SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS
28 DE ABRIL DE 2016
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Juros do cheque especial chegam ao recorde de 300,8% ao ano Fonte Agência Brasil 28/04/2016 às 11h 28
A taxa de juros do cheque especial chegou ao recorde de 300,8% ao ano, em março, de acordo com dados do Banco Central (BC), divulgados hoje (28). A série histórica do BC tem início em julho de 1994. De fevereiro para março, a taxa subiu 6,9 pontos percentuais. Também é recorde a taxa média do rotativo do cartão de crédito (449,1% ao ano), em março, com alta de 5,2 pontos percentuais em relação a fevereiro. O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão. A série histórica do rotativo do cartão de crédito tem início em março de 2011. Parcelamento A taxa de juros das compras parceladas no cartão de crédito ficou em 145,5% ao ano, em março, com redução de 0,6 ponto percentual em relação a fevereiro. A taxa do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) atingiu 29,9% ao ano, com aumento de 0,4 ponto percentual na comparação com fevereiro. A taxa do crédito pessoal chegou a 126,1% ao ano, com alta de 3,3 ponto percentual em relação ao mês anterior. A média de juros do crédito para as pessoas físicas ficou em 69,2%, em março, com alta de 1,3 ponto percentual em relação a fevereiro. Já a taxa média cobrada das empresas caiu 0,9 ponto percentual para 31% ao ano. Em março, a inadimplência (considerados atrasos acima de 90 dias) ficou estável em 6,2% para as famílias e subiu 0,1 ponto percentual para 4,9%, no caso de empresas. Esses dados são do crédito livre, em que os bancos têm autonomia para aplicar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros. No caso do crédito direcionado (empréstimos com regras definidas pelo governo, destinados basicamente aos setores habitacional, rural e de infraestrutura), a taxa de juros cobrada de empresas subiu 0,1 ponto percentual para 11,9% ao ano e das famílias aumentou 0,5 ponto percentual para 10,1% ao ano. A inadimplência das empresas ficou estável em 1% e das famílias caiu 0,1 ponto percentual para 2,1%. No total, o saldo das operações de crédito chegou a R$ 3,160 trilhões em março, com redução de 0,7% no mês e de 1,8% no ano. Em relação a tudo o que o país produz Produto Interno Bruto (PIB) o saldo do crédito ficou em 53,1%, queda de 0,5 ponto percentual no mês.
IGP-M acumula alta de 10,63% em abril, anuncia a FGV Fonte Agência Brasil 28/04/2016 às 11h 25
O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) registrou em abril alta de 10,63% no acumulado dos últimos 12 meses. Porém, em relação a março, quando houve aumento de 0,51%, o índice de inflação, medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), perdeu força, ficando em 2
0,33% em abril. No acumulado de 2016, a alta é de 3,30%. O índice é usado no reajuste dos contratos de aluguel. No Índice de Preços ao Produtor Amplo, um dos componentes do IGP-M, o percentual caiu de 0,44% em março para 0,29% em abril. No acumulado dos últimos 12 meses, a alta é de 11,78%. Neste mês, a queda foi influenciada pelo recuo no subgrupo alimentos in natura, que, em março, havia variado 10,08% e, em abril, fechou em 2,29%. Os materiais e componentes para manufatura tinham acusado queda de -1,40% em março, e, em abril, retração de -1,69%. Queda O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) também desacelerou de 0,58% em março para 0,39%. O grupo alimentação teve o principal recuo: de 1,12% em março para 0,85% em abril. Os gastos com habitação tinham deflação de -0,06% em março e foram para -0,28% em abril. No grupo comunicação, os preços tiveram alta de 1,13% no mês passado, contra 0,18% em abril. Em 12 meses, o IPC teve alta de 9,12%. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) ficou, em abril, em 0,41%, contra os 0,79% de março. O custo da mão de obra teve alta de 1,16% no mês passado, enquanto em abril a variação ficou em 0,52%. Os preços relacionados a materiais, equipamentos e serviços subiram 0,38% em março e 0,29% em abril. Nos últimos 12 meses, o INCC variou 7,05%.
Firjan diz que decisão do Copom não surpreende porque Brasil vive recessão Fonte Agência Brasil 28/04/2016 às 10h 27
O Sistema Firjan disse que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa básica de juros em 14,25% ao ano não surpreendeu, já que, segundo a entidade, a economia brasileira passa pela “mais profunda e longa recessão de sua história”. A Firjan diz que a queda na taxa básica de juros, a Selic, depende de “um maior alinhamento entre as políticas monetária e fiscal” para que a inflação se mantenha dentro da meta e o crescimento da economia seja retomado. >> Copom mantém taxa de juros em 14,25% ao ano Em nota, a entidade disse ainda que defende “um plano fiscal de longo prazo que sirva como âncora para as expectativas dos agentes e trabalhe em conjunto com a política monetária”.
Bancos públicos liberam R$ 2,4 bi para casa própria Medida serve como compensação às perdas que linhas de financiamento tiveram com fuga de recursos da poupança FONTE REVISTA VEJA 28/04/2016 às 11h 25
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Neste mês, a Caixa adotou medidas para simplificar o uso do FGTS na aquisição de imóveis de até 225 mil reais (Reinaldo Canato/VEJA.com)
Em dois meses, os bancos públicos liberaram 2,4 bilhões de reais do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para o financiamento à casa própria. Em fevereiro, o conselho curador do Fundo, a pedido do governo, aumentou os recursos para os empréstimos imobiliários para compensar as perdas que essas linhas de financiamento tiveram com a fuga de recursos da poupança, principal fonte desse tipo de financiamento. Dos 9,5 bilhões de reais da linha pró-cotista, a Caixa Econômica Federal liberou 2 bilhões de reais e o Banco do Brasil, 400 milhões de reais. Essa linha é para financiar imóveis avaliados em até 400 mil reais em todo o país, sendo que o trabalhador interessado no financiamento tem de ter conta no Fundo. No primeiro trimestre de 2015, o orçamento do BB para essa linha era de apenas 20,2 milhões de reais. Na Caixa, a linha estava inoperante no início do ano passado. A Caixa ainda tem mais 5 bilhões de reais para liberar até o fim deste ano. O banco calcula que pode atender a cerca de 30 mil clientes. Já o BB identificou 524 mil clientes com potencial de utilização imediata da linha, que conta com 2,5 bilhões de reais. Na linha pró-cotista, os juros são mais baixos do que os cobrados no Sistema Financeiro de Habitação (SFH), com recursos da poupança. O valor dos imóveis está limitado a 400 mil reais, tanto novos como usados. LEIA TAMBÉM: PIB dos EUA cresce 0,5% no 1º trimestre de 2016 Temer deve priorizar controle de gastos públicos em eventual governo
Elegibilidade - Para participar da modalidade pró-cotista, o interessado precisa ter trabalhado 36 meses, consecutivos ou não, sob regime do FGTS. Caso o cliente não tenha contrato de trabalho ativo, deve possuir saldo em conta vinculada do FGTS de, no mínimo, 10% do valor do imóvel. O cliente também não pode ser proprietário de imóvel no município onde reside ou trabalha, nem nos municípios vizinhos e integrantes da mesma região metropolitana. Em 2015, o conselho curador do FGTS aprovou um aumento de 5 bilhões de reais no crédito disponível para a linha pró-cotista. O reforço faz parte do esforço do governo de evitar uma retração muito grande na oferta de crédito imobiliário depois que os saques na poupança aumentaram e reduziram o valor disponível para os empréstimos no SFH.
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PIB dos EUA cresce 0,5% no 1º trimestre de 2016 Economistas esperavam uma expansão de 0,7% nos três primeiros meses do ano, após crescimento de 1,4% no quarto trimestre de 2015 FONTE REVISTA VEJA 28/04/2016 às 10h 20
Capitólio, sede do Congresso dos Estados Unidos, em Washington (Jim Lo Scalzo/EFE/VEJA)
O crescimento econômico dos Estados Unidos freou com força e atingiu o ritmo mais lento em dois anos, com os gastos do consumidor enfraquecendo e o dólar forte prejudicando as exportações. No primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA cresceu a uma taxa anual de 0,5%, expansão mais fraca desde o primeiro trimestre de 2014, disse o Departamento do Trabalho nesta quinta-feira, em sua primeira estimativa para o período. Economistas consultados pela Reuters esperavam uma expansão de 0,7% nos três primeiros meses do ano, após crescimento de 1,4% no quarto trimestre de 2015. A alta do PIB no primeiro trimestre, ainda que fraca, refletiu as contribuições positivas de gastos do consumidor, investimento fixo residencial e os gastos do Estado e dos governos locais. LEIA MAIS: PIB dos EUA cresce 2,4% em 2015 PIB dos EUA no 4º trimestre é revisado para cima a 1%
Lucro do Bradesco cai 2,9% e soma R$ 4,12 bilhões no primeiro trimestre Forte aumento nas despesas para perdas com calotes levou o banco a ter entre janeiro e março uma retração no lucro tanto na comparação mensal, quanto anual FONTE REVISTA VEJA 28/04/2016 às 09h 32
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Bradesco espera que sua carteira de crédito expandida, que inclui avais e fianças, cresça de 1% a 5% em 2016 (Eduardo Biermann/VEJA)
Um forte aumento nas despesas para perdas com calotes levou o Bradesco a ter entre janeiro e março uma queda no lucro, evidenciando o crescente peso da recessão no país sobre o setor bancário. Nesta quinta-feira, a instituição informou um lucro líquido contábil de 4,121 bilhões de reais entre janeiro e março, queda de 2,9% sobre igual período do ano passado. Em relação aos três meses anteriores, quando ficou em 4,353 bilhões de reais, a retração foi ainda maior, de 5,3%. A carteira de crédito expandida do Bradesco, que considera avais e fianças, fechou março com 463,208 bilhões de reais, redução de 2,3% em relação ao saldo de dezembro. Para o ano, o banco projeta crescimento de 1% a 5%. A retração dos empréstimos no início deste ano foi influenciada pela pessoa jurídica, cuja carteira encolheu 3,3% na comparação com os três meses anteriores, para 315,449 bilhões de erais. A carteira de crédito à pessoa física somou 147,759 bilhões de reais ao final de março, estável ante dezembro. O Bradesco encerrou o primeiro trimestre com 1,102 trilhão de reais de ativos, montante 6,5% superior ao visto em 12 meses. No comparativo com dezembro, houve incremento de 2%. Em um cenário de recessão continuada, o banco decidiu fazer uma provisão para perdas esperadas com calotes de 5,448 bilhões de reais, volume 30% maior na base sequencial e um salto de 52,2% sobre o primeiro trimestre de 2015. Com isso, a rentabilidade anualizada sobre o patrimônio líquido médio, índice que mede como um banco remunera o capital de seus acionistas, ficou em 17,5%, queda de 3 pontos percentuais nas comparações mensal e anual. Foi o pior desempenho em pelo menos uma década. LEIA MAIS: Fazenda considera positiva sinalização do STF sobre juros compostos Lucro da Telefônica cresce 179% no primeiro trimestre e chega a R$ 1,2 bi
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Sócios de Belo Monte aprovam arbitragem em conflito com Eletrobras
FONTE REUTERS 28/04/2016 às 10h 39
Os acionistas da hidrelétrica de Belo Monte, que está sendo construída no Pará, aprovaram a abertura de um procedimento de arbitragem para tentar obrigar a Eletrobras a comprar parte da energia da usina que ainda não foi vendida, segundo comunicado da estatal federal ao mercado na quarta-feira (27). "O acordo de acionistas prevê que conflitos sejam resolvidos mediante arbitragem e a Assembleia de Acionistas da Norte Energia deliberou pela instauração de tal procedimento. A companhia, entretanto, entende que a divergência refere-se a negociações e discussões inerentes às suas operações de negócios", disse a Eletrobras no comunicado. A hidrelétrica, que quando concluída será a terceira maior do Brasil, com investimentos estimados de mais de R$ 25 bilhões, tem como principais sócios a Eletrobras e as elétricas Cemig, Light e Neoenergia, além da mineradora Vale e os fundos de pensão Petros e Funcef. Segundo a Eletrobras, os demais sócios entendem que a companhia deveria adquirir essa parcela de energia da usina que ainda não foi vendida, que representa 20% da capacidade total, devido a uma cláusula presente no acordo de acionistas da Norte Energia. "A companhia entende que inexiste tal obrigação", disse a Eletrobras. A estatal foi questionada sobre o assunto pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) após reportagem da Reuters que apontou que há uma tensão entre os investidores de Belo Monte, que ameaçavam recorrer a arbitragem devido à previsão de queda na taxa de retorno do empreendimento caso a energia descontratada não seja negociada. 7
A hidrelétrica precisa fechar a venda da energia descontratada a preços na casa dos R$ 185 por megawatt-hora para destravar uma parcela de R$ 2 bilhões de seu financiamento junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), mas essa faixa de preço está muito acima do praticado atualmente no mercado, o que gera impasse. Se esse contrato não for viabilizado, os sócios precisarão injetar mais recursos na usina, e ainda correrão os riscos de vender essa energia a preços baixos, pressionados pela recessão que derrubou a demanda por eletricidade no Brasil. Licitada em 2010, Belo Monte iniciou a operação comercial da primeira máquina na semana passada. Nesta quinta-feira, a usina recebeu autorização da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para colocar mais uma máquina para funcionar.
Exportações reagem nos setores de máquinas e de alta tecnologia Leticia Moreira - 19.nov.2009/Folhapress
O empresário, Gilberto Poleto, 60, dono de empresa especializada em máquinas para doces e salgados
FONTE JORNAL FOLHA DE S. PAULO, TONI SCIARRETTA e EDSON VALENTE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA 28/04/2016 às 02h 00
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A vantagem competitiva da indústria brasileira no exterior não se restringe aos segmentos ligados a minerais, alimentos e produtos primários. O Brasil se tornou competitivo nos últimos anos em ramos de alta tecnologia, como a indústria aeronáutica, além da produção de motores, equipamentos médicos, carrocerias de ônibus e máquinas alimentícias. É o caso da catarinense WEG, uma das maiores exportadoras de motores e equipamentos eletroeletrônicos do mundo. A empresa emprega 31 mil pessoas e faturou R$ 9,7 bilhões no ano passado, 24% mais do que em 2014. Hoje, quase 55% da receita vem do exterior, o que tornou a empresa mais resiliente à crise no país. Com porte menor, a Bralyx Máquinas exporta equipamentos de confeitaria e de produção de massas e salgados para 50 países.
Lucro da Vale supera expectativa com alta do minério e valorização do real Pilar Olivares/Reuters
Prédio da Vale no centro do Rio de Janeiro: lucro da mineradora bateu expectativas
FONTE JORNAL FOLHA DE S. PAULO, NICOLA PAMPLONA DO RIO 28/04/2016 às 12h 04
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A mineradora Vale anunciou lucro de R$ 6,311 bilhões no primeiro trimestre de 2016. O resultado teve a contribuição do aumento dos preços do minério, dos esforços para cortar custos e do impacto da valorização do real na dívida da companhia. No mesmo trimestre do ano anterior, a Vale teve prejuízo de R$ 9,538 bilhões. Em 2015, a companhia reportou prejuízo recorde de R$ 44,213 bilhões, impactada pela queda no preço do minério e seus efeitos sobre o valor dos ativos da mineradora. Em teleconferência com analistas nesta quinta-feira (28), o presidente da Vale, Murilo Ferreira, destacou a "boa performance operacional", com crescimento na produção de minério de ferro, níquel, cobre e ouro, em comparação com o mesmo período do ano anterior. E destacou os cortes de custos durante o período, que tiveram impacto significativo no resultado. Os custos administrativos e de vendas, por exemplo, caíram 26%, em relação ao quarto trimestre de 2015. Os custos de pesquisa foram reduzidos em 50%. "A nossa estratégia é clara com relação ao fortalecimento do balanço e redução da dívida e vamos continuar determinados a entregar esses resultados", afirmou Ferreira, durante a teleconferência. A Vale fechou o trimestre com endividamento líquido de US$ 27,6 bilhões. Em dólares, o lucro da empresa foi de US$ 1,776 bilhão no período, superando a previsão média do mercado, de lucro de US$ 1,06 bilhão, segundo pesquisa da Reuters. A empresa vinha sofrendo nos últimos trimestres com a queda no preço do minério no mercado internacional. Neste início de 2016, foi beneficiada pela recuperação das cotações: o preço de referência para venda de sua produção passou de US$ 45,1 por tonelada, no fim de 2015, para US$ 54,7 por tonelada. A receita da companhia subiu 22,4%, na comparação com o primeiro trimestre de 2015, para R$ 22,067 bilhões. O Ebitda, que representa a geração de caixa, subiu 66%, para R$ 7,685 bilhões. A Vale informou que conseguiu reduzir o preço de entrega do minério na China, seu principal cliente, de US$ 31 para US$ 28 por tonelada, com a renegociação de fretes e a queda do preço do combustível de navegação. CHINA O diretor financeiro da companhia, Luciano Siani, disse que o processo de redução do custo de frete deve se manter, devido à maior capacidade dos portos chineses para receber os cargueiros gigantes Valemax. De acordo com ele, o aumento do volume transportado diretamente para a China levará a companhia a desativar uma das estações de transbordo que mantém nas Filipinas para transferir o minério para navios de menor porte. "Isso representa um custo adicional", informou. Na teleconferência, o presidente da mineradora disse ter se surpreendido com sinais de recuperação da economia chinesa durante sua última visita ao país, em março. "Não encontrava um cenário tão favorável há mais ou menos um ano e meio", afirmou.
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A companhia investiu US$ 1,4 bilhão no primeiro trimestre, a maior parte (US$ 900 milhões) no projeto S11D, que contempla uma nova mina de minério de ferro e novo sistema logístico no Pará. A expectativa da companhia é que o projeto inicie a fase de testes em junho e comece a vender a produção em novembro. "A Vale entra nesse segundo trimestre, que ainda é um trimestre de recuperação de preços, com bastante otimismo, mas não vai baixar a guarda. Vamos continuar trabalhando para aumentar a nossa competitividade, concluir nosso principal projeto S11D e, portanto, reduzir a nossa dívida e voltar a pagar dividendos generosos para os nossos acionistas, esse é o nosso objetivo", disse o diretor financeiro da companhia Luciano Siani em vídeo publicado no site da empresa. A companhia, que emprega 150 pessoas em São Paulo e fatura R$ 50 milhões, tem quase metade do faturamento no exterior. A Bralyx começou atendendo a demanda por máquinas de massas para imigrantes italianos no Brasil; hoje, exporta esses equipamentos para a Itália. Replicou a experiência exportando máquinas para quibes e esfihas para o Oriente Médio. Também vende a Portugal máquinas para bolinho de bacalhau. O caminho da Bralyx para exportação começou ainda nos anos 1990, segundo Gilberto Poleto, presidente da empresa, época em que o real e o dólar tinham praticamente o mesmo valor. "As pessoas perguntavam como podíamos exportar com o dólar a R$ 1. Mas são nesses momentos desfavoráveis, como o atual, que nos preparamos para crescer", disse Poleto. Especializada em máquinas cortadoras a laser, a Welle Tecnologia é uma antiga start-up que hoje lidera a exportação de equipamentos de corte de precisão no mundo. A empresa, que fatura mais de R$ 10 milhões, surgiu numa incubadora de Santa Catarina, recebeu recursos do Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), órgão ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, e depois do BNDES. No ano passado, abriu um escritório na Suíça para servir de plataforma para negócios internacionais. IMPORTAÇÃO A situação dos exportadores, no entanto, esbarra no alto grau de insumos importados utilizados. No setor farmacêutico, mais de 90% da matéria-prima vem do exterior. Embora as vendas tenham crescido, as empresas sentiram diminuição nos ganhos devido ao aumento de custos, disse Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma (sindicato da indústria farmacêutica de SP).
Otimismo com Temer dependerá de reformas, diz presidente do Santander FONTE JORNAL FOLHA DE S. PAULO, TÁSSIA KASTNER DE SÃO PAULO 27/04/2016 às 14h 27 Eduardo Knapp - 07.abr.2016/Folhapress
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Presidente do Santander Brasil, Sérgio Rial, na sede do banco em São Paulo
O presidente do Santander Brasil, Sérgio Rial, afirmou nesta quarta-feira (27) que seu otimismo com um eventual governo Michel Temer dependerá da vontade e da capacidade do Congresso em aprovar reformas de que o país precisa. "Não depende só do Executivo. O Congresso terá papel fundamental", afirmou a jornalistas em videoconferência para detalhar resultados do primeiro trimestre do banco. Ele defendeu uma agenda mínima de reformas, reforçando a necessidade de mudanças na Previdência. "O Brasil precisa de uma agenda mínima de concertação entre executivo e Congresso", disse. O banco registrou lucro líquido de R$ 1,66 bilhão no primeiro trimestre deste ano, crescimento de 3,3% na comparação com o último trimestre de 2015 e leve alta de 1,7% em relação ao mesmo período do ano passado.
Crédito encolhe no primeiro trimestre pela primeira vez em 16 anos FONTE JORNAL FOLHA DE S. PAULO, EDUARDO CUCOLO DE BRASÍLIA 28/04/2016 às 12h 12
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A desaceleração do mercado de crédito se aprofundou no primeiro trimestre de 2016, período em que o estoque de empréstimos encolheu 1,8%. Segundo o Banco Central, desde 2000 não se via retração neste período em relação ao trimestre anterior. Os dados do BC divulgados nesta quinta-feira (28) mostram que a taxa de expansão do estoque em 12 meses caiu praticamente pela metade nesses três meses, de 6,7% até dezembro para 3,3% até março. Na comparação com o PIB (Produto Interno Bruto), o estoque passou de um recorde de 54,5% no final do ano passado para 53,1% em março. O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, afirmou que os números mostram uma desaceleração mais pronunciada do crédito e refletem tanto a queda na demanda como a oferta mais restrita. Maciel listou uma série de fatores que levaram a isso, como a retração da atividade econômica, eventos não econômicos (questão política e Lava Jato) que alimentam incertezas e um nível de confiança baixo tanto de consumidores como de empresários, além do aumento no custo do crédito. Para o BC, que nesta quarta-feira (27) manteve a taxa básica de juros em 14,25% ao ano, a reação do mercado de crédito passa pela recuperação da confiança. "Na medida em que a gente for observando isso, reflexos sobre o mercado de crédito também serão observados", afirmou. Maciel disse, no entanto, que essa reação deverá ser moderada. "O crédito cresceu de forma muito significativa ao longo de mais de dez anos, 30% em 2008, 20% em 2010. É natural que a gente não observe essas taxas novamente." 13
A estimativa atual do BC é um crescimento de 5% no estoque de crédito em 2016. Atualmente, só os bancos públicos estão próximos desse ritmo, com expansão de 7% do estoque em 12 meses. No trimestre, o crédito nas instituições estatais encolheu 0,7%. Nos bancos privados nacionais, o crédito encolheu 2,8% no trimestre e 2,6% em 12 meses. Nos estrangeiros que atuam no país, caiu 4,2% no trimestre, mas cresceu 2,2% em 12 meses. Sobre a inadimplência, o Maciel afirmou que o indicador continuará a crescer nos próximos meses, mas em ritmo lento.
Inadimplência no mercado de crédito sobe a 5,6% em março e renova recorde FONTE REUTERS 28 Abril 2016 às 12h 09
Juros médios de empréstimos com taxas definidas pelas instituições financeiras cresceram para 50,9% ao ano; desemprego e inflação pressionam consumidores
Juros de empréstimos e financiamentos estão mais altos RELACIONADAS:
Juro do cheque especial em março vai a 300,8%, o maior da série do BC Calotes de empresas no Brasil podem superar crise de 2008, diz FMI Endividamento e inadimplência do consumidor recuam em abril Estudo mostra que calote ganha força no Norte e no Nordeste
BRASÍLIA - A inadimplência no Brasil teve novo avanço em março no segmento de recursos livres, a 5,6%, mais uma vez renovando o recorde da série histórica do Banco Central iniciada em 2011, em meio à deterioração da economia e aumento do desemprego. Em fevereiro, a taxa havia ficado em 5,5%, informou o BC nesta quinta-feira, 28. Recentemente, a autoridade monetária havia informado que os aumentos dos calotes neste
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ano traria consequências para o balanço dos bancos, com aumento das provisões e achatamento de margens, cenário que deverá afetar especialmente as instituições públicas. Pressionados pela inflação e desemprego elevados, parte dos consumidores têm enfrentado dificuldades para honrar suas dívidas, cujos juros também têm ficado mais altos. O BC informou ainda que no segmento de recursos livres, em que os empréstimos têm taxas definidas livremente pelas instituições financeiras, os juros médios cresceram a 50,9% ao ano, patamar mais alto da série, contra 50,6% em fevereiro. Já o spread bancário - diferença entre o custo de captação e a taxa cobrada pelos bancos ao consumidor final - subiu a 37,3 pontos percentuais em março, sobre 35,8 pontos no mês anterior. O estoque total de crédito no país teve retração de 0,7% em março sobre fevereiro, a R$ 3,161 trilhões, ou 53,1% do Produto Interno Bruto (PIB). No acumulado do primeiro trimestre, houve queda de 1,8%. No mês passado, o BC piorou sua estimativa para o desempenho do mercado de crédito este ano, passando a ver expansão de 5% do estoque em 2016, contra 7% anteriormente. Se confirmado, este será o pior desempenho registrado pelo país em 12 meses desde o início da série histórica do BC, em março de 2007. Na noite passada, o BC também manteve a taxa básica de juros em 14,25% ao ano.
Economista do Safra é cotado para o BC FONTE ADRIANA FERNANDES, MURILO RODRIGUES ALVES E CÉLIA FROUFE - JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 28 Abril 2016 às 00h 43
Carlos Kawall, ex-secretário do Tesouro, já tem forte trânsito na área técnica do governo BRASÍLIA - O economista Carlos Kawall é hoje o nome mais cotado para assumir a presidência do Banco Central (BC) num eventual governo do vice-presidente Michel Temer. RELACIONADAS:
Tombini deve ficar no BC durante transição Celso Ming: Fator Meirelles
Kawall foi secretário do Tesouro Nacional durante o governo do ex-presidente Lula e hoje é economista-chefe do banco Safra. Uma das propostas em discussão no grupo de Temer é fazer uma mudança de toda a diretoria do BC. Com experiência no governo, Kawall, que também foi diretor do BNDES, tem forte trânsito na área técnica do governo. Pelo menos uma vez por mês, tem mantido reuniões com a diretoria do BC em Brasília. Nos últimos meses, trabalhou numa proposta de mudanças nas normas de relacionamento do Tesouro com o BC.
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Carlos Kawall também foi diretor do BNDES
O seu estudo sobre balanço dos bancos centrais ajudou na elaboração de proposta de projeto de lei encaminhada ao Congresso Nacional pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, que cria um depósito voluntário remunerado dos bancos no BC em substituição de parte das operações compromissadas (feitas para administrar a liquidez do mercado). Kawall também propôs no estudo o uso do excesso de caixa do Tesouro para abater a carteira de títulos do BC, após a criação do depósito voluntário. Ele integrou a equipe do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, em 2006, mas teve uma passagem relâmpago no comando do Tesouro. Deixou a equipe pouco tempo depois de assumir o cargo, desconfortável com os rumos da política fiscal. Ele defendia a necessidade de o governo impor limites para o crescimento do gasto público, posição que perdeu força junto ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas discussões sobre o pacote de medidas que estava sendo elaborado na época. Outros nomes cotados para o BC são os de Ilan Goldfajn, Eduado Loyo e Mário Mesquita. Os três atuam hoje no setor privado, mas já tiveram passagem pela diretoria do BC. Inclusive na gestão de Meirelles, o mais longevo à frente do BC. Transição. Em meio às incertezas políticas sobre uma eventual transição, no BC uma mudança de comando tende a se dar de forma suave. Caso o impeachment da presidente Dilma Rousseff seja aprovado pelo Senado, o presidente do BC, Alexandre Tombini, colocará seu cargo à disposição, como é de praxe, mas deve selar o compromisso de se manter no comando para fazer a transição. Essa transferência no BC deve se dar até que um novo substituto seja nomeado e esteja apto a assumir o cargo, o que poderia levar alguns meses por causa do processo específico que 16
precisa ocorrer dentro da instituição e que precisa passar pelo Congresso. O mais provável, no entanto, segundo interlocutores próximos ao vice-presidente Michel Temer, é que o novo governo tente acelerar esses trâmites com os parlamentares, para que a permanência de Tombini seja a mínima necessária. Tecnicamente, Tombini não precisaria fazer esse procedimento formal de entregar o cargo porque o mandato do BC já é do presidente da República, mas o gesto sinalizaria uma mudança mais “orgânica” dentro de uma área do governo considerada sensível para o mercado financeiro. O BC tem um calendário próprio, que tende a passar ao largo das questões políticas. Esse calendário deve seguir normalmente durante o possível afastamento de Dilma, com as entrevistas de fim de mês à imprensa, encontros com economistas do setor privado e intervenções no mercado financeiro, entre outros pontos.
STF suspende julgamento sobre dívidas e dá vantagem a Estados FONTE ISADORA PERON E RACHEL GAMARSKI – JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 27 Abril 2016 às 21h 36
Ministro Luís Roberto Barroso defendeu suspensão de 60 dias, argumentando que a questão é política; tribunal mantém a cobrança de juros simples e pede consenso BRASÍLIA - Na disputa entre Estados e União sobre o modelo de correção das dívidas a decisão preliminar do Supremo Tribunal Federal (STF) foi mais favorável aos Estados. A Corte decidiu suspender por 60 dias o julgamento marcado para esta quarta-feira, 27, e e manteve em vigor, durante este período, as decisões liminares dadas a Estados litigantes. Mas os ministros indicaram que não concordam com a aplicação de juros simples no cálculo das dívidas estaduais, em substituição aos juros compostos. RELACIONADAS:
Relator, Fachin vota contra mudança Governo deve perder R$ 2,6 bi em abril com liminares Entenda o que acontece com as dívidas dos Estados Fazenda: Descontrole da folha explica crise
A representante da Advocacia-Geral da União, Grace Maria Mendonça, estimou em R$ 3 bilhões mensais as perdas para a União. No dia anterior, o Ministério da Fazenda havia informado que as perdas em abril seriam de R$ 2,6 bilhões.
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O ministro Luís Roberto Barroso
O Supremo determinou que durante os dois meses de suspensão da análise do mérito, decisão tomada de forma unânime, seja criado um consenso entre as partes. A representante da AGU considerou o saldo positivo, já que há um indicativo de que os magistrados são contra a mudança de metodologia, mas ressaltou o forte impacto para os cofres públicos se todos os Estados decidirem fazer moratória. Por sete votos a três, o Supremo decidiu manter as liminares até que uma decisão final seja encaminhada. O argumento dos ministros foi de que a decisão preliminar concedida não induz a aplicação de juros simples e sim que os Estados calculem suas dívidas como entendem e não sofram sanções. O ministro Luiz Roberto Barroso argumentou que, caso as liminares fossem revogadas, os Estados entrariam na mesa de negociação com a União sem uma moeda de troca e enfraquecidos. "Ninguém vai sentar na mesa de negociação inocente, cada um carrega a sua culpa", afirmou. O ministro Edson Fachin, relator do mandado de segurança que concedeu o benefício para Santa Catarina, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, foi contrário aos Estados e se manifestou a favor da interpretação da União, de que as dívidas deveriam continuar a ser calculadas por juros compostos, como a maioria dos contratos financeiros. O Ministério da Fazenda argumenta que uma mudança da metodologia pode causar um colapso no sistema financeiro já que todos os contratos poderiam ser contestados a partir de uma decisão favorável aos Estados. Até o fim da sessão desta quarta-feira, 27, 11 liminares foram concedidas, para Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Alagoas, Minas Gerais, Pará, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Sergipe. A ministra Rosa Weber estava esperando o julgamento para 18
decidir se concederia liminares para os pedidos que estão em seu gabinete. Amapá, Distrito Federal, Pernambuco e Bahia já entraram com o pedido na Corte, mas ainda não tiveram os resultados proferidos. Ficou a cargo do ministro Barroso propor o adiamento da decisão. Apesar do clima de crise política por que passa o País, o magistrado afirmou que o prazo concedido é suficiente para traçar um caminho de entendimento entre as partes. Barroso criticou o processo de judicialização que está acontecendo no Brasil. "Há um problema no Brasil em que tudo está sendo judicializado", argumentou. Barroso também foi o responsável por defender a manutenção das liminares e foi acompanhado pelos ministros Celso de Mello, Luiz Fux, Rosa Weber, Cármen Lucia, pelo presidente Ricardo Lewandowski e Teori Zavascki. Foram vencidos os ministros Marco Aurélio Melo, Gilmar Mendes e o relator Edson Fachin. "Qual o único cacife que se pode dar aos Estados? Manter a liminar é um modo de incentivar a união ao equilíbrio", afirmou Teori, que acompanhou o voto de Barroso. Ainda por decisão unanime, a corte decidiu que as partes serão intimadas em 30 dias.
Exportações e concessão devem ser prioridade para voltar a crescer FONTE MURILO RODRIGUES ALVES E ADRIANA FERNANDES - JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 28 Abril 2016 às 11h 02
Segundo ex-ministro Moreira Franco, as duas áreas terão mudanças para dar ‘choque de confiança’ na economia BRASÍLIA - Braço direito do vice-presidente Michel Temer, o ex-ministro Moreira Franco elegeu as concessões e as exportações como duas frentes prioritárias para a retomada do crescimento econômico. Um eventual governo Temer fará uma mudança de rumo nessas duas áreas para dar um “choque de confiança” na economia brasileira. As medidas estão sendo pensadas em conjunto com a ofensiva fiscal que deve ser proposta pela equipe econômica para reequilibrar as contas públicas. RELACIONADA:
Eventual governo Temer estuda rever regime de partilha de petróleo
Em entrevista ao Estado, Moreira Franco afirmou que caso Temer assuma a Presidência será modificado o modelo pelo qual há fixação de taxas de retorno dos investimentos feitos pelas empresas. Essa foi a prática comum dos leilões conduzidos pelo governo Dilma Rousseff. A regra, sempre criticada e associada a um excesso de intervencionismo do governo no setor privado, fixa qual deve ser o lucro máximo para investimentos adicionais feitos nos empreendimentos. “Ainda não tive condição de definir a remodelagem, mas certamente não terá esse tipo de equívoco”, afirmou o ex-ministro da Aviação Civil do governo Dilma. Para ele, 19
as regras devem ser mais claras e transparentes, condição necessária para o sucesso dos leilões. OS DESAFIOS ECONÔMICOS DE UMA GESTÃO TEMER
Márcio Fernandes/Estadão Sondagem
O vice-presidente Michel Temer tem conversado com importantes figuras do mundo empresarial e econômico, no que tem sido visto como uma sondagem informal para a formação de sua equipe ministerial, caso ele assuma a presidência. Se chegar ao poder, a tarefa mais urgente do peemedebista será estancar a crise aguda da economia. Veja a seguir os desafios que terão de ser resolvidos. Aliados de Temer defendem duas opções para Moreira: assumir um superministério de infraestrutura, que reuniria as pastas de Cidades, Transportes, Aviação Civil e Portos (embora haja pressão para que Transportes não faça parte desse superministério) ou uma agência estatal controladora de obras, uma espécie de núcleo de infraestrutura. O órgão seguiria a concepção do Conselhão, que reúne os pesos pesados do PIB nacional, com a diferença de ter poder decisório. O Conselhão tem o intuito de apenas dar conselhos ao presidente. Moreira também defendeu o que chamou de “política correta de exportações”. “Nossa inserção internacional é totalmente equivocada. Estamos distantes dos grandes centros consumidores”, criticou. Sob o governo Dilma, o Brasil deixou de lado oportunidades de fechar acordo com as grandes economias. “Estamos distante dos grandes centros consumidores. Nossas relações internacionais não nos colocam em um mundo da inovação, da produção de tecnologia, do crescimento.”
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Segundo Moreira, a questão fundamental para o um eventual governo Temer será encontrar um caminho de rearranjo das contas públicos sem aumento de impostos. “O desequilíbrio fiscal é o alimento que nutre todo esse estado de inviabilidade que impede a economia de voltar a crescer”, disse. Ele afirmou que a capacidade tributária brasileira está “esgotada” e que um aumento de tributos agravaria a recessão econômica. Moreira disse que é pelo lado da redução das despesas que será possível restabelecer as condições de confiança na política fiscal brasileira e, consequentemente, na economia.
Carros novos do país terão selo de poluição; confira melhores e piores Eduardo Anizelli/Folhapress
Ford Ka é o compacto menos poluente, de acordo com ranking do Inmetro
FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, MACHADO DA COSTA DE BRASÍLIA 28/04/2016 às 12h 35
A partir de maio, todos os automóveis novos comercializados no país terão o selo de eficiência, fornecido pelo Inmetro, que classifica o consumo e a emissão de poluentes. 21
Até então, apenas cinco montadoras tinham aderido ao modelo. Com a reformulação do programa, agora são 35 montadoras e importadoras que disponibilizam seus veículos a serem classificados pelo Inmetro. Segundo o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), a etiquetagem atinge 91% dos veículos comercializados no país e, até o final do ano, todos os carros serão etiquetados O governo, em 2013, definiu uma meta para a etiquetagem de veículos. A expectativa era que 81% dos veículos fossem classificados. A meta estava presente no programa InovarAuto, com o objetivo de incrementar os investimentos em tecnologia no Brasil. "É um programa que está incentivando o aumento da eficiência e da performance dos veículos", afirma Luís Fernando Panelli César, do Inmetro. A eficiência é definida por categorias. Assim, os carros são classificados entre as notas A e E, sendo a primeira a mais eficiente, nos diversos tipos: compactos, minivans, esportivos, fora de estrada, entre outros. VEJA O RANKING DOS VEÍCULOS MENOS POLUENTES Compactos 1 - Ka / Ford - 95 g/km de CO2 2 - March / Nissan - 96 g/km de CO2 3 - Fox / Volkswagen - 98 g/km de CO2 4 - HB20 / Hyundai - 101 g/km de CO2 5 - C3 / Citroen - 102 g/km de CO2 Minivans 1 - Grand Livina / Nissan - 139 g/km de CO2 2 - Dobló / Fiat - 144 g/km de CO2 3 - Freemont / Fiat - 164 g/km de CO2 4 - Santa Fé / Hyundai - 175 g/km de CO2 Fora de estrada 1 - Jimny / Suzuki - 134 g/km de CO2 2 - Novo Duster / Renault - 141 g/km de CO2 3 - Ecosport / Ford - 146 g/km de CO2 4 - Macan / Porsche - 149 g/km de CO2 5 - Evoque A9 / Land Rover - 150 g/km de CO2 Esportivos 1 - Cooper S / Mini - 121 g/km de CO2 2 - TT / Audi - 123 g/km de CO2 3 - C 180 / Mercedes - 132 g/km de CO2 4 - 428i / BMW - 145 g/km de CO2 5 - Boxster / Porsche - 146 g/km de CO2 SUV (Utilitários Esportivos) 1 - S-Cross / Suzuki - 106 g/km de CO2 2 - 2008 / Peugeot - 118 g/km de CO2 22
3 - HR-V / Honda - 120 g/km de CO2 4 - Soul / Kia - 132 g/km de CO2 VEJA O RANKING DOS CARROS MAIS POLUENTES Compactos 1 - Idea / Fiat - 128 g/km de CO2 2 - HB20X / Hyundai - 126 g/km de CO2 3 - Swift / Suzuki - 125 g/km de CO2 4 - Punto / Fiat - 125 g/km de CO2 5 - Gol 1.6 / Volkswagen - 123 g/km de CO2 Minivans 1 - Town & Country / Chrysler - 196 g/km de CO2 2 - Journey / Dodge - 185 g/km de CO2 3 - J6 / JAC - 175 g/km de CO2 Fora de Estrada 1 - Cayenne / Porsche - 189 g/km de CO2 2 - RX350 / Lexus - 189 g/km de CO2 3 - Outlander / Mitsubishi - 183 g/km de CO2 4 - X4 / BMW - 183 g/km de CO2 5 - Grand Vitara / Suzuki - 172 g/km de CO2 Esportivos 1 - 911 Carrera / Porsche - 178 g/km de CO2 2 - Panamera / Porsche - 169 g/km de CO2 3 - F-Type / Jaguar - 167 - g/km de CO2 4 - E250 Turbo / Mercedes-Benz - 163 g/km de CO2 5 - M235i / BMW - 156 g/km de CO2 SUV (Utilitários Esportivos) 1 - Tucson /Hyundai - 172 g/km de CO2 2 - ASX / Mitsubishi - 159 g/km de CO2 3 - Air Cross / Citroen - 145 g/km de CO2 4 - Renegade / Jeep - 133 g/km de CO2 Fonte: Inmetro
O companheiro Meirelles A principal expectativa é a de que a nomeação de Henrique Meirelles libere certo nível de confiança aqui e no exterior FONTE JORNAL O ESTADO de S. PAULO, Celso Ming 27 Abril 2016 às 21h 00
O vice-presidente da República, Michel Temer, pensa duas vezes até para perguntar “como vai?”. Por isso, quando afirmou ao jornal O Globo que “se tivesse de assumir hoje, o ministro da Fazenda seria Henrique Meirelles”, então a escolha já está feita. RELACIONADAS:
Tombini deve permanecer no Banco Central em período de transição para eventual governo Temer
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Meirelles já alinha discurso com novo ideário do PMDB
Meirelles é o tipo do cara que não troca o certo pelo duvidoso, especialmente em doutrina econômica, e talvez por isso tenha enfrentado a repulsa da presidente Dilma, tão chegada a experimentos.
Meirelles. Desafios e voo alto
Quando foi apresentado como presidente do Banco Central em 2002, o então recém-eleito presidente Lula o chamou de “companheiro Meirelles”, tratamento surpreendente levando-se em conta que Lula vinha do movimento sindical em permanente conflito com os patrões, e o banqueiro Meirelles fora presidente mundial do Grupo FleetBoston. No comando do Banco Central foram oito anos de busca persistente da solidez dos fundamentos macroeconômicos, sem o que não há previsibilidade e, sem previsibilidade, os negócios não prosperam, dizia ele. Por isso mesmo, foram constantes os conflitos com o então ministro Guido Mantega, que não ajudou a ancorar os preços com sua política fiscal frouxa demais e com as escolhas heterodoxas que afinal levaram ao desastre conhecido. Sem nunca levantar a voz, Meirelles fez o suficiente para tourear Mantega. Para isso, contou com certo apoio do então presidente Lula. Tentou segurar as pressões inflacionárias com dinheiro curto (juros altos) e com uma política cambial que manteve o dólar relativamente barato, que segurou os preços dos produtos importados. No âmbito do Bank of International Settlements, o BIS, organismo com sede em Basel, que funciona como banco central dos bancos centrais, Meirelles colheu elogios dos demais banqueiros por sua atuação no Brasil. No Confira, você tem a trajetória da inflação e dos juros básicos (Selic) nos oito anos em que permaneceu no posto. Em 2008 foi criticado por puxar pelos juros, quando a maioria dos bancos centrais já havia optado pelo afrouxamento. Meirelles, no entanto, preferia errar pelo excesso de austeridade do que por excesso de permissividade. Também foi criticado por ter permitido a valorização do real por tempo demais. Nesse campo, no entanto, seu maior sucesso foi a política de aumento de reservas externas, que, no tempo dele, saltaram de US$ 38,8 bilhões para US$ 288,6 bilhões. Embora nem Temer nem o próprio Meirelles tenham avançado sobre o que pretendem agora da política econômica, dá para entrever os objetivos iniciais. 24
A principal expectativa é a de que a nomeação de Henrique Meirelles libere certo nível de confiança aqui e no exterior. Nesse ambiente, os investimentos tenderiam a ser retomados, as cotações do dólar se manteriam relativamente baixas, de maneira a que contribuíssem para a derrubada da inflação e dos juros. Como todos sabemos, as maiores dificuldades se concentram na área fiscal. Mas se Meirelles conseguir convencer os agentes econômicos de que logo adiante o PIB voltará a andar, ficará mais fácil distribuir o sacrifício que se exigirá da população. Jogam de antemão a favor a substancial melhora das contas externas e a inflação agora em baixa. Meirelles não esconde suas ambições. Sabe que seu futuro político dependerá da apresentação de resultados. Se o crescimento voltar, se a inflação e o desemprego mergulharem e se as contas públicas embicarem para o equilíbrio, estará se cacifando para voos mais altos - como em 1994 aconteceu com o ministro da Fazenda do governo do então presidente Itamar Franco, que também se instalou depois de um processo de impeachment. CONFIRA:
Selic e Inflação
Contratando reforços aqui, ali e acolá FONTE THE ECONOMIST 27 Abril 2016 às 05h 00
Por que executivos de fora das empresas estão sendo cada vez mais escolhidos para ocupar o cargo de presidente Fazer ou comprar talvez seja a questão mais básica no mundo dos negócios. Na semana passada, a consultoria Strategy& divulgou relatório afirmando que é cada vez maior o número de empresas que respondem “comprar” quando se trata de nomear um novo CEO.
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Há 17 anos, a Strategy&, que hoje é uma divisão da auditoria PwC e já atendeu pelo nome de Booz & Co., estuda a sucessão de CEOs nas 2,5 mil maiores empresas de capital aberto do mundo. Seus analistas verificaram que, entre 2012 e 2015, os conselhos de administração dessas companhias escolheram executivos de fora da empresa em 22% das sucessões planejadas, quando, entre 2004 e 2007, isso só havia acontecido em 14% dos casos. Examinando-se os números por outro ângulo, verifica-se que, dos executivos que vieram de fora para comandar a empresa, 74% o fizeram no contexto de uma sucessão planejada no período 2012-2015 (frente a 45% entre 2004 e 2007). Tradicionalmente, os conselhos de administração só recorrem a “outsiders” em último caso — quando precisam demitir o atual CEO ou quando não há bons candidatos nos quadros da companhia. Os novos dados indicam que a contratação de gente de fora é um procedimento cada vez mais comum nos processos sucessórios planejados.
J.C. Penney demitiu CEO vindo de fora após ações despencarem Há bons motivos para isso. Os conselhos buscam líderes capazes de lidar com forças disruptivas poderosas, como novas tecnologias e modelos radicais de negócios. As empresas de setores em que as inovações tecnológicas ou as mudanças regulatórias produziram transformações profundas revelam particular disposição para apostar em gente de fora. Entre 2012 e 2015, no segmento de telecomunicações, 38% dos novos CEOs eram outsiders; no de prestadoras de serviços públicos, eram 32%; no de saúde, 29%; no de energia, 28%; e no financeiro, 26%. A amplitude da área de busca é variável: no setor financeiro, quase todos os outsiders (92%) vinham de outras instituições financeiras; entre as prestadoras de serviços públicos, 72% vinham de outros setores. Hoje em dia, os conselhos de administração são mais independentes do que no passado, principalmente em razão das mudanças regulatórias implementadas após a eclosão de uma série de escândalos de governança corporativa no início da última década. Tende a ter na composição dos conselhos maior número de outsiders para valer indivíduos que não estão comprometidos com o CEO e que dispõem de ampla gama de contatos e perspectivas. Isso restringe a liberdade de que antes os CEO desfrutavam e que lhes permitia indicar o sucessor de sua preferência. O headhunter Spencer Stuart calcula que, no ano passado, 84% de todos 26
os membros dos conselhos de administração das empresas que compõem o S&P 500 eram independentes e que 29% dos conselhos eram presididos por alguém efetivamente desvinculado do CEO. A Strategy& diz que só 7% dos CEOs nomeados em 2015 também se tornaram presidentes do conselho de administração de suas companhias. A independência dos conselhos de administração é reforçada pela ascensão dos investidores ativistas. Para os investidores institucionais e os fundos de hedge, os conselhos de administração não fazem nada mais que sua obrigação ao exigir que os executivos respondam por seus atos e ao demitir aqueles cujo desempenho fica muito aquém do esperado. Segundo o banco de dados de ativismo corporativo SharkWatch, quando investidores ativistas ganham assento no conselho administrativo de uma empresa, o resultado, em quase a metade dos casos, é que em até 18 meses o CEO acaba sendo substituído. À primeira vista, a moda dos outsiders é preocupante. Trata-se de algo que provavelmente contribui para elevar a remuneração dos executivos. Além disso, tradicionalmente, a “prata da casa” tem desempenho melhor: entre os CEOs que se aposentaram em 2005 e que haviam sido selecionados entre os funcionários da própria empresa, a mediana de tempo no cargo era de 5,8 anos, contra 4,8 anos dos outsiders. Em alguns casos, a opção por trazer alguém de fora resultou em fiascos retumbantes. O Yahoo foi buscar Scott Thompson no PayPal, só para demiti-lo meses depois, quando descobriu que o executivo havia falsificado suas qualificações acadêmicas. A varejista J.C. Penney tirou Ron Johnson da Apple, mas o pôs no olho da rua após ver suas ações perderem metade do valor. Resultado. Por outro lado, até pouco tempo atrás o desempenho dos outsiders era prejudicado pelo fato de que normalmente as empresas só recorriam a eles quando se viam em palpos de aranha. Agora isso mudou e eles vêm sendo contratados também quando as coisas vão bem: no ano passado, as empresas do quartil superior de performance (medida pelo retorno total aos acionistas) contrataram uma proporção maior de outsiders do que as companhias que não tiveram bom desempenho, e os outsiders que estavam se aposentando haviam permanecido mais tempo no cargo do que os selecionados entre a prata da casa. Ao olhar tanto para dentro, como para fora da empresa na hora de escolher um CEO, os conselhos de administração ampliam seu leque de opções. De qualquer forma, a mudança mais importante não é que agora os conselhos de administração às vezes resolvem ir buscar o CEO fora da empresa, e sim que eles estão desempenhando melhor sua tarefa mais básica: planejar a sucessão do CEO. Já não era sem tempo.
O mar está para monstros FONTE JORNAL FOLHA DE S. PAULO, LAURA CARVALHO 28/04/2016 às 02h 00
Quando indagado sobre o espaço aberto por crises econômicas para o fortalecimento do campo progressista, Yanis Varoufakis, em palestra proferida na segunda-feira (25) na New School, em Nova York, foi categórico: "Tempos de grave recessão não são tempos revolucionários, são tempos que criam monstros". A resposta pode à primeira vista parecer contraditória com a sua própria experiência recente enquanto ministro da Fazenda da Grécia por um partido de esquerda que deve boa parte de sua existência e certamente de sua vitória nas urnas à grave crise que assola o país. Quiçá o fracasso de Varoufakis nas negociações com a "troica" formada por União Europeia, Banco Central Europeu e FMI tenha lhe tirado o que lhe restava de otimismo. O estudo dos economistas Hans Grüner e Markus Brückner, realizado a partir de dados de 16 países da OCDE entre 1970 e 2002, parece dar razão a Varoufakis quando conclui que uma redução de 1% na taxa de crescimento econômico tende a elevar em 1% a participação dos 27
partidos de extrema direita no total de votos. O crescimento recente nas pesquisas de intenções de voto de um candidato que faz apologia pública à tortura sugere que o Brasil não foge à regra. No livro "The Moral Consequences of Economic Growth", o professor de economia política de Harvard Benjamin Friedman parte de vasta evidência histórica para defender que o crescimento econômico não é um facilitador apenas de melhorias materiais, mas também da liberdade, da tolerância, da justiça e da democracia. A estagnação e a prosperidade mal distribuída, ao contrário, tenderiam a fomentar o aumento da violência e o surgimento de ditaduras. Friedman trata, no entanto, de uma importante exceção à regra. Nos anos de 1930, os Estados Unidos conseguiram fortalecer os valores democráticos em meio à Grande Depressão. O autor atribui essa sorte ao New Deal do presidente Roosevelt, que qualifica como uma tentativa de "espalhar a oportunidade econômica o mais amplamente possível". Considera que, em vez de procurar "bodes expiatórios para excluir", o caminho escolhido foi "deliberadamente pluralista e inclusivo", com o objetivo não somente de restaurar a prosperidade econômica mas de criar maior igualdade de oportunidades. Ainda que hipóteses históricas nunca sejam universais, como apontou o historiador Alexandre Gerschenkron, a opção por não realizar uma reforma tributária e por abandonar os investimentos públicos em prol da implementação de políticas recessivas e excludentes –no governo Dilma Rousseff e, mais ainda, em um eventual governo Temer sem legitimidade– parece, no caso brasileiro, nos tirar do caminho da exceção e nos colocar na espiral descendente do agravamento da crise econômica, do aumento da intolerância e do enfraquecimento da democracia. "O Minotauro Global", livro de Yanis Varoufakis que trata do papel central dos Estados Unidos e de Wall Street na absorção dos produtos e do capital financeiro globais entre o fim do sistema de Bretton Woods e a crise de 2008 ano em que são desnudados os graves desequilíbrios da economia mundial que ainda prejudicam sua retomada, acaba de ser lançado no Brasil pela editora Autonomia Literária.
A Eletrobrás tem solução? FONTE JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO, Elena Landau * Opinião Economia, 28 Abril 2016 às 08h 11
A Eletrobrás anunciou um prejuízo de R$ 14,4 bilhões em 2015, quase cinco vezes maior que o registrado em 2014. Vários fatores contribuíram para o aprofundamento da crise na estatal de energia, com destaque para o populismo tarifário, resultante da desastrada Medida Provisória (MP) 579, e a participação em setores que não são parte de sua vocação original, como o segmento de distribuição de energia. Desde que aderiu às condições de venda de energia impostas pela MP 579, a empresa vem apresentando péssimos resultados. O presidente da estatal reconheceu que a adesão aos novos contratos gerou perdas anuais de receitas superiores a R$ 8 bilhões. No resultado de 2015 se destaca, uma vez mais, o prejuízo com suas empresas de distribuição, que atingiu R$ 5,1 bilhões. São empresas localizadas principalmente no Norte e no Nordeste, mais a Celg-D, de Goiás. Ano após ano, tais empresas absorvem recursos da Eletrobrás sem nenhuma melhoria perceptível nas suas finanças ou na prestação do serviço. Seus indicadores de qualidade são os piores do País, o DEC (Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora) médio, 28
por exemplo, é de 37 horas, ante 15 horas das demais distribuidoras. A leniência dos órgãos reguladores com empresas estatais é notória. Achar que a Eletrobrás pode reverter esse quadro é ilusório, mas a privatização desse grupo de empresas, às vezes anunciada, é sempre adiada. Melhor vender as empresas como estão, sem a necessidade de novos aportes da União, como foi recentemente anunciado. Outra opção seria simplesmente obedecer aos critérios regulatórios previstos em lei e negar a renovação de seus contratos já vencidos. As concessões retornariam para a União, que poderia organizar diretamente a venda ou sua reestruturação. A Celg-D é a única das sete distribuidoras com processo de venda em andamento que, apesar de alguns adiamentos, segue em frente por mérito do governo estadual. De maneira geral, os desinvestimentos anunciados pelo governo federal vêm priorizando a geração de caixa mais imediata, o que explica o elevado preço inicialmente anunciado para a distribuidora de R$ 8 bilhões. Mesmo tendo sido drasticamente revisto para baixo, há quem ainda o considere alto em função do montante da dívida e o investimento necessário para atingir os critérios de qualidade exigidos no prazo contratual. Problemas que são comuns a todas as distribuidoras da Eletrobrás. De todo modo, vale testar o apetite do mercado. Mas há sempre um preço que atrai investidores. Cabe ao vendedor fazer um cálculo de custobenefício. O preço correto para as distribuidoras da Eletrobrás parece ser o de interromper a drenagem de recursos do Tesouro. O ganho para a empresa seria o que deixa de perder, e não apenas quanto vai receber. Se o momento, de fato, não se mostrar propício à venda, há outras formas de desestatização a serem estudadas. Empresas privadas com concessões em áreas semelhantes às da Eletrobrás têm indicadores de qualidade e financeiro muito superiores, atendendo melhor seus consumidores e seus acionistas. Contratos de gestão poderiam ser negociados com essas concessionárias para preparar as estatais estaduais para venda futura, sem maiores ônus para o Tesouro. Soluções há de haver, mas é necessário determinação. A perda de relevância do sistema Eletrobrás no setor elétrico é impressionante. Antes a maior empresa do setor, tem hoje valor de mercado muito inferior ao de sua ex-subsidiária Tractebel, empresa resultante da privatização do parque gerador da Eletrosul. Será sua decadência inevitável? Se o governo continuar fazendo mais do mesmo, a resposta é “sim”, mas, se estiver disposto a aproveitar a conjuntura de excedente de oferta de energia, gerada pela brutal queda na demanda decorrente da recessão, e montar um plano de reestruturação da empresa, a resposta pode ser “não”. Uma solução para as suas distribuidoras de energia é o primeiro passo. *ECONOMISTA E ADVOGADA
Temer deveria ajudar Estados e privatizar, afirma expresidente do BC FONTE JORNAL FOLHA DE S. PAULO, BRUNO VILLAS BÔAS DO RIO 28/04/2016 às 02h 00 Ricardo Borges - 20.abr.2016/Folhapress
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Entrevista com o economista Gustavo Franco
O economista Gustavo Franco, 60, presidente do Banco Central na gestão de Fernando Henrique Cardoso, afirmou que um eventual governo Michel Temer deve tomar duas ações urgentes na área econômica: auxiliar os Estados e reduzir a dívida pública, o que passaria por privatizações. "Resolvendo esses dois problemas, em dois anos seria um sucesso consagrador", disse o sóciofundador da Rio Bravo Investimentos, que falou à Folha em seu escritório na Urca, zona sul do Rio, na quarta-feira (20). Defensor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, ele diz haver uma "incompatibilidade de gênios" entre a economia e a petista. Franco disse não cogitar um posto na equipe de Temer; procurado novamente nesta terça (26), negou o rumor de que iria para o BC e elogiou a possível nomeação de Henrique Meirelles para o Ministério da Fazenda. "É um ótimo nome, uma pessoa que transcende a área econômica, já que tem também habilidade política. Foi parlamentar, conhece bem o mundo político. Não são muitos os que têm essa dupla militância", disse. Folha - O senhor é favorável ao impeachment da presidente?
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Gustavo Franco - Acho melhor que ela não permaneça. Há quase uma incompatibilidade de gênios entre Dilma Rousseff e a vida econômica. Uma percepção geral de fadiga que indica que o melhor caminho é a mudança. Quando as coisas começaram a dar errado? Na descoberta do pré-sal. Criou uma sensação de vitória ou de redenção, uma ideia de que o Brasil deveria seguir um novo modelo. No plano macro, com a mudança do tripé econômico [regimes de metas de inflação, fiscal e câmbio flutuante]. E, no plano micro, com o abandono da agenda de ambiente de negócios em favor de um relacionamento entre o público e o privado muito pessoal, bastante politizado. Pode dar exemplos? No plano macro, a maior distorção são a política fiscal e o desaparecimento do superavit primário, com a criatividade contábil e as ilegalidades envolvidas nas pedaladas. No plano micro, o exemplo gritante é o da Petrobras, que concentra os vícios dessa nova forma de relacionamento entre público e privado, esse capitalismo de compadrio. O resultado é desastroso, porque praticamente quebrou a Petrobras. O que é o capitalismo de compadrio? É essa nova forma de capitalismo pessoal, de campeões nacionais, amigos, compadres. Isso não funciona. Veja pela Lava Jato até onde isso nos levou. É preciso recuar dessa orientação e lembrar que corrupção é resultado de afastamento de relações de mercado e falta de transparência. Felizmente o Brasil recusou essa bactéria pelos tratamentos de Curitiba. Quais medidas seriam prioritárias na área econômica num governo Temer? Existem duas urgências claras. A primeira é a situação dos Estados, por causa das ações judiciais pleiteando juros simples [na correção da dívida]. Nos anos 1990, a União refinanciou as dívidas estaduais, sem fazer o contribuinte federal pagar por comportamento esbanjador por parte dos Estados, mas dando tempo para pagar e tendo garantias muito boas. Tanto que não há mais default da parte dos Estados, que não pagam mais a folha em vez de não pagar ao governo federal. O governo federal se comportou como uma espécie de FMI [Fundo Monetário Internacional] para os Estados, e essa experiência foi fundamental para a configuração da Lei de Responsabilidade Fiscal. É o momento de um segundo capítulo. A dificuldade nos Estados é transitória, e a solução pode vir de um auxílio da União, a ser dado sob condições de fortalecer a responsabilidade fiscal. E a outra urgência? É a dívida pública. O Brasil chegou a um nível de endividamento acima do prudente. Não tenho dúvida de que é preciso recuperar o superavit primário, mas é preciso ter um plano para 31
desalavancar, ou seja, abater a dívida. Com isso, o governo ataca o problema da conta de juros. A Grécia tem uma dívida de 170% do PIB e paga 5% do PIB em juros. O Brasil tem uma dívida de 70% do PIB, mais ou menos, e paga quase 10% do PIB em juros. Tem algo errado. Essa conta seria reduzida reduzindo-se o tamanho da dívida. E como isso seria feito? Privatização e concessões. Por exemplo, a Petrobras tem dentro dela muitos ativos que já estão sendo colocados à venda, mas fora de um programa de privatização. Outra fronteira interessante é a venda de créditos. O Tesouro emprestou meio trilhão de reais ao BNDES. Como o banco vai devolver isso? Além das ações que podem ser vendidas, o BNDES tem o crédito. Você pega os créditos criados com recursos do Tesouro e privatiza. Isto é securitizar. Privatizações dividem opiniões na sociedade. Como adotá-las dando sinais positivos para população? O modo como a autoridade articula a retórica desse programa é a profissão dos políticos, que entendem a psicologia popular melhor do que os economistas. O fenômeno importante é que as pessoas relevam o superavit primário menor quando o plano de voo faz sentido. O PT ocupou cargos em estatais e agências reguladoras até os mais baixos escalões. Será preciso um desmonte? Em alguns casos, como das agências reguladoras, será preciso uma refundação. Isso seria importante para estabelecer de uma vez que somos uma democracia de mercado, uma economia capitalista de mercado, e não uma economia bolivariana. Esse plano emergencial passaria por aumento de impostos, pela CPMF? Idealmente, não. Não creio que seja necessário e nem conveniente. O benefício das medidas é no longo prazo. Como elas gerariam emprego, tirariam o país da recessão? Resolvendo esses dois problemas, em dois anos, seria um sucesso consagrador. Se as medidas são boas, elas contam com aceitação da sociedade. Naturalmente, a sociedade antecipa um pedaço dos efeitos positivos delas. Quanto tempo um novo governo teria de lua de mel com o mercado? Eu acho que o "período de graças" dura às vezes 24 horas se os sinais iniciais não são de acordo com as expectativas das pessoas. O período é curto não tanto pelas ações, mas pelo plano. Alguns economistas estão prevendo queda do PIB ainda maior neste ano, desemprego crescente. E o senhor?
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Não é fácil conseguir um fracasso desse tamanho. É resultado de muitas decisões erradas, em sucessão, mas eles [governo] conseguiram. Mas tenho por hábito não prever, apenas observar as previsões. O senhor vê governabilidade com a Câmara numa eventual presidência Temer? Será melhor, até porque hoje não há nenhuma. Depois que um vice-presidente assume, a coalização que o apoiou no impeachment se torna sua maioria parlamentar, pelo menos na partida. Um caso interessante foi o do José Sarney, que assumiu com a tragédia do presidente Tancredo [Neves]. Ele assumiu com uma sensação de menor legitimidade, após o esforço de redemocratização. É uma lição porque houve o pecado de querer agradar a todo o mundo, algo cometido de forma serial na Nova República, e o resultado em matéria de inflação foi o pior possível. Há questionamentos sobre a legitimidade de um governo Temer. É um risco? O Michel Temer foi eleito tanto como a Dilma Rousseff. Receberam os mesmos votos. Vamos ter clareza sobre isso. Outra coisa é que a presidente não foi eleita imperatriz. Ela foi eleita chefe do Executivo, que é um dos Três Poderes. O Legislativo também foi eleito. O Judiciário não é eleito, mas tem seu rito de seleção. E a ideia da divisão de poderes é um tomar conta do outro. Não há ilegitimidade ou golpe. Foi longe demais esse discurso. O nome do senhor foi cotado para a equipe de Temer. Eu vi muitos nomes da maior qualidade cogitados. Para mim, é uma honra estar entre eles. Mas participar de governo, eu acho que não. Tenho projetos pessoais e profissionais. Estou terminando um livro e gostaria de voltar à docência. Não fui procurado. Mas os nomes que eu ouvi, uns quatro ou cinco, são muito bons. Mas alguns dos cotados parecem resistir. O que talvez esteja afetando a escolha é exatamente como vai ser o governo. É difícil o vicepresidente falar antes que a situação esteja consolidada. O país está ansioso sobre como ele pretende organizar a situação política, qual coalizão o apoiará, com qual programa e ideias. Isso é mais importante que os nomes. O senhor vê chance de Dilma permanecer? Parece-me que não. Infelizmente há uma procrastinação, que está virando uma via-crúcis, um festival de autopiedade e de sofrimento da presidente que parece não ter mais perspectiva política. Ela se abraça no conforto imaginário de que está sendo tirada do cargo por um processo ilegítimo, um golpe, o que evidentemente é uma ilusão. E aí o processo se prolonga e o país fica à espera do desfecho desse sofrimento, que, tomara, seja rápido para que a gente possa retomar a vida de onde ela parou. 33
PF faz operação contra esquema que deu prejuízos de R$ 220 mi à Caixa FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, 28/04/2016 às 12h 30
A Polícia Federal realizou uma operação na manhã desta quinta-feira (28) em Alagoas para combater um esquema fraudulento de compra de imóveis pelo programa Minha Casa, Minha Vida que gerou um desfalque de cerca de R$ 220 milhões à Caixa Econômica Federal. Foram cumpridos 27 mandados de busca e apreensão, 27 de sequestros de bens e valores, além da inquirição de 40 suspeitos. Foram conduzidos para prestar depoimentos cinco funcionários do banco, 11 empresários e contadores que teriam envolvimento com o golpe. Ninguém foi preso. Donos de empreiteiras que construíam unidades do Minha Casa, Minha Vida no município de Teotônio Vilela (AL) ofereciam de R$ 1 mil a R$ 3 mil para quem comprasse suas casas, utilizando benefícios concedidos pelo programa do governo federal, como preços menores, longos prazos de quitação e juros baixos. A investigação apontou indícios de participação de funcionários da Caixa, uma vez que parte dos compradores conseguiu financiamentos imobiliários do banco mesmo não apresentando renda suficiente para obtê-los. De acordo com a PF, um grupo de contadores, a pedido dos donos das construtoras, teriam produzido declarações de Imposto de Renda falsas. Com elas, os futuros mutuários burlavam as exigências do banco e tinham acesso aos financiamentos. "Um conjunto residencial inteiro, em Teotônio Vilela, foi depredado pelos compradores, em razão de os construtores não terem entregue o dinheiro prometido para a aquisição dos imóveis", diz a PF em comunicado oficial. Os suspeitos poderão responder pelos crimes de quadrilha, falsidade ideológica, uso de documento falso, corrupção ativa, corrupção passiva 34
e estelionato qualificado. A ação desta manhã foi batizada pela PF de Operação Cabala. OUTRO LADO A Caixa Econômica informou que a operação teve origem a partir de uma notícia-crime enviada à PF pelo próprio banco, que, por meio de mecanismos de controle interno, identificou os indícios da fraude. Diz ainda que os funcionários suspeitos estão sendo alvo de uma apuração interna e que alguns deles já foram demitidos ou suspensos.
Temer propõe bônus por mérito para professores em plano para área social FONTE JORNAL FOLHA DE S. PAULO, DANIELA LIMA e VALDO CRUZ DE BRASÍLIA 28/04/2016 às 02h 00
O documento que será apresentado como o plano de governo do vice-presidente Michel Temer para a área social sugere mudanças profundas no sistema educacional brasileiro, como o pagamento de bônus a professores que melhorarem sua qualificação profissional e o desempenho de seus alunos. Batizado de "Travessia Social", o plano de Temer também prevê uma "reforma completa" no ensino médio, com uma reestruturação curricular que permita ao aluno se dedicar, já nessa fase, ao ensino profissionalizante. As medidas estão detalhadas em trecho do documento ao qual a Folha teve acesso. O texto, com um total de seis capítulos, também aborda temas como a manutenção de programas sociais e o combate à corrupção. O trecho intitulado "A regeneração do Estado" funcionará como o principal antídoto de Temer às acusações de que pretende interferir no curso da Operação Lava Jato ou fazer um governo leniente com a corrupção. Nele, há a promessa expressa de que o PMDB vai apoiar a continuidade das investigações. O documento foi formulado pela Fundação Ulysses Guimarães, centro de estudos do PMDB chefiado pelo ex-ministro Moreira Franco, um dos braços direitos do vice. O documento contou com colaborações de vários nomes cotados para o ministério de Temer, como o economista Ricardo Paes de Barros e o senador José Serra (PSDB-SP). No capítulo que trata de educação, a "Travessia Social" prega uma "maior presença do governo federal no ensino básico", e diz que a "prioridade deve ser a melhoria nas séries iniciais". Hoje, o ensino fundamental é de competência das prefeituras e o ensino médio dos Estados. O documento diz que o governo federal precisa ter "um protagonismo muito maior do que tem tido até hoje para assegurar que, na diversidade do país, as crianças tenham as mesmas oportunidades de educação e de conhecimento". 35
"Estamos nos referindo a orientações, à supervisão, mas também a recursos", diz o texto. O documento prega expressamente que seja paga uma bonificação a educadores que aderirem a um "programa de certificação". "O grande motor de ascensão social é a educação básica. Entendemos que o caminho é investir na melhoria e qualificação dos professores. É preciso ampliar certificações e cursos e beneficiar o professor que aderir. O caminho é instaurar a meritocracia", diz Moreira Franco. O sistema de bonificação de professores já funciona em alguns Estados, como São Paulo e Piauí. O tema é controverso entre especialistas, que dizem não haver comprovação de vínculo entre o pagamento de bônus e a melhoria da qualidade do ensino. Sindicatos ligados à categoria dizem condenar ainda o que entendem como adicional esporádico à remuneração e não o investimento permanente em melhorar os salários da carreira. CORRUPÇÃO A "Travessia" também vai marcar a promessa pública do PMDB de não interferência na Lava Jato e uma tentativa de aproximar o vice-presidente de entidades que fiscalizam o poder, como o Ministério Público Federal. No texto, o PMDB prega expressamente o apoio à continuidade da Operação Lava Jato e promete bancar nova legislação de combate à corrupção "chamando para este diálogo o Poder Judiciário, o Legislativo e o MPF". Nesse sentido, aliados de Temer defendem que o governo deve apoiar publicamente a aprovação de "dez medidas contra a corrupção" elencadas por procuradores que atuam na Lava Jato.
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