 mil habitantes. Hoje, opera em localidades com 60 mil. "Um dos nossos principais focos serão as cidades do Estado de São Paulo, onde há muito campo para crescermos." A partir deste mês, o grupo vai promover encontros no interior com potenciais franqueados. 1.130 são os pontos de venda 18 MIL é o número de funcionáriosCaução O Instituto Butantan receberá R$ 33 milhões do Ministério da Saúde para produzir vacina contra a dengue. É a segunda parcela da mesma soma. A previsão é que sejam repassados R$ 100 milhões. Força... A quantidade de riqueza nas mãos dos super-ricos aumenta a cada ano, segundo a Capgemini. Impulsionados pelos setores de serviços e tecnologia, os asiáticos agora controlam mais capital. ...oriental Em 2015, eles tinham US$ 17,39 trilhões (R$ 57,8 trilhões) nas mãos. O Brasil foi o país em que os muito ricos mais perderam poder nesse período: queda de 8% em relação a

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DESCE SÓ UMA, GARÇOM A produção de cerveja em garrafas retornáveis caiu 5,8% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2015, segundo dados do Sicobe (Sistema de Controle da Produção de Bebidas). Aumentar a oferta de produtos nesse modelo de embalagem, que tem melhor custo-benefício, era uma das estratégias das empresas do setor para vender mais e contornar a crise no início do ano. "A garrafa é vantajosa, mas se o consumidor tem menos na carteira, não adianta a embalagem de um litro ser mais barata. Nesse sentido, as latas, que exigem desembolso menor, têm vantagem", diz Paulo Petroni, da CervBrasil (das fabricantes do setor). No mesmo período, a produção em latinhas teve uma queda menor, de 1,3%.

Dólar, esperança e especulação FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, VINICIUS TORRES FREIRE 01/07/2016 às 02h 00

O preço do dólar em reais queima mais do que a gordura acumulada nos momentos mais intensos da crise política. Parece haver mesmo um exagero na outra direção. É típico das instabilidades do país e, em segundo lugar, das possibilidades oferecidas pelo parque de diversões especulativas do grande mercado brasileiro. Ainda assim, está animado demais. Registre-se antes de mais nada que o dólar chegou a custar até R$ 4,16 no terço final de janeiro deste ano. O preço então caiu, em parte porque passou o feio pânico chinês e global de fevereiro, no que o barquinho do Brasil seguiu ondas e marolas mundiais. Em parte caiu também porque pareciam aumentar as chances de deposição de Dilma Rousseff. Em junho, porém, o caso brasileiro pareceu excepcional, consideradas as moedas de países assemelhados, com quem costumamos andar de par nessas reviravoltas da finança do mundo. O que houve? Isto é, se a pergunta tem alguma resposta, em se tratando de taxa de câmbio. Nestes dias, era possível ouvir na praça gente falando de "melhoras de fundamentos" (economia pelo menos com desequilíbrios a menos). Mas não há "melhora de fundamentos". Melhora das contas externas, redução do deficit nas transações com o exterior? É notícia velha. "Melhora de expectativas"? Sim, mas são poucas e podem se quebrar. O governo de Michel Temer tem um bom script de promessas de política econômica a ser encenado por bons atores (autoridades econômicas) ainda nos bastidores. Só. Sim, é melhor do que a perspectiva anterior, de desastre quase certo. Porém, a "peça" da nova política econômica já havia sido anunciada.

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Taxas de juros gordas? Já tínhamos. Talvez uma combinação de juros com perspectivas melhores venha alimentando a especulação no mercado futuro. Fluxo de entrada de dinheiro, capitais, "dólar", não há. No ano, estamos no vermelho. Além do mais, o Banco Central vem desmontando sua posição no mercado de câmbio (que equivalia a uma tentativa de evitar maior desvalorização do real, os tais "swaps cambiais"). Talvez o valor dos "swaps" ainda seja alto demais (no trimestre, caiu de US$ 105 bilhões para US$ 62 bilhões). O BC vai acelerar esse desmonte? Sob nova direção, insinuou que não vai meter a mão no câmbio. Mas não vai intervir nem para desmontar uma intervenção antiga? Pode-se dizer que há alguma vantagem no dólar "barato": redução da dívida das grandes empresas e a tradicional grande mãozinha no controle da inflação e na baixa dos juros. Quanto ao comércio exterior, essas mexidas de curto prazo na taxa de câmbio não permitem que se diga grande coisa sobre o que se vai passar. No entanto, convém notar que as várias medidas do custo do trabalho no Brasil, "salário em dólar", estão com tendência de piora desde o início do ano (vem aumentando, cortesia de inflação e produtividade em baixa). Não, câmbio não diz tudo sobre saldo comercial. Sim, o comércio mundial vai mal. Sim, nosso comércio exterior é pequeno em relação ao tamanho da economia e, enfim, a contribuição extra que o setor externo pode dar agora à economia talvez seja cadente. Mas, na ruína em que estamos, não convém desprezar décimos de PIB.

Ficou para quando der O governo entendeu que não podia estreitar o jogo monetário num momento de tanta incerteza FONTE JORNAL ESTADO DE S. PAULO, Celso Ming 30 Junho 2016 às 21h 00 Afinal, não houve mudança relevante nas diretrizes da política monetária (política de juros). E a não mudança também diz alguma coisa. Uma das ideias era reduzir a meta de inflação para 2018, dos atuais 4,5% para 4,0%, para que, desde já, os agentes econômicos passassem a trabalhar com uma inflação mais baixa em 2018. Mas a proposta não passou porque o governo entendeu que não podia estreitar o jogo monetário num momento de tanta incerteza. Antes de continuar, vamos às noções gerais. Muita gente pode achar que decisões como essa tomada nesta quinta-feira pelo Conselho Monetário Nacional (CNM),de manter tanto a meta de inflação (4,5%) como o tamanho da área de escape (bandas de flutuação para cima ou para baixo) de 1,5 ponto para 2018, não passam de providências burocráticas, ou de mais uma dessas declarações de intenção feitas para não serem cumpridas, como acontece desde 2009.

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Não é para ser assim. No regime de metas de inflação é o governo, representado pelo Conselho Monetário Nacional, que define o nível de inflação que se quer cumprir a cada ano. A área de tolerância, tanto para cima como para baixo, é molejo destinado a acomodar imprevistos, como a alta de preços que nada tem com a política de juros, como o encarecimento dos alimentos em consequência de seca ou de enchentes. Essa área de escape é necessária pelo modelo adotado por aqui. A meta de inflação tem de ser cumprida no ano-calendário, de 1.º de janeiro até 31 de dezembro. Outros bancos centrais operam com meta de inflação de 12 meses corridos (móveis) e, portanto, não precisam dessas bandas. Cabe ao Banco Central manejar a política monetária (política de juros) para obter o resultado pretendido. Se a inflação tende a ultrapassar a meta, trata de reduzir o volume de moeda na economia, ou seja, reduz a oferta de dinheiro, o que aumenta seu preço, os juros. Se a inflação estiver dentro da meta, o Banco Central pode reduzir os juros. Quanto menos dinheiro circular na economia, mais baixa tende a ser a inflação, mais ou menos como acontece com os regimes alimentares: quem quer manter boa forma corporal tem de respeitar a dieta. A equação não fica restrita à incógnita monetária. Também leva em conta que dinheiro mais apertado segura a atividade econômica. E aí é preciso escolher em que proporção o governo quer inflação e avanço do PIB. A rejeição da proposta de meta mais baixa de inflação para 2018 permitirá que os juros básicos (Selic) caiam mais cedo do nível de 14,25% ao ano em que se encontram. Se a meta fosse estreitada, a política de juros teria de ser algo mais dura. O que ainda não está claro é se o governo Temer vai cumprir a sua parte, que é consertar o desarranjo das contas públicas, principal fator de inflação nos últimos cinco anos. E subsistem,

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é claro, as incertezas políticas que prevalecerão até que aconteça o desfecho do processo de impeachment da presidente afastada Dilma. CONFIRA:

O mês de junho terminou com queda das cotações do dólar diante do real de nada menos que 11%. Os analistas já vinham observando que a valorização do real é a mais acentuada entre as moedas dos emergentes, o que não deixa de ser paradoxal diante da crise que subsiste no Brasil. Continua a incerteza Mas a principal explicação para esse movimento é certo retorno do nível de confiança, que reduziu a saída de moeda estrangeira e aumentou a entrada. Como tudo ainda é muito precário diante das incertezas políticas, não há como definir tendência firme

A agenda necessária FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, PEDRO LUIZ PASSOS 01/07/2016 às 02h 00

As recentes medidas tomadas pelo governo, concentradas sobretudo na busca por maior disciplina fiscal, trouxeram alívio à sociedade e um início de melhora do humor da economia. Mas a disposição em equilibrar as contas públicas não se esgota em si mesma e deve ser utilizada para promover outro tipo de agenda, voltada para a modernização e a remoção dos entraves ao crescimento.

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Há sinais de que uma agenda com esse teor será apresentada pelo governo. Ela precisa, porém, ser logo explicitada tanto no conteúdo como no planejamento para que saia do campo das hipóteses. Para conquistar credibilidade dos empresários e da população em geral, é necessário um cronograma rigoroso para implantação das reformas a serem enfrentadas nos próximos dois anos e meio, tempo que resta ao mandato presidencial. Não se pode desconsiderar que a interinidade do atual governo inibe a apresentação de medidas cujos efeitos se manifestarão no médio e longo prazos. Mas é também verdadeiro que a sociedade clama por soluções para os problemas que tolhem o desenvolvimento. A transição rumo ao novo cenário se dá em duas frentes. A primeira visa corrigir as distorções nas políticas macroeconômicas dos últimos anos. A outra reúne ações no campo microeconômico para dinamizar o ambiente de negócios, a inovação e a produtividade. O limite proposto à expansão das despesas públicas a partir de 2017 com base na inflação do ano anterior foi um começo promissor por impedir aumentos reais do gasto fiscal, conferindo um horizonte de queda para o endividamento público, e estimular a racionalização e a eficiência na gestão pública, abandonadas nos governos mais recentes. A renegociação das dívidas dos Estados com a União, acompanhada de contrapartidas fiscais, equaciona pendência que se arrastava longamente, reduzindo o risco de deterioração das economias regionais. Os avanços na área macro ainda não se fizeram acompanhar da evolução na regulatória, com objetivo de dar mais fluidez aos negócios. Alguns itens dessa agenda estão encaminhados, como a revisão do marco regulatório do présal. Se aprovada, a proposta já votada no Senado e tramitando na Câmara abrirá oportunidades para o país captar investimentos de grupos internacionais do setor. Em outros pontos, pouco se avançou. Paralisado, o programa de concessões continua à espera de regras claras para atrair os recursos vultosos, essencialmente de origem privada, para leválo adiante. Cabe insistir na questão da estrutura tributária, que prejudica o investimento, o empreendedorismo e a produtividade das empresas. A modernização da economia não será crível sem a superação desses desafios e sem a revisão dos numerosos programas que implicam renúncias fiscais. Em vez de animar a atividade econômica, boa parte deles leva a um protecionismo nocivo à competitividade da economia. Como tenho defendido neste espaço, nossas empresas continuarão defasadas na tecnologia e com baixa eficiência se não houver abertura da economia para o exterior. Se o governo não for bem-sucedido no desafio de comunicar o novo rumo, o chororô dos grupos de interesses que nos levaram à atual crise prevalecerá, enterrando ainda no berço a agenda da transformação. Por isso, cresce a preocupação com os sinais de recuo no 34


cronograma para encaminhamento da reforma da Previdência e com a aprovação do reajuste de salários do funcionalismo. A sociedade anseia por crescimento econômico e por bons serviços de saúde, educação e segurança, por igualdade de oportunidades e democracia, e se mostra disposta a trabalhar duro nessa direção. A precondição para seu apoio firme reside em entender nitidamente a agenda necessária e essa é tarefa urgente do governo.

Morte simbólica das universidades FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, MARIA ARMINDA DO NASCIMENTO ARRUDA 01/07/2016 às 02h 00

O editorial "Coerção na USP", publicado nesta Folhano último domingo (26), apresentou um diagnóstico sombrio sobre a atual situação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e da Escola de Comunicações e Artes (ECA). Embora o retrato não seja absolutamente estranho às duas instituições, deixou de lado questões que merecem novo exame. O jornal afirma que as atividades docentes e acadêmicas estão relegadas à condição anômala da clandestinidade, sugerindo que o seu livre exercício está aprisionado por ações de interdição de prédios, de recorrentes movimentos grevistas de professores, funcionários e estudantes. Finalmente, o editorial aproximou a realidade de hoje à do passado, quando a repressão política obrigou os mestres da FFLCH a ministrar aulas de modo igualmente discreto, quando não escondido, pois estavam "à mercê de policiais da ditadura". Todos nós, estudantes nos anos 1970, jamais esqueceremos o temor instaurado, que inviabilizava a liberdade de ensino e, sobretudo, punha em risco a vida de professores e alunos. A Faculdade de Filosofia, contudo, manteve qualidade de formação dos estudantes nas suas diversas habilitações, muito como fruto do empenho de seus docentes -e é preciso não esquecer que vários foram afastados, não sendo raras as prisões e torturas. Diversa é a atual realidade das escolas de humanidades e artes na USP, ainda que, paradoxalmente, atitudes intolerantes e extremadas não sejam incomuns, impedindo o acesso aos espaços, constrangendo professores, estudantes e mesmo funcionários, coibindo, enfim, a liberdade da cultura universitária. Tais manifestações são o avesso da política, embora, seguidamente, se afirmem como a sua própria expressão. A despeito disso, as diferenças são indeléveis, pois as vidas não correm risco, não há repressão institucionalizada, tampouco censura ao conteúdo das disciplinas. É fundamental considerar que, muito provavelmente, estejamos vivendo a morte simbólica de toda uma concepção de universidade, resultando numa situação de defasagem entre as regras da instituição e a multiplicidade de expectativas e demandas existentes.

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Independentemente, nada justifica atitudes intolerantes, tampouco a afirmação absoluta de direitos que desconhecem os direitos alheios. O desconhecimento deste princípio civilizatório basilar tem respondido, em larga medida, pelos impasses da instituição. Por que uma faculdade tão zelosa da liberdade e da crítica atingiu tal situação limite? As respostas são variadas e demandariam análise detida, o que não é o caso. É possível arrolar, no entanto, alguns motivos importantes: a hierarquização das áreas no âmbito das universidades, que tende a minimizar o significado das ciências humanas; as mudanças sociais de vulto em função da multiplicidade de coletivos e de reivindicações; a difusão massiva das redes sociais; uma espécie de nostalgia do período de resistência da Faculdade de Filosofia, indiferenciando contextos ditatoriais e democráticos. O entendimento do conjunto desses descompassos não se desprende, todavia, da própria crise de legitimação das universidades no mundo atual, sobretudo das públicas. A excessiva burocratização e normatização dessas instituições só constrange os impulsos criativos e a liberdade de ação, potencializando discordâncias. Como bem salientou Vladimir Safatle, professor livre-docente do Departamento de Filosofia da USP e colunista da Folha, a FFLCH é responsável pela formação de intelectuais e personalidades públicas de grande vulto. Está muito longe de ser uma instituição irrelevante. No entanto, para preservar esse patrimônio inestimável, precisa, imediatamente, reorganizarse. Trata-se de decisão urgente e inadiável, para cujo concurso a sua comunidade lúcida não pode se abster, inclusive a mídia esclarecida. MARIA ARMINDA DO NASCIMENTO ARRUDA é professora titular do departamento de sociologia da USP. Foi pró-reitora de Cultura e Extensão da universidade (2010-2015)

Jogo de sombras FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, EDITORIAL editoriais@uol.com.br 01/07/2016 às 02h 00

Enquanto se prolongam no Senado as etapas do processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), e o ímpeto para a realização de protestos parece restringir-se a pequenos grupos, o governo de Michel Temer (PMDB) dá mostras de acomodação. A sequência de ministros afastados por envolvimento em investigações criminais já não é tão frenética. No plano econômico, os sinais de moderado otimismo nos mercados encorajam as projeções das autoridades e os esforços do Planalto em libertar-se das amarras de uma austeridade extrema. O aumento no Bolsa Família, a renegociação das dívidas estaduais e a liberação de verbas para a Olimpíada se inscrevem nessa estratégia, em que a procura de popularidade e de apoio parlamentar se impõem a quem ocupa o cargo de presidente de modo interino. Daí o tecido de ambiguidades em que Temer se enreda.

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Assegura-se a continuidade da Lava Jato, que ameaça membros do primeiro escalão governamental. Estabelece-se um compromisso com o saneamento financeiro do Estado, enquanto aumentos para o funcionalismo são aprovados. Apoiam-se leis e projetos —como a que regula a organização das empresas estatais—, admitindo-se que recuos serão inevitáveis com relação ao inicialmente pretendido. O jogo de nuances e de sombras talvez seja em parte inevitável, de uma ótica política realista. Um episódio nada inevitável, contudo, assinala com especial simbologia as limitações e riscos presentes nesse sinuoso percurso. Sem constar da agenda oficial, deu-se na noite de domingo (26) um encontro entre Temer e o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A carga de suspeitas, acusações e processos a pesar sobre o parlamentar peemedebista transformou-o, justificadamente, no exemplo por excelência do que há de mais condenável nas práticas políticas brasileiras –e apenas isso já bastaria para que dele Temer mantivesse segura distância. Para piorar, a reunião se reveste com o manto do segredo. Qual o teor das conversações entre o chefe do Executivo e o réu do STF? Não se sabe, embora a ninguém escape que Cunha tem feito gestões para salvar seu mandato na Câmara. Depois de revelado pela imprensa, o encontro mereceu nota oficial da Presidência, que já não tinha como negá-lo. Bem a seu estilo, Cunha insistiu na versão de que a notícia era inverídica. Impõe-se, sem dúvida, resolver o problema da sucessão na presidência da Câmara. É necessário refundar as bases de apoio ao Executivo. A lamentar, entretanto, que as prioridades republicanas se curvem ao hábito da penumbra, do conchavo, do que mal se confessa.

Pouca renda, muito gasto FONTE JORNAL ESTADO DE S. PAULO, Eliane Cantanhêde 01 Julho 2016 às 03h 00

O êxito (ou sobrevivência...) do governo Michel Temer depende de um complexo equilíbrio num tripé, especialmente enquanto o impeachment definitivo de Dilma Rousseff não vem: opinião pública, Congresso Nacional e o chamado “mercado”. Quando ele joga excessivamente o peso numa dessas pernas, as outras duas se ressentem. Quando joga em duas, a terceira ameaça ruir. Para não assombrar ainda mais a opinião pública, Temer tem de repetir, dia sim, dia não, que não quer, não pretende e não pode ameaçar a Lava Jato e, além disso, precisa gastar lábia e recursos para neutralizar o discurso de Dilma e do PT de que ele vai enxugar os programas sociais e acabar com a Bolsa Família. Foi por isso que Temer anunciou um reajuste médio de 12,5% no Bolsa Família, pegando carona numa solenidade de liberação de R$ 742, 8 milhões para a educação básica de Estados e municípios. É o primeiro reajuste do programa central da era petista em dois anos, com um porcentual maior, inclusive, do que os 9% que Dilma prometeu em maio, mas ainda não tinham sido aplicados. Logo, os 12,5% são mais políticos do que econômicos ou sociais. 37


Ainda em sintonia com a “opinião pública”, Temer achou muito mais prudente levar adiante o aumento salarial do Judiciário e do Ministério Público do que alegar a imensidão da crise para adiar a medida. Em público, ele argumenta que Dilma já tinha assumido o compromisso, a tramitação já estava avançada no Congresso e, afinal, o valor já fora “precificado” no rombo de R$ 170 bilhões. Em privado, admitiu: é melhor pagar o preço do que amanhecer com o Judiciário e o MP detonando uma temporada de greves no serviço público. Se contemplada a opinião pública, que não quer nem ouvir falar na volta de Dilma, mas também não morre de amores por Temer, ele cede em todas no Congresso e não titubeou um minuto antes de atender à novíssima pressão dos senadores, que ameaçaram não aprovar a medida provisória que dá fôlego financeiro à Infraero se ele não se comprometesse a vetar a cláusula que abre 100% das empresas aéreas brasileiras ao capital estrangeiro. O Senado estava, evidentemente, atendendo ao lobby do setor, apesar de a Latam ter um pé no Chile e a Avianca, na Colômbia. E quem é mesmo dono da Azul? Mas o Planalto fechou os olhos para esses “detalhes” e topou o veto. É também com um olho na real crise dos Estados e com o outro na influência dos governadores em suas bancadas em Brasília que Temer, camarada, abriu mão de receber boa parte do pagamento da dívida dos Estados que não fizeram o dever de casa e estão devendo até salário de funcionários, aposentados e pensionistas. Como se apenas os Estados estivessem endividados e a União estivesse nadando em dinheiro... Somando os R$ 50 bilhões que o governo federal deixará de receber dos Estados endividados nestes três anos aos R$ 25 bilhões estimados com o aumento do Judiciário até 2019 e aos R$ 2,1 bilhões ao ano com o reajuste do Bolsa Família, o resultado é: o governo Temer anda muito perdulário para quem chora tanto a falta de dinheiro e o tamanho do rombo fiscal. Sem contar que a prioridade do País é criar emprego para quem não tem, não aumentar o salário dos que já têm. É aí que entra a terceira ponta do tripé. O tal “mercado” dá de ombros para a Lava Jato e para escândalos e só pensa naquilo: a recomposição da economia brasileira. Mas, se Temer abre tanto a guarda para agradar a opinião pública e o Congresso, no que ele conseguirá se distinguir de Dilma na sobriedade com as contas públicas? Dilma torrou o que tinha e o que não tinha na eleição de 2014. Temer pode estar torrando a confiança do empresariado na transição de 2016 – e, com ela, suas chances. A perna do tripé que mais torce e trabalha pelo sucesso de Temer é justamente o setor produtivo, no campo e nas cidades.

PF prende operador de Eduardo Cunha FONTE JORNAL ESTADO DE S. PAULO, FAUSTO MACEDO, JULIA AFFONSO, FÁBIO FABRINI E FABIO SERAPIÃO 01/07/2016 às 06h 49

Ação da Federal faz parte da nova fase da Operação Lava Jato e faz buscas também na Eldorado, empresa da holding J&F, controladora da JBS, que fica no mesmo prédio da sede da Friboi

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Agentes da PF durante a Operação Custo Brasil, em São Paulo. FOTO: FELIPE RAU/ESTADÃO

A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira, 1, na Operação Sépsis, nova fase da Lava Jato, o empresário Lucio Bolonha Funaro, amigo do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Funaro é suspeito de achacar grandes empresas, com parceria do parlamentar, e ser operador de propina de Cunha. A nova etapa da Lava Jato faz buscas na Eldorado, empresa da holding J&F, controladora da JBS, que fica no mesmo prédio da sede da Friboi, e na casa do lobista Milton Lyra. A operação foi deflagrada por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). A pedido da Procuradoria-Geral da República, a Polícia Federal cumpre um mandado de prisão preventiva e 19 mandados de busca: 12 em São Paulo, 2 no Rio de Janeiro, 3 em Pernambuco e 2 no Distrito Federal. Lucio Funaro, preso em São Paulo, será levado para a custódia da Polícia Federal em Brasília . O operador de Cunha foi o único delator do processo do Mensalão. Para se livrar de uma condenação, Funaro revelou os caminhos de valores ilícitos para o PR.     

Delator cita propina a Cunha em 12 operações do FI-FGTS; comissão era negociada na residência oficial Delator assinou carta de renúncia a mando de Cunha Cunha decidia investimentos pelo valor e mandava reprovar projetos de interesse do PT, afirma delator Se ele cometeu irregularidades, que responda por elas, afirma Cunha sobre seu delator Amigo de Cunha está disposto a fazer delação premiada

A ação da Federal tem origem em duas delações premiadas: a do ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto e a do ex-diretor de Relações Institucionais do Grupo Hypermarcas Nelson Mello. Fabio Cleto afirma, em delação, que Eduardo Cunha ficou com 1% de negócio de R$ 940 milhões aprovado pelo FI-FGTS com a Eldorado. 39


Uma nova delação premiada, firmada com a Procuradoria-Geral da República, aponta o suposto repasse de propinas milionárias para senadores do PMDB, entre eles o presidente do Congresso, Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR) e Eduardo Braga (AM). Nelson Mello afirmou em seu depoimento aos procuradores que pagou R$ 30 milhões a dois lobistas com trânsito no Congresso para efetuar os repasses. Lúcio Bolonha Funaro e Milton Lyra seriam os responsáveis por distribuir o dinheiro para os senadores. A origem do nome Sépsis faz referência ao quadro de infecção generalizada, quando um agente infeccioso afeta mais de um órgão.

COM A PALAVRA, A JBS JBS NÃO É ALVO DE OPERAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL São Paulo, 01 de julho de 2016 – A JBS comunica a seus acionistas e ao mercado em geral que, em relação às notícias veiculadas na data de hoje pela imprensa, a Companhia, bem como seus executivos, não é alvo e não está relacionada com a operação da Polícia Federal ocorrida na manhã de hoje.

Renan quer votar projeto que dificulta investigações FONTE ISABELA BONFIM E JULIA LINDNER – JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 01 Julho 2016 às 05h 00

Investigado pela Lava Jato, presidente do Senado desengaveta proposta que prevê punição de agentes públicos em ações que são alvo de críticas de parlamentares BRASÍLIA - Investigado na Operação Lava Jato, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), resolveu desengavetar e acelerar a tramitação de um projeto de 2009 que prevê punições a crimes de abuso de autoridades, de agentes da administração pública e membros de Judiciário, Ministério Público e Legislativo. Muitos dispositivos da proposta estão em sintonia com reclamações de parlamentares sobre a condução de ações da Polícia Federal e da força-tarefa da Lava Jato. Um dos artigos, por exemplo, prevê punição para o cumprimento de mandados de busca e apreensão de forma vexatória. No início de junho, Renan criticou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, dizendo que ele havia “extrapolado” seus limites constitucionais ao pedir a prisão e a emissão de mandados de busca e apreensão de senadores no exercício do mandato. Outro dispositivo da proposta determina detenção de um a quatro anos para cumprimento de diligência policial em desacordo com as formalidades legais. Na semana passada, o Senado protocolou reclamação no Supremo Tribunal Federal contra o juiz de primeira instância Paulo Bueno de Azevedo por promover busca e apreensão no apartamento funcional da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). A petista e outros senadores também reclamaram do constrangimento que a ação da PF teria causado, quando prenderam preventivamente o ex-ministro Paulo Bernardo na frente dos filhos, menores de idade. Novamente em semelhança ao caso, um artigo da proposta contra o abuso de autoridade prevê detenção por ofensa à intimidade e vida privada. O projeto prevê ainda pena a quem negar, sem justa causa, acesso da defesa à investigação. Em maio, advogados do senador Romero Jucá (PMDB-RR), então ministro do Planejamento e alvo da força-tarefa, chegaram a recorrer à Procuradoria-Geral da República para ter acesso ao 40


conteúdo das conversas gravadas entre ele e Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobrás. Na conversa, Jucá afirma que era preciso “estancar a sangria”, numa referência à Lava Jato. Delações. Nesta quinta-feira, 30, o presidente do Senado negou que a proposta tenha como objetivo “interferir no curso” da operação. Mas, ao tratar da lei de delações, Renan afirmou que é “preciso ter regras” para a colaboração premiada. “Não vou mudar a lei de delação, apesar de entender que ela precisa e pode ser modificada. Não é uma lei de 12 tábuas que vai valer eternamente da forma que se fez. A delação premiada precisa ter regras porque, se não, ela compensa o crime. O que estamos vendo são pessoas que se entregaram ao desvio de dinheiro público, amealharam milhões e milhões, depois faz uma delação orientada pelo advogado e negociada com as autoridades, entrega parcela que desviou e salva outra parte”, disse o presidente do Senado. No Congresso, existem ainda outros projetos que tratam de limitação das delações premiadas, uma das principais bases de investigação da Lava Jato. Na Câmara, tanto o petista Wadih Damous (RJ) quanto Heráclito Fortes (PSB-PI) – que é da base aliada do presidente em exercício Michel Temer – já apresentaram propostas nesse sentido. Renan também criticou vazamentos de depoimentos. “Nos EUA, se a delação vazar, perde a eficácia, é anulada. Aqui, no Brasil, vaza-se de propósito para forçar um julgamento do Judiciário e da opinião pública. Liberdade de expressão não é só para os meios de comunicação, é para todo mundo.” No início da semana, o procurador-geral da República fez críticas ao que chamou de tentativa de acordões e manobras políticas para impedir o avanço da Lava Jato. Grampos. Um artigo específico do projeto trata de grampos telefônicos e prevê detenção de seis meses a dois anos para quem reproduzir ou inserir nos autos diálogo de um investigado com outra pessoa que seja protegida por sigilo. A situação relembra o vazamento da conversa entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente afastada Dilma Rousseff sobre o termo de posse para ministro. Na época, os petistas argumentaram que a presidente da República não poderia ser grampeada. A oposição dizia que o alvo era Lula, que não tinha foro. O projeto que prevê punições para autoridades está na lista de prioridades de Renan e vai passar pela Comissão de Regulamentação da Constituição, presidida por Jucá. Tramitando desde 2009, a proposta foi sugerida durante a discussão do 2.º Pacto Republicano, mas acabou esquecida no Congresso. Jucá disse desconhecer detalhes da proposta e ironizou qualquer relação com a Lava Jato. “Quem disse que houve abuso na Lava Jato? Não sou eu quem está dizendo isso”, afirmou o senador peemedebista. O presidente do Senado também anunciou uma lista de nove projetos que gostaria de trazer para votação em plenário nas próximas duas semanas.

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