SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS
21 DE JUNHO DE 2016
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Prévia da inflação desacelera e tem menor alta para junho desde 2013, diz IBGE FONTE VINICIUS NEDER – JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 21 Junho 2016 às 10h 17 Contribuíram para a desaceleração do IPCA-15 os gastos com saúde e cuidados pessoais, alimentação e bebidas e transportes
Cenoura, açaí, tomate, frutas e hortaliças ficam mais baratas no período RELACIONADAS:
Preço do feijão dispara e passa de R$ 10 o quilo Indústria de alimentos vê recuperação ANÁLISE: Quanto pesa a inflação de alimentos?
RIO - A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) registrou alta de 0,40% em junho, após subir 0,86% em maio. Essa é a taxa mais baixa registrada para meses de junho desde 2013, quando o IPCA-15 ficou em 0,38%. Com isso, o IPCA-15 acumula aumento de 4,62% no ano. Já a taxa consolidada em 12 meses até junho foi de 8,98%. O resultado, divulgado nesta terça-feira, 21, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou abaixo das estimativas dos analistas do mercado financeiro consultados pela Agência Estado, que esperavam alta de 0,47% a 0,66%, com mediana e média de 0,52%. A desaceleração do IPCA-15 na passagem de maio para junho (de 0,86% para 0,40%) foi verificada na maioria dos grupos de despesa, com destaque para Transporte (-0,30% em maio para -0,69% em junho), Alimentação e Bebidas (de 1,03% para 0,35%) e Saúde e Cuidados Pessoais (de 2,54% para 1,03%). O grupo Transporte teve impacto de -0,13 ponto porcentual (p.p.) no IPCA-15 de junho. Os destaques de baixa foram o etanol (-6,60%), que, por causa da mistura, influencia a gasolina (1,19%) e as passagens aéreas (-4,11%).
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No grupo Alimentos e Bebidas, "vários produtos tiveram seus preços significativamente reduzidos de maio para junho", informou o IBGE, com destaque para os alimentos in natura. Entre as baixas em junho estão cenoura (-25,63%), açaí (-9,06%) e tomate (-8,10%). No geral, frutas registraram deflação de 5,43% e as hortaliças recuaram 3,82%. "Em contraposição, alimentos de peso na despesa das famílias como feijão-carioca (16,38%) e leite (5,35%) ficaram bem mais caros", diz a nota divulgada pelo IBGE. No grupo Saúde e Cuidados Pessoais (1,03%), a desaceleração foi puxada pelo fim do efeito do reajuste dos remédios. O aumento de até 12,50% autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) entrou em vigor a partir do dia 1º de abril e teve impacto maior em maio. Ainda assim, os preços dos remédios ficaram 1,11% mais caros no IPCA-15 de junho, após a alta de 6,50% em maio, totalizando 11,29% no semestre. Na contramão, o grupo Habitação acelerou no IPCA-15 de junho, para 1,13%, ante 0,99% em maio. Sozinho, o grupo contribuiu com 0,17 p.p. no IPCA-15 de junho. O destaque foi o item "taxa de água e esgoto", que, com alta de 4,50%, teve o maior impacto individual (0,07 p.p.) no IPCA-15 de junho. Segundo o IBGE, a alta foi provocada por reajustes na conta de água das concessionárias de Belo Horizonte, onde houve um reajuste de 13,90% em 13 de maio, "além da revisão na estrutura tarifária praticada pela empresa de abastecimento" de São Paulo, com reajuste de 8,40% no dia 12 de maio; de Brasília, com reajuste de 7,95% em primeiro de junho; de Fortaleza, onde o reajuste de 11,96% está valendo desde 23 de abril; e de Salvador, com reajuste de 9,98% em 6 de junho.
Em junho, IPCA-15 fica em 0,40% e IPCA-E em 1,78% Fonte Comunicação Social do IBGE 21/06/2016
PERÍODO
TAXA
Junho
0,40%
Maio
0,86%
Junho 2015
0,99%
Acumulado no ano
4,62%
Acumulado em 12 meses 8,98% O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) variou 0,40% em junho, menos da metade da taxa de maio (0,86%). Foi o menor IPCA-15 para os meses de junho desde 2013, quando ficou em 0,38%. O IPCA-E, IPCA-15 acumulado por trimestre, situou-se em 1,78%, abaixo da taxa de 2,68% registrada em igual período de 2015. Com isto, o primeiro semestre do ano está em 4,62%, bem abaixo dos 6,28% registrados no primeiro semestre do ano anterior. Considerando os últimos 12 meses, o índice desceu para 8,98%, enquanto estava em 9,62% nos 12 meses encerrados em maio. Em junho de 2015, a taxa havia sido 0,99%. Os dados completos do IPCA-15 podem ser acessados aqui. Na comparação com o mês anterior, a maioria dos grupos de produtos e serviços pesquisados mostrou taxas em desaceleração. Habitação (1,13%), Despesas Pessoais (0,89%) e Artigos de Residência (0,57%) foram as exceções, conforme a tabela a seguir. Grupo
Variação Mensal (%)
Impacto Variação (p.p.) Acumulada (%)
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Abril Maio Junho Junho Trimestre
12 meses
Índice Geral
0,51 0,86
0,40
0,40
1,78
8,98
Alimentação e Bebidas
1,35 1,03
0,35
0,09
2,75 12,46
Habitação
0,99 0,41
1,13
0,17
1,71
7,85
Artigos de Residência
0,28 0,55
0,57
0,02
1,41
6,12
Vestuário
0,49 0,72
0,42
0,03
1,64
5,15
Transportes
0,18 -0,30 -0,69
-0,13
-0,81
6,81
Saúde e Cuidados Pessoais
1,32 2,54
1,03
0,12
4,96 11,82
Despesas Pessoais
0,36 0,81
0,89
0,10
2,07
8,58
Educação
0,15 0,29
0,06
0,00
0,50
9,22
1,26 0,01 0,00 0,30 3,56 0,96 Ficou com Habitação (1,13%) o resultado mais elevado entre os grupos, com destaque para a taxa de água e esgoto, que, com alta de 4,50%, representou o principal impacto individual no índice do mês (0,07 p.p.). Isto por influência das regiões metropolitanas de Belo Horizonte (13,20%), onde houve um reajuste de 13,90% em 13 de maio, além da revisão na estrutura tarifária praticada pela empresa de abastecimento; São Paulo (7,79%), com reajuste de 8,40% no dia 12 de maio; Brasília (3,48%), reflexo do reajuste de 7,95% em primeiro de junho; Fortaleza (3,33%), onde o reajuste de 11,96% está valendo desde 23 de abril e Salvador (2,80%), com reajuste de 9,98% em 06 de junho. Além disso, os itens energia elétrica (1,37%), condomínio (0,76%) e artigos de limpeza (0,68%) também contribuíram para a elevação das despesas com Habitação (1,13%). No caso da energia elétrica, a alta de 1,37% se deve às regiões metropolitanas de Recife (7,39%), com reajuste de 11,66% desde 29 de abril; Salvador (5,79%), onde o reajuste de 10,72% vigora desde 23 de abril; Belo Horizonte (3,80%), com reajuste de 3,78% em 28 de maio; Fortaleza (2,48%), cujo reajuste de 12,97% está em vigor desde 22 de abril. Além disso, excetuando-se Curitiba, as contas de energia foram influenciadas por oscilações para mais ou para menos nas parcelas referentes ao PIS/COFINS. No grupo Despesas Pessoais (0,89%), sobressai o item cigarro, cujos preços subiram 5,44% após reajustes entre 3% e 14%, conforme a marca, com vigência a partir de 1º de maio, em todas as regiões. No grupo Artigos de residência (0,57%), destaca-se o item Tv, som e informática, com variação de 2,15%. Já os demais grupos de produtos e serviços pesquisados, contribuíram para a desaceleração do IPCA-15 de maio para junho, especialmente Saúde e Cuidados Pessoais (1,03%), Alimentação e Bebidas (0,35%) e Transportes (-0,69%). Em Saúde e Cuidados Pessoais (1,03%), os remédios sobressaem com preços 1,11% mais caros, após a alta de 6,50% em maio, totalizando 11,29% no semestre. O reajuste de 12,50% autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA entrou em vigor a partir do dia 1° de abril. Os artigos de higiene pessoal, com aumento de 1,26%, também merecem destaque. No grupo Alimentação e Bebidas (0,35%), vários produtos tiveram seus preços significativamente reduzidos de maio para junho, a exemplo da cenoura (-25,63%), do açaí (9,06%), do tomate (-8,10%), das frutas (-5,43%) e das hortaliças (-3,82%). Mesmo assim, em contraposição, alimentos de peso na despesa das famílias como feijão-carioca (16,38%) e leite (5,35%) ficaram bem mais caros. Comunicação
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Quanto ao grupo Transportes (-0,69%), a queda se deve, principalmente, ao etanol, 6,60% mais barato, influenciando a gasolina, com o preço do litro mais baixo em 1,19%, além das passagens aéreas, com queda de 4,11%. Sobre os índices regionais, o maior foi registrado na região metropolitana de Belo Horizonte, com 0,81%, pressionado pela taxa de água e esgoto (13,20%), com reajuste de 13,90% em 13 de maio, e pela energia elétrica, com 3,80%, tendo em vista o reajuste de 3,78% no valor da tarifa em vigor desde 28 de maio. O menor índice foi o de Brasília com queda de 0,02%. Região Belo Horizonte
Peso Variação Mensal (%) Regional Abril Maio Junho (%)
Variação Acumulada (%) Trimestre
12 Meses
11,23
0,66
0,70
0,81
2,19
8,33
Recife
5,05
0,30
0,72
0,68
1,71
8,85
Fortaleza
3,49
0,74
1,19
0,48
2,43
10,22
Salvador
7,35
0,08
1,13
0,44
1,66
9,29
Porto Alegre
8,40
0,76
0,98
0,42
2,17
9,84
Belém
4,65
0,78
0,88
0,41
2,08
9,24
São Paulo
31,68
0,59
0,88
0,36
1,84
9,10
Rio de Janeiro
12,46
0,30
0,90
0,34
1,55
8,66
Curitiba
7,79
0,47
0,81
0,23
1,52
8,73
Goiânia
4,44
0,39
0,58
0,01
0,98
9,08
Brasília
3,46
0,30
0,55
-0,02
0,83
7,48
100,00
0,51
0,86
0,40
1,78
8,98
Brasil
Para o cálculo do IPCA-15 os preços foram coletados no período de 14 de maio a 14 de junho (referência) e comparados com aqueles vigentes de 14 de abril a 13 de maio (base). O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia. A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.
Anatel não intervém na Oi, que fica proibida de vender bens sem seu aval Agência reguladora anuncia ações de fiscalização para proteger consumidor FONTE O GLOBO ANDREA FREITAS 21/06/2016 ÀS 10H 07
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Loja do Oi em São Paulo - Paulo Fridman / Bloomberg
RIO - A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) decidiu não intervir na Oi, que apresentou um pedido de recuperação judicial na segunda-feira. O órgão, no entanto, proibiu a empresa de se desfazer de quaisquer bens sem sua autorização. A reguladora também informou, em nota divulgada na madruga desta terça-feira, que vai adotar ações de fiscalização para proteger os usuários. Veja também:
Empresa com mais ações em juizado do Rio, Oi terá de manter serviços
‘O serviço fica muito exposto à empresa’, diz ex-ministro
Governo toma medidas para garantir serviços a consumidores da Oi
Oi tem 877 mil pequenos acionistas
O Conselho Diretor da Anatel optou por “suspender cautelarmente qualquer alienação ou oneração de bens móveis e imóveis integrantes de patrimônio das concessionárias, bem como de suas controladoras, controladas e coligadas, sem aprovação prévia pela agência”. Desta forma, a Anatel proíbe que a Oi se desfaça de seus bens em meio ao processo de recuperação judicial sem autorização prévia da agência. Ou seja, o uso de seu patrimônio para renegociar as dívidas fica mais difícil. A Anatel disse que “acompanha com atenção, por meio de processo específico, o desenrolar dos acontecimentos relativos às empresas da Oi e decidiu, neste momento, não intervir na condução feita pelos executivos do grupo por acreditar na possibilidade de um desfecho que signifique a efetiva recuperação do equilíbrio econômico-financeiro das prestadoras”. A agência se comprometeu com a adoção de “ações específicas de fiscalização que assegurem a manutenção das condições operacionais das empresas e a proteção dos usuários”. A Oi é a empresa com mais ações no Juizado Especial do Rio.
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SEIS MOMENTOS DA HISTÓRIA DA OI
Em 1998, a Telebrás foi a leilão, dando fim a Telerj, que foi absorvida pela Telemar, futura Oi Foto: Hipólito Pereira / Agência O Globo
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Prédio da companhia no Leblon. A empresa de telecomunicações operou sob o nome de Telemar até 2007, quando a marca foi atualizada para Oi
Com apoio do BNDES e dos fundos de pensão das estatais, a Oi se uniu à Brasil Telecom (BrT), concessionária de telefonia fixa no Sul e Centro-Oeste, em 2008. Após a conclusão, a Oi descobriu passivos nas contas da BrT, que oneraram a companhia em mais de R$ 6 bilhões. A dívida da tele mais que dobrou, subindo de R$ 9,8 bilhões para R$ 21,8 bilhões entre 2008 e 2009 Oi e Portugal Telecom anunciam fusão em teleconferência na sede da operadora brasileira no Leblon, em 2013. Após a união, novo rombo: de quase € 1 bilhão, valor que a PT havia comprado em títulos de uma companhia chamada Rio Forte No início de junho de 2016, após 14 anos na companhia, Bayard Gontijo renunciou ao cargo de diretor presidente da Oi No final do mesmo mês, a Oi entra com pedido de recuperação judicial. Em comunicado ao mercado, a Oi informou que o total de dívida nas mãos dos credores soma R$ 65,4 bilhões A agência reguladora afirmou confiar no comprometimento dos agentes envolvidos e na capacidade do Judiciário para encontrar a melhor solução e disse que contribuirá ativamente para o êxito da situação. Mas não descartou uma atuação direta caso necessário. “Entretanto, caso se faça necessário, adotará outras medidas objetivando a proteção do interesse público e dos direitos dos consumidores, bem como a estabilidade sistêmica do setor de telecomunicações brasileiro”, afirmou em nota. Todas as decisões da Anatel serão encaminhadas ao juiz responsável pelo processo de recuperação judicial.
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Oi entra com pedido de recuperação judicial e pode vender fatia a terceiros Empresa reconheceu que não conseguiu chegar a acordo com credores FONTE O GLOBO DANIELLE NOGUEIRA 20/06/2016 ÀS 23H 15
Prédio da Oi - Custódio Coimbra / O Globo / 11-7-2014
RIO - A Oi acaba de entrar com pedido de recuperação judicial na Justiça do Rio, conforme antecipado pelo colunista do GLOBO, Lauro Jardim. A ação foi distribuída na 7ª Vara Empresarial. Em comunicado ao mercado, a Oi informou que o total de dívida nas mãos dos credores soma R$ 65,4 bilhões. Trata-se do maior pedido de recuperação judicial já registrado no país. Até então, o processo da Sete Brasil (R$ 19,3 bilhões), seguida da OGX (R$ 12 bilhões), petroleira de Eike Batista, era considerado o maior. Veja também:
Oi pede recuperação judicial
Era uma vez uma supertele: Oi chega à maioridade em crise
Oi e BNDES assinam acordo para suspender pagamento de dívida
Fitch corta rating da Oi e diz que atual estrutura de capital é insustentável
Em comunicado ao mercado, a Oi diz que tomou a decisão de pedir proteção contra credores em razão do cronograma de vencimento de dívidas e das ameaças ao caixa das empresas do grupo, que incluem risco iminente de penhoras ou bloqueios em processos judiciais. A situação da operadora de telefonia fixa, que tem concessão do serviço em todos os estados do país, exceto São Paulo se agravou nos últimos meses. Na sexta-feira, a empresa informou que havia chegado a um impasse na negociação junto aos donos de bônus, que respondem por 9
quase 70% da dívida. No mesmo dia, ela publicou na internet uma série de documentos que mostravam os termos oferecidos aos credores.
O escritório responsável pelo pedido é o de Ana Tereza Basílio. O plano contemplaria a possível venda de parte da empresa a terceiros. Especialistas avaliam que estes não seriam do setor.O pedido abrange seis empresas, considerando as subsidiárias da companhia. Em fato relevante, a Oi diz que "o pedido de recuperação foi ajuizado em razão dos obstáculos enfrentados pela administração da Companhia para encontrar uma alternativa viável junto aos seus credores que possibilitasse à Companhia atingir os objetivos". "O total dos créditos com pessoas não controladas pela Oi listados nos documentos protocolados com o pedido de recuperação judicial soma, nesta data, aproximadamente R$ 65,4 bilhões", informa a empresa no comunicado. Bancos como Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Caixa e BNDES estão entre os principais credores da operadora. Na última semana, a Oi fechou um acordo com o BNDES para suspender o pagamento de dívidas durante um prazo de seis meses, um tipo de acordo conhecido no mercado como stand still.
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SEM MUDANÇA NO QUADRO FUNCIONAL Segundo a operadora, o caixa consolidado em 31 de março de 2016, data da última informação pública disponível sobre esse dado, era de R$ 8,527 bilhões. A empresa afirmou que "não existe mudança prevista na estrutura do quadro funcional ou de gestão da Oi" durante o processo de recuperação e que "todas as obrigações trabalhistas e benefícios atuais serão mantidos normalmente". Pela legislação, as dívidas (exceto as tributárias) e contas a pagar existentes no momento em que a empresa solicita a recuperação judicial são congeladas e quitadas conforme um plano que contenha proposta de reestruturação de seu endividamento. A proposta precisa ser apresentado à Justiça e aprovado pelos credores. Segundo a Oi, que tem 70 milhões de clientes no país, os serviços contratados após o pedido de recuperação seguirão o fluxo de pagamento regular da companhia. Quanto aos fornecedores com pagamento em aberto, estes foram incluídos na lista dos credores no pedido de recuperação judicial e "serão negociados e pagos no âmbito do plano de recuperação, conforme determina a lei". "A Oi continuará a operação de seu negócio normalmente e fará regularmente os pagamentos dos valores que não tiverem sido abrangidos na Recuperação Judicial", informou a companhia.
Oi, ‘campeã nacional’, sucumbiu à crise FONTE LUIZ GUILHERME GERBELLI E MÔNICA SCARAMUZZO - JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 20 Junho 2016 às 21h 23
Política usada no governo Lula de ajudar algumas empresas para concorrer com as multinacionais, para economistas, criou distorções O pedido de recuperação judicial da Oi mostra que a política encampada durante o governo do PT de criação de grandes empresas, capazes de competir globalmente, com a ajuda do BNDES, foi, no mínimo, discutível. Apesar de toda a ajuda federal, essas companhias nem sempre se mostraram capazes de assumir a posição de liderança que almejavam. No caso específico da Oi, a “supertele nacional” jamais chegou a ameaçar a posição das rivais Vivo, Claro e TIM em telefonia celular. RELACIONADAS:
Oi não pode interromper serviço, diz Proteste Oi entra com pedido de recuperação judicial
Entre outros negócios que foram eleitos como prioritários pelo governo, o resultado foi variado: enquanto a JBS se tornou líder global em carnes e a Fibria é a maior empresa de celulose do País, a LBR, de lácteos, pediu recuperação judicial e saiu do mercado. O frigorífico Marfrig também tem atuado no vermelho e teve de vender ativos. A “supertele nacional” surgiu em 2008, quando a Oi se fundiu com a Brasil Telecom, criando à época uma empresa com atuação em todos os Estados, à exceção de São Paulo. Para que essa fusão fosse feita, o governo teve de mexer na legislação havia uma série de entraves legais ao negócios.
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Com maior rede de telefonia fixa, Oi definirá em 60 dias plano de reestruturação Em 2013, também com uma ajuda do governo, a Oi, já em dificuldades, se uniu à Portugal Telecom. A ideia foi vendida, à época, como uma forma de criar uma multinacional de língua portuguesa capaz de concorrer até em outros continentes. Mas nada disso deu certo, a dívida da empresa não parou de subir e acabou culminando na recuperação judicial. Malsucedido. Para Sergio Lazzarini, professor do Insper, a política chamada de campeãs nacionais tem mais casos de insucessos. “Nossos estudos mostram que o BNDES até ajudou companhias no passado. As que prosperavam eram aquelas que precisavam de capital e tinham bons projetos”, diz. A Embraer, por exemplo, foi um caso que contou com ajuda estatal e conseguiu prosperar. “No caso da Oi, houve uma conjugação política importante. Foi uma movimentação que buscava duas coisas: resolver os conflitos que estavam ocorrendo entre os acionistas e a decisão do governo Lula de criar grandes grupos.” De acordo Lazzarini, a política de campeã nacional acabou no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. “Um divisor de águas foi a tentativa do Abílio Diniz de fundir o Carrefour e o Pão de Açúcar, com o dinheiro do BNDES. Na época, foi extremamente criticado.” Em entrevista recente, Rodrigo Zeidan, professor de economia da Fundação Dom Cabral, disse que um dos problemas da política de campeãs nacionais foi não ter focado em setores estratégicos, mas sim em empresas que mantinham boa relação com o governo. Em entrevista ao Estado, em 2013, o então presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou que a promoção da competitividade de grandes empresas era uma política que havia se exaurido. Coutinho contestou, à época, o termo “campeãs nacionais”. O BNDES diz que associar o banco a campeãs nacionais pressupõe que há privilégios a poucas empresas, o que seria incorreto. Prioridade. Pelo menos, agora, em recuperação judicial, o BNDES terá uma vantagem. Os credores com garantia real – casos do BNDES e o BRB (Banco de Brasília) – são os que deverão receber primeiro, além das dívidas trabalhistas. Os credores restantes entram na mesma fila. “No fundo, o pedido de recuperação judicial não é ruim para a Oi. Eles caíram na real de que a situação é crítica e que a reestruturação terá de ser feita”, disse uma fonte a par do assunto.
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Oi não pode interromper serviço, diz Proteste FONTE JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 20 Junho 2016 às 20h 55
Como telecomunicação é um serviço público e essencial, ele não pode ser descontinuado pela companhia, a não ser em caso de falta de pagamento do usuário. O pedido de recuperação judicial da operadora Oi não muda nada para o consumidor por ora, alerta a advogada Sônia Amaro, supervisora institucional da associação de consumidores Proteste. De acordo com a especialista, a operadora não pode descontinuar o serviço de telefonia, a não ser em caso de falta de pagamento do usuário. RELACIONADAS:
Oi entra com pedido de recuperação judicial Oi e BNDES firmam acordo para suspender pagamento da dívida por 180 dias
Tire suas dúvidas sobre o pedido de recuperação da Oi: Com o pedido de recuperação judicial, o que muda para os clientes da Oi? Por enquanto, não muda nada, segundo a advogada Sônia Amaro, supervisora institucional da Proteste. Ela destaca que a empresa continua com os mesmos deveres de prestar serviço para o consumidor. Como telecomunicação é um serviço público e essencial, ele não pode ser descontinuado pela companhia, a não ser em caso de falta de pagamento do usuário. É bom lembrar que o cliente deve continuar pagando suas contas. A qualidade do serviço, nesse caso, pode ficar comprometida? Essa é uma preocupação dos órgãos de defesa do consumidor. O setor de telecomunicações já é um dos campeões em reclamação. Se uma empresa tem limitações financeiras para investir, esses problemas de qualidade podem se agravar, diz Sônia Amaro. O cliente da Oi que precisa cumprir um prazo de carência para rescindir o contrato com a operadora pode fazê-lo sem multa agora? Não. Os deveres do consumidor também continuam os mesmos com a operadora.
Governo dá carência até o fim do ano para dívidas dos Estados FONTE JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 21 Junho 2016 às 08h 46
Em janeiro, os Estados voltarão a pagar, de forma escalonada, as parcelas da dívida; governo federal deixará de receber R$ 50 bi em 3 anos
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Estados não terão de fazer nenhum desembolso até o fim do ano
Às vésperas do término do prazo de 60 dias imposto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para entendimento sobre a dívida dos governos estaduais, a União selou um acordo ao propor a suspensão do pagamento das parcelas mensais dos Estados pelos próximos seis meses. A partir de janeiro de 2017, o desconto de 100% cairá cerca de 5,5 pontos porcentuais a cada mês, até que os Estados voltem a pagar o serviço da dívida de forma integral, em julho de 2018. A medida terá impacto total para o governo federal de R$ 50 bilhões em três anos. A maior parte, R$ 20 bilhões, será ainda em 2016. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, garantiu que a renúncia fiscal não vai provocar alterações na meta de resultado primário, que permite um déficit de R$ 170,5 bilhões neste ano. “O custo está de acordo com os cálculos e estimativas que foram feitos por ocasião da previsão do déficit”, garantiu. Além disso, haverá impacto de R$ 15 bilhões em 2017 e de outros R$ 15 bilhões no ano seguinte. A proposta não atendeu totalmente ao pedido dos governadores, que insistiam em um prazo de carência de 24 meses. Mas representou um abrandamento da posição do Tesouro Nacional, antes inflexível na negativa de conceder desconto de 100% por mais de um mês. Apesar da resistência da equipe econômica, a ala política do governo já indicava, no fim de semana, que atenderia a esse pleito dos governadores, como informou oBroadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. Dessa forma, os Estados terão um alívio de caixa mais prolongado. Os abatimentos concedidos até junho de 2018 serão reincorporados ao estoque da dívida. Por isso, Meirelles negou que o acordo signifique um “afrouxamento”. “Não há nenhum tipo de afrouxamento fiscal, pelo contrário. Houve uma demonstração clara dos governadores em participar do esforço coletivo do ajuste fiscal”, disse. O ministro frisou que o entendimento tem impacto inferior ao que teria a proposta original dos governos estaduais, que pediam dois anos de carência integral para o pagamento das parcelas mensais da dívida com a União. “Os governadores participaram do acordo em benefício do País e da União, mesmo que alguns não tenham sido plenamente atendidos em seus pleitos”, acrescentou Meirelles. O acordo é avaliado como uma vitória política do presidente em exercício Michel Temer, que manteve contato com o ministro da Fazenda enquanto os termos do pacto ainda eram 14
discutidos. Para os governadores, foi uma mostra de diálogo com o governo federal. “Já conversei com quatro presidentes. É a primeira vez que um presidente enfrenta e resolve essa questão”, disse o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), durante a reunião no Palácio do Planalto. Desconto limitado. O desconto mensal nas parcelas, contudo, será limitado a R$ 300 milhões para cada um dos Estados, à exceção de São Paulo, que terá um abatimento de até R$ 400 milhões. Isso porque o governo paulista arca com o maior serviço da dívida mensal entre as unidades federativas, de cerca de R$ 1,3 bilhão. Por conta da trava, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), chegou ao Palácio do Planalto irritado e comentou que não houve “isonomia”. No fim das contas, o desconto para o Estado será de apenas 30%. Antes da reunião com todos os governadores, no entanto, ele se reuniu reservadamente com Temer e, ao fim, minimizou as críticas e disse que “foi o melhor entendimento possível”. Para os 11 Estados que obtiveram liminares no STF para a suspensão do pagamento das parcelas da dívida desde março, o acordo prevê que esse débito será quitado em 24 meses a partir de julho deste ano. O acerto ainda prevê alongamento da dívida com a União por 20 anos e dos débitos com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por dez anos.
Michel Temer ✔@MichelTemer 15
FOTO Reunião do presidente em exercício Michel Temer e governadores sela acordo para o pagamento de dívidas. Como contrapartida, os governos estaduais terão de assumir a mesma responsabilidade da União em limitar o crescimento dos gastos à inflação. Uma emenda à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do teto de gastos será apresentada para incluir essa previsão, disse Meirelles. Os Estados também devem apoiar iniciativas complementares para o ajuste fiscal, inclusive as que envolvam gastos com a Previdência. Meirelles disse ainda que todos os Estados foram solidários com a situação do Rio de Janeiro, que decretou calamidade pública financeira na última sexta-feira, 17. Segundo o ministro, os demais entes disseram que não chegarão ao ponto de tomar a mesma medida. “Os demais Estados foram solidários à proposta de uma solução complementar para o Rio, para viabilizar a realização dos Jogos Olímpicos. Além disso, o estado de calamidade pública em decorrência de crise financeira demanda ação específica”, afirmou. “Vamos agora concluir as tratativas com o Rio”, acrescentou. A nova rodada de discussões sobre o teor do acordo começou ainda pela manhã desta segunda-feira, 20, e seguiu tarde adentro em encontro com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, na sede da pasta. A dificuldade para se chegar a um entendimento atrasou em mais de duas horas a reunião com o presidente em exercício Michel Temer, que ficou à espera dos governadores. No Planalto, também participaram da reunião o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ministro interino do Planejamento, Dyogo Oliveira. EDUARDO RODRIGUES, IDIANA TOMAZELLI, CARLA ARAÚJO, TÂNIA MONTEIRO, MURILO RODRIGUES ALVES, BERNARDO CARAM, LUCIANA NUNES LEAL
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País vai negociar acordo mundial em serviços FONTE LU AIKO OTTA DE BRASÍLIA – JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 21 Junho 2016 às 05h 00
Decisão contraria orientação do governo Dilma; mercado movimenta US$ 44 trilhões por ano e abrange áreas como a financeira e de saúde
Contrariando uma determinação do governo da presidente afastada Dilma Rousseff, o governo brasileiro pedirá para entrar nas negociações do Acordo Internacional de Comércio de Serviços (Tisa, na sigla em inglês), que envolve 23 países, entre eles Estados Unidos, México, Canadá e os integrantes da União Europeia. No momento, o País encontra-se fora dos entendimentos, que poderão ditar a participação num mercado que movimenta estimados US$ 44 trilhões ao ano e abrange serviços em áreas como a bancária e a de saúde, entre outras. Por estar fora, o governo brasileiro não sabe, oficialmente, o que está em discussão. Os documentos são restritos aos participantes, embora parte deles tenha sido vazado pelo WikiLeaks. “Ou discutimos os termos do acordo, ou simplesmente aderiremos a ele depois”, explicou o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira. Ele contou que obteve autorização do presidente em exercício Michel Temer para ingressar nas negociações durante reunião na noite de sábado. “No governo anterior, tinha uma orientação para não entrar”, contou. O ministro anunciou a decisão no encontro da Coalizão Empresarial Brasileira, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). No evento, a entidade divulgou sua agenda internacional para o ano, e o ingresso do Brasil no Tisa era um dos pontos reivindicados.
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Na avaliação da CNI, a indústria brasileira pode ter dois tipos de ganho com o acordo. Primeiro, pela redução de custos, pois há setores em que há restrição ao trabalho de profissionais estrangeiros, por exemplo. Segundo, por abrir mercados para exportar serviços no qual o Brasil é competitivo, como softwares, engenharia e automação financeira. A indústria usa mais serviço do que se imagina, explicou o assessor de Comércio Exterior da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, Mario Branco. Isso porque a produção hoje em dia é terceirizada, com diversas indústrias produzindo partes de um mesmo bem, e o pagamento dessas etapas terceirizadas conta como compra de serviços. Por isso, a estimativa é que os serviços representam 70% do PIB brasileiro. As negociações do Tisa começaram em 2012 e há uma previsão que sejam concluídas em novembro. O Tisa é um acordo plurilateral, ou seja, envolve apenas um grupo de países. No Tisa, cada país escolhe que serviço quer negociar com quem. Uma vez fechado o acordo, os resultados são estendidos aos demais participantes do grupo.
Fazenda autoriza reajuste de até 10,6% em tarifas dos Correios FONTE LUCI RIBEIRO E MURILO RODRIGUES ALVES – JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 20 Junho 2016 às 10h 48
Sem dinheiro em caixa até para pagar salários de empregados, os Correios esperavam esse aumento nas tarifas desde abril
O Ministério da Fazenda autorizou reajuste das tarifas dos serviços postais e telegráficos, nacionais e internacionais, prestados exclusivamente pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) e determinou que o Ministério das Comunicações aplique um aumento linear de até 10,641% sobre todo o rol de tarifas e preços públicos cobrados pela empresa nos serviços postais de monopólio. A portaria com a decisão está publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira. 18
Sem dinheiro em caixa até para pagar salários de empregados, os Correios esperavam esse aumento nas tarifas desde abril. Conforme o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, apurou no início do mês, com fontes, o represamento do preço das tarifas de serviços pelo governo para evitar impactos na inflação seria um dos principais fatores do prejuízo da estatal. Mesmo com o reajuste de 8,89% dado pelo governo em dezembro de 2015 às tarifas de entrega de cartas e telegramas, a defasagem retirou cerca de R$ 350 milhões dos Correios no ano passado. Também apesar do reajuste de 2015, os cálculos são de que as tarifas ainda continuavam defasadas em torno de 8%.
Café de Cuba chega ao mercado americano FONTE JAMIL CHADE CORRESPONDENTE – JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 21 Junho 2016 às 05h 00
Em cápsulas da Nespresso, café será o 1º produto cubano vendido nos Estados Unidos após embargo
Com o fim do embargo comercial contra Havana, o primeiro produto cubano que ganhará as lojas dos EUA não será nem o cigarro e nem o rum. Os suíços da Nestlé anunciaram na segunda-feira, 20, que começarão a importar ao mercado americano o café produzido em Cuba, depois de 50 anos de uma relação comercial congelada pela Guerra Fria. O produto será usado em cápsulas para o Nespresso. As vendas estão sendo planejadas para que possam ocorrer já em setembro, em mais um sinal claro da normalização das relações entre americanos e cubanos. Por anos, foram os suíços que agiam como intermediários diplomáticos entre Washington e Havana. Agora, passarão a tirar vantagens comerciais de 50 anos de “bons ofícios”. Num primeiro momento, o café será usado para uma nova cápsula, que ganhará o nome de Cafecito de Cuba. O produto estará disponível nas lojas da Nespresso e no seu e-commerce. Mas, para o presidente da Nespresso USA, Guillaume Le Cunff, o objetivo será o de construir uma relação para garantir um abastecimento de longo prazo do café cubano para o mercado 19
americano. “Não estamos encarando isso como um projeto de curto prazo”, disse. “Esse é o ponto de partida de uma iniciativa de longo prazo”, insistiu o executivo. Entre as dezenas de medidas que o governo de Barack Obama anunciou em relação ao mercado cubano, uma delas permite que os cidadãos americanos possam viajar até a ilha e trazer bebidas e cigarros em um total de US$ 100. Mas a importação regular dos dois principais produtos ainda está bloqueada por falta de leis que permitam a distribuição. Mas, em abril, uma nova lei permitiu que o café fosse comercializado e que saísse da lista dos produtos sob embargo. A Nestlé não demorou para usar a brecha e começar a fornecer o produto para o maior mercado do mundo. Num primeiro momento, a empresa vai comprar o café cubano via Europa, destino para onde o café já é enviado e processado. Mas a empresa já planeja um abastecimento direto de uma economia praticamente em sua fronteira. Padronização. A Nestlé fechou um acordo com a ONG TechnoServe, dos EUA, para ajudar os produtores cubanos a colher um café nos padrões que atendem ao mercado mundial, elevando a produtividade. Para isso, precisarão garantir novos equipamentos para os fazendeiros cubanos, assim como financiamento. Hoje, a agricultura cubana é administrada em pequenos lotes de cooperativas. Sua produção é, então, vendida ao governo, que toma a decisão de vender no mercado doméstico ou exportar. Dados oficiais apontam que Cuba tem uma produção anual de 100 mil sacas de café arábica. Ainda que seja cinco vezes o volume da Jamaica, o montante é apenas uma fração da produção colombiana de 13,5 milhões de sacas ou das 49 milhões de sacas previstas no Brasil em 2016 para todos os tipos de café.
Brasil pode retomar crescimento neste ano, diz presidente da Febraban
FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, FERNANDA PERRIN DE SÃO PAULO 21/06/2016 às 11h 12
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O presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Murilo Portugal, afirmou que, diferentemente do que ocorreu em outros países onde o setor bancário foi um problema, no Brasil ele será "parte da solução". A comparação é uma referência à crise econômica internacional de 2008, em que a desregulamentação do mercado financeiro foi apontada como uma de suas causas. Portugal falou nesta terça (21) em palestra de abertura do Ciab, congresso sobre tecnologia da informação de instituições financeiras. Segundo ele, os bancos brasileiros são capitalizados, líquidos, resistentes a choques e capazes de reagir rapidamente a situações econômicas difíceis. "Nós estamos preparados para financiar a retomada do crescimento econômico no Brasil", disse. Em nome da Febraban, ele afirmou que os problemas que o país enfrenta hoje serão superados. "Já vemos sinais de estabilização da atividade econômica no segundo semestre e com possibilidade de voltar a crescer no final do ano", afirmou. O Ciab acontece entre os dias 21 e 23 de junho, em São Paulo. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, devem participar do evento.
Kroton melhora oferta por Estácio e propõe relação de troca de 1,25 ação Marisa Cauduro/Folhapress
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Alunos do curso de administração do Grupo Anhanguera, adquirido pela Kroton em 2013
FONTE REUTERS 21/06/2016 às 10h 01
O grupo de ensino superior privado Kroton enviou nova oferta para compra da Estácio, em que propõe uma relação de troca de 1,25 ação de sua emissão por cada papel da rival mais próxima, em uma operação avaliada em cerca de R$ 5 bilhões. Segundo a Kroton, maior companhia do setor no país, a nova oferta, toda em ações e de caráter vinculante, representa um prêmio de 27,9% sobre a proposta feita anteriormente pela Estácio e expira em 30 de junho. "Enfatizamos que, no nosso entendimento, a operação possui um forte racional estratégico em razão da alta complementaridade geográfica, do amplo potencial de sinergias e de ganhos de eficiência", afirmou a Kroton em documento enviado à Estácio na véspera e divulgado ao mercado nesta terça-feira (21). A Kroton, que tem cerca de 1 milhão de alunos no país, anunciou no início deste mês interesse em adquirir a rival, sinalizando uma relação de troca de 0,977 ação de sua emissão por cada papel da Estácio, que tem cerca de 588 mil estudantes. Na semana passada, fonte próxima às negociações afirmou à Reuters que a Kroton estava disposta a melhorar a oferta pela Estácio e que a base para a análise para uma eventual nova proposta seria uma relação de troca de 1,15 por ação.
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Com a nova relação proposta, acionistas da Estácio ficariam com 19,2% das ações a serem distribuídas pela Kroton ante proporção anterior de 15,7%. "A administração da Kroton está bastante empenhada em viabilizar a combinação das operações das companhias, em termos e condições aceitáveis às partes e que sejam favoráveis às duas empresas", afirmou a empresa na carta à Estácio. A nova proposta equivale a R$ 16,41 por ação da Estácio, com base no preço de fechamento do papel da Kroton na segunda-feira. Na véspera, as ações de Estácio encerraram a R$ 15,45, enquanto os papeis da Kroton fecharam a R$ 13,13. A nova oferta veio depois que a Ser Educacional fez sua própria proposta pela Estácio, em uma combinação de dinheiro e ações. A Estácio informou também nesta terça-feira que recebeu a nova oferta da Kroton e que seu Conselho de Administração vai avaliar os novos termos.
Grécia recebe mais de € 7 bilhões em fundo de resgates
FONTE REUTERS 21/06/2016 às 12h 07
A Grécia recebeu mais de € 7 bilhões em fundos de resgate após a revisão do progresso do país em implementar reformas econômicas, disse nessa terça-feira (21) em Atenas o diretorgerente do Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM, na sigla em inglês), Klaus Regling. A Grécia precisa do dinheiro para quitar as crescentes dívidas em atraso, os títulos do BCE (Banco Central Europeu) que estão vencendo e empréstimos do FMI (Fundo Monetário
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Internacional). Conversas com os credores internacionais sobre os esforços da Grécia para implementar um programa de reforma tem se arrastado por seis meses. O ESM "desembolsou hoje € 7,5 bilhões para a Grécia", disse Regling depois de se encontrar em Atenas com o ministro das Finanças grego, Euclid Tsakalotos. Atenas vai usar € 5,6 bilhões para pagar dívidas e € 1,8 bilhão para as dívidas atrasadas. O ESM, maior credor da Grécia, continuará a emprestar dinheiro para Atenas a condições favoráveis. A taxa de juros cobrada pelos empréstimos à Grécia são de 0,8% atualmente e o vencimento médio dos empréstimos é de 32 anos, disse Regling.
Preço do açúcar no Brasil bate recorde com queda em estoques e chuvas Divulgação - 30.mar.2009/Odebrecht
Máquinas agrícolas durante colheita de cana-de-açúcar no Estado de São Paulo FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, MAURO ZAFALON 21/06/2016 às 02h 00
Queda de estoques mundiais e chuvas no Brasil, o que atrasa a colheita de cana-de-açúcar, colocaram o preço interno do açúcar no maior patamar nominal até então registrado no país. A saca de 50 quilos de açúcar foi negociada a R$ 86,05 nesta segunda-feira (20), um valor que supera em 80% o de igual período de 2015.
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Os dados são do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), entidade que pesquisa preços no setor desde 2003. Descontada a inflação, os preços atuais da saca de açúcar só perdem para os de fevereiro de 2010, quando chegaram a R$ 113 por saca. "O mercado está nervoso e com bom componente de especulação", afirma Heloisa Lee Burnquist, professora da Esalq/USP e analista do setor sucroalcooleiro. Os preços do açúcar começaram a subir devido à redução dos estoques mundiais, que estão próximos a 37 milhões de toneladas. A queda dos estoques afeta diretamente os preços da commodity, segundo Burnquist. As boas perspectivas de exportação brasileira, principalmente devido ao dólar, perdem ritmo devido às chuvas, que atrasam a colheita e reduzem a oferta de produto. Esse atraso nas exportações traz uma preocupação para o mercado porque o Brasil é praticamente o único fornecedor de açúcar no mercado mundial neste primeiro semestre, segundo avaliação da analista do Cepea. Além do ritmo menor da oferta brasileira, devido às condições climáticas, outros países estão com capacidade limitada para colocar açúcar no mercado externo. A Índia, por exemplo, o segundo maior produtor mundial de açúcar, está colocando barreiras às exportações para manter o produto internamente. Com produção próxima de 27 milhões de toneladas e consumo de 25 milhões, a Índica se tornará importadora líquida na safra 2016/17. A China também interfere no mercado. O país "queima" estoques, segundo Burnquist. Isso ocorre em um momento de alta de consumo, que deverá atingir 17 milhões de toneladas, aponta o Rabobank. Estoques menores e aumento de consumo farão a China importar pelo menos 5 milhões de toneladas de açúcar na safra 2016/17. A produção mundial deverá ser de 181 milhões de toneladas de açúcar na safra 2016/17, período em que o consumo mundial vai superar em 5,5 milhões de toneladas a oferta. Com isso, os preços internacionais reagem e já apontam para as previsíveis dificuldades de abastecimento do mercado no médio prazo. Os contratos futuros de compra atingem patamar recorde, segundo Burnquist. O primeiro contrato do açúcar, negociado na Bolsa de commodities de Nova York, terminou o pregão em 19,69 centavos de dólar por libra-peso nesta segunda-feira (20). Esse valor supera em 77% o de igual período do ano passado. Nos últimos 30 dias, a alta do açúcar foi de 15% na Bolsa nova-iorquina.
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Açúcar Com o avanço da safra, as exportações de açúcar aumentam. As vendas externas do produto do tipo bruto deverão atingir 2,2 milhões de toneladas neste mês, 28% mais do que em maio. Refinado Já as exportações de açúcar refinado devem ficar estáveis em relação às de maio e atingir 330 mil toneladas. As estimativas tomam como base os dados atuais da Secex (Secretaria de Comércio Exterior). Carnes Outro setor de destaque são as carnes. As exportações de carne de frango vão manter o ritmo de alta, atingindo 383 mil toneladas de produto "in natura", 8% mais do que em maio. Bovinas As vendas externas de carne suína também crescem, mas em ritmo menor. Podem chegar a 57 mil toneladas, 4% mais do que no mês passado. Já as de carne bovina deverão recuar para 99 mil toneladas, 2% menos do que em maio. Pé no freio As importações de fertilizantes mostram recuperação em junho ante maio, mas são 16% menores do que as de igual mês do ano passado, aponta a Secex.
Shopping para classes B e C investe R$ 275 milhões em expansão FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, MARIA CRISTINA FRIAS 21/06/2016 às 03h 00
O Shopping Metrô Itaquera vai investir R$ 275 milhões em um novo edifício que deverá acrescentar cerca de 21 mil metros quadrados de área bruta locável ao espaço do empreendimento. Com o novo prédio, haverá um aumento de cerca de 50% do centro de compras. Vão ser dois pavimentos de lojas e três de garagens. O que impulsionou a expansão foi o potencial de consumo das classes B e C, às quais pertence a maioria dos clientes, diz Paulo Emílio de Castro, diretor do consórcio, composto por sete empresas, entre elas a Delta.
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Junho em Mercado Aberto
"Acredito que o país voltará a crescer, e esse mercado da zona leste ainda é amplo."
O estacionamento e a praça de alimentação são dois serviços que atendem corintianos que vão ao Itaquerão em dias de partidas. "É um fator adicional [para a expansão], mas não o principal, pois os jogos são eventuais", diz Castro. O Itaquera foi inaugurado em 2007. "Já imaginávamos que uma expansão em dez anos, pois é um tempo comum para surgir demanda por outras instalações." O shopping também diz receber visitantes de cidades vizinhas. No ano passado, não teve um aumento real de vendas, mas não houve queda, segundo o diretor. As vendas totalizaram cerca de R$ 579 milhões, e o público foi de 20,5 milhões de clientes em 2015. O dinheiro para o novo edifício virá das empresas que formam o consórcio e de um empréstimo do Bradesco. ROLEZINHO VAZIO Até o dia 12 de junho, o número de visitantes a shopping centers caiu 4,5% na comparação com o mesmo período de 2015, aponta a Abrasce, a associação do setor. A maior queda foi na região Sudeste do país, de 7,23%.
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O censo da entidade aponta que a maioria (60%) dos centros comerciais não está se expandindo e nem tem planos para isso. Outros 16% constroem neste ano, e 24% têm planos para crescimento de área. PARCERIA LÍQUIDA O governo de São Paulo estuda criar uma nova PPP (Parceria Público-Privada) para apoiar o abastecimento hídrico das regiões de Campinas e de Sorocaba, diz o secretário de Saneamento e Recursos Hídricos, Benedito Braga. "Queremos avaliar alternativas para trazer água do Paranapanema, que é um rio caudaloso e que possui um reservatório enorme, o Jurumirim", afirma. Ele ressalta, no entanto, que o projeto ainda é analisado pela pasta. Hoje, está em obras no Estado uma PPP para trazer água do sistema São Lourenço para a região metropolitana de São Paulo. "Em um momento em que governos sofrem com problemas de arrecadação, as PPPs são uma oportunidade importante, não só para água e saneamento, mas também para projetos de hidroeletricidade e irrigação." Uma regulamentação da participação privada no setor hídrico é essencial, diz Braga, que também é presidente do Conselho Mundial da Água, entidade organizadora do fórum global sobre o tema. Nada... A Canopus, concessionária da PPP da habitação do governo estadual de São Paulo, protocola nesta terça-feira (21) na Prefeitura o projeto do empreendimento que será erguido no local da antiga rodoviária, na Luz. ...misto Serão mais de mil moradias e a sede do Museu da Música Tom Jobim no terreno. A expectativa é que o alvará de construção saia em 45 dias e que as obras comecem em setembro. Freio A demanda do consumidor por crédito caiu 6,8% de abril para maio, diz a Boa Vista. PEQUENA DISPOSIÇÃO A intenção de investir dos micro e pequenos empresários de varejo e serviços aumentou de 19,96 pontos em abril para 25,22 em maio, segundo dados do SPC e da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas). Quanto mais próximo de cem, mais disposição de investir tem o empresário. O resultado de abril faz com que o indicador volte ao nível que havia sido registrado no primeiro trimestre deste ano, de 24,88, em média. "O que os números mostram, se confrontados com outros indicadores, é que a economia pode ter entrado em uma situação de estabilidade e ao menos parou de piorar", diz Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC. 28
Como as empresas menores tendem a ser mais conservadoras na hora de fazer aportes, o indicador de intenção de investimento só vai subir quando a confiança do empresário voltar, diz ela. "O otimismo desse segmento, porém, só deve crescer de novo a partir do ano que vem."
O CFO imperial FONTE ‘THE ECONOMIST' 20 Junho 2016 às 07h 45
Os diretores financeiros das empresas vêm concentrando poderes preocupantes e monitoram tudo o que acontece
Patrick Pichette, ex-CFO do Google, foi um dos mais bem pagos
O tempo dos CEOs imperiais ficou para trás. Os executivos-principais de hoje se esforçam para conter seus egos, tentando, ao contrário, projetar uma imagem modesta. Falam em “liderar para servir” e se desdobram em tratar bem todos os que, de uma forma de outra, contam com o bom desempenho da companhia, dos acionistas aos fornecedores e consumidores. Muitos CEOs chegam a ceder a ribalta para os fundadores e investidores famosos de suas empresas. Não obstante isso, uma nova figura em posição de mando vem emergindo no interior das 29
companhias, bem menos exuberante que os autocráticos CEOs de outrora, mas com igual disposição para concentrar poder: o CFO imperial. Há 50 anos, eram raras as empresas em que havia um diretor financeiro. As contas geralmente eram administradas por indivíduos misteriosos, chamados em inglês de “comptrollers”. Hoje os CFOs ocupam posição central em todas as grandes empresas do planeta. São os únicos membros da diretoria, além do CEO, que têm condições de monitorar tudo que acontece no interior da companhia. São os únicos executivos, além do CEO, que inspiram temor em todas as esferas da empresa: quem recebe um “não” do CFO sabe que seu precioso projeto foi para as cucuias. Especializada no recrutamento de executivos, a Russell Reynolds os chama de “copilotos”. Em pelo menos uma empresa de destaque, o Twitter, pode-se dizer que é o CFO, Anthony Noto, quem tem o manche nas mãos a maior parte do tempo. Os diretores financeiros desempenham papel cada vez mais importante na definição dos rumos das empresas. Já não baseiam suas ações apenas no que veem nos números. Fazem-no pelo prisma da estratégia corporativa, em cuja definição acham-se profundamente envolvidos. Alocam capital com a preocupação de fazer essa estratégia ganhar vida — avaliando até que ponto cada iniciativa específica se coaduna com a visão de longo prazo da empresa. Os CFOs também vêm tendo participação crescente na supervisão das operações corporativas. Há vinte anos, era raro que despregassem os olhos de suas planilhas. Agora passam grande parte do tempo inspecionando as operações, fazendo uma visitinha aqui e outra acolá para ver como os números se traduzem na prática. Esse conhecimento detalhado do panorama corporativo aumenta sua influência. Outra província que os CFOs estão colonizando é a das relações externas. Vivem conversando com investidores, membros do conselho de administração, acionistas, credores e autoridades. Com frequência, o mercado presta mais atenção no que diz o cacique das finanças de determinada empresa do que nas palavras de seu “comandante em chefe”. Ruth Porat, atual CFO da Alphabet (holding controladora do Google), que antes ocupava o mesmo cargo no banco Morgan Stanley, é particularmente influente em Wall Street. Há casos em que os tentáculos do diretor financeiro chegam até o conselho de administração: a passagem de Leo Apotheker pelo comando da HP chegou ao fim depois que a CFO da companhia, Cathie Lesjak, informou aos membros do conselho que era terminantemente contra a decisão de Apotheker de comprar a desenvolvedora de softwares Autonomy. Essas estrelas em ascensão vêm sendo muito bem recompensadas por sua influência crescente. Em 2014, a mediana da remuneração dos CFOs das empresas do S&P 500 equivalia a US$ 3,8 milhões. (O mais bem pago deles, Patrick Pichette, que foi diretor financeiro do Google até o ano passado, pôs US$ 43,8 milhões no bolso.) Ainda que os montantes sejam inferiores aos recebidos pelos CEOs, a diferença vem diminuindo: os CFOs têm sido premiados com aumentos salariais mais polpudos que os oferecidos a seus chefes, em especial nas empresas de maior porte. Os CFOs também vêm ganhando influência e poder no interior do que se poderia chamar de “classe dirigente invisível” — uma rede de figuras de destaque, cuja atuação se dá longe dos olhos do público, englobando os membros dos conselhos de administração e seus presidentes, além de burocratas de alto escalão de sociedades de economia mista —, que é responsável pela contratação dos CEOs e pela avaliação de seu desempenho. A consultoria EY diz que, em 2012, quase 50% dos CFOs das 350 maiores corporações globais tinham assento nos conselhos de administração de outras empresas, frente a 36% em 2002. Diversos fatores explicam ascensão do CFO. O movimento em prol da criação de valor ao acionista contribuiu de forma significativa para que os diretores financeiros passassem a ter mais importância na determinação dos objetivos corporativos. Andrew Fastow, que acabou sendo condenado por seu papel na derrocada da Enron, foi um dos que, de maneira não exatamente auspiciosa, primeiro sentou no banco do copiloto. A chamada lei Sarbanes-Oxley, aprovada pelo Congresso americano em 2002 com o objetivo de pôr fim à bandalheira que 30
resultou em escândalos como o da Enron, estabeleceu o papel do CFO como parceiro do CEO no topo da pirâmide corporativa. É difícil dizer se a emergência do CFO imperial é boa ou ruim. Um elemento positivo é que o fenômeno vem acompanhado de diversidade e profissionalismo crescentes. Nas principais empresas americanas, 13% dos CFOs são mulheres, ao passo que entre os CEOs elas são apenas 5%. Os diretores financeiros de hoje têm formação melhor e mais variada que a de seus antecessores. Também têm experiência em ampla gama de funções. A roupa nova do imperador. De qualquer forma, o exemplo de Fastow deve servir como advertência. Os CFOs costumam permanecer menos tempo no cargo que os CEOs: cinco anos, em média, nas empresas de capital aberto dos EUA, frente a sete anos dos CEOs. Além disso, a proporção de sua remuneração atrelada ao desempenho da companhia é maior que a de qualquer outro executivo, com exceção do CEO. Ao mesmo tempo, eles estão sujeitos a grande número de pressões conflitantes — fazem as vezes de relações públicas e de homem do cofre, ao mesmo tempo em que atuam como estrategistas e auditores corporativos. Relatório recente da EY começa com a advertência de que “a função talvez tenha se tornado grande demais para que um único indivíduo seja capaz de desempenhá-la com eficiência”. A quantidade cada vez maior de ferramentas que os CFOs têm à disposição talvez lhes possibilitem mensurar o desempenho corporativo com maior precisão, mas também lhes dá a oportunidade de rearranjar os números de modo a produzir os melhores resultados. Em 2013, Fastow tentou explicar seu comportamento dizendo que pensava que “o jogo era esse. Havia um complexo conjunto de normas e o objetivo era usá-las da maneira que mais trouxesse vantagens”. É possível que hoje os diretores financeiros se esforcem mais em cumprir as regras, mas também passam boa parte do tempo recorrendo a artifícios como os “encargos internos” (preços de transferência), a fim de concentrar os lucros em países onde a carga tributária é mais baixa. O termo “imperial” nunca é promissor quando aplicado aos executivos sobretudo quando a principal obrigação do sujeito é fazer com que a empresa ande na linha.
Enfim, uma âncora fiscal FONTE JORNAL O ESTADO DE S. PAULO, Roberto Fendt* 21 Junho 2016 às 05h 00
Agiu bem o Executivo ao encaminhar ao Congresso Nacional Proposta de Emenda Constitucional (PEC) impondo um teto, ao longo dos próximos nove anos, para os gastos da União, corrigidos apenas pela inflação. Teria agindo ainda melhor se tivesse alertado a população da extensão do desequilíbrio que recebeu da senhora presidente Dilma Rousseff. Para ficar apenas com um número, o superávit primário necessário para impedir que cresça a relação entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto (PIB) este ano é o astronômico valor de 7,2% do PIB. Apenas para que se tenha uma ideia da ordem de magnitude desse parâmetro, é bom lembrar que, mesmo nos melhores e poucos anos de bonança do grande crescimento do PIB, essa relação ficou em torno de 3% do PIB. Em 2015 o saldo primário, supostamente a poupança para pagar os juros da dívida pública, ficou em 1,9% do PIB negativo! Não há como reverter esse quadro de supetão. O que é possível e honesto fazer é mostrar uma trajetória ao longo dos próximos anos que mostre uma convergência para o equilíbrio entre os crescimentos da dívida pública e do PIB, o principal indicador de solvência do País. Medidas. Vejo grandes vantagens na estratégia proposta na PEC. Primeiro, segue uma longa tradição nas políticas de ajuste macroeconômico de sucesso postas em prática no País. O sacrifício ocorrerá ao longo do tempo, o que permitirá uma distribuição mais equânime dos ônus da correção dos erros do passado. 31
Segundo, justamente por isso, há mais chances de a PEC, ainda que sujeita a modificações em sua tramitação no Congresso Nacional, ser aprovada em suas linhas gerais. Terceiro, todos contribuirão para o ajuste. A PEC proposta não seleciona programas específicos ou segmentos da sociedade a serem chamados para arcar com o maior peso do ajuste. Tudo que ela diz é que os gastos permanecem constantes em termos reais. A partir do momento em que a economia iniciar a retomada, crescerá junto a receita tributária, contribuindo para reduzir o desequilíbrio hoje observado. Quarto, a geração de superávits primários é pró-cíclica. Nos períodos de expansão da economia, crescem os gastos com novos programas; o oposto ocorre nos períodos de retração da atividade econômica - justamente nos períodos em que se teria um argumento para aumentar os gastos. O programa proposto tem a vantagem de ser anticíclico. Ele é neutro com relação às fases do ciclo econômico. Tudo isso, contudo, requer medidas adicionais para o pleno sucesso do programa proposto. Mais adiante será necessário desatar o nó da Previdência Social. O que é importante é garantir a isonomia entre trabalhadores no regime geral da Previdência e trabalhadores em outros regimes - tornando universal a aposentadoria para todos aos 65 anos. É importante também melhorar a qualidade do gasto, agora submetido a uma regra de crescimento limitada à reposição da perda inflacionária. É hora de adotarmos a análise da qualidade do gasto nas diversas propostas de programas da despesa federal. Essa análise de custo-benefício é corriqueira faz muitos anos no processo orçamentário dos Estados Unidos. Nem todos concordam com a análise aqui contida. Estudo de importante consultoria privada aponta que a proposta do Executivo reduzirá gastos em apenas três pontos porcentuais do PIB no período de nove anos. A dívida bruta continuaria crescendo, segundo o estudo, chegando em 2023 a quase 108% do PIB. Surpreende o termo “apenas”: em reais de hoje, esses 3% correspondem a R$ 177 bilhões! Qual seria a alternativa: uma megarecessão? Às economias que poderão advir do teto para o gasto real da União deverão juntar-se as produzidas pelas medidas adicionais a serem postas em prática depois de aprovada a Proposta de Emenda Constitucional, como a reforma da Previdência Social, o eventual aumento da carga tributária e das receitas obtidas com concessões, entre outras. Caso a PEC passe no Congresso, teremos pela primeira vez criada uma regra em que a política econômica deixe de ser de um governo para tornar-se política de Estado. Não é pouca coisa. *É ECONOMISTA
Pagando mico FONTE JORNAL O ESTADO DE S. PAULO, Eliane Cantanhêde 21 Junho 2016 às 03h 00
O ministro Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo, não cansa de dizer que o governo Temer não vai deixar que o Brasil “pague mico” na Olimpíada. Deus o ouça, porque nada está fácil. Na melhor das hipóteses, a Olimpíada de 2016 vai seguir o caminho da Copa de 2014: torrentes de más notícias antes, um sucesso durante e um misto de dívidas e elefantes brancos depois. O Planalto estava desolado ontem com mais uma manchete negativa desabando sobre o Rio de Janeiro, que continua lindo, mas... Num dia, o governador interino Francisco Dornelles decreta estado de calamidade. No outro, 25 bandidos (25?!), armados com fuzis e explosivos, invadem o hospital Souza Aguiar, matam um paciente, ferem duas outras pessoas e resgatam um famoso traficante. O Souza Aguiar tem a maior emergência do Estado e é um hospital da Olimpíada. O mundo, que há alguns anos olhava para um Brasil alegre, promissor e pujante, agora vê um País deprimido, sem horizonte e desabando. É a propaganda do “golpe”, crise econômica, corrupção, zika, chikungunya, dengue, H1N1, poluição da Baía de Guanabara, obras atrasadas. 32
Nem a ciclovia recém-inaugurada fica de pé. Sem falar nos velhos males, como a violência urbana. Até adolescentes e crianças são ora massacrados por balas perdidas, ora tragados pelo tráfico. As conexões dos órgãos de inteligência com o mundo são importantes, fundamentais até, para tentar detectar qualquer tipo de ameaça terrorista, num mundo em que o terrorismo visa multidões, jovens e cidadãos dos países ricos, presenças obrigatórias em Olimpíada. Mas CIA (EUA), Mossad (Israel), DGSE (França), MI-5 (Reino Unido) e SVR (Rússia) não têm nada a ver com a profunda crise do Brasil, a falência do Rio, traficantes, balas perdidas, obras atrasadas e propinas. (Sem contar, cá entre nós, que eles próprios têm levado bolas fora no combate ao terrorismo e na prevenção de ataques). Então, quem pariu a Olimpíada (na época das vacas gordas) que a embale (nas vacas magérrimas), o que significa que o governo federal tem de despejar boa vontade e recursos no Rio e, por conseguinte, nos demais Estados igualmente depauperados. Se dá para o Rio, tem de dar para Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais... todos eles afundando em crises, atrasando salários e ameaçando o futuro político de seus governadores. Sem luz no fim do túnel. É assim que o governo interino de Temer vive no pior dos mundos: o impeachment definitivo de Dilma Rousseff vai esticando, três ministros já caíram, outros estão na mira da Justiça e a crise na economia corrói os resquícios de otimismo. Nessa conjuntura, Temer aposta as fichas na sua equipe econômica e confia no seu taco para aprovar o que tem de ser aprovado no Congresso. Mas isso implica um sem-fim de concessões e micos. Na política, Temer cedeu cargos a torto e a direito para manter sua base aliada e chegou a nomear para a Secretaria de Futebol do Ministério do Esporte o ex-deputado Gustavo Perrella, bem conhecido depois que o helicóptero da sua família foi flagrado pela polícia transportando mais de 400 quilos de cocaína. No fim do governo Dilma, o marido da “Miss Bumbum” causou frisson. O que dizer de Perrella no começo do governo Temer? Na economia, o presidente interino já cedeu aos funcionários do Judiciário, mesmo contabilizando o efeito cascata nos Poderes e nas demais categorias. Agora, cede ao Rio, por causa da Olimpíada, mesmo sabendo do efeito cascata nos demais Estados e, quiçá, nos municípios. Bem, e como fica o ajuste fiscal, se o rombo é de R$ 170 bilhões? Em época de cobertor curto, Temer prometeu “a revisão do pacto federativo”, mas o problema é fazer um pacto com quem acaba pagando a conta: a sociedade brasileira.
Não há fichas limpas FONTE JORNAL O ESTADO DE S. PAULO, Arnaldo Jabor 21 Junho 2016 às 02h 00
Não, não sei mais analisar a situação brasileira. Os fatos estão muito à frente de qualquer interpretação, que é sempre fugaz, com uma lógica que se perde em poucos instantes. A sensação que tenho – estamos reduzidos a sensações – é que os hábitos tradicionais do velho patrimonialismo brasileiro, com suas teias ocultas de escândalos, estão arrebentando juntos e irrompendo da lama escondida por séculos. Uma das razões é que nossa corrupção deslavada, nosso secular desgoverno se fragilizaram nesse mundo contemporâneo global e digital. Nosso Atraso ficou atrasado. As informações na velocidade da luz fizeram a opinião pública acordar sem saber bem para que ainda, mas já é um avanço. Aquele estranho país, oscilando desde sempre entre o público e o privado, está deparando com um perigo: a própria ideia de “país” está ameaçada, se esgarçando com ilhas de civilização cercadas de miséria por todos os lados. Instituições continuariam existindo, mas sem poder para regular a vida social.
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A consciência do desastre é grande, mas ninguém sabe o que colocar no lugar da merda que está aí. Não sabe porque talvez não haja. Como traçar um plano político onde a política se desintegrou? O Brasil é uma quadrilha. Todos estão implicados de algum modo. Nunca existiu vida sem o Caixa 2. Nisso, o Lula acertou. Esse era o método de funcionamento “normal”. Era impossível um político ignorar isso. Era normal. Agora, estão abertos os intestinos da pátria que nos pariu. E surge mais uma verdade óbvia: não há inocentes para ocupar cargos públicos. Todos são cúmplices. Não há fichas limpas. O Temer sabe disso e inteligentemente nomeou a melhor equipe econômica que já tivemos, sem contar lideres como Meirelles, o Serra, Maria Silvia Bastos, Pedro Parente, etc. Eles partiram para impor o óbvio na economia destroçada pelos ladrões e imbecis. Conseguirão? A Lava Jato está matando o velho país vira-lata, graças a Deus, mas como salvá-lo, como organizar um país melhor? Tudo funcionava mal, mas funcionava pelas regras da velha roubalheira analógica. Havia até uma certa doçura nos ladrões de galinha. Depois do PT, tudo enguiçou. Sempre achei que o PT no poder seria uma previsível ladainha de slogans comunas, de voluntarismo, de gastos públicos malucos, mas, nunca supus que eles pudessem causar um estrago desse porte, com 170 bilhões de buracos negros no Estado. Isso foi o resultado da estupidez ideológica aliada à direita mais feudal do País, de Lenin a Sarney. O PT não me decepcionou apenas por seus erro; ele me fez descrente da raça humana. E vamos combinar: já há uma catástrofe. Queremos não ver, mas a evidência é perturbadora. O País foi metodicamente danificado econômica e socialmente. Eu e provavelmente muitos de vocês leitores não vamos sofrer tanto com a estagflação que vivemos. Agora, os que não lerão esta coluna, milhões de desvalidos, vão sentir na carne o novo estilo para a miséria. Vem aí a nova miséria – um “arrière-goût”, um toque de... África e Índia. Sim. A miséria era o grande capital do governo Lula. O PT sempre teve ciúmes da miséria. Sempre que o FHC tentou cuidar da miséria, o PT reagiu como um marido enganado. Antes, havia uma miséria “boa”, controlável. Tínhamos pena, ela aplacava nossa consciência, desde que ficasse no seu lugar. A miséria tinha uma “função social”. Achávamos que nosso escândalo ajudava os pobres, de alguma forma. Para nós, pequenos burgueses, a miséria era bandeira abstrata, a miséria dos outros era nosso problema existencial. O fim das ilusões gerou um desalento que dá lugar a um alívio quase feliz. A situação é gravíssima e ninguém sabe como revertê-la. Como imaginar esse Congresso sujo, aprovando reformas e ajustes contra o atraso, justamente eles que desejam o atraso, tão propício a roubalheiras mais tradicionais? O escândalo foi desmoralizado – estamos sendo arrasados pela “normalidade”. Isso. Estamos nos acostumando a essa anomalia e vamos aceitando a crescente desgraça com fatalismo ou cinismo: tinha que ser assim ou dane-se... E, aí, surge a turma do “precisamos”, da qual eu faço parte, tristemente. “Precisamos” disso, daquilo, mas ninguém sabe como resolver. Não temos agentes executores da política do “precisamos”. “Precisamos” resolver o problema da administração nos Estados e municípios, que já estão sem verbas para pagar os funcionários públicos, os hospitais sem remédio, os limpa fossas, sei lá. “Precisamos” combater a violência, mas nada funciona para impedir o crime crescente. A polícia não tem dinheiro. Os criminosos têm grana para comprar até canhões antiaéreos no Paraguai. Não é que a violência vai apenas crescer; não há como impedi-la, com traficantes vagando de metralhadora no centro da cidade, estuprando e matando. Como imaginar um plano possível para salvar e melhorar as favelas no Rio ou Recife ou em Alagoas, em todas as cidades principais, para além das UPPs? O que fazer? Cartas para a redação. Esta crise é especial, talvez invencível. Em geral, as crises surgem, acontecem e, quase sempre, somem. Acabam. Até a terrível ditadura tinha um fim previsível, mas, depois de 12 anos de absurdos do PT, esta crise agora é de areia fina, de areias movediças; ela talvez não acabe, pois não tem um defeito único a 34
combater – é uma miscelânea de crimes históricos. A crise não tem um inimigo só – é um ramalhete de equívocos. A miséria é a ponta suja de uma miséria maior. Nós fazemos parte dela. O Brasil está contaminado de misérias. Não existe um mundo limpo e outro sujo. Um infecta o outro. A burocracia é miséria, a corrupção é miséria, a estupidez brasileira é miséria. A miséria não está nas periferias e favelas; está no centro da vida brasileira. Somos uns miseráveis cercados de miseráveis por todos os lados.
O valor do crescimento FONTE JORNAL O ESTADO DE S. PAULO, José Paulo Kupfer 21 Junho 2016 às 05h 00
À medida que vão ficando mais claros os detalhes da proposta de emenda constitucional de criação de um teto para as despesas públicas, mais claro também vai ficando que a retomada do crescimento econômico desempenhará papel relevante para o êxito da empreitada. Visto que as despesas públicas globais, admitida a aprovação integral da proposta do governo do presidente em exercício Michel Temer, permaneceriam estáveis, em termos reais, ao longo dos próximos dez anos, uma recuperação mais acentuada e acelerada do nível de atividades, com a consequente expansão das receitas públicas, permitiria reduzir o tempo, os custos e os riscos do ajuste fiscal. Um exercício feito pelo economista Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central e colunista do Estado, ajuda a entender o impacto da expansão da economia na correção dos desequilíbrios fiscais. Com crescimento médio de 2% ao ano, taxa real de juros no entorno de 5% e sem aumento da carga tributária, o déficit primário só seria revertido depois de 2021 e a trajetória da dívida pública continuaria ascendente até por volta de 2026, quando estabilizaria acima das alturas de 90% do PIB. Mas, se aumentasse, a partir de 2019, a velocidade da expansão econômica para 3,5% ao ano, o déficit zeraria depois de 2020, no momento em que a relação dívida/PIB teria alcançado 80% do PIB. Expansão da economia não deve ser negligenciada em programas de ajuste fiscal Se o ajuste fiscal implica reverter o déficit primário em superávit sustentável por um prazo relativamente longo, é natural que a ampliação das receitas também seja contemplada, ainda que sem aumentos da carga tributária como sempre foi feito até agora. É aí que o sistema tributário brasileiro, excessivamente concentrado em impostos sobre consumo e faturamento, mostra o quanto pode dificultar as coisas. Não custa lembrar que as receitas públicas no Brasil dependem em quase três quartos do total da evolução da massa salarial e das vendas no varejo a ela relacionadas. As perspectivas para o crescimento da economia, nos próximos anos ainda estão bem pouco nítidas. Prova disso é a disparidade das projeções para a trajetória da variação do PIB ao longo dos próximos anos. De acordo com o Boletim Focus, no qual o Banco Central reúne as projeções de uma centena de economistas do mercado, a contração do PIB está a cada semana mais próxima de 3% no fechamento deste ano e seguida de uma expansão de 1% em 2017 - 0,5% há quatro semanas -, numa previsão que ainda pode melhorar. As projeções do Focus, para 2017, estão no meio do caminho entre as expectativas mais pessimistas e as mais otimistas que circulam na praça. No primeiro caso estão as previsões do Ibre-FGV/RJ, que apontam para estagnação no ano que vem e crescimento muito baixo, não mais do que 1%, nos períodos seguintes. Na outra ponta do espectro das projeções, já há especialistas acreditando em expansão por volta de 2,5% em 2017 e acima de 3% nos anos subsequentes.
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Essas divergências refletem o amplo leque de variáveis a considerar, com um número relevante delas incluído na categoria de imprevisíveis. Muitas hipóteses - da evolução da taxa de juros nos Estados Unidos aos desdobramentos da Operação Lava Jato precisam ser assumidas antes de rodar os modelos de projeção e definir estimativas. De toda maneira, ainda que, quando se trata de promover ajustes fiscais, a prioridade seja a acomodação dos gastos públicos, reconhecer o valor do crescimento econômico ajuda a tornar o processo economicamente mais eficiente e socialmente menos dolorido. A abertura de espaços para favorecer esse movimento, por isso mesmo, não deveria ser negligenciado em nenhum programa de reequilíbrio fiscal.
Entrevista. Josie Jardim, diretora jurídica e de compliance da GE para América Latina Reeleita diretora jurídica mais admirada, Josie Jardim acredita que a governança vai pautar os negócios no País
‘Empresas brasileiras devem abandonar o jeitinho nos negócios’ FONTE RAQUEL BRANDÃO - JORNAL O ESTADO DE S. PAULO 21 Junho 2016 às 05h 00
Josie Jardim, diretora jurídica da General Eletric no Brasil
Um caminho sem volta. É assim que Josie Jardim, diretora jurídica da General Eletric no Brasil, vê a adaptação das empresas brasileiras a um mercado em que a governança corporativa e as regras de compliance se tornaram conceitos essenciais para a gestão e competitividade das companhias. Eleita, pelo segundo ano seguido, a diretora jurídica mais admirada por outros executivos no anuário Análise Advocacia 500 de 2016, Josie ressalta que “o ‘jeitinho’ vai ficar de lado”.
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À frente também do departamento de compliance da multinacional na América Latina, a executiva acredita que a premiação mostra que a questão de gênero e diversidade tem ganhado espaço nas empresas. Entre os 57 eleitos como os mais admirados, 19 são mulheres e três delas estavam entre os cinco primeiros colocados. “São lugares onde as mulheres ‘navegam’ bem.” Veja a seguir os principais pontos da entrevista. A maioria dos diretores é homem, porém, entre os cinco primeiros colocados, três são mulheres. A presença feminina está ganhando notoriedade? O mundo de protagonismo jurídico ainda é mais masculino, mas as mulheres já são maioria na faculdade e na base da pirâmide de escritórios de advocacia. É expressivo que entre cinco primeiro colocados três sejam mulheres, mas surpreende menos por estarmos falando dos setores jurídicos de empresas, que costumam ter políticas de diversidade ou planos de carreiras mais definidos e são lugares onde as mulheres navegam bem. E como é a questão da diversidade de gênero na GE? Há algum programa específico? Nós temos o GE Women’s Network, que é um grupo de diversidade que visa fortalecer e cooperar dentro da organização em nível global. Ele tem um olhar bem específico para cada mercado em que a companhia opera. Por exemplo, se há uma reunião em outro país, sempre colocamos na agenda um café ou um bate-papo em que falamos sobre carreira com mulheres da companhia. A questão feminina é super importante dentro da empresa, bem como a de outras minorias, como a LGBTA. Toda empresa que tem um olhar de perenidade não pode deixar de tratar da inserção num mundo que é muito mais diversificado do que o de anos atrás. Além da direção jurídica, você está à frente do programa de compliance da GE. Tais políticas de diversidade também são parte disso, não? Sim, compliance não é só corrupção. É como a empresa age na cadeia produtiva em que atua, é ter programas de diversidade que insiram as minorias, é ter preocupação com o meio ambiente da área de operação… Mas com a intensificação das investigações e com os conceitos de governança corporativa e compliance mais consolidados no País, há mudanças na forma de se fazer negócio por aqui? O Brasil está num momento apreensivo, não é um ano tão bom economicamente e há aquele clima de caça às bruxas. Antes, quando eu falava em compliance, as pessoas pouco entendiam, mas, hoje, com as investigações, estamos num outro extremo. As empresas estão extremamente cuidadosas. Essa preocupação pode acabar assim que as investigações se encerrem? Isso é um processo. Com o tempo, esse vai ser o modus operandi e as empresas vão entender que é o novo jeito de se fazer negócio no País. O ‘jeitinho’ vai ficar de lado, haverá mais seriedade e se entenderá que atitudes preventivas são mais efetivas. Sou otimista de que seja um caminho sem volta. A cultura de compliance é absorvida por toda a companhia? Sim, com treinamento e constante atualização. Muitas vezes, é um analista financeiro quem aponta algo que gera dúvidas em um contrato. Além disso, notamos que existe essa preocupação. Nos programas de trainee, os jovens perguntam sobre o posicionamento da empresa. Ter um compliance estruturado faz com que a nova geração e o talento, que é escasso no mercado, queira trabalhar com você e, também, retém funcionários, que sentem orgulho da companhia. Então é um fator de competitividade? Eu estou convencida de que as empresas que querem sobreviver no mercado serão obrigadas a investir nisso. Dá trabalho, demanda conhecimento e dinheiro, porque compliance não é só um papel pregado na parede, mas é o melhor para todo mundo. Estar estruturado é aumentar sua competitividade. Ou seja, não é só gasto, é fazer dinheiro também. Quais os desafios futuros para o mercado brasileiro? Nós temos uma limitação de recursos humanos na área de governança e as empresas terão que investir nesse ponto. Além disso, acho que ainda teremos algumas dificuldades 37
econômicas, mas, passada a época das punições, vai ser melhor porque vamos entrar no novo módulo. Espero que o ambiente de negócios seja melhor e mais simples. Hoje, a burocracia cria oportunidade de desvios. O Brasil não é para amadores. Países com nível de corrupção alto são os que mais dificultam os negócios. Precisamos de menos papel e mais processos, até para punir quem faz a coisa errada.
Avião de Eduardo Campos leva PF a caixa 2 de empreiteiras FONTE JORNAL O ESTADO DE S. PAULO, JULIA AFFONSO, FAUSTO MACEDO E RICARDO BRANDT 21/06/2016 às 10h17
Operação Turbulência descobre esquema de propinas a políticos a partir de investigação sobre aeronave que caiu em agosto de 2014, em Santos, e matou o então candidato à Presidência
Eduardo Campos à frente do jato Cessna. Foto: René Moreira/Estadão A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira, 20, a Operação Turbulência contra um grupo especializado em lavagem de dinheiro, em Pernambuco e Goiás, que teria movimentado mais de R$ 600 milhões desde 2010. Foram presos os empresários Apolo Santana e João Carlos Lyra. A investigação começou, segundo a PF, a partir da análise de movimentações financeiras suspeitas detectadas nas contas de algumas empresas envolvidas na aquisição da aeronave Cessna Citation PR-AFA. Esse avião transportava o ex-governador de Pernambuco e então candidato à Presidência da República, Eduardo Campos pelo PSB, em seu acidente fatal. O avião se acidentou em Santos, em agosto de 2014.
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Apolo Santana e João Carlos Lyra são empresários em Pernambuco e compraram o jato Cessna.
Veja quem são os presos da Operação Turbulência Lava Jato investiga dono de avião que matou Eduardo Campos Acidente que matou Campos foi sucessão de falhas humanas, conclui Aeronáutica A PF constatou que essas empresas eram de fachada, constituídas em nome de “laranjas”, e que realizavam diversas transações entre si e com outras empresas fantasmas, inclusive com algumas empresas investigadas na Operação Lava Jato. Há suspeita de que parte dos recursos que transitaram nas contas examinadas servia para pagamento de propina a políticos e formação de “caixa dois” de empreiteiras. Segundo a PF, o esquema sob apuração encontrava-se ativo, no mínimo, desde o ano de 2010. Cerca de 200 policiais federais dão cumprimento a 60 mandados judiciais, sendo 33 de busca e apreensão, 22 de condução coercitiva e cinco de prisão preventiva. Também estão sendo cumpridos mandados de indisponibilidade de contas e sequestro de embarcações, aeronaves e helicópteros dos principais membros da organização criminosa. Há três mandados de buscas e dois de conduções coercitivas em Goiás. Os mandados judiciais estão sendo cumpridos no Aeroporto de Guararapes PE, nas cidades pernambucanas do Recife, de Paulista, Jaboatão dos Guararapes, Vitória de Santo Antão, Moreno e Lagoa de Itaenga e nas cidades goianas de Goiânia e Aparecida de Goiânia. Os presos e os conduzidos coercitivamente serão levados para a sede da Polícia Federal no Recife. Os envolvidos responderão, na medida de seu grau de participação no esquema criminoso, nos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
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