Resenha 02 06 2016

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS

02 DE JUNHO DE 2016

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PIB surpreende, mas desemprego e incerteza política preocupam FONTE JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 01 Junho 2016 às 19h 05

Analistas já revisam para cima projeções feitas para 2016 e esperam retração menor da economia O resultado do PIB do primeiro trimestre ainda traz notícias negativas da economia brasileira sob basicamente todos os ângulos, mas mesmo assim surpreendeu positivamente os analistas, que esperavam um desempenho ainda pior. Alguns economistas já estão revisando para cima suas projeções para o ano, porém as turbulências políticas continuam sendo uma fonte muito grande de incertezas, assim como a deterioração do mercado de trabalho, que deve afetar mais fortemente o consumo doméstico no restante do ano. RELACIONADAS:   

O pior desempenho entre 31 países PIB do 1º trimestre cai 0,3% Veja o desempenho de cada setor

O PIB dos três primeiros meses do ano caiu 0,3% ante o quarto trimestre do ano passado, quando a mediana das projeções era de retração de 0,8%. Os destaques foram uma queda menos acentuada da indústria e o aumento nos gastos do governo, além da continuidade do bom desempenho do setor externo. Ainda assim, a retração no consumo das famílias e na formação bruta de capital fixo continua forte.

Consumo do governo subiu 1,1%, bem acima do esperado

Na avaliação do professor de economia do Insper João Luiz Mascolo, ainda há muita incerteza política pela frente. Segundo ele, o pior cenário seria a volta da presidente afastada, Dilma Rousseff. Por outro lado, se o presidente em exercício, Michel Temer, conseguir aprovar projetos importantes no Congresso, as projeções para a economia poderiam melhorar um pouco. "Para este ano, uma queda de cerca de 3,8% já está dada. Pode haver alguma melhora pequena, mas não faz muita diferença", opina. O economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otavio de Souza Leal, tem uma visão semelhante. Segundo ele, os analistas entendem que com Temer algumas reformas estruturais vão destravar. "Qualquer tipo de ruptura neste sentido vai fazer com que trave de novo a economia", alerta.

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Uma das principais surpresas nos dados do PIB foi o consumo do governo, que subiu 1,1%, na margem. Para a sócia da consultoria Tendências Alessandra Ribeiro, que esperava uma alta bem menor, de 0,3%, isso pode ser explicado em parte por gastos de custeio da máquina pública. A britânica Capital Economics é mais clara, afirmando que essa expansão foi uma última tentativa de Dilma de tentar recuperar apoio popular. Entretanto, com a necessidade de colocar as contas públicas em ordem, esse impulso não deve se repetir nos próximos trimestres, alerta a consultoria. Outro fator preocupante para a economia é a forte deterioração do mercado de trabalho, com o desemprego subindo fortemente nos últimos meses. "O Brasil continua com o mercado de trabalho complicado e o crédito permanece em um terreno negativo. Apesar de começarmos a ver a reversão de expectativas por causa do novo governo, medidas concretas para resolver o fiscal e melhorar a economia ainda não foram vistas", avalia a economista-chefe da Rosenberg Associados, Thais Zara. Enquanto o governo tenta estimular o otimismo dos empresários e assim retomar os investimentos - já que com a necessidade de austeridade fiscal essa recuperação não virá do setor público - os analistas apontam que a administração Temer precisa começar a entregar ações concretas. "As empresas vão querer ter primeiro uma visão mais qualificada, mais embasada e garantias de que o discurso do governo está se convertendo em realidade", comenta o assessor econômico da Fecomercio-SP, Fábio Pina. Mesmo na indústria, onde a queda foi bem menor que o esperado, as expectativas ainda não são exatamente alvissareiras. O presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, explica que dado ao tamanho da capacidade ociosa no momento, será muito difícil a indústria apresentar alguma reversão neste ano. Segundo ele, uma pesquisa da entidade chegou a apontar que alguns empresários já estão voltando a investir, mas não se trata de aumento da capacidade produtiva e sim adequações para focar no mercado externo. O setor externo, por sinal, foi um dos poucos itens com desempenho positivo no PIB, mas essa melhora não indica necessariamente um aquecimento da atividade. Na comparação com o primeiro trimestre de 2015, as exportações de bens e serviços cresceram 13,0%, enquanto que as importações despencaram 21,7%. Ou seja, é a queda do consumo interno que está levando a uma melhora nas contas.

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PIB DO 1º TRIMESTRE DE 2016

Fotomontagem/Estadão PIB do 1º trimestre de 2016

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro recuou 0,3% no primeiro trimestre deste ano em relação ao quarto trimestre de 2015, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi a quinta queda consecutiva na comparação trimestral, mas a queda foi menos intensa do que no fim do ano passado, quando o PIB caiu 1,3%. Entre os mais pessimistas, o ex-diretor de Política Monetária do Banco Central Luís Eduardo Assis diz que os dados do PIB do primeiro trimestre não trazem muito alento. De acordo com ele, em breve a economia baterá no fundo do poço, simplesmente porque não há como cair 4% indefinidamente e porque a inflação já está recuando. "A questão é que não dá para saber o que vai acontecer daqui para frente, e recuos de quase 4% por dois anos consecutivos são uma queda cavalar", afirma. Já no lado dos mais otimistas, o economista-chefe da Quantitas Asset Management, Ivo Chermont, acredita que o PIB este ano agora pode ficar mais perto de -3% do que de -4%. Ele destaca que a queda dos estoques foi menor no primeiro trimestre do que no anterior. "Isso pode indicar que o ajuste de estoque da economia está chegando ao fim. E quando chega ao fim, o empresário precisará fazer novos investimento", avalia. Já o economista-chefe da LCA consultores, Braulio Borges, diz que há sinais de estabilidade de consumo e investimento para o segundo trimestre. "Quando o cenário econômico fica mais claro, num contexto de elevada ociosidade das empresas e de alto desemprego, o tamanho da recuperação cíclica do PIB poderá ser maior do que o esperado hoje". Álvaro Campos, Ricardo Leopoldo, Francisco Carlos de Assis, Mateus Fagundes e Gabriela Lara, correspondente

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PIB do Brasil tem pior desempenho entre 31 países no 1º trimestre FONTE ANTONIO PITA, DANIELA AMORIM, IDIANA TOMAZELLI E VINICIUS NEDER – JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 01 Junho 2016 às 13h 13

Desempenho da economia brasileira, que recuou 5,4% no primeiro trimestre em comparação com igual período de 2015, ficou atrás de países como Rússia, Grécia e Ucrânia RELACIONADAS:    

PIB do 1º trimestre cai 0,3%, puxado por indústria e investimentos Consumo das famílias recua 1,7% e piora deve continuar KUPFER: Sinais de recuperação ainda são difusos ESPECIAL: O que é o PIB?

Com a queda de 5,4% no PIB do primeiro trimestre de 2016, na comparação com igual período do último ano, o Brasil teve o pior desempenho da economia no período entre 31 países pesquisados. De acordo com levantamento da consultoria Austin Rating, o País ficou na última colocação atrás de países como Rússia, Grécia e Ucrânia. O resultado do trimestre sinaliza que o País encerrará o segundo ano em recessão, de acordo com avaliação da consultoria. De acordo com o levantamento, as Filipinas teve o melhor desempenho do primeiro trimestre de 2016, com crescimento de 6,9% do PIB. Em seguida aparecem a China, a Indonésia, o Peru e a Malásia, que ocupam as cinco primeiras posições. O levantamento considera 31 países que já divulgaram seus resultados oficiais da economia para o primeiro trimestre. Entre os países pesquisados também aparecem a Espanha (6ª colocação), a Coréia do Sul (9ª posição), México (10ª), Estados Unidos (13º) e Alemanha (18ª). O relatório cita ainda que países com situação pior do que o Brasil, como a Venezuela, ainda não divulgaram dados oficiais. De acordo com a Austin Rating, o resultado da economia brasileira também esteve abaixo da média registrada entre todos os Países do Brics, que reúne Índia, China, Rússia e África do Sul. Em média, a economia do grupo de países ficou estagnada no período. A consultoria ainda projeta uma queda de 3,81% para o resultado da economia neste ano. "A trajetória recessiva do PIB para este ano, com a expectativa de encerrar com queda pelo segundo ano consecutivo, infelizmente, segue se materializando", informa relatório da consultoria. A estimativa de queda no ano também coloca o País com o pior desempenho entre as dez principais economias do mundo. Atualmente, de acordo com a consultoria, o País ocupa a 9ª colocação entre as maiores economias do mundo.

Balança comercial tem maior superávit para maio em 27 anos FONTE JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 01 Junho 2016 às 16h 33

Saldo positivo foi de US$ 6,4 bilhões no mês passado e elevou para quase US$ 20 bilhões o superávit comercial acumulado no ano

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A balança comercial registrou em maio superávit de US$ 6,437 bilhões, o melhor resultado para o mês da série histórica, que tem início em 1989. As exportações alcançaram US$ 17,571 bilhões e as importações, US$ 11,134 bilhões. No acumulado de janeiro a maio de 2016, o superávit comercial atingiu US$ 19,681 bilhões, o melhor resultado para o período desde 1989. O valor igualou o resultado de todo o ano de 2015. As exportações somaram US$ 73,513 bilhões no período e as importações totalizaram US$ 53,832 bilhões. O resultado ficou acima das projeções do mercado, segundo pesquisa AE Projeções com 27 instituições. As previsões apontavam para um saldo positivo em maio entre US$ 4,290 bilhões e US$ 5,800 bilhões. Na quarta semana do mês, 23 as 29 de maio, o superávit foi de US$ 1,888 bilhão, com exportações de US$ 3,970 bilhões e importações de US$ 2,081 bilhões. Na quinta semana do mês (30 a 31), o saldo comercial ficou positivo em US$ 558 milhões, com vendas externas de US$ 1,626 bilhão e importações de US$ 1,067 bilhão.

Bolsa sobe e dólar fecha abaixo dos R$ 3,60 com DRU e PIB melhor que o esperado FONTE PAULA DIAS, SILVANA ROCHA E LUCAS HIRATA – JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 01 Junho 2016 às 19h 13

Vitória do governo em comissão da Câmara sobre desvinculação de receitas animou investidores; ao final dos negócios, Bolsa avançou 1,12% e dólar recuou 0,54% A divulgação de dados econômicos melhores que o esperado foi determinante para a Bovespa a fechar em alta de 1,12% nesta quarta-feira, aos 49.012,65 pontos. Além dos números melhores da economia doméstica, uma vitória do governo em comissão especial da Câmara foi importante para aumentar a atratividade das ações. O baixo volume de negócios no primeiro pregão de junho, no entanto, mostra que a cautela ainda prevalece nos negócios. Foram movimentados R$ 5,7 bilhões, contra R$ 6,6 bilhões da média diária de maio e R$ 8,3 bilhões da média de abril. RELACIONADAS

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PIB recua 0,3% no 1º trimestre Comissão aprova PEC que prorroga DRU até 2023 Desemprego e incerteza política ainda preocupam

A principal notícia da tarde foi a aprovação, em comissão especial da Câmara, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prorroga a Desvinculação de Receitas da União (DRU) até 2023. A DRU dá mais liberdade ao governo no uso das receitas obtidas por meio de tributos federais vinculados por lei a fundos ou despesas. Além do benefício em termos fiscais, a aprovação na comissão mostrou força do governo Michel Temer, ao conseguir um placar de 20 votos a favor e 4 contra.

Cautela permanece, mas percepção dos investidores sobre o Brasil melhora

Outra notícia de destaque da tarde foi o superávit de US$ 6,437 bilhões da balança comercial e maio. O resultado ficou acima do teto das projeções do mercado. Pela manhã, o mercado já havia recebido positivamente a queda de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre do ano, na comparação com o quarto trimestre de 2015. O resultado veio no teto do intervalo de estimativas do mercado. A Bovespa, que iniciou o dia hesitante, por conta do baixo volume de negócios, só engrenou uma alta consistente à tarde, após a aprovação da DRU. Segundo profissionais do mercado, essa melhora no cenário interno favoreceu uma melhora generalizada na Bolsa, mas pôde ser percebida principalmente nas empresas com as ações mais negociadas do índice Bovespa. As ações da Petrobrás acabaram por se firmar em alta, apesar do movimento volátil do petróleo ao longo do dia. Os papéis da estatal brasileira terminaram o dia em alta de 2,26% (ON) e de 1,74% (PN). Vale ON subiu 1,48% e Vale PNA, 0,89%. A alta da Bovespa foi sustentada em grande parte pela recuperação das ações do setor financeiro, que haviam sido "contaminadas" na véspera pelos papéis do Bradesco. A reação negativa foi gerada pela notícia do indiciamento do presidente do banco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, em inquérito da Operação Zelotes. Após o banco vir a público em defesa do presidente e dos executivos também indiciados, Bradesco PN fechou em alta de 1,84%. Na véspera, tinha caído 5%. Entre as ações que compõem o Ibovespa, as maiores altas ficaram com Qualicorp ON (+7,15%) e Natura ON (+5,77%). As maiores quedas foram de CSN ON (-2,60%) e Suzano PAN (-1,91%), esta última afetada pelo incêndio na fábrica de Suzano, na Grande São Paulo. Com o resultado de hoje, o índice passa a acumular alta de 13,07% em 2016. Câmbio. O dólar recuou frente o real na primeira sessão de junho, pressionado por sinais mais fracos que o esperado da economia norte-americana e pela percepção de um risco político menor no Brasil. "Os investidores reagiram no final do dia à desaceleração em maio das vendas 7


de veículos nos Estados Unidos", disse João Corrêa, da SLW corretora. "Isso é ruim para o aumento de juros pelo Fed, porque revela que a economia americana tem alguns dados bons, mas a maioria deles é modesta, como destacou o Livro Bege hoje", comentou Corrêa. No fechamento, o dólar à vista caiu 0,54%, aos R$ 3,5917 no balcão. Durante o dia, oscilou de R$ 3,5862 a R$ 3,6336. O giro total registrado somava cerca de US$ 1,434 bilhão. Durante a tarde, a aprovação da DRU até 2023 na Câmara foi interpretada como vitória no segundo teste, após o crivo concedido pelo Congresso sobre a redução da meta fiscal de 2016. "Gera expectativa favorável sobre próximas medidas econômicas a serem apreciadas pelo Congresso", destacou o economista Ignácio Crespo Rey, da Guide Investimentos.

Comissão da Câmara aprova por 20 votos a 4 PEC que prorroga DRU até 2023 FONTE IGOR GADELHA – JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 01 Junho 2016 às 14h 44

Medida permite União a aplicar os recursos destinados por lei a áreas como educação e saúde em qualquer despesa considerada prioritária; governo tenta agora votar DRU no plenário da Câmara BRASÍLIA - O governo Michel Temer conseguiu aprovar, no início da tarde desta quarta-feira, 1ª, em Comissão Especial da Câmara dos Deputados, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prorroga a Desvinculação de Receitas da União (DRU) até 2023. Em uma demonstração de força da base aliada do peemedebista, a proposta foi aprovada no colegiado por 20 votos a 4. Os votos contrários foram de deputados do PT, PSOL, PDT e PTB. RELACIONADAS:  

Temer cobra da base aprovação de medidas como demonstração de força do governo Líder do governo diz que Planalto orientou a priorizar proposta da DRU da Câmara

A DRU dá mais liberdade ao governo no uso das receitas obtidas por meio de tributos federais vinculados por lei a fundos ou despesas. Na prática, permite a União a aplicar os recursos destinados por lei a áreas como educação, saúde e previdência social em qualquer despesa considerada prioritária e na formação de superávit primário, desde que respeitando os gastos mínimos constitucionais exigidos para cada área. Com isso, possibilita o manejo de recursos para o pagamento de juros da dívida pública. A ideia do governo Temer é tentar votar a PEC aprovada na comissão ainda nesta quarta-feira no plenário da Câmara. Para isso, terá antes que conseguir aprovar um requerimento de quebra de interstício, para não precisar esperar o prazo regimental de duas sessões plenárias exigido entre a aprovação na comissão e a votação em plenário. O PT já anunciou que pretende tentar obstruir a votação. Parecer. Na comissão, deputados aprovaram o parecer do relator da matéria, deputado Laudívio Carvalho (SD-MG). O relatório, defendido integralmente pelo governo, prevê a prorrogação da DRU até 31 de dezembro de 2023, estabelecendo que a autorização para remanejar o Orçamento da União será retroativa a 1º de janeiro deste ano. A última autorização para a DRU venceu em 31 de dezembro de 2015. Até poucos minutos antes do início da votação do parecer, o prazo de prorrogação previsto era 31 de dezembro de 2019. Em uma complementação de voto, porém, o relator anunciou a ampliação do prazo para 2023. Ele disse que decidiu ampliar o prazo, acatando "sugestões de lideranças partidárias", e lembrou que o novo prazo já constava na PEC de prorrogação da DRU enviada pelo governo da presidente afastada, Dilma Rousseff. O parecer também prevê que a alíquota do Orçamento da União que o Executivo poderá remanejar seja elevada de 20%, como estava até o ano passado, para 30%. Além disso, prevê a criação de uma espécie de DRU para Estados e municípios - chamadas de DRE e DRM, 8


respectivamente - nos mesmos termos da DRU, mas prevendo explicitamente que o remanejamento não pode afetar recursos destinados a saúde e educação. No parecer aprovado, também foi mantida a proibição para desvinculação de recursos de fundos constitucionais de desenvolvimento regional do Norte (FNO), Nordeste (FNE) e CentroOeste (FNCO). A proibição foi introduzida no fim do ano passado, na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) da Câmara, durante a votação da admissibilidade da PEC, e teve aval tanto da base aliada de Dilma Rousseff quanto da então oposição. Em outra mudança anunciada na complementação de voto, o relator também incluiu os fundos instituídos pelas procuradorias gerais dos Estados e do Distrito Federal como aqueles cujos recursos não poderão ser desvinculados. No roll desses fundos que não poderiam ter receitas desvinculadas, já constavam fundos instituídos pelo Poder Judiciário, Tribunais de Contas, Ministério Público e Defensorias Públicas. Resistência. Na votação do parecer na comissão especial nesta quarta-feira, o governo enfrentou resistência principalmente de deputados da oposição, inclusive do PT - partido que defendia a proposta até quando a presidente afastada Dilma Rousseff estava no comando do País. Houve ainda resistência do deputado Arnaldo Faria de Sá (SP), do PTB, legenda que integra a base aliada de Temer no Congresso Nacional. Parlamentares contrários à matéria afirmaram que a PEC ameaça a destinação de recursos para as áreas importantes, como de saúde, educação e seguridade social. Para eles, o principal objetivo da PEC é permitir ao governo federal a desvinculação de recursos para destiná-los a formação de superávits primários, que são usados, entre outros objetivos, para o pagamento de juros da dívida pública. "Essa DRU vai tirar R$ 120 bilhões da seguridade social", afirmou o deputado Arnaldo Faria de Sá. Para ele, ao permitir remanejamento de contribuições sociais, a DRU poderá acabar sendo usada como justificativa para a reforma da previdência social. "Na hora que você diminui o orçamento da seguridade, acaba tendo um chamado déficit que justificará a proposta de alteração da Previdência", disse. "Esses nazistas querem matar os brasileiros para economizar na conta fiscal. Cambada de safado e sem-vergonha", acrescentou. O deputado questionou o fato de o parecer aprovado prever retroatividade da DRU para 1º de janeiro deste ano. "É inconstitucional. Não pode aprovar uma PEC com retroatividade", disse. O presidente da comissão especial, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), ignorou o questionamento do deputado paulista. Para o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), a PEC votada pode levar prefeitos a diminuírem os gastos com áreas importantes, como a saúde. "Muitas prefeituras gastam mais de 18% com a saúde, que é o limite, e eles vão poder falar: não vou gastar mais, porque já desvincularam lá em Brasília. Se eu gasto hoje 25%, vou baixar pros 18%, porque foi desvinculado. Não preciso mais gastar com isso, não", afirmou. Ele defendeu que a proposta deve ser rejeitada até que o Congresso discuta o destino de Dilma. Deputados de partidos da base aliada, como PSD, PMDB, PR e PSDB, rebateram as acusações e sustentaram que a PEC da DRU não vai necessariamente atingir os recursos destinados para áreas importantes como saúde e educação. "Não há nada sendo retirado de ninguém. E não há nenhuma despesa vinculada sendo liberada pelo relator", afirmou o presidente da comissão especial, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). Manobras. Em uma clara manobra regimental para impedir a obstrução da oposição, governistas apresentaram logo no início da sessão um requerimento pedindo a retirada da PEC da pauta da sessão. O pedido foi apresentado pelo líder do PSD, Rogério Rosso (DF), com o objetivo de impedir que outros requerimentos no mesmo sentido fosse apresentados pela oposição. Como esperado, o pedido foi rejeitado por 19 votos a 1 e 4 obstruções. Para acelerar a promulgação da DRU, o governo decidiu centrar esforços na articulação para aprovar a PEC que começou a tramitar na Câmara, em vez de tentar votar o projeto no mesmo sentido que teve origem no Senado. Isso porque a PEC da Câmara tem previsão de tramitação mais rápida: aprovada no plenário pelos deputados, ela poderá seguir direto para o plenário 9


do Senado, sem passar pelas comissões temáticas daquela Casa. No sentido inverso, a PEC do Senado ainda precisaria passar pelas comissões da Câmara.

FMI vai esperar medidas de Temer para elaborar relatório sobre o Brasil ALTAMIRO SILVA JUNIOR, CORRESPONDENTE - O ESTADO DE S.PAULO 02 Junho 2016 às 12h 11

Segundo um porta-voz do Fundo, há uma série de coisas acontecendo no País e o FMI vai esperar os desdobramentos

FMI vai esperar quais medidas serão tomadas pelo presidente em exercício

NOVA YORK - O Fundo Monetário Internacional (FMI) vai esperar o avanço das medidas do governo de Michel Temer antes de divulgar o relatório Artigo IV do Brasil, o principal documento dos países membros da instituição, elaborado uma vez por ano. De acordo com um porta-voz do Fundo, William Murray, há uma série de coisas acontecendo no Brasil neste momento e o FMI está analisando a situação e vai esperar os desdobramentos. Por isso, não há uma data definida para a publicação do Artigo IV, que depende da aprovação de cada país. Para elaborar o relatório, que faz uma análise de indicadores macroeconômicos e traz recomendações de políticas econômicas, os técnicos do FMI se reúnem com membros do governo dos países que são membros da instituição. O FMI chegou a ter problemas com o governo brasileiro em 2013, na gestão do ministro Guido Mantega na Fazenda. A equipe econômica não concordou com algumas conclusões do Artigo IV, o que fez adiar a publicação. Inicialmente o FMI divulgou um documento com apenas três páginas em agosto daquele ano, recomendando que o governo de Dilma Rousseff reduzisse o uso de bancos públicos para estimular o crédito. O relatório final acabou sendo divulgado no final de outubro. O documento do ano passado foi divulgado em abril e ressaltou a necessidade de o Brasil ajustar as contas fiscais e fazer reformas estruturais. O relatório também reduziu as previsões 10


de crescimento do país, mas elogiou na época as propostas do então ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para fazer um ajuste fiscal no País.

Produção industrial contraria previsões e avança 0,1% em abril Sequência de alta é a 1ª desde 2014. Na comparação anual, recuo de 7,2% é o 26° seguido FONTE O GLOBO LUCIANNE CARNEIRO 02/06/2016 ÀS 14H 16

Trabalhador em fábrica de cabos de alumínio em Barcarena - Paulo Fridman / Bloomberg

RIO - A produção industrial brasileira surpreendeu em abril e avançou 0,1% frente a março, que já havia registrado alta de 1,4%, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE. A expectativa do mercado financeiro era de uma queda de 0,9% ante o mês anterior, de acordo com estimativas da Bloomberg. É a primeira vez que a pesquisa mostra duas taxas positivas em sequência desde o período entre julho e agosto de 2014. A alta acumulada em março e abril é de 1,6%. Veja também: 

Projeções para o PIB apontam queda inferior aos 3,8% de 2015

Indústria volta ao patamar de sete anos atrás

Indústria corta emprego com força em maio diante de piora da contração, diz PMI

‘Primeiro sinal de saída do fundo do poço’, diz Silvia Matos, da FGV

Já na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve recuo de 7,2%. Esta foi a 26ª queda consecutiva neste tipo de análise e também veio melhor do que a previsão dos analistas, que era de recuo de 8,7%. No ano, a indústria recua 10,5%. Em 12 meses, a queda é de 9,6%. A indústria brasileira está com patamar de produção 20,3% abaixo de junho de 2013, que foi o ponto mais alto da série de produção industrial. 11


— A variação de 0,1% é uma boa notícia, mas o predomínio de taxas negativas, nem tanto. O crescimento não está disseminado. No ano de 2016, foram três taxas negativas e uma positiva. Mas o saldo do ano ainda é de uma queda de 1,1% — apontou o gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, André Macedo. Os alimentos foram o principal impacto positivo na produção industrial de abril, frente ao mês anterior, com alta de 4,6%. Em março, o segmento tinha recuado 6%. A segunda maior influência veio de produtos derivados de petróleo e biocombustíveis, com crescimento de 4%, após perda de 6,7% em março. Na comparação com abril de 2015, as taxas negativas são mais espalhadas. A produção de bens de capital recuou 16,5%, acompanhada por retração de 7,5% em bens intermediários. Os bens duráveis, por sua vez, caíram 23,7%. Por outro lado, os bens de consumo semiduráveis e não duráveis tiveram alta de 1,9%. ‘A variação de 0,1% é uma boa notícia, mas o predomínio de taxas negativas, nem tanto. O crescimento não está disseminado’ - ANDRÉ MACEDO Gerente da Coordenação de Indústria do IBGE A cana-de-açúcar teve influência no resultado da produção industrial de abril, já que o processo de moagem foi antecipado por causa de questões climáticas. Com isso, afetou positivamente tanto o açúcar — que puxou a produção de alimentos — quanto o álcool — que é parte do grupo de biocombustíveis. — Alimentos e biocombustíveis tiveram influência importante para explicar a variação de 0,1% em abril, mas ainda há um predomínio das atividades em queda, com 13 dos 24 ramos. O resultado positivo é sempre melhor, mas em nada reverte a trajetória negativa da produção industrial — afirmou Macedo. As taxas positivas de março e abril ainda não compensam a queda de 2,9% registrada no mês de fevereiro. No entanto, esta é a primeira vez que a pesquisa mostra duas taxas positivas em sequência desde julho e agosto de 2014. A alta acumulada em março e abril é de 1,6%. Entre as categorias de uso da indústria, bens de capital e bens intermediários avançaram em abril, frente a março, com taxas de 1,2% e 0,5%, respectivamente. No caso de bens duráveis, no entanto, a produção teve queda de 4,4% em duráveis e 0,6% em semiduráveis e não duráveis. Na passagem entre março e abril, 11 dos 24 segmentos pesquisados tiveram taxas positivas. Se os alimentos foram a principal influência para a alta, os veículos automotores foram os que mais puxaram para baixo o resultado do mês, com queda de 4,5%. Os produtos farmacêuticos também tiveram influência negativa, ao recuarem 10,9%. Com o desempenho de abril, esses dois setores eliminaram a expansão registrada em março, que tinha sido de 2% e 10,5%, respectivamente. PRODUÇÃO DE VEÍCULOS RECUA 20% Já a queda de 7,2% na comparação com abril de 2015 foi influenciada principalmente pelo tombo de 15,7% da indústria extrativa e perda de 20,6% em veículos automotores. Nesta base de comparação, 21 dos setores pesquisados tiveram taxas negativas, enquanto cinco

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registraram crescimento. O destaque positivo foi a alta de 12,3% em alimentos, puxada por açúcar. Cinco setores que mais pesaram na queda da indústria em abril Indústrias extrativas

A produção caiu 15,7% frente a abril de 2015 e foi a principal influência no recuo da indústria no mês. O acidente na cidade de Mariana (MG) ainda afeta o resultado da indústria. A produção na usina da Samarco ainda não foi retomada.

As taxas positivas de março e abril ainda não compensam a queda de 2,9% registrada no mês de fevereiro. No entanto, esta é a primeira vez que a pesquisa mostra duas taxas positivas em sequência desde julho e agosto de 2014. Apesar de o resultado de abril não representar mudança de trajetória na avaliação de André Macedo, ele destacou que a indústria começa a mostrar frequência maior de taxas positivas nas comparações frente ao mês anterior. Segundo Macedo, o movimento pode estar ligado a uma base de comparação baixa, indicadores melhores de confiança do empresariado e um processo de ajuste de estoques: — A maior presença de resultados positivos na margem (comparação com o mês anterior) da série dá uma sensação de que há alguma melhora. Houve claramente um ajuste de estoques no segundo semestre de 2015, embora alguns setores ainda permaneçam com nível de estoques acima do desejado, como no caso de veículos. Pode ter relação com ligeira melhora recente nas expectativas dos empresários, mas a base de comparação ainda é baixa. ‘O resultado positivo é sempre melhor, mas em nada reverte a trajetória negativa da produção industrial’ - ANDRÉ MACEDO Gerente de Coordenação de Indústria do IBGE A produção de bens de consumo duráveis segue como destaque negativo na indústria, sob impacto da conjuntura macroeconômica. A perda acumulada apenas nos cinco primeiros meses de 2016 é de 13,7%. Itens como automóveis, eletrodomésticos, móveis e motocicletas são alguns dos que apontam redução na produção. — Permanecem as características que afetam o segmento. Crédito mais caro, escasso e restrito, a incerteza que cerca o consumidor, mercado de trabalho mais restrito, aumento da taxa de desemprego, renda real menor, inflação maior são fatores que permanecem na conjuntura e afetam esse segmento — afirmou o gerente do IBGE. Após oito trimestres seguidos de retração, a indústria ficou no mesmo patamar de produção de sete anos atrás nos três primeiros meses deste ano, de acordo com dados do Produto Interno Bruto (PIB), divulgados na quarta-feira pelo IBGE. Mesmo assim, analistas destacam que o resultado do setor no início de 2016 quando recuou 1,2% em relação ao último trimestre de 2015 veio ligeiramente melhor do que o previsto, graças a um ajuste de estoques no setor e à recuperação das exportações. Apesar disso, o setor caminha para acumular três anos seguidos de retração, quando consideradas as previsões para 2016. De acordo com o último relatório Focus do Banco 13


Central, que reúne as principais estimativas do mercado, a produção industrial deve encolher 6% este ano e registrar alta de 0,9% em 2017. No ano passado, a indústria brasileira registrou queda recorde de 8,3% na produção — a maior em 13 anos.

Em abril, produção industrial varia 0,1% Fonte Comunicação Social 02 de junho de 2016 Abril 2016 / Março 2016

0,1%

Abril 2016 / Abril 2015

-7,2%

Acumulado em 2016

-10,5%

Acumulado em 12 meses

-9,6%

Média móvel trimestral

-0,5%

Em abril de 2016, a produção industrial nacional teve ligeira variação positiva (0,1%) frente a março, na série com ajuste sazonal, após recuar 2,9% em fevereiro e avançar 1,4% em março último. Na série sem ajuste sazonal, em relação a igual mês do ano anterior, a indústria recuou (-7,2%), vigésima sexta taxa negativa consecutiva nesse tipo de comparação, mas menos elevada do que a observada em março (-11,5%). Assim, o índice acumulado no ano recuou (-10,5%), assim como o acumulado nos últimos doze meses (-9,6%), que praticamente repetiu a taxa de março de 2016 (-9,7%) quando mostrou sua perda mais intensa desde outubro de 2009 (-10,3%). Já a média móvel trimestral na série com ajuste sazonal recuou 0,5%. A publicação completa da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF) pode ser acessada aqui. O ligeiro acréscimo de 0,1% da atividade industrial na passagem de março para abril mostrou taxas positivas em duas das quatro grandes categorias econômicas e em 11 dos 24 ramos pesquisados. Entre os setores, os principais impactos positivos foram em produtos alimentícios (4,6%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (4,0%), com o primeiro apontando a segunda alta consecutiva e acumulando nesse período crescimento de 10,9%; e o último eliminado parte do recuo de 6,7% verificado em março. Nesses ramos, o resultado desse mês foi influenciado, em grande parte, pela antecipação da moagem da cana-de-açúcar. Outras contribuições positivas importantes vieram de indústrias extrativas (1,3%), de celulose, papel e produtos de papel (2,7%), de máquinas e equipamentos (2,0%), de bebidas (2,4%) e de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (1,9%).

Indicadores da Produção Industrial por Grandes Categorias Econômicas Brasil - Abril de 2016 Grandes Categorias Econômicas

Variação (%) Abril 2016/ Março2016*

Abril 2016/ Abril 2015

Acumulado Janeiro-Abril

Acumulado nos Últimos 12 Meses

Indústria Geral

0,1

-7,2

-10,5

-9,6

Bens de Capital

1,2

-16,5

-25,9

-27,9

14


Grandes Categorias Econômicas

Variação (%) Abril 2016/ Março2016*

Abril 2016/ Abril 2015

Acumulado Janeiro-Abril

Acumulado nos Últimos 12 Meses

Bens Intermediários

0,5

-7,5

-9,6

-7,3

Bens de Consumo

-0,9

-4

-8,3

-9,3

-4,4

-23,7

-26,5

-22,3

-0,6

1,9

-2,8

-5,7

Duráveis Semiduráveis e não Duráveis

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria *Série com ajuste sazonal

Já entre os treze ramos que reduziram a produção, os de maior relevância sobre a média global da indústria foram veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,5%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-10,9%), com ambos eliminando os avanços registrados no mês anterior: 2,0% e 10,5%, respectivamente. Outros impactos negativos importantes foram em perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-2,6%), metalurgia (-2,5%), outros equipamentos de transporte (-5,5%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (3,1%), produtos de metal (-1,3%) e produtos do fumo (-11,9%). Com exceção desta última atividade que mostrou crescimento de 2,0% no mês anterior, as demais recuaram em março último: -0,8%, -2,1%, -1,6%, -1,1% e -0,6%, respectivamente. Entre as grandes categorias econômicas, ainda em relação a março, bens de capital (1,2%) mostrou a expansão mais acentuada em abril de 2016 e a quarta taxa positiva consecutiva, acumulando no período ganho de 7,7%. Esses resultados interromperam três meses seguidos de queda, que acumularam redução de 12,9%. O segmento de bens intermediários (0,5%) também ampliou a produção nesse mês e eliminou parte da perda de 1,8% acumulada em fevereiro e março. Por outro lado, os setores de bens de consumo duráveis (-4,4%) e de bens de consumo semi e não-duráveis (-0,6%) recuaram, com o primeiro apontando quatro meses de consecutivos de queda na produção e acumulando no período redução de 13,7%; e o segundo voltando a recuar, após avançar 0,9% no mês anterior.

Em abril, média móvel trimestral recuou 0,5% Ainda na série com ajuste sazonal, o índice de média móvel trimestral para a indústria recuou (-0,5%) no trimestre encerrado em abril de 2016 frente ao nível do mês anterior e manteve a sequência de taxas negativas iniciada em novembro de 2014. Entre as grandes categorias econômicas, ainda na mesma comparação, bens de consumo duráveis (-3,7%) mostrou o recuo mais intenso nesse mês e acentuou o ritmo de queda frente ao verificado nos meses de fevereiro (-0,7%) e março (-3,4%). Os setores produtores de bens intermediários (-0,5%) e de bens de consumo semi e não-duráveis (-0,2%) também assinalaram resultados negativos em abril de 2016, com o primeiro prosseguindo com a trajetória descendente iniciada em setembro de 2014; e o segundo voltando a recuar após ligeiro acréscimo de 0,1% no mês anterior. Por outro lado, o segmento de bens de capital (1,7%) apontou o único avanço em abril de 2016, após também crescer em março (2,1%) quando interrompeu a sequência de resultados negativos iniciada em outubro de 2014.

Indústria recuou 7,2% em relação a abril de 2015 15


Em relação a abril de 2015, o setor industrial recuou 7,2% em abril de 2016, com perfil disseminado de resultados negativos, alcançando três das quatro grandes categorias econômicas, 21 dos 26 ramos, 64 dos 79 grupos e 70,9% dos 805 produtos pesquisados. Entre as atividades, indústrias extrativas (-15,7%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (20,6%) exerceram as maiores influências negativas sobre a média da indústria, pressionadas, em grande parte, pelos itens minérios de ferro e óleos brutos de petróleo, na primeira; e automóveis, caminhões, autopeças, veículos para transporte de mercadorias, motores a diesel para ônibus e caminhões e carrocerias para caminhões, na segunda. Outras contribuições negativas relevantes sobre o total nacional vieram de metalurgia (-14,9%), máquinas e equipamentos (-12,1%), produtos de metal (-17,1%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-24,8%), outros equipamentos de transporte (25,7%), produtos de borracha e de material plástico (-10,5%), produtos de minerais nãometálicos (-9,6%), outros produtos químicos (-6,6%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-12,9%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-8,7%), produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (-2,0%) e móveis (-15,4%). Por outro lado, ainda em relação a abril de 2015, a atividade de produtos alimentícios (12,3%) exerceu a principal pressão positiva, impulsionada, em grande parte, pelo avanço na produção de açúcar cristal e VHP. Vale destacar também os impactos registrados pelos setores de bebidas (7,3%), de celulose, papel e produtos de papel (5,5%) e de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (7,9%), influenciados, em grande medida, pela maior fabricação verificada nos itens cervejas, chope e refrigerantes, no primeiro; pastas químicas de madeira (celulose), no segundo; e medicamentos, no último. Ainda no confronto com igual mês de 2015, bens de consumo duráveis (-23,7%) e bens de capital (-16,5%) assinalaram, em abril de 2016, as reduções mais acentuadas entre as grandes categorias econômicas. O setor produtor de bens intermediários (-7,5%) também mostrou resultado negativo nesse mês e com intensidade ligeiramente maior do que a média nacional (-7,2%). Por outro lado, o setor produtor de bens de consumo semi e não-duráveis, com expansão de 1,9%, apontou a única taxa positiva. O segmento de bens de consumo duráveis recuou 23,7% no índice mensal de abril, vigésimo sexto resultado negativo consecutivo nesse confronto, mas ligeiramente menos intenso que no mês anterior (-24,8%). O setor foi particularmente pressionado pela menor fabricação de automóveis (-25,8%) e de eletrodomésticos da “linha marrom” (-24,3%), influenciados, em grande parte, por reduções de jornadas de trabalho e férias coletivas em várias unidades produtivas. Outros impactos negativos importantes vieram de motocicletas (-35,5%), outros eletrodomésticos (-12,8%), móveis (-14,4%) e eletrodomésticos da “linha branca” (-4,2%). O setor de bens de capital (-16,5%) teve a vigésima sexta taxa negativa consecutiva no índice mensal, mas mostrou queda menos intensa que no mês anterior (-24,2%). Na formação do índice de abril de 2016, o segmento foi influenciado pelo recuo observado na maior parte dos seus grupamentos, com claro destaque para a redução de 16,6% de bens de capital para equipamentos de transporte, pressionado, principalmente, pela menor fabricação de caminhões, embarcações para transporte de pessoas ou cargas (inclusive petroleiros e plataformas), aviões e veículos e vagões para transporte de mercadorias. As demais taxas negativas foram registradas por bens de capital de uso misto (-20,9%), agrícola (-31,7%), para construção (-29,2%) e para fins industriais (-0,8%), enquanto bens de capital para energia elétrica (4,8%) assinalou o único resultado positivo em abril de 2016.

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Ainda no confronto com abril de 2015, a produção de bens intermediários (-7,5%) teve sua vigésima quinta taxa negativa consecutiva, menos intensa que do mês anterior (-11,1%). Tal resultado foi explicado principalmente pelos recuos nos produtos associados às atividades de indústrias extrativas (-15,7%), de metalurgia (-14,9%), de veículos automotores, reboques e carrocerias (-20,0%), de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-9,4%), de produtos de metal (-18,7%), de outros produtos químicos (-6,7%), de produtos de borracha e de material plástico (-10,6%), de produtos de minerais não-metálicos (-9,6%) e de produtos têxteis (-10,4%), enquanto as pressões positivas foram registradas por produtos alimentícios (29,4%), celulose, papel e produtos de papel (7,4%) e de máquinas e equipamentos (10,0%). Ainda nessa categoria econômica, vale citar também as reduções observadas nos grupamentos de insumos típicos para construção civil (-12,7%), que marcou o vigésimo sexto recuo seguido na comparação com igual mês do ano anterior, e de embalagens (-4,4%), com a décima sexta taxa negativa consecutiva. A alta de 1,9% na produção de bens de consumo semi e não-duráveis, em abril, interrompeu dezessete meses de taxas negativas consecutivas na comparação com igual mês de 2015. Esse desempenho foi explicado principalmente pelo avanço do grupamento de carburantes (21,1%), impulsionado pela maior fabricação de álcool etílico e de gasolina automotiva. Os subsetores de alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (2,4%) e de nãoduráveis (3,2%) também mostraram resultados positivos no mês. Já o grupamento de semiduráveis (-12,9%) teve o único resultado negativo da categoria, pressionado, em grande parte, pela redução na produção de telefones celulares, calçados de couro, calças compridas, DVDs, camisas (de malha ou não), bermudas, jardineiras, shorts e semelhantes de malha, agasalhos e conjuntos para esporte e camisas, blusas e semelhantes de uso feminino

Indústria acumula queda de 10,5% no ano No índice acumulado no ano, frente a igual período do ano anterior, a indústria mostrou queda de 10,5%, com perfil disseminado de taxas negativas, já que as quatro grandes categorias econômicas, 22 dos 26 ramos, 65 dos 79 grupos e 76,0% dos 805 produtos pesquisados apontaram redução na produção. Entre as atividades, veículos automotores, reboques e carrocerias (-26,1%) e indústrias extrativas (-15,0%) exerceram as maiores influências negativas na formação da média da indústria, pressionadas, em grande parte, pelos itens automóveis, caminhões, autopeças, veículos para transporte de mercadorias, chassis com motor para ônibus e caminhões, carrocerias para ônibus e caminhões, motores diesel para ônibus e caminhões e caminhão-trator para reboques e semirreboques, na primeira; e minérios de ferro e óleos brutos de petróleo, na segunda. Outras contribuições negativas relevantes vieram de máquinas e equipamentos (-20,9%), metalurgia (-14,2%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-32,6%), de produtos de metal (-16,6%), produtos de borracha e de material plástico (-14,5%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-17,4%), produtos de minerais não-metálicos (-12,6%), outros equipamentos de transporte (-24,1%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-12,2%), produtos têxteis (-14,6%), outros produtos químicos (-3,9%) e móveis (-15,6%). Por outro lado, entre as quatro atividades que ampliaram a produção nos quatro primeiros meses de 2016, a principal influência foi observada em produtos alimentícios (2,2%), impulsionada, em grande parte, pelo avanço na fabricação de açúcar cristal. Os demais resultados positivos foram registrados pelos setores de celulose, papel e produtos de papel (2,6%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (2,7%) e de produtos do fumo (12,6%), explicados, principalmente, pelos itens pastas químicas de madeira (celulose), no primeiro; medicamentos, no segundo; e cigarros, no último. 17


Entre as grandes categorias econômicas, os resultados nos quatro primeiros meses de 2016 tiveram menor dinamismo em bens de consumo duráveis (-26,5%) e bens de capital (-25,9%), pressionadas especialmente pela redução na fabricação de automóveis (-25,4%) e eletrodomésticos (-31,7%), na primeira; e de bens de capital para equipamentos de transporte (-25,9%), na segunda. Os segmentos de bens intermediários (-9,6%) e de bens de consumo semi e não-duráveis (-2,8%) também assinalaram taxas negativas no índice acumulado do primeiro quadrimestre do ano, com o primeiro registrando recuo abaixo da magnitude observada na média nacional (-10,5%), e o segundo apontando a queda mais moderada entre as grandes categorias econômicas. Em síntese, o setor industrial, em abril de 2016, mostra resultado positivo pelo segundo mês seguido, mas novamente tem predomínio de taxas negativas entre os ramos industriais investigados. Vale destacar que, mesmo com esses dois meses de crescimento, o total da indústria recuperou apenas parte da perda de 2,9% observada em fevereiro último e ainda encontran-se 20,3% abaixo do nível recorde alcançado em junho de 2013. Ainda na série com ajuste sazonal, permanecem os sinais de menor intensidade da atividade industrial, que ficam evidenciados na evolução do índice de média móvel trimestral que prossegue com a trajetória descendente iniciada em outubro de 2014. No confronto com igual período do ano anterior, o setor industrial permaneceu com recuo tanto no índice mensal de abril de 2016 (-7,2%), vigésimo sexto resultado negativo consecutivo nesse tipo de comparação, como no índice acumulado no ano (-10,5%), com ambos mostrando perfil disseminado de taxas negativas entre as grandes categorias econômicas e as atividades pesquisadas, com destaque para as quedas vindas dos setores associados à produção de bens de consumo duráveis e de bens de capital.

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Venda de veículos novos sobe 2,8% em maio, mas cai 21,24% em um ano No acumulado de 2016, recuo foi de 26,23% frente ao ano anterior FONTE AGÊNCIA BRASIL 02/06/2016 ÀS 12H 13

Representante de vendas conversa com potenciais compradores de um carro em uma concessionária em São Paulo - Paulo Fridman / Bloomberg

RIO - As vendas de veículos novos aumentaram 2,8% em maio sobre abril, embora o mercado continue desaquecido, podendo fechar o ano de 2016 em queda, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pela Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Em comparação a maio de 2015, houve queda de 21,24%, com a comercialização de 167.509 unidades, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Veja também: 

Produção industrial contraria previsões e avança 0,1% em abril

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Ford amplia recall em 1,9 milhão de carros com airbags da Takata

Seis montadoras fazem recall de 2,5 milhões de veículos nos EUA

No acumulado de janeiro a maio deste ano, foram vendidos 811,2 mil veículos, número 26,23% abaixo do volume registrado nos cinco primeiros meses de 2015. No segmento só dos automóveis, as vendas subiram 4,08%, acima da média, com o escoamento de 137.448 veículos. No entanto, comparados ao ano passado, os negócios caíram 21,73% e foi registrada retração 25,49% no acumulado do ano.

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Também melhorou o desempenho momentâneo no comércio de ônibus, com alta de 9,61% sobre abril. Já em relação a maio de 2015, as vendas recuaram em 26,65% e o movimento foi 42,8% menor no ano acumulado. Entre os caminhões, a venda chegou a 4.084 unidades em maio, retração de 32,23% em relação a igual mês do ano passado e recuo de 2,55% sobre o volume registrado em abril. No acumulado do ano, a queda é de 31,81%. No caso dos ônibus, foram 1.255 unidades vendidas, representando uma baixa de 26,65% em comparação com maio de 2015, mas expansão de 9,61% em relação a abril. O recuo de janeiro a maio é de 42,80%. Pelas projeções da Fenabrave, as vendas em todos os segmentos de veículos, incluindo motocicletas, devem ter uma redução de 15% no fechamento deste ano. Considerando só os automóveis e comerciais leves, a previsão é de um recuo de 20%.

Polícia Federal também indicia vice-presidentes do Bradesco na Zelotes Procuradores denunciam ex-presidente do Carf na operação FONTE O GLOBO GABRIELA VALENTE E ELIANE OLIVEIRA 02/06/2016 ÀS 05H 00

Agência do Bradesco em Brasília - Adriano Machado / Bloomberg

BRASÍLIA - Além de indiciar o presidente do Bradesco, Luiz Trabuco, no inquérito da Operação Zelotes, o relatório enviado na terça-feira pela Polícia Federal para o Ministério Público pede o indiciamento de dois vice-presidentes da instituição. Segundo fontes ouvidas pelo GLOBO, a PF também indiciou Domingos Abreu e Luiz Angelotti por corrupção ativa. Veja também: 

Ex-presidente do Carf e sua filha são denunciados na Zelotes

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Em nota, Bradesco nega contratação de empresa investigada pela Zelotes

PF indicia presidente do Bradesco e mais nove em inquérito da Zelotes

Polícia Federal indicia presidente da Gerdau e mais 18 pessoas De acordo com a PF, os vice-presidentes informavam Trabuco sobre as negociações no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). O banco tinha uma autuação de R$ 3 bilhões da Receita Federal que queria derrubar no tribunal do órgão. DEZ NOMES NA DENÚNCIA Ao todo, dez pessoas foram indiciadas, como Lutero Fernandes do Nascimento, braço direito do ex-secretário da Receita Federal, Otacílio Cartaxo. Foram indiciados também o exconselheiro Jorge Victor Rodrigues, o ex-auditor da Receita Jeferson Salazar e o ex-chefe da Ordem e Análise Tributária da Delegacia de Instituições Financeiras de São Paulo, Eduardo Cerqueira Leite, além de lobistas. O Ministério Público Federal tem de analisar o indiciamento e decidir se é preciso novas diligências e se encaminhará o caso para a Justiça como denúncia. Em outro desdobramento, os procuradores responsáveis pela Zelotes enviaram na quarta-feira à Justiça outra ação penal que denuncia o ex-presidente do Carf, Edison Pereira Rodrigues, e a filha dele, ex-conselheira do órgão, Meigan Sack Rodrigues. Segundo o MP, eles atuaram de forma dissimulada em prol de uma corretora de valores. A contribuinte é autora de dois procedimentos administrativos fiscais, em que questionava autuações impostas pela Receita no valor de R$ 154,4 milhões. Os créditos cobrados pelo Fisco se referem à sonegação de tributos como Imposto de Renda, PIS/Cofins e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Segundo as investigações, primeiro, eles selecionavam clientes com passivos tributários milionários ou até bilionários no Carf. Em seguida, procuravam esses contribuintes a quem ofereciam soluções favoráveis mediante a divulgação do poder de influência que afirmavam ter junto ao tribunal. Por fim, garantiam a atuação formal nos processos por meio de outros advogados, uma estratégia para ocultar a condição de Meigan, uma potencial julgadora dos respectivos recursos. BANCO SE DEFENDE Por meio de nota, o Bradesco informou que não houve contratação dos serviços oferecidos pelo grupo investigado e que foi derrotado por seis votos a zero no julgamento do Carf. O banco esclarece que seu presidente, Luiz Carlos Trabuco Cappi, não participou de qualquer reunião com o grupo citado. “O mérito do julgamento se refere a ação vencida pelo Bradesco em todas as instâncias da Justiça, em questionamento à cobrança de adicional de PIS/Cofins. Esta ação foi objeto de recurso pela Procuradoria da Fazenda no âmbito do Carf”, diz a nota. “O Bradesco irá apresentar seus argumentos juridicamente por meio do seu corpo de advogados. O Bradesco reitera seus elevados padrões de conduta ética e refirma sua confiança na Justiça”. Lutero Fernandes do Nascimento não quis se manifestar. O GLOBO procurou os demais citados na reportagem, mas não obteve respostas até o fechamento desta edição.

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Renato Stanziola Vieira, advogado de Leite, disse que o cliente sempre esteve à disposição da Justiça. Ele negou que Leite tenha negociado qualquer direito privado e disse que vai aguardar a decisão do MP.

Serra critica OMC e diz que Brasil está 'pronto para tomar novos caminhos' FONTE ANDREI NETTO, CORRESPONDENTE – JORNAL O ESTADO DE S. PAULO 02 Junho 2016 às 14h 46

Em reunião ministerial da organização realizada em Paris, ministro das Relações Exteriores questiona credibilidade do organismo e sinaliza afastamento PARIS - O ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, questionou nessa quinta-feira, 2, a legitimidade da Organização Mundial do Comércio (OMC) e sinalizou que o país pode se afastar do organismo, "tomando novos caminhos". A manifestação foi feita em uma mini reunião ministerial da entidade realizada em Paris. Para o chanceler, a instituição enfrenta imobilismo, falhou em derrubar os subsídios e barreiras sanitárias e fitossanitárias e ao apostar na Rodada Doha – o que leva o Brasil a condicionar seu engajamento a avanços objetivos. RELACIONADA: 

OCDE considera Brasil um país-membro, diz secretário-geral

As críticas foram feitas na sede da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), na capital francesa, onde durante dois dias ministros de Economia e de Relações Exteriores de mais de 40 países estiveram reunidos. Na minirreunião da OMC estavam presentes representantes de cerca de 20 nações, incluindo grandes exportadores mundiais, como Brasil, Argentina, México, Estados Unidos e China. Em seu discurso, realizado a portas fechadas para a imprensa, Serra reconheceu que o Brasil enfrenta uma crise econômica causada em especial por fatores políticos internos, mas reiterou que o novo governo está tomando medidas para "corrigir desequilíbrios macroeconômicos" e "criar condições para o crescimento". "Nesse processo", sustentou, "o comércio internacional e investimentos vão desempenhar um importante papel".

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Serra reiterou que o Brasil 'valoriza' a OMC, mas alegou que 'a experiência dos últimos 10 anos não se mostrou recompensadora' Serra criticou então os subsídios agrícolas em países desenvolvidos, afirmando que eles contribuíram para abalar a credibilidade da OMC. "A proibição de subsídios de exportação para produtos agrícolas evitou a perda total da credibilidade do pilar de negociação da OMC. No entanto, a capacidade da OMC para permanecer um fórum significativo de negociação ainda está em questão", disse. O chanceler reiterou que o Brasil "valoriza" a entidade, mas alegou que "a experiência dos últimos 10 anos não se mostrou recompensadora". "Nós não fomos capazes de corrigir a assimetria em setores e o acesso entre produtos agrícolas e industriais. Não fomos capazes de corrigir as preocupações de países em desenvolvimento no sentido de facilitar sua participação crescente no comércio internacional", disparou. Foi então que Serra sinalizou o desengajamento em relação à organização – embora nos bastidores assessores do ministro reiteraram que não há hipótese de desligamento da OMC. "Se as coisas não funcionaram do jeito que tentamos, nós estamos prontos para novos caminhos, à medida que os problemas importantes para nós continuam na mesa", justificou. Serra exortou os colegas a estipularem um quadro de trabalho até a próxima reunião ministerial da OMC, que acontecerá no final de 2017. O encontro deverá, diz o chanceler, servir como um ponto de partida para "um processo de eliminação passo a passo das distorções". "Se nós prezamos a OMC, devemos multiplicar os esforços para fazê-la funcionar", reiterou, criticando a Rodada Doha – sem mencioná-la textualmente. "Em vez do modelo de uma grande rodada, talvez nós devamos tentar ter um fluxo contínuo de resultados nas reuniões ministeriais sucessivas a cada dois anos. O que o Brasil não pode ter na OMC é paralisia." As críticas de Serra vieram a público no momento em que sua gestão tenta acelerar as negociações bilaterais das quais o país participa – em especial o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. Na segunda-feira, o chanceler disse que cobraria avanços objetivos em uma reunião bilateral com a comissária europeia de Comércio, Cecilia Malmström, reclamando em especial da falta de ofertas relativas a produtos como carnes e etanol. "A União Europeia ainda está pendente de entregar partes de suas conclusões. Em geral no Brasil e na América Latina tem gente que diz que o acordo União Europeia-Mercosul não sai por causa do Mercosul. A bola agora está nos pés da União Europeia, e principalmente na questão agrícola", alegou. Na reunião bilateral, Cecilia Malmström teria reconhecido o problema, mas justificou que a agricultura europeia enfrenta crise, em parte causada pelas sanções mútuas com a Rússia. Ainda em Paris, Serra frisou que poderia acelerar as conversas com o Canadá e os Estados Unidos de forma a pressionar a UE. "Vamos insistir nas possibilidades de expansão do comércio com os Estados Unidos e Canadá, até como fator para estimular mais a União Europeia a se apressar. Do contrário, muita coisa poderá ser feita com Estados Unidos e Canadá", disse Serra.

'Não tenho conhecimento se corrupção na empresa acabou' FONTE ANTONIO PITA E FERNANDA NUNES – JORNAL O ESTADO DE S. PAULO 02 Junho 2016 às 12h 52

Novo presidente da Petrobrás, Pedro Parente defendeu que a companhia 'toma todas as medidas para buscar indícios'

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Pedro Parente discursa durante a posse RIO - O presidente da Petrobrás, Pedro Parente, que tomou posse nesta quinta-feira, 02, disse não ter conhecimento se ainda há focos de corrupção na empresa. "Não posso dizer o que não tenho conhecimento. O que posso dizer é que a empresa toma todas as medidas para buscar indícios entre fornecedores e funcionários que tenham praticado ou estão praticando esse tipo de ato", afirmou. O presidente do conselho de administração, Nelson Guedes, destacou o trabalho desenvolvido pela ex-ministra do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie, contratada para liderar o comitê especial de investigação. O comitê trabalha há um ano identificando irregularidades e, segundo Guedes, não há data para a conclusão do trabalho. Ele destacou ainda a atuação da diretoria de governança corporativa, de João Elek, no combate à corrupção.

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Pedro Parente confirma que diretoria da Petrobras será mantida Alan Marques/Folhapress

Pedro Parente diz que decisões da estatal serão tomadas com critérios empresariais

FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, LUCAS VETTORAZZO e NICOLA PAMPLONA DO RIO 02/06/2016 às 13h 32

O novo presidente da Petrobras, Pedro Parente, confirmou, no início da tarde desta quintafeira (2), que a a diretoria da estatal será mantida a despeito da troca de comando na petroleira. O anuncio foi feito em coletiva de imprensa realizada após a cerimônia de transmissão de cargo na presidência da Petrobras, que não teve a presença de Aldemir Bendine, que comandou a companhia no último ano. Segundo Parente, a diretoria já vinha fazendo um trabalho importantíssimo à frente da Petrobras, referindo-se ao esforço para redução de custos, diminuição na dívida e em levar adiante o projeto de venda de ativos não considerados estratégicos. Em seu discurso de posse, Parente marcou posição oposta à política adotada em governos anteriores, ao se posicionar contra a obrigatoriedade de a estatal ter 30% de todos os campos do pré-sal, com a função de ser a operadora, que é quem toma as decisões estratégicas.

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Parente afirmou que a empresa precisa ter o poder de escolha e que as decisões daqui para frente serão todas tomadas com critérios empresariais da empresa. Ele disse também que o papel social da Petrobras, muito cultuado pelos governo do PT, só pode ser desempenhado se a empresa estiver com boa saúde financeira. Ele afirmou que a empresa não irá mais investir em projetos pouco rentáveis. O discurso desta quinta-feira em que fez críticas duras ao que classificou de "dogmas" e "triunfalismo" de discursos recentes teria sido feito, segundo Parente, em parceria com o conjunto de diretores. "A diretoria, que vem fazendo trabalho importantíssimo, está absolutamente confirmada. Todos estão alinhados com a mensagem que passei no meu discurso, feito, inclusive, em conjunto com eles", disse. Antes mesmo da indicação de Parente pelo presidente da República interino, Michel Temer, o mercado já manifestava o desejo de que o diretor financeiro, Ivan Monteiro, fosse preservado no cargo. Ivan foi diretor do Banco do Brasil e assumiu a área financeira da companhia junto com Aldemir Bendine, em fevereiro de 2015. "O Ivan, com pouco mais de um ano na casa, já é visto como um velho companheiro pelos funcionários da empresa", elogiou Parente. Além de Ivan, estão mantidos nos cargos Solange Guedes, diretora de Exploração e Produção; Hugo Repsold, diretor de Serviços; Jorge Celestino, de Refino e Gás Natural; Roberto Moro, de Desenvolvimento de Produção e Tecnologia; e João Elek, de Governança.

Questão de perspectiva FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, EDITORIAL editoriais@uol.com.br 02/06/2016 às 02h 00

A ninguém ocorreria, naturalmente, comemorar a quinta queda trimestral consecutiva do PIB e a décima do investimento divulgadas nesta quarta-feira (1). Desde o início da recessão, dois anos atrás, a economia brasileira já acumula perda de 7,1%, uma das piores de nossa história. O país, porém, está há tanto tempo atolado na crise que mesmo dados negativos como esses podem conter notícia alvissareira —uma simples questão de perspectiva. A retração de 0,3% no primeiro trimestre em relação ao anterior foi bem menor que a esperada (0,8%) e mostra melhora substancial em relação ao ritmo de contração observado ao longo de 2015, em média de 1,5% por trimestre. O resultado provavelmente ensejará revisões nas projeções para este ano. Se até agora a média dos analistas trabalhava com encolhimento de 3,8%, as novas informações permitem estimar recuo menor, de 3% a 3,5%. 26


Compatível com esse cenário seria uma queda moderada do PIB no segundo trimestre, seguida de estabilidade na segunda metade do ano. Com alguma sorte, havendo retomada da confiança ao longo do próximo semestre, seria até possível, embora improvável, uma queda menor que 3%. As boas-novas, se é que podem mesmo ser classificadas dessa forma, por ora terminam nesse ponto. Os riscos ainda são enormes. Os indicadores disponíveis apontam para contração no segundo trimestre. A retomada da confiança, ademais, é não só incipiente mas também presa fácil da crise política e das incertezas sobre a capacidade do novo governo de implementar a necessária, embora impopular agenda para estancar o crescimento explosivo da dívida pública. Considere-se, além disso, o desemprego de 11 milhões de pessoas e o tempo que demorará para a volta do crescimento ter algum impacto na geração de postos de trabalho. A sensação nas ruas ainda será de arrocho por longo tempo. O crescimento, quando retornar, terá padrão diferente do verificado na década passada. Dependerá mais do investimento, hoje 27% abaixo do nível de meados de 2013. Para tanto, será preciso vencer grandes desafios. As empresas estão endividadas, e numerosos setores padecem de colapso organizacional, financeiro e estratégico. Reerguê-los demandará tempo. Mesmo assim, se o governo conseguir sanear as contas públicas, reduzir os juros e retomar concessões de infraestrutura, não será surpresa um crescimento de 2% no ano que vem. Saltos mais altos, no entanto, dependerão de reformas mais profundas para incentivar produtividade e reduzir custos.

A Lava Jato não pode parar FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, ANTONIO CÉSAR BOCHENEK 02/06/2016 às 02h 00

A Operação Lava Jato agrega, a cada instante, novos e surpreendentes fatos. Transcende as investigações e os processos judiciais, numa dimensão extraordinária. A corrupção sistêmica, impregnada nos entes estatais, está sendo revelada por diversos personagens e instituições que colaboram para a construção de um pensamento coletivo, visando uma sociedade melhor. A Lava Jato é hoje um patrimônio imaterial da sociedade brasileira. O Judiciário é a última garantia da sociedade que anseia por um país melhor. Nisso não há nenhum excesso, tampouco uma "ditadura do Judiciário". Muito pelo contrário; cada instituição cumprirá seus objetivos se fizer a sua parte. Nada além da obrigação e da contrapartida recebida pela sua missão. Nesse novo cenário, os meios de comunicação desempenham um papel fundamental a partir das informações disponibilizadas ao povo, com efeitos práticos de educação e conscientização cidadã sem precedentes. A opinião pública dá sinais claros de que está cansada dos abusos e das ofensas aos bens e interesses, bem como do descaso com os recursos públicos. 27


A vontade popular é soberana. As pessoas estão indignadas, e o senso de justiça da opinião pública é mais forte do que qualquer tentativa de interferência na Lava Jato. Não há governo ou segmento da sociedade que possam impedir a continuidade da operação. As tentativas de barrar as investigações ou os processos judiciais não foram adiante. Pressões e tensões existem em toda a sociedade. Em relação ao Poder Judiciário, elas sempre existiram. O importante é ressaltar que os órgãos de Justiça estão desempenhando o seu papel. Os magistrados federais não cederão a tipo algum de pressão. Darão respostas a todos os crimes levados a sua apreciação. Vivemos um novo momento de nossa história. Os integrantes do Judiciário, do Ministério Público, da Polícia Federal e da Receita Federal vêm desempenhando suas funções com eficiência, qualidade e dedicação, gerando resultados significativos ao país. O fortalecimento das instituições, adquirido a partir da redemocratização, não pode parar ou retroceder. Nesse novo paradigma da Justiça criminal brasileira, destaco a colaboração premiada. A legislação que trata desse tema é recente. Em apenas três anos, a aplicação apresenta resultados relevantes. Nos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, a delação premiada, como meio de obtenção de provas, é imprescindível para desvendar e responsabilizar toda a organização criminosa, de forma célere e com resultados mais efetivos. Permite ainda o retorno de valores e bens ao Estado, contribuindo para inibir a continuidade da prática criminosa e dos prejuízos sociais. Portanto, qualquer tentativa de restringir a legislação que trata da colaboração premiada, além de estar em descompasso com as tendências do direito penal, será um retrocesso inadmissível. A sociedade e as instituições não ficarão caladas. A impunidade não pode vencer, pois ela é combustível que alimenta a criminalidade e causa danos nefastos para toda população. O STF (Supremo Tribunal Federal) tem consciência disso, como se observa na decisão que permitiu a prisão após a condenação em segunda instância. A Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) também defendeu esse princípio em um projeto de lei apresentado ao Senado. A efetividade da jurisdição criminal e o combate à impunidade são fundamentais para o avanço do Brasil. ANTONIO CÉSAR BOCHENEK, 40, juiz federal, é presidente da Ajufe - Associação dos Juízes Federais do Brasil

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Futuro da EBC em risco FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, TEREZA CRUVINEL 02/06/2016 às 02h00

Em nefasta combinação de prepotência e desinformação, o governo Temer atirou-se com fúria ao desmonte da EBC (Empresa Brasil de Comunicação). Reduzi-la a uma agência de divulgação do Poder Executivo, como se cogita, será o fim da mais importante iniciativa para a democratização das comunicações, desperdiçando recursos e energias empregados para dar forma à previsão do artigo 223 da Constituição: a coexistência entre sistemas de radiodifusão privada, pública e estatal. O governo promete uma medida provisória alterando o coração da lei da EBC. Nela, terá de dizer claramente o que pretende da empresa: comunicação pública para a sociedade ou publicidade para o governo de plantão. Além da demissão do diretor-presidente Ricardo Melo, violando mandato garantido em lei, a intervenção atropelou o Conselho Curador (15 representantes da sociedade, quatro do governo, dois do Congresso e um dos empregados). Está em curso, a pretexto de "desaparelhar" a empresa, uma caça às bruxas que já exonerou quase 50 gestores e funcionários. Primeira presidente da EBC, afastei-me da estatal no final de meu mandato, em 2011, retornando há três meses como entrevistadora e comentarista. Tive o contrato (modestíssimo, à prova de lorotas) suspenso numa clara seleção política que alcançou também profissionais como Luis Nassif, Paulo Moreira Leite, Sidney Rezende, Albino Castro e Emir Sader. Mas não é por isso que estou neste debate. Presidi a diretoria inaugural que, em 2007, negociou no Congresso e implantou a empresa e a TV Brasil. Tenho responsabilidade pelo feito e compromisso com a sobrevivência do sistema público, que ultrapassa a EBC, mas tem nela o pilar central. Em outra frente, o Ministério das Comunicações expandiu as rádios e TVs comunitárias e regulamentou as redes digitais da Cidadania, Cultura e Educação, previstas no sistema brasileiro de TV digital. Esse conjunto formará com a EBC o sistema brasileiro de comunicação pública, não comercial e não governamental. Sobre a continuidade dessas outras ações, o governo ainda não disse nada. A EBC explora ainda oito emissoras de rádio, sendo que algumas cobrem grandes vazios de sinal na Amazônia. Os conteúdos livres da Agência Brasil abastecem veículos nacionais e estrangeiros. Lá fora, milhões de brasileiros recebem a TV Brasil Internacional sem taxa extra de assinatura. Por meio de unidade específica, a EBC presta ao governo serviços contratados, como transmissões da TV NBR, vitrine do Executivo similar às emissoras dos outros dois Poderes. Com apenas oito anos de existência, a EBC não responde ainda plenamente à sua missão, mas faz diferença na paisagem. Isso explica a fúria. Muitos problemas ainda exigem solução. 29


A TV Brasil nunca teve rede própria no sistema analógico, pois ao nascer o espectro já fora todo ocupado por emissoras privadas. Só terá cobertura nacional no sistema digital, o que demanda tempo e dinheiro. Como elevar a audiência com tão precária distribuição? Livres do jugo publicitário e dos interesses políticos, os canais públicos existem, aqui e em outros países, para garantir a expressão dos sem-voz e da diversidade social, política e cultural. A EBC vem sustentando programação dessa natureza, mesmo com limitações técnicas, de inovação ou linguagem. Que emissora comercial aberta oferece tantas horas de boa programação infantil? Caberá também à sociedade, e não só ao governo, decidir sobre o futuro da EBC: aprimorar o que foi feito ou jogar tudo fora? Essa é a questão agora. (tagline). TEREZA CRUVINEL, 60, é jornalista. Foi presidente da EBC - Empresa Brasil de Comunicação entre 2007 e 2011

Agronegócio rebate sugestão de sindicalistas para Previdência FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, Mauro Zafalon 01/06/2016 ÀS 02h 00

O setor agropecuário não gostou nada das sugestões dos sindicalistas para que o governo coloque um fim na cobrança previdenciária diferenciada para as empresas do agronegócio. Se concretizada, será "uma medida de impacto não apenas para o agronegócio mas para todo o Brasil. É um absurdo e uma medida bastante infeliz", diz Marcos Montes (PSD-MG), presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária). É justo que os sindicalistas defendam algumas situações e mostrem ao governo algumas posições, mas não podem mexer em um setor que está dando certo, avalia o presidente da FPA. "Eu entendo a posição deles. Não querem mexer nos seus direitos e nas suas conquistas, mesmo que essas não tenham trazido grandes resultados para o país. O que não podem é atrapalhar as conquistas que estão dando resultados", diz Montes. As centrais sindicais entendem que o fim da cobrança diferenciada para o agronegócio, medida que deverá ser apresentada ao governo, possa ajudar na eliminação do deficit das contas da Previdência. Se efetivada a proposta, o governo deverá decidir entre dois setores de onde veio grande parte do apoio para o afastamento temporário da presidente Dilma Rousseff. Montes diz que o agronegócio, com medidas tomadas no passado, constrói uma agenda positiva para o país. "Não pode ser que, devido à desmontagem que ocorreu em alguns setores, também queiram desmontar o agronegócio", avalia. "Estamos construindo pontes. E essas propostas vêm no sentido de explodi-las."

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Segundo o deputado, é justa a busca de soluções, mas ela deve visar áreas que não estejam funcionando. Ações positivas, como é o caso do agronegócio, têm de ser incentivadas. Elas acabam refletindo sobre a indústria e o comércio, avalia ele. NOTAS Grãos Após várias altas, as commodities agrícolas tiveram recuo de preços nesta terça-feira (31) em Chicago. A queda ocorre devido à realização de lucros efetuada pelos fundos de investimentos que atuam no setor. Amor à causa 1 O consumo de etanol vem tendo intensa queda nos últimos anos no Estado de Amapá. Nos quatro primeiros meses deste ano, foram consumidos 50% menos etanol do que em igual período de 2015. Amor à causa 2 Essa queda se justifica pela perda de paridade do etanol em relação à gasolina. O consumidor que optar pelo etanol paga mais pelo produto do que pela gasolina. A paridade é de 105%. Leite A queda na produção de leite, devido à entressafra, força uma alta nos preços do produto. No mês passado, o preço do leite recebido pelo produtor (sem frete e impostos) teve alta de 4,5% em relação ao de abril. Valor O litro foi comercializado a R$ 1,1571, em média, uma alta de 14,3% em relação a maio de 2015, em temos reais. Oferta O índice de captação de leite do Cepea registrou queda de 3,38% em abril nos sete Estados pesquisados. A maior queda ocorreu na região Sul, onde o recuo foi de 7% no Rio Grande do Sul, de 6% em Santa Catarina e de 1% no Paraná.

Os gols contra do BNDES foram de propósito? FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, BERNARDO GUIMARÃES 02/06/2016 às 13h 54

O novo técnico de um grande time de futebol afirma em sua primeira entrevista coletiva: – O time buscará marcar muitos gols e sofrer poucos. É mais ou menos assim que deveria soar a afirmação, feita pela nova presidente do BNDES Maria Silvia Marques, de que o BNDES buscará financiar projetos que tenham retorno social superior ao retorno privado, como noticiado pela Folha. O retorno privado é o ganho que um investimento traz à empresa que investiu (por exemplo, o aumento no lucro da empresa decorrente da compra de um equipamento). O retorno social é o ganho que um investimento traz ao país como um todo. Isso inclui o ganho à empresa que investiu mas também os ganhos desse investimento que não ficam com a empresa (isso ocorre, por exemplo, se a compra do equipamento, além de trazer lucros, propicia um aprendizado a funcionários da empresa, e esse aprendizado é usado no futuro por eles em outras empresas). 31


O BNDES fornece crédito subsidiado direcionado a algumas empresas. Só faz sentido existir crédito direcionado em casos que o retorno social seja superior ao retorno privado. Para entender esse ponto, suponha que o retorno social aos investimentos seja igual ao retorno privado. A empresa, ao escolher se toma o empréstimo ou não compara a taxa de juros que deverá pagar ao retorno esperado do investimento. Quanto maior o retorno privado, maior a taxa de juros que a empresa estará disposta a pagar. Assim, se não houver crédito subsidiado direcionado, ou seja, se a taxa de juros for a mesma para todo mundo, os empréstimos irão para as empresas com projetos que apresentam o maior retorno privado. Se o retorno privado é igual ao retorno social, o capital estará alocado nos projetos mais rentáveis para a economia do país como um todo. Mudar a alocação de capital só poderá piorar a alocação de capital, reduzindo o crescimento do país. Afinal, o crédito direcionado do BNDES não cria crédito do além, apenas afeta a alocação do crédito da economia (como já expliquei, por exemplo, neste post e neste post). Assim, se o retorno social não é maior que o retorno privado, não faz sentido a existência do crédito subsidiado do BNDES. O BNDES deveria ter sempre que explicar porque acredita que o retorno social dos seus investimentos é substancialmente maior que o retorno privado. Em quais casos o retorno social é maior que o retorno privado? Muitos argumentam que esse é caso da indústria nascente. O argumento é o seguinte: hoje, um tipo de indústria pode não ser lucrativo para o país, mas os investimentos nessa indústria gerarão um aprendizado que será muito valioso no futuro. Além disso, esse aprendizado poderá ser usado em outras empresas, não necessariamente na empresa que investiu de início. Assim, o retorno social seria maior que o retorno privado. Há um legítimo debate sobre se deveríamos estimular indústrias nascentes (que indústrias?) e como deveriam ser esses estímulos. Eu não estou dentre os que defendem esse tipo de política, mas entendo que essa poderia ser uma justificativa. O investimento em infra-estrutura é um exemplo mais claro de projeto com retorno social maior que o retorno privado. Uma boa infra-estrutura torna outros investimentos mais lucrativos. Assim, parte importante do ganho com esse tipo de investimento se espalha para a sociedade como um todo. Considerando o enorme subsídio implícito nos empréstimos do BNDES, o banco deveria ter que justificar que o retorno social dos seus investimentos é enorme, tão maior que o retorno privado. Porém, outra matéria da Folha mostra que o BNDES emprestou R$ 50 bilhões para financiar projetos em outros países. Pelo que diz a matéria, mais de R$ 40 bilhões financiaram a projetos da Odebrecht. Isso é cerca de cinco vezes o valor gasto com os estádios para a copa do mundo de 2014. 32


Esses R$ 40 bilhões poderiam ter financiado muitas outras atividades: parte poderia ter ido para pequenas empresas que precisam de crédito para sobreviver, mas só conseguem empréstimos a taxas altíssimas; outra parte financiaria a compra de geladeiras por consumidores que só conseguiriam comprá-las em prestações, com taxas de juros menores (como seria viver sem uma geladeira?). A antiga direção do BNDES deveria ter que explicar qual o retorno aos investimentos nesses países que transbordam para outras pessoas ou empresas no Brasil e tornam tão grande o retorno social desses projetos, a ponto de justificar a redução de crédito para outras atividades, como as descritas acima. O fato, porém, é que a afirmação da nova presidente do BNDES soa como uma novidade. Retorno social maior que o retorno privado? Parece um técnico de futebol anunciando um esquema tático diferente. Se a antiga direção do BNDES nos convencesse que não houve corrupção nesses R$ 40 bilhões de empréstimos, já nos daríamos por satisfeitos. Explicar que o gol contra foi sem querer já surpreenderia a maior parte de nós. Mesmo que o retorno social desses projetos pareça menor que o de um investimento de uma empresa no Brasil. E aí eu imagino o Dunga, em uma entrevista coletiva, explicando a jornalistas que não preparou o time com a intenção deliberada de marcar gols contra. A opinião pública estaria satisfeita? Luciano Coutinho deixa a presidência do BNDES após 9 anos e mais de R$ 100 bilhões gastos de subsídios (quanto exatamente, a gente não sabe). Ele deveria ter que explicar que tentou ganhar o jogo.

Entrevista. Roberto Azevêdo, diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) Para diplomata brasileiro, governo Temer está certo em investir em negociações bilaterais, mas não pode abandonar o interesse pela principal organização do comércio mundial

'Se o Brasil não negociar na OMC, vai sair perdendo' FONTE ANDREI NETTO, CORRESPONDENTE - JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 02 Junho 2016 às 14h 40

PARIS - A prioridade dada pelo governo de Michel Temer e pelo ministro das Relações Exteriores, José Serra, à negociação de acordos bilaterais, como o livre comércio entre Mercosul e União Europeia, não deve abalar a política multilateral do governo brasileiro. A recomendação foi feita pelo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o diplomata brasileiro Roberto Azevêdo, às margens da reunião ministerial da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), nessa semana, em Paris. RELACIONADAS:    

OCDE considera Brasil um país-membro, diz secretário-geral Profunda divisão política reduz chance de reformas, diz OCDE Serra pretende se aproximar de EUA e Canadá para pressionar Europa Deputados europeus pedem suspensão de negociação com Mercosul

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Para Azevêdo, o governo brasileiro está certo em investir nas negociações bilaterais, desde que também não negligencie a OMC. "Se o Brasil não se interessar e negociar na OMC, vai sair perdendo", sustenta. A seguir, a síntese da entrevista concedida ao Estado nesta quinta-feira, 2, em Paris.

'Resultado da negociação bilateral deve ser compatível com as regras da OMC'

O novo governo, de Michel Temer, tem como política de comércio uma política de contatos bilaterais do que propriamente de investimento no multilateralismo que a OMC representa. Como o senhor vê essa mudança de postura? Eu acabei de ter uma conversa com o ministro Serra e ele deixou muito claro que uma coisa não impede a outra. O Brasil, na opinião dele, deixou de explorar alternativas na área bilateral, o que é uma coisa que ele acha que deve ser feita. Mas também vai continuar a fazer na OMC e no multilateral. Eu acho natural. Há muito tempo eu venho dizendo isso. O Brasil não tem porque optar. Não é uma situação em que seja necessário escolher uma coisa ou outra. Esses países todos que estão negociando bilateralmente – Estados Unidos, União Europeia, Japão, os países asiáticos de uma maneira geral – são os países mais ativos dentro da OMC. Não é uma questão de "ou esse, ou aquele". Seria um erro escolher. Você tem de ser pragmático e procurar oportunidades comerciais onde elas se apresentam. A experiência de outros países mostra que eles usam essas outras negociações para alavancar a posição deles nas outras negociações. Mas todo o esforço de discurso do ministro Serra tem sido no sentido de reforçar a necessidade de um acordo entre o Mercosul e a União Europeia… Porque havia uma carência. Na opinião dele, na opinião desse governo, havia uma necessidade de explorar mais essas áreas. Mas eu repito: não tem porque escolher ou um ou outro. É possível fazer um e outro. Foi o que ele me disse que eles vão fazer. O senhor não vê nenhum desprestígio da OMC. Zero. Zero. Até porque a OMC está fazendo coisas, está dinamizada, está tendo resultados importantes nos últimos tempos. Nos últimos dois anos nós tivemos vários resultados importantes. Teve o acordo de facilitação do comércio, teve eliminação dos subsídios à exportação na área agrícola, teve o acordo de expansão de tecnologia da informação, que cobre um comércio de US$ 1,3 trilhão. Acordos estão acontecendo na OMC. Se o Brasil não se interessar e negociar na OMC, vai sair perdendo. Seria uma perda do Brasil. A OMC não pode ter nenhum papel a desempenhar nas negociações bilaterais que o Brasil quer intensificar, certo? 34


Não, não. A negociação bilateral é bilateral, mas o resultado da negociação deve ser compatível com as regras da OMC. Por exemplo, não se pode ter um acordo de livre comércio que não cubra substantivamente todo o comércio bilateral. Ou seja, você não pode ter um acordo bilateral que seja só de alguns setores. Nem que elimine alguns setores? Tem de tomar cuidado, porque se esses setores forem importantes, abordarem uma parcela importante do comércio, não se vai cumprir o requisito de ser "substancially outweigh" – que é praticamente todo o comércio. Não tem um número, mas é um valor alto. Então não se pode, da parte da União Europeia, por exemplo, excluir a agricultura de um acordo bilateral com o Mercosul? Só se a agricultura fosse uma parte marginal das relações comerciais, o que não é. Excluir não pode. Se excluir não pode, ou não vai cumprir com o requisito mínimo de substancially outweigh. Falou-se, e foi objeto de uma pequena polêmica entre Brasil e Argentina, sobre a hipótese de "flexibilização do Mercosul", de forma a permitir que cada um dos sócios negocie acordos comerciais bilaterais. O senhor tem uma análise a respeito? Que impacto poderia ter em termos de OMC? Essa é uma decisão do bloco, é o bloco que tem de tomar uma decisão sobre como viabilizar maior flexibilidade para que os parceiros possam negociar acordos de livre comércio. Em termos de negociação, no que quer que aconteça na área bilateral precisa respeitar os requisitos da OMC sobre os quais falei. Tem de abrir todo o comércio, e é de lado a lado. Um acordo de livre comércio tem de levar as tarifas a zero, e dos dois lados. E substantivamente, em todo o comércio. Como o bloco vai entrar em negociações, se em bloco ou não, não tenho uma opinião formada. Desde que seja compatível com as regras da OMC, está bem. A sensação no Brasil é de que o mundo deixou as negociações multilaterais em segundo plano, em favor das bilaterais. No Brasil, eu não sei por quê, nem como se desenvolveu uma dinâmica em que se meteu na cabeça que as negociações na OMC são a Rodada Doha. Esse é um erro crasso, um erro fundamental. A Rodada Doha é uma parte das negociações da OMC. Agora nós estamos falando em Genebra de uma quantidade de outros temas que podem vir para a agenda. É o caso de comércio eletrônico, pequenas e médias empresas, políticas de concorrência, barreiras não tarifárias, subsídios à pesca… Tem uma quantidade enorme de temas, mas no Brasil passase a impressão de que não está acontecendo nada na OMC. Ou não se está lendo os jornais internacionais, ou não entendem nada de OMC. O senhor foi eleito sem depender da campanha de um governo, mas com múltiplos apoios. Mas o Brasil agia em defesa de seu nome. Alguma coisa mudou com a mudança de governo? Não. Nós continuamos recebendo o apoio do governo brasileiro, não percebi nenhuma mudança nesse posicionamento. O Brasil defendeu sua candidatura, de seu candidato, como todos os países fazem. Do meu ponto de vista o Brasil tem atuado de forma muito ativa e construtiva. Nesse aspecto, tem facilitado muito a minha atuação tentando fazer avançar a agenda da organização.

Com medo de recuos, governo quer impeachment o 'mais breve possível' FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, GUSTAVO URIBE e VALDO CRUZ DE BRASÍLIA 02/06/2016 às 13h 39

Com receio de recuos de última hora na votação final do impeachment no Senado Federal, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, reconheceu nesta quinta-feira (02) que o governo

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interino tem o interesse que a análise sobre o eventual afastamento definitivo de Dilma Rousseff ocorra "o mais breve possível". O ministro considerou que a avaliação pela celeridade do processo é a mesma feita tanto pela sociedade brasileira como pela administração afastada, mas ponderou que a votação final deve obedecer as regras fixadas pela Suprema Corte. "Para o governo de Michel Temer, interessa ser o mais breve possível, obedecendo as regras fixadas pelo Supremo Tribunal Federal, cujo presidente preside o julgamento até a decisão final", disse. Nesta quinta-feira (2), a comissão especial do impeachment reduziu os prazos do processo e abriu a possibilidade da análise final ocorrer já no mês que vem. Em entrevista à imprensa, o ministro admitiu ainda que há "muita preocupação" na gestão federal com acenos de recuos por parte de senadores que votaram pelo afastamento da petista na primeira votação do impeachment. Ele observou, contudo, que só é possível prever como será o placar final um dia antes da votação. "Preocupa o governo e há muita preocupação, mas esse é um placar que só vamos conhecer 24 horas antes da votação. Há muitas variáveis que ainda estão sendo consideradas, mas a premissa maior é a vontade da população brasileira", disse. O ministro reconheceu que o governo interino não esperava que ocorressem mudanças de posição, mas ressaltou que, diferente de alguns senadores, a população brasileira não mudou de opinião sobre o impeachment de Dilma Rousseff. "O governo tem de fazer a sua parte. Nós estamos tendo a felicidade de contar com a base aliada do Congresso Nacional e estamos procurando sintonizar a administração com a aspiração da sociedade", disse. "E não tenho dúvidas que não houve mudanças na posição da sociedade", acrescentou. RECUOS Com as turbulências do governo interino de Michel Temer, senadores como Cristovam Buarque (PPS-DF), Acir Gurgacz (PDT-RO) e Romário (PSB-RJ) admitem que podem mudar de posição. Em reação, Temer tem pedido ao Congresso Nacional que aumentem a defesa contra o discurso dos partidos de oposição de que o impeachment não é um golpe e tem se reunido com parlamentares que podem mudar a posição dos senadores agora indecisos. Nesta semana, por exemplo, ele se reuniu com o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, e com o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE). Em outra frente, o peemedebista também decidiu partir para um confronto direto com a petista, na tentativa de enfraquecer seu discurso contrário ao governo interino.

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