SÍNTESE DE JORNAIS E REVISTAS
29 DE JUNHO DE 2016
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Com melhora no cenário externo, dólar cai 2,6% e fecha na menor cotação em quase um ano. FONTE KARLA SPOTORNO E ANA LUÍSA WESTPHALEN – JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 28 Junho 2016 às 19h 29
Moeda norte-americana encerrou cotada a R$ 3,3046; bolsas têm dia de alívio após fortes perdas diante do 'Brexit' O dólar fechou em queda de 2,57%, cotado a R$ 3,3046. É o menor valor desde 23 de julho de 2015. O dia foi de recuperação nas principais praças financeiras, após a vitória do Brexit ter provocado estresse nos mercados financeiros nos dois últimos dois pregões. RELACIONADA:
BC vê mais inflação em 2016 e sinaliza que deve adiar corte nos juros
A Bolsa brasileira mostrou maior alta em sintonia com os ganhos dos principais índices americanos de ações. O Ibovespa - termômetro da bolsa brasileira - subiu 1,55%, aos 50.006 pontos. Em Nova York, o Dow Jones avançou 1,57%, e o S&P500, 1,78%. O Nasdaq subiu 2,12%.
Depois de dois dias de perda, bolsas globais têm dia de recuperação
Os investidores seguiram atentos aos desdobramentos da saída do Reino Unido da União Europeia e monitoram a reunião da cúpula da UE em Bruxelas, que tem como tema central o "Brexit". Os agentes também avaliam dados que mostraram os Estados Unidos crescendo mais do que o inicialmente estimado. A terceira leitura do PIB norte-americano do primeiro trimestre mostrou avanço de 1,1% em valores anualizados, acima da segunda leitura, divulgada no mês passado, com alta de 0,8%. Economistas esperavam expansão de 1%. Inflação. No cenário doméstico, o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) trouxe a percepção de que um ciclo de afrouxamento monetário pode não vir tão rápido. De forma geral, a mensagem de Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central, de maior compromisso com o centro da meta de inflação e, consequentemente, com um aperto monetário mais prolongado acaba afetando indiretamente o mercado de câmbio. Na coletiva, o economista repetiu o que havia falado durante a sabatina no Senado. Afirmou que o BC aprecia regime de câmbio flutuante dentro do tripé macroeconômico. Disse que a autoridade monetária "poderá usar ferramentas cambais mas com parcimônia" e que "poderá reduzir posições de swap em ritmo compatível com funcionamento do mercado". No 2
documento, o BC reforçou que a inflação em 12 meses ainda é elevada e reiterou que não trabalha com a hipótese de flexibilização monetária. Dólar turismo. Na esteira do dólar comercial, o dólar turismo também caiu, agitando o movimento nas casas de câmbio para quem deseja viajar. Nesta terça-feira, a moeda podia ser comprada na casa dos R$ 3,50. Na corretora Cotação, o dólar em espécie, já com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), era comercializado na tarde desta terça-feira a R$ 3,56; no cartão pré-pago, com taxa de IOF maior, saía a R$ 3,71. Na Confidence Câmbio, a moeda no cartão era vendido a R$ 3,68; já o dólar em espécie, a R$ 3,54. Na Sol Corretora, o produto no cartão pré-pago também saía a R$ 3,68; já o dólar em dinheiro, a R$ 3,53. Na Treviso, a moeda em espécie era vendida a R$ 3,52; no cartão, a R$ 3,59. Por que o dólar turismo é sempre mais caro? O dólar comercial é utilizado por empresas, bancos e governos para operações no mercado de câmbio, como transferências financeiras, exportações, importações, entre outros. Já o dólar turismo é utilizado para viagens, transações de turismo no exterior e débitos em moeda estrangeira no cartão de crédito. Ele é mais caro pois é calculado com base no dólar comercial mais os custos das casas de câmbio com questões logísticas, administrativas e com seguro em caso de roubo, uma vez que as transações com dólar turismo são feitas com moeda em espécie, em "dinheiro vivo". Já as transações com dólar comercial são feitas de forma eletrônica, por meio de contratos.
Senado aprova Supersimples, mas projeto volta para Câmara FONTE ISABELA BONFIM – JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 28 Junho 2016 às 20h 55
Texto sofreu modificações, como a ampliação do teto de receita de pequenas e médias empresas e a redução no número de faixas de faturamento BRASÍLIA - O plenário do Senado aprovou nessa terça-feira, 28, a ampliação do Supersimples, um sistema de tributação diferenciado para micro e pequenas empresas. Como o texto aprovado sofreu modificações e foi substituído, o projeto terá que voltar para a Câmara dos Deputados. RELACIONADAS:
No Senado, Renan Calheiros defende ampliação do Supersimples e incentivo a microempresas Senado aprova texto-base do projeto que amplia Supersimples
Após algumas semanas de discussão e diferentes emendas, os senadores conseguiram entrar em acordo sobre a matéria e o projeto foi votado por unanimidade, com 58 votos. A relatora do projeto, senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), explicou que o objetivo das alterações é fazer mais empresas aderirem ao Simples - e, consequentemente, gerar mais empregos.
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Principal modificação é ampliação do teto da receita bruta anual
Segundo ela, o texto aprovado em plenário contempla algumas das mudanças que foram discutidas na reunião dos governadores, que ocorreu há três semanas no Senado. Marta também destacou que o texto final foi fruto do entendimento com representantes das Secretarias Fazendárias dos municípios e do governo federal. "O projeto traz importantes alterações no Supersimples. As várias negociações permitiram um aperfeiçoamento do texto. Este projeto vai ajudar as empresas a não fecharem as portas", defendeu a relatora. Entre as principais modificações, está a ampliação do teto da receita bruta anual das empresas que podem fazer parte do Supersimples. O teto da chamada Empresa de Pequeno Porte (EPP) foi ampliado de R$ 3,6 milhões para R$ 4,8 milhões. A ampliação também vale para o microempreendedor individual (MEI), cujo teto de receita bruta passou de R$ 60 mil para R$ 72 mil. O número de faixas de faturamento foi reduzido de 20 para 6, segundo a relatora, para simplificar a lógica de todo o sistema. A ideia inicial era que os ajustes já valessem para o ano que vem. Mas depois de uma emenda do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), líder do governo Temer no Senado, a maioria dos ajustes entra em vigor a partir de 1º de janeiro de 2018. A proposta também inclui um parcelamento especial de débitos das empresas que integram o Simples Nacional. Os empresários terão até 120 meses para quitar suas dívidas. Inicialmente, o governo era contrário ao projeto, com receio da queda na arrecadação. Marta destacou que a perda para a União ficará em torno de R$ 1,8 bilhão, mas os Estados poderão ter impacto positivo nos orçamentos. O substitutivo passou também a prever o pagamento do ICMS e do ISS por fora da guia do Simples Nacional na parte da receita bruta anual que exceder R$ 3,6 milhões. Esses impostos são, respectivamente, de competência de Estados e municípios.
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Aposentados e pensionistas receberão 1ª parcela do 13º salário em agosto FONTE CARLA ARAÚJO - JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 28 Junho 2016 às 19h 42
No ano passado, governo adiou pagamento por causa do aperto nas contas; anúncio foi feito em reunião com sindicalistas para discutir reforma da Previdência O governo garantiu a sindicalistas que a primeira parcela do 13º dos aposentados e pensionistas do INSS será paga em agosto. O anúncio foi feito nesta terça-feira, 28, pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha em reunião com representantes da classe e do empresariado para discutir a reforma da Previdência. "Será tudo pago no prazo ordinário, como sempre foi, com exceção de 2015", disse. Ainda segundo o ministro, os pagamentos começam no dia 23 de agosto. RELACIONADAS:
Sindicalistas rejeitam idade mínima Governo e centrais discutem venda de imóveis do INSS
Em 2015, o pagamento da primeira parcela foi adiado de agosto para setembro por causa do aperto nas contas do governo. Este ano, o pagamento da segunda parcela do ordenado está prevista para o fim de novembro.
No ano passado, pagamento antecipado foi adiado de agosto para setembro
Previdência. Depois de um mês e meio de criação e cinco reuniões, o grupo de trabalho para discutir a reforma da Previdência, com a participação do governo, empregadores e sindicalistas, decidiu que um novo grupo será formado para debater a questão. Com isso, a meta de entregar uma proposta até o fim de julho, agora, segundo o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, passou para "até o fim do ano". "Quando a gente não quer decidir com rapidez se monta um grande colégio. Quando a gente quer mais rapidez, um grupo menor. Fomos para o grupo menor", disse. A sugestão, segundo Padilha, foi do Dieese, que representará as centrais sindicais. O ministro afirmou que este novo grupo se reúne já na próxima semana. A sugestão de uma equipe menor, de acordo com uma fonte que participou da reunião, foi consenso "ironicamente", porque não havia concordância nem nos números apresentados. Segundo
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essa fonte, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que participou pela primeira vez do grupo, trouxe números completamente diferente dos sindicalistas. Padilha não quis dar um prazo fechado para as conclusões do grupo. "Nós não sabemos quais serão os temas em que restarão os dissensos. Aqui começamos a construir consenso", disse, ressaltando que o grupo menor poderá se aprofundar na questão. "O grande desafio é garantir que os nossos filhos e nossos netos possam ter a garantia da Previdência Social. No ritmo que está não terão", disse. "O Brasil conquistou o envelhecimento antes de conquistar o enriquecimento", disse, afirmando que a Previdência "é um desafio que temos que vencer". Com informações da Agência Brasil
Governo desiste de fixar prazo para apresentar reforma da Previdência
FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, MARINA DIAS e EDUARDO CUCOLO DE BRASÍLIA 28/06/2016 às 18h 22
Sem consenso em mais uma rodada de conversas com as centrais sindicais nesta terça (28), o governo interino de Michel Temer decidiu formar um novo grupo de trabalho para discutir a reforma de Previdência e deixou de se comprometer com um prazo para apresentar uma proposta ao Congresso, falando apenas em aprovação ainda este ano. Segundo o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), agora a meta do governo é "ter a reforma da Previdência aprovada este ano" e, com menos pessoas envolvidas na discussão, afirma, é possível trabalhar "com mais celeridade".
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A ideia inicial do Planalto era formular uma proposta de consenso com as centrais até o fim de junho, mas a dificuldade de conseguir unidade em torno das principais medidas, como adoção da idade mínima para a aposentadoria, por exemplo, fez com que o governo adiasse o prazo. Os únicos pontos acordados foram a revisão das regras de isenção para entidades filantrópicas, que já havia sido anunciada pelo governo Temer, e a aceleração da venda de imóveis do INSS, que deve render R$ 1,5 bilhão, o que representa cerca de 1% do déficit previsto para 2017, de mais de R$ 150 bilhões. A primeira medida ainda precisa de aprovação do Congresso. O novo grupo, que começa a se reunir na próxima semana, vai usar propostas das confederações patronais e também projetos que já estão na Câmara dos Deputados como base para as discussões. Ainda de acordo com o ministro, o "pequeno grupo", o terceiro que vai discutir a questão da Previdência este ano, terá um representante do governo, um dos empregadores –que ainda não está definido e um do Dieese, entidade que vai representar os trabalhadores. 'SOLUÇÃO FOI REDUZIR' Após participar da reunião com o governo e representantes dos empregadores, o deputado Paulinho da Força (SD-SP) afirmou que "a solução" para chegar a um consenso foi "diminuir o grupo". "Na reunião de hoje teve vários dissensos, continuamos achando que o governo tem que cumprir a primeira etapa que propusemos, que não foi cumprida", afirmou Paulinho. O governo não descartou a possibilidade de reduzir o benefício fiscal para o setor do agronegócio, uma demanda dessa "primeira etapa" das centrais, embora a questão não tenha sido discutida na reunião desta terça. O deputado reforçou mais uma vez que as centrais não concordam com a fixação de uma idade mínima para a aposentadoria, medida considerada essencial para o governo Temer.
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Com maior procura, desemprego bate 11,2% no trimestre encerrado em maio
FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, BRUNO VILLAS BÔAS DO RIO 29/06/2016 às 09h 42
Uma combinação de maior procura por trabalho sem a geração de mais vagas elevou a taxa de desemprego do país para 11,2% no trimestre encerrado em maio, divulgou o IBGE nesta quarta-feira (29). O resultado foi bem acima do registrado no mesmo período do ano passado (8,1%). Também renovou o recorde do setor, ao marcar a pior taxa da série histórica da pesquisa iniciada em 2012. Economistas consultados pela agência internacional Bloomberg esperavam um aumento maior da taxa de desemprego, para 11,4% no trimestre, considerando a mediana (centro) das projeções. O país tinha 11,44 milhões de pessoas procurando emprego sem encontrar no trimestre encerrado em maio, um recorde. São 10,3% a mais na comparação com os três meses anteriores e 40,2% maior em relação a um ano antes. O rendimento real (descontada a inflação) dos trabalhadores foi de R$ 1.982 no trimestre, estatisticamente estável frente aos três meses anteriores (R$ 1.972) e 2,7% menor que em igual período de 2015 (R$ 2.037). Os dados são da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio - Contínua), que acompanha 211 mil domicílios a cada três meses em 3.464 municípios espalhados pelo país. 8
DINÂMICA No trimestre encerrado em maio, o país tinha 90,85 milhões de pessoas ocupadas (formal ou informalmente), 0,3% a menos que nos três meses anteriores. Isso significa 285 mil pessoas a menos trabalhando. Para o IBGE, a variação apontaria estabilidade. Quando comparado ao mesmo período do ano passado, porém, a população ocupada teve uma queda de 1,4%, o que representa 1,25 milhão de pessoas a menos trabalhando no país, segundo o instituto. Em um ano, essas pessoas perderam emprego, principalmente na indústria. O setor ocupou 10,7% pessoas a menos frente ao mesmo trimestre de 2015. Ao todo, 1,4 milhão de pessoas foram demitidas. A contribuição da indústria para o desemprego no país seria ainda maior se considerada a dispensa de trabalhadores terceirizados, como pessoas de segurança, limpeza e atividades administrativas. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior (dezembro, janeiro e fevereiro), o comércio foi o que mais demitiu em termos absolutos. Foram 228 mil vagas cortadas, uma queda de 1,3% no trimestre. O corte de vagas seria suficientemente ruim para a dinâmica do mercado. Mas o quadro é ainda pior por causa do crescente número de pessoas em busca de emprego para ajudar no orçamento de casa. O caso mais evidente desse movimento é o da população jovem. Em vez de dedicar mais tempo aos estudos, eles estão engrossando as filas de emprego do país para ajudar financeiramente os pais em casa. Desta forma, a força de trabalho (composta por pessoas empregadas ou em busca de emprego) cresceu 0,8% no trimestre encerrado em maio frente aos três meses anteriores. Foram 784 mil pessoas a mais.
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FORMALIZAÇÃO Segundo Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, o aumento da procura por emprego é fruto também da perda do emprego formal, com carteira de trabalho assinada. Ele diz que sem a estabilidade oferecida pelos direitos trabalhistas, como salário mínimo, 13º salário, mais pessoas de uma mesma família buscam uma ocupação para aumentar a segurança do orçamento familiar. "Além dos jovens, donas de casa e pessoas aposentadas que estavam fora da força de trabalho passam a procurar emprego por que perderam a estabilidade do emprego com carteira assinada", disse Azeredo. O emprego com carteira de trabalho assinada teve queda de 1,2% no trimestre encerrado em maio deste ano. O país tinha 34,4 milhões de pessoal trabalhando na formalidade, 428 mil pessoas a menos. Uma das válvulas de escape das pessoas em busca de emprego tem sido o trabalho informal, sem carteira de trabalho assinada. Esse tipo de ocupação aumentou 3,5% no trimestre encerrado em maio, absorvendo 343 mil pessoas.
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PNAD Contínua: taxa de desocupação fica em 11,2% no trimestre encerrado em maio de 2016 Fonte Comunicação Social do IBGE 29 de junho de 2016
Indicador / Período
Mar - Abr - Mai 2016
Taxa de desocupação Rendimento real habitual
Dez - Jan - Fev 2015/2016
Mar - Abr - Mai 2015
11,2%
10,2%
8,1%
R$ 1.982
R$$ 1.972
R$ 2.037
estável
-2,7%
Valor do rendimento real habitual em relação a:
A taxa de desocupação no trimestre móvel encerrado em maio de 2016 foi estimada em 11,2% para o Brasil, ficando acima da taxa do trimestre móvel encerrado em fevereiro (10,2%) e superando, também, a do mesmo trimestre do ano anterior (8,1%). A população desocupada (11,4 milhões de pessoas) cresceu 10,3% (aproximadamente 1,1 milhão pessoas) em relação ao trimestre dezembro de 2015 a fevereiro de 2016 e subiu 40,3% (mais 3,3 milhões de pessoas) no confronto com igual trimestre de 2015. Já a população ocupada(90,8 milhões de pessoas) apresentou estabilidade quando comparada com o trimestre dezembro de 2015 a fevereiro de 2016 (menos 285 mil pessoas). Em comparação com igual trimestre de 2015, foi registrada queda de 1,4% (menos 1,2 milhão de pessoas). O número de empregados com carteira assinada no setor privado apresentou queda de 1,2% frente ao trimestre dezembro de 2015 a fevereiro de 2016 (menos 428 mil pessoas). Na comparação com igual trimestre do ano anterior, a redução foi de 4,2% (menos 1,5 milhão de pessoas). Orendimento médio real habitualmente recebido em todos os trabalhos (R$ 1.982) ficou estável frente ao trimestre dezembro de 2015 a fevereiro de 2016 (R$ 1.972) e caiu 2,7% em relação ao mesmo trimestre do ano passado (R$ 2.037). A massa de rendimento real habitualmente recebida pelas pessoas ocupadas em todos os trabalhos (R$ 175,6 bilhões) ficou estável frente ao trimestre dezembro de 2015 a fevereiro de 2016, e apresentou redução de 3,3% frente ao mesmo trimestre do ano anterior. A publicação completa da PNAD Contínua Mensal pode ser acessada aqui. Os indicadores da PNAD Contínua são calculados para trimestres móveis, utilizando-se as informações dos últimos três meses consecutivos da pesquisa. A taxa do trimestre móvel terminado em maio de 2016 foi calculada a partir das informações coletadas em março/2016, abril/2016 e maio/2016. Mais informações sobre a metodologia estão disponíveis aqui. Quadro 1 - Taxa de Desocupação - Brasil - 2012/2016 Trimestre móvel
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2013
2014
2015
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1°
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6,8
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2°
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...
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7,4
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jan-fev-mar
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7,2
7,9
10,9
4°
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7,8
7,8
7,1
8,0
11,2
5°
mar-abr-mai
7,6
7,6
7,0
8,1
11,2 11
Trimestre móvel
2012
2013
2014
2015
2016
6°
abr-mai-jun
7,5
7,4
6,8
8,3
7°
mai-jun-jul
7,4
7,3
6,9
8,6
8°
jun-jul-ago
7,3
7,1
6,9
8,7
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jul-ago-set
7,1
6,9
6,8
8,9
10°
ago-set-out
6,9
6,7
6,6
9,0
11°
set-out-nov
6,8
6,5
6,5
9,0
12°
out-nov-dez
6,9
6,2
6,5
9,0
Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua No trimestre de março a maio de 2016, havia cerca de 11,4 milhões de pessoas desocupadas no Brasil. Esta estimativa no trimestre de dezembro de 2015 a fevereiro de 2016 correspondia a 10,4 milhões de pessoas, representando um acréscimo de 10,3%, ou mais 1,0 milhão de pessoas nesse contingente. No confronto com igual trimestre do ano passado esta estimativa subiu 40,3%, significando um aumento de 3,3 milhões de pessoas desocupadas na força de trabalho.
O contingente de pessoas ocupadas foi estimado em 90,8 milhões no trimestre de março a maio de 2016. Observou-se, ainda que esta população registrou estabilidade, quando comparada com o trimestre de dezembro de 2015 a fevereiro de 2016, apesar de ter havido uma queda de 285 mil pessoas neste contingente, mas que não é estatisticamente significativa. Em comparação com igual trimestre do ano passado foi registrada queda de 1,4%, representando aproximadamente 1,2 milhão de pessoas. O contingente de empregados no setor privado com carteira de trabalho assinada apresentou queda em ambos os períodos de comparação. Frente ao trimestre de dezembro de 2015 a 12
fevereiro de 2016 houve queda de 1,2% e, na comparação com igual trimestre do ano passado, a queda foi de 4,2%. Neste período foi registrada perda de aproximadamente 1,5 milhão de pessoas nessa condição. A categoria dos empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada apresentou acréscimo de 3,5%, frente a dezembro de 2015 a fevereiro de 2016, ficando estável frente ao mesmo período do ano anterior. O contingente de trabalhadores domésticos apresentou-se estável em relação ao trimestre de dezembro de 2015 a fevereiro de 2016 e apresentou elevação de 5,1% frente ao mesmo período do ano anterior (mais 307 mil pessoas). A categoria das pessoas que trabalharam por conta própria registrou queda de 1,3%, em relação ao trimestre de dezembro de 2015 a fevereiro de 2016 (menos 314 mil pessoas). Na comparação com o trimestre de março a maio de 2015, constatou-se um aumento de 4,3%, o que representou um acréscimo de 952 mil pessoas. O contingente dos empregadores apresentou estabilidade em relação ao trimestre de dezembro de 2015 a fevereiro de 2016, e uma redução de 5,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, menos 208 mil pessoas neste contingente. Na análise do contingente de ocupados, segundo os grupamentos de atividade, em relação ao trimestre de dezembro de 2015 a fevereiro de 2016, ocorreu retração de 2,9% na Construção (-227 mil pessoas) e de 1,7% na Agricultura, Pecuária, Produção florestal, Pesca e Aquicultura (-161 mil pessoas). Em contrapartida, na Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais verificou-se um aumento de 1,8% (268 mil pessoas). Nos demais grupamentos de atividade, não se observou variação estatisticamente significativa. O rendimento médio real habitualmente recebido em todos os trabalhos pelas pessoas ocupadas foi estimado em R$ 1.982, registrando estabilidade frente ao trimestre de dezembro de 2015 a fevereiro de 2016 (R$ 1.972), e retração de 2,7%, em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (R$ 2.037). Quadro 3 - Rendimento real habitualmente recebido em todos os trabalhos pelas pessoas ocupadas - Brasil - 2012/2016 Trimestre móvel
2012
2013
2014
2015
2016
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-
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2.009
2.052
1.989
2°
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-
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2.030
2.052
1.972
3°
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1.976
2.052
2.052
1.986
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1.983
2.050
2.042
1.974
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mar-abr-mai
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1.992
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1.937
2.009
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2.042
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1.953
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2.025
8°
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1.956
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1.995
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1.955
2.028
2.017
2.017
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Trimestre móvel
2012
2013
2014
2015
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1.948
2.027
2.025
1.992
12°
out-nov-dez
1.947
2.015
2.036
1.981
2016
Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Na comparação com o trimestre de dezembro de 2015 a fevereiro de 2016, todos os grupamentos de atividade não tiveram variação estatisticamente significativa nos seus rendimentos médios. Frente ao mesmo trimestre do ano anterior, os grupamentos que apresentaram quedas em seus rendimentos médios foram: Outros Serviços (8,2%), Agricultura, Pecuária, Produção florestal, Pesca e Aquicultura (5,5%), e Comércio, Reparação de veículos automotores e motocicletas (3,9%). Em relação ao trimestre de dezembro de 2015 a fevereiro de 2016, não se observou variação do rendimento do trabalho por posição na ocupação. Na comparação com o trimestre de março a maio de 2015, somente a categoria do Conta Própria, apresentou uma retração de 3,0% no rendimento habitual real, as demais categorias apresentaram-se estáveis nos seus rendimentos médios. A massa de rendimento real habitualmente recebido em todos os trabalhos pelas pessoas ocupadas foi estimada em R$ 175,6 bilhões de reais, mantendo-se estável em relação ao trimestre de dezembro de 2015 a fevereiro de 2016, e apresentando queda de 3,3% frente ao mesmo trimestre do ano anterior.
Abertura de vagas de emprego tem primeiro aumento desde junho de 2014 FONTE SUZANA INHESTA – JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 29 Junho 2016 às 09h 05
Na passagem de abril para maio, aumento foi de 4,1%; em relação ao mesmo mês de 2015, alta foi de 1,5%, mostra Índice Catho-Fipe
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Apesar da melhora, variação acumulada em 2016 tem queda de 7,4% RELACIONADAS:
Vendas de bens duráveis têm a maior queda em seis anos Contra desemprego, governo pretende retomar câmaras setoriais País fecha 448,1 mil postos de trabalho no ano, maior número desde 2002
SÃO PAULO - A abertura de vagas de emprego no País teve o primeiro aumento mensal e interanual desde junho de 2014, conforme apurou o Índice Catho-Fipe de Novas Vagas de Emprego, divulgado em primeira mão pelo Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado. Na passagem de abril para maio, o aumento foi de 4,1% e em maio ante maio de 2015, a alta foi de 1,5%. "Ainda assim, o ritmo de geração de vagas segue em um patamar fraco quando analisados períodos mais longos. A variação acumulada em 2016 aponta para queda de 7,4% sobre o mesmo período de 2015, que por sua vez já mostrava queda de 14,2% com relação ao mesmo período de 2014", explicam os analistas da Fipe e Catho, em nota. Por causa do resultado de maio, os indicadores derivados do Índice Catho-Fipe de Novas Vagas de Emprego também apresentaram aumento na comparação com abril. O Índice Catho-Fipe de Vagas por Candidato mostrou crescimento de 2,6%, enquanto o Índice de Novas Vacâncias subiu 4,5%. Entretanto, os indicadores, na comparação anual, têm quedas de 28,5% e de 0,4%; e retrações de 34,6% e de 9,4% no acumulado do ano, respectivamente. No caso do Índice de Vagas por Candidato, o indicador voltou a um patamar próximo daquele registrado em fevereiro desse ano, mas é o vigésimo segundo mês consecutivo de perda quando comparado ao mesmo mês do ano anterior, o que é um recorde negativo nessa base de comparação.
Governo estuda reduzir meta de inflação para 4% ao ano em 2018
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FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, VALDO CRUZ e GUSTAVO PATU DE BRASÍLIA 29/06/2016 às 02h 00
A vontade política do governo interino de Michel Temer é reduzir a meta de inflação de 4,5% para 4% em 2018, mas a decisão vai depender de uma análise da equipe econômica sobre os cenários e variáveis da economia para determinar se a medida é possível e realista. A informação é de um assessor presidencial, segundo quem a redução da meta teria o efeito positivo de mostrar o compromisso do governo atual em buscar uma inflação mais baixa. Segundo a Folha apurou, o assunto já foi discutido pelo presidente Temer com sua equipe econômica, que informou ao peemedebista que estão sendo feitas projeções para testar se a redução da meta seria exequível. O assessor presidencial fez questão de destacar que a decisão é da equipe econômica, que só vai tomá-la caso seja viável. Ele disse ainda que Temer confia na equipe de Henrique Meirelles (Fazenda), sabe que não há "fórmula mágica" na economia e tudo será conduzido de forma "transparente e realista" nesta área. NÚMEROS DA ECONOMIA Veja como eles afetam sua vida
Inflação atinge 0,78% em maio O que são inflação e política monetária? PIB do Brasil cai 0,3% no 1º trimestre Entenda como é feito o cálculo do PIB Desemprego atinge 11,2% em abril e renda real do trabalhador recua 3,3%
A decisão será tomada nesta quinta-feira (30), durante reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional), quando deve ser confirmada a meta de 4,5% para 2017, com intervalo para cima e para baixo de 1,5 ponto percentual, e fixada a de 2018. O CMN é formado pelos ministros Meirelles, Dyogo Oliveira (Planejamento) e Ilan Goldfajn (Banco Central). Nesta terça-feira (28), o presidente do Banco Central divulgou o relatório trimestral de inflação, quando disse ser "crível" atingir o centro da meta de 4,5% no próximo ano. Sobre a 16
de 2018, ele não quis fazer nenhum comentário, alegando que a decisão será tomada na quinta. Em seu cenário de referência, o relatório de inflação indica que no segundo trimestre de 2018 a inflação acumulada em 12 meses pode atingir 4,2%, ou seja, abaixo do centro da meta atual. No ano passado, a inflação fechou em 10,67%, a maior alta desde 2002 e a primeira vez em 12 anos que o índice superou a meta estabelecida. HETERODOXOS A meta de inflação está em 4,5% ao ano desde 2005. O plano original, quando foi criado o regime de metas, era reduzir gradualmente a taxa a ser perseguida pelo BC. Esse roteiro de queda da meta, porém, foi abandonado nos governos Lula e Dilma, numa das primeiras vitórias dos economistas heterodoxos na gestão petista. Entre os mais de 20 países que adotam metas de inflação, o Brasil trabalha com um dos objetivos menos ambiciosos. México e Chile, por exemplo, perseguem metas de 3%.
Inflação do aluguel fica acima das expectativas e sobe em 1,69% em junho FONTE MATEUS FAGUNDES - JORNAL O ESTADO DE S.PAULO 29 Junho 2016 às 10h 14
Variação acumulada do IGP-M em 12 meses até junho é de 12,21%; no ano, índice tem alta de 5,91% SÃO PAULO - O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), normalmente usado para reajustar contratos de aluguel, acelerou de 0,82% em maio para 1,69% em junho, divulgou nesta quartafeira, 29, a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O resultado do IGP-M de junho ficou acima do intervalo das estimativas dos analistas do mercado financeiro consultados pela Agência Estado, que apontavam mediana de 1,49%. RELACIONADA:
Para analistas, Selic estável e dólar ajudam a combater a inflação
A variação acumulada do IGP-M em 12 meses até junho é de 12,21%. No ano de 2016, o indicador acumula alta de 5,91%. Entre os três indicadores que compõem o IGP-M, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) saltou de 0,98% para 2,21% na passagem de maio para junho. Na mesma base de comparação, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) desacelerou de 0,65% para 0,33%. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) acelerou de 0,19% para 1,52%.
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A variação acumulada do IGP-M em 12 meses até junho é de 12,21% Produtor. Na passagem de maio para junho, o IPA, teve forte contribuição do grupo MatériasPrimas Brutas, que passou de alta de 2,64% para avanço de 3,66%. No estágio inicial da produção, os principais responsáveis pela aceleração foram a soja em grão (de 12,38% para 14,82%), bovinos (de -2,28% para 0,36%) e suínos (de -5,13% para 16,31%). Na contramão, foi registrada desaceleração nos preços de minério de ferro (de 3,98% para -3,65%), algodão em caroço (de 3,48% para -6,06%) e milho em grão (de 7,93% para 5,65%). O índice referente a Bens Intermediários dentro do IPA saiu de 0,38% para 1,48%. O principal responsável pelo movimento foi o subgrupo materiais e componentes para a manufatura - a taxa de variação passou de 0,71% para 2,79%. O índice relativo aos Bens Finais também registrou aceleração, ao passar de 0,21% em maio para 1,65% em junho. Influenciou no resultado o comportamento do subgrupo alimentos in natura, cuja taxa de variação saltou de 2,30% para 9,96% entre os dois meses. De acordo com a FGV, entre as maiores influências de alta no IPA de janeiro estão o feijão em grão (de 5,45% para 42,60%), soja em grão (de 12,38% para 14,82%), farelo de soja (de 17,03% para 26,12%), milho em grão (ainda que tenha desacelerado de 7,93% para 5,65%) e batatainglesa (de 27,34% para 28,48%). Consumidor. Nos preços ao consumidor (IPC), cinco das oito classes de despesa desaceleraram a alta no mês de junho. A principal contribuição partiu do grupo Saúde e Cuidados Pessoais (2,21% para 0,67%). Nessa classe de despesa, o item medicamentos em geral desacelerou a alta de 6,20% para 0,48%. No INCC, o índice relativo a Materiais, Equipamentos e Serviços registrou variação de 0,26%. No mês anterior, a taxa havia sido de 0,04%. O índice que representa o custo da Mão de Obra registrou taxa de 2,64%. No mês anterior, este grupo variou 0,32%.
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Desaceleração econômica da Argentina afeta redutos tradicionais do país Luciana Dyniewicz/Folhapress
Livraria Adan Buenosayres, em Buenos Aires, está liquidando todos seus livros para fechar
FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, LUCIANA DYNIEWICZ DE BUENOS AIRES 29/06/2016 às 02h00
Pequenos mas tradicionais serviços e estabelecimentos da Argentina estão ameaçados pela desaceleração econômica. Símbolos da cultura do país, como milongas e livrarias, sofrem com a queda do consumo, que ficou em 2,3% no acumulado dos quatro primeiros meses deste ano ante o mesmo período de 2015. A alta de até 500% na luz e no gás elevaram os gastos dessas pequenas empresas e acentuaram seus problemas. Diante desse cenário, a livraria Adan Buenosayres anunciou o fim de suas atividades depois de dez anos funcionando na avenida Corrientes, em Buenos Aires. A via é o mais tradicional reduto do país de sebos e livrarias que vendem em atacado. Ali, os estabelecimentos ficam abertos até as 2h, o que eleva a demanda (e a conta) de luz. Na Adan, as vendas caíram à metade desde o início do ano. Para o dono, David De Vita, a inflação, que começou a acelerar em janeiro, fez a população perder o poder de compra e passasse a adquirir só bens essenciais. Há 20 dias, ele anunciou uma liquidação para poder pagar os funcionários e fechar o ponto.
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A notícia teve repercussão nos jornais, a população se comoveu e filas começaram a se formar na porta. Com o sucesso da promoção, De Vita pensa agora em transformar o local em uma cooperativa. Na frente da Adan Buenosayres, a Edipo, aberta há 30 anos, também registrou recuo de 50% nas vendas. A conta de luz, que antes do reajuste das tarifas vinha a cada dois meses e ficava em 3.000 pesos (R$ 665), agora é mensal e está em 6.000 pesos.
"Só não fechamos porque o lugar é nosso e não pagamos aluguel", diz Humberto Lettieni em uma tarde de sexta sem nenhum movimento. Os organizadores das clássicas milongas (estilo de música e dança) também reclamam do panorama econômico. Julio Bassan, presidente da Associação de Organizadores de Milongas, conta que, em média, o público caiu 30% e o preço do aluguel dos espaços subiu 20%. "Quem antes saía três noites por semana agora só sai uma." Em programa de TV, o diretor da fábrica de doce de leite Vauquita (uma das mais tradicionais da Grande Buenos Aires), Luís Cuzmán, disse estar preocupado com a operação. A fatura de gás passou de 32 mil pesos (R$ 7.000) para 132 mil pesos (R$ 29 mil). Em meio às reclamações, o governo de Mauricio Macri anunciou que dará um desconto nas contas de luz e gás para pequenas empresas e clubes de bairro. Nesta quarta (29), a Câmara dos Deputados deverá votar projeto que facilita o crédito e permite que essas empresas paguem o IVA (equivalente ao ICMS) de três em três meses. 20
O economista Mariano Lamothe, da consultoria Abeceb, diz que a demanda deverá subir no segundo semestre, atenuando a crise dos pequenos negócios. "O pior passou." Lamothe lembra que essas empresas costumam sofrer mais em períodos de desaceleração econômica por terem uma margem financeira menor. Por outro lado, também são mais flexíveis e podem tentar mudar de mercado mais rapidamente que as grandes empresas.
Canário do rei FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, ALEXANDRE SCHUTRZMAN 29/06/2016 às 02h 00
Olhando do Brasil, o resultado do plebiscito que pede a saída do Reino Unido da UE (União Europeia) parece algo remoto. A libra esterlina, no momento em que escrevo, perdeu 13% do seu valor em relação ao dólar desde o Brexit; já o real se desvalorizou em torno de 1,5%. Mesmo que pudéssemos atribuir todo o movimento da moeda ao evento traumático da semana passada, a conclusão inescapável é que o mercado financeiro local não deu maior importância ao acontecimento. De fato, da perspectiva brasileira, os impactos parecem mesmo limitados. Pelo lado real da economia, o Reino Unido foi o destino de US$ 2,7 bilhões das exportações nacionais nos 12 meses terminados em maio, 1,4% do total exportado no período, pouco mais do que vendemos, por exemplo, para o Uruguai. Por outro lado, embora ao menos em tese a "fuga para a qualidade" que se seguiu ao Brexit pudesse levar a um aumento da percepção de risco, na prática esse efeito foi bastante limitado. Mantivemos a duvidosa honra de apresentar o risco-país na casa de 3% a 3,5% ao ano devido principalmente aos desenvolvimentos locais, em particular graças às dificuldades de ajustar as contas públicas. Não se segue, porém, que devamos ignorar outras possíveis (e prováveis) consequências do Brexit. Por mais que se tente associar a decisão ao intervencionismo excessivo de Bruxelas (verdadeiro, aliás), me parece claro que o voto pela saída da UE não refletiu um impulso liberalizante, mas sim seu oposto. A questão central no caso é o repúdio à livre circulação de trabalhadores no bloco, claramente exposta na questão da imigração. Uma piada local relatava que encanadores ingleses reclamavam da concorrência "desleal" de seus congêneres poloneses, que teriam o desplante de não apenas marcar visitas a seus clientes mas –para horror local– efetivamente aparecer na hora marcada. 21
Isso não é um privilégio britânico. Por mais que a elite política europeia tenha se empenhado em aprofundar a integração econômica do continente, sacudido por guerras sangrentas nos últimos séculos, a triste verdade, desnudada pela crise da zona do euro (um pedaço da UE), é que a população jamais comprou a ideia de uma união cada vez mais próxima ("ever closer union"), como expresso na Declaração Solene da UE. Ao contrário, o que sobreviveu aos planos de integração e hoje se manifesta de forma crescente é um nacionalismo xenófobo, que não raro descamba para o racismo. A faceta mais visível do fenômeno no continente é a ascensão da Frente Nacional na França, personificada por Marine Le Pen, mas está longe de se limitar a isso, encastelado nos governos da Hungria e da Polônia, ganhando força na Holanda, na Alemanha e em outros países da UE, para não mencionarmos alguns aspectos da candidatura Trump, nos Estados Unidos. São forças que agem no sentido contrário da integração, frequentemente aliadas a seu antípoda ideológico, partidos de esquerda e sindicatos, temerosos desde sempre acerca dos efeitos da globalização. Não há, portanto, como ignorar riscos políticos à expansão do comércio internacional e, por extensão, do próprio crescimento global. O Brasil faz parte dessa engrenagem e depende como nunca de crescente integração para se recuperar da crise. O Brexit é o canário na mina da globalização.
Falta de produtos no supermercado cai FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, MARIA CRISTINA FRIAS 29/06/2016 às 03h 00
A falta de produtos nas prateleiras dos supermercados diminuiu em maio, segundo levantamento da Neogrid. A ruptura, como é chamada a ausência de itens nas gôndolas, recuou de 13,1%, em janeiro, para 10% em maio —é o menor índice registrado neste ano pela pesquisa, feita em 10 mil estabelecimentos de todo o país. "Os varejistas percebem que as promoções que fizeram para manter o cliente deram resultado, notam um consumo crescente embrionário", diz Robson Munhoz, diretor da empresa que monitora estoques e vendas. Além disso, há uma demanda mais estabilizada e o aumento da disposição do empresário para estocar, diz. Apesar da melhora, a falta de itens nos supermercados permanece alta, afirma Munhoz. "Historicamente, o varejo registrava indicadores de ruptura em torno de 8%." 22
Os dados mais recentes apontam que as vendas do setor supermercadista acumulam alta de 0,24% de janeiro a abril, em relação a igual período de 2015, já descontada a inflação, segundo a Abras (que representa o setor). Após a troca de governo, houve um aumento de confiança do empresariado e uma maior disposição para investimento em produtos variados, o que acabou por reduzir as baixas nas prateleiras, avalia o executivo. De março a maio, o setor de higiene e beleza foi o que apresentou a maior redução de faltas, uma queda de 1,69%. Já o de alimentos teve o resultado mais alto, 10,57%. CARRINHO GOURMET A rede de supermercados Muffato vai passar a ter unidades com conceito gourmet. A marca testará o formato em uma loja-piloto instalada em um shopping de Londrina, no Paraná. "Se a ida ao restaurante diminuiu, o consumo de alimentos de alto padrão em casa cresceu. A ideia é ter um espaço com vinhos e carne angus", diz Everton Muffato, diretor da varejista. Além da loja conceitual, o grupo deve investir R$ 70 milhões até o fim deste ano, com a abertura de mais três lojas, um supermercado no interior paranaense e dois atacarejos em Curitiba. "O formato ganhou visibilidade com a crise. O cliente consegue economizar até 15% nas compras."
11 MILé o número de funcionários
46 UNIDADES tem o grupo, no PR e em SP
R$ 4,1 BILHÕES foi o faturamento em 2015 Quantidade de fusões entre empresas volta ao nível de 2009 Entre janeiro e maio deste ano, a quantidade de fusões e aquisições caiu 27% em relação ao mesmo período de 2015. O número de operações, 244, é o mais baixo desde 2009, quando a crise financeira dos EUA era sentida. Entre 2010 e 2015, a média de transações desse tipo foi de 326. Os dados são da consultoria e auditoria PwC. A queda é reflexo das incertezas econômicas e políticas que começaram em 2014, diz o sócio Rogério Gollo. 23
Os primeiros que diminuíram o volume de operações foram os fundos brasileiros. "Quando as dúvidas políticas se acentuaram, os estrangeiros também reduziram compras", afirma o executivo. Para os fundos de fora, os preços só ficaram mais atraentes nominalmente, diz. "As incertezas tornam difícil o cálculo de retorno de investimentos. Em negócios, essa é a conta que determina se a aquisição é barata." Pode haver recuperação neste ano -segundo Gollo, investidores aguardam a decisão sobre o impeachment. As análises de transações devem mudar, afirma André Pimentel, da Performa Partners, que dá suporte a processos de fusões. "Não se avalia mais [preço] com base no passado recente. COMIDA FRESCA O mercado de ração gourmet para bichos de estimação nos Estados Unidos alcançou US$ 13 bilhões (R$ 43 bilhões) em 2015, aponta um levantamento da consultoria Gfk. O principal tipo de alimento dessa categoria é o dos naturais, seguido das rações que não contêm grãos. Os donos dos bichos têm consciência dos benefícios de comer de forma saudável e, agora, é o tipo de produto que querem para seus animais, segundo o estudo. Essa categoria de ração tem uma maior fatia de mercado nos EUA, mas há expansão em países como China, Inglaterra, França e Espanha. Transporte... A base de clientes importadores da Santos Brasil teve alta anual de 8% no primeiro semestre deste ano para cerca de mil companhias. Com a perspectiva de retomada das importações, a meta é fidelizar a clientela. ...de cargas O recém-criado serviço de transferência de cargas de contêineres de transporte marítimo para os da própria Santos Brasil poderá ajudar a cortar gastos, segundo a operadora. A armazenagem no terminal evitaria multas.
BC ambicioso FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, EDITORIAL editoriais@uol.com.br 29/06/2016 às 02h 00
Divulgado nesta terça-feira (28), o relatório trimestral de inflação, principal documento de comunicação do Banco Central, era aguardado com especial interesse. Não se sabia ao certo de que maneira a nova diretoria da entidade pretendia conduzir a política monetária nos próximos meses. 24
Havia basicamente dois caminhos: adiar para 2018 o compromisso de levar a inflação ao centro da meta (4,5%), a fim de muito em breve reduzir a taxa básica de juros, ou postergar os cortes na Selic, com vistas a obter a convergência dos preços já no ano que vem. O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, optou pela segunda via —em suas palavras, um objetivo ambicioso, porém crível. Mirar o centro da meta será fundamental para rebaixar as expectativas de inflação e viabilizar juros menores e sustentáveis no médio prazo. Há na atitude do BC uma tentativa de restaurar a credibilidade, erodida nos últimos anos por promessas não cumpridas e subserviência ao populismo do governo. De fato, à luz das informações atuais, a escolha do BC é ousada. Nos últimos meses, houve surpresas altistas nos preços, a despeito do aprofundamento da recessão. As projeções para o IPCA em 2016 apontam alta de cerca de 7%. Essas condições tendem a influenciar também as estimativas para 2017, dado um efeito inercial particularmente forte no Brasil –um choque leva muito tempo para se dissipar, em decorrência da indexação generalizada de preços e salários. Por isso, os modelos do BC ainda sugerem inflação acima da meta no ano que vem. Goldfajn indicou que o cenário melhorará se houver uma gestão mais austera do Orçamento. O aumento da confiança na estabilidade da dívida pública reduziria o risco de fuga de ativos brasileiros e de desvalorização do real, favorecendo o controle da inflação. O alinhamento com a Fazenda, portanto, é crucial. Melhorias na administração das contas públicas precisam ser confirmadas para que os juros possam cair com responsabilidade. Tudo somado, o mais provável é que a Selic comece a ser reduzida mais para o final do ano, como é necessário. Apesar dos riscos, ensaia-se uma conjunção de fatores que, com alguma sorte, pode levar os juros a um dígito no médio prazo, de forma sustentável. Seria uma mudança expressiva no funcionamento da economia. Como reforço a esse cenário, seria desejável que o Conselho Monetário Nacional, que se reúne no dia 30, sinalizasse para a sociedade o compromisso do governo —e não apenas do BC— com a redução estrutural da inflação, adotando uma meta menor, de 4,25%, para 2018.
Juro real FONTE JORNAL FOLHA de S. PAULO, ANTONIO DELFIM NETTO ideias.consult@uol.com.br 29/06/2016 às 02h 00
Não é preciso acreditar na fantasia de que existe um equilíbrio macroeconômico "natural" que será realizado se os "mercados" funcionarem livremente e o papel do Estado for limitado a fornecer apenas os "bens públicos", que não podem ser eficientemente providos pelo setor privado, para intuir que o tal sistema só funciona bem (aumento da produtividade do trabalho próximo ao pleno emprego e uma distribuição de renda aceitável) se houver uma relação adequada entre os seus três preços fundamentais: o salário real, a taxa de juros real e a taxa de câmbio real. Isto é, eles não são independentes. O problema é que essa bela narrativa tem pouco a ver com o mundo em que vivemos. Depois da crescente separação no século 19 entre o trabalho e o capital que o emprega, o livre 25
funcionamento dos "mercados" revelou uma trindade maldita: 1) a flutuação do emprego; 2) o aumento da desigualdade; 3) a incapacidade de reduzir a pobreza absoluta, objeto da crítica demolidora de Marx. Para se defender do poder do capital, os trabalhadores se uniram em sindicatos, organizaram-se politicamente e conseguiram o sufrágio universal. As nações que souberam combinar mercados regulados com o sufrágio universal e adotaram políticas econômicas que estimulam o aumento da competição no setor privado e nas quais o governo respeita o equilíbrio fiscal conseguiram combinar liberdade individual com aumento da igualdade de oportunidades e relativa eficiência produtiva, como mostram as sociedades hoje desenvolvidas. É impossível negar empiricamente que se saíram muito melhor do que aquelas que apelaram para o intervencionismo voluntarista, o que sugere o caminho a seguir. No Brasil, por exemplo, há uma consciência geral de que a taxa de juro real é, há muito tempo, a mais elevada do mundo, com consequências dramáticas sobre a produtividade microeconômica e perturbadoras sobre a macroeconomia. Foram apontadas muitas causas para esse fato e feitas muitas tentativas para baixar a taxa, sempre terminando em fracasso pela falta de suporte da política fiscal e pelos defeitos estruturais da política monetária. O endividamento público crescente e a apropriação pela União de 75% do aumento de crédito de 2015 falam por si. Os Estados estão em situação falimentar e perderam o decoro. Estão se apropriando de recursos de terceiros depositados como garantia em bancos privados que temem ter que se responsabilizar pelos seus pagamentos e o que parecia a operação de crédito mais segura (o consignado recolhido pelo desconto em folha) está sendo ameaçado de ser postergado. Haja juro real para aguentar tanto desaforo! E com essa taxa de juros real, podemos ter um desenvolvimento saudável?
Paradoxos da globalização FONTE JORNAL O ESTADO DE S.PAULO Monica De Bolle* 29 Junho 2016 às 05h 00
“A culpa é do capitalismo global, financeirizado e desigual.” Frases de efeito como essa ressurgem sempre que o mundo é sacudido por evento inesperado. A crise financeira de 2008 foi evento inesperado. O voto britânico pela saída da União Europeia (UE) foi evento inesperado. Complexos, ambos suscitam perguntas e levantam teses. Mas, para todo problema complexo existe uma solução clara, simples, e errada. A solução não é acabar com o capitalismo ou reverter a globalização. O que diz a literatura empírica e acadêmica sobre a globalização? É verdade que a globalização aumentou a desigualdade mundo afora? De onde vem o sentimento nacionalista que se alastra nas economias maduras? Seria hora de repensar o ritmo da integração global? As evidências. Em livro recém-publicado, o economista Branko Milanovic, um dos maiores especialistas mundiais em desenvolvimento econômico e desigualdade, desvelou gráfico famoso, hoje conhecido como o “gráfico do elefante”. Ao analisar os aumentos da renda por habitante ajustados pela inflação em relação aos níveis globais de renda entre 1988 e 2008 – auge da globalização –, o autor descobriu que a parcela da população global que mais se beneficiou foi a classe média. Ou seja, ao contrário do que reza o senso comum, a classe média global passou por notável expansão durante o período de maior aceleração da globalização, entre a queda do muro de Berlim e a crise de 2008. Grande parte disso deve-se ao aumento considerável da classe média na China e no restante da Ásia. O gráfico impressiona pois, além de contradizer ideias preconcebidas, revela outro ponto interessante: a parcela que menos se beneficiou da globalização foi justamente a composta por pessoas pertencentes à classe média baixa dos países maduros.
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O formato de tromba de elefante vem da constatação de que os ganhos dos rendimentos no meio da distribuição global de renda cai abruptamente quando se chega aos 20% mais ricos, apenas para subir novamente de modo súbito quando se alcança o topo do topo, isto é, o 1% mais rico. Portanto, a globalização não aumentou a desigualdade de renda no mundo – na verdade, a globalização contribuiu para reduzi-la. Contudo, o que ocorreu foi que parte relevante da classe média mais vulnerável nos países desenvolvidos foi excluída desse processo. Sua renda não subiu, nem caiu – portanto, não houve piora absoluta. Porém, essas pessoas foram testemunhas de ganhos acelerados nas rendas dos mais ricos de seus países, e da renda de países mais pobres no mundo, criando um perigoso sentimento de exclusão relativa. De certo modo, é esse sentimento que hoje se manifesta de maneira difusa em movimentos como o Brexit, a ascensão de Donald Trump nos EUA, a adesão aos discursos de políticos nacionalistas como Marine Le Pen na França. Digo de maneira difusa pois a sensação de terem sido privados de algo provoca reações diversas nessas pessoas – do resgate das velhas tradições à xenofobia, do nacionalismo cego à vontade de retomar a autonomia nacional, fora de grandes blocos e projetos como a UE, que naturalmente levam a que se ceda parte da soberania. Seria a hora de reaver o ritmo da integração global? Em seu The Globalization Paradox, o economista e Professor de Economia Política da Universidade de Harvard Dani Rodrik descreve o trilema da globalização: a ideia de que não é possível ter, simultaneamente, um regime democrático, plena autonomia nacional, e globalização, sobretudo a globalização acelerada que marcou uma era. Há que se escolher duas dessas três premissas – a terceira, seja qual for, é sempre incompatível com as demais. O Brexit, por mais que pareça ser suicídio político e econômico para muitos, é expressão do trilema. A opção de retirar-se da UE foi exercida para que se pudesse recuperar autonomia nacional, já que sua relativa redução não mais servia à parcela da população que sente-se privada dos ganhos com a globalização. Eis, portanto, o paradoxo: a globalização reduz desigualdade, mas o faz de modo demasiado desigual. O desafio não é revertê-la. O desafio é descobrir como atenuar a desigualdade da redução da desigualdade. *Economista, pesquisadora do Peterson Institute For Internacional Economics e professora da Sais/Johns Hopkins University
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