Resenha 21 07 2016

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SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS

21 DE JULHO DE 2016

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BC mantém juros em 14,25% ao ano e destaca incerteza na aprovação de ajustes Decisão do colegiado, na primeira reunião sob chefia de Ilan Goldfajn, foi unânime e trouxe comunicado maior do que o habitual

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Fonte Jornal O Estado de S. Paulo 20 Julho 2016 às 19h 29 Notícias relacionadas: Após fala de ministro, Temer diz que BC tem autonomia para definir a taxa de juros LUPA: Temer desautoriza Padilha e reforça autonomia Foto: André Dusek/Estadão

Reuniões do Copom começarão mais cedo

O Banco Central decidiu manter, em decisão unânime e pela oitava vez, a taxa básica de juros da economia em 14,25% ao ano. A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) foi a primeira com Ilan Goldfajn na presidência do BC e quatro novos diretores. No comunicado divulgado após a decisão, maior do que o habitual, o Copom destaca que ainda há riscos no processo de queda da inflação, principalmente no que diz respeito às perspectivas para os preços no curto prazo e às incertezas quanto à aprovação dos ajustes necessários na economia. O mercado financeiro já apostava na manutenção da Selic, que já está parada há um ano neste patamar. Além da divulgação de um comunicado maior, o anúncio da Selic foi realizado mais cedo, por volta das 18h.

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Também ficou definido que a ata do encontro, que detalha a decisão do colegiado, será publicada na próxima terça-feira, 26. Este será o novo padrão, já que até agora o documento era divulgado apenas às quintas-feiras da semana seguinte ao encontro. O novo formato da comunicação adotada pelo BC em relação ao Copom foi inspirado em várias práticas de instituições pelo mundo, segundo uma fonte ouvida pelo Broadcast, notícias em tempo real do Grupo Estado. Divulgado logo após o fim da reunião do colegiado, que agora passou a ser encerrada mais cedo do que o habitual, o comunicado traz a visão da autoridade monetária sobre os cenários doméstico e internacional e atualiza expectativas quanto à inflação, antes divulgadas a cada três meses no Relatório Trimestral de Inflação (RTI). O objetivo, segundo a fonte, é trazer o maior volume de informações da forma mais rápida possível para apontar ao mercado para onde o BC está olhando. Autonomia. Antes do anúncio da Selic, o presidente em exercício, Michel Temer, voltou a desautorizar publicamente o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Mais cedo, Padilha havia dito que agradava a Temer a redução da taxa de juros. Depois, o presidente em exercício divulgou uma nota reafirmando a autonomia do BC para definir a taxa de juros. Ilan Goldfajn assumiu o cargo em 13 de junho passado. Esta primeira reunião liderada pelo ex-executivo do Itaú também traz nova composição, com a chegada de três diretores de fora da autarquia (Reinaldo Le Grazie, política monetária; Carlos Viana, política econômica e Tiago Berriel, assuntos internacionais), além de o procuradorgeral da instituição, Isaac Menezes Ferreira, ter se tornado diretor de Relacionamento Institucional e Cidadania do BC. Economia. Essas mudanças de ritual ocorreram em meio à expectativa unânime do mercado (77 instituições financeiras consultadas pelo Projeções Broadcast) de que nada mudaria. De acordo com o Relatório de Mercado Focus da última segunda-feira, o BC promoverá um corte de juros a partir de outubro e a taxa terminará 2016 em 13,25% ao ano. Quando ainda era comandada por Goldfajn, a área econômica do Itaú Unibanco já previa cortes da Selic neste ano, a partir do segundo semestre. Em junho, poucos dias antes de do executivo assumir a presidência do BC, o banco alterou a previsão de início de corte de juros de julho para agosto. Com Goldfajn já no BC, o banco passou a projeção de começo de afrouxamento de agosto para outubro. No mercado financeiro, apesar de o BC ainda não ter iniciado o ciclo de corte da Selic, a expectativa é de que, agora no comando da instituição, ele conduza, de fato, um afrouxamento a partir do fim do ano. "Se o Ilan Goldfajn previa corte da Selic quando ainda estava no comando do Itaú Unibanco, por que motivo ele não faria isso agora que está na presidência do BC e tem todas as ferramentas?", comentava na semana passada um profissional de consultoria em São Paulo. O novo presidente já deixou claro que só vai mexer na Selic assim que as expectativas de inflação para 2017 recuarem. Nas últimas semanas, já caíram de 5,50% para 5,30%. A continuidade da queda do dólar, mesmo com as intervenções diárias do BC no mercado, também traz alívio para a inflação. Para Goldfajn, a meta de 2017 é ambiciosa, mas ao mesmo tempo, crível.

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O mesmo processo de redução das estimativas visto para a inflação ocorreu com as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB). Ontem, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Instituto Internacional de Finanças (IIF) revisaram suas projeções para o PIB brasileiro para melhor, ainda que continuem no terreno negativo. Veja a íntegra do comunicado: "O Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 14,25% ao ano, sem viés. O Comitê identifica os seguintes riscos domésticos para o cenário básico para a inflação: Por um lado, (i) a inflação acima do esperado no curto prazo, em boa medida decorrente de preços de alimentos, pode se mostrar persistente; (ii) incertezas quanto à aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia permanecem; e (iii) um período prolongado com inflação alta e com expectativas acima da meta pode reforçar mecanismos inerciais e retardar o processo de desinflação; Por outro lado, (iv) os ajustes na economia podem ser implementados de forma mais célere, permitindo ganhos de confiança e reduzindo as expectativas de inflação; e (v) o nível de ociosidade na economia pode produzir desinflação mais rápida do que a refletida nas projeções do Copom. Tomados em conjunto, o cenário básico e o atual balanço de riscos indicam não haver espaço para flexibilização da política monetária. Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Ilan Goldfajn (Presidente), Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Viana de Carvalho, Isaac Sidney Menezes Ferreira, Luiz Edson Feltrim, Otávio Ribeiro Damaso, Reinaldo Le Grazie, Sidnei Corrêa Marques e Tiago Couto Berriel". COM CÉLIA FROUFE E FABRÍCIO DE CASTRO

Mercado vê corte nos juros em outubro após comunicado do BC Autoridade monetária manteve Selic a 14,25% ao ano e indicou que não há espaço para redução imediata Fonte Célia Froufe, Fabrício de Castro, Mateus Fagundes e Francisco Carlos de Assis, Jornal O Estado de S. Paulo 20 Julho 2016 às 20h 38    

Notícias relacionadas: BC mantém juros em 14,25% ao ano pela 8ª vez Fábio Alves: Campeão de juros Cida Damasco: Saudades do Zé Alencar? Kupfer: Sai o 'coponês' e ficam as dúvidas

BRASÍLIA - Em seu primeiro comunicado em novo formato após a decisão do Copom, o Banco Central abarcou todas as dúvidas que o mercado financeiro tem sobre a economia e apresentou elementos para as próximas decisões. Deixou bem claro ao final da nota mais extensa do que a habitual que não há espaço para uma redução imediata da taxa básica de juros. Talvez nem neste ano. O mercado, porém, enxerga a possibilidade de corte já em outubro, com a Selic encerrando o ano em 13,25% ao ano.

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O economista Luiz Fernando Castelli, da GO Associados, afirma que o BC eliminou as chances de corte na Selic em agosto. "O BC destacou a implementação do ajuste fiscal, mostrando que o corte só deve vir quando medidas como a PEC dos gastos estiver bem encaminhada", afirma. "E isso depende da redução de incertezas políticas e a conclusão do processo de impeachment, o que deve vir somente no final do mês." Castelli acredita, portanto, que a redução dos juros só deve começar a acontecer na reunião de outubro, com corte de 0,50 ponto porcentual. "As pistas devem vir no RTI (Relatório Trimestral de Inflação) de setembro", diz. Foto: André Dusek|ESTADÃO

Comunicado do BC mostra mais uma vez que o foco da autarquia está em 2017

Já para o economista-chefe da Garde Asset Managment, Daniel Weeks, o BC deve cortar juros no último trimestre do ano, possivelmente na reunião de novembro. O analista afirma que o comunicado do BC reduz as probabilidades de corte de juros na reunião dos dias 30 e 31 de agosto, apesar de não as eliminar por completo. Weeks diz que até a próxima reunnião do Copom a aprovação de medidas fiscais citada pelo BC no comunicado como fator de risco doméstico para a inflação - terá andado pouco no Congresso. Por isso, as chances de corte no próximo mês são muito baixas. "Ao deixar explícito que não há espaço para flexibilização da política monetária e ponderar o balanço de riscos negativos para a inflação, o BC, a priori, tira as probabilidades de corte em agosto, mas não elimina", comentou o economista. “O BC tende a ser paciente e conservador."

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O economista-chefe do Banco Santander, Maurício Molan, discorda e afirma esperar um corte de 0,5 ponto porcentual na Selic já em agosto. Para outubro e novembro, o economista espera outros cortes de 0,5 pp. Na avaliação de Molan, há espaço para melhorar o balanço de risco, passando pela redução das expectativas de inflação na esteira da descompressão da inflação dos alimentos. "De hoje a um mês e meio, o câmbio deverá pressionar a inflação para baixo", previu. Perguntado se, na sua avaliação, o cenário que contempla melhora na inflação pesa mais que o cenário externo, apontado pelo BC como o contraponto do cenário inflacionário mais benigno, Molan disse que a transmissão das condições externas para a economia brasileira se dá por meio do câmbio. "O externo se manifesta no câmbio. Na ata anterior, o Copom chamava a atenção para os preços dos ativos. E de fato, o que estamos vendo é uma conjuntura com forte entrada de capitais no Brasil, melhora da confiança. Por isso não descartamos corte da Selic já em agosto", disse o economista.

Inflação. Levar a inflação para o centro da meta em 2017, conforme promete Ilan Goldfajn, só será possível sob o ponto da perspectiva atual, se o BC não mexer na taxa básica de juros até o fim do ano que vem, como pressupõe o cenário de referência. Esse modelo leva em consideração também a estabilidade do câmbio por todo o período e o movimento do dólar nos últimos meses tem sido de baixa, o que pode ajudar a despressurização da inflação. O BC ainda deve contar com a ajuda fiscal para entregar o seu trabalho no fim de 2017, mas deixou claro que essa questão não está resolvida. “Incertezas quanto à aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia permanecem”, trouxe o comunicado. O documento mostra mais uma vez que o foco da autarquia está em 2017. Não fez qualquer menção à meta de inflação deste ano e, mesmo sobre o ano que vem, exibiu muita cautela ao apresentar o que é de conhecimento da cúpula do BC até agora. O novo formato do comunicado trouxe, portanto, muito mais informação do que o modelo anterior. Resta saber agora, o que a ata do Copom da semana que vem poderá acrescentar.

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Governo tira petista do comando da Telebras

FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, 20/07/2016 às 20h 20

O governo Temer decidiu trocar a diretoria da Telebras, afastando da sua presidência o petista Jorge Bittar. A decisão será oficializada nesta quinta-feira (21), em reunião do conselho de administração da estatal. Para o lugar de Bittar, será indicado Antônio Loss, executivo do setor de telecomunicações, que já trabalhou na Oi. Na diretoria de Comércio, será indicado Alex Sandro Nunes. Ex-conselheiro da Anatel, Jarbas Valente vai ocupar a diretoria Técnica. E Paulo Ferreira será o novo diretor Administrativo e Financeiro.

Agência do governo tinha diárias de US$ 700 e voo em classe executiva até para Buenos Aires Novo presidente da ABDI diz que reduziu os gastos com pessoal de 60% para 43% do orçamento; 37 funcionários foram demitidos Fonte Lu Aiko Otta, Jornal O Estado de S. Paulo 20 Julho 2016 às 19h 42   

Notícias relacionadas: Governo brasileiro precisa centrar esforços em implementar ajuste, diz FMI 88% da população acredita que corte de gastos é melhor forma para ajuste fiscal ‘Para sairmos da crise, todos terão de perder’, diz economista

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BRASÍLIA - Na Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), viagens ao exterior davam direito a diárias de US$ 700 ou € 700, independentemente do destino. Os funcionários também viajavam de classe executiva até para locais próximos, como Buenos Aires. Nessas viagens, algumas autoridades levavam até a secretária. A gastança, segundo o novo presidente da agência, Luiz Augusto de Souza Ferreira, ocorreu principalmente na gestão de Alessandro Teixeira, que esteve à frente da ABDI entre fevereiro de 2015 e abril de 2016, quando foi nomeado ministro do Turismo pela presidente afastada Dilma Rousseff e ficou conhecido nas redes sociais por ser casado com a miss bumbum Miami 2013, Milena Santos. A tia de Milena trabalhava na ABDI. “Nem sei como gastavam isso tudo”, disse Ferreira ao Estado. Segundo ele, as diárias já foram cortadas pela metade e os voos em classe executiva, proibidos para deslocamentos com duração inferior a 12 horas sem interrupção. Foto: Divulgação

Novo presidente da ABDI quer aproximar indústria de startups

Os gastos com pessoal da agência tomavam 60% do orçamento de R$ 92 milhões anuais. “Se fosse uma empresa privada, estaria quebrada”, comentou. Com a demissão de 37 funcionários, seis deles com os mais altos salários, de R$ 25 mil por mês, a despesa baixou para 43% do orçamento e a meta é chegar a 37% até o final de agosto. 8


“Era um grau de aparelhamento muito grande”, disse o presidente, que contou já estar sofrendo oposição dentro da agência por causa dessas medidas. “Tinha gente do PT, do PMDB, mas 80% eram ligados ao Alessandro, da miss bumbum”, afirmou. Procurado, Teixeira não quis comentar. Além de cortar despesas para, no seu entendimento, restaurar um padrão esperado pela sociedade na administração pública, Ferreira adotou como principal linha de seu trabalho a aproximação entre a indústria e as startups. A ideia é lançar um programa, ainda em agosto, para selecionar startups que tenham projetos úteis para a indústria. “Não são só boas ideias, são coisas que estejam funcionando”, frisou. A partir daí, quer fazer uma ponte com as empresas. “Hoje, elas não se falam: o pessoal das startups acha que a indústria é velha, os industriais acham que as startups só fazem jogos para videogame”. Para convencer as indústrias a adotar inovações, a ideia é bancar pilotos dentro das próprias empresas “para mostrar que funciona mesmo”. Os recursos para isso, explicou, podem vir de fundos. Ele pretende estruturar um fundo privado, inicialmente de R$ 150 milhões, para financiar essa aproximação entre a indústria e a ponta inovadora. Dentro do governo, a ABDI também vai defender que sejam suspensas as fiscalizações que o Ministério do Trabalho faz em indústrias com base na Norma Regulamentadora (NR)12, um conjunto de regras sobre segurança em operação de equipamentos duramente criticadas pela indústria. “A NR12 é idiossincrática, só tem no Brasil”, disse Ferreira. “Ela encarece o custo dos equipamentos em pelo menos 15%”, disse. O presidente da agência afirmou que “há boa vontade” por parte do Ministério do Trabalho em discutir a questão. “Não se pode precarizar as condições de trabalho, mas se o custo for muito elevado a indústria vai demitir”.

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Temer sanciona reajuste de 41,47% para servidores do Judiciário e Ministério Público A medida será publicada amanhã no Diário Oficial da União e terá impacto superior a R$ 25 bilhões até 2019 Fonte Carla Araújo, Jornal O Estado de S. Paulo 20 Julho 2016 às 21h 22 Foto: Dida Sampaio/Estadão

O presidente em exercício Michel Temer durante cerimônia de posse do novo defensor público-geral federal, Carlos Eduardo Barbosa Paz, no Ministério da Justiça

BRASÍLIA - O presidente em exercício, Michel Temer, sancionou sem vetos nesta quarta-feira o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 29, que trata do reajuste das carreiras dos servidores do poder Judiciário e do Ministério Público da União. A medida será publicada amanhã no Diário Oficial da União. Juntas, elas terão impacto superior a R$ 25 bilhões até 2019. O projeto estabelece reajuste de aproximadamente 41,47% para os servidores do Judiciário da União. Conforme aprovado no Senado, o aumento será dado, de forma escalonada, em oito parcelas, de junho de 2016 a julho de 2019. A gratificação judiciária, hoje correspondente a 90% do vencimento básico, chegará gradualmente a 140%, em janeiro de 2019. Apenas em 2016 o impacto será de R$ 1,69 bilhões. Até 2019, a medida irá custar R$ 22,2 bilhões.

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Os reajustes para servidores do MPU e do Conselho Nacional do Ministério Público (CNPM) têm impacto menor sobre as contas. O aumento custará R$ 334,9 milhões para os cofres públicos em 2016 e R$ 3,5 bilhões até 2019. O projeto prevê reajuste de 12% no vencimento básico de analistas e técnicos do MPU, em oito parcelas, de forma escalonada, de junho de 2016 a julho de 2019.

Temer aponta direção correta, mas velocidade parece lenta

FONTE JORNAL FOLHA DE S. PAULO, LUIS FERNANDO FIGUEIREDO e ALEXANDRE DE ÁZARA DE ESPECIAL PARA A FOLHA 21/07/2016 às 02h 00

Taxas de juros altas no Brasil são tema recorrente. Condições para queda de taxa de juros partem de duas frentes. Primeiro, a inflação esperada (pelo mercado e nas projeções dos modelos do BC) tem que estar na meta. Segundo é preciso que haja um ajuste fiscal consistente, que crie condições de queda de juros de maneira mais estrutural e alivie o peso excessivo presente na política monetária. Para entender as razões do fiscal como condição "sine qua non", é importante entender que a política monetária veio fazendo o trabalho equivalente ao do titã Atlas. Literalmente carregando o mundo nas costas. Os culpados foram as políticas fiscais e parafiscais muito expansionistas, que expandiram o crédito e pioraram as expectativas de solvência fiscal (não precisamos estar em dominância fiscal para esse ponto ser verdadeiro). Os empréstimos subsidiados feitos pelo BNDES causaram uma distorção na economia, não permitindo a alocação de recursos de maneira eficiente. Um estudo mostra que os

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tomadores de empréstimo do BNDES são, no geral, empresas grandes e que não precisariam desses recursos para serem competitivas. Ademais, por ser um recurso com juros mais baixos, para manter a mesma taxa média da economia acaba aumentando as das demais modalidades. Outro problema é que, por ser pouco sensível à política monetária, dificulta o trabalho da mesma obstruindo o canal de crédito. Por esses motivos, o recontrole fiscal e parafiscal abre espaço para um alívio na política monetária para manter a inflação sob controle. Além disso, o fiscal descontrolado aumenta o prêmio de risco e deprecia a taxa real de câmbio. A PEC que limita os gastos, a reforma da Previdência com o estabelecimento de idade mínima e desvinculação de pensões do salário mínimo formam o início desse ajuste necessário, mas ainda não é suficiente. O caminho é longo. O primeiro teste será feito depois da votação do impeachment para medir o ímpeto de controle fiscal do governo Michel Temer. O que foi feito até agora está na direção certa, mas a velocidade parece um pouco lenta. Portanto, resolvida a convergência da inflação e expectativas para a meta de 4,5%, podemos pensar que exista espaço para queda dos juros de maneira mais estrutural se for bem encaminhado o ajuste fiscal. É possível voltar a pensar em juros de um dígito no Brasil. Mas dessa vez de maneira estrutural. Nossa percepção é que a primeira queda de juros ocorrerá em outubro. Oxalá seja verdade. LUIZ FERNANDO FIGUEIREDO, ex-diretor de Política Monetária do BC, é sócio-fundador e presidente-executivo da Mauá Capital ALEXANDRE DE ÁZARA é sócio e economista-chefe da Mauá Capital

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Queda dos juros depende da mão do Palácio do Planalto AnteriorPróxima

RENATO ANDRADE SECRETÁRIO DE REDAÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA 20/07/2016 às 19h 19 A diretoria do Banco Central verbalizou nesta quarta-feira (20) o que muitos economistas e empresários têm dito nos últimos dias nos bastidores. Caso Michel Temer seja confirmado no comando do país, com o afastamento definitivo de Dilma Rousseff, ele terá pouquíssimo tempo para implementar medidas efetivas para recuperar a economia e reduzir as expectativas em relação ao comportamento da inflação brasileira. Ao contrário dos tradicionais comunicados telegráficos, o Copom (Comitê de Política Monetária) divulgou nesta quarta uma versão mais ampla para justificar a decisão tomada na reunião de julho, quando, por unanimidade, os diretores do BC resolveram manter a taxa básica de juros em 14,25% ao ano. Ilan Goldfajn e seus colegas de diretoria foram claros. Se nada for feito nos próximos meses, não há espaço para o Banco Central reduzir os juros. A abertura dessa janela depende de uma ação efetiva do Palácio do Planalto. Pelas contas do governo, a inflação deve ficar em torno de 4,5% no próximo ano. Mas fazendo a mesma conta usando os parâmetros dos agentes do mercado financeiro, os índices de preços vão ficar, mais uma vez, acima da meta definida pelo governo.

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O BC reconhece que a inflação anda fora de linha porque a alta do preço dos alimentos, nos últimos meses, é persistente, há muita incerteza sobre a vontade e capacidade do governo em adotar medidas para ajustar os rumos da economia e existe ainda o perverso efeito de uma inflação alta por muito tempo: pouca gente acredita que ela vai voltar para patamares mais civilizados, o que força expectativas sempre elevadas para o comportamento dos preços nos próximos meses. Para resolver esse problema - e abrir espaço para os juros serem reduzidos -, a solução, basicamente, está nas mãos de Temer e sua equipe econômica. Se Temer promover ajustes na economia de forma "mais célere", a confiança na recuperação da economia será retomada e as expectativas de inflação podem recuar. Em suma, Ilan e colegas foram claros: a bola está com inquilino - interino - do Palácio do Planalto.

Tesouro fará nova captação de recursos no mercado internacional Emissão será liderada pelos bancos Deutsche Bank, HSBC e Goldman Sachs FONTE JORNAL O GLOBO, MARTHA BECK 21/07/2016 ÀS 10H 10

Notas de dólar - Bloomberg News

BRASÍLIA - O Tesouro Nacional informou, nesta quinta-feira, que fará uma nova captação de recursos no mercado internacional. Segundo nota divulgada pelo Ministério da Fazenda, será lançado um bônus em dólares com vencimento em fevereiro de 2047 (Global 2047).

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Veja também: 

Dólar comercial abre alta de 0,21%, a R$ 3,255

Prévia da inflação oficial, IPCA-15 acelera a 0,54% em julho

Mercados chineses fecham em alta por caça a barganhas

A operação será liderada pelos bancos Deutsche Bank, HSBC e Goldman Sachs. O resultado da captação será divulgado no final do dia de hoje. Essa é a primeira emissão feita pelo governo do presidente interino Michel Temer. A última vez que o Tesouro foi ao mercado externo foi em março, quando captou US$ 1,5 bilhão com a venda do Global 2026. Na época, a operação foi considerada bem sucedida porque a demanda foi quatro vezes maior que a oferta. No entanto, a taxa de juros paga aos investidores foi alta. Ela ficou em 6,12% ao ano, enquanto em captações anteriores com prazo semelhante a taxa havia sido de 3,88%.

Brasil pode ter que complementar teto para gasto com alta de imposto, diz FMI Instituição vê espaço limitado para o Banco Central cortar juros agora e recomenda que o governo do presidente em exercício Michel Temer avance com o ajuste fiscal Fonte Altamiro Silva Junior, correspondente, Jornal O Estado de S. Paulo 21 Julho 2016 às 10h24 

Notícia relacionada: BC mantém juros em 14,25% ao ano e destaca incerteza na aprovação de ajustes

NOVA YORK - As condições no Brasil estão começando a melhorar e o crescimento econômico deve voltar em 2017, mas o governo precisa avançar com as reformas, afirmam os economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) em documento para a reunião ministerial do G-20, o grupo dos países mais ricos do mundo, que começa dia 23 na China.

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Foto: Dida Sampa

Para FMI, governo Temer precisa avançar com o ajuste fiscal

O FMI vê espaço limitado para o Banco Central cortar juros agora e recomenda que o governo do presidente em exercício Michel Temer avance com o ajuste fiscal, incluindo com "medidas tributárias", forma usada pela instituição para sugerir aumento de impostos, e reforma na previdência. "O novo governo deve complementar a proposta de um teto para os gastos com medidas tributárias e resolver a rigidez das despesas e mandatos insustentáveis, incluindo na previdência", afirma o documento do FMI. No Brasil, mais de 90% do Orçamento federal é de gastos atrelados a leis e, por isso, difíceis de serem cortados. Na reunião de primavera do FMI em Washington, realizada em abril, a instituição já havia falado que o Brasil poderia precisar de uma alta de impostos para melhorar a situação fiscal. Além do ajuste fiscal, o FMI volta a recomendar que o Brasil faça reformas estruturais, para aumentar a produtividade e a competitividade. Outra medida essencial é a implementação do programa de concessões, que vai provocar melhoria da infraestrutura do país. Medidas como esta, ressalta o relatório, serão essenciais para aumentar o crescimento potencial do país. O Brasil está tendo desempenho econômico significativamente abaixo do potencial, destaca o FMI, e precisa construir "amortecedores fiscais". Mas ao falar da necessidade de avanço do ajuste fiscal, o FMI ressalta que países como o Brasil e a Itália precisam ter em mentes medidas que sejam "amigáveis ao crescimento". O FMI alerta ainda ao falar do Brasil no documento do G-20 sobre os riscos que o aumento do endividamento das empresas traz, sobretudo porque parte dessa dívida está em moeda estrangeira. Um cenário de menor liquidez na economia mundial ou de aumento de juros pode complicar a situação financeira dessas companhias. O Brasil será representado na reunião do G-20 pelo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn.

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Governo não vai anunciar corte de gastos de R$ 20 bi Agência Brasil/José Cruz

Eliseu Padilha, Michel Temer e Henrique Meirelles: "O governo esgotará todas as alternativas para que não haja contingenciamento" Fonte Rachel Gamarski, Jornal O Estadão Conteúdo 21/07/2016 às 07h54

Brasília - Mesmo com o desempenho da arrecadação abaixo do esperado, o governo decidiu que não anunciará nesta semana um novo corte no Orçamento de 2016. A avaliação no governo é de que ainda há espaço para acomodar variações de receitas e despesas sem descumprir a meta fiscal, fixada neste ano em um déficit de R$ 170,5 bilhões. Assim, foi por ora colocado em suspenso o plano de fazer um bloqueio (contingenciamento) de despesas de cerca de R$ 20 bilhões para ajustar o rumo das contas públicas ao cumprimento da meta. Uma ala da equipe econômica achava que essa medida era necessária, porque as receitas estão menores do que o projetado e as despesas ameaçam ficar maiores. A proposta era que o corte nas despesas fosse divulgado nesta sexta-feira, quando é divulgado o relatório bimestral com projeções de receitas e gastos até o fim do ano.

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A perspectiva de reduzir os gastos num ano eleitoral, porém, dividiu o governo. "O governo esgotará todas as alternativas para que não haja contingenciamento", disse nesta quarta-feira, 20, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que também faz parte da junta orçamentária, composta ainda pelos ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira. Havia dois tipos de discussão sobre a mesa. Uma, se o corte seria linear (igual para todos os itens do orçamento) ou seletivo. Interlocutores da área política do presidente em exercício, Michel Temer, defendiam que alguns programas, como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida, fossem poupados. Volume Outro debate era sobre o tamanho do contingenciamento, que poderia ser de R$ 20 bilhões ou algo na casa dos R$ 5 bilhões, dependendo de uma decisão sobre o desempenho das contas de Estados e municípios. Tradicionalmente, quando esses entes registram um resultado fiscal menor que o esperado - o que deve ser o caso neste ano , o governo federal faz um esforço adicional para compensar essa frustração. Se esse mecanismo fosse aplicado este ano, o corte no orçamento seria de R$ 20 bilhões.

Prévia da inflação oficial, IPCA-15 acelera a 0,54% em julho Feijão volta a ser o vilão. Em 12 meses, taxa acumula 8,93%; no ano, alta é de 5,19% FONTE JORNAL O GLOBO ANDREA FREITAS 21/07/2016 ÀS 10H 24

- Paulo Fridman / Bloomberg 18


RIO - Considerado a prévia da inflação oficial no país, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), acelerou a 0,54% em julho. Em junho, a alta foi de 0,40%, segundo o IBGE. Em julho de 2015, a taxa ficou em 0,59% e foi a maior para o mês desde 2008. No acumulado em 12 meses, a taxa ficou em 8,93%. No ano, o resultado é de 5,19%. Veja também: 

Juro ao consumidor dispara em 12 meses mesmo com Selic estável

Brasil tem a maior taxa de juro real do mundo

Banco Central mantém taxa básica de juros a 14,25% ao ano

IGP-M desacelera alta a 0,32% na 2ª prévia de julho

O resultado de julho veio acima do que era esperado por economistas. O Bradesco estimava alta de 0,42% para o mês, puxada pelo preço dos alimentos. O feijão, mais uma vez, foi o vilão da inflação, registrando o maior impacto individual e uma alta de mais de 80% em um dos locais pesquisados. Os alimentos registraram alta de 1,45% e, como esperado, foram os responsáveis pela aceleração da inflação na passagem de junho para julho, com impacto de 0,37 ponto percentual. O grupo alimentação e bebidas, com participação de 69% no IPCA-15 de julho, teve a maior variação para o mês desde 2008, quando a alta foi de 1,75%. Em alguns locais, destaca o IBGE, os aumentos superaram os 2%. Em Goiânia a taxa foi de 3,41%, em Curitiba ficou em 2,75% e em São Paulo, em 2,03%. Mais uma vez, o feijão foi o vilão da inflação. O tipo carioca subiu 58,06% e foi, isoladamente, o item que com maior impacto no IPCA-15 de julho (0,18 ponto percentual). O quilo do feijão em Goiânia ficou 81,03% mais caro, seguido por Brasília (62,69%), Salvador (61,69%) e Fortaleza (60,63%). O levantamento do IBGE também identificou que os preços de outros tipos de feijão subiram com força. O mulatinho ficou, em média, 45,94%, mais caro. O preto teve alta de 34,23%, enquanto o fradinho subiu 11,78%. O arroz também subiu mais do que a taxa média do IPCA-15: a alta foi de 3,36%. Com isso, o tradicional feijão com arroz ficou bem mais salgado neste mês. Já o leite registrou um aumento médio de preço de 15,54%, com picos de 27,46% em Curitiba; de 24,15%, em Porto Alegre; e de 20,17% em Goiânia. Os derivados do produto também subiram. A alta do leite em pó, de 3,26%, foi destacada pelo IBGE. O grupo transportes acelerou com força ante junho, passando de -0,69% para 0,17%. De acordo com o IBGE, o resultado se deve à pressão exercida pelas passagens aéreas, que subiram 19,05%. A tarifa de ônibus interestadual também subiu (3,69%), assim

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como de pedágio (1,98%), etanol (1,22%), conserto de automóvel (0,85%), e emplacamento e licença (0,77%). Preços aceleraram na passagem de junho para julho O IPCA-15 de julho, considerado uma prévia oficial da inflação do mês, acelerou. A taxa passou de 0,40% em junho para 0,54% este mês. No ano, o resultado acumulado é de 5,19% e, em 12 meses, de 8,93%. O grupo habitação também registrou leve aceleração na comparação com junho, indo de 0,06% para 0,10%. Comunicação ficou estável no mês. Alimentos para animais (2,38%), serviço bancário (2,24%), taxa de água e esgoto (1,30%), plano de saúde (1,08%), artigosde limpeza (1,02%), empregado doméstico (0,87%) e mão de obra para pequenos reparos (0,86%) também foram destacados pelo IBGE por exercerem pressão de alta sobre o IPCA-15 de julho. OUTROS GRUPOS DESACELERAM Por outro lado, a maior parte dos outros grupos pesquisados pelo IBGE registraram desaceleração na passagem de junho para julho. Habitação recuou de 1,13% para 0,04%. Artigos de residência passou de 0,57% para 0,27%; vestuário passou de uma alta de 0,42% para uma deflação de 0,08%; saúde e cuidados pessoais variou 0,56% ante 1,03% no mês anterior; e despesas pessoais ficou em 0,52% frente a 0,89% em junho. Energia elétrica (-1,65%), hotel (-1,26%), seguro voluntário de veículos (-1,23%), gasolina (-1,11%), automóvel usado (-1,02%), automóvel novo (-0,63%) ajudaram a puxar para baixo a taxa de inflação no mês, segundo o IBGE. PROJEÇÃO DE INFLAÇÃO O IPCA-15 segue a mesma metodologia do IPCA, que é o índice usado pelo governo como a inflação oficial do país. As únicas diferenças são o período de coleta de preços e a abrangência geográfica. No mês passado, a inflação oficial brasileira, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 0,35% — menor resultado mensal desde agosto passado. No primeiro semestre do ano, a alta de preços foi de 4,42%. Já o resultado acumulado nos doze meses encerrados em junho ficou em 8,84% — primeira vez que ficou abaixo de 9% desde junho de 2015. De acordo com a última pesquisa do Banco Central com o mercado financeiro, a projeção para o IPCA deste ano é de 7,26%. Se a previsão se confirmar, a taxa chegará a dezembro mais uma vez acima da meta do governo, que é de 4,5%, podendo variar dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Em 2015, a inflação ficou em 10,67%.

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Já para 2017, os analistas reduziram no relatório Focus a previsão para a inflação, passando de 5,40% na semana passada para 5,30%. Foi a terceira queda consecutiva na expectativa do mercado para o índice oficial de preços do ano que vem. O resultado previsto está dentro do limite estipulado pelo governo, que é de 6%, já que a meta para o ano que vem também é de 4,5%, mas a margem de tolerância foi reduzida de dois pontos para 1,5 ponto para cima ou para baixo.

Em julho, IPCA-15 fica em 0,54% Fonte Comunicação Social 21 de julho de 2016

PERÍODO

TAXA

Julho

0,54%

Junho

0,40%

Julho 2015

0,59%

Acumulado no ano

5,19%

Acumulado em 12 meses

8,93%

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) variou 0,54% em julho, mais do que em junho, quando a taxa ficou em 0,40%. Com este resultado, o acumulado no ano está em 5,19%, bem abaixo dos 6,90% registrados em igual período do ano anterior. Considerando os últimos 12 meses, o índice ficou em 8,93%, próximo dos 8,98% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em julho de 2015, a taxa havia sido 0,59%. Os dados completos do IPCA-15 podem ser acessados aqui. Os preços dos alimentos aumentaram 1,45% e foram os responsáveis pela alta do índice de junho para julho, exercendo 0,37 ponto percentual (p.p.) de impacto. Com 69% de participação no IPCA-15 do mês, o grupo Alimentação e Bebidas registrou a mais elevada variação para os meses de julho desde 2008, quando chegou a 1,75%. Em Goiânia, Curitiba e São Paulo, os aumentos ultrapassaram os 2%, atingindo 3,41%, 2,75% e 2,03%, respectivamente. O feijão-carioca, cujos preços subiram, em média, 58,06%, foi, isoladamente, o item que exerceu o maior impacto no índice do mês, 0,18 p.p.. Em Goiânia, o quilo do produto ficou 81,03% mais caro, seguido por Brasília (62,69%), Salvador (61,69%) e Fortaleza (60,63%). Os demais tipos de feijão também apresentaram aumentos significativos nos preços. O mulatinho passou a custar, em média, 45,94% a mais, enquanto o preto ficou 34,23% mais caro e o fradinho subiu 11,78%. Mas, ainda que o feijão se destaque pela alta expressiva, vários outros alimentos ficaram bem mais caros de um mês para o outro. O arroz, por exemplo, teve seus preços elevados em 3,36% na média, atingindo 8,20% em Belém, 6,67% em Fortaleza e 6,53% em Goiânia. Com isto, o feijão com arroz, prato típico da mesa do brasileiro, passou a custar bem mais. 21


O leite, com participação importante na despesa das famílias, aumentou 15,54%, em média, atingindo 27,46% em Curitiba, 24,15% em Porto Alegre e 20,17% em Goiânia. Com isto os preços de seus derivados aumentaram, destacando-se o leite em pó, que ficou 3,26% mais caro. Em contraposição à alta do grupo Alimentação e Bebidas (1,45%), a maioria dos demais grupos de produtos e serviços pesquisados evidenciou desaceleração na taxa de crescimento de junho para julho, conforme mostra a tabela a seguir. Variação (%)

Impacto (p.p.)

Junho

Julho

Junho

Julho

Índice Geral

0,40

0,54

0,40

0,54

Alimentação e Bebidas

0,35

1,45

0,09

0,37

Habitação

1,13

0,04

0,17

0,01

Artigos de Residência

0,57

0,27

0,02

0,01

Vestuário

0,42

-0,08

0,03

0,00

Transportes

-0,69

0,17

-0,13

0,03

Saúde e Cuidados Pessoais

1,03

0,56

0,12

0,06

Despesas Pessoais

0,89

0,52

0,10

0,06

Educação

0,06

0,10

0,00

0,00

Comunicação

0,01

0,00

0,00

0,00

Grupo

O grupo Transportes, no entanto, teve variação de 0,17% e apresentou aceleração na taxa de crescimento quando comparado ao mês de junho. Isto se deve à pressão exercida pelas passagens aéreas, que subiram 19,05%, além dos seguintes itens: Ônibus interestadual 3,69% Pedágio 1,98% Etanol 1,22% Conserto de automóvel 0,85% Emplacamento e licença 0,77% Ainda no sentido de pressionar a taxa, os destaques foram: Alimentos para animais à 2,38% Serviço bancário à 2,24% Taxa de água e esgotoà 1,30% Plano de saúde à 1,08% Artigos de limpeza à 1,02%

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Empregado doméstico à 0,87% Mão de obra para pequenos reparosà 0,86% A respeito da taxa de água e esgoto (1,30%), observa-se influência das seguintes regiões: Salvador (6,98%) tendo em vista o reajuste de 9,98% em vigor desde 06 de junho; Brasília (4,33%), onde ocorreu reajuste de 7,95% a partir do dia primeiro de junho; Goiânia (4,07%), com reajuste de 9,10% a partir de primeiro de julho;Porto Alegre (2,52%), onde o reajuste foi de 11,45% a partir do dia primeiro de julho. Por outro lado, itens importantes se apresentaram em queda, contribuindo para conter a taxa do mês. Sobressaem os seguintes: Energia elétrica à -1,65% Hotel à -1,26% Seguro voluntário de veículos à -1,23% Gasolina à -1,11% Automóvel usado à -1,02% Automóvel novo à -0,63% No caso da energia elétrica (-1,65%), a queda foi influenciada pela redução no valor das contas de Curitiba (-9,16%), onde as tarifas ficaram 13,83% mais baratas a partir de 24 de junho; São Paulo (-2,48%), onde, em uma das concessionárias, a redução de 7,30% nas tarifas vigora a partir de 04 de julho; e Porto Alegre (-0,83%), onde, também em uma das concessionárias, desde 19 de junho ocorreu redução de 7,50% nas tarifas. Quanto aos índices regionais, o maior foi registrado em Goiânia, com 0,91%, pressionado pela alta de 3,41% nos alimentos, além da taxa de água e esgoto, com 4,07% tendo em vista o reajuste de 9,10%, em vigor a partir de primeiro de julho. O menor índice foi o de Porto Alegre com 0,20%. Região

Variação Mensal (%) Variação Acumulada (%) Peso Regional (%) Junho Julho Ano 12 meses

Goiânia

4,44

0,01

0,91

4,59

9,66

Belém

4,65

0,41

0,69

5,77

9,70

Fortaleza

3,49

0,48

0,64

6,39

10,52

São Paulo

31,68

0,36

0,60

5,16

9,05

Brasília

3,46

-0,02

0,60

3,35

7,77

Belo Horizonte 11,23

0,81

0,59

5,52

8,35

Recife

5,05

0,68

0,58

5,53

8,53

Salvador

7,35

0,44

0,50

5,74

9,04

0,34

0,46

4,96

8,73

Rio de Janeiro 12,46

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Região

Variação Mensal (%) Variação Acumulada (%) Peso Regional (%) Junho Julho Ano 12 meses

Curitiba

7,79

0,23

0,38

4,18

8,29

Porto Alegre

8,40

0,42

0,20

5,61

9,30

Brasil

100,00

0,40

0,54

5,19

8,93

Para o cálculo do IPCA-15 os preços foram coletados no período de 15 de junho a 13 de julho (referência) e comparados com aqueles vigentes de 14 de maio a 14 de junho (base). O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia. A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.

Consumo de suco de laranja despenca, mas preços do produto sobem Edson Silva - 29.jul.2012/Folhapress

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Operários na linha de produção da indústria de suco de laranja Cutrale, em Araraquara (SP) FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, MAURO ZAFALON 21/07/2016 às 02h00

O cenário para o suco de laranja é ainda pior do que se previa no início do ano. O mercado mundial encolhe e o Brasil exporta menos. Os preços, no entanto, sobem. Rendimento industrial menor da laranja no Brasil, o maior produtor mundial, e a queda na safra da Flórida, devido a doenças nos laranjais, fizeram o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reduzir a estimativa de produção de suco de laranja para 1,6 milhão de toneladas no período 2015/16. A nova estimativa indica um volume 11% menor do que as previsões de janeiro último, quando o órgão norte-americano estimava uma produção mundial de 1,8 milhão de toneladas. A queda no consumo da bebida vem fazendo com que pomares do Brasil e dos Estados Unidos deem espaço a outras culturas ou a construções imobiliárias. Com isso, a oferta mundial do produto cai rapidamente. Na safra 2011/12, as indústrias colocavam 2,2 milhões de toneladas de suco no mercado, segundo o Usda. As maiores quedas na produção da bebida ocorrem nos líderes: Brasil e Estados Unidos. Conforme os números dos norte-americanos, a produção brasileira de suco era de 1,3 milhão de toneladas na safra 2011/12; caiu para 1 milhão em 2014/15 e ficará em apenas 885 mil em 2015/16. Nos Estados Unidos, a queda vem sendo ainda maior. Após terem colocado 629 mil toneladas de suco no mercado em 2011/12, as indústrias norte-americanas reduziram a produção para 438 mil na safra passada e para 383 mil nesta. O consumo mundial também cai, mas é superior à produção pelo segundo ano consecutivo. Será consumido 1,8 milhão de toneladas nesta safra, abaixo dos 2 milhões de 2014/15. União Europeia e Estados Unidos serão os principais responsáveis por essa redução. Com o novo deficit entre produção e consumo, os estoques mundiais terminam a safra em apenas 485 mil toneladas, 328 mil delas nos Estados Unidos. Líder mundial nas exportações, o Brasil colocará 885 mil toneladas no mercado externo, ante 1,13 milhão na safra anterior. Líder nas importações, a União Europeia comprará apenas 705 mil toneladas, e os Estados Unidos, 280 mil. Ambos importam 15% menos no ano.

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O primeiro contrato de suco de laranja negociado nesta quarta feira (20) na Bolsa de commodities de Nova York fechou em US$ 1,80 por libra-peso, 54% mais do que há um ano.

A volta da responsabilidade fiscal FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, PAULO HARTUNG 21/07/2016 às 02h00

A renegociação de dívidas estaduais não deveria ter sido uma agenda reaberta no Brasil, até porque esse não é o maior problema por trás da crise fiscal dos Estados. O alívio maior dado aos mais endividados, e também aos historicamente menos responsáveis com os gastos públicos, é o lado perverso do acordo firmado no último dia 20 de junho. O lado positivo é o que ele constrói para o futuro. O acordo foi assentado em contrapartidas que buscam atacar o que é, de fato, o maior problema fiscal dos entes subnacionais: a folha de pessoal, aí incluída a Previdência. No curto prazo, o projeto de lei que referendará o acordo contém contrapartidas capazes de estancar o avanço das despesas de pessoal. Também fortalece os ditames da Lei de Responsabilidade Fiscal. O pano de fundo de tudo isso significa um reforço à preocupação de se honrar financeiramente o pagamento de salários, o que hoje é dúvida entre vários Estados. No longo prazo, a adesão explícita dos Estados à PEC (proposta de emenda constitucional) enviada pelo governo federal para limitar gastos primários à variação da inflação, além de balizar um compromisso com a redução da dívida pública, assegura a possibilidade de convivermos com carga tributária e juros de equilíbrio menores no futuro. Outros instrumentos negociados pelos secretários estaduais da Fazenda são ajustes nas vinculações de receitas e a possibilidade de diminuir salários proporcionalmente à redução de jornada -naqueles casos em que os limites legais com gasto de pessoal são ultrapassados. A reforma previdenciária é outra agenda que não pode ser negligenciada. Além das propostas de reforma no regime geral, que passam pela adoção de uma idade mínima compatível com a expectativa de vida dos brasileiros, precisa haver convergência de regras para mudanças dos regimes próprios do serviço público. Nesse último caso, deve-se assegurar a revisão e o reequilíbrio dos regimes especiais de aposentadoria. A agenda se completa com um instrumento especial aos que desejam reduzir dívidas, mas sem empurrar a conta para outras instâncias. Ao invés de buscarem artifícios, os Estados precisam aderir ao programa de desestatização do governo federal, tendo como atores o BNDES e a Secretaria Executiva do Programa de Parcerias e

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Investimentos. A desmobilização de ativos e a busca por acordos com o setor privado ficarão associadas à redução estrutural do endividamento. Aos Estados em situação de solvência, com contas organizadas, faz sentido dar prioridade nas novas concessões de financiamento, sempre tendo em vista a continuidade futura do equilíbrio fiscal. Por fim, não podemos perder o foco no elo mais profundo e permanente de todos: a volta do crescimento. Se a raiz da atual crise é o problema fiscal que mergulhou o país na maior depressão de sua história, somente o equacionamento das contas brasileiras no longo prazo trará confiança, mais investimentos, emprego, renda e receitas públicas. Não adianta forçar a marcha por mais alívios de curto prazo, numa tentativa de pressionar um governo de transição. Será o verdadeiro abraço dos afogados. A verdadeira agenda é a volta da responsabilidade fiscal. PAULO HARTUNG, economista, é governador do Estado do Espírito Santo (PMDB), cargo que também ocupou de 2003 a 2010. Foi deputado estadual (1983-1991), federal (1991-1993) e senador (1999-2002)

Campeão de juros Ao manter a Selic em 14,25% ao ano, o Brasil detém os juros básicos nominais mais elevados entre os maiores mercados emergentes Fonte Jornal O Estado de S. Paulo, Fábio Alves 20 Julho 2016 às 19h 42

Ao manter a Selic em 14,25% ao ano, o Brasil detém os juros básicos nominais mais elevados entre os maiores mercados emergentes e uma taxa real cada vez mais salgada, levando-se em conta que a projeção de inflação para 2017 caiu de 6% no início de abril para 5,30%, conforme a mais recente pesquisa Focus, do Banco Central. Na Rússia, os juros básicos estão em 10,5%, enquanto que na Colômbia e na Turquia, a taxa é de 7,5%. E, na África do Sul, de 7%. Todavia, os analistas dizem que as condições globais estão as mais propícias em quase dois anos para os bancos centrais emergentes embarcarem, no curto prazo, num ciclo de forte afrouxamento monetário, à exceção do México (que briga contra a desvalorização do peso) e da Colômbia (que está em firme combate à inflação). Primeiro, espera-se que os BCs de países desenvolvidos, em particular o da Inglaterra, o do Japão e o da zona do euro, adotem estímulos, via injeção de recursos ou corte de juros. Mais ainda: que o Federal Reserve (Fed) demore mais tempo para elevar os juros americanos e que o aperto monetário seja mais gradual do que o inicialmente imaginado. No início do ano, apostava-se em quatro altas de juros pelo Fed neste ano. Agora, o cenário mais agressivo é de uma única elevação, se muito. Ou seja, a postura monetária acomodatícia - leia-se juro negativo ou próximo de zero, nos países ricos vai perdurar por muito mais tempo, levando os investidores internacionais a migrarem

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seus recursos em busca de taxas de retorno mais vantajosas, beneficiando os países com juros elevados, mesmo que em patamares mais baixos do que os atuais. Segundo, a inflação na maioria dos países emergentes está bem mais comportada do que há um ou dois anos. Na semana passada, a Malásia, por exemplo, cortou os juros básicos pela primeira vez desde 2009 ao revisar para baixo a sua projeção de inflação para este ano. No Peru, o índice de preços ao consumidor caiu para 3,34% em junho, depois de ter começado 2016 em 4,61%. Na Rússia, a inflação anual desacelerou de 9,8%, em janeiro deste ano, para 7,5% em junho. E no Brasil, o IPCA acumulado em 12 meses caiu de 10,71% em janeiro para 8,84% em junho. Câmbio. Terceiro, com a perda de fôlego na valorização do dólar frente às principais moedas internacionais, boa parte dos países emergentes vem conseguindo reduzir o déficit em conta corrente nos últimos meses, o que dá mais espaços para os bancos centrais cortarem os juros básicos sem correrem o risco de uma pressão adicional sobre suas moedas. No início deste ano, os analistas consultados pela Focus projetavam o déficit de conta corrente do Brasil de US$ 38 bilhões em 2016. Nesta semana, essa projeção caiu para um déficit de US$ 15 bilhões. Por fim, sem uma tendência de dólar forte e com a relativa melhora e estabilização nos preços de várias commodities, em particular do petróleo, os países emergentes que não começarem a cortar os juros básicos na segunda metade deste ano serão exceção e não a regra. Desde o início de 2016, 33 bancos centrais ao redor do globo já reduziram os juros básicos, enquanto apenas 17 subiram as taxas. Mesmo o México e a Colômbia, exceções no ciclo monetário nos mercados emergentes, não devem promover mais do que duas elevações adicionais dos juros. No Brasil, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, estreou mudando o formato do comunicado que acompanha a decisão do Copom, tornando-o parecido, no tamanho e no conteúdo, com o que é divulgado pelo Fed americano após as decisões de política monetária. No balanço de riscos apresentado ontem, o BC dá um recado claro: vai esperar para ver uma convergência da inflação para a meta de 4,5% até o fim do ano que vem. Se o ajuste fiscal vier logo e as expectativas inflacionárias cederem mais, Goldfajn terá espaço para cortar a Selic agressivamente a fim de estimular uma recuperação mais rápida da economia brasileira.

Os juros e suas razões Fonte Jornal O Estado de S. Paulo, Celso Ming 20 Julho 2016 às 21h 10

As principais razões pelas quais o Banco Central entende “não haver espaço para a flexibilização da política monetária” (derrubar os juros) estão tanto nas incertezas que cercam a administração das contas públicas quanto na própria expectativa dos formadores de preços, que continuam apostando numa inflação bastante acima (5,3%) da meta de 4,5% em 2017. Leia mais aqui a análise do colunista Celso Ming.

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Foto: Infográfico Estadão

Mais clareza no Copom O comunicado da reunião enunciou não só as razões que levaram o BC a manter os juros nos 14,25%, mas também o que tem de mudar no País para que possam finalmente recuar Fonte Celso Ming, Jornal O Estado de S. Paulo 20 Julho 2016 às 21h 00

Do ponto de vista da transparência, o Banco Central, agora presidido pelo economista Ilan Goldfajn, marcou um gol decisivo. O texto divulgado logo após a reunião do Copom enunciou com clareza meridiana não só as razões que o levaram a manter os juros básicos nos 14,25% ao ano, mas sugeriu, também, o que tem de mudar no Brasil para que os juros possam finalmente recuar. O comunicado foi substancialmente mais longo do que os da administração Tombini. Saiu com 372 palavras; os anteriores tinham, em média, 105. Na prática, também antecipa até certo ponto a Ata do Copom, que a partir de agora será divulgada não na 29


quinta-feira da semana seguinte à da reunião, mas na terça. Será interessante avaliar também o que terá mudado na comunicação. Foto: ANDRE DUSEK/ESTADAO

Ilan. Os juros e suas razões

As principais razões pelas quais o Banco Central entende “não haver espaço para a flexibilização da política monetária” (derrubar os juros) estão tanto nas incertezas que cercam a administração das contas públicas quanto na própria expectativa dos formadores de preços, que continuam apostando numa inflação bastante acima (5,3%) da meta de 4,5% em 2017 e, com isso, tendem a defender-se com mais força com remarcações e, assim, a manter a inércia inflacionária. As incertezas sobre o ajuste em curso têm natureza essencialmente política. Dependem de que o atual governo deixe de ser interino e de que, para isso, consiga a aprovação do impeachment. Trata-se de uma incerteza porque ainda não há segurança de que o Senado apresente os 54 votos suficientes para garantir o afastamento definitivo da presidente Dilma. A outra incerteza paira sobre a aprovação no Congresso do Projeto de Emenda à Constituição (PEC) que impede o aumento das despesas do Tesouro acima da inflação. Sem essa aprovação, o ajuste vai pro brejo. Em compensação, o Banco Central aponta para fatores que vêm puxando em sentido contrário: a probabilidade de que os ajustes sejam mais rápidos; e a alta capacidade ociosa no setor produtivo (máquinas e instalações subutilizadas) que, uma vez acionada, também pode atuar para uma redução mais rápida da inflação.

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Quando há duas semanas se pronunciou sobre as incertezas fiscais, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, sugeriu que, até o fim de agosto, haveria mais clareza sobre a eficácia do ajuste. Estaria disponível melhor conhecimento sobre o comportamento da arrecadação e, também, seria melhor aferido o nível de confiança na política econômica. Ficou subentendido que, até fim de agosto, a principal informação também estaria disponível: o País saberia quem seria o chefe de governo efetivado no cargo e que qualidade teria sua política econômica. Essa percepção transpareceu, também, no comunicado do Banco Central. A conclusão é a de que o comportamento da inflação – e dos juros – está condicionado às grandes decisões que vierem a ser tomadas na área política. A próxima reunião do Copom está agendada para 30 e 31 de agosto. A partir do quadro traçado pelo Banco Central, não está garantido hoje que então os juros começarão a cair. Dependerá do que tiver acontecido. CONFIRA: Foto: Infográfico Estadão

O gráfico mostra a evolução dos juros básicos (Selic) desde 2009.

A colher de Temer Nesta quarta-feira, o presidente em exercício Michel Temer se viu obrigado a voltar a garantir autonomia total do Banco Central na condução da política de juros. Esse pronunciamento soou como desautorização do ministro chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, que havia cometido a gafe de dizer, sem a menor cerimônia, que o presidente 31


Temer gostaria de que os juros caíssem. Deixou a impressão de que Temer estava metendo sua colher no caldeirão do Banco Central.

Novo Copom: sai o “coponês” e ficam as dúvidas de sempre sobre os próximos passos Fonte José Paulo Kupfer, Jornal O Estado de S. Paulo 20 Julho 2016 às 19h 30

Como previsto, o novo Comitê de Política Monetária (Copom) manteve, em julho, a taxa de juros básicas em 14,25% ao ano. Trata-se da mais longa série com a taxa Selic inalterada desde a adoção do sistema de metas de inflação, em 1999. Os juros básicos estão no mesmo lugar há oito encontros do Copom, desde 29 de julho do ano passado, quase um ano. Também como previsto, o novo Copom, agora presidido pelo economista Ilan Goldfajn e com quatro novos integrantes entre os nove que formam o colegiado, mudou a forma de comunicação da decisão. O comunicado divulgado ao final da reunião é mais extenso e escrito em linguagem mais simples e direta do que a tradição consolidada pelos comunicados do Copom ao longo dos últimos 17 anos. Com jeito de antecipação de parte da ata a ser divulgada também mais cedo na terçafeira seguinte ao Copom e não na quinta o texto desta quarta-feira somou 2404 caracteres com espaço 1.730 a mais do que no anterior, em 375 palavras mais do triplo do comunicado de junho — e 11 parágrafos (contra 3 do outro). O tradicional “coponês” o idioma peculiar dos comunicados do Copom — deu, de fato, lugar ao português. Mas o economês velho de guerra, que nunca foi abandonado no estilo dos comunicados anteriores, está lá, vigoroso como sempre. Para informar, por exemplo, que a recessão, expressa na baixa demanda e em instalações sem uso, poderia ajudar a aliviar mais rápido as altas de preços, o novo Copom não escapa do economês. E registra que “o nível de ociosidade na economia pode produzir desinflação mais rápida do que a refletida nas projeções do Copom”. Do mesmo modo, se refere ao ambiente externo como “desafiador”, quando talvez fosse o caso de, valendo-se do português mais direto, reconhecer que a economia global continua com muitas incertezas e enfrentando dificuldades. Naquilo que seria mais substantivo — ou seja, as indicações de seus movimentos futuros, o novo Copom repetiu, literalmente, o velho Copom. “Tomados em conjunto, o cenário básico e o atual balanço de riscos indicam não haver espaço para flexibilização da política monetária”. Se fosse em português e não nesse escorreito “coponês”, o comunicado não deveria dizer que ainda não seria possível começar um ciclo de cortes de juros básicos, como, ansiosamente, o mercado aguarda? No fim, as mudanças, elogiáveis, serviram para deixar tudo como estava. Depois da publicação do comunicado, os analistas continuarão divergindo se a redução nos juros começará em agosto ou em outubro quem sabe, não acabe ficando para 2017.

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Pokémon Go pode gerar US$ 3 bilhões em receita para Apple Jogadores podem comprar conteúdo adicional na loja virtual da empresa FONTE REUTERS 20/07/2016 ÀS 21H 58

Pokémon Go pode gerar receita bilionária à Apple com venda de conteúdo adicional - Ilya Naymushin / Reuters

NOVA YORK - A Apple pode levantar US$ 3 bilhões em receita com a febre do Pokémon Go no período de um a dois anos, conforme jogadores compram "PokeCoins" em sua loja de aplicativos, previu a corretora norte-americana Needham & Co. Pokémon Go pode ser baixado de graça, mas usuários do iPhone podem adquirir os itens para comprar conteúdos adicionais do jogo. Veja também: 

Varejistas de eletrônicos têm pico de vendas com febre Pokémon Go

Japoneses esperam por Pokémon Go em vão e ações da Nintendo desabam

Nintendo supera Sony na Bolsa de Tóquio graças ao Pokémon Go

Dez coisas que você precisa saber sobre a febre do Pokémon Go

Um pacote com 100 moedas do jogo de realidade aumentada com personagens da Nintendo custa US$ 0,99 na loja da Apple, mas o preço pode chegar a US$ 99,99 dólares por um conjunto de 14.500 PokeCoins. — Acreditamos que a Apple fica com 30% da receita de Pokémon Go gerada em dispositivos com o sistema iOS, o que sugere um potencial para crescimento de resultados — disse a analista Laura Martin, da Needham, em relatório a clientes. 33


Pokémon Go tinha apenas nos Estados Unidos 21 milhões de usuários ativos em 18 de julho, menos de duas semanas depois de ter sido lançado no país. O game, que já foi lançado em 35 países, também está disponível para dispositivos Android. Martin afirmou que a relação de usuários pagantes de Pokémon Go ante a base total de jogadores é dez vezes maior que a de Candy Crush, o sucesso da King Digital que gerou mais de US$ 1 bilhão de dólares em receita em 2013 e 2014. Usuários nos EUA estão gastando muito mais tempo no jogo da Nintendo do que no Facebook ou no WhatsApp, segundo a empresa de pesquisa de mercado Sensor Tower. As lojas de eletrônicos também registraram forte aumento nas vendas de carregadores de celulares desde o lançamento do jogo. No fim da sessão do mercado na terça-feira, as ações da Apple haviam ganhado 5% de valor de mercado, a cerca de US$ 25 bilhões, desde o lançamento do Pokémon Go nos Estados Unidos, em 6 de julho. Já as ações da Nintendo haviam quase duplicado.

May: Reino Unido não está afastando de seus amigos europeus Premier britânica e Merkel se encontram em Berlim para discutir o Brexit POR O GLOBO / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS 21/07/2016 ÀS 07H 13

Chanceler alemã, Angela Merkel, recebe a primeira-ministra britânica, Theresa May, em Berlim - HANNIBAL HANSCHKE / REUTERS

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LONDRES/BERLIM — Em Berlim para discutir a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), a primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmou que o país continua parte do continente e não está afastando de seus amigos europeus. Ela ressaltou que é a primeira visita à Alemanha de um premier do Reino Unido desde o referendo que decidiu pelo divórcio histórico com o bloco europeu. May foi recebida pela chanceler alemã, Angela Merkel, a quem ofereceu condolências pelo ataque reivindicado pelo Estado Islâmico (EI) que deixou quatro feridos em um trem da Baviera. Em uma entrevista coletiva, a premier destacou que “ambos querem uma relação econômica mais próxima possível entre os países”. A premier afirmou ainda que quer uma saída da UE sensata e ordenada e, por isso, não pedirá para deixar o bloco antes do fim de 2016. Ela reiterou que não irá invocar o artigo 50, até que posição de negociação do Reino Unido esteja clara. Merkel, por sua vez, destacou não esperar que o artigo 50 que estabelece o rito de ruptura seja invocado rapidamente. Ela acrescentou que nem todos os laços do Reino Unido com a UE serão cortados. Sobre imigração, May observou que o voto pelo Brexit deixou claro que os britânicos desejam mais controle nas fronteiras e disse quer reduzir a migração anual líquida no Reino Unido a "dezenas de milhares", um nível que ela considera sustentável. PREMIER É APLAUDIDA NO PARLAMENTO Mais cedo, May participou de sua primeira sessão de perguntas à primeira-ministra no Parlamento britânico, na qual desafiou a oposição a respeito dos direitos das mulheres, arrancando calorosos aplausos de seus colegas de partido. Sua atuação segura rendeu comparações a Margaret Thatcher. Ao comparecer nesta quarta-feira para o questionamento de 30 minutos feito por parlamentares, o evento que mais suscita interesse na semana política britânica, May foi saudada em altos brados pelos colegas do Partido Conservador sentados às suas costas. Ela foi escolhida para ocupar o principal cargo do Reino Unido uma semana atrás, depois que David Cameron renunciou em reação ao referendo de 23 de junho que decidiu pela separação do país da União Europeia (UE), herdando a tarefa difícil de unir sua legenda e negociar a saída do bloco. May, que se apresenta como uma líder séria, pragmática e sóbria, iniciou seus comentários saudando a queda no desemprego e delineando planos para visitar a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, François Hollande. Depois ela se voltou contra o Partido Trabalhista, cujo líder, Jeremy Corbyn, está envolto em uma disputa de poder na qual a única mulher desistiu de concorrer na

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terça-feira. May enfatizou que seu partido fez dela a segunda primeira-ministra do país desde Thatcher. — Nos meus anos aqui nesta casa, passei muito tempo ouvindo o Partido Trabalhista perguntar o que o Partido Conservador faz pelas mulheres. Bem, ele continua a nos tornar primeiras-ministras disse. — O Partido Trabalhista pode estar prestes a passar vários meses brigando e se fazendo em pedaços. O Partido Conservador irá passar estes meses voltando a unir o país.

Erdogan declara três meses de estado de emergência na Turquia Presidente afirma que decisão de não extraditar Gulen será grande erro para os EUA FONTE JORNAL O GLOBO E AGÊNCIAS INTERNACIONAIS 20/07/2016 ÀS 21H 58

Turcos queimam imagem de clérigo Fethullah Gulen em protesto em favor de Erdogan AMMAR AWAD / REUTERS

ANCARA — Nesta quarta-feira, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, declarou três meses de estado de emergência no país. A medida vem após um golpe fracassado na última sexta-feira, que desencadeou uma madrugada de confrontos com 290 mortos. Ele afirmou ainda que acredita no envolvimento de outros países na tentativa de tomar o poder, mas se negou a nomear uma destas nações. O anúncio televisionado em frente aos ministros do país veio após uma reunião de cinco horas do Conselho de Segurança Nacional. Veja também:

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Cerca de 60 mil pessoas são alvos de expurgo após golpe fracassado na Turquia

Turquia fecha mais de 600 escolas privadas em onda de repressão

Obama oferece ajuda à Turquia nas investigações sobre golpe

Itamaraty diz estar preocupado com prisões na Turquia

— Nosso Conselho de Ministros decidiu instaurar o estado de emergência durante três meses — anunciou o chefe de Estado em entrevista coletiva. Segundo ele, a medida é necessária para erradicar rapidamente todos os elementos da organização terrorista envolvida na tentativa de golpe contra seu governo. O presidente afirmou que a medida está inteiramente de acordo com a Constituição turca e não viola o Estado de Direito ou as liberdades básicas dos cidadãos turcos. Erdogan justificou a decisão com a necessidade de conter as ameaças à democracia turca. O estado de emergência permitirá ao presidente passar novas leis sem a aprovação prévia do Parlamento e limitar ou suspender direitos e liberdades conforme ele acreditar que for necessário. Desde a intervenção militar, o governo vem investindo em uma forte onda de repressão que já atinge mais de 60 mil pessoas — incluindo juízes, militares e professores de todo o país. Nesta quarta-feira, a Turquia afirmou que fechará mais de 600 escolas privadas e dormitórios, além de suspender mais 6.500 funcionários do Ministério da Educação. Tudo isso vem um dia depois de a pasta afastar 15.200 pessoas e também revogar as licenças de 21 mil professores que trabalham em instituições privadas em toda a Turquia. O expurgo a vários setores da sociedade já atingiu cerca de 60 mil militares, policiais, juízes, funcionários públicos e professores — que estão suspensos, detidos ou sob investigação. Mas, em entrevista à "Al Jazeera", Erdogan negou acusações de que suas ações reflitam políticas autoritárias: — Nós continuaremos dentro de um sistema parlamentar democrático, nós nunca vamos nos afastar disso afirmou o presidente. TENSÕES INTERNACIONAIS Na mesma entrevista, em uma mensagem curta e direta, Erdogan disse ao ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault, que "cuide de sua vida". No domingo, o chanceler francês pediu o respeito ao Estado de Direito na Turquia, deixando claro que a rejeição à tentativa de golpe militar não é um "cheque em branco" ao presidente Erdogan. Além disso, Erdogan afirmou que será um grande erro para os Estados Unidos decidir por não extraditar o clérigo Fethullah Gulen, a quem o governo acusa de ser responsável pela 37


tentativa de golpe. O rival de Erdogan mora atualmente na Pensilvânia e nega as acusações de envolvimento na história. O governo do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acredita que os apoiadores de Gulen comandam uma rede mundial de escolas e tentam se infiltrar no sistema de educação turco para influenciar na política do país. O movimento do clérigo, que prega pela moderação e pela harmonia entre religiões, afirma ser um bode expiatório para a conduta autocrática do presidente. Desde a tentativa de golpe, a Turquia pede aos EUA a extradição de Gulen. Segundo funcionários do governo turco, 99 generais dos cerca de 360 generais do país já foram acusados formalmente pela rebelião. Outros 14 generais permanecem detidos na sequência da rebelião. Com o governo cada vez mais acusado de conduta autoritária, as credenciais de 34 jornalistas foram retiradas por suposta ligação com o movimento Gulen. A revista satírica “Leman” disse que a distribuição de sua edição especial foi impedida. Na capa, duas mãos traçavam um jogo de estratégia: uma empurrava soldados no tabuleiro; a outra respondia enviando civis. Enquanto Erdogan procura consolidar o poder do seu governo democraticamente eleito após o golpe fracassado, suas medidas de repressão poderiam polarizar ainda mais um país que já manteve uma relativa estabilidade em uma região turbulenta. Além disso, o cenário turco levanta questionamento sobre a efetividade das instituições judiciárias e militares do país, que atualmente são os maiores alvos do expurgo do governo.

Banco Central Europeu mantém taxas de juros em mínimas recordes

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Escultura do euro diante da sede do Banco Central Europeu, em Frankfurt

FONTE REUTERS 21/07/2016 às 10h 09

O BCE (Banco Central Europeu) deixou as taxas de juros inalteradas nesta quinta-feira (21), mantendo-as em mínimas recordes no momento em que busca reanimar o crescimento e a inflação com crédito barato. A decisão de manter os juros era esperada por todos os 45 analistas consultados pela agência Reuters depois que o BCE cortou sua taxa de depósito ainda mais fundo em território negativo em março, ampliou suas compras de ativos e ofereceu nova rodada de empréstimos baratos. O BCE acrescentou que continua a esperar que suas taxas de juros permaneçam nos níveis atuais ou mais baixos por um período prolongado e bem além do horizonte das compras de ativos. O banco também disse que seu programa de compra de ativos de 80 bilhões de euros por mês vai acontecer até o final de março de 2017, ou além disso, se necessário, até que o banco veja um ajuste sustentado na trajetória da inflação consistente com sua meta de inflação. Na reunião desta quinta-feira, o BCE manteve sua taxa de depósito, em geral considerada com sua principal ferramenta de taxa de juros, em -0,40%. A principal taxa de refinanciamento, que determina o custo do crédito na economia, permaneceu em 0%, enquanto a taxa de empréstimo ficou em 0,25%. Os mercados, agora, voltam sua atenção para a entrevista coletiva do presidente do BCE, Mario Draghi, às 9h30 (horário de Brasília), em que ele pode discutir o impacto da decisão do Reino Unido de sair da União Europeia, a situação dos bancos italianos e a esperada dificuldade em encontrar títulos suficientes para serem comprados sob seu programa de compras de ativos.

Brasil quer ‘corrigir’ relação com a China Em sabatina na OMC, Itamaraty questiona ‘assimetrias’ na relação comercial bilateral Fonte Jamil Chade, correspondente, Jornal O Estado de S. Paulo 21 Julho 2016 às 05h00  

Notícias relacionadas: ‘Ação na OMC não compete à empresa, e sim ao País’, diz presidente da Embraer OMC prevê comércio mundial fraco no 2º semestre 39


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‘Subsídios devem estar na mesa’, diz chefe para negociação agrícola dos EUA The Economist: Por que o ‘Brexit’ é péssimo para a economia mundial

GENEBRA - O governo do presidente em exercício Michel Temer quer rever as relações com a China – maior parceiro comercial do País. Nesta quarta-feira, 20, durante sabatina sobre a política comercial chinesa na Organização Mundial do Comércio (OMC), o Itamaraty apresentou suas queixas ao governo de Pequim e apontou que quer uma nova direção no fluxo de comércio. A sabatina de governos como o da China ocorrem a cada dois anos, quando as leis do país são examinadas e autoridades têm a oportunidade de questionar as práticas adotadas. Na intervenção do Brasil, o governo reconheceu que tem uma “parceria estratégica” com Pequim. Hoje, a China é o principal destino das exportações nacionais e o maior fornecedor de bens estrangeiros. Em 2015, ela representava 18,3% do comércio nacional. “O desenvolvimento dessa relação continua sendo uma prioridade chave em nossa agenda”, disse a encarregada de Negócios do Brasil na OMC, Marcia Donner. Mas a diplomata deixou claro que o momento é de reavaliar o “padrão” dessa relação diante da disparidade entre o que a China exporta e o que compra das empresas nacionais. “Da perspectiva do Brasil, a assimetria precisa ser corrigida e ações para incentivar a maior diversificação de nossas exportações continuam sendo prioridade chave para nosso governo”, disse. “Nossas complexas economias podem ganhar com o crescimento de cada um de uma forma mais equilibrada”. Na avaliação apresentada pelo Itamaraty, a diversificação das exportações brasileiras para a China “continuam sem uma mudança significativa desde a última revisão na OMC em 2014”. “Nossa exportação para a China continua limitada a um número pequeno de commodities, como soja, aço, petróleo”, disse a diplomata. Juntos, esses itens representam 75% das vendas nacionais para a China. Já as importações são “amplamente mais diversificadas, incluindo vários produtos industriais, máquinas elétricas e mecânicas, produtos químicos, aço, plástico e siderurgia”. O governo brasileiro também fez questão de apontar para a onda de investimentos chineses no País nos setores de finanças, infraestrutura, telecomunicações, eletricidade e ferrovias. Mesmo na agricultura, o Brasil se queixa de barreiras. Segundo o governo, existem várias licenças ainda não aprovadas para a exportação de carne de frango e suína que merecem ser “avaliadas com urgência”. Aço. Outro setor delicado é o do aço. Nas últimas semanas, produtores de todo o mundo têm atacado a produção em excesso da China, levando à queda dos preços internacionais. “Isso está criando tensões que precisamos lidar com um diálogo global para que haja um ajuste estrutural pelos maiores produtores do mundo”, defendeu o Brasil. A China indicou que está comprometida em reduzir sua capacidade de produção até 2020 e, no que se refere às demandas brasileiras, prometeu dar uma resposta. Mas o vice-ministro do Comércio do país, Wang Shouwen, alertou a comunidade internacional que sua economia vive um “novo normal”, com uma taxa de crescimento que não atinge mais os 9,0%, mas sim uma média de 6,5% e 7,0%. “Passamos para 40


uma taxa alta para moderadamente alta”, disse. Segundo ele, isso exige do país um “novo modelo de desenvolvimento”. Mas quem também se queixou foi o governo dos EUA, que afirmou estar “preocupado” com uma possível mudança na postura comercial chinesa diante da queda de crescimento. Para o diplomata Chris Wilson, “à medida que a economia chinesa desacelera, os EUA sentem uma relutância maior de o país manter suas reformas”. “Além disso, cada vez mais empresas americanas expressam preocupação com o ambiente regulatório e de negócios para as empresas estrangeiras”, disse. Assim como o Brasil, os americanos também criticaram o apoio estatal chinês ao setor siderúrgico, além de barreiras para as vendas de diversos produtos e até filmes. Americanos, europeus e outros governos ainda fizeram um alerta sobre o plano de Pequim conhecido como “Made in China 2025”. Pela iniciativa, 70% dos componentes de produtos feitos na China até 2025 terão de ser fabricados localmente. No total, Pequim recebeu do governo na OMC mais de 1,8 mil perguntas e queixas. O país é hoje o maior parceiro comercial de 120 economias.

Lucro da GM mais que dobra no 2º trimestre e vai a US$ 2,9 bilhões Montadora destacou forte demanda por veículos utilitários esportivos (SUVs) e caminhões no período Fonte Dow Jones Newswires 21 Julho 2016 às 11h34 Notícias relacionadas  Irlandês Lyle Watters volta ao Brasil e será presidente da Ford  UE aplica multa recorde a montadoras de caminhões  Nissan traz novo carro e abre 600 vagas no Rio NOVA YORK - A General Motors informou nesta quinta-feira, 21, que seu lucro líquido deu um salto de 157% no segundo trimestre ante igual período do ano passado, a US$ 2,9 bilhões, graças à forte demanda por veículos utilitários esportivos (SUVs) e caminhões. Já o lucro operacional da GM foi equivalente a US$ 1,86 por ação no último trimestre, superando de longe a previsão em Wall Street, de US$ 1,49 por ação. Também na comparação anual, a receita da montadora norte-americana avançou 11%, a US$ 42,4 bilhões.

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Foto: Mark Blinch/Reuters

Resultado superou a previsão de analistas

A GM registrou margem operacional global de 9,3% no período. Apenas na América do Norte, a margem foi de 12,1%. Na Europa, a empresa teve lucro de cerca de US$ 100 milhões no trimestre, o primeiro resultado positivo na região desde 2011. Na China, a margem operacional caiu um pouco em relação a um ano antes, a 9,5%, mas o desempenho da GM no maior mercado do mundo permaneceu estável. A GM também elevou sua previsão de lucro por ação em 2016, para o intervalo de US$ 5,50 a US$ 6,00. Por outro lado, a GM ressaltou que incertezas criadas pela vitória do Brexit - a decisão do Reino Unido de votar por sua saída da União Europeia, no mês passado - tiveram impacto negativo na libra esterlina, o que poderá prejudicar a produção e vendas no mercado britânico. A montadora calcula que isso poderá lhe custar até US$ 400 milhões e comprometer sua meta de se tornar lucrativa na Europa este ano.

Asfixia em câmara lenta O sistema financeiro não comporta as taxas de juros atuais, excessivamente baixas, ou até negativas Fonte The Economist 21 Julho 2016 às 05h00

Toda vez que os analistas dizem que a rentabilidade dos títulos de crédito não tem como recuar mais, os mercados se comprazem em desmenti-los. Depois que os britânicos resolveram dar adeus à União Europeia, as rentabilidades voltaram a cair: a remuneração oferecida pelos títulos de dez anos do Tesouro americano nunca foi tão baixa, e a rentabilidade dos papéis alemães e japoneses tornou-se ainda mais negativa 42


do que já era. A perspectiva de que a política monetária continuará frouxa também ajudou Wall Street a acumular novas altas. As taxas de juros são o óleo que lubrifica o motor do sistema financeiro, ajudando o capital a fluir de uma área para outra. Se os juros permaneceram positivos nos últimos três séculos, mesmo com duas guerras mundiais e a Grande Depressão dos anos 1930, há motivo para isso. O sistema não tem estrutura para comportar taxas extremamente baixas, que dirá negativas. Foto: Ralph Orlowski|Reuters

Na União Europeia, juros negativos dificultam a vida dos bancos

Tradicionalmente, a atividade bancária consiste em captar recursos junto a depositantes (os passivos dos bancos) e então emprestá-los, a taxas mais elevadas e por períodos mais prolongados, a tomadores (seus ativos). Assim, um importante determinante dos lucros é o desenho da “curva de rentabilidade” – o gráfico das taxas de juros de acordo com os diferentes prazos de vencimento. Quanto menor a 43


diferença entre os juros de curto e longo prazos, mais dificuldade os bancos têm para lucrar com suas operações. Os problemas se agravam ainda mais quando a rentabilidade dos títulos se aproxima de zero. As instituições financeiras não costumam ser bem-sucedidas quando se veem obrigadas a cobrar dos depositantes pelo “privilégio” de manter seus recursos numa conta bancária. Mesmo com o retorno sobre seus ativos em declínio, os bancos penam para reduzir os custos de seus passivos. Portanto, quando um Banco Central impõe taxas de juros negativas sobre os depósitos compulsórios, como fizeram as autoridades monetárias europeias e japonesas, os bancos enfrentam enormes dificuldades para repassar esse custo aos depositantes. Os juros negativos acabam funcionando como um imposto sobre o lucro dos bancos. Segundo Jason Napier, analista do UBS, há ainda outro fator em jogo. Muitos bancos comerciais possuem carteiras de títulos públicos, em parte porque as autoridades reguladoras exigem que eles mantenham um estoque de ativos líquidos à mão. Até pouco tempo atrás, os juros pagos por esses papéis constituíam conveniente fonte de receitas. No entanto, à medida que os títulos mais antigos, que pagam juros mais altos, vencem, eles têm de ser substituídos por papéis que oferecem rentabilidade muito menor. Napier calcula que, isoladamente, esse fator reduzirá os lucros dos bancos europeus em 20% por vários anos. Não vai ser fácil aguentar o tranco. Ou as instituições cortam seus custos em 10%, ou terão de cobrar de seus tomadores 0,3% a mais por ano. Acontece que essa segunda alternativa é economicamente contraproducente: as autoridades monetárias estão tentando reduzir, e não aumentar, o custo do crédito corporativo.

A ironia é que as políticas de juros baixos foram adotadas com o intuito de salvar setor financeiro Os bancos não são as únicas instituições afetadas. As seguradoras costumavam seguir o modelo de Warren Buffett: cobravam os prêmios antecipadamente, investiam com prudência os recursos amealhados e usavam os retornos desse investimento para criar um colchão que lhes permitisse arcar com as apólices que viessem a ser acionadas. Atualmente, graças às novas regulamentações, a exposição das seguradoras a ativos arriscados, como ações, é extremamente baixa. Para equilibrar ativos e passivos, elas compram títulos de crédito. Mas, na Alemanha e na Suíça, as companhias estão em apuros por conta de instrumentos de poupança comercializados em tempos mais favoráveis, que garantem retornos muito acima da rentabilidade atual dos títulos. As seguradoras japonesas tiveram problema parecido nas décadas de 1990 e 2000. As companhias de seguros dotadas de unidades de gestão de ativos conseguem escapar dessa pressão. Os retornos de seus produtos de poupança não são garantidos, variando de acordo com o comportamento do mercado financeiro. Mas o impacto da baixa rentabilidade também vem, pouco a pouco, tirando o fôlego das administradoras de ativos: os clientes tendem a reparar mais no impacto das comissões agora do que quando os retornos estavam na casa dos dois dígitos. Os investidores estão migrando para os fundos negociados em bolsa e para os fundos de índices, que operam com

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estratégias de baixo custo. Problema similar afeta as instituições de private banking: sua abastada clientela começa a sentir no bolso a mordida das comissões. De certa maneira, os problemas de cada um desses segmentos são manifestações do mesmo fenômeno. Os juros de curto prazo e as rentabilidades dos títulos públicos são as taxas livres de risco que formam a base de todos os retornos financeiros. O retorno esperado sobre as ações inclui essa taxa livre de risco e um prêmio adicional, destinado a compensar a volatilidade do mercado de ações e o risco de que o investidor sofra perdas. Boa parte da receita das empresas de serviços financeiros vem da “fatia” desses retornos que elas embolsam. Agora o bolo a ser repartido ficou menor. A ironia é que as políticas de juros baixos foram adotadas com o intuito de salvar o setor financeiro e, por meio da consequente expansão do crédito, o restante da economia. Muitos eleitores se revoltaram com o socorro oferecido a instituições que eram as próprias responsáveis pela crise. Dificilmente lhes servirá de consolo o fato de que essas mesmas políticas agora estão asfixiando lentamente todo o setor financeiro.

PF prende grupo que preparava atos de terrorismo na Rio-2016

Olimpíada: o ministro da Justiça, Alexandre Moraes, vai conceder uma entrevista coletiva dentro de instantes em Brasília Fonte Raphael Martins, de Revista EXAME às 11h50

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São Paulo – A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (21) uma operação contra um grupo supostamente ligado ao Estado Islâmico, que planejava atos de terrorismo nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. A Operação "Hashtag" investiga possível participação de brasileiros em organização criminosa de alcance internacional, como uma célula do Estado Islâmico no país. O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, convocou uma entrevista coletiva para dar detalhes, que acontece neste momento. Segundo nota da Justiça Federal do Paraná, foram expedidos 12 mandados de prisão temporária por 30 dias podendo ser prorrogados por mais 30. Moraes fala em 10 detenções. As informações foram obtidas, principalmente, a partir de quebra de sigilos de dados telefônicos. As mensagens mostram tendências a intolerância racial, de gênero e religiosa e uso de armas e táticas de guerrilha. "O que era espécie de uma apologia, as conversas passaram de simples comentários para atos preparatórios [de terrorismo]", afirma Moraes. "Foi feita imediata atuação por parte do governo federal, com 10 prisões desses supostos terroristas, que se comunicavam por WhatsApp e Telegram". "Passaram de comentários para atos preparatórios, daquilo quer era quase uma apulogia, foi feita atuação por parte do governo federal, foram feitas 10 prisões desses supostos terroristas, que se comunicavam por WhatsApp e Telegram O processo tramita em segredo de Justiça. Os indivíduos, cujos nomes serão mantidos em sigilo, foram enquadrados nos artigos 3º e 5º da Lei 13.260/16, conhecida por Lei Antiterrorismo.

No radar Na última segunda-feira (18), um grupo extremista no Brasil manifestou apoio ao grupo terrorista Estado Islâmico a 18 dias do início dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. O canal "Ansar al-Khilafah #Brazil" no aplicativo de mensagens Telegram foi revelado pela equipe de monitoramento especializado em atividade de terror SITE Intelligence Group. Segundo a diretora da instituição, Rita Katz, este é o primeiro grupo do tipo a se formar na América do Sul. Além da aproximação com a Olimpíada, a especialista alerta para o crescimento em tamanho e engajamento de tais grupos com a data do evento esportivo tão próxima. "Um canal no Telegram chamado Ansar al-Khilafah #Brazil postou uma promessa de fidelidade ao líder do EI Baghdadi", diz o tweet da equipe.

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Katz complementa: "Declaração de fidelidade ao EI é a primeira de um grupo na América do Sul. Preocupante: canais de línguas ocidentais (inglês, português, espanhol, alemão, etc) vem demonstrando drástico aumento em tamanho e engajamento".

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