Resenha 19 07 2016

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS

19 DE JULHO DE 2016

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Bolsa sobe pela 9ª sessão e atinge maior nível em 14 meses Ibovespa fecha acima dos 56 mil pontos e renova a máxima com avanço da Petrobrás; dólar cai para R$ 3,2499 Fonte Paula Dias, Jornal O Estado de S. Paulo 18 Julho 2016 às 18h24 

Relacionada: Bolsa atinge o pico do ano, mas ainda pode subir Foto: Estadão

A Bovespa teve nesta segunda-feira sua nona alta consecutiva, comandada principalmente pelos investidores estrangeiros, em meio ao cenário internacional mais ameno e um aumento do sentimento positivo com o Brasil. O Índice Bovespa avançou 1,63%, aos 56.484,21 pontos - maior nível desde 15 de maio de 2015. No mercado de câmbio, o dólar caiu 0,53%, a R$ 3,2499. Nos 12 pregões de julho, o Ibovespa subiu em 11. Com isso, acumula alta de 9,62% no mês e de 30,30% no ano. As ações da Petrobrás tiveram importante papel no desempenho da Bolsa. Os papéis subiram 3,33% (ON) e 4,81% (PN), mesmo com quedas significativas nos preços do petróleo no mercado internacional. O noticiário positivo recente para a estatal foi um dos motivos para a alta, assim como o exercício de opções na Bolsa, que impulsionou os papéis. A eleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara dos Deputados, em substituição ao deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é um dos pontos mais citados para justificar o bom humor do investidor do Brasil, que aposta em avanço do 2


governo nas medidas fiscais a serem enviadas ao Congresso. Relatórios de bancos estrangeiros aumentando a recomendação de Brasil e expectativa de corte de juros no País no médio prazo também compõem essa perspectiva mais benigna. Construção e energia. As altas foram generalizadas no mercado, mas os analistas chamaram a atenção para um dos setores mais sensíveis à expectativa de retomada da economia, mas que andava "largado" na Bovespa recentemente: o de construção. Na lista de maiores altas do Ibovespa esteve Cyrela ON (+3,56%). Fora do índice, ações como PDG Realty ON (12,50%) e Rossi Residencial ON (+8,95%) foram os grandes destaques. É um setor que não vem de resultados bons, mas que refletem a expectativa de queda de juros, por exemplo, disse Castro Alves. O setor elétrico também esteve entre as maiores altas, refletindo a expectativa de privatizações, fusões e aquisições no setor. Cemig PN subiu 5,31% e foi a quarta maior alta do Ibovespa. Copel MPNB avançou 2,59%. Já Cesp PNB, que havia subido mais de 18% na sexta-feira, com o aceno de privatização do governo de São Paulo, hoje passou por realização de lucros e caiu 2,65%, liderando as perdas do índice.

FMI melhora previsões para economia brasileira e prevê volta do crescimento em 2017 Fundo prevê retração de 3,3% este ano e crescimento de 0,5% em 2017; essa é a primeira vez que o FMI melhora as previsões para o PIB do Brasil desde julho de 2012 Fonte Altamiro Silva Junior, correspondente, Jornal O Estado de S. Paulo 19 Julho 2016 às 10h 24   

Notícias relacionadas: OPINIÃO: Sinais recentes da melhora de expectativas Produtividade é a pior desde os anos 50 Com cautela, fundos avaliam investir US$ 50 bi na economia brasileira

NOVA YORK - O Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou as previsões para a economia brasileira e agora prevê uma recessão menos severa este ano e a volta do crescimento em 2017. A projeção é que o Produto Interno Bruto (PIB) do país tenha contração de 3,3% em 2016, menos do que o previsto quando o Fundo fez sua reunião em abril em Washington e esperava queda de 3,8%. Para o ano que vem, a aposta é de expansão de 0,5%, ante crescimento zero projetado anteriormente, de acordo com relatório de atualização de projeções divulgado nesta terça-feira. É a primeira vez que o FMI melhora as previsões para o PIB do Brasil desde julho de 2012. Desde aquele ano, a cada novo relatório, os economistas da instituição vinham cortando as estimativas de crescimento do País, que sempre figurava na lista dos piores desempenhos econômicos entre as principais economias do mundo.

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Foto: Beto Barata/PR/Divulgação

FMI ressalta que a incerteza política permanece e coloca 'nuvens' no cenário do país

A avaliação do FMI é que os índices de confiança no País, que recuaram para mínimas históricas, parecem ter atingido o fundo do poço. Além disso, a contração do PIB no primeiro trimestre de 2016 foi mais suave que o previsto, de acordo com o relatório. "A atividade no Brasil dá alguns sinais preliminares de moderação", afirma o documento. No ano passado, a economia brasileira teve contração de 3,8%, o pior desempenho entre os maiores mercados emergentes. O PIB da Rússia, outro mercado em recessão, registrou queda de 3,7% e este ano deve cair 1,2%, também menos severo que o estimado anteriormente (-1,8%). Apesar da melhora das previsões, o FMI ressalta que a incerteza política permanece no Brasil e coloca "nuvens" no cenário do país. Pelas projeções divulgadas hoje, o Fundo está um pouco mais pessimista sobre o país que o mercado financeiro brasileiro. O Boletim Focus do Banco Central, que reúne as médias das estimativas, prevê contração de 3,25% para o PIB do país este ano e avanço de 1,1% em 2017. A América Latina, por conta da revisão para cima das previsões do Brasil, também teve as projeções do PIB melhoradas. Em 2016, a contração deve ficar em 0,4%, ante queda de 0,5% prevista no relatório de abril. Em 2017, a região deve voltar a crescer, expandindo 1,6%, ante alta de 1,5% do documento anterior. O FMI alerta que entre os fatores de risco para a América Latina está a epidemia do vírus zika.

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FMI reduz novamente projeção de expansão do PIB mundial como reflexo do Brexit Na pior perspectiva do Fundo, o crescimento do PIB mundial poderia ficar na casa dos 2,8% este ano e no próximo Fonte Altamiro Silva Junior, correspondente, Jornal O Estado de S. Paulo 19 Julho 2016 às 10hn57 Notícia relacionada:  FMI melhora previsões para economia brasileira e prevê volta do crescimento em 2017

NOVA YORK - O Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a reduzir a projeção de crescimento da economia mundial. Em relatório de atualização de estimativas divulgado nesta terça-feira, a previsão é de expansão de 3,1% este ano e 3,4% no próximo, nos dois casos 0,1 ponto porcentual abaixo do previsto em abril, quando o Fundo fez sua reunião de primavera em Washington. A decisão do Reino Unido de sair da União Europeia, o Brexit, foi uma das principais causas da revisão para baixo, de acordo com o relatório. Antes do plebiscito, que aconteceu dia 23 de junho, o FMI argumenta que a economia mundial estava evoluindo basicamente em linha com o esperado no relatório de abril e a melhora da situação no Brasil e na Rússia apontava para aumento das projeções do PIB global em 0,1 ponto porcentual para 2016 e 2017. Foto: CHRIS J RATCLIFFE/AFP

Brexit aumentou as incertezas na economia mundial

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Mas com a inesperada decisão dos britânicos de deixar a UE, o quadro mudou. O economista-chefe do FMI, Maurice Obstfeld, ressalta que o Brexit aumentou a incerteza na economia mundial, que deve ter reflexo nos índices de confiança dos agentes, além de reflexos no mercado financeiro. "Com muito do Brexit ainda se desenvolvendo, o aumento da incerteza complica a já difícil tarefa de fazer previsões macroeconômicas." Brexit. Com o aumento da incerteza gerado pelo Brexit, o FMI traçou dois cenários alternativos para a economia mundial, um em que a saída do Reino Unido da UE provoca efeitos negativos moderados e outro mais danoso, com forte queda dos índices de confiança e condições muito mais duras no mercado financeiro para captação de recursos. Neste caso, a piora da economia da Inglaterra e da Europa seria muito mais severa que o traçado na atualização divulgada hoje. Na pior perspectiva, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial poderia ficar na casa dos 2,8% este ano e no próximo, abaixo dos 3,1% e 3,4% estimados pelo Fundo para 2016 e 2017, respectivamente. "O Brexit adiciona uma pressão para baixo à economia mundial em um momento que o crescimento tem sido lento em meio a vários riscos que ainda permanecem", afirmou o economista-chefe do FMI, Maurice Obstfeld. No caso dos emergentes, o cenário-base é de expansão de 4,1% este ano e 4,6% em 2017. No pior cenário com o Brexit, a expansão cairia para 3,9% em 2016 e 4,2% no ano que vem. Desenvolvidos. O Brexit levou o FMI a cortar as projeções principalmente para os países desenvolvidos. A previsão é que esse grupo deve crescer 1,8% este ano, 0,1 ponto a menos do que o esperado em abril. Para 2017, a previsão também é de expansão de 1,8%, corte de 0,2 ponto ante previsão anterior. O Reino Unido foi o que teve maior redução nas estimativas e deve crescer 1,7% em 2016, abaixo dos 2% previstos em abril. Em 2017, a previsão é de alta de 1,3% no PIB, 0,9 ponto abaixo da estimativa anterior. Já a zona do euro deve ter avanço de 1,6% este ano, aumento de 0,1 ponto na comparação com a estimativa de abril. Em 2017, porém, a previsão foi cortada, de expansão de 1,6% estimada no relatório anterior para 1,4% agora. Não fosse o Brexit, as previsões para o PIB da região seriam revisadas para cima em 2016, bem como as do ano que vem, ressalta o relatório. Para os EUA o FMI já havia divulgado as projeções atualizadas em junho e prevê expansão de 2,2% este ano e 2,5% em 2017. A estimativa para este ano do PIB norteamericano teve corte de 0,2 ponto em relação ao previsto em abril. A previsão do FMI é de que não haja maior impacto do Brexit na maior economia do mundo, na medida em que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deve ser ainda mais gradual e cauteloso para subir os juros, o que ajuda a ofuscar o fortalecimento do dólar, a queda na confiança e o aumento das taxas (spreads) para captação das empresas. Emergentes. Houve alguma melhora nas projeções para o Brasil e a Rússia, dois países em recessão. Na economia russa, o aumento do petróleo que saiu da casa dos US$ 30 no começo do ano para os US$ 50 será um fator para ajudar na recuperação mais rápida do país, que em 2017 deve voltar a crescer, assim como o Brasil. 6


Na China, a previsão para 2016 foi revisada para cima de 6,5% previstos em abril para 6,6% agora. A de 2017 foi mantida em crescimento de 6,2%. "Na China, o cenário de curto prazo melhorou por conta do apoio da política econômica", afirma o documento.

Empreendedorismo: ‘Se tudo der errado, ainda vou ficar de pé? Gustavo Albanesi, sócio diretor da rede Budha Spa, diz que estar preparado para a possibilidade de uma ação do negócio não dar certo é essencial antes de decidir colocá-la em prática Fonte Jornal O Estado de S. Paulo 19 Julho 2016 às 06h 58

Gustavo Albanesi, sócio-diretor da rede Budha Spa

Calcular bem os riscos envolvidos em uma decisão e dar passos bem calculados são a marca dos sócios, Gustavo Albanesi e seu pai, Jaime, da rede Budha Spa. Inaugurada em 2001 com apenas uma unidade, hoje se tornou uma rede de franquias com 25 unidades espalhadas pelo País, mas principalmente no Rio e em São Paulo. Faturou R$ 10,5 milhões em 2015 e prevê chegar a R$ 12 milhões neste ano. “Nós fazemos as coisas sempre tendo um norte, um caminho em que queremos perseguir e atuar, mas dando sempre um passo atrás do outro. Eu não tenho, por exemplo, o anseio de daqui a um ano ter cem unidades, porque isso vai me exigir tomar algumas ações, investimento e decisões que podem não ser as mais acertadas. E colocar os dois pés na mesma balança acreditando que ela vai subir ou vai descer, às vezes não é a melhor forma”, diz o jovem Albanesi, de 34 anos. Ele, no entanto, ressalta que o empreendedor precisa sair de sua zona de segurança para fazer o negócio avançar. “Acho importante, antes de dar os passos para sair da sua zona de conforto, que seja analisado bem, primeiro o segmento em que você que 7


atuar, estudar bem o mercado, o negócio. Segundo, saber muito bem quais são as consequências de: se o negócio der muito certo, der médio certo ou der tudo errado” afirma. E ressalta o que considera da máxima importância: “Se der tudo errado, como a pessoa vai estar depois disso”. O fato de não considerar corretamente a opção “se tudo der errado” é que quebra muitos negócios, acredita. “Ainda mais no momento atual, é a quebra da expectativa. Muita gente se alavancou, fez um monte de projetos, foi andando, veio a crise, derrubou e não fez a conta, a análise lá atrás de ‘se tudo der errado, eu ainda vou ficar de pé’? Muita gente não fez isso e acabou não ficando de pé”. O trajeto dos Albanesi foi calculado. Trabalhavam no mercado financeiro e o contato com empresários abriu os olhos para a possibilidade de empreender no mercado de bem-estar. “Na época, fizemos uma análise geral de mercado e não havia muito o conceito de spa urbano, day spa como existe atualmente”, conta. Investiram cerca de R$ 500 mil no primeiro Budha Spa, que continuou sendo um negócio paralelo, enquanto continuavam no mercado financeiro. “Como viajávamos muito para fora do país, acabávamos trazendo novidades, como novos tratamentos e atendimento diferenciado. Aos poucos fomos nos especializando e viramos referência, até que em 2008 nós saímos do mercado financeiro e nos voltamos mais para nossa operação”, relembra Albanesi. Naquele ano, montaram a JG Partners, para tocar os negócios. Em 2009, iniciaram a profissionalização e em 2010, começaram a franquear para acelerar a expansão. “Franqueamos vários modelos, fomos fazendo o desenvolvimento do negócio, foi dando certo, fomos aprimorando até chegarmos à estrutura atual. Temos a mesma forma de atendimento, o mesmo serviço, mesma estrutura em diversos tipos de locais. Há unidades de ruas, dentro de hotéis, dentro de academias, dentro de empresas, condomínios residenciais, shoppings, assim conseguimos replicar nosso modelo de negócio para vários outros formatos”, revela. No fim do ano passado, a JG comprou a Spa Week, considerada o maior evento de beleza e bem-estar do País. Segundo o empresário, reúne cerca de 200 clínicas, salões e spas do Brasil e é realizada duas vezes por ano. O grupo também criou a rede de microfranquias Smart Spa, voltada para esteticistas e profissionais do segmento. “É um investimento pequeno, de R$ 26 mil, em que o profissional investe e tem uma microcompanhia em um salão, hotel, academia, etc e tem todo o apoio de gestão, treinamento”, afirma. A microfranquia também tem a opção home, uma versão ainda mais enxuta, com investimento de R$ 9 mil e que atende em domicílio. “Nós estruturamos a forma de atendimento, damos apoio ao agendamento e ao sistema de gestão online”. O empreendedor nega que esses modelos foram desenvolvidos para enfrentar a crise atual. “Eles vêm um pouco antes, mas calhou muito bem com este momento, porque “pega” duas coisas. Uma é essa revolução do MEI, do microempreendedor individual, do profissional liberal cada vez mais querendo ter seu próprio negócio. A segunda coisa é o nível de desemprego, que eu não sei se vai favorecer ou não, mas há um leque maior de pessoas interessadas em ter o próprio negócio em função dessa necessidade de trabalhar. Então, calhou de aparecer no momento em que está favorecendo”, afirma. Albanesi reconhece que mesmo o Budha Spa sentiu efeitos da crise, mas superou. “2015 foi o ano que mais investimos. O mercado inteiro retraindo, cortando custos, 8


verbas, e nós olhamos para o médio prazo, sabendo que uma hora a situação muda. Vimos, então, oportunidades de ganhar mercado e exposição. Por isso, reformatamos toda nossa comunicação visual, trouxemos novos serviços e protocolos para a rede, novos programas internos”.

Caixa vai elevar teto de financiamento imobiliário para R$ 3 milhões Banco também aumentará cota máxima de valor financiado pelo SFI, de 70% para 80% no caso de imóveis novos, e de 60% para 70% no caso de usados Fonte Murilo Rodrigues Alves, Jornal O Estado de S. Paulo 18 Julho 2016 às 20h 26 Notícias relacionadas:  Incompleto, 'Minha Casa' deixa de gerar R$ 70 bilhões  Incorporadora oferece ‘test drive' de apartamento  Aluguel tem a maior queda em nove anos Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Pacote deve acelerar desembolsos no segundo semestre, diz um executivo do banco

A Caixa Econômica Federal vai facilitar o financiamento de imóveis pela classe média alta. Entre as medidas, que passarão a valer a partir da próxima segunda-feira, está o aumento do valor máximo do imóvel a ser financiado pelo banco estatal: ele vai dobrar de R$ 1,5 milhão para R$ 3 milhões. Para unidades que valem mais de R$ 750 mil, o banco vai aumentar de 70% a 80% a parcela que pode ser financiada, por meio do Sistema Financeiro Imobiliário (SFI). No caso dos imóveis usados, a cota que pode ser financiada subirá de 60% para 70%. Também será possível transferir para a Caixa uma parcela maior, de 50% para 70%, de empréstimos tomados em outros bancos. 9


Por trás da iniciativa da Caixa de facilitar os financiamentos para a classe alta, está a corrida do banco para não perder espaço no mercado. Hoje, a instituição responde por duas de cada três operações de crédito imobiliário. No primeiro semestre deste ano, a liberação de financiamentos ficou abaixo das expectativas, em R$ 40 bilhões. O Feirão da Casa Própria do banco registrou R$ 10,3 bilhões em negócios, desempenho menor do que os R$ 11 bilhões registrados em 2015 e os R$ 15,6 bilhões alcançados no ano anterior. A meta é, até dezembro, liberar pelo menos os mesmos R$ 90 bilhões de todo o ano passado. Segundo o vice-presidente de Habitação da Caixa, Nelson Antonio de Souza, o banco decidiu melhorar as condições de financiamento para a alta renda depois de já ter feito modificações nas operações para imóveis populares. “As medidas vêm beneficiar o setor da construção, que mais gera emprego e renda, e contribuir para a retomada do crescimento do País.” Também está em estudo pela Caixa a adoção de juros menores em empréstimos com entrada maior e poucas parcelas de amortização. No ano passado, o banco fez uma rodada de três aumentos nos juros do financiamento da casa própria com recurso oriundos da poupança. Neste ano, as taxas subiram em março. A previsão da Caixa é desembolsar em torno de R$ 90 bilhões em novos financiamentos imobiliários em 2016, repetindo o volume registrado no ano passado. No primeiro semestre, o volume desembolsado ficou em R$ 40 bilhões. O banco, com carteira de crédito habitacional de quase R$ 400 bilhões, responde por duas de cada três operações fechadas. Em fevereiro, para suprir a fuga de recursos da poupança, o conselho curador do FGTS liberou R$ 16,1 bilhões adicionais ao banco, que reforçaram a oferta de crédito. Em março, o banco, o principal financiador de imóveis do País, adotou um conjunto de ações para estimular a compra de imóveis populares. O banco voltou a financiar 70% (para clientes trabalhadores do setor privado) e 80% (funcionalismo público) de um imóvel usado, menos de um ano após ter reduzido a parcela a 50%. A instituição também voltou com a linha para financiar o segundo imóvel, suspensa desde agosto de 2015. A Caixa injetou perto de R$ 7 bilhões na linha pró-cotista, que permite a trabalhadores com conta ativa no fundo financiarem 85% do valor de imóveis novos e usados de até R$ 750 mil. O banco também foi autorizado a captar até R$ 6,7 bilhões em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e podem ser destinados a imóveis que se enquadrem nas condições de financiamentos com recursos da poupança. Segundo ele, dentro dos R$ 7 bilhões direcionados para a linha pró-cotista, a Caixa redirecionará R$ 1,7 bilhão para novos contratos para moradias entre R$ 225 mil e R$ 500 mil. No final de abril, o banco começou a restringir financiamentos com esse perfil por falta de recursos.

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Governo projeta levantar R$ 120 bi em desestatizações Privatizações, concessões, vendas de ativos e securitizações são consideradas pela Fazenda como o ‘Plano B’ para a economia FONTE ANNE WARTH, ADRIANA FERNANDES, LU AIKO OTTA E ANDRÉ BORGES, Jornal O Estado de S. Paulo 19 Julho 2016 às 05h 00

BRASÍLIA - As desestatizações previstas pelo governo federal têm o potencial de levantar recursos de pelo menos R$ 120 bilhões, segundo levantamento feito pelo ‘Estado’ com base nas estimativas do próprio governo. Esse reforço nas contas virá de concessões, privatizações, vendas de ativos, securitizações e aberturas de capital, medidas que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, chamou de “Plano B” da gestão da economia o “Plano A” seria o corte de gastos e o “C” o aumento de impostos. A cifra oficial do que se pode arrecadar com as desestatizações, no entanto, ainda dependem de uma série de decisões. Não há definição, por exemplo, de que participações acionárias da Eletrobrás em empresas do setor elétrico, exatamente, serão colocadas à venda. “Está tudo na mesa para a gente discutir”, afirmou um integrante da equipe econômica. Foto: André Dusek/Estadão

Segundo Henrique Meirelles, o ‘Plano A’ para a economia é cortar gastos

Há, na lista de desestatizações, bens que são de empresas estatais e que, por isso, não representarão ingresso direto no caixa do Tesouro. Mas, por outro lado, lembra essa 11


fonte, os efeitos econômicos vão muito além. Haverá reforço nas receitas, também, via arrecadação de tributos sobre os ganhos de capital gerados pelos negócios. Além disso, a venda de ativos reforça o caixa das próprias empresas controladas pelo governo, diminuindo a necessidade de capitalização pelo Tesouro Nacional. Nesse caso, é dinheiro que deixa de ser gasto. O economista Gesner Oliveira, da GO Associados, aponta outros benefícios. “Se o juro que o setor público paga é muito alto e é altíssimo vale a pena vender ativos, mesmo que a um preço relativamente baixo, para abater dívida e deixar de pagar juros estratosféricos”, disse. “Em segundo lugar, há muito a ser feito em termos de securitização, swap de dívida e aprimoramento de títulos de dívida de longo prazo, como as debêntures de infraestrutura”. As discussões em torno do “Plano B” se dividem, basicamente, em quatro frentes: energia, setor financeiro, aeroportos e securitizações. No setor elétrico, estão em avaliação vendas das participações acionárias da Eletrobrás que somam cerca de R$ 20 bilhões. O governo conta ainda com a receita de outorga que virá da licitação de três das maiores hidrelétricas que eram da Cemig: Jaguara, São Simão e Miranda. A expectativa é que as três usinas arrecadem R$ 10 bilhões. A equipe econômica também aposta as fichas em leilões na área de petróleo e gás. A ideia é licitar, até o fim do primeiro semestre de 2017, quatro áreas no pré-sal vizinhas aos campos de Carcará, Gato do Mato, Tartaruga Mestiça e Sapinhoá, na Bacia de Santos. Outras 20 áreas podem entrar nesse leilão. O governo estima que pode arrecadar R$ 20 bilhões com o setor. Nos aeroportos, considerando as concessões em Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Florianópolis, além de outras medidas em estudo na área, as estimativas são de que a arrecadação pode variar entre R$ 5 bilhões e R$ 10 bilhões.

Como as desestatizações e securitizações vão reforçar o caixa do governo: - Setor de energia: até R$ 50 bilhões - Venda de participações acionárias da Eletrobrás em 154 SPEs - Venda das distribuidoras de energia no Norte e Nordeste. - Venda de hidrelétricas que eram da Cemig: Jaguara, São Simão e Miranda - Pré-sal: licitação dos campos unitizáveis Carcará, Gato do Mato, Tartaruga Mestiça e Sapinhoá - Pós-sal: 14ª rodada de óleo e gás - Setor financeiro - Banco do Brasil pode vender administradora de cartões e administradora de recursos de terceiros - Caixa estuda joint venture em loterias; procura parceiro para administração de cartões; estuda abertura de capital da Caixa Seguridade; e poderá ter sócio para operar loteria na internet - BNDESPar, braço de investimentos do BNDES, vai vender participações 12


- Abertura de capital do Instituto de Resseguros do Brasil - Securitização: R$ 60 bilhões - Venda de créditos que a Receita Federal tem a receber - Aeroportos: R$ 5 bilhões a R$ 10 bilhões - Concessão de aeroportos: Salvador, Fortaleza, Florianópolis e Porto Alegre - Venda de aeroportos regionais - Como isso pode ajudar o caixa do governo - Receita com a venda de bens - Imposto de Renda sobre lucro das estatais com os negócios - Aumento do lucro das estatais e pagamento de dividendos - Economia com menor necessidade de capitalização das estatais.

Centrais sindicais e técnicos protestam contra o Banco Central Em São Paulo, sindicalistas se posicionam contra juros altos; em Brasília, técnicos do BC prometem acampar em frente à sede para reivindicar modernização das carreiras Fonte Célia Froufe, Jornal O Estado de S.Paulo 19 Julho 2016 às 11h 41 

Notícia relacionada: Antes do primeiro Copom de Ilan, mercado mantém projeção dos juros em 13,25%

Seis centrais sindicais – Força Sindical, CUT, UGT, Nova Central, CSB e CTB – protestam nesta terça-feira, primeiro dia de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da nova gestão do Banco Central, contra o alto patamar da taxa básica de juros, atualmente em 14,25%. A manifestação teve início às 10h em frente à sede do BC na Avenida Paulista, em São Paulo.

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Foto: NILTON FUKUDA|ESTADÃO

Sindicalistas questionam Selic a 14,25% ao ano

Já em Brasília, técnicos da instituição prometem acampar em frente à sede da autarquia para reivindicar modernização das carreiras. A greve dos técnicos teve início na segunda-feira da semana passada e a intenção era paralisar as atividades por apenas dois dias, mas o movimento ocorre até agora e não tem mais data para terminar. "Ocorre que fomos atropelados pela base, que decidiu apenas voltar a trabalhar quando o acordo feito no passado com o BC fosse cumprido integralmente", explicou o presidente do Sindicato Nacional dos Técnicos do Banco Central (SintBacen), Willekens Brasil. De acordo com ele, a categoria reúne cerca de 670 profissionais em todo o Brasil e 80% desse total de trabalhadores está de braços cruzados. Ele disse também que alguns analistas começam a aderir ao movimento em algumas partes do País. A greve, conforme Brasil, atinge principalmente as áreas de meio circulante, segurança, parte do atendimento ao público e administrativa, que reúne engenheiros. "A paralisação não é boa para ninguém, nem para os servidores e nem para a organização, mas saiu do nosso controle e não tem outro caminho", afirmou. O SintBacen explica que, no fim de 2015, um acordo foi firmado entre o governo e entidades sindicais, gerando o Projeto de Lei Complementar (PLC) 36/16, que trata de reajustes salariais e outras modificações relativas às carreiras do Executivo Federal. O PLC pode ser apreciado pelo presidente da República "a qualquer instante", conforme o sindicato. Para a entidade, alguns itens que tratam da reestruturação de carreiras estão correndo o risco de serem vetados, o que comprometeria o acordo. 14


Entre as possibilidades de veto que mais incomodam o SintBacen está a que trata da mudança de critério de acesso para o cargo de técnico do BC, de nível médio para superior. "Esta elevação da exigência do nível de escolaridade foi resultado de uma longa negociação de mais de 10 anos envolvendo entidades sindicais, BC, Ministério do Planejamento e Casa Civil", trouxe o comunicado de greve distribuído pela entidade para os funcionários que chegam para trabalhar no BC. "A greve não é sobre reajuste. Não tem impacto financeiro e nem de transposição de áreas e cargos dentro do BC. Só queremos defender a forma de ingresso no BC", argumentou o diretor nacional do SintBacen, Marcondes Oliveira.

88% da população acredita que corte de gastos é melhor forma para ajuste fiscal Pesquisa encomendada pela Fiesp à Ipsos mostra que só 2% dos entrevistado defendem o aumento de impostos Fonte Francisco Carlos de Assis, Jornal O Estado de S.Paulo 19 Julho 2016 às 11h18 Notícias relacionadas:  Governo projeta levantar R$ 120 bi em desestatizações  Contingenciamento provoca divergências no governo Foto: Divulgação

Para 88% de um total de 1.200 pessoas ouvidas em uma pesquisa encomendada pela Fiesp e pelo Ciesp à Ipsos Public Affairs, o melhor caminho para o governo arrumar as 15


contas públicas e reequilibrar o orçamento é o corte de gastos. Não souberam responder 10% dos entrevistados, e apenas 2% deles acreditam no aumento de impostos como a melhor opção. "A população já entendeu há muito tempo que o caminho para tirar o país da crise não é aumentar e nem criar impostos", afirma Paulo Skaf, presidente da Fiesp e do Ciesp, sobre o resultado do levantamento chamado 'Percepção Sobre as Contas Públicas Brasileiras'. "Essa pesquisa carimba de vez que o ajuste fiscal tem que ser feito com o corte de despesas. Tributo não é a saída. Não há nenhum espaço para mais impostos." A pesquisa também perguntou às pessoas o quanto elas confiam que um imposto dito temporário não se torna permanente. A resposta de 84% das pessoas foi que não confiam que um aumento de impostos seria temporário. Apenas 5% afirmaram confiar. Os 11% restantes não souberam responder. "É claro que ninguém acredita em imposto temporário", comenta Skaf. "Imposto vem e fica. A prova disso é que a carga tributária é cada vez mais alta. A arrecadação já está em quase R$ 2 trilhões por ano. Imposto é castigo e não solução", avalia o dirigente. Em relação à redução de gastos, a primeira opção mencionada pela maioria dos entrevistados foi alguma medida relacionada a cortes nos gastos com pessoal. As seguintes alternativas foram congelar os salários dos funcionários do Governo Federal (24%), reduzir a quantidade de funcionários em cargos comissionados (18%), não contratar novos funcionários no Governo Federal (11%), reduzir os auxílios e benefícios de funcionários públicos (10%) e reduzir as despesas com serviços de terceiros e material de consumo (8%). Somadas, essas opções somaram 71% da preferência dos entrevistados. Apenas 6% dos entrevistados indicaram o congelamento de novos investimentos em sua primeira opção de resposta, e 3% acreditam que o aumento da idade mínima para aposentadoria seja a melhor alternativa para a redução dos gastos públicos federais. Por fim, somaram 7% das preferências as opções relacionadas à redução de auxílios sociais, como diminuir o tamanho do Bolsa Família (3%), do programa Minha Casa Minha Vida (2%) e do financiamento estudantil Fies (2%). Realizado entre os dias 2 e 13 de junho, o levantamento também indagou se as pessoas tinham conhecimento de que o Governo Federal gasta atualmente mais do que arrecada e se sabiam qual era o tamanho do déficit orçamentário causado por esta diferença. A maior parte (78%) declarou ter conhecimento de que o Governo Federal gasta mais do que arrecada. A parcela dos que não tinham conhecimento foi de 15%, e 7% não souberam opinar ou não responderam a questão. Sobre o tamanho do déficit orçamentário do Governo Federal em 2016, 60% dos entrevistados disseram que já ouviram dizer que o "rombo" no orçamento é de R$ 170 bilhões, e 25% afirmaram não saber. Não souberam opinar ou não responderam 15%.

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Associação prevê superávit comercial recorde em 2016 Se resultado se confirmar, balança comercial terá saldo positivo de US$ 46,9 bilhões em 2016, uma alta de 138,4% em relação a 2015 Fonte Daniela Amorim, Jornal O Estado de S. Paulo 19 Julho 2016 às 11h 48   

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Entidade previa inicialmente um superávit menor, de US$ 29,228 bilhões

RIO - O Brasil terá superávit de US$ 46,934 bilhões em 2016, uma alta de 138,4% em relação ao resultado de 2015. A estimativa foi divulgada nesta terça-feira, 19, pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Se confirmado, o superávit atingirá patamar recorde, superando os US$ 46,456 bilhões apurados em 2006. No entanto, a AEB ressalta que o resultado virá de uma queda intensa nas importações, e não por uma elevação das exportações, o que a entidade chama de "superávit negativo". O montante foi revisto pela entidade, que previa inicialmente um superávit menor, de US$ 29,228 bilhões. A revisão foi motivada por uma queda menor nas exportações ante a previsão inicial, mas, sobretudo, por um recuo ainda maior do que o previsto nas importações.

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As exportações brasileiras somarão US$ 187,504 bilhões este ano, uma queda de 1,9% em relação a 2015, o quinto ano consecutivo de resultados negativos. Já as importações totalizarão US$ 140,570 bilhões, uma redução de 18% em relação ao ano passado.

Como a Irlanda conseguiu crescimento surpreendente de 26% em 2015 Getty Images

Os escritórios da Apple para a Europa estão na Irlanda

FONTE BBC BRASIL 19/07/2016 às 09h 14

O Escritório Central de Estatísticas da Irlanda (conhecido pela sigla CSO) causou polêmica entre os analistas econômicos de todo o mundo nos últimos dias ao anunciar que a taxa de crescimento do país em 2015 foi de 26,3%. Trata-se de uma cifra recorde, que supera em mais de 150% o aumento registrado pela Etiópia (10,3%), primeira colocada no ranking de crescimento de 2015 do Fundo Monetário Internacional (FMI). Muitos economistas criticaram os novos dados do PIB irlandês, dizendo que eles não refletem o estado real da economia do país.

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O prêmio Nobel de Economia americano Paul Krugman qualificou a estimativa como "economia dos duendes". O jornal "Financial Times" disse que o cálculo era comparável a obras de romancistas como James Joyce e Flann O'Brien. "Essa é, basicamente, uma cifra ridícula. Se estivesse certa, significaria que a Irlanda estaria crescendo a uma taxa três vezes maior que as de economias pobres e pequenas, que usualmente encabeçam a lista dos países que mais crescem –porque é muito mais fácil crescer quando o ponto de partida é mais baixo", escreveu o analista Matt Phillips no site de notícias Quartz. O Escritório Central de Estatística da Irlanda (CSO, da sigla em inglês), por sua vez, emitiu um comunicado no qual afirma que a cifra é precisa e está de acordo com as normas de medição internacional. Então, o que aconteceu? Thinkstock

Analistas dizem não acreditar que a taxa atual de crescimento reflita a economia real do país

IMPOSTOS E INVESTIMENTO A taxa de 26,3%, na realidade, é uma atualização de um dado publicado anteriormente, segundo o qual o PIB irlandês havia crescido 7,8%. Segundo o CSO, o novo número reflete um processo de reestruturação corporativa que aumentou de forma dramática a quantidade de ativos do país.

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Segundo analistas, por trás desse aumento de ativos estão operações de grandes empresas transnacionais que estão se fundindo com companhias locais na Irlanda com o objetivo de se beneficiar da taxa de impostos corporativos do país: 12,5%, a mais baixa para um país desenvolvido. O CSO parece ter reconhecido o impacto das empresas estrangeiras nas novas cifras do PIB, ao afirmar em um comunicado que elas "retratam com precisão e sublinham a natureza aberta e globalizada da economia irlandesa". Empics

Muitos laboratórios de empresas tecnológicas internacionais têm sede na Irlanda

O analista George Hay afirma que esse impacto é evidente quando se comparam as cifras do Produto Interno Bruto, que mede o tamanho de toda a economia, e o PNB (Produto Nacional Bruto), que considera apenas os resultados de bens e serviços produzidos no país –e desconsidera as remessas enviadas ao ou recebidas do exterior. "O PIB irlandês é de 256 bilhões de euros, mas o PNB é de 203 bilhões de euros. A grande diferença reflete os ganhos que pertencem a companhias estrangeiras e não a cidadãos estrangeiros", escreveu Hay em uma análise para a agência Reuters. Mas, por enquanto, é impossível saber com precisão quais foram as companhias estrangeiras responsáveis pelas operações que terminaram dando impulso ao PIB irlandês. O CSO decidiu não divulgar essa informação para "proteger a confidencialidade das empresas contribuintes", uma obrigação estabelecida na legislação da Irlanda.

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Segundo dados da Câmera de Comércio dos Estados Unidos - Irlanda, há cerca de 700 companhias americanas operando na Irlanda. Entre elas, estão megaempresas como Intel, Dell, Google, Hewlett Packard, Facebook, Apple, Johnson e Johnson e Pfizer. A Pfizer anunciou em novembro que se fundiria com a empresa Allergan e mudaria sua sede para a Irlanda, um acordo que permitiria a ela reduzir sua taxa atual de impostos corporativos de 25% a 17% ou 18%, segundo informou o "Washington Post". Getty Images

Pfizer anunciou que estabeleceria sua sede na Irlanda após a fusão com a Allergan

ECONOMIA REAL Diante das críticas e da confusão criada pela divulgação do novo dado de crescimento do PIB em 2015, o CSO emitiu um comunicado em que assinala que, devido ao fato da economia da Irlanda estar altamente globalizada, "o PIB e o PNB nem sempre ajudam a entender o que ocorre na economia irlandesa". Por isso, recomendou observar outras variáveis de 2015, como o consumo pessoal de bens e serviços (que cresceu 4,5%), a taxa de novos empregos (que aumentou 2,6%) ou as vendas totais do varejo (que cresceram 8,2%). Além disso, o órgão anunciou a criação de um grupo de trabalho para buscar fórmulas de melhorar a compreensão da verdadeira situação da economia do país, incluindo a possibilidade de desenvolver novos indicadores e de melhorar ou ampliar os existentes.

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UNIÃO EUROPEIA O aumento das cifras oficiais de crescimento do PIB traz algumas vantagens adicionais para a Irlanda como, por exemplo, a diminuição do deficit fiscal e da dívida do país quando eles são calculados como porcentagem do PIB –duas medidas padrão para avaliar a situação econômica de um país. Contudo, também traz alguns problemas, como o aumento das contribuições que a Irlanda tem de pagar para o orçamento da União Europeia, pois elas são determinadas pelo tamanho do PIB de cada país. Por outro lado, essas operações de empresas estrangeiras que se mudam para a Irlanda por razões fiscais inflam artificialmente o tamanho da economia. Getty Images

A economia da Irlanda recuperou dinamismo após crise financeira

Segundo explicou o ministro das finanças da Irlanda, Michael Noonan, em uma declaração publicada na agência Bloomberg, desde 2008 esse tipo de investimentos representou cerca de 7 bilhões de euros, mas sem que isso viesse acompanhado de algum tipo de substância ou criação de emprego. Em 1994, Kevin Gardiner, então analista da Morgan Stanley, criou o termo "tigre celta" para antecipar o impressionante crescimento que experimentaria a economia da Irlanda durante os anos seguintes –quando, efetivamente, cresceu a um ritmo médio de 9,4% entre os anos de 1995 e 2000.

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Mas desta vez, afirmou o analista Matt Philips, parece que o "tigre celta" seria um "tigre de papel".

China flexibiliza regras para investidor estrangeiro em áreas de livre-comércio Kim Kyung-Hoon/Reuters

China flexibilizará restrições para empresas estrangeiras investirem em zonas de livre-comércio

FONTE REUTERS 19/07/2016 às 08h 59

A China vai flexibilizar restrições para empresas estrangeiras interessadas em investir nas zonas de livre-comércio do país (FTZ, na sigla em inglês) em uma tentativa de atrair mais capital internacional, afirmou o governo chinês nesta terça-feira (19). O governo vai temporariamente substituir um mecanismo de aprovação por um sistema de registro que vai permitir o estabelecimento de empresas estrangeiras ou joint-ventures nas zonas de livre-comércio e facilitar grandes fusões e aquisições envolvendo empresas internacionais, disse o governo em comunicado.

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"A medida é mais um passo nas reformas da China para abrir seu mercado doméstico e apoiar o desenvolvimento da zona de livre-comércio", disse Liao Qun, economistachefe para a China no Citic Bank International, em Hong Kong. "Vai ajudar a reduzir pressão da depreciação do yuan e fluxos de capital uma vez que as medidas vão encorajar mais investimento estrangeiro na China", disse Liao. O governo também vai temporariamente suspender uma exigência que impede que investidores estrangeiros assumam participação de controle em siderúrgicas do país e também permitirá que empresas estrangeiras criem usinas próprias nas zonas de livrecomércio, afirma o comunicado. A regra anterior previa que empresas internacionais de aço que quisessem investir na China teriam que possuir sua própria tecnologia de produção, enquanto as empresas de fora do setor tinham que demonstrar "forte poder de financiamento e alta credibilidade" antes de fazerem o investimento.

Justiça do Rio determina bloqueio do WhatsApp no Brasil Rodolfo Buhrer/La Imagem/Fotoarena/Folhapress

Justiça do RJ determina bloqueio do Whatsapp FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, 19/07/2016 às 12h40 24


Uma juíza do Rio de Janeiro determinou nesta terça-feira (19) o bloqueio do WhatsApp no Brasil de modo imediato. O motivo, assim como aconteceu em outras oportunidades no Brasil, envolve o fato de o aplicativo não compartilhar informações sobre investigações criminais. A decisão é da juíza Daniela Barbosa de Souza, da 2ª Vara Criminal da Comarca de Duque de Caxias. "A ordem judicial não foi cumprida, apesar de reiterada por três vezes, ensejando, assim, a adoção das medidas coercitivas determinadas por este juízo", diz Souza na decisão, que determina o veto imediato à ferramenta. A ordem foi enviada às operadoras de telefonia. A magistrada diz que, antes de tomar a decisão, já havia pedido que a companhia quebrasse o sigilo de mensagens trocadas no app, sob pena de multa diária no valor de R$ 50 mil. O WhatsApp argumenta que já não guardava informações sobre o conteúdo das conversas. E que em abril terminou de implementar a criptografia "end-to-end" (no qual apenas as pessoas na conversa podem ler as mensagens). Com isso, afirma, é impossível divulgar os dados. Desta vez, ao contrário de pedidos anteriores de outros juízes, Souza pediu mensagens passadas. Ela quer que o aplicativo desabilite a criptografia do aplicativo para que o fluxo de mensagens seja enviado em tempo real para os investigadores, "na forma que se dá com a interceptação de conversações telefônicas". Procurado, o WhatsApp não se pronunciou sobre o assunto. Vivo, Tim, Oi e Claro também não se manifestaram. Edson Levy, presidente do Sinditelebrasil, sindicato que representa as operadoras de telefonia, disse que as empresas devem bloquear o aplicativo assim que receberem a notificação judicial, como ocorreu em outras ocasiões. "Isso atrapalha a operação, pois, as empresas têm que destinar uma mão-de-obra para o bloqueio e desbloqueio da plataforma. Mas, é uma decisão que tem que ser cumprida", disse Levy. Em maio deste ano, uma decisão da Justiça de Sergipe determinou que o Whatsapp ficasse fora do ar por 72 horas. O processo que culminou na decisão do juiz Marcel Montalvão é o mesmo que justificou, em março, a prisão de Diego Dzodan, vicepresidente do Facebook, empresa dona do app, para a América Latina. O magistrado quer que a companhia repasse informações sobre uma quadrilha interestadual de drogas para uma investigação da Polícia Federal, o que a companhia se nega a fazer. As cinco operadoras —TIM, Oi, Vivo, Claro e Nextel— decidiram acatar a decisão judicial. Em caso de descumprimento, estariam sujeitas a multa diária de R$ 500 mil. 25


Para o presidente da Anatel, João Rezende, o bloqueio do Whatsapp foi uma "decisão desproporcional porque acaba punindo todos os usuários". Para ele, o "WhatsApp deve cumprir as determinações judiciais dentro das condições técnicas que ele tem. Mas, evidentemente, o bloqueio não é a solução". Apesar de as teles e o aplicativo travarem uma disputa comercial, o bloqueio é um transtorno para as operadoras. O WhatsApp funciona com mudança de registro de computadores e isso torna o trabalho de bloqueio bastante complicado para as teles, que podem ser punidas caso não consigam implementar o bloqueio plenamente. Da última vez, a Claro foi uma das operadoras que reclamou de que o WhatsApp se valia desta particularidade técnica do serviço para furar o bloqueio intencionalmente. O aplicativo teria mudado rapidamente os registros para dificultar o bloqueio. HISTÓRICO Em dezembro do ano passado, o WhatsApp havia sido bloqueado no Brasil por 48 horas devido a uma investigação criminal. Na ocasião, as teles receberam a determinação judicial com surpresa, mas a decisão não durou 48 horas. O bloqueio foi uma represália da Justiça contra o WhatsApp por ter se recusado a cumprir determinação de quebrar o sigilo de dados trocados entre investigados criminais. O aplicativo pertence ao Facebook. Em fevereiro, um caso parecido ocorreu no Piauí, quando um juiz também determinou o bloqueio do WhatsApp no Brasil. O objetivo era forçar a empresa dona do aplicativo a colaborar com investigações da polícia do Estado relacionadas a casos de pedofilia. A decisão foi suspensa por um desembargador do Tribunal de Justiça do Piauí após analisar mandado de segurança impetrado pelas teles.

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Dólar sobe com exterior negativo e ação do BC, mas Bolsa tem leve alta

FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, EULINA OLIVEIRA DE SÃO PAULO 19/07/2016 às 12h 22

O retorno das preocupações em relação a uma desaceleração da economia global e resultados corporativos ruins pressionam os mercados no exterior. Bolsas e as commodities recuam, e o dólar volta a ganhar força. No Brasil, a moeda americana também avança, para a casa dos R$ 3,27, acompanhando o cenário externo negativo e influenciado também por mais uma ação do Banco Central no câmbio. O Ibovespa, entretanto, tem leve alta, com o avanço das ações da Petrobras e as expectativas otimistas para a economia brasileira. O FMI (Fundo Monetário Nacional) melhorou suas perspectivas para a economia brasileira em 2016 e 2017. Na revisão de seu relatório "Perspectiva Econômica Global", divulgado nesta terça-feira, o FMI passou a ver contração do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro de 3,3% em 2016, contra retração de 3,8% estimada em abril. Para 2017, a perspectiva é de recuperação, com crescimento de 0,5%, contra estagnação projetada anteriormente. Para a economia global, no entanto, o Fundo cortou sua previsão de crescimento para os próximos dois anos, citando a incerteza com o brexit, a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia. A mudança incluiu uma redução de quase um ponto percentual na previsão de crescimento do Reino Unido para 2017. Reduzindo suas projeções pela quinta vez em 15 meses, o FMI disse que, agora, espera um crescimento do PIB mundial de 3,1% em 2016 e de 3,4% em 2017 —queda de 0,1 ponto percentual para cada ano em relação às estimativas divulgadas em abril. 27


Voltando ao cenário doméstico, os investidores aguardam ainda o anúncio de medidas de estímulos econômicos e de bloqueio de despesas da União em 2016 pelo presidente interino, Michel Temer. CÂMBIO E JUROS A moeda americana à vista subia há pouco 0,74%, a R$ 3,2749, enquanto o dólar comercial avançava 0,80%, a R$ 3,2760. DÓLAR Saiba mais sobre a moeda americana Entenda as diferenças entre os tipos de dólar Conheça as estratégias do governo para conter a alta do dólar e alcançar o 'câmbio ideal' Veja como investir em moedas estrangeiras Confira a cotação do dólar e outras moedas

O BC realizou nesta manhã mais um leilão de 10.000 contratos de swap cambial reverso, equivalente à compra futura de dólares, no montante de US$ 500 milhões. Assim, a autoridade monetária reduziu seu estoque de swap cambial tradicional, que corresponde à venda futura da moeda americana, para US$ 56,635 bilhões. No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 recuava de 13,880% para 13,875%. O contrato de DI para janeiro de 2021 subia de 11,950% para 12,030%, impactado pela alta do dólar. O mercado aguarda o resultado da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, nesta quarta-feira (20). As estimativas são de manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano. O CDS (credit default swap) brasileiro de cinco anos, espécie de seguro contra calote, recuava 0,06%, aos 290,959 pontos.

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BOLSA O Ibovespa opera com volatilidade, mas subia há pouco 0,12%, aos 56.550,11 pontos, podendo emplacar a 10ª alta consecutiva ao final da sessão. As ações da Petrobras ganhavam 2,25%, a R$ 11,81 (PN), e 1,53%, a R$ 13,87 (ON), apesar da queda do petróleo no mercado internacional. Os papéis da Vale perdiam 3,40%, a R$ 13,60 (PNA), e 5,29%, a R$ 16,65 (ON), seguindo o recuo do minério de ferro na China. No setor financeiro, Itaú Unibanco PN perdia 0,41%; Bradesco PN, -0,89%; Banco do Brasil ON, +2,55%; Santander unit, -0,05%; e BM&FBovespa ON, -1,08%. EXTERIOR Dados de construção de novas casas nos Estados Unidos em junho acima do esperado ajudam a impulsionar o dólar frente às demais moedas. Na Bolsa de Nova York, o índice S&P 500 perdia 0,21%, e o Dow Jones, -0,03%. O índice Nasdaq recuava 0,25%, pressionado pelo balanço do segundo trimestre da Netflix. Na Europa, a queda das ações de mineradoras puxava os índices para baixo. A Bolsa de Londres operava em alta de 0,03%; Paris perdia 0,77%; Frankfurt, -0,87%; Madri, -0,51%; e Milão, -0,65%. Na Ásia, as Bolsas chinesas recuaram com temores de que a recuperação no setor imobiliário esteja perdendo força, ampliando as incertezas sobre a economia chinesa. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, recuou 0,42%, enquanto o índice de Xangai teve queda de 0,24%. A maioria dos mercados no restante da Ásia também caiu, mas o índice japonês Nikkei fechou em alta de 1,37%, na volta do feriado local desta segunda-feira.

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EUA ameaçam liderança do Brasil na importação agrícola da UE

Lavoura de soja no Estado de Nebraska, nos Estados Unidos; país ameaça exportações brasileiras FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, MAURO ZAFALON 19/07/2016 às 02h 00

O Brasil continua perdendo participação nas importações de produtos agropecuários feitas pela União Europeia, o principal mercado mundial nesse setor. O país ainda é importante para o bloco é o principal local de compras dos europeus, mas começa a ser perseguido de perto pelos Estados Unidos. No ritmo atual, os norte-americanos vão assumir em breve o posto de líder dos brasileiros em exportações para os europeus. Relatório da semana passada da Comissão Europeia de Agricultura indicou que 12% das compras agrícolas dos europeus saíram do Brasil. Em 2012, no entanto, essa participação era de 14%. Já os Estados Unidos, que participavam com apenas 8% das importações da União Europeia no setor em 2012, atingiram 11% no ano passado.

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Mas, ao mesmo tempo em que os europeus aumentam as importações de alimentos, também desenvolvem bases para o mercado externo de seus produtos. Após uma série de reformas e de aprimoramentos no comércio agropecuário, a União Europeia se tornou importante não só nas importações como nas exportações. Estas dobraram de valor na última década. As eliminações de barreiras sanitárias e comerciais, além da concretização de novos acordos bilaterais, abriram novas oportunidades aos europeus. As exportações dos 28 países do bloco somaram US$ 142 bilhões no ano passado, com superavit de US$ 18 bilhões. O avanço dos europeus nesse setor os colocou na liderança mundial nas vendas de produtos agropecuários, desbancando os Estados Unidos. Esse setor movimenta US$ 451 bilhões na Europa e emprega 7,5% da mão de obra na região. As exportações do setor de agronegócio garantem renda e manutenção dos empregos no setor, segundo a Comissão Europeia. O mercado da Europa é importante para os brasileiros, mas muitos dos itens da demanda dos europeus também podem ser supridos pelos Estados Unidos, como carnes, farelos, soja e frutas. CAFÉ O Brasil não tem concorrência quando se trata de café. O país é líder mundial em produção e em exportação do grão. Esse é um dos principais produtos comprados pelos europeus no país. Mas também um dos mais importantes itens das exportações dos europeus para os norteamericanos. Compram no Brasil e reexportam para outros países. Os europeus importam US$ 15 bilhões do Brasil no setor agropecuário e têm um deficit de US$ 13 bilhões. FRUTAS Para compensar a perda de participação no bloco europeu, o país poderia desenvolver outros mercados, como o de frutas tropicais. Item importante na lista de importações dos europeus, as frutas saem de países próximos ao Brasil, como Colômbia, Equador e Costa Rica. O Brasil precisa buscar cada vez mais a diversificação das exportações, a exemplo dos europeus.

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Após perder um dos principais mercados, como o da Rússia, em 2014, o bloco europeu buscou novos mercados e manteve expansão de 6% no comércio mundial no ano passado.

Pampulha, patrimônio mundial FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, JOSÉ SERRA E MARCELO CALERO 19/07/2016 às 02h 00

Apesar dos momentos delicados de instabilidade política e securitária pelos quais passou a Turquia, o Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco conseguiu concluir sua reunião em Istambul no último domingo (17). Na ocasião, tomou a decisão histórica de inscrever o Conjunto Moderno da Pampulha, em Belo Horizonte, na Lista do Patrimônio Mundial. Com a medida, o Brasil passa a ter 20 bens protegidos pela Unesco, 13 culturais e sete naturais, distribuídos por todo o país. O conjunto foi idealizado no início dos anos 1940 por Juscelino Kubitschek, então prefeito da capital mineira. Projetadas por Oscar Niemeyer, as construções de estilo modernista em torno da lagoa da Pampulha tornaram-se referência e influenciaram toda a arquitetura brasileira, constituindo a primeira parceria de sucesso entre o arquiteto carioca e o político mineiro. O entusiasmo e os desafios vivenciados na concepção da Pampulha serviram de laboratório para a construção de Brasília, anos depois. Cartão postal de Belo Horizonte, o conjunto é formado pela Igreja de São Francisco de Assis, ou Igrejinha da Pampulha, o antigo cassino (atual Museu de Arte da Pampulha), a Casa do Baile (hoje Centro de Referência em Urbanismo, Arquitetura e Design) e o Iate Tênis Clube, importantes equipamentos de cultura e lazer para a população. O projeto conta com jardins de Roberto Burle Marx, pinturas de Candido Portinari, azulejos de Paulo Werneck e esculturas de Alfredo Ceschiatti e José Pedrosa. Segundo a Unesco, a síntese entre arquitetura, paisagismo e artes plásticas resultou em uma nova linguagem arquitetônica moderna, utilizada posteriormente para reivindicar identidades nacionais em toda a América Latina. Por um lado, a inscrição da Pampulha na Lista do Patrimônio Mundial representa o reconhecimento internacional da genialidade de grandes nomes nacionais. Por outro, implica ao Estado brasileiro obrigação de conservar, promover e valorizar o local para as gerações atuais e futuras. Parte dessa responsabilidade demandará uma ação cooperativa dos três níveis de governo para restaurar elementos do complexo, melhorar a qualidade da água da lagoa e garantir o pleno acesso comunitário e a ambiência cultural que dão vida a esse patrimônio genuinamente brasileiro. Fruto de um esforço conjunto de vários anos, o sucesso da candidatura da Pampulha somente foi possível graças ao engajamento da sociedade civil e ao trabalho dedicado 32


de servidores da Prefeitura de Belo Horizonte, do Governo de Minas Gerais, do Itamaraty -por meio do Departamento Cultural em Brasília e da Delegação do Brasil na Unesco, em Paris- e do Ministério da Cultura, por intermédio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que em breve completará 80 anos. A tensão por que passou a delegação brasileira durante a reunião na Turquia foi mitigada pela atenção constante do Consulado Geral do Brasil em Istambul, que trabalhou em regime de plantão, 24 horas por dia, para atender os brasileiros na região durante todo o fim de semana. A condução bem-sucedida dessa iniciativa e o processo dela decorrente servirão de exemplo para os nossos pleitos futuros, no trabalho permanente em prol do reconhecimento da diversidade cultural de que se orgulha a sociedade brasileira. JOSÉ SERRA é ministro das Relações Exteriores. Foi senador (PSDB-SP), ministro da Saúde e do Planejamento e Orçamento (governo FHC), prefeito de São Paulo (2005-2006) e governador do Estado de São Paulo (2007-2010) MARCELO CALERO é ministro da Cultura. Diplomata, foi secretário municipal de Cultura do Rio de Janeiro (governo Eduardo Paes)

Combater o devedor contumaz é fundamental em tempos de crise FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, LUCIANO DE SOUZA GODOY 19/07/2016 às 02h 00

Devo, não nego, e não pago! Esse é o lema do chamado "devedor contumaz" -um empresário antiético que, diferentemente do devedor eventual, deixa de recolher tributos de forma sistemática, com o intuito premeditado de obter vantagem competitiva, gerando assim desequilíbrios concorrenciais. Como empresários ineficientes, que só funcionam por não pagarem impostos, geram um benefício (ilegal) e apenas sobrevivem à base de um custo artificialmente alcançado. Em setores com alta carga tributária (combustíveis, cigarros, bebidas e medicamentos), de consumo imediato e baixa margem de retorno, o fato de não pagar impostos concede ao empresário-devedor contumaz uma vantagem competitiva abissal. Só para se ter uma ideia, em um maço de cigarro vendido a R$ 3, os impostos chegam a R$ 2. Da mesma forma, em um litro de gasolina C, cujo o custo ao consumidor final é em torno de R$ 3,50, o Fisco abocanha R$ 2. Uma dúvida sempre aparece quando se debate este assunto: como essas empresas permanecem por tanto tempo à margem da legalidade? Apesar do evidente absurdo, a explicação é simples. 33


O devedor contumaz necessita do litígio tributário com o Fisco para alongar a sua permanência no mercado. Discute e rediscute em processos administrativos e judiciais, patrocina teses jurídicas esfumaçadas que confundem a Justiça e as procuradorias públicas. Num momento de crise econômica e grande deficit de arrecadação, combater o devedor contumaz é uma necessidade para estancar a sangria da falta de pagamento de tributos em setores com alta inadimplência. Entre os 500 maiores devedores do país, há vários que acumulam dívidas acima de R$ 1 bilhão. Usam e abusam da morosidade da Justiça, da burocracia dos fiscos, valendo-se da jurisprudência tradicional do Supremo Tribunal Federal que proíbe ao Poder Público aplicar sanções políticas para cobrar tributos. Tais precedentes vêm de uma época em que havia tão somente a figura do devedor eventual, aquele que deixa de pagar impostos por uma dificuldade momentânea, passageira, cuja superação o coloca de volta à normalidade. Nesse caso, um programa de parcelamento gera resultados positivos. Já o devedor contumaz age na contramão da ética. Deixar de pagar a dívida fiscal faz parte do negócio. A perda da arrecadação para o Fisco é permanente, nunca mais se recupera. O patrimônio dessas empresas, normalmente ocultado em nome de "laranjas", alimenta a corrupção, o crime organizado e a lavagem de dinheiro. A jurisprudência tradicional do STF sobre proibição de sanções políticas para cobrança de tributos não cabe ser aplicada em casos de devedores contumazes. Abre-se um novo capítulo. Em análise de caso concreto, o STF já entendeu pela cassação do registro especial de uma empresa de cigarros com grandes débitos fiscais, determinando, assim, o encerramento de suas atividades. Nesses casos, há necessidade de bloqueio da função empresarial ou de cobrança antecipada dos impostos. O benefício do Estado vem com a preservação da arrecadação fiscal. O da sociedade, com um ambiente ético nos negócios. Em um período da vida nacional em que os três níveis de governo penam com a falta de recursos, é urgente um olhar diferenciado sobre o devedor contumaz. Os fiscos, as procuradorias, o Ministério Público e, especialmente, os magistrados precisam estar atentos a esse moderno fenômeno. Para combatê-lo, devemos ir além da tradicional aplicação do direito tributário. É fundamental preservar a ética concorrencial e proteger o Estado. LUCIANO DE SOUZA GODOY, ex-juiz federal, doutor em direito civil pela USP, é advogado e professor da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas

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Brasil precisa de um choque de decência e ética FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, SILVIO TORRES 19/07/2016 às 02h 00

O país está afundado na maior crise da sua história, com recessão econômica, retrocesso social e um terremoto que leva os brasileiros, não sem razão, a confiar cada vez menos na política. O desafio que temos a enfrentar não é trivial. O momento, contudo, é oportuno para construir novos destinos para o Brasil, a começar já. Voltar a crescer é o ponto inicial, necessário, para que a mudança comece. Atacar o desequilíbrio estrutural das contas públicas é a primeira missão a ser vencida. Não se conseguirá retomar o desenvolvimento sem que a solvência do Estado seja restaurada e a desconfiança se dissipe. O abismo social só será superado com mais geração de riqueza, com mais e melhores empregos. Temos no PSDB, tanto no Congresso quanto nos governos estaduais e nas prefeituras, compromisso com a responsabilidade e com o bem-estar dos brasileiros. Não fugimos a momentos de crise aguda, como o atual. A experiência histórica nos respalda: foi assim quando enfrentamos e derrotamos a hiperinflação, com o Plano Real. Nosso DNA reformista nos legitima: assim foi com as privatizações e a modernização do Estado. A partir das iniciativas recentes anunciadas pela gestão Temer, estamos prontos a trabalhar pela restauração do equilíbrio das contas públicas, com ênfase no corte de gastos e na peremptória recusa a aumentos de impostos. Mas precisamos ir muito além do teto para as despesas dos governos. Um plano de ação fiscal realista e factível deve estancar o aumento da dívida e colocar o orçamento público a serviço de quem realmente interessa: a população brasileira. Subjaz nestas iniciativas uma agenda de reformas que implica a urgente redefinição do papel do Estado, tornado um peso que atravanca o desenvolvimento e impede o progresso social. Estado máximo não é sinônimo de mais zelo com as pessoas. Pelo contrário. A máquina do governo precisa tornar-se mais eficiente, valorizando quem serve melhor ao público. Também são inadiáveis medidas que contemplem a reforma da Previdência, a fim de que leguemos a nossos filhos e netos um sistema sadio e não a fábrica de deficits em que se converteu.

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Para reconquistar a confiança e reativar os investimentos, em especial os privados, o novo governo deve mirar a restauração da segurança jurídica, a recuperação das agências reguladoras e a promoção de maior justiça tributária. Os programas sociais precisam ser aprimorados, seus impactos devem ser regularmente avaliados e seus resultados, monitorados. É a capacidade de produzir benefícios reais na vida das pessoas que deve determinar como será aplicado o dinheiro do contribuinte. As ações que não resistirem a esse escrutínio não devem permanecer. A restauração do Brasil não estará completa sem o prosseguimento das investigações dos esquemas de corrupção instalados no país pelo PT e seus aliados. A Lava Jato só deve parar quando, e se, tiver zerado tudo o que precisa ser passado a limpo. Antes, jamais. Tudo isso pode e deve ser acompanhado de uma reforma política que aumente a participação do eleitor, radicalize a transparência e, sobretudo, aproxime os representantes (os parlamentares) de seus representados (o povo). Nenhuma democracia resiste a um sistema como o atual, em que as regras só servem para quem quer se servir da política. Houve um tempo em que propúnhamos um choque de capitalismo. Parecia-nos o bastante. Mas os últimos anos foram de tal degradação, que isso deixou de ser suficiente. Precisamos de um choque de decência e ética, de eficiência e cidadania. Para termos novamente um governo que sirva a todos os brasileiros, e não a uns poucos. E que seja a favor do Brasil. SILVIO TORRES é deputado federal (SP) e secretário-geral nacional do PSDB. Foi secretário de Habitação de São Paulo (governo Alckmin)

Contragolpe turco FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, EDITORIAL 19/07/2016 às 02h 00

Sobram motivos para que turbulências na Turquia provoquem temores no restante do planeta. Trata-se de potência regional e membro da Otan (aliança militar ocidental), com papel crucial na guerra que se desenrola na vizinha Síria, seja como linha de frente dos ataques contra o Estado Islâmico, seja como principal destino dos milhões de refugiados do conflito. Só se pode, assim, reagir com preocupação à malfadada tentativa de golpe de Estado que resultou num final de semana sangrento e convulsivo naquele país. 36


Entre a noite de sexta-feira (15) e a madrugada de sábado, uma facção das Forças Armadas, afirmando agir em defesa da democracia secular turca, fechou pontes em Istambul e atacou o Parlamento na capital, Ancara. A reação foi rápida. Retornando às pressas das férias, o presidente Recep Tayyip Erdogan convocou a população para ir às ruas e resistir ao levante, no que foi atendido. Os confrontos entre os dois lados terminaram com um saldo trágico de cerca de 250 mortes e o sufocamento do movimento militar insurgente. Tentativas de rompimento da ordem institucional como essa devem, por óbvio, ser condenadas com veemência. Isso, todavia, não impede que se reconheça a escalada autoritária do país sob o comando de Erdogan. Até há pouco apontada como modelo de sucesso na constituição de um Estado ao mesmo tempo islâmico e democrático, a Turquia tem se transformado num regime cada vez mais tirânico, com perseguição a opositores e restrição da liberdade de expressão. O malogrado golpe deveria servir como um alerta do grau de polarização da sociedade e um estímulo para que o presidente busque o diálogo com a oposição. As ações de Erdogan após o incidente, porém, sugerem a direção contrária. Prometendo eliminar o "vírus" presente nos órgãos do Estado, o presidente turco começa a promover prisões em massa. Cerca de 7.500 militares, membros do Judiciário e políticos já foram detidos, acusados de participação no golpe. Já há um movimento que pede a volta da pena de morte, abolida em 2004. É provável, ademais, que Erdogan aproveite o episódio –do qual sai fortalecido para aumentar suas forças e se perpetuar no poder. Guardadas as proporções, pode-se esperar algo similar ao que se viu na Venezuela a partir de 2002, ano do golpe malsucedido contra Hugo Chávez: radicalização do regime, cooptação de instituições, expurgos de inimigos reais e imaginários. Agindo dessa maneira, Erdogan deve progressivamente aproximar seu país da fronteira que separa a democracia da ditadura. Traz ainda mais desalento o fato de que Estados Unidos e União Europeia, que poderiam exercer alguma pressão diplomática sobre a Turquia, dificilmente o farão – os norte-americanos por precisarem de Ancara no combate ao terrorismo; os europeus, por terem nos turcos uma solução improvisada para a sua crise de refugiados.

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Pobre Chico FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, EDITORIAL 19/07/2016 às 02h 00

Dado o inglório padrão do investimento público no país, não chegaram a causar surpresa o atraso e os custos extras da faraônica transposição do São Francisco. Há mais, no entanto: uma década depois do início da empreitada, constata-se agora que esteve subestimada também a severidade da degradação do rio. Conforme revelou reportagem desta Folha, restam dúvidas no governo federal quanto à disponibilidade de água para atender aos propósitos da obra polêmica, cuja inauguração está programada para dezembro. Aprovou-se, diante disso, um plano para desembolsar, ao longo dos próximos dez anos, mais R$ 10 bilhões –além dos R$ 2,2 bilhões já gastos até aqui– em ações de revitalização socioambiental. Como de hábito, a conta adicional a ser transferida aos contribuintes vem embalada em marca publicitária e bons propósitos. Anuncia-se que o programa Novo Chico, como foi batizado, envolverá obras de saneamento, irrigação, remoção de entulhos e recuperação de nascentes na região da bacia hidrográfica. Nada disso configura a novidade que o nome fantasia sugere. Em 2012, relatório do Tribunal de Contas da União considerou dispersas e insuficientes as iniciativas do programa de controle de processos erosivos e recuperação da área. Das providências então recomendadas, muito pouco se fez, como observou o mesmo TCU em 2015. Não se sai melhor no retrospecto a própria obra de transposição do rio. Orçada na origem em R$ 4,5 bilhões, a serem gastos até 2012, a construção dos canais que levarão as águas ao semiárido já consumiu mais que o dobro desse valor e se tornou alvo das investigações da Lava Jato. São cifras às quais pouco se prestava atenção nos tempos de bonança orçamentária do governo Lula (PT), quando foi posto em andamento, sem suficiente cotejo de custos e benefícios, o projeto grandioso –hoje um fato consumado. Resta torcer para que a penúria dos dias atuais conduza os governantes ao planejamento e à temperança no manejo dos dispêndios restantes. Como pregava o santo que dá nome ao rio, que da pobreza venha a purificação.

São as expectativas, estúpidas Fonte Cida Damasco, Jornal O Estado de S. Paulo 18 Julho 2016 às 11h 50

Fim de semana agradável para a turma do Planalto. Se duvidar, o presidente interino Michel Temer teve tempo até de pegar um cineminha particular com a família. As

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notícias sobre a evolução do clima na área econômica são bastante favoráveis ao governo Temer. Como mostrou o Estadão na edição de domingo, fundos de investimento avaliam investir US$ 50 bilhões na economia brasileira. Bolsa em alta e dólar em baixa confirmam essa expectativa. Pesquisa Datafolha também divulgada ontem revela que a expectativa dos brasileiros em relação à situação econômica atingiu o maior nível desde dezembro de 2014 – em outras palavras, desde a eleição de Dilma Rousseff. Pesquisa Focus desta segunda-feira confirma leve melhora nas previsões para inflação e crescimento. Isso não é pouco. Especialmente para um governo que passou as primeiras semanas cercado de dúvidas sobre quem seria o próximo ministro a cair e de torcida da atual oposição para chegar desidratado à votação do impeachment no Senado. A leitura agora é que o governo Temer vai se consolidando. E é a economia mais propriamente as expectativas sobre a economia que está produzindo essa mudança. As mesmas pesquisas mostram, contudo, que a vida do governo Temer, pendurado no desempenho da economia, não será um passeio. Nem sempre o que os chamados agentes econômicos querem é exatamente o que a população quer. De maneira simplista, todos desejam que o País chegue a uma situação de bem-estar: menos inflação, mais empregos e mais renda. O caminho até lá é que são elas. Investidores, empresários e executivos temem que o governo “amoleça” e pressionam para que ele cumpra as promessas de ajuste fiscal. Um ajuste que se apoie em forte redução de gastos e só em último caso mas em último caso mesmo – apele para aumento de impostos. Nesse sentido, uma reforma da Previdência é ponto de honra. A mesma pesquisa Datafolha revela que 43% da população rejeita idade mínima para a aposentadoria e apenas 11% acham que o brasileiro se aposenta cedo demais. Por esse levantamento, fica claro que o sonho de consumo é se aposentar aos 60 anos, e o próprio Temer já indicou sua preferência por uma fórmula que fixe a aposentadoria para homens em 65 anos e um pouco mais cedo para mulheres. É na área política, obviamente, que essas contradições terão de ser equacionadas. Trabalho duro pela frente para a equipe econômica, dentro do próprio governo, e para a equipe política. Não dá muito tempo para festejar o noticiário da semana.

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Projeto truncado É inegável que boa parcela da população de baixa renda passou a ter acesso a uma boa beirada do mercado de consumo. Mas é uma realidade mais conhecida por símbolos do que pelo rigor estatístico. Fonte Celso Ming Jornal O Estado de S. Paulo 18 Julho 2016 às 21h 00

Quando se apresentam como antídoto ao que denominam administrações neoliberais, políticos e dirigentes do PT argumentam que ninguém lhes tira o mérito de ter promovido a ascensão para as classes médias de 40 milhões de pessoas que antes viviam em condições precárias de renda e consumo. Embora esta seja afirmação sempre repetida sem preocupação de atestar sua sustentação, é inegável que boa parcela da população de baixa renda passou a ter acesso a uma boa beirada do mercado de consumo. Mas é uma realidade mais conhecida por símbolos do que pelo rigor estatístico, embora algo de suas dimensões também exista (veja o gráfico abaixo). Um desses símbolos foi o pote de iogurte e outro, a TV de tela plana, que passaram a fazer parte da cesta de consumo das classes de baixa renda.

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Foto: Infográfico Estadão

Seja qual tenha sido seu alcance, essa ascensão econômica foi construída por meio do forte aumento das despesas públicas, distribuição de crédito farto e relativamente barato, reajustes de salários acima da variação da inflação e da produtividade da mão de obra e por algumas políticas sociais, como o Bolsa Família. Teve dois graves erros de concepção. O primeiro deles é o de que essas políticas não se assentaram em fundamentos sólidos da economia. A partir do momento em que o rombo das contas públicas saltou, que as contas externas se desequilibraram e que a inflação disparou, o processo que deveria garantir o resgate da população mais carente sofreu forte reversão. A queima de renda popular por meio da inflação, do desemprego – que hoje ultrapassa os 11 milhões de brasileiros –, do forte endividamento familiar e do crescimento da inadimplência, atirou a maior parcela desses supostos resgatados de volta ao chão de onde veio. Enfim, foi um processo que não se sustentou e que, deixado às suas próprias forças, tenderia ao colapso. O segundo grande erro de concepção foi ter dado acesso (temporário) a laticínios, máquinas de lavar roupa, a telefones celulares, a viagem de avião e até a conta bancária e, ao mesmo tempo, ter descuidado do que poderia ter promovido e 41


valorizado o ser humano, como a melhora da educação, acesso a serviços minimamente aceitáveis de saúde e a treinamento profissional. Foi a escolha do ter sem base no ser, que deu no que deu. O pressuposto foi o de que o gosto pelo consumo acabaria por criar mais demanda e, portanto, por compor uma sociedade de massas cuja principal força seria dar sustentação política que garantisse a perpetuação no poder dos governos do PT. Agora que procura o apoio dos movimentos sociais para derrotar o projeto do impeachment, o governo Dilma não o encontra. As chamadas classes populares não parecem identificadas com o que vai sobrando dos governos petistas. Alguém poderia apontar aqui também um desvio ideológico. Embora as esquerdas brasileiras continuem enaltecendo o proletariado, o que acabaram por fazer (temporariamente) foi apenas alçar parte dele à condição de pequena burguesia. Era esse, então, o objetivo? CONFIRA: Foto: Infográfico/Estadão

Esta é a evolução do Índice Bovespa, que retrata o comportamento do mercado de ações ao longo de 2016. Confiança Juntamente com o câmbio (queda das cotações do dólar), a força do mercado de ações dá uma boa ideia da maneira como acontece o resgate da confiança na política econômica. Ao longo de 2016 (até o fechamento desta segunda-feira), o mercado de ações mostrou valorização de 30,3%. Apenas em julho, a alta é de 9,6%. Mas este é um mercado volátil que pode “realizar lucros” ao aparecimento de qualquer ameaça. 42


Mudança de hábito Multas e sanções levam bancos globais a aumentar exigências para os depósitos Fonte Jornal O Estado de S. Paulo José Paulo Kupfer 19 Julho 2016 às 05h 00

O novo mundo das taxas de juros muito baixas ou mesmo negativas não é a única grande mudança possível de observar no mercado financeiro global e, mais especificamente, no sistema bancário internacional, desde os episódios de 2008. Também o anterior processo de desregulação da atividade, uma das causas apontadas para o colapso em série de instituições então ocorrido, vem passando por uma contínua revisão de procedimentos. Normas de conduta mais rígidas, impostas por autoridades reguladoras, coincidem com a aplicação de multas e penalidades aos bancos em volume crescente. Só os 20 maiores bancos globais pagaram cerca de US$ 250 bilhões em multas, entre fins de 2008 e meados de 2016. As perspectivas são de que os pagamentos, por ferirem normas regulatórias e regras de condutas legais, cheguem a US$ 300 bilhões quando se completarem dez anos da quebra do banco de investimento Lehman Brothers – uma montanha de dinheiro, equivalente a 15% do PIB brasileiro. Já às voltas com um excesso de títulos públicos em suas carteiras e sem encontrar demanda para desovar a liquidez que passaram a acumular nos bancos centrais, as instituições financeiras globais também se mostram preocupadas com essa escalada de ações corretivas igualmente global. Autoridades regulatórias e judiciais de Estados Unidos, Reino Unido e outros países da Europa, notadamente a Suíça, passaram, mais recentemente, a trabalhar com mais agressividade e em conjunto, fechando o cerco a práticas vedadas pelas normas e legislações, no interior das instituições. Nos Estados Unidos, por exemplo, estudos apontam que, dos US$ 22 bilhões pagos em multas por instituições financeiras de 2001 a 2015, quase 70% do total foi imposta nos últimos cinco anos. Na mesma linha, relatório da ONG inglesa CCP Reasearch Foundation, publicado nos últimos dias, mostra que o total de multas e reparações endereçado às instituições financeiras globais somaram quase 30% mais, nos últimos cinco anos entre 2011 e 2015, do que no período 2008 a 2012. Segundo levantamento da agência de notícias Reuters, do total de recursos já devolvido pelos bancos, em acordos de leniência ou em multas, metade diz respeito à multiplicação fraudulenta de hipotecas que deu origem ao crash de 2008, seguido de reparações por negócios enganosos, inclusive na área de seguros, e manipulação de taxas de câmbio e de juros, como a ocorrida com a Libor, taxa de referência da praça londrina. Muitas das multas dizem respeito também a movimentações com contas usadas para lavagem de dinheiro e sonegação de naturezas variadas. A ação de reguladores e promotores de Justiça tem produzido perdas efetivas para as instituições, obrigando-as a aumentar o valor das provisões em seus balanços contábeis, para fazer frente a esse tipo de cobrança. Mesmo assim, essas provisões não têm representado mais do que um quarto dos custos impostos por multas e sanções diversas. As más condutas dos bancos e de seus dirigentes, a partir da ação 43


mais efetiva dos órgãos de supervisão e da Justiça, passaram a significar perda concreta de rentabilidade e redução de ganhos para os acionistas. Atingidos em suas partes mais sensíveis – a produção de resultados econômicofinanceiros –, os bancos globais empreendem uma relevante mudança de hábito. Ao mesmo tempo que reformulam e reforçam seus departamentos de compliance, desestimulando práticas fora das novas e mais rígidas regras legais de conduta, passaram a restringir e a controlar com mais efetividade contas e depósitos de clientes. Como puderam perceber os corruptos brasileiros, que tiveram suas contas no exterior devidamente abertas pelas autoridades locais, com a colaboração dos bancos, pelo menos nas maiores instituições globais, a aceitação de depósitos sem origem clara e transparente, antes não só aceita como até incentivada em muitos deles, é cada vez mais difícil e improvável.

Lewandowski nega pedido para anular gravações com Lula Presidente do Supremo, porém, mandou Moro separar e manter sob sigilo interceptações com autoridades com foro Fonte Fausto Macedo, Julia Affonso, Mateus Coutinho e Julia Lindner, Jornal O Estado de S. Paulo 18 Julho 2016 às 23h 48  

Notícias relacionadas: RELEMBRE Reclamação de Lula é rebatida por Moro PT perde tempo de propaganda por defesa de Lula

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, negou pedido liminar da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para anular gravações interceptadas na Operação Lava Jato e divulgadas em março deste ano. O ministro mandou ainda o juiz federal Sérgio Moro separar e manter sob sigilo áudios de conversas entre Lula e autoridades com foro privilegiado. O presidente da Corte suspendeu o uso das conversas por Moro até que o ministro-relator Teori Zavascki analise o caso após o recesso do Judiciário, em agosto. Entre as autoridades flagradas nos grampos estão a presidente afastada Dilma Rousseff, que continua com foro privilegiado, e os ex-ministros da Casa Civil Jaques Wagner e da Fazenda Nelson Barbosa que, na época, também tinham a mesma prerrogativa. “Convém que, por ora, as gravações apontadas como ilegais permaneçam sob sigilo e isoladas dos demais elementos de prova já colhidos nos demais processos em curso na instância de piso (13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba), até o exame definitivo da presente reclamação pelo ministro Teori Zavascki”, escreveu o presidente do Supremo.

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O juiz federal Sérgio Moro

Separação. Segundo Lewandowski, era necessário separar as gravações para evitar a invalidação do processo. “Verifico que qualquer decisão, proferida, desde logo, pelo juiz de primeiro grau, que esteja fundada nas gravações em apreço, terá o condão de esvaziar o objeto da presente demanda”, afirmou. Ele disse ainda que uma decisão “poderá mostrar-se nula de pleno direito, caso venha a entender-se, ao final deste feito, que, de alguma maneira, houve usurpação da competência do STF”. A defesa de Lula alegou que houve “usurpação de competência” de Moro, que teria retirado o sigilo das gravações de forma indevida, uma vez que havia autoridades com foro privilegiado nas conversas, que só podem ser investigadas pelo STF. Zavascki já havia anulado uma gravação de Lula com Dilma, feita após o horário em que o juiz havia determinado o fim das interceptações, mas manteve a validade sobre outras gravações. O ministro-relator ainda pode alterar a determinação de Lewandowski. Na semana passada, Moro defendeu a validade dos áudios de Lula com autoridades que tinham foro privilegiado. As gravações foram obtidas em uma investigação contra o petista, sob suspeita de envolvimento no esquema da Petrobrás. O juiz afirmou que as investigações contra Lula conduzidas por ele respeitam a decisão de Zavascki sobre o caso.

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