SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS
07 DE JUNHO DE 2016
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Governo é alvo de protesto na OIT FONTE JAMIL CHADE, CORRESPONDENTE - JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 06 Junho 2016 às 22h 12
Recepção organizada pela equipe do Brasil foi boicotada por parte dos sindicatos GENEBRA - O governo de Michel Temer passou a ser alvo de repetidos ataques durante as reuniões ministeriais da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que ocorrem nesta semana na sede da ONU em Genebra. O Itamaraty, visivelmente constrangido, foi obrigado a montar uma estratégia para responder a cada um dos ataques. Uma recepção organizada pelo Brasil com a presença do ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, também foi boicotada por parte dos sindicatos em protesto contra o chefe da pasta. A OIT realiza a cada ano sua reunião, com a presença de governos, sindicatos e empresários de todo o mundo. Nogueira ficará até sexta-feira em encontros na Suíça e parte de seu trabalho será o de convencer as entidades de que o governo está agindo e é legítimo. Mas seus assistentes não disfarçam a preocupação com a repercussão dos protestos diante de centenas de delegações estrangeiras. Um dos atos foi o boicote a um encontro social marcado para esta segunda-feira, 6. A recepção é organizada tradicionalmente e a cada ano pela missão diplomática do Brasil na ONU para receber todos os participantes nacionais na conferência da OIT. Além de Nogueira, estavam presentes ministros do Tribunal Superior do Trabalho, representantes dos empregadores, deputados e diplomatas. Já os representantes da CUT e outros sindicatos que, nos últimos anos sempre estiveram na recepção, optaram por organizar no mesmo momento uma manifestação em Genebra contra o governo. Com representantes de delegações de 15 países, o encontro foi marcado por denúncias e o apelo por uma mobilização entre os sindicatos para agir contra a diplomacia brasileira. Ao explicar a situação brasileira, o representante da CUT, Antonio Lisboa, alertou os sindicatos estrangeiros que o novo governo vai promover mudanças na previdência e reformas trabalhistas. Dentro do prédio da ONU, onde ocorre a conferência com 3 mil pessoas, os ataques também se repetiram. Ontem, na plenária das Nações Unidas, o sindicalista grego George Mavrikos, presidente da Federação Mundial de Sindicatos, acusou a delegação brasileira de “fascista”. A diplomacia brasileira pediu direito de resposta. Mas, quando foi falar, passou a ser vaiada. “Eles foram calados. É assim que temos de agir”, disse depois Valentin Pacho, representante do mesmo sindicato. Na sexta-feira, diplomatas brasileiros já tinham sido hostilizados numa das reuniões da OIT em Genebra por sindicatos latino-americanos. Ontem, uma delegação de trabalhadores da Venezuela acusou Temer de ter promovido “um golpe de Estado” numa das reuniões da OIT. Resposta. Preocupados com a repercussão, os diplomatas brasileiros receberam a orientação de não deixar nenhum ataque sem resposta. A embaixadora Regina Dunlop colocou um representante brasileiro em cada sala para garantir que nenhuma brecha fosse dada. Em todas as ocasiões, o Itamaraty pediu a palavra e leu dois parágrafos indicando que a Constituição estava sendo respeitada e que não existia o golpe denunciado. Nos corredores, porém, diplomatas e a equipe do Ministério do Trabalho não escondiam o temor de “manchar a imagem” diante da comunidade internacional às vésperas dos Jogos Olímpicos. Deputados presentes ao evento também admitiram que mesmo o encontro do ministro com o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, que ocorre hoje, foi agendado somente depois de uma insistência por parte da missão do Brasil em Genebra. Ryder esteve no Brasil há cerca de um mês e fez uma visita ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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Ao chegar a Genebra, o ministro do Trabalho tentou mostrar que o governo Temer vai manter todos seus laços com a entidade. “O Brasil tem sido parceiro da OIT e reconhece os protocolos, em especial daqueles que o Brasil fez parte da construção”, disse Nogueira. “A OIT tem um papel fundamental na pacificação das relações do trabalho no mundo e aquilo que o Brasil tem feito no combate ao trabalho escravo e infantil, e o esforço na pacificação nas relações do trabalho, é um exemplo ao mundo”, completou. Direitos. Nogueira também tentou desfazer a ideia de que o plano do governo é o de rever direitos trabalhistas, como alegam os sindicatos. O ministro apontou que sua meta é a de manter o diálogo com os sindicatos e que as reformas na área trabalhista e previdenciária serão feitas em contato com eles. “Tudo está sendo construído com os trabalhadores. Os trabalhadores não serão surpreendidos”, disse ao Estado. Nogueira, porém, preferiu não responder se as medidas propostas serão apresentadas antes da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff. “Isso é algo para o presidente Temer. Eu estou cuidando da pasta do trabalho”, explicou. “O principal desafio é inverter essa tendência do desemprego. Infelizmente, estamos com uma taxa que é o dobro da média mundial”, disse. “Mas no primeiro trimestre estamos confiantes de que haverá uma inversão e que iremos retomar a empregabilidade”, afirmou. O IBGE aponta que 11,4 milhões de brasileiros estão sem emprego, uma taxa de 11,2%. Segundo a OIT, a média mundial de desemprego é de cerca de 6%. “Para reduzir o desemprego, precisaremos de um somatório de um conjunto de fatores: economia, expectativa da confiança dos investidores, fidelidade dos contratos. O Brasil está procurando aprimorar tudo isso”, disse Nogueira.
Indústria tenta derrubar subsídio à Eletrobrás FONTE ANNE WARTH E ANDRÉ BORGES – JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 06 Junho 2016 às 22h 17
Cobrança extra de R$ 1,093 bilhão na tarifa será repassada em empréstimos subsidiados às distribuidoras da estatal; caso será julgado pela Aneel BRASÍLIA - A indústria vai tentar derrubar mais uma cobrança extra na conta de luz criada para ajudar as empresas do Grupo Eletrobrás. A pedido do Ministério de Minas e Energia (MME), os consumidores vão pagar R$ 1,093 bilhão mais nas tarifas de energia neste ano. Esse dinheiro será repassado em empréstimos subsidiados para as distribuidoras da companhia, acusada de ter se apropriado indevidamente de mais de R$ 7 bilhões nesse mesmo tipo de operação entre 1998 e 2011. RELACIONADAS:
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O caso será julgado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nesta terça-feira, 7, e tem como base um recurso da Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia (Abrace). A entidade afirma que a taxa é mais um subsídio “em desfavor do conjunto de consumidores brasileiros”.
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Eletrobrás está sendo acusada de ter se apropriado indevidamente de R$ 7 bilhões
Os empréstimos para as distribuidoras da Eletrobrás seriam feitos de acordo com as regras do fundo setorial Reserva Global de Reversão (RGR), que cobra das distribuidoras uma taxa de 5% ao ano, ou seja, menos que a inflação. Em tese, os financiamentos só poderiam ser realizados se houvesse sobra de recursos no fundo, o que não ocorre desde 2012. Todo o saldo da RGR foi usado para pagar indenizações para as empresas que aceitaram renovar suas concessões, em troca da redução de 20% nas tarifas. Esse é o principal ponto do questionamento da Abrace. Mesmo sem dinheiro disponível, o Ministério de Minas e Energia enviou ofício à Aneel solicitando que a cobrança extra fosse incluída na conta de luz para obter os recursos e liberálos às empresas. Isso implicou em alta de 1% na tarifa de todos os consumidores este ano. Para a Abrace, o ministério desrespeitou a lei, e a Aneel deixou de cumprir seu papel. “Estão usando o consumidor como banco, só que sem pagamento de juros e data para devolução dos recursos”, afirmou o advogado da Abrace, Julião Coelho, também ex-diretor da Aneel. Além de incomodar a indústria, a cobrança provocou controvérsia no próprio órgão regulador. Quando o processo foi julgado pela primeira vez, em fevereiro, a área técnica, a procuradoria e o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, se manifestaram contra a solicitação do MME. Ainda assim, a taxa foi aprovada pelos outros quatro diretores da agência. Rufino questionou a autoridade do MME em incluir essa cobrança na conta de luz e criticou o conflito de interesses que o caso envolvia. Apesar de pertencer ao governo, o fundo é gerido pela Eletrobrás, e os financiamentos, em sua maioria, são direcionados para as próprias empresas do grupo. “Não há razão lógica, legal, conceitual, para que a Eletrobrás siga liberando ou emprestando recursos para as empresas, um recurso, aliás, que ela não tem”, afirmou o diretor, em fevereiro.
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Ilan pede mais autonomia para o BC e promete inflação na meta Alan Marques/Folhapress
O indicado para a presidência do Banco Central, Ilan Goldfajn, participa de sabatina na CAE do Senado
FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, EDUARDO CUCOLO DE BRASÍLIA 07/06/2016 às 11h 16
O economista Ilan Goldfajn afirmou nesta terça-feira (7) que é imprescindível manter e aprimorar a autonomia do Banco Central. Em seu primeiro discurso após ser indicado pelo presidente interino Michel Temer para comandar o BC, Ilan disse ainda que a inflação baixa é condição essencial para a retomada do crescimento econômico e prometeu colocar o índice de preços ao consumidor na meta de 4,5%. "Nosso objetivo será cumprir plenamente a meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, mirando o seu ponto central", afirmou Ilan. As afirmações foram feitas durante a sabatina de Ilan na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos do Senado). A expectativa é que o economista tenha seu nome aprovado ainda nesta terça-feira pela comissão e também pelo plenário da Casa. Desde 2009, a inflação medida pelo IPCA não fica próxima ao centro da meta. Nos 12 meses encerrados em abril, a taxa está acima de 9%. 5
"Nossa história recente bem demonstra que níveis mais altos de inflação não favorecem o crescimento econômico, pelo contrário, desorganizam a economia, inibem o investimento, a produção e o consumo e impactam negativamente a renda, o nível de emprego e, por fim, o bem-estar social, especialmente das classes menos favorecidas", afirmou Ilan. O economista disse ainda ser que é preciso reconstruir, o quanto antes, o tripé macroeconômico formado por responsabilidade fiscal, controle da inflação e regime de câmbio flutuante, que permitiu ao Brasil ascender econômica e socialmente em passado não muito distante. Ilan foi diretor de Política Econômica do BC entre 2000 e 2003, nos governos FHC e Lula, período em que participou da criação do tripé que guiou a política econômica do país até o início do governo Dilma Rousseff. AUTONOMIA Ilan afirmou que Temer, na recente reforma da estrutura ministerial, propôs retirar a condição de ministro do presidente do Banco Central. A mudança, no entanto, dependerá da aprovação de uma emenda constitucional que garanta autonomia técnica ou operacional à instituição para perseguir as metas de inflação estabelecidas pelo governo. No discurso, Ilan citou a questão da autonomia técnica ou operacional, mas não falou em foro privilegiado, que define que ações contra o presidente do BC têm de ser julgadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal), outra questão que estava em discussão no governo. "Para o desempenho dessas funções, considero imprescindível manter e aprimorar a autonomia do Banco Central. Não se trata de ambição ou desejo pessoal, mas de medida que beneficia a sociedade mediante a redução das expectativas de inflação, da queda do risco país e da melhora da confiança, todas essenciais para a retomada do crescimento de forma sustentada", afirmou. Ilan afirmou entender que independência significa o BC fixar suas próprias metas e disse ser contra isso. Para ele, o governo é que deve fixar a meta de inflação, como ocorre hoje, e a instituição deve ter autonomia para persegui-la. Sobre a questão dos mandatos fixos, como acontece hoje com bancos centrais no exterior e agências reguladoras no Brasil, Ilan disse ser a favor. "Se houver algum avanço, não deveria ser na independência de ter objetivos, mas, no futuro, quando tiver maturidade para isso, pensar em mandato. No momento, haverá uma PEC [Proposta de Emenda Constitucional], com autonomia operacional e técnica, que irá abranger o Banco Central, o presidente e os diretores da casa".
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Senado estuda barrar reajuste de servidor que afete os Estados
FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, DANIELA LIMA DE BRASÍLIA 07/06/2016 às 02h 00
Integrantes da base do governo no Senado já admitem que o pacote de reajuste para o funcionalismo federal, cujo impacto é estimado em ao menos R$ 58 bilhões até 2019, não será aprovado integralmente pela Casa. Senadores tendem a barrar especialmente as propostas que desencadeariam o chamado "efeito cascata", aumentando também os gastos de Estados e municípios, como a que eleva os salários dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil. A Câmara aprovou na semana passada 14 projetos de lei que aumentam salários de diversas categorias. Os reajustes, porém, precisam ser chancelados pelo Senado. ESTADOS ESFAQUEADOS O próprio líder do governo na Casa, senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), diz que vai avaliar os projetos "um a um" a CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) e que o Congresso não pode, em meio à crise, "espetar uma faca nos governadores que já mal conseguem pagar as contas que têm hoje". O sinal verde do governo interino de Michel Temer para a aprovação desse megapacote de reajustes já havia repercutido mal entre partidos como o PSDB e o DEM na Câmara, mas o desconforto se ampliou no Senado. A avaliação é que aumentar salários num momento em que a principal bandeira da nova gestão é o controle fiscal envia "sinais trocados" para a sociedade. 7
A série de reajustes também começou a ser alvo de críticas de senadores do PT, que acusam Temer de fazer populismo com o funcionalismo público acenando com aumento de salário no mesmo período em que diversas carreiras condenam políticas adotadas pelo interino. Presidente da CAE, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse na tribuna do Senado que Temer "liberou geral" desconsiderando o "impacto perverso" que a medida terá nas contas públicas. O governo Temer afirmou que, como esses reajustes já estavam previstos no Orçamento e na meta fiscal, sua aprovação não agravaria ainda mais a situação das contas públicas e pacificaria a relação do Executivo com os servidores públicos.
Economista crítico a saída de Dilma deixa posto do BID em Washington FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, MARCELO NINIO DE WASHINGTON 07/06/2016 às 02h 00
Entre os representantes do Brasil apontados pelo governo de Dilma Rousseff para as três principais instituições financeiras multilaterais em Washington, apenas um deixará a capital americana. É o economista Ricardo Carneiro, que pediu seu desligamento como diretorexecutivo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Ele será substituído pelo atual diretor-executivo do Brasil no Banco Mundial, o também economista Antonio Henrique Silveira. Carneiro enviou seu pedido de desligamento em meados de maio, pouco após a aprovação do processo de impeachment da presidente no Senado, mas a escolha de seu sucessor só foi confirmada na última sexta (3). Para o atraso contribuiu o afastamento de Romero Jucá como titular do Ministério do Planejamento, pasta responsável pela nomeação do representante do país no BID. Silveira deverá ser substituído no Banco Mundial pelo atual representante do Brasil e de outros dez países no FMI, Otaviano Canuto.
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Para o cargo de Canuto será enviado Alexandre Tombini, atual presidente do Banco Central e que deve ser substituído por Ilan Goldfajn que ainda precisa passar por sabatina no Senado. Professor aposentado da Unicamp, Carneiro tem laços históricos com o PT e decidiu que deixaria o cargo no BID após a aprovação do impeachment. Ele nunca escondeu sua oposição ao impeachment. Foi um dos 355 economistas que assinaram uma carta ao Supremo Tribunal Federal em abril pedindo que o tribunal impedisse "o golpe em curso no Brasil". No caso do FMI, a expectativa é que Tombini, que tem doutorado em economia pela Universidade de Illinois e é casado com uma americana, chegue a Washington em agosto para assumir o cargo. Será a segunda passagem dele pelo Fundo, onde foi assessor sênior da representação do Brasil entre 2001 e 2005. Já o economista Otaviano Canuto, que foi cotado para suceder Joaquim Levy como ministro da Fazenda de Dilma, também deve voltar a uma instituição que conhece bem. Antes de ser nomeado representante do Brasil no FMI em 2015, ele trabalhou 12 anos no Banco Mundial.
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Sindicato do BC quer indicar presidente em lista tríplice e vê conflito na escolha de Ilan Gabo Morales - 15.mar.2012/Folhapress
Economista Ilan Goldfajn é o indicado à presidência do Banco Central FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, 07/06/2016 às 10h 04
Mais uma categoria de servidores públicos reivindica que a escolha do comandante de um órgão federal seja feita a partir de uma lista elaborada por funcionários da própria instituição. O Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central) quer que o presidente da autoridade monetária seja escolhido pelo presidente da República com base em três nomes apresentados pelos servidores do BC. Recentemente, funcionários da antiga CGU (Controladoria Geral da União), atual Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle cogitou elaborar também uma lista para apresentar ao presidente interino Michel Temer. A ADPF (Associação de Delegados da Polícia Federal) também defende que o novo diretor da PF seja escolhido por meio de lista tríplice votada pelos policiais, como ocorre com a Procuradoria Geral da República, por exemplo. O governo rejeita a ideia.
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O sindicato do BC já manifestou preocupação com a indicação do economista Ilan Goldfajn, que será sabatinado pela CAE (Comissão de Assuntos Econômicos do Senado) nesta terça-feira (7). Ilan deixou recentemente o Itaú-Unibanco para voltar ao setor público. Sinal ressalta que Ilan estava ligado a um banco nacional diretamente fiscalizado pelo BC, ao contrário de Armínio Fraga e Henrique Meirelles, ex-presidentes do BC que trabalhavam no exterior antes de assumirem o mesmo cargo. A expectativa é que Ilan tenha seu nome aprovado hoje pela CAE e também pelo plenário do Senado. Do ponto de vista técnico, haveria tempo para que ele participasse do segundo dia da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, mas a hipótese é descartada por pessoas próximas ao economista.
PIB da zona do euro é revisado para 0,6% no 1º trimestre Miguel Medina/AFP
Agência revisa para baixo crescimento da zona do euro no primeiro trimestre
FONTE REUTERS 07/06/2016 às 08h 25
A economia da zona do euro cresceu 0,6% no primeiro trimestre de 2016, taxa mais alta em 12 meses, sustentada pelos gastos das famílias e pelos investimentos do setor privado, mostraram nesta terça-feira (7) dados da agência de estatística europeia, a Eurostat. Em uma segunda revisão de seus dados, a Eurostat informou que o Produto Interno Bruto (PIB) subiu 0,6% em relação ao trimestre anterior e 1,7% na comparação anual.
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Isso em comparação com preliminar inicial de 0,6% e 1,6% divulgada em 29 de abril e com o corte subsequente para 0,5% e 1,5% em 5 de maio. A taxa de crescimento igualou o nível do primeiro trimestre de 2015, ritmo superado apenas no início de 2011, quando a economia da zona do euro cresceu 0,9%. As maiores contribuições para o PIB da zona do euro foram os gastos das famílias e os investimentos do setor privado. As mudanças de estoques e os gastos do setor público também foram positivos, mas as importações cresceram mais do que as exportações. Na comparação trimestral, o crescimento da Alemanha, maior economia da zona do euro, atingiu 0,7%, 0,6% na França e 0,3% na Itália. O único país da zona do euro que sofreu contração foi a Grécia, cuja economia encolheu 0,5%. Não foram fornecidos dados para Irlanda, Luxemburgo e Malta.
OMC: Brexit pode custar US$ 8,15 bilhões ao ano em tarifas Roberto Azevêdo diz que ajuste à mudança levaria anos FONTE AFP 07/06/2016 ÀS 11H 58
Mulher faz campanha pela permanência do Reino Unido na UE - Simon Dawson / Bloomberg
LONDRES - A aprovação da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) no referendo do próximo dia 23 custaria 5,6 bilhões de libras em tarifas por ano aos exportadores britânicos, disse nesta terça-feira em Londres o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevêdo.
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— Os exportadores britânicos correriam o risco de pagar até 5,6 bilhões de libras (US$ 8,15 bilhões ou € 7,17 bilhões) todos os anos em taxas sobre suas exportações disse Azevêdo em um discurso no World Trade Symposium de Londres. Azevêdo se somou, assim, às advertências do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE) contrárias ao Brexit. O brasileiro estimou que desfazer os laços comerciais com a UE e com os países com os quais o bloco europeu tem acordos comerciais seria uma tarefa incerta e complicada que pode levar anos e anos. — Posso afirmar que as negociações para se ajustar meramente aos termos existentes levaram vários anos para ser finalizadas, em certos casos até dez ou mais. De qualquer forma, no que diz respeito ao Reino Unido, é impossível dizer quanto tempo levará explicou. A única coisa certa seria a incerteza. Os partidários da saída do Reino Unido minimizam o impacto econômico de tal eventualidade e sustentam que o país teria as mãos livres para negociar rapidamente acordos comerciais que substituiriam os existentes. Boris Johnson, ex-prefeito de Londres e defensor do Brexit, disse em abril que o comércio britânico “aumentaria como resultado de se livrar de tanta burocracia e interferências políticas”. No entanto, o presidente americano, Barack Obama, advertiu que um Reino Unido fora da UE não teria nenhuma prioridade no momento de negociar um acordo comercial com os Estados Unidos e que teria que ir “para o fim da fila”. Azevêdo disse que Londres não estaria na melhor posição em caso de Brexit: — Se você tem que completar um acordo rapidamente quando a outra parte pode esperar, negociará de uma posição muito frágil. Então, sobre esta base, pode levar algum tempo até que o Reino Unido volte a uma posição similar à que tem hoje no que diz respeito às relações comerciais com outros países. Os britânicos partidários do Brexit aparecem na liderança das pesquisas pela primeira vez em um mês, de acordo com pesquisas divulgadas nesta semana. Segundo a média das pesquisas, elaborada pelo instituto de opinião What UK Thinks, os partidários da saída do bloco lideram por 51% a 49%, sem levar em consideração os indecisos. Segundo a maioria das pesquisas, o grupo dos que ainda não sabem o que fazer passa de 10%. Há apenas duas semanas, a vantagem da permanência na UE era de 55% a 45%.
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Argentina volta ao radar dos investidores Empresas estrangeiras e locais anunciam projetos de US$ 5,6 bi. Macri faz ofensiva para resgatar confiança FONTE O GLOBO JANAÍNA FIGUEIREDO 07/06/2016 ÀS 05H 00
Campanha. Prat-Gay foi questionado após pedir desculpas a espanhóis, para atrair investidores - ERIC PIERMONT / ERIC PIERMONT/AFP/3-6-2016
BUENOS AIRES - Numa declaração ousada e que provocou uma enxurrada de críticas internas, na semana passada o ministro da Fazenda da Argentina, Alfonso Prat-Gay, pediu “desculpas pelos últimos anos” a uma plateia de empresários espanhóis, em Madri. O gesto de Prat-Gay, que se referia, principalmente, à expropriação da companhia petrolífera Repsol-YPF em 2012, buscou reforçar a intensa campanha do governo Mauricio Macri para atrair novos investimentos que ajudem o país a sair da recessão este ano, analistas estimam que o crescimento será zero. De acordo com dados da empresa de consultoria Abeceb, nos primeiros quatro meses deste ano, empresas locais e internacionais anunciaram projetos em um total de US$ 5,6 bilhões. Na opinião de economistas, a Argentina voltou ao cardápio de países atraentes na América Latina, mas Macri ainda está longe de se tornar artífice de uma onda de novos investimentos. Veja também:
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— A Argentina está de volta ... Prometemos regras de jogo previsíveis assegurou o ministro.
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Mas Prat-Gay — que foi questionado até por aliados da Casa Rosada, como a deputada Elisa Carrió, que considerou um “absurdo” o pedido de desculpas aos espanhóis defendeu sua posição, convencido de que o governo Macri deve fazer tudo o que for necessário para recuperar a confiança e a credibilidade. — Estamos reparando o vínculo e ordenando a situação interna. A Espanha é um país primordial para nós enfatizou Prat-Gay. Todas as semanas, Macri se reúne com empresários argentinos e estrangeiros e faz a todos o mesmo pedido: novos investimentos. O presidente enfrenta uma pressão cada vez maior dos sindicatos, que já ameaçaram convocar greve geral caso o governo não consiga melhorar os indicadores sociais e econômicos, principalmente a taxa de desemprego, que pode chegar a dois dígitos até o fim do ano (atualmente, está em torno de 7,5%). BRF VAI INVESTIR US$ 292 MILHÕES Esteve recentemente na Casa Rosada o presidente da Exxon Mobil, Rex Tillerson, que saiu dizendo estar “muito otimista pelas mudanças que estão ocorrendo na Argentina”. Tillerson, segundo informou o governo Macri, destacou a participação da companhia no projeto de Vaca Muerta, na província de Mendoza, onde já investiu cerca de US$ 200 milhões, e analisou com Macri um projeto piloto em Neuquén, na Patagônia, junto com a XTO Energy e a estatal Gás e Petróleo de Neuquén, que poderia representar investimentos superiores a US$ 10 bilhões, em um período de 20 a 30 anos. Também estiveram com o chefe de Estado na semana passada representantes da BRF, uma das maiorias companhias de alimentos do mundo, que confirmaram os planos de expansão da empresa na Argentina e o desembolso de US$ 292 milhões este ano. O presidente global do Conselho de Administração da empresa, Abilio Diniz, foi recebido por Macri e, após a conversa, afirmou confiar “no potencial da Argentina, especialmente em seu povo”. No mercado local, a BRF tem marcas emblemáticas argentinas como a Good Mark (hambúrguers) e Vienissima (salsichas). — Finalmente estamos realizando tudo o que tínhamos planejado para a Argentina — disse José Carlos Reis de Magalhães Neto, membro do conselho da BRF. Nos últimos anos, países como Peru e Colômbia captaram investimentos que, em outro momento, teriam sido destinados ao mercado argentino. Macri, na visão do economista Ramiro Castiñeira, da Econométrica, ainda não conseguiu virar a página, mas voltou a colocar o país “no cardápio latino-americano”. — O governo está fazendo grandes mudanças. Antes, não havia estímulo para novos investimentos, apenas para o consumo. Muitas empresas foram embora lembrou Castiñeira. Ele inclui na lista de medidas bem-sucedidas de Macri “o fim do calote da dívida pública e da aplicação de medidas de controle cambial, além da abertura da economia”. — Não tenho dúvidas de que os investimentos irão chegando, as coisas não podem mudar em cinco meses — apontou o economista. ‘O INTERESSE É GRANDE’ 15
Para Fausto Spotorno, da Orlando Ferreres e Associados, “a imagem da Argentina melhorou muito no exterior”: — O que estamos vendo agora são muitos gerentes de grandes empresas vindo ao país para ver de perto como está a situação. O interesse é grande. Nos últimos meses, representantes de multinacionais como Siemens e Coca-Cola, entre outras, passaram por Buenos Aires. — São decisões que levam tempo, e a Argentina ainda tem problemas a serem resolvidos, além de um custo tributário altíssimo, um dos mais altos do mundo — opinou o economista. Na semana passada, Macri comunicou sua decisão de repatriar 18 milhões de pesos (cerca de US$ 1,3 bilhão) depositados por ele em uma conta nas Bahamas. Mais um gesto que busca gerar confiança entre investidores. Além de Prat-Gay, outros funcionários e autoridades argentinos têm participado da campanha em busca de novos investimentos para uma economia ainda em recessão. A maioria dos analistas acredita que o Produto Interno Bruto (PIB) argentino não crescerá este ano, embora seja previsto um princípio de recuperação para os últimos meses de 2016.
OAB pedirá afastamento do presidente da Anatel Entidade critica a atuação de João Rezende desde cogitar limite à internet fixa FONTE O GLOBO MANOEL VENTURA* 06/06/2016 ÀS 20H 31
O presidente da Anatel, João Rezende - Givaldo Barbosa / Agência O Globo
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BRASÍLIA - A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) informou nesta segunda-feira que pedirá o afastamento do presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João Rezende, do cargo. A entidade critica a atuação de Rezende desde que o presidente da agência reguladora admitiu a possibilidade de limitar a banda larga fixa. Veja também:
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Teles justificam franquia na internet por ‘abusos’ no consumo de dados
Portaria obriga teles a oferecer ao menos um plano com dados ilimitados
O pedido de afastamento será encaminhado à Presidência da República e ao Ministério das Comunicações. Em comunicado enviado à imprensa, o presidente da OAB, Claudio Lamachia, disse que Rezende não tem mais condições de permanecer no cargo e que o presidente da Anatel tem usado a agência como um “sindicato de empresas de telecomunicações”. — Sua condição de permanência está absolutamente comprometida com o que temos visto atualmente. Uma das maiores responsáveis pela falta de investimento em internet é a Anatel. Deveria regular mercado e não regula. Deveria agir de forma coerente e age como se fosse um sindicato a serviço de empresas de telecomunicação. A leniência com que trata as empresas é inaceitável afirmou Lamachia. Em abril, Rezende afirmou que a era da internet fixa ilimitada chegou ao fim. Na ocasião, ele disse que as próprias empresas de telefonia teriam deseducado os consumidores e que a oferta dos serviços deve ser “aderente à realidade”. Lamachia considerou a declaração do presidente da Anatel “desastrosa”: — Se alguma coisa terminou foi a Anatel, porque não é aceitável que o presidente de uma agência reguladora se comporte dessa forma. Como vamos aceitar situação como essa? Isto alargará as diferenças sociais no Brasil, porque quem não tem condições de contratar franquias extras ficará alijado. Após forte pressão popular, a Anatel decidiu, em abril, proibir limites na internet fixa, por prazo indeterminado, até que o Conselho Diretor do órgão se posicione definitivamente sobre o tema. Procurada no início da noite, a Anatel ainda não se manifestou a respeito das declarações de Lamachia e sobre pedido da OAB. *Estagiário, sob supervisão de Eliane Oliveira
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Falência de empresa argentina atrasa 300 eólicas no Nordeste FONTE ANDRÉ BORGES - JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 07 Junho 2016 às 12h 12
Cinco complexos de geração de energia tinham previsão de entrar em operação entre julho de 2013 e novembro de 2016, mas nenhum empreendimento foi entregue até hoje
A argentina Impsa é uma das maiores fornecedoras de turbinas no Brasil RELACIONADA:
Aneel atende indústria e derruba cobrança extra na conta de luz
BRASÍLIA - A construção de cinco complexos de energia eólica no Ceará e no Rio Grande do Norte se converteu em uma grande usina de atrasos, reflexo da quebradeira financeira que atingiu uma das maiores fornecedoras de turbinas no Brasil, a empresa argentina Impsa. O Estado teve acesso a um relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que analisou o tamanho do estrago causado pelo processo de recuperação judicial da fornecedora e a consequente paralisação de suas operações. O documento aponta que pelo menos 300 turbinas eólicas encomendadas não foram entregues pela Wind Power Energy (WPE), fábrica que a Impsa montou no Brasil para atender o mercado local. Cinco complexos de geração de energia, que somam 26 parques eólicos espalhados por municípios do Ceará e do Rio Grande do Norte, tinham previsão de entrar em operação entre julho de 2013 e novembro de 2016. Nenhum empreendimento foi entregue até hoje. Nos cálculos da Aneel, pelo menos 1.580 megawatts (MW) de geração eólica e outros 2.800 MW de geração hidrelétrica devem sofrer impactos em seus cronogramas por conta da falência da empresa e do atraso na entrega dos equipamentos. É quase o mesmo volume médio de energia que será entregue anualmente pela hidrelétrica de Belo Monte, quando a usina estiver em operação plena. As empresas Furnas, Comercial Mineira, EBDP, Energimp, Tecneira e o Fundo de Investimento em Participações Caixa Milão (FIP Caixa Milão), donas dos cinco complexos eólicos, 18
entregaram à Aneel pedidos de adiamento dos cronogramas e de perdão pelos atrasos nas obras. As empresas responsabilizaram a falência da Impsa pelos atrasos e solicitaram o chamado "excludente de responsabilidade", sob alegação de que foram prejudicadas pela situação da companhia. Os 13 parques eólicos de Furnas e o FIP Caixa Milão tinham previsão de serem entregues em setembro do ano passado. As empresas pediram que o prazo fosse adiado em 24 meses, prazo que passaria a ser contado somente após a decisão da diretoria colegiada da Aneel sobre o assunto. Outros projetos que deveriam ser entregues em 2013, 2014 e em novembro de 2016 tiveram seus cronogramas reorganizados para julho de 2021. A empresa Tecneira, por exemplo, solicitou prorrogação de entrada em operação comercial para janeiro de 2019, além de alegar que seu projeto não será mais viável se não houver mudança no preço da energia já negociada com o mercado. Mais que a mudança no cronograma, ela pede revisão tarifária de sua energia, saltando de R$136,60 o megawatt-hora (MWh) já negociados para R$286 o MWh. Pedido negado. Depois de analisar cada um dos argumentos apresentados pelas empresas, a Superintendência de Concessões e Autorizações de Geração da Aneel rejeitou integralmente os pedidos. Na maioria dos casos, segundo a área técnica da agência, constatou-se que as obras sequer começaram ou estão paralisadas há anos, situações que não teriam relação direta com a quebradeira da Impsa. Os técnicos também avaliaram que a decisão de contratar qualquer fornecedor de equipamentos é algo estritamente privado, e que suas consequências não podem onerar o consumidor de energia. "Todos os agentes alegam que se cercaram de todas as precauções, utilizando as melhores práticas do mercado para a escolha da empresa fornecedora dos equipamentos geradores e que a falência desta era um fato imprevisível", afirma a área técnica da Aneel, em seu relatório. "Mas, o que se pode inferir é que apesar de terem declarado diligência e tentado diminuir o atraso em seus cronogramas, a decisão de contratar a WPE como fornecedora partiu dos agentes." Segundo a agência, a aceitação do pedido significaria abrir um "precedente", porque "as empresas poderiam ser estimuladas a relaxar a gestão de governança na celebração de seus contratos com fornecedores de equipamentos". As empresas seguem com seus processos administrativos em andamento na Aneel, uma vez que a decisão final sobre os pedidos ainda depende de votação pela diretoria colegiada da agência. A reportagem não conseguiu contato com a Impsa.
Aneel atende indústria e derruba cobrança extra na conta de luz FONTE ANNE WARTH - O ESTADO DE S.PAULO 07 Junho 2016 às 11h 53
Órgão regulador voltou atrás e retirou cobrança de R$ 1,093 bilhão que seria repassado em empréstimos subsidiados para distribuidoras da Eletrobrás BRASÍLIA - A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) atendeu a um pedido da indústria e derrubou uma cobrança extra na conta de luz criada para ajudar as empresas do grupo Eletrobrás. O órgão regulador voltou atrás e retirou R$ 1,093 bilhão que seriam arrecadados a mais nas tarifas de energia neste ano. Esse dinheiro seria repassado em empréstimos subsidiados para as distribuidoras da estatal, acusada de ter se apropriado indevidamente de mais de R$ 7 bilhões nesse mesmo tipo de operação entre 1998 e 2011. RELACIONADA:
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A pedido do Ministério de Minas e Energia (MME), a Aneel havia autorizado, em fevereiro, a inclusão desse gasto nas tarifas dos consumidores de todo o País. Hoje, o órgão regulador reviu sua posição e acatou um recurso da Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia (Abrace), para quem a taxa era mais um subsídio "em desfavor do conjunto de consumidores brasileiros".
Eletrobrás é acusada de ter se apropriado indevidamente de R$ 7 bilhões
Os empréstimos para as distribuidoras da Eletrobrás seriam realizados de acordo com as regras do fundo setorial Reserva Global de Reversão (RGR), que cobra das distribuidoras uma taxa de juros de 5% ao ano, ou seja, menores que a inflação. Em tese, os financiamentos só poderiam ser realizados se houvesse sobra de recursos no fundo, o que não ocorre desde 2012. Todo o saldo da RGR foi utilizado para pagar indenizações para as empresas que aceitaram renovar suas concessões, em troca da redução de 20% nas tarifas. Esse era o principal ponto do questionamento da Abrace. Mesmo sem dinheiro disponível, o Ministério de Minas e Energia enviou ofício à Aneel solicitando que a cobrança extra fosse incluída na conta de luz para obter os recursos e liberálos às empresas, com o objetivo de financiar obras de universalização de acesso à energia. Isso implicou em um aumento da ordem de 1% na tarifa de todos os consumidores neste ano. Relator do processo, o diretor José Jurhosa argumentou que só poderia haver arrecadação extra para pagar indenizações a empresas do setor elétrico em caso de reversão das concessões. Com a decisão, a Eletrobras será proibida de firmar novos empréstimos com recursos arrecadados via tarifa. "Não há, na lei, qualquer previsão de uso para financiamento, empréstimo ou obtenção de recursos para qualquer concessionária", afirmou o diretor. O diretor-geral, Romeu Rufino, disse que o caso refletia conflito de interesses, pois a Eletrobras, como gestora do fundo, direcionava a maior parte desses empréstimos para suas próprias distribuidoras. "Pretender captar recursos junto ao consumidor para emprestá-los de forma subsidiada não faz nenhum sentido, ainda mais em um momento de tarifas tão altas", afirmou.
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Em pesquisa, 41% dizem que querem comprar carros FONTE CLEIDE SILVA - JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 07 Junho 2016às| 09h 46
Consumidores adiam compras para os próximos seis meses; indústria espera vendas ainda mais fracas em 2016 Em pesquisa recém-concluída pela Officina Sophia Retail sobre o que as pessoas gostariam de comprar, mas estão adiando para os próximos seis meses, 41% responderam que os automóveis estão no topo da lista. RELACIONADA:
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Foram entrevistadas mil pessoas com mais de 18 anos, pela internet, e as respostas eram espontâneas. Na sequência dos itens mais citados aparecem celular (31%), roupas e calçados (30%) e TV (27%). “Há uma demanda reprimida por diversos produtos, dos mais caros aos de menor valor”, diz Valéria Rodrigues, sócia da Officina Sophia Retail. Quando questionados sobre o que efetivamente acreditam que poderão comprar, 24% responderam automóveis, 18% roupas e calçados, 16% celulares e 12% aparelhos de TV. A pesquisa foi feita em maio.
Vendas devem ficar na casa de 2 milhões de unidades, as mais baixas em uma década
Vendas fracas. Após os resultados ruins nos primeiros cinco meses do ano, as montadoras revisaram as projeções feitas em janeiro e preveem um 2016 pior que o esperado. As vendas ficarão na casa de 2 milhões de unidades, as mais baixas em uma década. A queda prevista passou de 7,5% para 19% em relação a 2015. A produção deve cair 5,5%, para 2,3 milhões de veículos, voltando aos níveis de 12 anos atrás. Antes, o setor calculava quase empate com o ano passado. O dado de produção só não será pior porque as exportações estão ganhando fôlego. A previsão de aumento de 8% feita pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos 21
Automotores (Anfavea) foi revista para 21,5%, o que deve somar cerca de meio milhão de unidades, melhor resultado desde 2013. “O esforço das empresas e os novos acordos comerciais feitos pelo governo estão surtindo efeitos e as exportações mostram um viés positivo”, avalia o presidente da Anfavea, Antonio Megale. Neste ano, até maio, as vendas externas cresceram 21,8% em relação ao mesmo período de 2015. Já a produção e as vendas caíram 24,3% e 26,6%, respectivamente. Os novos números estão mais em linha com as previsões que já vinham sendo feitas por consultorias e até montadoras. A revisão demorou a ser feita pela Anfavea, avaliam analistas. Megale acredita que apenas no fim do ano começará a ocorrer uma recuperação do mercado interno, que deve ser mais expressiva a partir de 2017. “Os primeiros sinais do novo governo são de um pouco mais de previsibilidade”, diz o executivo, que elogia medidas anunciadas até agora pela equipe econômica. “O que o setor precisa é de estabilidade e de confiança”. Ele também afirma que não é momento de pedir qualquer incentivo governamental. Outro dado destacado por Megale para a retomada do mercado é que a venda média diária está estável desde o início do ano, em cerca de 8 mil unidades - ou seja, parou de cair. Os estoques caíram de 45 para 42 dias de vendas, mas ainda muito são elevados, segundo o executivo. Montadoras e revendas têm 236,4 mil veículos nos pátios.
Indicado para o BC diz que nível de reservas pode ser revisto FONTE JORNAL FOLHA DE S. PAULO, EDUARDO CUCOLO DE BRASÍLIA 07/06/2016 às 12h 33
O economista Ilan Goldfajn, indicado para assumir o comando do Banco Central, afirmou nesta terça-feira (7) que a instituição pode rever o nível das reservas internacionais "assim que as condições permitirem". O Brasil tem hoje US$ 376 bilhões em reservas em moeda estrangeira, cerca de 20% do seu PIB (Produto Interno Bruto), algo próximo do nível de outros países emergentes, segundo o economista. Ilan afirmou não haver consenso sobre qual seria o nível ideal, considerando a literatura econômica, mas que esse debate pode ser retomado. "Esse seguro, no momento, é um seguro que vale a pena manter. Mas, assim que a gente passar esse período de incerteza, vale a pena fazer essa discussão sobre o nível ótimo das reservas, que depende também do quanto nos custa manter", afirmou Ilan durante sabatina na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos do Senado). "Não é um debate para o curto prazo. É relevante manter esse seguro, mas é um debate importante assim que as condições o permitirem." VENTOS O Brasil não irá contar com os ventos favoráveis da economia mundial da década anterior, mas poderá voltar a crescer em 2017 se forem tomadas medidas concretas nesse sentido, afirmou Ilan.
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"O período de ventos favoráveis na economia global ficou no passado e a era de juros nulos ou negativos está perto de seu fim, pelo menos nos EUA." Ilan afirmou que o cenário internacional é desafiador, mas que há algumas luzes no fim do túnel. Disse que a economia da China está desacelerando, mas que não acredita na possibilidade de uma parada brusca. Sobre os EUA, afirmou que o banco central do país não tem pressa para elevar novamente os juros, pois há dúvidas sobre o ritmo de recuperação da economia local. Para o economista, é factível que o país volte a crescer em 2017, como projetam os economistas consultados pelo próprio BC. Para isso, no entanto, Ilan disse ser fundamental colocar as contas públicas em ordem, algo que ajudaria o BC a controlar a inflação.
Aneel cancela ajuda de R$ 1 bilhão à Eletrobras Danilo Verpa - 11.nov.2009/Folhapress
Torre de transmissão de energia próximo à estação de Furnas em MG
FONTE JORNAL FOLHA DE S. PAULO, MACHADO DA COSTA DE BRASÍLIA 07/06/2016 às 12h17
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) retirou cerca de R$ 1 bilhão de empréstimos subsidiados dados à Eletrobras da conta de luz. O valor refere-se a financiamentos concedidos à estatal no âmbito do fundo setorial RGR (Reserva Global de Reversão) que, na prática, estavam sendo concedidos pelos consumidores de energia. Os valores já estavam sendo cobrados de clientes de distribuidoras que tiveram seus reajustes aprovados pela Aneel. Com a retirada, esses consumidores deverão ser ressarcidos. O impacto, no entanto, é inferior a 1% na conta de luz.
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A agência acatou os recursos da Abrace (Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia) e da Light (distribuidora da Grande Rio), que denunciaram a ilegalidade do subsídio. As duas entidades alegam que o MME (Ministério de Minas e Energia) utilizou os consumidores como financiadores da Eletrobras, pois a estatal só poderia utilizar a RGR caso houvesse dinheiro sobrando no fundo. Não é o caso. Todos os recursos da RGR foram raspados pelo governo Dilma para pagar a antecipação da renovação das concessões de geradores e transmissores de energia em 2012. Desde então, a RGR nunca foi recomposta. O MME, enquanto chefiado pelo agora senador Eduardo Braga (PMDB-AM), pretendia alimentar o caixa de distribuidoras de energia, em especial as que atendem os chamados "sistemas isolados" —áreas da região Norte que não estão ligadas ao Sistema Interligado Nacional. Essas distribuidoras possuem uma operação mais cara do que as do resto do país, pois quase toda a eletricidade da região é gerada por usinas térmicas. Para ajudar na gestão financeira, o MME pediu no final do ano passado que a Aneel adicionasse à CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) —um encargo cobrado na conta de luz— R$ 1,093 bilhão sob a rubrica "Financiamentos Concedidos – RGR". A decisão de retirar esse valor da conta de luz é uma reversão do entendimento que a Aneel teve em fevereiro, quando julgou a questão pela primeira vez. Naquele momento, a diretoria da Aneel aprovou a cobrança do subsídio. Por outro lado, a decisão corrobora um entendimento dado em maio sobre um caso que envolvia a gestão da RGR pela Eletrobras. A Aneel cobrou uma conta bilionária da estatal após entender que Eletrobras lucrou cerca de R$ 1,9 bilhão entre 1998 e 2008 ao gerenciar o fundo. Quando corrigido, esse valor chega a R$ 7 bilhões.
4 de 10 pedidos de seguro-desemprego ficam na ‘malha fina’ FONTE RENATO JAKITAS – JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 07 Junho 2016 às 05h 00
Levantamento mostra que aumento de casos se intensificou depois da implantação de um novo sistema antifraude Praticamente dobrou o número de pessoas que enfrentam dificuldades na liberação do seguro-desemprego em São Paulo. Levantamento feito pelo Estadocom a Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho (Sert), órgão que recebe pedidos pelo benefício federal no Estado, aponta que cerca de 4 em cada 10 solicitações (38% dos casos) ficaram presas na “malha fina” do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), entre janeiro e maio de 2016. RELACIONADAS
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O número é o dobro do que se contabilizou em igual período do ano passado, quando 21% das requisições seguiram para análise em Brasília.
Renata, desempregada desde abril, pensa em buscar benefício no interior
A situação tem se intensificado desde o dia 20 de abril, com a inauguração de uma nova versão do sistema antifraudes para a liberação do benefício, batizado de Mais Empregos. A nova tecnologia passou a cruzar as informações dos segurados e das empresas com os bancos de dados da Receita Federal e da Caixa Econômica Federal (CEF). Na prática, o efeito imediato é que, para algumas pessoas, o tempo para a obtenção do seguro, que normalmente leva 30 dias depois de protocolado o pedido, saltou para 120 dias. Acrescidos os trâmites iniciais, a ida e vinda de recursos e os prazos de agendamento nos departamentos públicos, esse prazo pode se estender por até oito meses desde a baixa na carteira de trabalho, segundo conta o supervisor-geral do seguro-desemprego da Sert, Miguel Sanches. “Essa é uma realidade nova que o segurado enfrenta”, conta Sanches. “É muito tempo para quem está desempregado”. Alternativas. A analista de recursos humanos Regina Nonato foi demitida no dia 25 de abril, entrou com o pedido para o seguro na sexta-feira passada, e descobriu que precisaria reagendar um novo atendimento no MTE. Segundo ela, o atendente da Sert avisou que o prazo para agendamento em São Paulo era dezembro. Mas que, em São Carlos, poderia conseguir em 30 dias. Ela pensa em seguir o conselho. “Acho que vou para o interior. Moro perto da Raposo Tavares. Vale qualquer coisa. Se eu não arrumar outro emprego, como eu vou viver até dezembro”? Outra que tem plano de pegar a estrada e procurar postos do MTE fora da capital é Renata Sousa. Sem emprego desde o dia 27 de abril, ela conta que tentou protocolar uma solicitação por três dias, até que descobriu que seu processo foi bloqueado. “Eu recebi uma carta escrita assim: ‘vínculo não encontrado ou divergente’. Ninguém me explicou o motivo”, afirma ela, que buscava informações na agência do MTE no centro de São Paulo. “Eles não deixam entrar. Dizem que tem de agendar pela internet. É muito descaso com a gente”. Na porta da agência, Renata é acompanhada a distância por quatro seguranças, que olham tudo e ficam posicionados em frente à porta de entrada. Quem tenta entrar sem atendimento agendado para o dia, é barrado. “Minha ordem é não deixar ninguém passar da porta de entrada”, diz um segurança. Questionado se não era possível acessar o balcão de informações 25
localizado a cerca de cinco metros da porta, já do lado de dentro da agência, ele dizia que não porque já teve muita “confusão”. “O cidadão vinha e ficava nervoso. Nesta semana, a gente precisou recorreu à viatura (da PM) um monte de vezes”. Na agência do Poupatempo da Sé, que recebe em média 400 solicitações de segurodesemprego por dia, o atendente Marvon Santos Junior diz que pelo menos a metade dos pedidos fica travada no sistema. “A gente encaminha para o ministério (do Trabalho) umas 200 pessoas por dia”, conta ele, que trabalha há três anos no mesmo local e conta que a situação é nova. “Além disso, o sistema cai o tempo inteiro. Às vezes, fica horas fora do ar”, diz Santos. Geraldina Moraes, operadora de caixa de supermercados, conta que foi difícil encontrar um posto com sistema em operação. “Eu fui no da zona norte, no Tucuruvi, e estava tudo parado. Daí eu fui até a Rua Voluntários da Pátria e também estavam sem sistema”, diz ela, sem emprego há um mês. Procurado pela reportagem, o Ministério do Trabalho afirma que vai reprocessar todos os requerimentos de seguro-desemprego protocolados desde 20 de abril, quando passou a trabalhar com a nova versão do sistema Mais Empregos. Em nota, diz que “o objetivo é reduzir o número de requerimentos bloqueados, que exigiriam análise posterior. Em alguns casos, os trabalhadores serão dispensados de solicitar abertura de processos administrativos, agilizando a reanálise e o pagamento do benefício”.
Com oferta menor, indústrias já disputam café Edson Silva/Folhapress
Plantação de café na região de Altinópolis, interior de São Paulo; indústria poderá enfrentar problemas
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FONTE JORNAL FOLHA DE S. PAULO, MAURO ZAFALON 07/06/2016 às 02h 00
A indústria nacional de café poderá ter uma "tempestade perfeita" pela frente –período em que as coisas não devem andar muito bem. As expectativas iniciais eram de uma safra maior de café e de um produto de qualidade. Seca na fase de desenvolvimento das lavouras em algumas regiões e excesso de chuva agora na colheita mudaram o cenário, principalmente para o café conilon. A safra de café arábica vai superar a do ano passado, mas as chuvas vão provocar uma quebra de qualidade de parte do produto. Já a produção de café conilon cai pelo segundo ano consecutivo –e com intensidade nas duas principais regiões produtoras: Espírito Santo e Rondônia. Com isso, "a indústria já tem problema de abastecimento e há uma disputa interna pelo café", diz Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café). Mas as indústrias não têm pela frente apenas uma redução de safra o que já eleva os custos, o desafio será também manter o blend da bebida que os consumidores estão habituados. Além da qualidade menor da matéria-prima, as indústrias terão de utilizar, neste ano, mais café arábica do que vinham usando nos anos recentes, devido à quebra de safra de conilon. O resultado final da bebida pode até ser melhor, dependendo da qualidade do arábica, mas as indústrias têm de fazer essa passagem com cuidado para não interferir muito no produto a que os consumidores estão acostumados, de acordo com Herszkowicz. Estoques baixos, câmbio favorável às exportações e produtor segurando o café nos armazéns à espera de preços melhores provocaram uma alta de 73% nos preços pagos pelas indústrias pelo café conilon nos últimos 12 meses. No caso do arábica, a alta foi de 8% no período. Em 2015, o café teve alta de 17% nas prateleiras dos supermercados, enquanto neste ano o aumento é de 6%, segundo pesquisas feitas pela associação das indústrias. Comparando esses valores nos supermercados e o aumento da matéria-prima no campo, Herszkowicz afirma que o setor industrial vai ter de realizar algum repasse nos preços que serão pagos pelos consumidores. Suco de laranja - Tempestades na Flórida e rendimento baixo das laranjas no Brasil, o que diminui a oferta de suco, elevaram os preços futuros da commodity em Nova York. O primeiro contrato foi a US$ 1,67 por libra nesta segunda (6), alta de 5,5% no dia. Mais por menos - Os EUA elevaram a importação de petróleo para 915 milhões de barris até abril, 4% mais do que em igual período de 2015. Já os preços pagos recuaram 42%, para US$ 29,2 por barril. Financeiro - Os gastos totais com essas importações recuaram para US$ 26,7 bilhões no ano. As compras no Brasil somaram 18 milhões de barris, no valor de US$ 595 milhões, segundo dados do governo dos EUA.
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AÇÚCAR VAI NA CONTRAMÃO DAS COMMODITIES O setor de açúcar vive uma combinação não muito frequente nos tempos atuais no setor de commodities. O preço é bom e a safra de cana é recorde, avalia Julio Maria M. Borges, diretor da JOB Economia e Planejamento. Em geral, as commodities vivem queda nas cotações externas. Quebra de safra mundial em 2015/16, redução de estoques e deficit entre oferta e demanda aceleram os preços. A alta externa mexe também com as negociações internas. O valor médio do açúcar cristal nos dois primeiros meses desta safra (abril e maio) superam em 51% os de igual período do ano passado, segundo o diretor da JOB. Para ele, as usinas do centro-sul vão moer 636 milhões de toneladas, com a produção de açúcar subindo para 34,4 milhões. Já as exportações de açúcar da região aumentam para 24,5 milhões de toneladas, ante 22,97 milhões em 2015/16, segundo Borges.
Encarar a sujeira FONTE JORNAL FOLHA DE S. PAULO, EDITORIAL 07/06/2016 às 02h 00
Ainda não foi desta vez que Michel Temer (PMDB) começou uma semana livre de turbulências em seu primeiro escalão. Na manhã desta segunda-feira (6), o presidente interino promoveu uma reunião no Palácio do Jaburu para decidir o destino dos ministros Henrique Eduardo Alves (Turismo) e Fábio Osório (Advocacia-Geral da União). Sobre o primeiro pesa a suspeita de que tenha recebido dinheiro no esquema do petrolão. O segundo vinha sendo criticado por sua atuação à frente da pasta. Ao menos por ora, Temer considerou não haver motivos suficientes para afastá-los, e ambos mantêm seus cargos. Antes deles, outros enfrentaram provações semelhantes, mas com distintos desfechos. Alexandre de Moraes (Justiça) e Ricardo Barros (Saúde) viram-se obrigados a emendar as próprias declarações; Romero Jucá e Fabiano Silveira, por sua vez, terminaram fora de suas pastas (Planejamento e Transparência, respectivamente). Pode-se imaginar sem medo de errar que as fontes de instabilidade para o governo Temer não se esgotarão nesses episódios. Como fica claro a partir do noticiário dos últimos dias, avançam as negociações sobre possível delação premiada dos empreiteiros Marcelo Odebrecht e Léo Pinheiro (OAS). Os dois têm boas razões para contar muito do que sabem –e para fazê-lo quanto antes. Consta que o Ministério Público Federal planeja aceitar o depoimento de apenas um deles. Ou seja, quem quiser utilizar a colaboração com a Justiça como estratégia de defesa não poderá tergiversar. Eis uma corrida valiosa para a sociedade. Seja pelos vastos negócios que detinham com diferentes governos, seja pela ampla rede de contatos, Odebrecht e Pinheiro têm muito a dizer sobre grandes escândalos de corrupção no país.
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Do governo interino ao afastado, do Poder Executivo ao Legislativo, dos membros da situação aos da oposição, é difícil arriscar qual figurão da política passará incólume por essa rodada de delações. Se a primeira instância da Justiça Federal caminha no ritmo esperado, o Tribunal Superior Eleitoral se permite incompreensível apatia. Como se fosse questão de somenos, o ministro Gilmar Mendes, presidente do órgão, afirmou que o julgamento das contas da chapa DilmaTemer provavelmente chegará a seu fim apenas em 2017. Seria um desastre, pois eventual cassação, nos termos da lei, levaria à realização de eleições indiretas. Verdade que o país patina numa crise econômica cuja solução depende de certa estabilidade política. Esta, contudo, precisa ser conquistada pelo esclarecimento de todas as suspeitas e pela punição dos responsáveis. Jogar a sujeira para baixo do tapete foi o que o Brasil sempre fez e deu no que deu.
Retrocesso nas UPPs FONTE JORNAL FOLHA DE S. PAULO, EDITORIAL 07/06/2016 às 02h 00
Estão em crise as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), talvez a melhor iniciativa pública no Rio de Janeiro em oito anos. Se o governo fluminense não reagir logo, mesmo em seu atual descalabro financeiro, elas podem ruir de vez. Funcionam hoje 38 unidades, a maioria (23) na zona norte do Rio. A mais antiga se instalou em 2008 na favela Santa Marta (zona sul). O conceito das UPPs se baseia no policiamento de proximidade, isto é, na presença constante de agentes no território antes dominado por facções criminosas. Por exemplo, com rondas a pé e participação em reuniões comunitárias e práticas esportivas. Além de conquistar respeito e confiança dos habitantes, pretendia-se retomar o controle da área pelo Estado. Em seguida viria a normalização de serviços como escolas, postos de saúde, correio etc. Estes vieram, mas não no número e na velocidade esperados. O sucesso obtido de início nas menores comunidades, com queda no número de crimes e de tiroteios entre traficantes e policiais, não se repetiu em aglomerados de favelas como o Complexo do Alemão, que abrange 18 delas. Ali, nunca cessaram os confrontos violentos nem as mortes, pois o tráfico não chegou a ser desalojado. Reportagem desta Folha mostra que, após R$ 700 milhões em obras, como teleféricos para transporte, o Alemão não foi pacificado. Há quatro UPPs na área, mas a população ainda convive com tiroteios frequentes e toques de recolher baixados por bandidos. No mês passado, sete pessoas foram baleadas. Duas outras morreram: uma moradora e um PM.
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As agências bancárias instaladas no complexo aos poucos vão fechando as portas. Os negócios e iniciativas culturais inovadores enfrentam dificuldades crescentes. Barreiras de cimento e metal instaladas pelo tráfico impedem o trânsito de veículos da polícia. Pesquisa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania com 2.000 militares de todas as UPPs indica que o policiamento de proximidade está batendo em retirada. De 2010 a 2014, decresceram os contatos de policiais com associações, igrejas, grupos culturais e ONGs; 60% relatam reações negativas de moradores, como raiva, desconfiança e medo em 2010, eram 28,5%. Mais da metade (52%) se diz despreparada para a função. Algo precisa ser feito para revitalizar as UPPs, ou essa ideia generosa se esvairá na convicção de que tudo não terá passado de maquiagem para os Jogos Olímpicos.
Astral ainda elevado Apesar das decisões impopulares que tomou para reequilibrar os fundamentos da economia, Macri apresenta sólido apoio na Argentina FONTE JORNAL O ESTADO DE S. PAULO, Celso Ming, 06 Junho 2016 às 21h 00
Com seis meses de governo, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, sustenta sólido apoio, apesar das decisões impopulares que tomou para reequilibrar os fundamentos da economia. RELACIONADA:
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Seu governo teve início em dezembro com imagem positiva de 66%, de acordo com a Consultoria Isonomia, e no fim de maio ostentava 62%. Diferentemente do que acontece no Brasil, a opinião pública argentina separa os índices de avaliação da coligação de governo (“Cambiemos”) da avaliação do presidente. Este iniciou seu mandato com os mesmos 62% de aprovação e hoje está com cerca de 52%. Na edição desta segunda-feira, o diário portenho La Nación observa que esse nível de avaliação é similar ao que detinha Cristina Kirchner seis meses depois do início de seu segundo mandato, e muito superior aos 28% que mostrou no início do primeiro.
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Conforme aponta Dante Sica, da Consultoria Abeceb, a população argentina parece ter entendido que as medidas impopulares se tornaram inevitáveis diante da herança desastrosa da presidente Kirchner e, por isso, segue passando voto de confiança à nova administração. Mas agora Macri está sendo desafiado a mostrar logo resultados. A principal medida impopular foi o corte dos subsídios. As tarifas de energia elétrica, por exemplo, sofreram reajustes de 23%. E outra foi a liberação do câmbio, que elevou as cotações do dólar em 45,2% e encareceu os importados. A inflação acumulada em 2016 já é de 21% e aponta para mais de 40% no ano (veja o Confira). Mas a meta é atingir em dezembro uma inflação anualizada de 25%. Assim, o governo Macri espera que o argentino acredite na baixa da inflação e aposte na estabilização. Seus dois primeiros sucessos foram ter estabilizado o câmbio, hoje em torno de 14 pesos por dólar, e ter normalizado as turbulentas relações com os credores. Um terceiro está a caminho: a implantação do regime de metas de inflação. O rombo fiscal continua alto, de 4,5% do PIB. As despesas públicas seguem crescendo mais do que a arrecadação. Mas o governo espera duas boas lufadas de recursos: o afluxo de financiamentos externos agora retomados; e a repatriação de capitais. Dante Sica estima que os argentinos mantenham no exterior entre US$ 200 bilhões e US$ 400 bilhões em ativos não declarados. Com esse “blanqueo”, espera arrecadar neste ano cerca de US$ 20 bilhões. Conta com dois trunfos. O primeiro é o retorno da confiança e o ajuste cambial realizado, uma vez que a fuga de capitais aconteceu principalmente em consequência do risco de desvalorização do peso, que agora não existe mais; e o segundo é o de que, desta vez, o contribuinte argentino está ameaçado de ser apanhado na malha que 48 países se comprometeram a estender com trocas recíprocas de informações fiscais. 31
Entre os grandes desafios que o governo Macri tem a enfrentar estão o controle da inflação e a retomada do crescimento econômico e do emprego, hoje altamente dependente dos novos investimentos, principalmente em energia. Um insucesso nesses quesitos aumentará as pressões por reajustes de salários e aposentadorias. CONFIRA:
Aí está a evolução da inflação da economia argentina.
Lá e cá Embora inevitáveis, as comparações entre o desempenho do governo Macri e o de Temer são prejudicadas por vários fatores. Macri é presidente efetivo; Temer é presidente em exercício. O governo Macri não enfrenta turbulências; o de Temer passa por pelo menos três: o processo de impeachment ainda não concluído; o furacão da Operação Lava Jato; e o rombo fiscal que é de cerca do dobro do argentino. Temer está há um mês no governo e já teve de mudar dois ministros.
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Renan, Cunha, Sarney e Jucá, do PMDB Pedro Ladeira - 1º.jun.2015/Folhapress
Os senadores Romero Jucá e Renan Calheiros com o deputado afastado Eduardo Cunha FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, 07/06/2016 às 11h 38
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal) pedido de prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do senador Romero Jucá (PMDB-RR), ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) e do deputado afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). É a primeira vez que a PGR pede a prisão de um presidente do Congresso e de um expresidente da República. O caso será analisado pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo. No caso de Renan, Sarney e Jucá, a base para os pedidos de prisão tem relação com as gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado envolvendo os peemedebistas. As conversas sugerem uma trama para atrapalhar as investigações do esquema de corrupção da Petrobras.
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Os pedidos de prisão foram divulgados nesta terça-feira (7) pelo jornal "O Globo" e confirmados pela Folha. Em relação a Sarney, o pedido é de prisão domiciliar, com o uso de tornozeleira eletrônica, em razão de sua idade –86 anos. Janot também pediu ao STF o afastamento de Renan da Presidência do Senado. No diálogo gravado por Machado, Jucá chegou a falar em um pacto que seria para barrar a Lava Jato. Doze dias após a posse dele no Ministério do Planejamento, a Folha revelou a gravação, e Jucá deixou o cargo voltando ao Senado. Outro diálogo revelou que Renan chamou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de mau caráter e disse que trabalhou para evitar a recondução dele para o comando do Ministério Público, mas ficou isolado. Em sua delação premiada, o ex-presidente da Transpetro afirmou que pagou ao menos R$ 70 milhões desviados de contratos da subsidiária da Petrobras para líderes do PMDB no Senado. Pedro Ladeira - 22.abr.2015/Folhapress
O ex-presidente da República José Sarney, do PMDB
A maior parte da propina teria sido entregue para o presidente do Senado, sendo R$ 30 milhões. Renan é considerado o padrinho político de Machado e principal responsável por dar sustentação a ele no cargo, que ocupou por mais de dez anos.
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O ex-presidente apontou ainda aos investigadores que Jucá e Sarney levaram do esquema R$ 20 milhões cada um. Não há detalhes sobre como Machado teria feito esses repasses, que foram desviados da empresa que é responsável pelo transporte de combustível no país. A colaboração traria ainda indicações de recursos para os senadores Edison Lobão (PMDB-MA) e Jader Barbalho (PMDB-PA). A delação de Machado já foi homologada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e a Procuradoria-Geral da República avalia os depoimentos para as investigações. Os depoimentos indicaram o caminho do dinheiro passado para os peemedebistas. Entre as suspeitas está a de que os peemedebistas teriam recebido parte da propina em forma de doações eleitorais, para facilitar a vitória de um consórcio de empresas em uma licitação para renovar a frota da Transpetro. Diante das colocações do ex-presidente da Transpetro, a expectativa é de que a Procuradoria ofereça as primeiras denúncias contra os integrantes da cúpula do PMDB no Senado. Segundo pessoas próximas às investigações, os depoimentos de Machado são um dos melhores entre as delações fechadas, porque revela detalhes e não apenas indicações ou referências do que teria ouvido sobre o esquema. Machado fechou delação depois que as investigações contra ele e sua família avançaram. Seus três filhos também colaboram com a Procuradoria. Machado teve seus sigilos bancário e fiscal quebrados pelo juiz Sergio Moro. CUNHA Já o pedido de prisão de Cunha foi revelado pela TV Globo nesta manhã. Segundo a Folha apurou, a Procuradoria avalia que a determinação de suspender o peemedebista do mandato e da Presidência da Câmara não surtiram efeito, sendo que ele continuaria tentando atrapalhar as investigações contra ele na Justiça e no Conselho de Ética da Câmara, que discute sua cassação. Há ainda relato de um integrante do conselho à Procuradoria de que estaria sendo ameaçado pelo grupo de Cunha. Cunha foi suspenso do mandato no dia 5 de maio, por decisão unânime do Supremo. Ele já é réu na Lava Jato pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, além de ser alvo de uma denúncia por conta secreta na Suíça, além de outros quatro procedimentos que apuram o uso do mandato para beneficiar aliados e ainda suposto desvios na obra do Porto Maravilha. Um outro pedido de abertura de inquérito segue em sigilo. Sem ligação com os desvios na Petrobras, o STF também abriu um inquérito para apurar se o peemedebista foi beneficiado por esquema de corrupção em Furnas. OUTRO LADO O advogado do senador Romero Jucá, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou que "prefere dizer que não acredita" no pedido de prisão de seu cliente.
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"Pelo que eu vi, pelo que eu soube, não havia nada que justificasse uma medida como essa", disse o defensor. Kakay reconheceu, porém, que ainda não teve acesso aos autos da investigação. "Estamos pedindo acesso desde sexta-feira, sem sucesso." Em nota, Renan reafirmou que não praticou nenhum "ato concreto que pudesse ser interpretado como suposta tentativa de obstrução à Justiça" porque "nunca agiu, nem agiria, para evitar a aplicação da lei", e considerou a iniciativa da PGR "desarrazoada, desproporcional e abusiva". O peemedebista disse ainda que não teve acesso aos fundamentos que embasaram os pedidos de prisão e fez uma crítica ao Ministério Público ao dizer que as "instituições devem guardar seus limites". "Por essas razões, o presidente considera tal iniciativa, com o devido respeito, desarrazoada, desproporcional e abusiva. Todas as instituições estão sujeitas ao sistema de freios e contrapesos e, portanto, ao controle de legalidade. O Senado Federal tem se comportado com a isenção que a crise exige e atento à estabilidade institucional do país. A nação passa por um período delicado de sua história, que impõe a todos, especialmente aos homens públicos, serenidade, equilíbrio, bom senso, responsabilidade e, sobretudo, respeito à Constituição Federal", escreveu. Os advogados do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, afirmaram que não irão se manifestar. Ele tem negado recebimento de propina e envolvimento com irregularidades. A reportagem ainda não obteve a manifestação dos demais alvos do pedido de prisão.
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