Teorias e Usos Linguísticos: Aplicações ao Português Língua Não Materna Edição Atualizada
Coordenação
Paulo Osório Direção
Maria José Grosso
Índice Índices
9
Lista de Autores
15
Abreviaturas e Siglas Utilizadas
21
Prefácio
25
Nota Prévia
29
Nota Introdutória
31
Capítulo 1 1. A Concordância Verbal na Interlíngua de Falantes de Mandarim
33 34
Ana Madeira Maria Francisca Xavier Maria de Lourdes Crispim 1.1 Introdução
34
1.2 Pressupostos Teóricos
35
1.3 Aquisição de Formas Verbais Finitas em Português L2
36
1.4 Aquisição da Morfologia do Infinitivo Flexionado em Português L2
41
1.5 Conclusões
51
1.6 Referências Bibliográficas
53
Capítulo 2 2. Aquisição e Aprendizagem da Morfologia e Morfossintaxe Verbal pelos Falantes de Herança das Comunidades Imigrantes na Suíça
55 56
Maria da Luz Santos Silva Hanna J. Batoréo 2.1 Introdução
56
2.2 Amostras
58
2.3 Metodologia
59
2.4 Resultados
60
2.5 Discussão dos Dados
63
2.6 Conclusões
66
2.7 Referências Bibliográficas
67
Capítulo 3 3. Intersubjetividade e Evidencialidade: Os Usos de [Diski] no Português Brasileiro e de Es Ta Dze no Crioulo Cabo-verdiano
69 70
Vânia Cristina Casseb-Galvão 3.1 Introdução
70
3.2 Noções de Subjetividade e de Intersubjetividade
70
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
3
Teorias e Usos Linguísticos: Aplicações ao Português Língua Não Materna
3.3 Evidencialidade como Indicação de Intersubjetividade
74
3.4 Gramaticalização de Evidenciais a partir de Predicados de Dizer no PB e no Crioulo Cabo-verdiano
81
3.5 Conclusões
87
3.6 Referências Bibliográficas
88
Capítulo 4 4. Aquisição do Género e da Concordância de Género em Português Língua Terceira ou Língua Adicional
91 92
Jorge Pinto 4.1 Introdução
92
4.2 Género: Conceito e Aquisição
92
4.3 Categoria do Género nas Línguas Românicas Envolvidas
95
4.4 Categoria do Género em Árabe Standard
97
4.5 O Estudo 98 4.6 Conclusões 108 4.7 Referências Bibliográficas 109
Capítulo 5 5. Léxico Mental e Aprendizagem de uma Língua Estrangeira
111 112
Ricardo Gaspar Paulo Osório Maria da Graça Sardinha 5.1 Introdução: O Aprendente e as Unidades Lexicais 112 5.2 Léxico Mental 113 5.3 Associação Lexical: Níveis de Categorização 120 5.4 Método Reflexivo-Projecional 123 5.5 Conclusões 128 5.6 Referências Bibliográficas 129
Capítulo 6 6. El Estudio del Proceso de Enseñanza/Aprendizaje en el Portugués para Hablantes de Español: Especificidades e Influencia de la L1
131 132
Rocío Alonso Rey 6.1 El Campo de Investigación del Português para Hablantes de Español 132 6.2 Especificidades e Interferencia en la Enseñanza de PHE 133 6.3 Los Retos del Portugués para Hablantes de Español 141 6.4 Tres Tipos de Influencia de la L1 en la Producción 143 6.5 La Influencia de la L1 en la Construcción del Conocimiento Léxico 147 6.6 Conclusiones 151 6.7 Referências Bibliográficas 153
4
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
Índice
Capítulo 7 7. Iconicidade Verbal: Aplicações no Ensino de Línguas
157 158
Darcília Simões Lúcia Deborah Araujo Rosane Reis de Oliveira 7.1 Teoria ou Método? 158 7.2 Iconicidade no Léxico e na Sintaxe: Uma Proposta 162 7.3 Iconicidade Lexical: Um Estudo Sobre “Brasil Brasileiro” 170 7.4 A Face que Se Mostra 180 7.5 Conclusões 180 7.6 Referências Bibliográficas 181
Capítulo 8 8. Telecolaboração entre Alunos Brasileiros e Alemães: Uma Análise do Uso de Ferramentas Mediacionais
183 184
Francisco José Quaresma de Figueiredo Suelene Vaz da Silva 8.1 Introdução 184 8.2 Colaboração e Mediação no Processo de Aprendizagem em Ambientes Virtuais 185 8.3 Aprendizagem em Tandem/Teletandem 188 8.4 O Estudo 190 8.5 Resultados 192 8.6 Recursos Mediacionais Áudio, Vídeo, Chat e Emoticons 193 8.7 Recurso Mediacional Lousa Interativa 197 8.8 Recursos Mediacionais Google Translator e Dicionários Online 201 8.9 Conclusões 205 8.10 Referências Bibliográficas 206
Capítulo 9 9. O Português Língua Estrangeira: Adaptação de Materiais à Web 2.0
211 212
Maria João Marçalo Ana Alexandra Silva 9.1 Introdução 212 9.2 Curso de Formação Ensino de PLE Assistido por Computador 213 9.3 Introdução à CALL 215 9.4 Cursos de e-Learning para Professores 216 9.5 Alguns Cursos para Professores 217 9.6 Tipos de Materiais/Atividades Relacionados com a Call 219 9.7 Conclusões 243 9.8 Bibliografia 244 9.9 Webliografia 245
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
5
Teorias e Usos Linguísticos: Aplicações ao Português Língua Não Materna
Capítulo 10 10. Unidades Fraseológicas e Ensino de Língua Estrangeira: Algumas Reflexões em Torno das Expressões Idiomáticas e dos Provérbios
247 248
Liliane Santos 10.1 Introdução 248 10.2 Definições 249 10.3 Tradução das EI e dos Pv: Estratégias e Lexicografia 253 10.4 O Lugar das EI e dos Pv no Ensino de Línguas 257 10.5 Proposta de Gonçalves e Sabino (2001) 259 10.6 EI, PV, Tradução e Ensino: O Meu Ponto de Vista 263 10.7 Conclusões 266 10.8 Referências Bibliográficas 267
Capítulo 11 11. Aprendizagem de Segundas Línguas em Contexto Universitário
271 272
Catarina Castro 11.1 Plurilinguismo e Pluriculturalismo 272 11.2 Aprendizagem de Línguas em Contexto Universitário 273 11.3 Princípios Gerais de Elaboração de Materiais 275 11.4 Conclusões 280 11.5 Referências Bibliográficas 281
Capítulo 12 12. O Ensino do Português nos EUA: Do Pré-Escolar ao 12.º Ano
283 284
Maria da Graça Borges Castanho 12.1 Introdução 284 12.2 Breve Historial do Ensino do Português nos Eua 284 12.3 Elaboração da Base de Dados 294 12.4 Conclusões 310 12.5 Referências Bibliográficas 312
Capítulo 13 13. Contributos para uma Análise do Quadro Linguístico de Timor-Leste: O Caso da Língua Portuguesa
315 316
Sabina da Fonseca Paulo Osório Rosário Laureano Santos 13.1 Introdução 316 13.2 Importância da LP no Contexto Histórico-Político de Timor-Leste 316 13.3 Breve Abordagem ao Estatuto do Português e do Tétum em Timor-Leste 318 13.4 Influência da L1 no Ensino/Aprendizagem do Português 319 13.5 Para um Quadro Linguístico de Timor-Leste 320
6
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
Índice
13.6 Conclusões 332 13.7 Referências Bibliográficas 332 13.8 Webliografia 333
Capítulo 14 14. Aspetos da Realidade do Português como Língua Oficial em Timor-Leste: Uma Reflexão 10 Anos Depois da Independência
335 336
Hanna J. Batoréo Nuno Carlos de Almeida Soraia Lourenço 14.1 Introdução 336 14.2 A Realidade e o Mito: Ha’u Koalia Portugés – Bem, Mal ou Mais ou Menos? 337 14.3 O PLNM na Administração Pública em Timor-Leste: Duas Experiências 341 14.4 Política de Educação Multilingue: Prós e Contras 353 14.5 Concluões 355 14.6 Referências Bibliográficas 355
Capítulo 15 15. Aprendizagem da Língua Portuguesa num Mundo de Múltiplas Socializações e Pertenças
359 360
António Carlos da Luz Correia 15.1 Complexidade e Inquietação 360 15.2 Três Olhares Possíveis para uma Renovação Curricular 362 15.3 Incapacidade Curricular e Formação de Competências através do Currículo 364 15.4 Entre a Necessidade de Conhecimentos Linguísticos e as Competências 365 Comunicacionais para o Seu Uso Efetivo 15.5 Conclusões 367 15.6 Referências Bibliográficas 368
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
7
Lista de Autores COORDENADOR/AUTOR Paulo Osório
Licenciado em Português, Latim e Grego, pela Faculdade de Letras da Universidade Católica Portuguesa (1994), Mestre em Linguística Portuguesa, pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (1998), e doutorado em Letras (Linguística Portuguesa), pela Universidade da Beira Interior (2002), tendo sido, em 2009, aprovado em Provas de Agregação no ramo de Letras (Linguística Portuguesa), na mesma Universidade. Tem desenvolvido investigação em Linguística Histórica e em Aquisição e Aprendizagem de L2 e tem, nesses domínios, orientado inúmeras dissertações de Mestrado e de Doutoramento. Apresenta, regularmente, a sua investigação em congressos nacionais e internacionais e é autor de diversos livros, tendo publicado, ainda, vários artigos em revistas da especialidade. Tem proferido inúmeras conferências em universidades estrangeiras. Integra o Conselho Editorial de várias revistas internacionais da área da Linguística. Atualmente, é Professor Associado com Agregação da Faculdade de Artes e Letras da Universidade da Beira Interior.
AUTORES Ana Alexandra Silva
Concluiu o Doutoramento em Linguística pela Universidade de Évora, em 2008. É Professora Auxiliar na Universidade de Évora, Departamento de Linguística e Literaturas. Tem publicado, regularmente, em revistas da especialidade e é autora de livros. As suas áreas de investigação são CALL, Ensino Precoce de Línguas Estrangeiras, Sintaxe, Funcionalismo, Gramáticas de Português Língua Estrangeira, Língua Portuguesa. Ana Madeira
Professora Auxiliar no Departamento de Linguística da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e investigadora do Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa. Desenvolve docência e investigação em Sintaxe e Aquisição de Segunda Língua. Tem participado em projetos nos seguintes domínios: Sintaxe Sincrónica e Diacrónica do Português; Políticas Linguísticas; Aquisição/Ensino do Português Língua Materna e Não Materna; criação de materiais para o ensino de línguas. António Carlos da Luz Correia
Tem formação académica em História e Sociologia e é doutorado pela Universidade de Lisboa em Ciências da Educação. Publicou artigos em revistas e capítulos de livros em Portugal, Espanha, França e Brasil. Como professor convidado, tem proferido palestras e participado em seminários na USP (São Paulo, Brasil), na UFP (Pelotas, © LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
15
Teorias e Usos Linguísticos: Aplicações ao Português Língua Não Materna
Brasil) e na UNEB (Salvador, Brasil) e tem lecionado nas áreas da História da Educação, Sociologia da Educação, Sociologia da Organização Escolar e Planeamento Educativo, na Universidade de Lisboa (FPCE/IE), na antiga Universidade Técnica de Lisboa (FMH) e na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT), em Lisboa. Catarina Castro
Exerceu funções como Leitora de Língua e Cultura Portuguesas do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, nas Universidades Humboldt e Livre de Berlim (2004 a 2010) e na Universidade Nacional de Timor Leste (2001/2002). Mestre em Ensino do Português como Língua Segunda e Língua Estrangeira, concluiu, recentemente, o Doutoramento em Didática da Língua Estrangeira na Universidade Nova de Lisboa. Darcília Simões
Procientista (UERJ-Faperj). Professora Associada de Língua Portuguesa (ILE-UERJ/ /DE). Pós-doutorada em Linguística (UFC/2009) e em Comunicação e Semiótica (PUC-SP/2007), Doutora em Letras Vernáculas (UFRJ/1994), Mestre em Letras (UFF/1985). Lidera o GrPesq Semiótica, Leitura e Produção de Textos (SELEPROT/CNPq). Coordena o GT Ensino-Aprendizagem na Perspetiva da Linguística Aplicada (EAPLA/ANPOLL). Francisco José Quaresma de Figueiredo
Doutor em Linguística Aplicada, pela Universidade Federal de Minas Gerais. É Professor da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás desde 1992, onde leciona Língua Inglesa, na Graduação, e Linguística Aplicada, na Pós-Graduação. As suas áreas de interesse em pesquisa incluem tópicos relacionados com erro e correção, processo de escrita, aprendizagem colaborativa, bem como com questões interculturais na aprendizagem de línguas pelo regime de imersão. É coordenador, autor e coautor de vários livros. Hanna J. Batoréo
Completou o Bacharelato em Inglês e Espanhol pela Universidade de Varsóvia, a que se seguiu uma Licenciatura em Português, pela Cátedra de Estudos Ibéricos, pela mesma Universidade. É Mestre em Linguística Portuguesa Descritiva (Léxico e Ensino das Línguas), pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e Doutora, pela mesma Universidade, em Linguística/ Psicolinguística. Na Universidade Aberta, onde trabalha desde 1997, é Professora Associada com Agregação e é investigadora do Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa. Jorge Pinto
Doutor em Educação (Didática de Línguas), pela Universidade de Santiago de Compostela. Realizou recentemente um Pós-Doutoramento, no Centro de Linguística da Universidade de Lisboa, do qual é investigador integrado, sobre Aquisição do 16
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
Lista de Autores
Português como Língua Terceira ou Língua Adicional. Atualmente, é Professor Auxiliar da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde exerce funções de docência e de investigação na área da Aquisição e do Ensino de PLE. Liliane Santos
Licenciada e Bacharel em Letras, Bacharel e Mestre em Linguística, pela Unicamp (Brasil). Também tem um Diplôme d’Études Approfondies e um Doutoramento em Sciences du Language, pela Université de Nancy 2 (França). Tendo trabalhado na USP (1998-2001), atualmente, é Chefe do Departamento de Português da Université de Lille 3 e Coordenadora Regional do Certificado de Competências em Línguas do Ensino Superior (CLES). Tem apresentado e publicado trabalhos em universidades nacionais e estrangeiras (Miami, Estocolmo, Hamburgo, Macau, entre outras). As suas áreas de interesse incluem a Tradução, o Ensino/Aprendizagem de Português Língua Estrangeira e a utilização das Tecnologias da Informação e da Comunicação no Ensino. Lúcia Deborah Araujo
Professora Adjunta de Língua Portuguesa da Universidade do Estado do Rio de Janei ro e professora efetiva do Colégio Pedro II, instituição federal de ensino. Dedica-se aos estudos da Sintaxe e da Semântica, à análise semiótica de textos e à investigação acerca do Ensino da Língua Portuguesa Materna. Maria da Graça Borges Castanho
Docente da Universidade dos Açores, tendo à sua responsabilidade disciplinas da área da Didática e Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa e de Currículo e Género. Ao longo da sua carreira, tem sido orientadora de estágios e de dissertações de Mestrado e de Doutoramento. É autora de inúmeros artigos, livros da especialidade e contos de literatura infantil. No seu currículo conta também com ações do foro político e cívico. Foi Conselheira para o Ensino do Português para os EUA e Canadá, tendo exercido funções na Embaixada de Portugal em Washington DC; Diretora Regional das Comunidades do Governo dos Açores; primeira Coordenadora do Plano Nacional de Leitura; Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Ponta Delgada; organizadora de espetáculos pedagógico-didáticos; entre outras iniciativas. Maria da Graça Sardinha
Professora Auxiliar no Departamento de Letras da Universidade da Beira Interior e investigadora do LabCom.IFP da mesma Universidade. Desenvolve docência e investigação em Didática e Metodologias da Língua Portuguesa e das Línguas Estrangeiras e em Literatura Infantojuvenil. Tem apresentado a sua investigação em Portugal e no estrangeiro, sendo autora de inúmeras publicações nestes domínios.
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
17
Teorias e Usos Linguísticos: Aplicações ao Português Língua Não Materna
Maria da Luz Santos Silva
Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, pela Universidade de Lisboa, e Mestre em Português Língua Não Materna, pela Universidade Aberta. É Professora no Ensino de Português no Estrangeiro desde 1998, exercendo, atualmente, na área Consular de Zurique, na Suíça, colaborando também com o Centro de Línguas da Universidade de Basileia, onde leciona Português como Língua Estrangeira. Maria de Lourdes Crispim
Professora Associada, aposentada, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e investigadora do Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa. Ao longo da sua carreira, exerceu atividade docente e de investigação nos domínios da Linguística Geral, Sociolinguística, Ensino do Português como Língua Não Materna, História do Português, Francês e Italiano e Edição de Textos Medievais. Tem participado em projetos nos domínios da construção de corpora informatizados, Políticas Linguísticas, Aquisição/Ensino do Português Língua Materna e Não Materna. Dirigiu equipas portuguesas de projetos europeus sobre Política Linguística e Ensino do Português. Foi Coordenadora do Departamento de Linguística, Presidente da Comissão Pedagógica do mesmo e Presidente da Comissão Diretiva do CLUNL (2006-2010). Atualmente, como investigadora do CLUNL, desenvolve investigação, principalmente nos domínios da Lexicologia Medieval, e colabora em trabalhos sobre Aquisição de Português L2. Maria Francisca Xavier
Professora Associada, aposentada, de Linguística da Universidade Nova de Lisboa e investigadora do Centro de Linguística da mesma Universidade. Doutora em Linguística Contrastiva – Português e Inglês, com Agregação em Linguística Portuguesa – Linguística Comparada: Léxico, Sintaxe e Semântica. Desenvolve investigação em dois domínios complementares: Estudos Linguísticos, Sincrónicos e Diacrónicos e Aquisição/ /Aprendizagem de Português como Língua Estrangeira ou Língua Segunda; e criação e desenvolvimento de corpora textuais informatizados e de dicionários de Português Medieval e de Português como Língua Estrangeira ou Língua Segunda. Maria João Marçalo
Professora Auxiliar com Agregação e Diretora do Programa de Doutoramento em Linguística na Universidade de Évora. A sua investigação mais recente é sobre Português Língua Não Materna. O interesse pela Linguística Teórica tem definido uma grande parte dos seus caminhos de investigação. Nuno Carlos de Almeida
Leitor de português na Universidade de Zadar, na Croácia. Licenciado em Linguística e Mestre em Língua e Cultura Portuguesa – Especialização em PLE/PL2. Entre 2006 e 2010, viveu e trabalhou em Timor-Leste como formador/cooperante, atividade 18
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
Lista de Autores
que suportou e foi sendo suportada por trabalho de investigação sobre o Ensino do Português naquele país. É autor do livro Língua Portuguesa em Timor-Leste: Ensino e Cidadania, também publicado pela Lidel – Edições Técnicas. Ricardo Gaspar
Doutor em Letras, pela Universidade da Beira Interior, tendo apresentado uma tese no âmbito da Metodologia do Ensino do Espanhol. É professor no Agrupamento de Escolas do Fundão (AEF). Tem colaborado na lecionação de Espanhol Língua Estrangeira, no Centro de Línguas da Universidade da Beira Interior. Rocío Alonso Rey
Licenciada em Filologia Hispánica e Filologia Portuguesa e Doutora em Filologia Portuguesa. Foi Leitora de Espanhol na Universidade de Coimbra e, desde 2003, é Professora de Português na Universidade de Salamanca. As suas áreas de pesquisa são a Aquisição e o Ensino de LE na Especialidade de Português para Falantes de Espanhol. Rosane Reis de Oliveira
Doutora e Mestre em Língua Portuguesa, pela UERJ, com ênfase em Semiótica e Produção Textual. Cursou no Liceu Literário Português a Especialização em Distúrbios de Aprendizagem e Linguagem. É autora de um livro didático sobre Redação e de artigos científicos sobre Educação e Tecnologia, Distúrbios de Linguagem, Ensino a Distância. Atualmente, coordena a equipa de redação do Redação Dinâmica (em www.redacaodinamica.com.br) e dirige o Dinâmico Centro de Ensino, em Itaipava, Petrópolis. Rosário Laureano Santos
Professora Auxiliar na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH-UNL). Licenciou-se em Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e doutorou-se na FCSH-UNL em Literatura Portuguesa dos séculos XV e XVI. Tem como áreas de interesse e investigação a Receção da Cultura Clássica na Cultura Portuguesa e o Ensino do Português como Língua Materna e Estrangeira. É investigadora do Centro de História d’Aquém e d’Além-Mar (CHAM/FCSH-UNL). Sabina da Fonseca
Licenciada em Língua Portuguesa e Culturas Lusófonas, pela Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL). Mestre em Ensino do Português como Língua Segunda e Estrangeira, pela Universidade Nova de Lisboa (UNL), e Doutora em Estudos Portugueses, Especialidade em Ensino do Português, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humana da Universidade Nova de Lisboa. Entre 2005-2006, foi codocente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, na Universidade Nacional Timor © LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
19
Teorias e Usos Linguísticos: Aplicações ao Português Língua Não Materna
Lorosa’e, e, entre 2006-2008, foi docente de Língua Portuguesa na Universidade Nacional Timor Lorosa’e. Foi, ainda, membro da equipa responsável pela elaboração dos manuais escolares para o Ensino Primário em Timor-Leste e membro da equipa responsável pela elaboração do currículo do Tétum para o 3.º ciclo em Timor-Leste. Soraia Lourenço
Licenciada em Linguística e Mestre em Metodologia de Ensino de PLE/PL2, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL). Entre 2006 e 2010, foi formadora de professores em Timor-Leste no Projeto de Reintrodução/Consolidação da Língua Portuguesa, tendo também lecionado nos Ensinos Básico e Secundário em Portugal. Atualmente, é Leitora de Língua Portuguesa do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, na Universidade de Zagrebe, na Croácia. Suelene Vaz da Silva
Doutora em Letras e Linguística, pela Universidade Federal de Goiás. É Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás desde 2007, onde leciona Língua Inglesa no Ensino Médio e no Ensino Superior. As suas pesquisas abarcam temáticas relativas ao Ensino de Línguas Mediado por Ferramentas Tecnológicas, a Crenças, ao Ensino de Línguas Estrangeiras para Fins Específicos e a Erro e Correção. É Coordenadora do IFG do Programa Inglês sem Fronteiras e tem desenvolvido, a partir desse programa, projetos de parcerias internacionais, envolvendo alunos do IFG e de universidades estrangeiras, como, por exemplo, da Alemanha e dos EUA. Vânia Cristina Casseb Galvão
Professora da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás (Brasil), onde atua na graduação e na pós-graduação. É pesquisadora do CNPq. Atua na área de Teoria e Análise Linguística num viés funcionalista, com ênfase na descrição do português brasileiro e seus desdobramentos político-científicos. Fez Mestrado na UNICAMP e Doutoramento na UNESP-Araraquara. Tem estágio de Pós-Doutoramento no Instituto de Linguística Teórica e Computacional – Lisboa. É autora de inúmeros artigos publicados em revistas especializadas e de vários capítulos em livros e é também coorganizadora e coautora de diversos livros. É Presidente do Grupo de Estudos da Linguagem do Centro-Oeste (GELCO).
20
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
Prefácio Do
noroeste da Península Ibérica à incessante miscigenação na sua conquista do sul e de territórios em outras geografias, a língua portuguesa tornou‑se numa das mais faladas e numa das mais presentes no mundo virtual, reunindo todas as condições para uma internacionalização consolidada, que não se pode dissociar do peso não despiciendo que tem na economia linguística do presente e do futuro. Assumiu uma realidade de tipo ecuménico, cuja unidade se desdobra e se propaga na sua diversidade (Cristóvão, 2008: 109)*. A pluricentricidade da língua portuguesa, que assenta na sua dimensão transcontinental, é traço identitário e simultaneamente também fonte potenciadora de inovação permanente. A perspetivação da língua portuguesa, no quadro teórico‑metodológico do ensino e da aprendizagem, enquanto língua estrangeira é um facto recente na investigação em Portugal. Só com a entrada muito significativa de alunos estrangeiros no sistema de ensino português no final do século XX e após a necessidade de uma resposta urgente à fundamentação das práticas se desenvolveu, com alguma expressão, a investigação em Português Língua Não Materna, Português Língua Segunda ou em Português Língua Estrangeira. Foi criada a componente curricular de Português Língua Não Materna nos Ensinos Básico e Secundário, o Português Língua Segunda passou a ser assunto e objeto de estudo curricular a nível do Mestrado, por exemplo, e pra‑ ticamente todas as instituições de Ensino Superior criaram unidades curriculares de Português Língua Estrangeira para estudantes em mobilidade Erasmus (sobretudo). A contemporaneidade da preocupação com este estatuto do Português em Portu‑ gal contrasta com a longa duração da mesma preocupação fora de Portugal, em particular com o trabalho feito pelos leitores de Português e por outros professores, tendo mesmo sido oficialmente adotado, pela Portaria n.º 914/2009, de 17 de agosto, o QuaREPE – Quadro de Referência para o Ensino do Português no Estrangeiro. O desenvolvimento de investigação e a publicação de trabalhos sobre a temática em apreço são, pois, muito relevantes e imperiosos. Grande parte das publicações de relevo sobre Português Língua Estrangeira tem sido feita pela editora que dá forma a estas páginas e trabalho muito significativo de reflexão teórica e aplicada sobre a questão é da autoria ou supervisão de responsáveis pelo presente volume, cujo título é, por si só, revelador da abordagem e da análise multidimensional do objeto. Entre o aprofundamento teórico de perspetivas linguísticas e metodológicas e a explicitação justificada de práticas de ensino em contexto de usos diferenciados, a leitura dos 15 capítulos que se seguem reveste‑se do maior interesse para explorar diferentes estatutos da língua portuguesa, diferentes geografias e contextos sócio ‑historicamente justificáveis, diferentes problemas no processo de aprendizagem e diferentes suportes e meios para o ensino. Esta diversidade e a respetiva análise assentam em aspetos de Sociolinguística muito atuais: o contacto de línguas e os repertórios linguísticos dos falantes. * Cristóvão, F. (2008). Da lusitanidade à lusofonia. Coimbra: Almedina.
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
25
Teorias e Usos Linguísticos: Aplicações ao Português Língua Não Materna
O reconhecimento dos valores histórico, cultural e simbólico da língua portuguesa, estruturantes da sua função identitária, associados ao valor económico que lhe tem vindo a ser reconhecido, são trunfos para a sua promoção e elementos de motivação para a aprendizagem. As páginas seguintes apresentam estudos que mostram estes valores, em função dos estatutos que a língua assume em diferentes quadrantes no Planeta. Percorre‑se a relevância dos estatutos de oficial no Brasil, de cooficial em Cabo Verde e em Timor‑Leste, de língua de herança na Suíça, de língua estrangeira nos EUA, em Timor‑Leste, na China, em Espanha ou em Marrocos, de outros esta‑ tutos eventualmente mais difíceis de identificar isoladamente nos contextos referidos, como os língua de origem, língua segunda e terceira língua, e outros estatutos em consolidação, como ocorre em Timor‑Leste. O leitor atento discernirá facilmente li‑ gações possíveis entre a história e a geografia da expansão da língua e da presença de portugueses, as relações de Portugal com países de língua oficial portuguesa e com outros países e os valores e estatutos que o português assume. Dessas relações emergem condicionantes de contacto de línguas, configuradoras do processo de ensino e de aprendizagem que visa alterar e enriquecer repertórios linguísticos individuais dos aprendentes de português. O uso pedagógico destas condicionantes, materializado pelos estudos comparatistas e pela análise do erro, é dimensão constitutiva de estudos detalhados, baseados na aprendizagem da mor‑ fologia e da morfossintaxe em contextos de aprendizagem tão diferenciados como a China ou em cantões de língua alemã da Suíça. A perspetiva contrastiva é ainda a seguida no estudo das estruturas fixas e provérbios. As ilações que se retiram dos conceitos associados ao léxico mental e à existência de interlíngua permitem também reconceptualizar o ensino e a aprendizagem do Português Língua Estrangeira A reflexão sobre o ensino de línguas não pode descurar os diferentes públicos envolvidos e, em particular, as diferentes tipologias de aprendentes. Nesta coletânea, são referidos aprendentes de diferentes tipos e idades e com repertórios linguísti‑ cos diferenciados (caracterização que decorre dos estatutos assumidos pela língua, anteriormente referidos). Realce‑se que é explicitamente feita uma panorâmica de todo o ensino pré‑universitário nos EUA e há também um estudo especificamente feito sobre o Português Língua Estrangeira no Ensino Superior. Em resultado das mobilidades caracterizadoras dos nossos tempos, a língua por‑ tuguesa (como todas as outras) sofre processos de desterritorialização, e a virtua lização é cada vez mais um traço estruturante dos seus usos. Esta virtualização, potenciadora da uma pluricentricidade quase entrópica, decorre da anulação ou da reconceptualização da categoria espaço (e, em certa medida, também da categoria tempo). É, pois, imprescindível, incluir as tecnologias da comunicação e a multimo‑ dalidade nas metodologias, nas estratégias de ensino e aprendizagem de línguas e nos recursos. Também este aspeto é objeto de trabalho em partes deste volume em que se exploram tecnologias como recurso mas também como estratégia (talvez também como atividade), focando a formação de professores num caso e a apren‑ dizagem em tandem e a telecolaboração num outro.
26
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
Prefácio
Considerando novas possibilidades emergentes da teorização do ensino das línguas e as necessidades, também em emergência permanente, dos seus usos, constata ‑se uma crescente interação entre códigos, verbal, icónico, digital, etc., pelo que o recurso ao estudo da iconicidade neste processo é indispensável. Os organizadores incluem no volume um estudo sobre esta matéria. Razões semelhantes justificam a inclusão de um outro sobre intersubjetividade e evidencialidade, visto que os critérios de evidencialidade no processo de aprendizagem materializam a intersubjetividade pela compreensão mútua e são condição sine qua non para a realização de apren‑ dizagem significativa. O dinamismo requerido na área do ensino e da aprendizagem do Português Língua Estrangeira e a imperiosa atualização permanente consubstanciadas no “vaivém” entre abordagens teóricas e os usos que desta língua são feitos é uma linha condutora da leitura desta obra, cuja visão caleidoscópica do objeto é indiscutível. Este tipo de visão é um dos poucos realmente produtivos, dada a complexidade das sociedades e as incessantes mutações comunicativas, culturais e económicas. O volume termina com uma reflexão acerca da preparação para a complexidade e para a imprevisibilidade dos usos das línguas e, em particular, do português, o que justifica a importância dada à necessidade de abordagens compósitas e trans‑ disciplinares das competências linguística e comunicativa, sustentadas em Teorias e Usos Linguísticos: Aplicações ao Português Língua Não Materna.
Manuel Célio Conceição Universidade do Algarve
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
27
Nota Prévia Há
décadas que o uso da língua e a sua apropriação constituem objeto de estudo e de pesquisa de várias áreas, salientando-se as que se relacionam mais diretamente com a Linguística, como a Sociolinguística e a Psicolinguística e, muito particularmente, a Aquisição, que tem, em relação a esta última, ganho autonomia e particular importância com os estudos sobre a aquisição de uma nova língua. É neste contexto que, na Coleção Ensino Aprendizagem do Português para Falantes de Outras Línguas, surge Teoria e Usos Linguísticos: Aplicação ao Português Língua Não Materna. Este livro foca uma pluralidade de saberes implicados ou aplicados no ensino/aprendizagem da língua portuguesa a falantes de outras línguas, saberes que, embora pesquisados de modo diferenciado, estabelecem a transversalidade entre diferentes áreas. Elas têm em comum os estudos sobre a aquisição da Língua Portuguesa, o seu ensino e aprendizagem e a meta de formar cidadãos plurilingues. Os textos incluídos em Teoria e Usos Linguísticos: Aplicação ao Português Língua Não Materna abrangem diferentes temáticas, também elas abrangentes, como a análise dos erros de falantes não nativos ao longo do processo de aquisição da língua não materna, a aquisição da Língua Portuguesa num contexto plurilingue, o léxico mental, o estudo de uma língua recorrendo a associações e ainda o ensino e aprendizagem do Português em diferentes contextos. Os que se dedicam ao ensino ou ao estudo da Língua Portuguesa para falantes de outras línguas encontram, em Teoria e Usos Linguísticos: Aplicação ao Português Língua Não Materna, um espaço pluridisciplinar, útil para a reflexão teórica e fértil para a consciencialização da prática pedagógica usada.
Maria José Grosso Diretora da Coleção
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
29
Nota Introdutória O presente volume incorpora um conjunto de 15 capítulos que se integram numa
área que esta coleção tentou inaugurar: “Ensino e Aprendizagem do Português para Falantes de Outras Línguas”. Na verdade, a área em apreço, habitualmente denomina‑ da de “Português como Língua Não Materna”, encerra um conjunto de pressupostos epistemológicos nem sempre fáceis de delimitar. O título da coleção, todavia, restringe mais esse escopo, embora estejamos, de forma genérica, numa área relativamente interdisciplinar. Assim, Gass e Selinker (2008) parecem circunscrever este domínio científico, afastando‑o da problemática pedagógica, conquanto Saville‑Troike (2006) não deixa de integrar este domínio no âmbito da Linguística Aplicada. Diga‑se, igual‑ mente, em abono da verdade, que a própria área de Linguística Aplicada é, também, objeto de discussões epistémicas. Contudo, reconhecendo‑se o carácter interdisciplinar do domínio científico em questão, observamos também a dificuldade que, mormente, alguns conceitos, mais polissémicos, veiculam. A título de exemplo, noções como as de aquisição, aprendi‑ zagem, apropriação, língua materna, língua segunda, língua estrangeira, interferência, entre outras, que muitos autores têm com as suas pesquisas tentado discutir (por exemplo, Van Patten e Lee, 1990; Giacobbe, 1992; Porquier, 1994; Leiria, 2006; Osório e Pinto, 2012; Hammarberg, 2010), causam, não raro, algumas leituras di‑ vergentes na bibliografia da especialidade. Neste volume, encontram‑se ecos diversificados no tratamento das teorias e dos usos linguísticos quando aplicados ao português como língua não materna. Desde textos mais descritivos a nível linguístico, a ensaios que se enquadram em políticas linguísticas e educativas de um português claramente pluricêntrico, a estudos sobre aplicações ao ensino e artigos que versam o tratamento de suportes didáticos e pedagógicos no ensino da língua não materna, eis alguns dos eixos temáticos nor‑ teadores deste volume. A presente obra pretende, pois, dar algumas respostas a todos quantos têm de lidar no quotidiano com alunos não nativos do português, mas também a investiga‑ dores que a esta área vêm dedicando o seu labor académico. Resta‑me agradecer aos autores dos textos, sem os quais este volume não teria sido possível.
Referências Bibliográficas GASS, S. e SELINKER, L. (2008). Second language acquisition: an introductory course. Londres: La‑ wrence Erlbaum. GIACOBBE, J. (1992). Acquisition d’une langue étrangère: cognition et interaction. Paris: CNRS Editions. HAMMARBERG, B. (2010). “The languages of the multilingual: some conceptual and terminological is‑ sues”. IRAL, 48, pp. 91‑104.
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
31
Teorias e Usos Linguísticos: Aplicações ao Português Língua Não Materna
LEIRIA, I. (2006). Léxico, aquisição e ensino do Português europeu língua não materna. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian e Fundação para a Ciência e Tecnologia/Ministério da Ciência e do Ensino Superior. OSÓRIO, P. e PINTO, M. G. (2012). Linguistic interferences from the mother tongue in Hispanic‑speaking learners of Portuguese L2. 8th International Conference on Third Language Acquisition and Multilingualism, Universitat Jaume I Castelló (Espanha), 13‑15 de setembro de 2012. PORQUIER, R. (1994). “Communication exolingue et contextes d’appropriation: Le continuum acquisition/ /apprentissage”. Bulletin Suisse de Linguistique Appliquée, 59, pp. 159‑169. SAVILLE‑TROIKE, M. (2006). Introducing second language acquisition. Nova Iorque: Cambridge University Press. VAN PATTEN, B. e LEE, J. F. (1990). “Contexts, processes, and products in second language acquisi‑ tion and foreign language learning”. In B. Van Patten e J. F. Lee (eds.). Second language acquisition and foreign language learning, pp. 240‑245. Clevedon: Multilingual Matters.
32
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
CAPÍTULO 1 A Concordância Verbal na Interlíngua de Falantes de Mandarim
Teorias e Usos Linguísticos: Aplicações ao Português Língua Não Materna
1. A Concordância Verbal de Mandarim1
na Interlíngua de
Falantes
Ana Madeira Universidade Nova de Lisboa
Maria Francisca Xavier Universidade Nova de Lisboa
Maria de Lourdes Crispim Universidade Nova de Lisboa
1.1 Introdução
Como é sabido, a morfologia verbal, em particular numa língua com morfologia rica, como o português europeu (PE), constitui uma das áreas de maior dificuldade na aquisição de uma segunda língua (L2), sobretudo quando a língua materna (L1) dos aprendentes se caracteriza pela ausência de morfologia flexional, como é o caso do chinês (White 2003). Este défice manifesta-se, sobretudo, ao nível da produção, persiste em estádios de desenvolvimento avançados e nem sempre corresponde a um atraso das propriedades sintáticas que estão associadas à concordância verbal, como é o caso da possibilidade de sujeitos nulos (Lardiere, 2000; Prévost e White, 2000). Além de formas verbais finitas (flexionadas), o português apresenta um infinitivo flexionado, que constitui uma opção tipologicamente marcada. À semelhança das formas verbais finitas, o infinitivo flexionado exibe flexão de concordância e legitima sujeitos nominativos. Quanto à sua distribuição, está restrito a um subconjunto dos contextos sintáticos em que ocorre o infinitivo não flexionado. Este trabalho pretende investigar como se desenvolve o conhecimento da concordância verbal de pessoa e número na gramática de falantes chineses de português L2, em contextos finitos e infinitivos. Os dados relativos à concordância verbal em contextos finitos foram obtidos a partir de corpora escritos. Foram também recolhidos dados através de uma tarefa de reconhecimento morfológico, testando o conhecimento das propriedades distintivas do infinitivo flexionado. O artigo apresenta a seguinte estrutura: na Secção 1.2, fazemos uma síntese de algumas das questões teóricas que orientam este trabalho de investigação; nas secções seguintes, descrevemos os estudos realizados sobre a morfologia de concordância verbal em contextos finitos (Secção 1.3) e contextos de infinitivo flexionado (Secção 1.4); finalmente, na Secção 1.5, apresentamos e discutimos algumas conclusões que se podem retirar deste trabalho.
Agradecemos a todos os informantes que participaram no estudo, bem como aos professores do Curso de Língua e Cultura Portuguesa, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, pela colaboração prestada na recolha de dados. Agradecemos ainda a Ana Fernandes, Nuno Rendeiro, André Mafra e Sandro Dias, pela sua assistência na criação dos materiais e na recolha, transcrição e análise dos dados.
1
34
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
A Concordância Verbal na Interlíngua de Falantes de Mandarim
1.2 Pressupostos Teóricos
A análise dos erros, ou desvios, produzidos por falantes não nativos ao longo do processo de aquisição da língua não materna (LNM) reveste-se de extrema importância, uma vez que os erros nos permitem compreender quer a natureza das representações gramaticais dos falantes, quer o modo como se realiza o acesso a essas representações na produção e compreensão de enunciados linguísticos. Muitos estudos têm demonstrado as dificuldades persistentes que os falantes não nativos exibem em relação à morfologia flexional, tanto verbal como nominal, apesar da atenção que é dedicada à aprendizagem das formas morfológicas em contexto de sala de aula, por um lado, e da elevada frequência destas formas no input linguístico. A produção destas formas morfológicas caracteriza-se pela opcionalidade ou variabilidade, que se traduz na alternância entre formas corretas (ou formas-alvo) e desviantes. Esta variabilidade tem sido atribuída por alguns autores a défices nas representações gramaticais subjacentes (Hipótese do Défice Representacional 2), ou seja, a um conhecimento defetivo de propriedades morfossintáticas abstratas (Clahsen e Muysken, 1986; Hawkins e Chan, 1997; Franceschina, 2005). De acordo com esta hipótese, a aquisição da morfologia flexional deverá estar relacionada com o desenvolvimento das propriedades sintáticas correspondentes. Assim, no caso da concordância verbal, que está estreitamente ligada a fenómenos sintáticos, como a possibilidade de sujeitos nulos e o movimento do verbo (que determina certos aspetos de ordens de palavras na frase), a hipótese prediz que a variabilidade na realização das formas morfológicas deverá estar associada a défices no conhecimento destes fenómenos sintáticos. Contudo, esta predição não é confirmada por muitos estudos (por exemplo, Lardiere, 2000; Prévost e White, 2000), que demonstram existir uma dissociação entre a morfologia (ou melhor, a realização das formas morfológicas) e o conhecimento sintático. Por outro lado, esta hipótese também não permite explicar o facto de o número de desvios que se verifica na produção da morfologia ser pouco elevado, bem como as assimetrias observadas entre produção e compreensão (uma vez que praticamente não se registam desvios na compreensão em falantes que os realizam na produção) (Bruhn de Garavito, 2003). Uma explicação alternativa para a variabilidade da morfologia, a Hipótese da Ausência Superficial da Flexão3 (Prévost e White, 2000), defende que o défice não se situa ao nível da competência morfossintática, mas apenas ao nível do uso, designadamente na realização morfológica das formas. Os défices poderão dever-se, nesta perspetiva, a dificuldades no mapeamento entre propriedades gramaticais abstratas e as formas morfológicas que as realizam.
2 3
Representational Deficit Hypothesis, no original. Missing Surface Inflection Hypothesis, no original.
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
35
Teorias e Usos Linguísticos: Aplicações ao Português Língua Não Materna
Uma outra questão que se levanta prende-se com o efeito da L1 no desenvolvimento da morfologia flexional. De acordo com White (2003: 139), a presença de paradigmas flexionais ricos na L1 tem um efeito facilitador na aquisição da morfologia flexional na L2: “Presence of overt inflectional morphology in the L1 appears to sensitize the L2 speaker to overt morphology in the L2, and to facilitate its use”. Esta é uma questão, no entanto, que não tem sido objeto de investigação sistemática. Neste sentido, justifica-se um estudo que procure compreender como se desenvolve a morfologia flexional na aquisição de uma língua com paradigmas flexionais ricos, como é o caso do PE, por falantes nativos de uma língua que se caracteriza pela não realização da morfologia flexional, comparando esse desenvolvimento com o observado em falantes de L1 com sistemas flexionais mais pobres.
1.3 Aquisição de Formas Verbais Finitas em Português L2
Como se sabe, o PE é uma língua que exibe paradigmas ricos de concordância verbal. O estudo descrito nesta secção tem como objetivo investigar como se desenvolve o conhecimento da flexão verbal de pessoa e número, em formas finitas, na gramática dos falantes de mandarim, aprendentes de português L2. Sendo o mandarim, ao contrário do português, uma língua sem morfologia flexional, procurá mos determinar: (i) que progressão se observa no número de desvios registados na produção escrita espontânea (níveis de iniciação, intermédio e avançado); (ii) que tipos de desvios se verificam nos diferentes níveis de proficiência; e (iii) em que medida a L1 dos aprendentes influencia o número e o tipo de desvios produzidos. 1.3.1 Metodologia 1.3.1.1 Participantes
Participaram no estudo 31 falantes nativos de mandarim, distribuídos por três níveis de proficiência: elementar, intermédio e avançado. Todos os participantes frequentavam um curso de português numa universidade em Portugal, tendo iniciado a sua aprendizagem da língua na China. O nível de proficiência dos informantes foi determinado através de um teste de posicionamento, aplicado no início do curso. A informação relativa às idades e ao número de anos de aprendizagem do português é apresentada na Tabela 1.1.
36
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
A Concordância Verbal na Interlíngua de Falantes de Mandarim
Nível
Idades
Duração de Aprendizagem (Anos)
Elementar (N = 15)
19-21 (média = 20,4)
1,6
Intermédio (N = 13)
19-23 (média = 20,6)
1,5
Avançado (N = 3)
20-21 (média = 20,3)
2
Tabela 1.1 – Caracterização dos participantes no estudo
1.3.1.2 Procedimento O estudo baseia-se em dados de produção escrita espontânea, retirados de um corpus4 de textos narrativos produzidos pelos aprendentes em contexto de sala de aula, sem recurso a dicionários ou a outros materiais de apoio. Foram analisadas todas as formas verbais que ocorrem em contextos finitos, quanto à realização da morfologia de pessoa e número. Não foram tomados em consideração outros desvios na realização da flexão verbal, designadamente de tempo/modo/aspeto. Apresenta-se na Tabela 1.2 a constituição do corpus analisado. Nível de Proficiência Iniciação
Intermédio
Avançado
Total
Textos
23
27
15
65
Formas Verbais Finitas
599
792
268
1659
Tabela 1.2 – Constituição do corpus
1.3.2 Resultados
Os resultados globais são apresentados no Gráfico 1.1.
Corpus de Aquisição de Língua Segunda (CAL2), Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa, disponível em http://cal2.clunl.edu. pt/?mid=244, consultado em janeiro de 2013.
4
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
37
Teorias e Usos Linguísticos: Aplicações ao Português Língua Não Materna
100 80 60 40 20 0 Iniciação (15) Forma-alvo
Intermédio (13) Conjugação
Pessoa/número
Avançado (3) Forma não flexionada
Gráfico 1.1 – Realização da flexão de concordância (pessoa/número) em formas verbais finitas (falantes nativos de mandarim)
Observa-se um predomínio de formas-alvo em todos os níveis de proficiência – 523 (87,3%) no nível de iniciação, 752 (94,9%) no nível intermédio e 260 (97%) no nível avançado. Embora as percentagens de desvios registadas sejam baixas em todos os níveis (certamente mais baixas do que seria de esperar), verifica-se um aumento na percentagem de concordância correta, de acordo com o nível de proficiência. Os desvios de morfologia de concordância verbal identificados incluem-se numa das seguintes categorias: utilização de uma forma pertencente a outra conjugação verbal5 [observem-se os exemplos em (1), em que são usadas flexões da primeira conjugação com verbos que pertencem à segunda conjugação]; substituição por uma forma inapropriada em pessoa e/ou número (2); substituição por uma forma infinitiva (3). (1) a. Felizmente eu escolhei uma guarda-chuva. (intermédio) b. Chovou muito ontem e hoje. (intermédio) (2) a. Jing, com quem eu mora numa casa... (intermédio) b. As férias passou rápido. (iniciação) c. O meu colega, a Dony e eu cozinhou e levou as roupas. (iniciação) (3) a. Mas isso realmente matar o tempo. (iniciação) b. Esse assunto já se resolver logo depois do pagamento do senhor Macário. (avançado)
A inclusão do uso da conjugação verbal incorreta na categoria dos desvios de concordância verbal poderá ser discutível, uma vez que, nestes casos, geralmente, a forma flexional é a correta para a conjugação utilizada, como se observa nos exemplos apresentados em (1).
5
38
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
A Concordância Verbal na Interlíngua de Falantes de Mandarim
Destes desvios, os mais frequentes são os de pessoa e número. Considerando a totalidade dos desvios de morfologia de concordância verbal identificados em cada grupo, os desvios de pessoa e/ou número representam 51,3% dos desvios produzidos pelo grupo de iniciação, 65% dos produzidos pelo grupo intermédio e 50% dos desvios no grupo avançado. Dentro desta categoria, predominam os desvios de pessoa, como se mostra no Gráfico 1.2, em que se apresentam apenas os desvios de pessoa e/ou número. Na maioria dos casos, a forma utilizada, por defeito, pelos falantes não nativos é a de terceira pessoa. 100 80 60 40 20 0 Iniciação (15) Desvio em pessoa
Intermédio (13) Desvio em número
Avançado (3) Desvio em pessoa e número
Gráfico 1.2 – Desvios de pessoa/número (falantes nativos de mandarim)
1.3.3 Aquisição da concordância verbal por falantes de outras línguas
O que acontece quando a L1 dos aprendentes, ao contrário do mandarim, possui morfologia flexional (rica)? Num estudo anterior (Madeira, Xavier e Crispim, 2009), foram analisados dados de produção escrita de 129 estudantes universitários, falantes de português L2, com idades entre 20 e 35 anos, residentes em Portugal (por um período entre 6 meses e 1 ano) e que se encontravam a frequentar um curso de português como língua estrangeira (PLE). Foram recolhidos textos de falantes nativos de alemão, de nível elementar (N = 47) e avançado (N = 28), e de italiano, também de nível elementar (N = 33) e avançado (N = 21). Foram recolhidos igualmente dados de um grupo de falantes nativos (N = 33), com idades compreendidas entre 17 e 38 anos. Os resultados da análise dos verbos finitos do corpus, quanto à realização da morfologia de pessoa e número, são apresentados no Gráfico 1.3.
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
39
Teorias e Usos Linguísticos: Aplicações ao Português Língua Não Materna
100 80 60 40 20 0 Alemão elementar (47)
Alemão avançado (28)
Italiano elementar (33)
Forma-alvo
Italiano avançado (21)
Controlos (33)
Desvios
Gráfico 1.3 – Realização da flexão de concordância (pessoa/número) em formas verbais finitas (falantes nativos de alemão e de italiano e controlos)
Tal como se verificou nos grupos de mandarim L1, também a maioria das formas verbais produzidas por estes falantes correspondem a formas-alvo (variando entre 87,3%, no grupo italiano elementar, e 98,5%, no grupo alemão avançado). Observaram-se, porém, diferenças significativas entre o grupo de controlo e os grupos de nível elementar, bem como entre o nível elementar e o nível avançado em cada grupo linguístico (e também entre o grupo alemão avançado e o grupo italiano elementar). Ou seja, verificou-se que a percentagem mediana de concordância correta aumenta significativamente, em ambos os grupos linguísticos, de acordo com o nível de proficiência, particularmente no grupo alemão. Não se observaram diferenças significativas entre os dois grupos dentro de cada nível de proficiência. A maioria dos desvios de morfologia de concordância verbal identificados, quer nos dados escritos quer nos orais, incluiu-se numa das seguintes categorias: utilização de uma forma pertencente a outro tempo verbal (4); substituição por uma forma inexistente, geralmente por transferência da L1 ou de uma outra L2 (5); substituição por uma forma inapropriada em pessoa e/ou número (6); e substituição por uma forma infinitiva (7). (4) João respondou, que ele não matou a D. Odete (alemão elementar) (5) a. No verao costumavo ir à praia com os meus pais e os meus tios. (italiano elementar) b. Para mim es fácil inventar uma palavra. (italiano elementar, 7 anos de espanhol) (6) a. Eu não sabe que … (alemão elementar) b. Mas duas raparigas que estava brincando ali ofereciam um pouco de agua (italiano elementar) 40
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
A Concordância Verbal na Interlíngua de Falantes de Mandarim
(7) a. O Horst (…) pareceu muito nervoso. Por isso o Inspetor dar lhe perguntas mais uma vez. (alemão elementar) b. Houve muitas coisas que ela não ver nunca na sua vida. (italiano elementar)
1.3.4 Síntese
Os dados descritos nesta secção são indicativos de desempenhos semelhantes dos três grupos de L1 (mandarim, alemão e italiano). Assim, os três grupos apresentam: • Baixas percentagens de desvios (com valores semelhantes nos diferentes grupos linguísticos), em todos os níveis de proficiência6. • Um aumento na percentagem de concordância correta, do nível de iniciação/ /elementar ao nível avançado, que revela uma progressão de acordo com o nível de proficiência. Os desvios mais significativos consistem na substituição da forma-alvo por uma forma inadequada em pessoa/número (geralmente, mas não sempre, por uma forma de terceira pessoa). Observaram-se igualmente substituições por formas de infinitivo e, no caso do grupo italiano elementar, por formas que parecem resultar de transferência quer da L1 (italiano) quer de outra L2 (espanhol). Não considerando estes casos óbvios de empréstimos, uma comparação dos resultados dos diferentes grupos linguísticos não evidencia diferenças entre o grupo de falantes de mandarim e os grupos de falantes de alemão e de italiano que sejam reveladoras de um efeito de influência da L1. Por outras palavras, aquele grupo não parece revelar dificuldades mais acentuadas do que os outros dois grupos, pois apresenta os mesmos tipos de desvios e exibe um percurso de desenvolvimento semelhante na aquisição da morfologia de concordância verbal, apesar da ausência desta na sua L1.
1.4 Aquisição da Morfologia do Infinitivo Flexionado em Português L2
O português caracteriza-se por possuir um infinitivo flexionado, que, tal como as formas verbais finitas, apresenta morfologia de concordância de pessoa e número e legitima sujeitos nominativos (8). Embora tanto o infinitivo flexionado como o não flexionado ocorram exclusivamente em orações subordinadas (não introduzidas por uma conjunção subordinativa), o infinitivo flexionado apresenta uma distribuição mais limitada do que o não flexionado (Raposo, 1987).
6
Estas percentagens seriam ainda mais baixas se fossem excluídos os erros no uso da conjugação verbal.
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS
41
Teorias e Usos Linguísticos: Aplicações ao Português Língua Não Materna
(8) (eu) falar / (tu) falares / (você/ele/ela) falar / (nós) falarmos / (vocês/eles/elas) falarem O estudo descrito nesta secção visa investigar o conhecimento que os falantes nativos de mandarim têm das propriedades morfológicas do infinitivo flexionado, procurando caracterizar o modo como se desenvolve este conhecimento. Os resultados deste estudo serão comparados com os dados obtidos num estudo realizado com falantes nativos de espanhol e italiano. À semelhança do mandarim, estas línguas não possuem infinitivo flexionado; no entanto, ao contrário do mandarim, possuem paradigmas ricos de concordância de pessoa e número com formas verbais finitas. Uma comparação entre os dados de aprendentes com diferentes L1 poderá contribuir para determinar até que ponto a L1 influencia, ou não, a aquisição destas propriedades morfológicas.
1.4.1 Metodologia 1.4.1.1 Participantes
Participaram no estudo 35 falantes nativos de mandarim, distribuídos por três níveis de proficiência: elementar (N = 13), intermédio (N = 8) e avançado (N = 14). Todos os participantes frequentavam um curso de português numa universidade em Portugal, tendo iniciado a sua aprendizagem da língua na China. Na Tabela 1.3 apresenta-se a informação, para cada um dos grupos, quanto à idade, à idade de início de aprendizagem do português e ao conhecimento de outras L2. A Tabela 1.3 indica também as idades do grupo de controlo, constituído por falantes nativos de PE. Nível
Idades
Idade de Início de Aprendizagem
Outras L2
Elementar (N = 13)
19-21 (média = 20,1)
18-19 (média = 18,6)
Inglês
Intermédio (N = 8)
19-21 (média = 19,9)
17-19 (média = 18)
Inglês
Avançado (N = 14)
20-26 (média = 22,1)
16-25 (média = 19,9)
Inglês
Controlos (N = 9)
22-42 (média = 29,7)
n/a
n/a
Tabela 1.3 – Participantes na tarefa de reconhecimento morfológico
1.4.1.2 Procedimento
A tarefa de reconhecimento morfológico utilizada no estudo é adaptada a partir da tarefa descrita em Pires e Rothman (2009). Tem como objetivo testar se os aprendentes desenvolveram conhecimento das propriedades morfossintáticas específicas dos infinitivos flexionados, ou seja, se sabem que os infinitivos flexionados possuem 42
© LIDEL EDIÇÕES TÉCNICAS