SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS
26 DE JULHO DE 2016
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Caixa libera R$ 16 bilhões para financiamento habitacional Recursos são destinados a mutuários e construtoras; medida busca estimular vendas de imóveis FONTE JORNAL O GLOBO GERALDA DOCA 25/07/2016 AS 20H 27
Prédio em construção na Barra da Tijuca - Dado Galdieri Bloomberg
BRASÍLIA - Já estão em vigor as novas condições de financiamento habitacional da Caixa Econômica Federal, destinadas a pessoas físicas e jurídicas na categoria "mercado" (imóveis mais caros). Para os mutuários, o banco dobrou o valor máximo de financiamento, de R$ 1,5 milhão para R$ 3 milhões e elevou o teto do empréstimo, de 60% para 70% (usados) e de 70% para 80% (novos). Para ajudar as construtoras, foi reaberto o Plano Empresário da Construção Civil, que estava fechado desde maio de 2015 e que permitirá às empresas, desta vez, obter credito com 80% da obra executada. Antes, era necessário concluir 100% do empreendimento. Veja também:
Setor imobiliário reage com otimismo às mudanças no feitas pela Caixa
Imóveis: São Cristóvão, Cachambi, Méier e Centro têm maior valorização
Valor do aluguel de imóveis comerciais cai mais de 11% em 12 meses
Para os dois segmentos, a instituição vai liberar R$ 16 bilhões até o fim do ano. A fonte de recursos é composta por retornos dos financiamentos habitacionais, depósitos da poupança (faixa livre) e captações. Segundo o vice-presidente de Habitação da Caixa. Nelson Antonio de Souza, as medidas, além de estimular as vendas e aquecer o setor, vão permitir ao banco que detém 67% de participação no mercado - cumprir a meta de aplicação em crédito imobiliário de R$ 93 bilhões em 2015. Estão nessa conta os recursos do FGTS, destinados ao Minha Casa Minha Vida (rendas mais elevadas). 2
— A nossa grande expectativa é executar todo o orçamento previsto para este ano, além de aumentar a velocidade das vendas e a própria economia. A construção civil é um dos setores que responde mais rapidamente a medidas de estímulo — destacou Souza. Segundo ele, apesar da retração da atividade econômica, a demanda pelo financiamento habitacional continua elevada. O número de acessos mensais ao simulador de empréstimo da Caixa chega a 6,5 milhões, contou. As novas medidas foram anunciadas na semana passada e entraram em vigor nesta segundafeira. Além de elevar o valor máximo do financiamento dos imóveis para a classe média e reabrir o Plano Empresário, a Caixa também vai oferecer crédito para empresas que estão com nível de execução das obras abaixo de 80%, desde que a construtora comprove que a soma de 20% das obras comercializadas cubra o custo total do empreendimento. O banco também vai financiar empresas que já concluíram a obra e que estão em busca de crédito para os compradores das unidades.
Lojas Renner resiste a remarcação de preços e lucro sobe no 2º trimestre Receita da empresa cresce 8,2% frente ao ano anterior, a R$ 1,46 bilhão FONTE REUTERS 25/07/2016 ÀS 19H 49
Unidade da Lojas Renner no Shopping Tijuca. - Hudson Pontes Agência O Globo
SÃO PAULO - A varejista de moda Lojas Renner reportou aumento do lucro para o segundo trimestre, o que a companhia atribuiu a menores remarcações de preços e a campanhas de controle de estoques e da inadimplência. A empresa anunciou nesta segunda-feira que seu lucro líquido somou R$ 174,8 milhões no período, alta de 10,5% na comparação anual. Veja também:
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Via Varejo inaugura centro de distribuição no Rio para reduzir custos
BlackRock amplia para 5% fatia na Lojas Renner
Lupo faz acordo para comprar dona da Trifil
— Resistimos à tendência do mercado, que teve campanhas agressivas de remarcação de preços — disse à Reuters o diretor financeiro e de relações com investidores da Lojas Renner Laurence Gomes. — Tivemos um melhor controle dos estoque e isso nos permitiu ter um crescimento do lucro maior do que da receita. De abril a junho, a receita líquida de vendas da companhia somou R$ 1,46 bilhão, alta de 8,2% sobre um ano antes. Já o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado total subiu 9,2% ano a ano, a R$ 356 milhões. O índice inclui o resultado somado das operações de varejo e financeiras. A margem Ebitda ajustada total subiu 0,2 ponto, a 24,3%. O resultado, porém, foi também beneficiado pelo aumento da base de lojas que a companhia vem implementando, que deve acrescentar 450 novos pontos de venda até 2021. No período, o grupo anunciou um novo centro de distribuição, em Santa Catarina. Segundo Gomes, a companhia tem aproveitado esse plano para entrar em shopping centers nos quais não tinha lojas, seja da própria bandeira Renner, da Camicado ou da Youcom. Para este ano, o plano de abrir 25 a 30 unidades da Renner, 15 da Camicado e 20 da Youcom está mantido. Considerando a base mesmas lojas, o crescimento das vendas no trimestre foi de apenas 2,9%. Um ano antes, o avanço tinha sido de 14,5%, também sobre um ano antes. Segundo o executivo, apesar da melhora recente dos indicadores de confiança dos consumidores e de empresários, o setor varejista deve continuar enfrentando um cenário desafiador, dada a combinação de juros, inflação e desemprego elevados. Nas operações financeiras, Gomes disse que a melhora da estrutura de cobrança da companhia nos últimos 18 meses deve ajudar o grupo a fechar o ano com índices de inadimplência similares ao de 2015. No trimestre, as perdas no Cartão Renner, líquidas das recuperações de crédito, atingiram 3,9% da carteira total ante 4,3% um ano antes.
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Temer assina veto a 100% de capital estrangeiro nas aéreas Após embate no Congresso, fatia permitida permanecerá em 20% FONTE JORNAL O GLOBO EDUARDO BARRETTO 25/07/2016 AS 19H 37
O presidente em exercício, Michel Temer - Pedro Kirilos Agência O Globo
BRASÍLIA - O presidente interino Michel Temer assinou o veto ao aumento de participação de capital estrangeiro em companhias aéreas brasileiras. A Câmara havia aprovado medida provisória no fim de junho que passava a participação para 100%, mas o governo teve de recuar para que a MP passasse pelo Senado. A fatia permitida permanecerá em 20%. Veja também:
Governo vai insistir na abertura do setor aéreo ao capital estrangeiro
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A medida provisória foi enviada ainda pela presidente afastada Dilma Rousseff, e previa que o capital internacional pudesse subir de 20% para 49%. Em 21 de junho, a Câmara aprovou o limite de 100% de capital estrangeiros nas companhias aéreas. Oito dias depois, entretanto, o governo recuou. O ministro da Casa Civil, foi ao Senado e garantiu que Temer vetaria o percentual. O governo não queria que a MP caducasse, já que há pontos sobre a reestruturação da Infraero, de débitos da estatal com a União e de reservas de voos para aeroportos regionais. Temer também editou uma medida provisória para flexibilizar o horário de transmissão do programa de rádio "A Voz do Brasil" durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, a exemplo do 5
que aconteceu na Copa do Mundo. As emissoras poderão reproduzir o programa de comunicação pública em uma hora de 19h às 22h. Atualmente, o horário fixo é às 19h.
Vendas de combustíveis caem 5,3% no primeiro semestre, diz ANP
FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, NICOLA PAMPLONA DO RIO 25/07/2016 as 17h58
As vendas de combustíveis caíram 5,3% no primeiro semestre, segundo dados publicados nesta segunda (25) pela (ANP) Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. A retração foi puxada pela queda no consumo de óleo diesel, de 5,1%, na comparação com o mesmo período de 2015. De acordo com os dados da ANP, as distribuidoras de combustíveis venderam 66,532 bilhões de litros de combustíveis no primeiro semestre de 2016, o menor número para o período desde 2013 (66,019 bilhões de litros). As vendas de diesel, combustível que sofre mais efeitos da crise econômica, foram de 26,666 bilhões de litros. Foi o menor volume desde 2012, quando o país consumiu 26,403 bilhões de litros do combustível no primeiro semestre. A queda nas vendas de diesel refletem a desaceleração econômica e a menor necessidade de geração de energia por termelétricas. As importações do produto, que sempre tiveram peso na balança comercial brasileira, caíram 18,8% no primeiro semestre de 2016, atingindo o menor volume desde 2009: 3,389 bilhões de litros.
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Houve queda relevante também nas vendas de etanol, que ficaram 15,4% menores no primeiro semestre de 2015, refletindo o aumento de preços do combustível. Por outro lado, as vendas de gasolina registraram leve alta, de 0,8%. O mercado de querosene de aviação também sentiu a crise e caiu 8,8% nos primeiros seis meses de 2016.
Governo poderá controlar mercado de gás natural no lugar da Petrobras
FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, NICOLA PAMPLONA DO RIO 26/07/2016 as 02h00
O governo federal estuda criar um operador nacional do mercado de gás natural, nos moldes do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), órgão que controla o fluxo de energia no Brasil. A medida faz parte de uma série de mudanças em estudo para preparar o mercado para a saída da Petrobras do setor, como parte de seu plano de desinvestimentos. Segundo um funcionário do governo que acompanha as discussões, as diretrizes do pacote serão apresentadas ao mercado no fim de setembro, em proposta de resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). A ideia de criar o operador é consenso no mercado, diz ele, diante da necessidade de reduzir os riscos à entrada de novos fornecedores de gás.
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Atualmente, a Petrobras é praticamente monopolista na produção e no transporte do combustível e administra os fluxos de gás entre os campos produtores e os mercados consumidores por meio de um centro de controle no Rio. A estatal negocia a venda de sua malha de gasodutos e terminais de importação de gás. Além disso, já informou ao mercado que não renovará totalmente o contrato de importação de gás da Bolívia, que vence em 2019. A expectativa é que a companhia reduza à metade o volume contratado com o país vizinho, hoje em 30 milhões de metros cúbicos por dia, equivalentes a 37,5% do consumo diário médio do Brasil. Por isso, distribuidoras de gás canalizado e indústrias consumidoras já se preparam para negociar diretamente com o governo boliviano contratos para a próxima década. "Em um ambiente com múltiplos transportadores e fornecedores de gás, é preciso ter um organizador do sistema", afirma o consultor Marcio Balthazar, da NatGas. Ele explica que, além de definir os fluxos de gás de acordo com os contratos, o operador funcionaria como uma câmara de compensação, coordenando as operações de compra e venda. "Uma empresa vai injetar gás no Rio para venda a cliente no Rio Grande do Sul, mas não é o mesmo gás que chega lá. É preciso ter alguém que gerencie essa compensação", explica o especialista. ACESSO Defensora da proposta, a Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace) diz ainda que outra missão é garantir o acesso não discriminatório de novos fornecedores aos gasodutos, além de planejar a expansão da rede. A figura do operador nacional é utilizada em países como Inglaterra, Espanha e Noruega, argumenta a entidade. CONSUMO EM 2016 (em milhões de metros cúbicos por dia) 40,22
Industrial
30,29
Geração elétrica
4,82
Automotivo
2,38
Cogeração
0,9
Residencial
0,78
Comercial
Total: 80,05 1,6 milhão - É o número de unidades residenciais consumidoras em SP 8
15 mil - São as unidades comerciais em SP Fonte: MME Ainda não há definição sobre o formato do novo órgão nem sobre como será financiado. No setor elétrico, o ONS é financiado por recursos arrecadados na conta de luz. A resolução do CNPE está sendo discutida com os participantes do mercado e será submetida a audiência pública durante o mês de outubro, para eventuais sugestões. Um pacote de medidas para o setor de gás está sendo estudado por um grupo formado pelo Ministério de Minas e Energia, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). O grupo foi criado pelo ministério no final de junho, para "mitigar riscos de ordem regulatória sem representar entraves desnecessários à entrada de novos agentes", segundo nota distribuída na época.
BC vê melhora na economia, mas queda da inflação aquém da esperada. Alan Marques/Folhapress
Presidente do BC, Ilan Goldfajn, comanda a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária)
FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, EDUARDO CUCOLO DE BRASÍLIA 26/07/2016 as 09h25
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O Banco Central vê sinais de melhora na economia, mas afirma que a inflação tem recuado a uma velocidade "aquém da almejada", ao listar os fatores que levaram a instituição a manter a taxa básica de juros em 14,25% ao ano na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) da semana passada. A informação faz parte da ata da reunião da última quarta-feira (20), divulgada nesta terçafeira (26). O documento, com 20 parágrafos, ganhou novo formato, mais sucinto e com uma linguagem mais clara. Nele, a instituição afirma, no entanto, que há perspectiva de progresso no combate à inflação, o que é apontado inclusive pela queda nas expectativas para 2017 e 2018. As projeções do BC para a inflação são de 6,75% em 2016, acima do limite de 6,5%. Para 2017, estão em 4,5%, no cálculo que considera a manutenção da taxa atual de juros. Se a taxa básica cair, como prevê o mercado, a inflação terminaria o próximo ano em 5,3%, o que significaria uma "desinflação" em velocidade aquém da perseguida pelo Copom, segundo a instituição. O BC vê como riscos para a inflação o comportamento do preço dos alimentos e a indexação da economia. Por outro lado, o BC avalia que o aumento do desemprego e a recessão podem produzir uma queda mais rápida da inflação, por exemplo, no setor de serviços. A instituição também reafirma que a aprovação e implantação mais rápida das reformas propostas pelo governo na economia contribuiriam para uma queda mais rápida da inflação e dos juros. "Todos os membros do Comitê enfatizaram que a continuidade dos esforços para aprovação e implementação dos ajustes na economia, notadamente no que diz respeito a reformas fiscais, é fundamental para facilitar e reduzir o custo do processo de desinflação. Não houve consenso sobre a velocidade desses ajustes, o que sugere que constituem, ao mesmo tempo, um risco e uma oportunidade", afirma o Copom. A instituição sinaliza, inclusive, que alguns parte da melhora nas contas públicas pode depender de "medidas com impactos diretos desfavoráveis sobre a inflação", o que sugere aumento de impostos. Para o BC, houve melhora perceptível do cenário econômico desde o início de junho, data da reunião anterior do Copom, com interrupção da queda do investimento e da produção industrial, e a economia deve se estabilizar em pouco tempo.
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Temer cobra de ministros projetos de concessão até o fim do mês Governo Temer
FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, DIMMI AMORA DE BRASÍLIA 26/07/2016 as 02h00
Para viabilizar leilões de concessão ainda neste ano, o governo convocou ministros das pastas ligadas à infraestrutura a apresentar até o fim do mês os projetos que podem vir a ser levados à iniciativa privada. Projetos mais adiantados, como o da concessão de quatro aeroportos (Porto Alegre, Florianópolis, Salvador e Fortaleza), estão sendo trabalhados para que os editais sejam lançados em setembro e o leilão ocorra no fim do ano, apurou a Folha com servidores que trabalham nos projetos. A ferrovia Norte-Sul e a rodovia BR-364/060 entre Mato Grosso e Goiás também estão em fase mais avançada de preparação e podem ter editais lançados ainda neste ano. Contudo, a decisão sobre levar ou não essas concessões a leilão será tomada pelo Conselho do PPI (Programa de Parceria em Investimentos), que é formado pelo presidente da República e por ministros de pastas ligadas à infraestrutura e à economia. Também foram pedidas às pastas sugestões sobre quais seriam as medidas legislativas ou legais que precisam ser tomadas para destravar investimentos no setor.
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Todos os projetos e sugestões que forem enviados pelos ministros serão analisados pelas equipes da secretaria do PPI, das agências e pelos órgãos dos ministérios responsáveis e do BNDES, antes de serem levadas ao conselho do programa para decisão. Segundo o secretário-geral do PPI, Moreira Franco, o governo vai trabalhar para que sejam leiloados apenas os projetos que tenham real capacidade de serem iniciados. "Vamos dar compostura e singeleza ao processo", disse Moreira.
Brasil registra deficit com o exterior de US$ 2,5 bilhões em junho
FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, MACHADO DA COSTA DE BRASÍLIA 26/07/2016 as 10h48
Em junho de 2016, o Brasil apresentou deficit nas transações correntes de US$ 2,479 bilhões, informou o Banco Central, nesta terça-feira (26). Na comparação apenas com meses de junho, este foi o melhor resultado desde 2009, quando o saldo apontou deficit de US$ 605 milhões. No ano, por outro lado, é o pior resultado desde janeiro, quando o saldo ficou negativo em US$ 4,8 bilhões. O deficit registrado em junho inverte o sinal apresentado nos dois meses anteriores, quando o país registrou superavit no balanço de pagamentos. A depreciação cambial do real foi um dos motivos para a melhora no saldo recente. No ano, há deficit de US$ 8,444 bilhões. Em 12 meses, o deficit é de US$ 29,4 bilhões, o que representa 1,67% do PIB.
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O Banco Central projeta um saldo negativo em transações correntes de US$ 15 bilhões até o final do ano. Em 2015, entre os meses de janeiro e junho, o buraco no balanço de pagamentos do país no acumulado estava em US$ 37,888 bilhões. Assim, o deficit de 2016, em comparação ao do ano anterior, é 78% menor. INVESTIMENTOS DIRETOS Os investimentos diretos no país somaram US$ 3,917 bilhões em junho. Em doze meses, eles totalizam US$ 78 bilhões, o que equivale a 4,42% do PIB. O investimento direto é a principal fonte de dólares para o Brasil e tem ajudado a manter o saldo entre entrada e saída de recursos positivo neste ano.
Gastos de brasileiros no exterior caem 34% no ano Seis dicas para baratear sua compra de dólar Marcello Casal Jr/Agencia Brasil
FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, MACHADO DA COSTA DE BRASÍLIA 26/07/2016 as 11h07
Os brasileiros continuam diminuindo o ritmo de gastos com viagens ao exterior. No acumulado do ano, entre janeiro e junho, as viagens somam US$ 6,5 bilhões, enquanto no ano anterior elas somavam US$ 9,9 bilhões uma redução de 34,3%. Em junho deste ano, foram gastos no exterior por turistas brasileiros US$ 1,372 bilhões, aproximadamente 17% a menos que em junho de 2015. 13
O encarecimento das viagens por causa da desvalorização do real e a queda na renda dos brasileiros são os principais fatores que influenciaram o resultado do ano. Nos últimos 12 meses anteriores a junho, o dólar passou de R$ 3,15 para o patamar de R$ 3,45. A queda nas despesas com viagens é um dos fatores que contribuem para reduzir o deficit do Brasil nas suas transações de bens, serviços e rendas com outros países. No saldo projetado pelo Banco Central, no qual se considera, além dos gastos de brasileiros no exterior, o quanto os estrangeiros deixam no Brasil, o país deve registrar deficit em US$ 6 bilhões até o final do ano. Até junho, no acumulado do ano, este saldo está negativo em US$ 3,377 bilhões deficit 52% menor do que o observado em igual período de 2015. O saldo é a diferença entre as despesas de US$ 6,5 bilhões de brasileiros fora do país e as receitas de US$ 3,2 bilhões de estrangeiros no Brasil.
Petrobrás vai abrir PDV para reduzir quadro de pessoal de empresas à venda Plano de Demissão Voluntária já foi aprovado pela direção da estatal, mas ainda não há definição de meta de cortes ou custo da indenização Fonte Antonio Pita, Jornal O Estado de S. Paulo 26 Julho 2016 as 05h00
RIO - A Petrobrás planeja um Plano de Demissão Voluntária (PDV) para a BR Distribuidora, que será estendido aos funcionários de todas as subsidiárias colocadas à venda. O plano já foi aprovado pela diretoria executiva, mas ainda depende de aval do conselho de administração. A medida reforça a estratégia da companhia de reduzir seu tamanho. Será o segundo PDV realizado pela petroleira só este ano. Com o primeiro, a companhia espera desligar até 12 mil funcionários e economizar R$ 33 bilhões em quatro anos.
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Foto: FABIO MOTTA | AE
Desde dezembro de 2013, antes da Operação Lava Jato, a Petrobrás já cortou mais de 150 mil postos de trabalho, entre funcionários próprios, terceirizados e também empregados da construção civil em suas obras. Hoje, a companhia trabalha com 276 mil empregados, sendo apenas 78 mil próprios. Há três anos, o total chegava a 440 mil. A decisão de abrir um novo PDV para as empresas a serem vendidos foi informada pelo diretor de Refino e Gás Natural, Jorge Celestino Ramos, em comunicado interno. De acordo com o documento, o programa “será automaticamente lançado em todos os ativos que venham a ser objetos de parceria ou desinvestimento”. Ao Estado, a Petrobrás confirmou decisão, mas indicou que ainda não há definição de metas, custos de indenização, critérios ou prazos. Na carta, o diretor Celestino disse não ter resposta para todas as dúvidas dos trabalhadores. “Não deixem que especulações ou suposições interfiram no nosso trabalho”, disse. Reação. O processo de venda de ativos, visto como fundamental para sanear as finanças da estatal, despertou fortes reações contrárias de trabalhadores e deixou o clima tenso. “Esse modelo se tornou uma panaceia ou tábua de salvação”, escreveu um funcionário na rede interna da empresa. Sindicatos já articulam uma greve no próximo mês contra o que consideram “entreguismo”.
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“Se depender do sindicato, vamos parar tudo. Já rechaçamos esse entreguismo na década de 90 e não vamos aceitar de novo”, disse Emanuel Cancella, diretor do Sindpetro-RJ. Segundo ele, o sindicato deve aderir ao movimento de petroleiros do Nordeste, que preparam paralisação de cinco dias, em agosto, contra a venda de campos maduros na região. Na carta, o diretor Celestino criticou a “visão equivocada” de que a venda da BR Distribuidora “equivale a uma privatização”. Segundo ele, a estatal será “sócio relevante” e a venda visa a gerar recursos para reduzir os “níveis muitos elevados e preocupantes” da dívida. “Para que não restem dúvidas: a Petrobrás continuará participando de forma relevante no mercado de distribuição de combustíveis”. Também o diretor financeiro, Ivan Monteiro, responsável pelo modelo de venda, escreveu aos trabalhadores. “Sei que esta decisão provoca apreensão”, diz trecho da carta, carregada de elogios aos resultados da “força de trabalho”. “Momentos de mudança no mercado demandam soluções novas”, completa.
Planalto vai propor mudanças na Lei de Repatriação, diz presidente da Câmara Segundo Rodrigo Maia (DEM-RJ), o governo ainda não detalhou o mérito das possíveis alterações, que terão de ser propostas por meio de projeto de Lei Fonte Igor Gadelha, Jornal O Estado de S. Paulo 26 Julho 2016 as 12h20 Notícia relacionada: Receita prepara fiscalização sobre contribuinte que não repatriar recursos
BRASÍLIA - O Palácio do Planalto já informou ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que deve propor em breve mudanças na Lei de Repatriação de recursos enviados ilegalmente ao exterior. Segundo Maia, o governo ainda não detalhou o mérito das possíveis alterações, que terão de ser propostas por meio de projeto de Lei. A Lei de Repatriação foi aprovada no fim do ano passado e sancionada em janeiro deste ano pela presidente afastada Dilma Rousseff. A legislação dá anistia tributária e penal a alguns contribuintes que cometeram crimes de evasão fiscal e lavagem de dinheiro, em troca de pagamento de 30% de Imposto de Renda e multa.
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Foto: Luis Macedo/Agência Câmara
Presidente da Câmara diz que discutirá o tema com os líderes partidários
O presidente da Câmara diz que, quando as mudanças forem propostas, discutirá o tema com os líderes partidários. No entanto, sinaliza que ajudará o Planalto na Casa. Para Maia, "faz sentido" fazer algumas mudanças na lei, embora o deputado do DEM não entre em detalhes sobre que alterações julga necessárias na legislação. O próprio presidente em exercício, Michel Temer, já sinalizou, em entrevista ao Estado, que é favorável a "aperfeiçoamentos" na Lei da Repatriação. No governo, o discurso dos que defendem a mudança na legislação é de que a arrecadação está baixa. O governo espera arrecadar até R$ 25 bilhões com a repatriação até o prazo final, previsto para acabar em 31 de outubro. Até o momento, porém, só arrecadou R$ 8 bilhões aos cofres públicos. As mudanças, no entanto, devem encontrar resistência do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Em recentes entrevistas, o ministro avaliou como "desnecessário" alterar a Lei da Repatriação. Essa também é a posição da Receita Federal, como escreveu a colunista do Broadcast, Adriana Fernandes.
Sedex para o Rio fica suspenso entre 28 de julho e 18 de setembro Por causa da Olimpíada, cariocas que moram no entorno de vias públicas próximas às arenas e provas de rua também ficarão sem a entrega e a coleta domiciliar de todos os tipos de correspondências Fonte Murilo Rodrigues Alves, Jornal O Estado de S. Paulo 26 Julho 2016 as 12h08
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BRASÍLIA - Os Correios informaram nesta terça-feira que os serviços com horário limite de entrega para a cidade do Rio de Janeiro ficarão suspensos entre 28 de julho e 18 de setembro deste ano. A estatal diz que o motivo são os Jogos Olímpicos e Paralímpicos que interditarão ou colocarão restrições de acesso em diversas ruas. Não será possível mandar Sedex 10, Sedex 12 e Sedex Hoje durante quase dois meses para a capital fluminense. Os cariocas que moram no entorno de vias públicas próximas às arenas e provas de rua também ficarão sem a entrega e a coleta domiciliar de todos os tipos de correspondências. Quando o destino for essas localidades, os Correios não receberão encomendas e malotes de qualquer lugar do Brasil. Foto: Niels Andreas/Estadão
Segundo os Correios, interdições nas ruas irão prejudicar entregas
Não só os vizinhos aos locais onde terão provas serão prejudicados. Serviços expressos (Sedex, e-Sedex e malote e remessa expressa) para qualquer lugar do Rio de Janeiro terão dois dias úteis acrescidos aos respectivos prazos padrão. Os serviços não expressos (PAC, remessa econômica e carta registrada) demorarão mais três dias úteis além dos prazos originais. Os Correios afirmam que traçaram uma "operação especial" por causa dos Jogos Olímpicos, com início na próxima quinta-feira, que prevê ajustes na prestação dos serviços, reforços da capacidade produtiva, funcionamento de entrega de encomendas aos sábados, domingos e feriados, realização de horas extras e alocação de veículos extras na capital fluminense. As restrições foram estabelecidas por um decreto municipal, com o objetivo de "melhorar a mobilidade urbana no período".
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Carrefour anuncia atividade de e-commerce no Brasil Primeiramente, a operação irá atender toda a região Sudeste, com uma expansão gradual ao longo dos próximos meses Fonte Fernanda Guimarães, Jornal O Estado de S. Paulo 26 Julho 2016 as 10h57 Notícia relacionada: Fundo americano Catterton negocia compra do controle do St Marche
O Grupo Carrefour irá lançar sua atividade de e-commerce no Brasil. Segundo a companhia, foi desenvolvida uma plataforma para sustentar a sinergia entre as operações física e online. Primeiramente, a operação irá atender toda a região Sudeste, com uma expansão gradual ao longo dos próximos meses. Foto: Eric Gaillard/Reuters
O Brasil é a segunda maior operação do grupo francês em todo o mundo
O serviço online irá contar com um Centro de Distribuição exclusivo em Embu das Artes, em São Paulo. Depois disso, a operação do e-commerce irá compartilhar dos centros de distribuição das lojas físicas. "Ativos atuais serão utilizados para impulsionar o Carrefour.com que, por sua vez, possibilitará a inclusão futura de diversos serviços, baseados no meio digital, para todos os formatos, o que permitirá melhorar a experiência dos nossos consumidores e aumentar cada vez mais nossa relação com eles", destaca o diretor do Carrefour.com, Francisco Donato, em nota. O relançamento hoje da plataforma de e-commerce no Brasil irá permitir ao Grupo Carrefour completar esse tipo de serviço em todos os países em que a varejista possui operação própria,
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disse o presidente do Grupo Carrefour Brasil, Charles Desmartis, em coletiva de imprensa que ocorre em São Paulo. O executivo lembrou que o Brasil é hoje o único País que possui todas as bandeiras do Grupo. Segundo ele, na Argentina o Carrefour possui todas as bandeiras, mas o Atacadão tem baixa presença, ao contrário do que ocorre no Brasil. Desmartis citou que o Brasil, com R$ 42 bilhões de receita bruta no ano passado, é a segunda operação do grupo francês em todo o mundo. Aqui, o grupo possui 103 hipermercados, 20 Carrefour Express e 126 unidades da bandeira Atacadão. "Não queremos nada separado que não conversa com lojas físicas", afirmou o diretor do Carrefour.com, Francisco Donato. A venda de Alimentos não será inclusa na plataforma de compras online neste primeiro momento, disse o executivo. O sortimento inicial envolverá os universos de Casa & Família e Eletrônicos. Ainda nessa primeira fase, o serviço poderá ser utilizado por consumidores da região Sudeste do Brasil, indo progressivamente para o restante do País. Abertura de capital. O presidente da varejista francesa Charles Desmartis afirmou que uma abertura de capital do Grupo Carrefour no Brasil está no radar há dois anos e não há pressa para uma capitalização. "Queremos ter uma operação 'slim' em termos de estrutura de capital e capex", disse o executivo, em coletiva de imprensa em São Paulo. Desmartis afirmou que o relançamento, hoje, do e-commerce do Grupo no Brasil não demandou um fluxo de capital intensivo e que a mobilização de recursos, assim, foi marginal. Dessa forma, o projeto de e-commerce não acelerou a necessidade de abertura de capital no Brasil. O executivo citou o momento da economia brasileira e disse que um passo no sentido de uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) irá acontecer em um momento adequado do mercado. "O dia em que acharmos certo e num ambiente adequado do cenário de mercado", disse. O projeto para uma oferta de ações do Carrefour havia ganhado força em 2014, segundo fontes, e a expectativa era de movimentar cerca de R$ 1 bilhão. Mas a crise interna do País colocou os planos em compasso de espera. O Brasil não é palco de IPOs desde junho do ano passado, mas existe uma expectativa para reabertura desse mercado em outubro.
Financiamento de imóveis no primeiro semestre teve queda de quase 50% De acordo com a Abecip, apesar dos primeiros meses do ano serem mais fracos, há 'leves sinais' de que o patamar de financiamentos com recursos da poupança começou a se estabilizar Fonte Aline Bronzati, Jornal O Estado de S. Paulo 26 Julho 2016 as 11h48
Notícias relacionadas: Caixa realoca recursos e agora conta com R$ 3,8 bi do FGTS para casa própria de até R$ 750 mil Sinal de confiança no mercado imobiliário
SÃO PAULO - Os financiamentos imobiliários com recursos da poupança (SBPE) totalizaram R$ 22,6 bilhões no primeiro semestre deste ano, montante 49,5% menor que o registrado um ano antes, de R$ 44,8 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito
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Imobiliário e Poupança (Abecip). No período, conforme a entidade, foram financiados 100,5 mil imóveis, quantidade 49,7% inferior a de 12 meses, com 199,9 mil unidades. De acordo com a Abecip, apesar dos primeiros meses do ano serem sazonalmente mais fracos, há "leves sinais" de que o patamar de financiamentos imobiliários com recursos da poupança começou a se estabilizar e já sugere "inflexão positiva". Foto: Tiago Queiroz/Estadão
No primeiro semestre, os financiamentos com recursos da poupança totalizaram R$ 22,6 bilhões, montante 49,5% menor que o registrado um ano antes
Somente em junho, os financiamentos imobiliários totalizaram R$ 4,3 bilhões, montante 9,5% maior que o registrado em maio, de R$ 3,9 bilhões. Segundo a Abecip, foi o segundo melhor mês de 2016. Em relação ao mesmo período do ano passado, a cifra foi 27,3% menor. Em termos de unidades financiadas, foram 19,7 mil imóveis em junho, conforme a Associação, crescimento de 5,9% ante maio. Em um ano, foi registrada queda de 23%. Os financiamentos imobiliários com recursos da poupança (SBPE) devem totalizar R$ 50 bilhões neste ano, cifra 34% menor que a vista em 2015, de R$ 76 bilhões, conforme projeção divulgada hoje pela associação. De acordo com o presidente da entidade, Gilberto Duarte de Abreu Filho, o setor foi impactado por uma combinação "muito ruim" da economia brasileira com aumento de desemprego e dos juros básicos (taxa Selic) que pesaram na confiança do consumidor. "O setor de construção civil é ainda mais impactado que outros porque envolve bens de alto valor agregado no longo prazo", destacou ele, em coletiva de imprensa, nesta manhã, lembrando que a menor confiança dos consumidores fez com que as construtoras lançassem menos empreendimentos neste ano, voltando-se mais para a venda dos estoques existentes. Mais cedo, Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou o Índice de Confiança da Construção (ICST), que avançou 2,7 pontos em julho na comparação com junho, para 70,7 pontos, o maior 21
nível desde agosto de 2015 (72,4 pontos). Com o resultado, a média móvel bimestral do índice cresceu 0,8 ponto na margem, o terceiro avanço seguido. Pela primeira vez desde novembro do ano passado houve alta tanto do indicador que mede a situação corrente quanto do índice de expectativas de curto prazo. Para a FGV, o resultado sinaliza uma melhora da percepção dos empresários, embora o nível de confiança ainda seja muito baixo em termos históricos. Inadimplência. A inadimplência no crédito imobiliário teve aumento "pouco dramático" a despeito da crise política e econômica que o País enfrenta, de acordo com Gilberto Duarte de Abreu Filho. "As pessoas têm atrasado o pagamento, mas priorizam o crédito imobiliário", afirmou ele, em coletiva de imprensa, nesta manhã. Ao final de junho, a inadimplência, considerando mais de três prestações em atraso, estava em 1,8%, acima do indicador visto um ano antes, de 1,7%, conforme a Abecip. Em março, o indicador, porém, estava maior, em 2,0%.
‘Risco Uber’ encarece seguro de veículos Motoristas que prestam serviço por aplicativos devem migrar de categoria para manter proteção contra colisão, roubo ou incêndio. Fonte Laura Maia, Jornal O Estado de S. Paulo 25 Julho 2016 as 05h00 Foto: Alex Silva/Estadão
Para driblar o desemprego ou complementar a renda, muitos brasileiros têm prestado serviço de motorista por meio de aplicativos como Uber, Cabify e Will Go.
Além de outros investimentos para se tornar um profissional do ramo, quem atua na área deve colocar na planilha de gastos um seguro de carro mais caro. Ainda “pisando em ovos” nesse mercado, as seguradoras entendem que um carro utilizado para transporte de passageiros via aplicativo está na mesma categoria de um táxi. 22
“Ainda que mais caro, é muito importante que quem estiver atuando como motorista do Uber (ou outros aplicativos do gênero) se preocupe em fazer a mudança na apólice do carro para não ter nenhuma surpresa desagradável em caso de sinistro, porque a seguradora pode não dar cobertura”, explica o professor da Escola Nacional de Seguros Bruno Kelly. Para o cadastro, os aplicativos só exigem o seguro de passageiros conhecido como APP, que custa cerca de R$ 80 por ano. Porém, quem já tinha seguro de carro como veículo de passeio e quer continuar tendo cobertura em caso de colisão, incêndio e roubo vai ter de pagar mais caro para isso. O motorista parceiro do Uber Ricardo de Oliveira, de 41 anos, estava trabalhando pelo aplicativo há apenas dois meses quando fez o endosso do seguro do seu carro ainda no ano passado. “Ficou R$ 300 mais caro e pesou naquele momento inicial, quando eu já tinha de fazer outros investimentos, como o seguro APP e um celular melhor”, diz Oliveira, que trabalhava antes na área de segurança particular. Mas o investimento parece ter valido a pena. No fim de junho, bateu o carro em uma rodovia quando estava a passeio e conseguiu que o seguro cobrisse o conserto e fornecesse um outro automóvel de locadora para que pudesse continuar trabalhando. Em plataformas que comparam cotações, como a da corretora Bidu e a da Compara Online, por exemplo, o “Seguro Uber” já consta na prateleira de produtos disponíveis. Os preços chegam a superar em 50% o de seguros de veículos particulares, de acordo com levantamento feito em junho pela ComparaOnline. “Observamos um aumento de 10 vezes no número de pedidos desse tipo de cotação”, afirma o diretor da empresa, Paulo Marchetti. O diretor de marketing da corretora Bidu, Maurício Antunes, explica que o uso comercial do carro é sempre considerado um agravo: “A cotação depende de muitas variáveis, mas, nesses casos, o motorista não escolhe o trajeto, circula muito mais, ou seja, está mais exposto ao risco”. Ainda segundo o diretor, a comercialização do produto na plataforma quadruplicou entre abril e junho. O Estado apurou que, entre as seguradoras que já estão atuando nesse segmento de mercado estão a Porto Seguro, a Tokio Marine e a SulAmérica. O diretor-geral da Porto Seguro, Luiz Pomarole no entanto, diz não se tratar de uma modalidade de seguro totalmente nova, mas uma derivação de uma que já existia, a “de transporte de pessoas”, como é o caso das vans escolares. “O mercado está analisando a recente liberação da Prefeitura de São Paulo para a operação desse tipo de transporte e agora as companhias de seguros terão melhores condições de estipular as regras de aceitação e as taxas”.
Fronteiras da ilusão Uma onda de otimismo vem ganhando corpo na economia brasileira. Mesmo em meio às incertezas econômicas globais, notadamente depois do Brexit, reafirmadas na reunião do G20, neste fim de semana, na China, começam a se disseminar avaliações de que, no Brasil, o pior da recessão já passou e uma retomada razoavelmente vigorosa do crescimento aponta na linha de um horizonte não tão distante. Fonte José Paulo Kupfer Jornal O Estado de S. Paulo, 26 Julho 2016 as 05h00
São pelo menos dois os movimentos que alimentam essa expectativa. O primeiro tem origem na noção, muitas vezes historicamente confirmada, de que os mercados financeiros antecipam 23
as mudanças de direção na economia real. A Bolsa de Valores, sem dúvida, registra sucessivas altas desde o início do ano, assim como a taxa de câmbio apresenta persistente tendência de valorização. O outro ponto de incentivo ao otimismo deriva de uma bem-sucedida estratégia empreendida pelo governo, que consiste em anunciar intenções e políticas em sintonia com os desejos de setores empresariais e do mercado financeiro, deixando as medidas concretas, eventualmente impopulares, para serem conferidas depois da votação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff e do fim da interinidade do presidente em exercício Michel Temer. Completa o quadro favorável a uma visão mais cor de rosa do futuro da economia a esperança de um retorno à normalidade da rotina parlamentar, depois da eleição de um político “tradicional” e aliado, caso de Rodrigo Maia (DEM-RJ), para a presidência da Câmara dos Deputados. Há, contudo, riscos de que um excesso de otimismo alcance as fronteiras da ilusão, sobretudo naquelas análises que antecipam uma recuperação mais rápida da economia. Se, de fato, são visíveis os sinais de que a atividade econômica está batendo no fundo do poço, não são menos consistentes as evidências de que a já previsível retomada deve se dar de forma mais gradual e menos pronunciada. Quanto ao desempenho dos mercados de ativos, seria recomendável descontar os efeitos acidentais da inundação de liquidez, com características patológicas, que volta a assolar a economia global e deságua em mercados emergentes com juros atraentes e ativos desvalorizados. Analistas de conjuntura de grande prestígio, como o economista Affonso Celso Pastore e os responsáveis pelo Boletim Macro, publicado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV), entre outros, sustentam essa perspectiva não tão risonha. Eles alegam, por exemplo, que, dessa vez, o consumo das famílias, que responde por quase dois terços do Produto Interno Bruto (PIB), não desempenhará o papel de motor da retomada, diferentemente do que ocorreu em 2010, na saída da recessão de 2008/2009. Ao lado do endividamento familiar ainda não equacionado, a taxa de desemprego, ao manter perspectivas de elevação, nos próximos meses, mesmo com a economia deixando de piorar, operará como fator inibidor das compras e do impulso da economia. Também o investimento em capital fixo apresenta restrições a uma expansão acima da curva. Fora o que possa ser obtido com novas obras de infraestrutura, sua contribuição mais imediata para empurrar a economia ladeira acima tende a ser lateral. As decisões de novos investimentos esbarram tanto na deteriorada situação financeira das empresas e em suas margens de lucro ainda comprimidas quanto na necessidade natural de ocupar a capacidade ociosa existente antes da injeção de recursos na expansão dos negócios. Setor externo e consumo do governo, os demais componentes da demanda agregada, não devem, igualmente, fazer diferença. Uma suposta expansão desse último contrariaria o esforço de contenção dos gastos públicos prometido pelo governo em exercício e, no que diz respeito às exportações líquidas, diante da tendência de valorização do real ante o dólar, sua contribuição ao PIB, pelo menos até que algum tipo de competitividade mais estrutural seja alcançada, igualmente tende a ser ainda mais complementar.
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Trump vende ilusões de caos para conquistar eleitores Yin Bogu/Xinhua
Trump usa premissa de que o crime está descontrolado para conquistar mais partidários FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, PAUL KRUGMANN 25/07/2016 as 10h22
No ano passado, houve 352 homicídios na cidade de Nova York. O número foi um pouco superior ao de 2014, mas muito inferior aos 2.245 homicídios acontecidos em 1990, o pior ano para a cidade nessa estatística. Na verdade, se o indicador considerado for o número de homicídios, Nova York tem hoje seu momento de maior segurança, e isso recuando até o século 19. As estatísticas nacionais sobre o crime, e os números relativos a todos os crimes violentos, pintam um quadro apenas ligeiramente menos positivo. E não é só questão de números: nossas grandes cidades nos parecem mais seguras do que há uma geração porque de fato o são. Pessoas de uma certa idade têm a sensação de que os Estados Unidos já não são o país de que se lembram em sua juventude, e neste caso elas estão certas: o país melhorou muito. Como, então, é possível que Donald Trump tenha feito um discurso para aceitar a indicação presidencial republicana com a premissa de que o crime está descontrolado e que "eu e só eu" seria capaz de impor controle a esse caos?
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É claro que ninguém deveria se surpreender ao ver Trump confiantemente afirmando coisas que são claras inverdades, já que ele o faz o tempo todo —e jamais corrige o que disse de falso. De fato, o grande discurso repetiu algumas velhas e conhecidas afirmações, como a de que os Estados Unidos são o país com carga tributária mais alta no planeta (quando na verdade estamos entre as economias avançadas com menor tributação). Mas até agora essas afirmações eram sobre coisas que os eleitores comuns não tinham como verificar levando em conta suas experiências pessoais. A maior parte das pessoas não faz ideia de como seus impostos se comparam aos dos europeus ou canadenses, ou muito menos do número de empregos deslocados por conta da competição chinesa. Mas 58 milhões de turistas visitaram Nova York no ano passado; dezenas de milhões de pessoas visitaram outras grandes cidades norte-americanas; e muitas delas, é claro, vivem nessas cidades ou perto delas, e as veem a cada dia. E embora existam maus bairros e incidentes ocasionais de violência, como sempre existiram, é difícil compreender como alguém pode caminhar de olhos abertos e acreditar na visão distópica e sanguinolenta delineada por Trump. E, no entanto, não há dúvida de que muitos eleitores entre os quais, quase certamente, a maioria dos homens brancos acreditará, de fato, nesse visão. Por quê? Uma resposta é que, de acordo com o instituto de pesquisa de opinião Gallup, os norteamericanos parecem acreditar que o crime está em alta, ainda que na verdade esteja em rápida queda. Parte do problema pode estar na formulação da questão: as pessoas podem ter uma vaga sensação, alimentada pelas manchetes, de que o crime está em alta este ano, embora também estejam conscientes de que há menos crimes do que no passado. Também pode existir alguma versão da síndrome de "algo de ruim está acontecendo em algum lugar" que se vê nas pesquisas com consumidores, nas quais as pessoas tendem a ser mais positivas sobre sua situação pessoal do que sobre a da economia como um todo. Uma vez mais, porém, é uma coisa ter um domínio limitado das estatísticas sobre o crime e outra muito diferente aceitar uma visão calamitosa dos Estados Unidos que conflita de modo tão dramático com a experiência cotidiana. O que está acontecendo, então? Bem, tenho uma hipótese, a saber, a de que os partidários de Trump sentem, com alguma razão, que a ordem social que conhecem está se desmantelando. Não é só a questão racial, já que o país se tornou mais diversificado e menos racista (ainda que reste um longo caminho a avançar). Também estamos falando de papéis sexuais - quando Trump fala que ele voltará a tornar a América grande, pode ter certeza de que muitos de seus partidários estão fantasiando um retorno aos dias (em parte imaginários) de homens provedores e mulheres que ficavam em casa cuidando dos filhos. Não por coincidência, Mike Pence, o companheiro de chapa de Trump, costumava se deblaterar quanto ao estrago causado pelas mães que trabalham fora, e fez um ataque indignado à Disney em 1999 por esta ter retratado uma heroína de mentalidade marcial em seu filme "Mulan". Mas quais são as consequências dessas mudanças para a ordem social? Na época em que o crime estava em alta, os conservadores insistentemente estabeleciam uma conexão entre esse
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fato e a mudança social era sobre isso que girava todo aquele barulho dos anos 90 sobre "valores familiares". Se os elos da sociedade tradicional fossem afrouxados, viria o caos. Mas uma coisa engraçada aconteceu, então: o crime despencou, em lugar de continuar em alta. Outros indicadores também melhoraram dramaticamente —por exemplo, o índice de natalidade entre os adolescentes caiu em 60% de 1991 para cá. Em lugar de um colapso da sociedade, vimos o que equivale a um surto maciço de saúde social. A verdade é que não sabemos exatamente o motivo. As hipóteses variam de uma mudança na distribuição etária da população a uma redução no envenenamento por chumbo; mas, de qualquer forma, o apocalipse que tantos previam notoriamente não veio. O ponto, porém, é que nas mentes das pessoas perturbadas pela mudança social, deveria ter surgido caos nas ruas, e elas estão completamente dispostas a acreditar que ele de fato surgiu, apesar de todas as provas em contrário. A questão agora é determinar quantas pessoas como essas, pessoas determinadas a viver em um pesadelo criado por sua imaginação, existem realmente. Acho que descobriremos em novembro. Tradução de PAULO MIGLIACCI
A hora mais escura Espalha-se pelo mundo a desesperança e mais do que respostas definitivas, falta atitude de busca de saídas Fonte Jornal O Estado de S. Paulo, Celso Ming 25 Julho 2016 as 21h00
O empresário Donald Trump foi sagrado na terça-feira passada, 19, candidato à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano. A maneira mais equivocada de enfrentá-lo é tratá-lo apenas como mais um xenófobo e mais um ultraprotecionista, sem antes identificar os problemas de fundo e sem antes procurar soluções adequadas para as mazelas que tomam o mundo. Os países de economia avançada e, até certo ponto, também os emergentes passam por um momento complexo, em que as pessoas sentem que estão sendo espoliadas e alijadas do seu futuro.
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Foto: REUTERS/Carlo Allegri
Trump. Soluções equivocadas
A renda vai sendo dilapidada, os direitos básicos assegurados por lei estão ameaçados por Estados quebrados e pelo crescimento de mais mãos e bocas sobre um bolo cada vez mais minguado. As relações de trabalho estão mudando, por muitas razões: o salário vem perdendo participação na renda, o emprego migra para regiões em que a mão de obra aceita remuneração mais baixa, aumentam as restrições ao acesso à previdência social e ao segurodesemprego. A população está envelhecendo, há uma nova “invasão dos bárbaros” na Europa, na medida em que contingentes cada vez maiores da população vêm sendo escorraçados de seus países de origem, por guerras fratricidas ou pela pobreza endêmica. Mais que tudo, espalha-se a desesperança, a sensação de falta de futuro, à medida que se fecham as oportunidades. A educação e o treinamento que até recentemente qualificavam os recém-chegados ao mercado de trabalho agora já não servem. Os diplomas e certificados de conclusão de curso vão perdendo utilidade. Nada disso é novidade, mas o acesso rápido e mais fácil aos meios de comunicação cria consciência e espalha frustração. Os problemas vão nessa linha. As soluções apresentadas por líderes do tipo Donald Trump, nos Estados Unidos, por Marine Le Pen, na França, e os escapismos à Brexit são evidentemente equivocados e contêm enorme potencial solapador dos valores democráticos e do equilíbrio geopolítico. É claro que o crescimento econômico mundial precisa ser retomado para que o bolo aumente e a fatia de cada dia, também. Infelizmente, não há receita fácil para isso. As soluções keynesianas clássicas já não respondem. Os Tesouros nacionais estão esgotados e os grandes bancos centrais já expandiram o nível de moeda que tinham de expandir. E, no entanto, os resultados chegam a conta-gotas, ou simplesmente não chegam. 28
Trump pode não se eleger, mas subsistem os problemas que alimentam sua retórica. E, no entanto, falta iniciativa dos atuais dirigentes globais. Mais do que respostas definitivas, falta atitude de busca de saídas. Às vezes, como agora, não há clareza sobre o que fazer. Impor saídas forçadas é outro risco. Também nesse caso, é preciso respeitar a hora mais escura da noite, que é a que precede o amanhecer, como aquela a que se referiu em 1941 o então primeiro-ministro da Inglaterra, Winston Churchill. Foi o momento da prostração. A França estava de joelhos, Londres estava sob bombardeio e os aliados permaneciam na defensiva. O raiar do dia não tardou a chegar, mas foi preciso esperar. CONFIRA: Foto: Infográficos Estadão
Nos gráficos, a expectativa do mercado para a inflação (evolução do IPCA) e para a evolução do PIB neste ano. Alinhamento de mentes Por enquanto, o Banco Central vem conseguindo que os formadores de preços trabalhem com inflação mais baixa tanto para 2016 como para 2017. Em outras palavras, há hoje mais credibilidade na ação do Banco Central do que havia ainda durante o governo Dilma Rousseff. Em grande parte, isso se deve à percepção de que hoje o Banco Central atua com plena autonomia operacional.
A ameaça do imposto 29
FONTE JORNAL FOLHA DE S. APULO, EDITORIAL editoriais@grupofolha.com.br 26/07/2016 as 02h00
A recessão de que o país luta para sair, a situação medonha das contas estatais e a escalada do desemprego fazem latejar no limiar do suportável o nervo exposto da carga tributária. Não há a menor tolerância, na sociedade, com hipótese de novos ou maiores tributos. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, pressionou de forma intencional o ponto nevrálgico na entrevista que esta Folha publicou segunda-feira (25). Em tom de ameaça, disse que não haverá alternativa a aumentar impostos caso o Congresso rejeite emenda constitucional que fixa a inflação do ano anterior como teto para o crescimento da despesa pública. A dicotomia, entretanto, poderá revelar-se falsa e evidenciar que o ministro não fora de todo franco ao brandi-la. O mais provável, na situação presente de desequilíbrio fiscal, é que o Planalto venha a necessitar de ambos os instrumentos cortar gastos, com ou sem teto, e ainda elevar tributos para romper o nó górdio que estrangula a economia brasileira. A limitação ao crescimento da despesa, se vier, produzirá efeitos apenas de 2018 em diante. Antes haverá que fechar as contas de 2017, e o próprio Meirelles admite a possibilidade de aumentos pontuais de impostos para cumprir a meta de manter o deficit em R$ 139 bilhões no ano que vem. A decisão, diz a Fazenda, virá até o fim de agosto, quando o governo deve apresentar a lei orçamentária para 2017. Parece contar com receitas incertas da repatriação de recursos no exterior e de concessões de infraestrutura à iniciativa privada para afastar o abalo que um aumento de impostos traria à expectativa com o governo provisório de Michel Temer (PMDB). Até aqui, a política econômica aparenta estar mais voltada a assegurar estabilidade política ao presidente interino do que a um verdadeiro esforço pelo equilíbrio fiscal. Em nome da transparência e do realismo, catapultaram-se para a estratosfera as previsões de deficit. Mas a medida serve também para acomodar todas as benesses que Temer vem prodigalizando às corporações públicas, com aumentos de despesas nos vários Poderes, e lançá-las na conta da presidente afastada, Dilma Rousseff (PT). Afora intervenções cosméticas como reduzir o número de ministérios, nada de concreto se viu por ora em matéria de corte nos gastos. Meirelles argumenta que a trajetória de expansão da dívida pública só será interrompida com medidas de alcance estrutural, como o teto, criando assim condições para a queda sustentável da taxa de juros. É fato. Mas caberia ser mais realista quanto à probabilidade de que elevar tributos também se mostre decisivo para chegar lá.
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Falhas olímpicas FONTE JORNAL FOLHA DE S. APULO, EDITORIAL editoriais@grupofolha.com.br 26/07/2016 as 02h00
O que deveria ser uma celebração começou com constrangimento. Eis o saldo da abertura, neste fim de semana, da Vila dos Atletas que abrigará os desportistas vindos para a Olimpíada do Rio. Com a chegada das primeiras delegações nacionais surgiram também as queixas sobre as más condições de parte dos apartamentos. A reclamação mais forte partiu da equipe australiana, que considerou inabitáveis os locais designados. Havia banheiros inoperantes, vazamentos, fiações elétricas expostas, falta de iluminação e sujeira. A chefe da delegação australiana declarou ser impossível os atletas do país ocuparem por ora seus alojamentos. A seleção feminina de futebol da Suécia também postergou a entrada na vila. A exemplo dos australianos, hospeda-se em hotéis até que as falhas sejam sanadas. Outros contingentes nacionais, incluindo o do Brasil, contrataram por conta própria profissionais para realizar obras de acabamento antes da chegada de seus atletas. Diante das mazelas, a entidade organizadora da Rio-2016 criou uma força-tarefa com mais de 500 pessoas, que devem trabalhar sem interrupção para tentar concluir todos os reparos até quinta-feira (28). Embora lamentáveis, as falhas não parecem ser generalizadas, como sugerem declarações elogiosas de outras delegações. Problemas no início, ademais, não são incomuns num empreendimento de tamanha magnitude. Localizada em Jacarepaguá, a Vila dos Atletas é composta por 3.604 apartamentos em 31 edifícios de 17 andares. Durante os Jogos, o complexo receberá até 17,9 mil desportistas e integrantes de equipes técnicas de 206 países. Os problemas, é evidente, maculam a imagem dos Jogos no Rio. Ela já havia sido abalada pelo fracasso da meta de despoluição da baía de Guanabara, sede das competições de vela. Houve ainda a trágica queda de trecho da ciclovia na avenida Niemeyer, com dois mortos. Também concorrem para isso, decerto, as declarações no mínimo desastradas de autoridades brasileiras. Ao comentar a recusa da Austrália em ocupar seus apartamentos, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), disse que estava "quase botando um canguru na frente do prédio" do país, para que os atletas se sentissem em casa. Não foi a primeira vez que o alcaide pecou pela inconveniência. Apesar de ele ter recuado após a repercussão da frase, sua atitude é incompreensível em quem responde pela sede dos Jogos e busca usar esse trampolim para alçar voos mais altos na política.
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Chega de discurso defensivo, o país precisa de atitudes pró-crescimento 9.fev.2007/Agência Petrobras
FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, BENJAMIN STEINBUCK 26/07/2016 as 02h00
A economia brasileira tem uma tendência natural ao crescimento. É resistente e dinâmica, algo que se manifesta quando existem condições mínimas para impulsioná-la. Nos últimos meses, as mudanças verificadas na área política e as previstas para a econômica trouxeram sopros de confiança que melhoraram indicadores de desempenho da economia real. Em diversos setores esse sopro foi sentido, notadamente na indústria. Mas o germe de crescimento não pode ser sufocado. Ele precisa ser cultivado com alguns estimulantes, inclusive verbais. São escassos os pronunciamentos oficiais nesse sentido. Preocupa o fato de que o discurso oficial, tal qual ocorreu no início do ano passado, esteja circunscrito à questão das contas públicas. Ainda que a política fiscal atual não seja tão rigorosa quanto parece trabalha-se com um deficit primário de R$ 170 bilhões para este ano, cerca de 3% do PIB, as vozes em destaque são as da austeridade e do teto de gastos. No ano passado, a expressão única, repetida à exaustão, era "ajuste fiscal". Isso destruiu a confiança e deu no que deu.
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Declarações sobre medidas para estimular o crescimento da economia e do emprego ficam para segundo plano. Deixam implícita a seguinte mensagem: vamos resolver a questão fiscal por enquanto e depois pensaremos nessa história de combate ao desemprego. Não pode ser assim. As ações precisam ser concomitantes. Ao mesmo tempo em que se promove o ajuste das contas públicas, é possível propagar medidas para que a atividade econômica retome seu dinamismo. Já estamos acostumados com a ideia de que o Banco Central deva ter uma única missão, o combate à inflação. Outros bancos centrais têm dupla missão, o combate à inflação e o cuidado com o emprego. Mas, vá lá, essa ideia não cola no Brasil. Não é razoável, porém, que a falta de preocupação com crescimento e emprego contamine as demais áreas da administração pública. Em todas, sem exceção, é necessário ter um olho na gestão cuidadosa de recursos capturados na sociedade e outro no objetivo fundamental de proporcionar bem-estar à sociedade, algo que se alcança no curto prazo principalmente com expansão da atividade. Há providências que podem ser tomadas desde logo, ao mesmo tempo em que se busca o controle das contas públicas, e, entre elas, algumas até podem ajudar no ajuste fiscal. A redução da taxa Selic, por exemplo, que pode ter impacto favorável no crédito, no consumo e no investimento, é uma dessas coisas óbvias, que de quebra ajudaria a reduzir a pesada conta de juros paga para sustentar a dívida pública. Acelerar novos programas de concessões e estimular os negócios na construção civil também são ações que não comprometem o esforço de ajuste fiscal e combate à inflação. Em maio de 1940, a França estava tomada pelos alemães, e Hitler sufocava a Inglaterra. Sob pressão, Churchill foi à Câmara dos Comuns, em Londres, e fez o famoso discurso em que pediu voto de confiança e prometeu "sangue, trabalho, suor e lágrimas", mas disse algo mais: "Vocês perguntam qual é o nosso objetivo? Posso responder com uma palavra, vitória". O objetivo de qualquer país emergente é o crescimento. Chega de discurso defensivo. Atitudes pró-crescimento ajudam a criar um clima favorável à retomada. O momento é propício para isso, porque em muitos setores a economia parou de piorar. E precisa apenas de um empurrãozinho para pegar no tranco.
Escolhas sociais não cabem à economia, mas à política FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, MARCOS DE BARROS LISBOA 26/07/2016 as 02h00
Algumas decisões de política econômica do governo interino são criticadas por, supostamente, refletirem uma prescrição tecnocrática do que deve ser adotado na economia, como se os argumentos da ciência pudessem substituir a política e a negociação. Talvez fosse assim na ditadura. Na democracia, felizmente, não mais. Escolhas sociais não cabem à economia, mas à política. A economia procura utilizar as melhores evidências disponíveis para estimar as consequências das diversas escolhas sociais. Em muitos casos, no entanto, a evidência não é conclusiva, o que resulta em debate sobre as opções técnicas para analisar os dados disponíveis. 33
Em outros casos, novas evidências podem implicar a revisão de antigos consensos. A economia deve informar a evidência disponível e suas eventuais limitações para colaborar no debate público. Em nenhum momento, porém, substitui a política. Não cabe à economia fazer juízo de valor. Dadas as diversas opções existentes, e as melhores estimativas sobre as implicações, a sociedade, por meio de seus instrumentos de deliberação democrática, deve negociar as escolhas sociais a serem adotadas, a partir das restrições e dos diversos interesses existentes. Uma grave crise econômica, como a vivida pelo Brasil nos últimos anos, não decorre de um único fator. O problema mais urgente a ser enfrentado é o crescimento do gasto público acima da renda, que resulta no endividamento crescente do setor público. As escolhas, na política, irão determinar se reverteremos a trajetória de endividamento crescente, o que resultaria no retorno da inflação crônica, como ocorreu na década de 1970, ou se optaremos pelo ajuste fiscal estrutural, como no fim da década de 1990. A evidência indica uma janela de oportunidade. Há um compreensível alívio depois dos graves equívocos iniciados na política econômica em 2009, uma sequência desastrada apoiada por tantos, apesar dos indícios de que estávamos hipotecando o nosso futuro e contratando graves problemas à frente. A economia aponta as possíveis escolhas que permitiriam a estabilização da dívida pública nos próximos anos, assim como as decisões que vão na contramão do ajuste. O gasto com folha de pagamentos e Previdência de servidores públicos é das principais causas da grave crise fiscal, sobretudo nos Estados e municípios. Aumentos a servidores que estão na elite salarial do país, como os do Judiciário, tendem a se propagar para outras categorias, inclusive nos governos locais. Caso o governo opte pelo ajuste estrutural, diversas outras escolhas terão que ser feitas. Quais políticas públicas devem ser revistas e quais devem ser preservadas? O papel da economia é oferecer a melhor evidência disponível sobre os custos e as implicações das diversas opções. Quais grupos são beneficiados por cada política pública? Qual a eficiência e a eficácia em comparação a outras escolhas? Quais os benefícios sociais e os custos de oportunidade? A política se beneficia, por exemplo, das estimativas das implicações de diversas opções de reforma tributária, assim como da análise de experiências em outros países. Aproveitar a janela de oportunidade requer difíceis escolhas. O debate técnico sobre as restrições existentes e os impactos de diversas opções de política econômica busca contribuir na deliberação democrática, inclusive apontando as consequências do não enfrentamento da tendência de endividamento crescente por parte do setor público. A rejeição da divergência, porém, apenas revela velhos vícios. MARCOS DE BARROS LISBOA, 51, é doutor em economia pela Universidade da Pensilvânia (EUA) e presidente do Insper
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Brasil asfixia mercado dos peixes, diz gigante dos enlatados Danilo Verpa - 21.jul.16/Folhapress
O CEO para a América do grupo espanhol de alimentos Calvo, Alberto Encinas, na empresa em SP
FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, ANA ESTELA DE SOUSA PINTO DE SÃO PAULO 26/07/2016 as 02h01
À primeira vista, pode parecer que o executivo espanhol Alberto Encinas, 45, se queixa de barriga cheia ao dizer que o mercado de peixes sofre com a política brasileira e com a falta dela. CEO para a América do grupo Calvo, que comprou em 2004 a Gomes da Costa, Encinas triplicou a produção e quadruplicou o faturamento da fabricante de conservas desde 2007, quando os ex-donos deixaram a empresa. Mas ele acha que o país desperdiça sua chance de se tornar uma potência em pescados, como é em outras proteínas. "O lobby da carne é muito forte. Qual é o sentido de frango e carne terem isenção de PIS-Cofins e peixe enlatado não? Já saímos em desvantagem."
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Faltam também incentivos, dados confiáveis e uma regulação que permita a produção em escala, aponta. Apesar dos gargalos, Encinas diz que o Brasil, principal mercado para o grupo espanhol, deve continuar a ser "o que mais nos dá alegrias". Ele acha ser possível manter o crescimento em ritmo de dois dígitos para toda a categoria, cuja concorrência se acirrou com a compra, pela Camil, da marca Coqueiro. Os dois grupos disputam palmo a palmo a liderança do mercado, do qual têm juntos 80% (o grupo Calvo com 2 marcas, e a Camil com 4). De malas prontas para dirigir a unidade europeia a partir do mês que vem, Encinas lamenta: "O mercado é maduro, terei que focar eficiência e custo. Aqui ainda há espaço para criatividade". Folha - Nos nove anos em que esteve à frente da empresa, a produção triplicou. Além do boom da economia no país, o que mais impulsionou esse resultado? Alberto Encinas - O grupo, quando comprou a Gomes, em 2004, tinha clareza de que precisava investir para fortalecer dois atributos: praticidade e saudabilidade, atrelada a qualidade. Por isso investimos em 2005 e 2006 R$ 100 milhões na época [o equivalente a R$ 180 milhões, se corrigidos pelo IPCA até junho de 2016] em uma fábrica de embalagens abre-fácil [que dispensam abridor de latas]. Importar era um problema porque, se o dólar aumentava, ficava inviável oferecer essa facilidade ao consumidor. Também renovamos totalmente a fábrica de atum, para melhorar a qualidade do produto. Tentamos definir também um pipeline de lançamentos, temos lançado produtos todos os anos. A categoria estava prejudicada porque só tinha sardinha no óleo ou no tomate, atum no óleo ou natural. Existia uma oportunidade de atender o mercado com produtos diversificados e mais sofisticados. Achávamos que precisávamos levar à categoria a outro patamar. Nesse ponto, o momento econômico ajudou, porque tanto o consumidor estava receptivo aos novos produtos quanto o varejo, que dava espaço nas prateleiras para os lançamentos. Conseguimos acompanhar e aproveitar esse motor de forte crescimento de consumo que houve no Brasil nos últimos anos, de 2008 a 2014. Um período de crescimento importante de crédito interno, boa parte voltada para o consumo interno. Conseguimos surfar nessa onda de consumo, atrelada a uma alta da procura do consumidor por produtos saudáveis. Não é um desafio ainda provar que produto em conserva é saudável?
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Essa é uma das lendas que tentamos combater. Para isso, fizemos a nova campanha para explicar o processo de fabricação. O peixe é limpo, colocado na lata e cozinhado, sem nenhum aditivo como conservante ou corante. Nunca vai se igualar ao peixe fresco, mas em atributos de Ômega 3, Ômega 6 e proteínas saudáveis ele é um alimento imbatível. Por que quiseram ter fábrica própria de embalagens? Não poderiam desenvolver um fornecedor Porque é uma fase chave para o produto, é onde começa a qualidade do produto. Queríamos ter o diferencial exclusivo. Esse diferencial, que durou até 2012, nos permitiu dobrar o faturamento e chegar à liderança do segmento de peixes enlatados no país. Ao lançar as novas embalagens e ampliar o portfolio, vocês não pavimentaram o caminho para a concorrência? Sim, mas nossa visão é que o líder da categoria, o capitão, como os varejistas chamam, está obrigado a movimentar a categoria. E, como líderes, achamos que, se a categoria se beneficia, nós nos beneficiamos mais. E também temos investido muito em comunicar o que fazemos, não só em campanhas, mas nos pontos de venda, com promoções atraentes e a possibilidade de experimentar. Uma vez que se gera a experimentação, a recompra fica garantida. Se não, o produto pode passar despercebido. *O que deu errado no lançamento de congelados? [a empresa abandonou essa linha de produtos]* A logística é dificil, complicada, e quem trabalha com esse produto tem frota própria. Algo que chama a atenção vendo os números é que o crescimento do valor geral de vendas do varejo neste segmento é maior que o da indústria. O varejo está capturando mais valor com esse movimento da indústria? Minha avaliação é que os varejistas aplicam margens muito elevadas nos produtos mais premium, o que acaba matando o giro do produto. Temos projetos com alguns varejistas tentando reduzir os preços para elevar o giro e obter massa de margem maior. Já deu resultado? Sim, o resultado é que estão ganhando mais com o giro do produto e não com a margem por produto. Porque se o preço estiver muito alto ele afasta o consumidor. Também temos trabalhado com eles para melhorar o espaço nas prateleiras. Atomatados, ervilha e milho, que têm margens baixas, ocupam muito mais espaço.
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Categorias como atum e sardinha poderiam ocupar mais espaço, porque dão maior rentabilidade por centímetro de prateleira, porque têm mais valor agregado. E o potencial de crescimento da categoria ainda é impressionante. Qual é o potencial? No Brasil se consomem 700 gramas de peixe em conserva por ano, enquanto em Costa Rica são mais de 5 kg. Na Espanha, são 3,3 kg. Dá para dobrar a categoria nos próximos 5 ou 7 anos e, para isso, é preciso quebrar essas barreiras de consumo, essa restrição aos enlatados. Qual a principal restrição? O produto é visto como menos nobre? Ou é a dúvida sobre se é saudável? Na Europa há enlatados que custam até 15 ou 20 euros, e são valorizados. O problema não é vincular à baixa renda, mas a ideia equivocada de que, para durar dentro da lata, é preciso colocar muito aditivo. Quando, na verdade, não há nenhum conservante lá dentro. Produtos em conserva têm, pela legislação, validade de 4 ou 5 anos, mas ele dura mais, e há hoje lojas que vendem produtos vintage, sardinhas em azeite há 20 anos. Eu já consumi sardinhas de 20 anos e são ótimas. E continuo vivo. Mesmo com a crise, o planejamento de chegar a 30% de faturamento com as novas linhas está mantido? Sim, achamos que inovação precisa ser um projeto contínuo, é preciso ter sempre um pipeline de lançamentos. Criamos uma área voltada para novos negócios, porque percebemos que é difícil conciliar o dia a dia da companhia, o 'business as usual', com projetos audaciosos, que possam realmente conquistar essa fatia de 30% de faturamento. Não adianta fazer extensão de linha, incrementar um sabor, precisa ser inovação disruptiva. E é muito difícil uma pessoa que está cuidando do dia a dia de uma linha de negócios alocar um tempo para pensar nessas mudanças radicais, fazer esse exercício mental. Por isso criamos uma gerência de novos negócios. E começamos a implantar uma metodologia de i-belt [cinturão de inovação, em inglês] com uma equipe de 25 pessoas de vários departamentos. Foram divididos em cinco grupos e cada um criou um produto que coubesse no portfolio da companhia. Algum já está no mercado? Dois deles estão na fase 3.
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Quantas fases são? Temos um processo de 5 fases para aprovar um projeto de inovação e, a partir do estágio 3, em que já é preciso fazer investimentos como comprar equipamento ou fazer uma pesquisa com os consumidores, avaliar a viabilidade industrial. Os projetos competem entre si e os recursos são limitados, então eles precisam provar que vale a pena investir nesta e não em outra ideia, que esta será a ideia que dará mais resultado. Esse grupo de 25 pessoas trabalhou na multiplicação desses conceitos de inovação, em toda a fábrica, houve sessões até à noite para atender ao turno noturno. E criamos a Gomes Inova, em que todos os funcionários podem se cadastrar e sugerir inovações, mesmo pequenas, que melhorem processos. Não precisa ser nada mirabolante. Os produtos que estão no estágio 3 levam em média quanto tempo para chegar à prateleira do supermercado? Depende, porque a partir daí os testes são mais rigorosos, já que alguns produtos exigem maquinário, pode ser preciso importar. Pensam em ampliar as linhas de produtos ou diversificar dentro das linhas que já têm? Entendemos que dá para crescer no negócio que já temos, lançando novos produtos, e estamos investindo para aumentar a capacidade produtiva dos produtos tradicionais, mas no ibelt estavamos avaliando projetos que estão fora do que fazemos hoje. Aumentar a capacidade produtiva é comprar, expandir, ou melhorar eficiência? É reduzir os gargalos. Vão ampliar o portfolio de marcas? Não. Quando compramos a Gomes da Costa, um dos principais ativos era a própria marca. Hoje ela é a top of mind e nosso desafio é elevar essa percepção de marca. A 88 é uma marca mais tática, que tem importância no Rio. Nunca pensaram em trazer suas marcas europeias? Até pensamos, mas criar marcas é algo custoso e, com recursos limitados, preferimos investir no patrimônio que já temos, numa marca que já tem presença na mente do brasileiro. O crescimento da empresa no Brasil também é atribuído em mudanças de gestão. Quais foram elas? A Gomes da Costa era uma empresa de dono, e o dono costuma atuar em todas as fases do processo produtivo, o que leva os outros a se isentarem de responsabilidade.
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Começamos definindo quem queríamos ser e que regras e valores seriam aceitáveis para chegar até lá. Depois fizemos a estratégia, os indicadores para avaliar os progressos e uma política de remuneração que estivesse vinculada a esses resultados. Percebemos que a política de remuneração estava vinculada a perspectivas muito agressivas, que haviam sido feitas na compra da empresa pelo grupo Calvo, perspectivas que não eram factíveis. Com isso, os funcionários não se beneficiavam e estavam desestimulados. Tratamos de reconstruir as metas e os indicadores e repactuar as responsabilidades. Outro fator muito importante foi implantar transparência e informação aberta: garantir que todos na companhia fossem informados sobre as decisões da empresa. Afinal, a estratégia de uma empresa não é um segredo. O segredo é como é implantada essa estratégia. Além disso, todos os funcionários têm uma parte da remuneração que é comum, depende do desempenho geral da companhia, por isso informamos trimestralmente os resultados a todos, abrimos para perguntas e depois fazemos um happy hour. Isso cria uma cultura de confiança, as pessoas se sentem parte da companhia. Em que estágio está a empresa hoje nesse campo da cultura? Qual o desafio agora? Há espaço ainda para melhorar na gestão de projetos. Conseguir ser mais propositivo e assertivo na definição de prazos e no acompanhamento. Cumprir realmente o que foi previsto em termos de prazo e valor. O que mais o surpreendeu quando chegou ao Brasil? Assumi em 2007, quando os donos saíram, tinha 36 anos. Era o maior investimento que o grupo já tinha feito, com a compra em 2004, a fábrica de embalagens e a renovação das unidades, de 2005 a 2007. E o retorno não chegava, o retorno não chegava. O grupo já começava a ficar nervoso: "Será que fizemos certo com a compra no Brasil? Será que não pisamos na bola?" Cheguei num momento de pouca tranquilidade, meu chefe dizia "temos que começar a colher os frutos de ter feito uma fábrica e meia, chegou a hora de começar a dar resultado". Havia muita pressão, mas não dava para resolver tudo em dois dias, era preciso primeiro fazer com que todos entendessem o que queríamos fazer e se sentissem parte disso. E da empresa para fora, em relação ao ambiente de negócios no país, o que mais o impressionou? Que um país tão promissor e com tantas oportunidades de crescimento... Nenhuma empresa, principalmente do ramo de consumo, pode ficar fora do Brasil. Mas há muitas circunstâncias que dificultam o desempenho.
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A problemática fiscal, por exemplo, que não gera valor e consome recursos absurdos, e mesmo assim nunca se está em conformidade, sempre é preciso contratar mais advogados para se defender, porque as regras mudam, a interpretação da lei é outra. A infraestrutura também é um enorme desafio. Você se refere a logística? Estou falando de infraestrutura portuária, de transporte rodoviário, a falta de ferrovias. O custo logístico é muito alto. Há reformas importantes como a legislação trabalhista, que engessa muito. Qualificação de mão de obra foi um problema? Nos últimos anos, tínhamos mais problemas para contratar funcionários não qualificados que qualificados. A crise trouxe de volta a dúvida sobre se pisaram na bola com a compra no Brasil? Não, a situação do grupo no Brasil está consolidada, isso já foi superado, o país é nosso primeiro mercado no mundo e entendemos que será o mercado que mais vai crescer nos próximos anos. Para o nosso grupo, os outros mercados em que atuamos já são mais maduros, com consumo per capita alta, e é preciso focar em eficiência e custo, variáveis bem mais chatas. No Brasil ainda se pode trabalhar com muita criatividade, lançar novos produtos, ampliar o mercado. É uma aposta para valer e deve ser um dos mercados que mais alegria nos dê no futuro. Veja, o consumo per capita de frango e boi é impressionante, perto de 40 kg. No caso do peixe ainda é muito tímido. Só pode crescer, no médio e longo prazo, com o crescimento da alimentação mais saudável. Estamos trabalhando muito também com o público ligado a esportes, pois o peixe é a melhor fonte de proteína saudável, de absorção rápida, sem conservantes. Há um problema de política pública em relação aos pescados. O país também é visto como um dos de maior potencial para a aquicultura, mas a produção ainda é incipiente. Em produtos como o boi e o frango, se tornou referência mundial. Não há país mais competitivo. Por que não usar o mesmo caminho já conhecido para desenvolver a proteína de peixes no Brasil? São 8.500 km de costa, dá para desenvolver muito a pesca, além da aquicultura. Mas é preciso criar um ambiente favorável para isso, começando pelo tratamento fiscal. Qual é o sentido de frango e carne terem isenção de PIS-Cofins e peixe enlatado não? Isso direciona o consumo para um produto em vez de outro, os peixes já partem com 9,25% de desvantagem em relação às outras proteínas.
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Em segundo lugar, é preciso desenvolver uma cadeia de valor da pesca tão eficiente como a cadeia do agronegócio, de produtores integrados. Precisamos investir para desenvolver a pescaria industrial, de escala, sem descuidar da artesanal. É preciso desenvolver um setor pesqueiro potente, forte, competitivo. Éuma questão de foco. Se forem direcionados recursos e for feito um plano de ação efetivo, você vai conseguir tornar o Brasil um setor de referência. Por que esse desenvolvimento precisa passar pelo governo? Não há uma alternativa que venha do setor privado? O problema é que a legislação brasileira é muito restritiva. O ambiente legal não favorece o desenvolvimento da pesca. Obter licenças é muito complicado, é proibido ter embarcações grandes, mais produtivas. A indústria considera a sustentabilidade dos peixes como prioridade, porque o negócio depende disso, de que as espécies sejam preservadas, os recursos estejam saudáveis. É preciso criar um ambiente regulatório que permita desenvolver uma pesca mais eficiente, sem afetar a sustentabilidade. Recurso financeiro pode haver, linhas de financiamento, mas sem um marco legal que permita que o investidor tenha a valentia para assumir o risco, não vai prosperar. Outro problema sério é que não há dados, pesquisas, que permitam a tomada de decisões. Sem dados confiáveis, os órgãos de proteção ao ambiente acabam optando por aumentar as restrições. Propusemos ao governo fazer um estudo científico sobre a pescaria do atum, com universidades, o governo, os pescadores, para avaliar se o método que usamos é o mais adequado, se é viável usar métodos mais eficientes. Mas não saiu do papel. Por quê? Por falta de decisão, e pelas constantes mudanças no ministério. Não há continuidade. O Brasil tem acordos com o Icat [Convenção Internacional do Atum do Atlântico] e deveria fornecer informações sobre a atividade pesqueira no Brasil, mas a coleta de informações e os dados disponíveis são frágeis. Para tomar decisões no âmbito pesqueiro, pesquisas são fundamentais, porque não se conhece o estoque. Não é como bois, ou frangos, que é possível contar. No caso dos peixes, são medidas indiretas, por amostragem. E quanto maior o número de coletas e o número de dados, mais confiável e preciso fica. Fizemos um projeto com a Prefeitura de Itajaí e a Univale, para poder obter esses dados.
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Já fizeram o planejamento para o ano que vem? O planejamento é quase contínuo, mas o do ano que vem começa em setembro. Estimam que o país volta a crescer quando? Ah, não trouxe hoje a bola de cristal [risos]. Mas é curioso como tudo se movimenta pelas expectativas. O clima, o ambiente de negócios muda todo com base nas expectativas. Até o dólar está caindo. Gostaria de acreditar que a partir do final do ano se começa a retomar. O que fica muito claro para mim é que, com a situação de atonia nos mercados europeus e os juros baixos nos EUA, há muito recurso financeiro ávido por um bom lugar para investir. Se o Brasil conseguir passar uma mensagem de estabilidade, vai atrair muito recurso. Queira ou não, Rússia, China e Índia, os outros Brics, têm muito mais desvantagens para investidores europeus ou americanos, porque o Brasil é muito mais próximo culturalmente. O Brasil tem que fazer pouco. Se conseguir passar credibilidade, o pessoal está desejando. Passar credibilidade é resolver o impeachment? Não sei, não entro em questões políticas, mas é mostrar estabilidade, mostrar que dá para saber o que vai acontecer. O entorno político e econômico passou por um período mais complicado, mas, se houver mais previsibilidade, isso é o importante. As consultorias estimam que o mercado de peixe em conserva vai crescer em média 6% ao ano até 2020. A era de crescimento em dois dígitos ficou para trás? O mercado vai crescer num patamar que vai permitir a todas as empresas crescer juntos. O foco tem que ser nos efeitos benéficos do peixe. Na Espanha, o Ministério da Saúde fez campanha divulgando as vantagens do peixe, já que o interesse do governo é gastar menos com saúde. Aqui, meu medo é que o lobby da carne é muito forte. Esse crescimento tão forte da agroindústria foi porque se criou um entorno favorável, houve destaque do produto no ponto de venda, apoio do BNDES, vários fatores que cooperaram para elevar esse patamar. Precisamos tentar fazer com que agora seja a hora do peixe, colocar isso nas prioridades do governo. Com campanhas mostrando os benefícios para a saúde e ações no varejo para expor melhor o produto, temos tudo para que a categoria continue crescendo nesse patamar de dois dígitos. Você come sardinha em lata? Sim. Gosto quente, com rodelas de tomate, azeite e uma torrada de pão. RAIO - X: O EXECUTIVO E O GRUPO 43
Alberto Encinas, 45 Formação: economia na Universidade Autônoma de Madri Trajetória: diretor de Controle do grupo, presidente da Gomes da Costa, CEO para a América do grupo Grupo Calvo, 75 Marcas no Brasil: Gomes da Costa e 88 Fatia de mercado: cerca de 40% Faturamento: R$ 1,3 bilhão (2015) Lucro e endividamento: não divulga Linhas de produto: 65 (inclui molhos, patês, saladas e vegetais) Funcionários: 2.000 Principal concorrente: Camil Divulgação
Linha de produção da fábrica de conservas da Gomes da Costa em Itajaí, SC
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Brasil de cara nova no G-20 Fonte Jornal O Estado de S. Paulo, Opinião Econômica 26 Julho 2016 as 03h00
Sem a incompetência arrogante dos tempos da presidente Dilma Rousseff, o Brasil apareceu de cara nova na reunião ministerial do Grupo dos 20 (G-20), em Chengdu, na China. Em vez de dar lições ao mundo, o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, aproveitou os encontros e discussões para explicar a política de recuperação da economia brasileira e mostrar a evolução dos principais indicadores. A apresentação, segundo ele, foi bem recebida. “Eu diria que há uma percepção de que o Brasil está na direção certa e o clima está começando a mudar”. Há um toque de realismo e de humildade nesse balanço. Os porta-vozes do País admitiram a gravidade dos problemas nacionais, falaram sobre as medidas corretivas e mostraram as possibilidades de cura e de recuperação, se as condições políticas evoluírem de modo favorável. A mudança deve ter ficado clara para todos – tanto da orientação econômica do Brasil quanto da atitude de seu governo em relação aos parceiros do G-20. Durante anos, a presidente Dilma Rousseff e seus ministros quiseram dar lições ao mundo, especialmente aos governos do mundo rico, sobre como cuidar da economia e vencer crises. Em 2013, por exemplo, o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou-se preocupado com a política macroeconômica da maioria dos países avançados e apontou o risco de uma crise ainda prolongada. No ano seguinte, a presidente Dilma Rousseff ensinou, na reunião de Cúpula de Brisbane, na Austrália, que os governos dos países mais desenvolvidos deveriam fazer mais para estimular a demanda e impulsionar o crescimento global. As participações de Mantega e de sua chefe em reuniões internacionais foram geralmente marcadas por uma atitude arrogante, de permanente cobrança de políticas mais estimulantes no mundo rico. Mais que isso: os dois muitas vezes se permitiram falar como se o Brasil, mais próspero que outros e mais bem-sucedido no enfrentamento da crise, fosse um modelo a ser considerado pelos governos das economias mais avançadas. Mas os fatos contrastavam – e cada vez mais fortemente – com esse discurso. Ano a ano aumentou o desajuste das contas públicas brasileiras, enquanto a inflação se mantinha sempre longe da meta anual de 4,5%, chegando em 2015 a 10,67%. O crescimento foi sempre pífio, no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, com a economia perdendo vigor, até afundar na recessão e encolher 3,8% em 2015. Enquanto o governo petista alardeava sucesso e oferecia lições de bom governo, os Estados Unidos voltaram a crescer e a criar empregos. No ano passado foram abertos, em termos líquidos, cerca de 200 mil postos de trabalho por mês na economia americana. Na Europa, a área atingida mais severamente pela crise financeira de 2008, a maior parte dos países voltou ao crescimento. A expansão média na zona do euro foi de 0,9% em 2014 e depois se acelerou. Enquanto isso, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil aumentou 0,1% em 2014, diminuiu 3,8% em 2015 e a economia continuou emperrada na metade inicial de 2016. Em 2015, o desemprego brasileiro superou a média da zona do euro. Em 2016, bateu em 11,2%, com 11,4 milhões de desocupados. Os países do mundo rico poderão ganhar mais impulso, nos próximos meses, se os governos levarem à prática um dos principais pontos de concordância: será preciso dar mais importância aos estímulos fiscais (onde houver folga para isso) e depender menos dos incentivos monetários proporcionados pelas enormes emissões dos bancos centrais.
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O presidente do BC brasileiro mencionou esse ponto em seu balanço. Mas, se quisesse ser mais detalhista, ele poderia mostrar um contraste. No mundo rico, a recomendação é para políticas fiscais mais estimulantes e estratégias monetárias mais contidas. No caso do Brasil, os sinais são trocados: se o controle das contas públicas for mais duro, a política de juros poderá ser menos severa. Aqui, arrogância e incompetência conseguiram juntar déficit fiscal, inflação e recessão.
Com compra do Yahoo!, tele dos EUA mira Google e Facebook Denis Balibouse/Reuters
Verizon confirma compra do Yahoo! por US$ 4,83 bilhões
FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, FELIPE MAIA DE SÃO PAULO 26/07/2016 as 02h00
O Yahoo!, dono do site que foi a porta de entrada para a web nos primeiros tempos e a empresa mais bem-sucedida do setor, foi vendido nesta segunda-feira (25) para a operadora de telefonia americana Verizon por US$ 4,8 bilhões. 46
A transação coloca fim a quase uma década de deterioração da empresa, ao mesmo tempo em que permite à compradora criar uma terceira força em publicidade on-line. Com o negócio, a Verizon planeja fundir as operações de Yahoo! e AOL, um outro pioneiro da internet, comprado por ela no ano passado. Assim, criaria uma organização capaz de competir com Google e Facebook. Teoricamente, a companhia poderia juntar páginas ainda muito acessadas (sites do Yahoo! estão em quinto entre os mais vistos dos Estados Unidos) a uma infraestrutura que permita captar dados dos clientes para oferecer anúncios mais personalizados aos clientes por meio do celular. "Com informações extraídas do uso do smartphone, pode-se obter mais dados sobre quem é aquele usuário. Isso aumenta o valor daquela publicidade", diz José Calazans, consultor da Nielsen. Não se trata de uma exclusividade da Verizon. Operadoras como um todo estão buscando modelos alternativos de faturamento. No Brasil, a Vivo tem anunciado novos negócios com "big data" (análise de massa de dados). "As telefônicas ficaram ilhadas no relacionamento com o consumidor. Elas têm tentado novas possibilidades, especialmente de fazer publicidade", afirma Renato Pasquini, diretor da consultoria Frost & Sullivan. A questão é se a empresa conseguirá colocar a estratégia em prática, tanto do ponto de vista tecnológico quanto regulatório. A FCC, a Anatel dos Estados Unidos, estuda regras mais rígidas para uso de dados dos clientes. DIVISÃO DO MERCADO DE BUSCAS NOS EUA Em 2015, em% 64,5
19,8
Microsoft
12,8
Yahoo
1,8
Ask
1,1
AOL
Fonte: comScore e empresas Confira mais infográficos da Folha Em conversa com analistas, executivos do Yahoo! disseram que o lance dado pela Verizon não foi o maior recebido. Entretanto, avaliou-se que a sinergia com a operadora e com a AOL traria mais ganhos no longo prazo. O valor de US$ 4,8 bilhões está bem abaixo de negócios recentes do setor a Microsoft pagou US$ 26,2 bilhões para ficar com a rede social LinkedIn no mês passado. É menor também que os US$ 44,6 bilhões oferecidos pela empresa de Bill Gates para comprar o Yahoo! em 2008, oferta que foi recusada. 47
Finalmente, a quantia a ser paga é bem menor que o valor de mercado do Yahoo!, de US$ 37 bilhões. Isso acontece porque a Verizon comprou apenas os negócios de internet da companhia (Tumblr, Flickr e outros serviços populares incluídos). Ficaram de fora as participações de 15% no gigante de comércio eletrônico Alibaba e de 35% no Yahoo! Japan, além de algumas patentes, muito mais bem avaliados pelo mercado do que a operação em si. HISTÓRIA Parece um fim um tanto melancólico para uma companhia tão icônica. O Yahoo! foi criado em janeiro de 1994 por Jerry Yang e David Filo, então estudantes da Universidade Stanford, com uma missão um tanto simples, mas importante para aqueles dias: catalogar sites legais. Antes da era do algoritmo do Google, lançado em 1998, era preciso saber o endereço exato do site ou o usuário não conseguia encontrá-lo. Os dois jovens começaram a catalogar esses endereços, no "Guia de Jerry e David para a World Wide Web", que se tornaria o Yahoo!. DIVISÃO DO MERCADO DE TELEFONIA CELULAR NOS EUA No 1º trimestre, em % Outros 35,2
Verizon
32,5
AT&T
16,3
T-Mobile
14,5
Sprint
1,5
Outros
Fonte: comScore e empresas Confira mais infográficos da Folha Foi a primeira empresa de internet realmente bem-sucedida, baseada na venda de publicidade on-line. Mas, em meio a um crescimento exponencial de receita, o Yahoo! acabou perdendo o apelo tecnológico e não conseguiu criar ou comprar serviços populares: deixou o projeto do Google passar em 1997, depois pediu um valor baixo demais pelo Facebook em 2005. Desde 2007, ao menos cinco presidentes-executivos passaram pela empresa e tentaram colocá-la nos trilhos. "Todas as vezes havia uma infusão de euforia e esperança de que talvez desta vez a pessoa certa viria", resumiu jornalista Nicholas Carlson no livro "Marissa Mayer and the Fight to Save Yahoo!", sobre a chegada da atual presidente-executiva da companhia, vinda do Google em 2012.
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RAIO-X YAHOO! Principal negócio Empresa de tecnologia Fundação 1994 Receita líquida US$ 5,0 bilhões (em 2015) Prejuízo líquido US$ 4,4 bilhões (em 2015) Funcionários 10,4 mil Empresas Alibaba (fatia de 15%) e Yahoo! Japão (35,5%) Principais concorrentes Google, Facebook e Microsoft RAIO-X VERIZON Principal negócio Operadora de telefonia móvel Fundação 2000 Receita líquida US$ 131,6 bilhões (em 2015) Lucro líquido US$ 17,9 bilhões (em 2015) Funcionários 177 mil Empresas AOL Principais concorrentes AT&T, Deutsche Telekom e Sprint
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João Santana diz que fila do caixa dois do Brasil concorreria com a muralha da China Rodolfo Buhrer - 23.fev.2016/Reuters
João Santana é conduzido pela PF em Curitiba FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, MONICA BERGAMO 22/07/2016 às 15h16
Em seu depoimento prestado nesta quinta-feira (21) à Justiça, em que admitiu o uso de caixa dois na campanha de Dilma Rousseff, o publicitário João Santana afirmou que "com generosidade e com conhecimento de causa, eu digo que 98% das campanhas no Brasil utilizam caixa dois. Que isso envolve das pequenas às grandes campanhas. Que centenas de milhares de pessoas –quase certo que milhões– de todas as classes sociais e de dezenas de profissões são remuneradas com dinheiro de caixa dois. Mais que isso: o caixa dois é um dos principais senão o principal centros de gravidade da política brasileira". Ele afirma ainda que "se tivessem o mesmo rigor que está tendo comigo em relação a essas questões, sairia uma fila atrás de mim aqui ininterruptamente que iria bater em Brasília e Manaus. Podia ser fotografada de satélite porque são milhares e milhões de pessoas que passam por isso." Depois do depoimento a Moro, Santana revisou a transcrição do que disse e entregou o texto a seus advogados com pequenas alterações, acrescentando o seguinte trecho: "Seria uma
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muralha humana capaz de concorrer com a muralha da China. Capaz de ser fotografada por qualquer satélite que orbita em torno da terra". Santana ressalta ainda que, apesar disso, não defende a prática e que ele e a mulher estão dispostos a pagar por seus erros.
Leia abaixo o texto do marqueteiro
"Nos últimos meses, eu vi destruídos, um trabalho e uma imagem pessoal que construí, com muito esforço, ao longo de mais de 20 anos. Eu entendo porque isso aconteceu. Primeiro porque escolhi uma profissão fascinante, mas cheia de riscos e incompreensões. Segundo porque me transformei em um profissional de destaque nacional e internacional. Terceiro porque meu trabalho esteve ligado, nos últimos anos, a um grupo político que está hoje sob severo questionamento. O que eu não entendo e não me conformo é com o fato de eu e minha mulher estarmos sendo acusados, injustamente, de corrupção, formação de organização criminosa e de lavagem de dinheiro. De estarmos sendo tratados como criminosos perigosos. E de estarmos servindo, involuntariamente, aos interesses dos que sempre tentaram ligar o marketing político a atividades obscuras e antiéticas. O marketing eleitoral não cria corrupção, não corrompe, e não cobra propina. Não somos a causa de práticas eleitorais irregulares. Elas são consequência de um sistema eleitoral adulterado e distorcido em sua origem. Isto é assim aqui e na maioria esmagadora dos países. E atinge todos os partidos, sem exceção. Com generosidade, e com conhecimento de causa, eu digo que 98% das campanhas no Brasil utilizam caixa 2. Que isso envolve das pequenas às grandes campanhas. Que centenas de milhares de pessoas - quase certo que milhões - de todas as classes sociais e de dezenas de profissões são remuneradas com dinheiro de caixa 2. Mais que isso: o caixa 2 é um dos principais - senão o principal - centros de gravidade da política brasileira. Se todos que já foram remunerados com caixa 2 no Brasil fossem tratados com o mesmo rigor que eu, era para estar aqui, atrás de mim, uma fila de pessoas que chegaria a Brasília. Uma muralha humana capaz de concorrer com a muralha da China. Capaz de ser fotografada por 51
qualquer satélite que orbita em torno da terra. Mas estaria eu aqui a defender o caixa 2? Jamais! Erramos e estamos dispostos a pagar pelo nosso erro. Mas não somos corruptos nem lavadores de dinheiro. Pelo que já foi apurado, há fortes indícios de que os crimes da Lava-Jato não estão circunscritos ao caixa 2 eleitoral. Mas no nosso caso nada foi apurado - e nunca será - que não esteja circunscrito ao caixa 2. Mas estamos presos, tivemos nossa reputação arruinada, nossos bens bloqueados, nosso patrimônio líquido sequestrado, nossas empresas, no Brasil e no exterior, ameaçadas de fechar. Tudo, sem que ninguém até hoje duvide, que aquilo que conseguimos na vida é fruto exclusivo do nosso trabalho. Somos os únicos presos, neste país, por caixa 2. Não queremos ser símbolos. Nem bodes expiatórios. Não quero clemência, nem piedade. Não espero perdão. Espero apenas proporcionalidade. Espero que Vossa Excia. possa resolver esta grave distorção, e possa darmos, a mim e a minha mulher, a exata medida da nossa responsabilidade. É isto apenas isto que esperamos da justiça".
Marisa Lula cobra R$ 300 mil da Bancoop e da OAS por apartamento no Guarujá Em ação cível no Foro Central de São Paulo, advogados da mulher do ex-presidente Lula alegam que valor se refere a restituição sobre cota parte da unidade 141 do Mar Cantábrico, atual Solaris Fonte Jornal O Estado de S. Paulo, Julia Affonso, Ricardo Brandt e Fausto Macedo 26 Julho 2016 as 11h47
Leia mais: Promotoria denuncia Lula por falsidade e lavagem de dinheiro no caso tríplex Triplo X investiga ‘todos os apartamentos’ do Solaris, onde Lula teria tríplex AGU é contra pagamento de indenização à ex-primeira-dama Marisa Letícia Moro diz que grampos poderiam justificar prisão de Lula
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Lula e Marisa. Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação
A ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva ajuizou ação na 34.ª Vara Cível do Foro Central de São Paulo contra a Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop) e a empreiteira OAS cobrando R$ 300.817,37 ‘em parcela única e imediata’. Os valores, segundo os advogados da mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003/2010), se referem a restituição sobre cota-parte do apartamento 141 adquirida pela ex-primeira dama no condomínio Mar Cantábrico, atual Solaris, no Guarujá, litoral paulista. Documento
A COBRANÇA DE MARISA LULA PDF Marisa, Lula, o filho mais velho do casal Fábio Luiz Lula da Silva, o Lulinha, e mais 13 investigados são alvo de denúncia do Ministério Público de São Paulo. Lula é acusado de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica por supostamente ocultar a propriedade do tríplex 164-A no Solaris, reformado pela OAS ao custo de R$ 777 mil. O tríplex 164-A é um caso emblemático na mira da Operação Lava Jato. A Polícia Federal e a força-tarefa do Ministério Público Federal atribuem ao petista a propriedade do imóvel. O caso está nas mãos do juiz federal Sérgio Moro. A defesa de Lula afirma que ele não é o dono do tríplex. O Solaris era da Bancoop, a cooperativa fundada nos anos 1990 por um núcleo do PT. Em dificuldade financeira, a Bancoop repassou para a OAS empreendimentos inacabados, o que provocou a revolta de milhares de cooperados eles protestam na Justiça que a empreiteira cobrou valores muito acima do previsto contratualmente. Na ação distribuída para a 34.ª Vara Cível da Capital, Marisa afirma que, em abril de 2005, assinou Termo de Adesão e Compromisso de Participação com a Bancoop e adquiriu ‘uma cota-parte para a implantação do empreendimento então denominado Mar Cantábrico’. A previsão de entrega, de acordo com a defesa da ex-primeira-dama, era 2007. Segundo o documento, subscrito pelos advogados Roberto Teixeira, Cristiano Zanin Martins, Maria de Lourdes Lopes e Rodrigo V. Domingos, a Bancoop reservou previamente uma unidade do edifício que seria construído para Marisa Letícia. 53
“No caso, o apartamento 141 no Edifício Navia, uma unidade padrão, com três dormitórios (um com banheiro) e área privativa de 82,5 metros quadrados”, descreveram os criminalistas. Os advogados afirmam que Marisa Letícia pagou a entrada de R$ 20 mil, as prestações mensais e intermediárias até setembro de 2009. Segundo os criminalistas, naquele ano, a Bancoop repassou o empreendimento à OAS e deu duas opções aos cooperados: solicitar a devolução dos recursos financeiros integralizados no empreendimento ou adquirir uma unidade da OAS, por um valor pré-estabelecido, utilizando, como parte do pagamento, o valor já pago à Cooperativa. A defesa afirma que Marisa Letícia à época não se manifestou sobre o tema, o fazendo em 2015 quando pediu a restituição dos valores colocados no empreendimento. Os advogados sustentam que, desde então, a Bancoop ‘não realizou a devolução do valor investido ou forneceu qualquer justificativa’. “Diante disso, esgotados os meios amigáveis e suasórios, a presente ação de restituição de valores tornou-se necessária”, aponta a defesa. “A autora (Marisa Letícia) chegou, posteriormente, a estudar a possibilidade de adquirir uma unidade no Edifício Solaris usando, como parte de pagamento, os valores que haviam sido pagos à Bancoop. Mas essa hipótese não se transformou em realidade, razão pela qual em 26 de novembro de 2015 a autora solicitou a restituição do valor integralizado no empreendimento ao assinar o Termo de Declaração e Requerimento de Demissão do Quadro de Sócios da Seccional Mar Cantábrico (“Termo de Demissão”). Para os advogados, ‘ao assumir o empreendimento e comercializá-lo, a OAS se tornou coresponsável pelo ressarcimento da cota-parte dos cooperados’.
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