Intervenção em Ciberpsicologia

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16,5 x 21cm

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20,3 mm

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COORDENADORAS E AUTORES

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Ivone Patrão (Coord.) Psicóloga Clínica e da Saúde. Terapeuta Familiar e de Casal. Docente e Investigadora (ISPA – Instituto Universitário e APPsyCI). Coordenadora do projeto #GeraçãoCordão – comportamentos e dependências online. Autora do jogo Missão 2050 – promoção do uso saudável das tecnologias.

INTERVENÇÃO EM

COLEÇÃO INTERVENÇÃO EM PSICOLOGIA

CIBERPSICOLOGIA • eHealth e mHealth • Gestão do comportamento alimentar • Sexualidade humana • Gestão da parentalidade positiva • Jogo online como recurso psicoterapêutico nas dependências • Reabilitação neuropsicológica com recurso às TIC • Os novos desafios: realidade virtual e inteligência artificial

INTERVENÇÃO EM

Guias práticos que privilegiam o saber-fazer nos vários domínios da ciência psicológica. Com estudos de caso e exemplos vários que ajudam o leitor a enquadrar, operacionalizar e concretizar uma intervenção técnica e cientificamente fundamentada.

CIBERPSICOLOGIA

Isabel Leal (Coord.) Psicóloga Clínica e da Saúde e Psicoterapeuta. Docente no ISPA – Instituto Universitário, onde é Professora Catedrática, Presidente do Conselho Científico, Diretora do Mestrado em Psicologia da Saúde e Investigadora do William James Center for Research.

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A Ciberpsicologia, enquanto área emergente e inovadora da Psicologia, está focada no interesse e investigação da interação entre o indivíduo, a sociedade e a tecnologia. O facto de, recentemente, a American Psychological Association (APA) a ter classificado como uma especialidade (contando já com inúmeros psicólogos cibernéticos entre os seus membros) veio estimular e disseminar este domínio, lançando o desafio para uma maior atualização profissional, a par de melhores práticas de intervenção psicológica. Este livro, pioneiro nesta área em Portugal, aborda três níveis de aplicabilidade prática da Psicologia na interação com a tecnologia: investigação científica, prevenção de comportamentos de risco e da doença, e intervenção psicoterapêutica. Trata-se de uma obra rica e abrangente, que foca as questões atuais da utilização da Internet, bem como a potenciação das TIC na área da Psicologia, através de protocolos de investigação, intervenções psicológicas online, uso da gamificação e de jogos na prática terapêutica, eHealth, mHealth e intervenção em muitas áreas sensíveis, como a oncologia, a reabilitação, a depressão, as dependências online, a obesidade, o luto, entre outras.

Autores Coordenação:

Ivone Patrão I Isabel Leal

ISBN 978-989-693-089-9

9 789896 930899

Ana Nunes da Silva | André M. Carvalho | Catarina Ramos | Cátia Branquinho | David Dias Neto | Duarte Pimentel | Eunice Barbosa | Fábio Botelho Guedes | Fernando Fernández-Aranda | Filipa Pimenta | Gemma Mestre-Bach | Henrique Pereira | Ivo Rocha | João Salgado | José Alberto Ribeiro Gonçalves | Lucero Munguía | Madalena Campos Ferreira | Margarida Gaspar de Matos | Maria João Andrade | Maria Meireles Ramos | Marlene Sousa | Mayra Delalibera | Miguel Oliveira | Miguel Ricou | Patrícia Gouveia | Patrícia M. Pascoal | Pedro Alexandre Costa | Pedro Marques-Quinteiro | Raquel Rosas | Raul Melo | Rita Sousa Lopes | Rui Miguel Costa | Rute Agulhas | Susana Jiménez-Murcia | Tânia Gaspar | Teresa Mena-Moreno | Zaida Agüera

DIRETOR DE COLEÇÃO

Com contributos de vários especialistas com experiência na investigação e na prática clínica, esta obra inovadora destina-se principalmente a todos os profissionais e estudantes de Psicologia, mas também a uma vasta audiência das áreas da Saúde, Educação, Informática e Comunicação interessada em aprofundar o ciberfenómeno. www.pactor.pt

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CIBERPSICOLOGIA

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Mauro Paulino Prefácio de Francisco Miranda Rodrigues Bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses Posfácio de Luís Paulo Reis Professor da Universidade do Porto

Coordenador da Mind | Instituto de Psicologia Clínica e Forense. Psicólogo Forense Consultor do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses. Coordenador da pós-graduação de Psicologia Forense da Universidade Autónoma de Lisboa.


EDIÇÃO

PACTOR – Edições de Ciências Sociais, Forenses e da Educação Av. Praia da Vitória, 14 A – 1000-247 LISBOA Tel: +351 213 511 448 pactor@pactor.pt www.pactor.pt

DISTRIBUIÇÃO

Lidel – Edições Técnicas, Lda. R. D. Estefânia, 183, R/C Dto. – 1049-057 LISBOA Tel: +351 213 511 448 lidel@lidel.pt www.lidel.pt

LIVRARIA

Av. Praia da Vitória, 14 A – 1000-247 LISBOA Tel: +351 213 511 448 livraria@lidel.pt Copyright © 2019, PACTOR – Edições de Ciências Sociais, Forenses e da Educação ® Marca registada da FCA – Editora de Informática, Lda. ISBN edição impressa: 978-989-693-089-9 1.ª edição impressa: abril de 2019 Paginação: Carlos Mendes Impressão e acabamento: Tipografia Lousanense, Lda. — Lousã Depósito Legal n.º 455171/19 Capa: José Manuel Reis Todos os nossos livros passam por um rigoroso controlo de qualidade, no entanto, aconselhamos a consulta periódica do nosso site (www.pactor.pt) para fazer o download de eventuais correções. Não nos responsabilizamos por desatualizações das hiperligações presentes nesta obra, que foram verificadas à data de publicação da mesma. Os nomes comerciais referenciados neste livro têm patente registada. Reservados todos os direitos. Esta publicação não pode ser reproduzida, nem transmitida, no todo ou em parte, por qualquer processo eletrónico, mecânico, fotocópia, digitalização, gravação, sistema de armazenamento e disponibilização de informação, sítio Web, blogue ou outros, sem prévia autorização escrita da Editora, exceto o permitido pelo CDADC, em termos de cópia privada pela AGECOP – Associação para a Gestão da Cópia Privada, através do pagamento das respetivas taxas.


Índice

Sobre a Coleção XIII Os Autores XV Prefácio XXVII Introdução – O Que É a Ciberpsicologia? XXIX Ivone Patrão e Isabel Leal Referências Bibliográficas

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PARTE I – A Tecnologia como Ferramenta: Na Avaliação e Investigação 1

1. Protocolos de Investigação Online: Vantagens e Desvantagens Maria Meireles Ramos e Isabel Leal

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1.1 Introdução 3 1.2 Validade e Ética nos Estudos Online 4 1.3 Vantagens da Investigação Online 7 1.3.1 Poupança de Recursos 7 1.3.2 Maior Funcionalidade e Eficiência na Comunicação 8 1.3.3 Ausência de Efeitos do Investigador e de Obrigatoriedade 9 1.3.4 Acessibilidade a Amostras Grandes, Diversificadas e Raras 9 1.4 Desvantagens da Investigação Online 10 1.4.1 Dificuldades no Controlo do Estudo 10 1.4.2 Possíveis Submissões Múltiplas 11 1.4.3 Maiores Níveis de Drop-Out 12 1.4.4 Autosseleção e Seletividade das Amostras 13 Considerações Finais 14 Referências Bibliográficas 15 2. Recursos Online: Potenciar as TIC na Criação de Networking na Promoção da Saúde Mental Cátia Branquinho, Tânia Gaspar, Fábio Botelho Guedes e Margarida Gaspar de Matos III

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Intervenção em Ciberpsicologia

2.1 Introdução 17 2.2 Dream Teens: Networking na Promoção da Saúde e do Bem-Estar 18 2.2.1 Estudo 1 – Priorização de Temas de Discussão dos Teasers/Desafios Publicados na Rede Social Facebook 20 2.2.2 Estudo 2 – Pré e Pós-Teste na Análise do Impacto do Projeto 22 2.2.3 Estudo 3 – Entrevistas Individuais e Grupo Focal na Pesquisa do Impacto do Projeto 22 2.2.4 Projeto Dream Kids 24 2.2.5 Projeto Dreaming with Survivors 24 2.2.6 Projeto Dream Yold (Young/Old) 24 Considerações Finais – Networking na Promoção da Saúde e Bem-Estar 25 Referências Bibliográficas 27 Parte II – A Tecnologia como Ferramenta: Ao Serviço da Prevenção 29

3. Regulação Emocional do Comportamento Disruptivo: Características Contextuais do Jogo Online e Prevenção Maria João Andrade

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3.1 Introdução 31 3.2 Investigação e Conexão com o Contexto 33 3.3 Prevenção na Área do Gaming 33 3.4 Comunicação para a Prevenção 35 3.5 Desmistificando o Mundo do Gaming 37 Considerações Finais 42 Referências Bibliográficas 43 4. Prevenção do Ciberbullying: Aplicação em Contexto Escolar Patrícia Gouveia 4.1 Introdução 4.2 Prevenção do Ciberbullying em Contexto Escolar 4.3 Intervenção no Ciberbullying em Contexto Escolar 4.3.1 Eficácia das Intervenções no Ciberbullying em Contexto Escolar Considerações Finais Referências Bibliográficas

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45 45 46 50 52 56 57


Índice

5. Comportamentos Online: Programa “Eu e os Outros” para Jovens em Meio Escolar Raul Melo 5.1 Introdução 5.2 Enquadramento 5.3 O Programa “Eu e os Outros” 5.3.1 Modelo Teórico 5.3.2 Estratégia 5.3.3 Estrutura e Metodologia do Programa 5.4 Prevenção dos Comportamentos Adictivos sem Substância no Programa “Eu e os Outros” Considerações Finais Referências Bibliográficas

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6. O Impacto de Novas Realidades Online no Ajustamento Psicossocial: A Psicoeducação Digital Rui Miguel Costa e Rita Sousa Lopes

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6.1 Introdução 6.2 Comportamentos Disfuncionais Online 6.2.1 Sentimentos Decorrentes da Realidade Virtual 6.2.2 Desafios Perigosos 6.3 Psicoeducação Digital: Crianças e Adolescentes 6.4 Psicoeducação: População Adulta 6.4.1 Local de Trabalho 6.5 Organizações Políticas e Institucionais Considerações Finais Referências Bibliográficas

73 73 75 77 81 82 83 83 84 85

7. A Internet e o Work-Life Balance: Um Desafio para a Gestão da Performance de Equipas Duarte Pimentel e Pedro Marques-Quinteiro

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7.1 Introdução 87 7.2 Virtualidade e Work-Life Balance 88 7.3 Aspetos Socioemocionais da Virtualidade 90 7.3.1 Construção de Relações 90 V


Intervenção em Ciberpsicologia

7.3.2 Coesão 7.3.3 Confiança 7.4 Como Gerir a Virtualidade Considerações Finais Referências Bibliográficas

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Parte III – A Tecnologia como Ferramenta: Nas Intervenções Psicoterapêuticas

8. Intervenções Psicoterapêuticas Online: Deontologia e Eficácia David Dias Neto e Ana Nunes da Silva 8.1 Introdução 8.2 Eficácia das Intervenções Psicoterapêuticas em Formatos Tecnológicos 8.3 Psicoterapia Realizada por Telefone e Videoconferência 8.4 Intervenções Psicoterapêuticas Realizadas por Meios Escritos 8.5 Intervenções Psicoterapêuticas em Programas Autoadministrados 8.6 Questões Deontológicas na Intervenção Online 8.6.1 Considerações Novas sobre Questões Antigas 8.6.2 Considerações Antigas sobre Questões Novas Considerações Finais Referências Bibliográficas 9. Intervenções Psicológicas com Recurso a Tecnologia: eHealth e mHealth Raquel Rosas

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9.1 Introdução 115 9.1.1 Desafios da Saúde na Atualidade 115 9.2 Saúde à Distância de Um Clique 116 9.3 Psicologia na Era Tecnológica: eHealth e mHealth 117 9.3.1 Saúde Eletrónica (eHealth) e Saúde Móvel (mHealth): Definições e Benefícios 117 9.3.2 Aplicar a Psicologia ao Digital: Intervenções Tailor-made 120 9.3.3 Teoria Psicológica na Prática Tecnológica 122 9.3.4 Psicologia Digital para Todos: Indivíduos, Famílias e Comunidades 124 Considerações Finais 125 Referências Bibliográficas 126 VI


Índice

10. Intervenção Psicológica Online na Gestão do Excesso de Peso e da Obesidade 129 Filipa Pimenta 10.1 Introdução 10.2 Intervenções com Adultos 10.3 Intervenções para Crianças e Adolescentes 10.4 Desafios Futuros Considerações Finais Referências Bibliográficas 11. Intervenção Psicológica Online na Área da Oncologia Catarina Ramos 11.1 Introdução 11.2 Acesso à Internet como Mecanismo de Gestão de Sintomas 11.3 Intervenções Online para Pacientes com Cancro 11.4 Evidência da Eficácia de Intervenções Online para Pacientes com Cancro 11.5 Recomendações para o Desenvolvimento de Intervenções Online para Pacientes com Cancro Considerações Finais Referências Bibliográficas

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12. Intervenção Psicológica Online na Perda e no Luto Mayra Delalibera

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12.1 Introdução 12.2 Perdas e Luto: Conceitos e Definições 12.3 Luto Complicado e/ou Prolongado 12.4 Intervenção Psicológica Online 12.5 Intervenção Psicológica Online na Perda e no Luto 12.6 Realidade Portuguesa 12.7 Outras Intervenções Online na Perda e no Luto Considerações Finais Referências Bibliográficas

151 152 154 154 155 159 161 161 162

13. Intervenção Psicológica Online na Sexualidade Humana Patrícia M. Pascoal

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13.1 Introdução

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Intervenção em Ciberpsicologia

13.2 Promoção da Saúde Sexual 13.3 Intervenção em Sexologia Clínica 13.3.1 Intervenção na Doença 13.3.2 Terapia Sexual 13.4 Intervenções Afirmativas da Identidade Sexual Considerações Finais Referências Bibliográficas 14. Intervenção Psicológica Online com Pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénero (LGBT) Henrique Pereira, Pedro Alexandre Costa e José Alberto Ribeiro Gonçalves 14.1 Introdução 14.2 Competências Gerais de Intervenção Psicológica com Pessoas LGBT 14.3 Intervenções Psicológicas Online com Pessoas LGBT 14.4 Modelo de Intervenção Psicológica Online para Redução da Homonegatividade Internalizada, Depressão e Ansiedade em Pessoas LGBT 14.4.1 Desenvolvimento do Programa 14.4.2 Objetivos do Programa 14.4.3 Método e Fases do Programa 14.5 Questões Éticas na Intervenção Psicológica Online com Pessoas LGBT Considerações Finais Referências Bibliográficas Anexo 1 – Diretrizes para a Intervenção Psicológica com Pessoas LGBT 15. Intervenção Psicológica Online na Gestão da Parentalidade Positiva Rute Agulhas e Madalena Campos Ferreira

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15.1 Introdução 197 15.2 Parentalidade Positiva 198 15.3 Intervenção Online 201 15.4 Programas de Intervenção Online na Parentalidade 202 15.4.1 Rational Positive Parenting Program (rPPP) 202 15.4.2 Triplo P – Positive Parenting Program 203 15.4.3 COPING Parent 204 Considerações Finais 207 VIII


Índice

Referências Bibliográficas

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16. Intervenção Psicológica Online na Depressão Marlene Sousa, João Salgado e Eunice Barbosa

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16.1 Introdução 211 16.2 Formas de Intervenção Online na Depressão: Desenvolvimento e Evidência Empírica 212 16.2.1 Plataformas de Tratamento Online 212 16.2.2 Tratamentos Disponibilizados através de Aplicações Móveis 214 16.2.3 Terapia Disponibilizada por Videoconferência 216 16.3 Formas de Intervenção Online na Depressão em Portugal 217 16.3.1 Plataforma de Tratamento Moodbuster 218 16.3.2 Aplicação Móvel 220 16.3.3 Articulação da Plataforma Moodbuster e da Aplicação Móvel iCare4Depression na Prática Clínica 222 16.4 Diretrizes para a Prática 227 Considerações Finais 228 Agradecimentos 228 Referências Bibliográficas 229

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17. O Impacto Negativo da Internet: Protocolo de Intervenção nas Dependências Online Ivone Patrão 17.1 Introdução 17.2 Critérios das Dependências Online 17.3 A Intervenção nas Dependências Online 17.3.1 Abordagens Cognitivo-Comportamentais 17.3.2 Intervenções Familiares 17.3.3 Tratamento Psicofarmacológico 17.3.4 Intervenções Online 17.3.5 Abordagens Mistas Considerações Finais Referências Bibliográficas

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Intervenção em Ciberpsicologia

18. O Jogo Online como Recurso Psicoterapêutico nas Dependências 251 Teresa Mena-Moreno, Gemma Mestre-Bach, Lucero Munguía, Zaida Agüera, Fernando Fernández-Aranda e Susana Jiménez-Murcia 18.1 Introdução – Os Jogos Sérios (Serious Games) como Recurso Terapêutico nas Dependências 251 18.1.1 Conceptualização dos Jogos Sérios 251 18.1.2 Jogos Sérios e Saúde 252 18.1.3 Jogos Sérios na Saúde Mental 253 18.1.4 Jogos Sérios e Adicções 253 18.2 PlayMancer: Jogo Sério para as Adicções Comportamentais 254 18.2.1 Objetivos e Conceção do PlayMancer 254 18.3 Aplicação em População Clínica 256 18.4 Limitações e Outras Linhas de Investigação em Desenvolvimento 257 18.5 Tratamento Coadjuvante Mediante Uma Aplicação para Dispositivos Móveis: e-Estesia 257 Considerações Finais 263 Agradecimentos 263 Referências Bibliográficas 264 19. Reabilitação Neuropsicológica com Recurso às TIC André M. Carvalho e Ivo Rocha

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19.1 Introdução 267 19.2 A Utilização das TIC na RN 269 19.3 O Desenvolvimento das TIC pela TeleReabilitação 270 19.3.1 Realidade Virtual 272 19.3.2 Intervenção através do Telefone 272 19.3.3 Psicoeducação 272 19.3.4 Social Media 273 19.3.5 Estimulação Cerebral Não Invasiva 273 19.3.6 Aplicações e Sites 277 Considerações Finais – O Futuro da Psicologia: O Casamento com As Tecnologias 279 Referências Bibliográficas 280

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Índice

20. Novos Desafios para a Intervenção: Realidade Virtual e Inteligência Artificial 283 Miguel Oliveira e Miguel Ricou 20.1 Introdução 20.2 Inteligência Artificial 20.3 Futuro, Oportunidades, Desafios e Competências dos Psicólogos 20.4 A Intervenção Psicológica Considerações Finais Referências Bibliográficas Conclusão – Os Desafios Futuros da Relação entre o Comportamento Humano e a Tecnologia Isabel Leal e Ivone Patrão

283 283 285 290 293 294 297

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Posfácio 299 Índice Remissivo 301

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Sobre a Coleção

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Bem-vindo à Coleção Intervenção em Psicologia! Fazendo jus à sua essência, a PACTOR, marca editorial do Grupo LIDEL, dedicada à publicação de livros nas áreas das Ciências Sociais, Forenses e da Educação, propôs-se lançar no mercado livros que aliem essencialmente a componente prática, isto é, de intervenção na área da Psicologia, a uma escrita de elevado rigor científico, sem que tal constitua um obstáculo ao prazer da leitura e da aprendizagem, ou da renovação de conhecimentos. Tal iniciativa é digna de registo, pois é demonstrativa do reconhecimento crescente que a Psicologia assume na atualidade e nos seus mais diversos domínios de especialização, justificando por parte de um grupo editorial a audácia de investir nesta área de conhecimento, mas também um sinal claro da necessidade e dever que os profissionais e estudantes de Psicologia têm de uma atualização constante. Com base no Código Deontológico da Ordem dos Psicólogos Portugueses, a bússola por excelência da atividade profissional em Psicologia, esta coleção pretende guiar os psicólogos no sentido de práticas de excelência, garantindo que a referência do exercício profissional é o expoente máximo e não o mínimo aceitável. Como alerta o mesmo Código, no âmbito do Princípio Geral da Competência, os psicólogos têm como obrigação exercer a sua atividade de acordo com os pressupostos técnicos e científicos da profissão, a partir de uma formação pessoal adequada e de uma constante atualização profissional, de forma a atingir os objetivos da intervenção psicológica, pois de outro modo acresce a possibilidade de prejudicar o cliente (i.e., qualquer pessoa, família, grupo, organização e/ou comunidade com os quais os psicólogos exerçam atividades no âmbito dos seus papéis profissionais, científicos e/ou educacionais enquanto psicólogos) e de contribuir para o descrédito da profissão. A competência será o reconhecimento de que os psicólogos devem estar conscientes que têm como obrigação fundamental funcionar de acordo com as boas-práticas baseadas em conhecimentos científicos atualizados, pretendendo esta Coleção ser um préstimo útil, de referência ímpar e seguro ao cumprimento de tal obrigação ética. Por fim, refira-se que apesar de ser assumidamente uma Coleção direcionada para profissionais e estudantes XIII


Intervenção em Ciberpsicologia

de Psicologia, a emergência da interdisciplinaridade torna-a também recomendável a outras áreas de saber, sem prejuízo das competências e saberes de cada uma, bem como dos deveres e responsabilidades de outros profissionais. Mauro Paulino Diretor de Coleção

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Os Autores

COORDENADORAS Ivone Patrão Psicóloga Clínica e da Saúde, com Mestrado e Doutoramento em Psicologia da Saúde (ISPA – Instituto Universitário). Terapeuta Familiar e de Casal (SPTF). Desenvolve intervenção clínica no Serviço Nacional de Saúde, com crianças, jovens e famílias, nos últimos anos, especificamente, na área das dependências da tecnologia. Docente e Investigadora (ISPA – Instituto Universitário e Applied Psychology Research Center Capabilities and Inclusion – APPsyCI), com publicação de vários artigos científicos e livros. Coordenadora do projeto #GeraçãoCordão – comportamentos e dependências online. Autora do jogo Missão 2050 – promoção do uso saudável das tecnologias.

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Isabel Leal Psicóloga Clínica e da Saúde e Psicoterapeuta. Doutorada em Psicologia pela Universidade Católica de Louvain (1983). Docente no ISPA – Instituto Universitário, onde é Professora Catedrática, Presidente do Conselho Científico, Diretora do Mestrado em Psicologia da Saúde e Investigadora do William James Center for Research, coordenando o grupo de Psicologia translacional. Desenvolveu atividade profissional no âmbito do Ministério da Saúde, de 1979 a 1987, nos Hospitais Civis de Lisboa, e, posteriormente, até 2007, na Maternidade Dr. Alfredo da Costa, onde fundou e coordenou o Departamento de Psicologia Clínica. Foi Conselheira da Comissão Nacional de Luta contra a Sida, Consultora do “Projecto de Promoção da Saúde Mental na Gravidez e na Primeira Infância” da Direção-Geral da Saúde, Presidente da Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saúde e Presidente do júri do Prémio Madalena Barbosa, da Câmara Municipal de Lisboa, que promove a igualdade de género. Tem 45 livros publicados como autora e editora, 7 deles de divulgação, e 227 artigos publicados em revistas científicas nacionais e internacionais.

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Intervenção em Ciberpsicologia

Diretor de Coleção Mauro Paulino Coordenador da Mind | Instituto de Psicologia Clínica e Forense. Psicólogo Forense Consultor do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses. Coordenador da pós-graduação de Psicologia Forense da Universidade Autónoma de Lisboa. Membro do Laboratório de Avaliação Psicológica e Psicometria (PsyAssessment Lab) da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. Autor e coordenador de diversos livros. Docente convidado em várias universidades nacionais e internacionais.

AUTORES Ana Nunes da Silva Professora Auxiliar Convidada na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa (FPUL). Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta. Prática clínica nas áreas da saúde mental e dos problemas ligados ao consumo de álcool. Experiência em ambulatório e internamento, no âmbito do aconselhamento, da psicoterapia, da intervenção na crise, da avaliação psicológica e de grupos psicoterapêuticos. Realiza investigação sobre comportamentos adictivos, processos de mudança em psicoterapia e a pessoa do psicoterapeuta.

André M. Carvalho Assistente de Neuropsicologia de Adultos no Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca (HPDFF), Especialista Avançado pela Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) e responsável pela consulta de Neuropsicologia Geriátrica no Hospital Lusíadas Lisboa. Doutorando em Neurociências pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), pertencente ao Centro Cardiovascular Universitário de Lisboa, e Investigador na Doença de Alzheimer na Unidade de Demências e de Investigação Clínica do HPDFF.

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Os Autores

Catarina Ramos Psicóloga da Saúde e Doutorada em Psicologia da Saúde pelo ISPA – Instituto Universitário. Investigadora científica no Instituto Universitário Egas Moniz (IUEM) e Docente no ISPA – Instituto Universitário. Psicóloga responsável por grupos psicoterapêuticos para mulheres com cancro da mama no Movimento Vencer e Viver do Núcleo Regional Sul da Liga Portuguesa Contra o Cancro. Membro candidato à Sociedade Portuguesa de Psicoterapia Existencial. Membro efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) e da European Health Psychology Society.

Cátia Branquinho Psicóloga Clínica e da Saúde e Mestre em Psicologia Clínica. Doutoranda em Ciências da Educação. Investigadora da equipa do projeto Aventura Social e do Instituto de Saúde Ambiental (ISAMB), da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL). Membro da rede Health Behaviour in School-aged Children/Organização Mundial de Saúde (HBSC/OMS). Coordenadora executiva do projeto Dream Teens.

David Dias Neto Licenciado em Psicologia pela Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa (FPUL). Estágio profissional no Hospital Júlio de Matos. Formação em Psicoterapia pela Associação Portuguesa de Terapias Comportamental e Cognitiva. Mestre em Stress e Bem-Estar pela FPUL. Doutorado em Psicologia Clínica pela UL e pela Universidade de Sheffield. Integrou a direção da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) de 2011 a 2016. Presidente do Conselho de Especialidade de Psicologia Clínica e da Saúde da OPP. Docente no ISPA – Instituto Universitário.

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Duarte Pimentel Doutorado em Ciências Económicas e Empresariais, especialidade de Gestão, pela Faculdade de Economia e Gestão da Universidade dos Açores (FEG-UAc). Diretor Executivo do TERINOV – Parque de Ciência e Tecnologia da Ilha Terceira e Docente no ISPA – Instituto Universitário. Membro integrado no William James Center for Research. Autor e coautor de diversos artigos científicos publicados em revistas nacionais XVII


Intervenção em Ciberpsicologia

e internacionais. Consultor associado em diversas empresas portuguesas nas áreas do capital humano e da gestão de equipas.

Eunice Barbosa Docente no Instituto Universitário da Maia (ISMAI), afiliado ao Centro de Psicologia da Universidade do Porto (UP), e Investigadora em Psicologia. Nos últimos anos, tem participado em projetos que visam avaliar a eficácia clínica no tratamento da depressão. Mais recentemente, tem estado envolvida em investigação na área da e-Mental Health, contribuindo para a implementação e avaliação do custo-efetividade de intervenção psicológica com recurso a componentes tecnológicas. Paralelamente, desenvolve estudos sobre processos de mudança em psicoterapia.

Fábio Botelho Guedes Psicólogo Clínico e da Saúde. Mestre em Psicologia Clínica. Investigador da equipa do projeto Aventura Social e do Instituto de Saúde Ambiental (ISAMB) da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL). Membro da rede Health Behaviour in School-aged Children/Organização Mundial de Saúde (HBSC/OMS).

Fernando Fernández-Aranda Doutorado em Psicologia e Especialista em Psicologia Clínica. Coordenador da Unidad de Trastornos de la Conducta Alimentaria (UTCA) no Departamento de Psiquiatria do Hospital Universitário Bellvitge-HUB/IDIBELL. Responsável pelo grupo de investigação CIBERobn (Centro de Investigación Biomédica en Red de la Fisiopatología de la Obesidad y Nutrición), do Instituto de Salud Carlos III. Docente com agregação na Universidade de Barcelona.

Filipa Pimenta Doutorada na especialidade de Psicologia da Saúde pelo ISPA – Instituto Universitário. Investigadora no William James Center for Research na área de obesidade e perda de peso bem-sucedida. Tem formação como psicoterapeuta pela Associação Portuguesa XVIII


Os Autores

de Psicoterapias Cognitiva e Comportamental (APTCC). Investigadora e Docente no ISPA – Instituto Universitário, estando associada a vários projetos no âmbito da saúde.

Gemma Mestre-Bach Doutoranda na Universidade de Barcelona. Desenvolve a sua atividade científica e de investigação na Unidad de Juego Patológico e na Unidad de Trastornos de la Conducta Alimentaria no Departamento de Psiquiatria do Hospital Universitário Bellvitge-HUB/IDIBELL. É bolseira FI de AGAUR e exerce funções no CIBERobn (Centro de Investigación Biomédica en Red de la Fisiopatología de la Obesidad y Nutrición), do Instituto de Salud Carlos III.

Henrique Pereira Psicólogo Clínico, Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde e em Sexologia pela Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP). Docente de Psicologia Clínica e Sexualidade na Universidade da Beira Interior (UBI). Possui o título de Agregado em Psicologia, o grau de Doutor em Psicologia Clínica e o de Mestre em Psicologia da Saúde pelo ISPA – Instituto Universitário. Desenvolve trabalho e investigação na interface entre a Psicologia Clínica e da Saúde e as minorias sexuais, contando com cerca de cem publicações nesta área.

Ivo Rocha

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Licenciado em Psicologia pela Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa (FPUL) e Mestre em Neuropsicologia pela Universidade Católica Portuguesa (UCP) de Lisboa. Na área de Neuropsicologia, colaborou com o Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca e clínicas privadas. Doutorando em Engenharia Biomédica e Neurociências na Faculdade de Ciências da UL (FCUL) com o tema “Neuromodulação no envelhecimento”. Investigador e Neuropsicólogo Clínico no Instituto de Biofísica e Engenharia Biomédica (IBEB) nas áreas de Neurociências e Neuropsicologia.

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Intervenção em Ciberpsicologia

João Salgado Docente no Instituto Universitário da Maia (ISMAI), onde dirige o Doutoramento na especialidade de Psicologia Clínica, e o Laboratório de Investigação em Psicoterapia, afiliado ao Centro de Psicologia da Universidade do Porto (UP). Representante da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) na task force de e-Health da European Federation of Psychologists’ Associations (EFPA). Coordenador do projeto financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) iCare4Depression, que combina terapia face a face com módulos online no tratamento da depressão.

José Alberto Ribeiro Gonçalves Licenciado em Ciências Psicológicas pela Universidade da Madeira (UMa) e Mestre em Psicologia Clínica pelo ISPA – Instituto Universitário. Doutorando na especialidade de Psicologia Clínica no ISPA – Instituto Universitário e membro do William James Center for Research, onde desenvolve a sua investigação na área do envelhecimento e da sexualidade.

Lucero Munguía Doutorada em Psicologia Clínica e da Saúde, desenvolve a sua atividade científica e de investigação na Unidad de Trastornos de la Conducta Alimentaria (UTCA) no Departamento de Ciências Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Barcelona. Investigadora de pós-doutoramento, com bolsa atribuída pelo Consejo Nacional de Ciencia y Tecnología (CONACYT) do México.

Madalena Campos Ferreira Licenciada em Psicologia e Mestre em Psicologia Comunitária e Proteção de Crianças e Jovens em Risco pelo ISCTE-IUL. Iniciou a sua experiência profissional na área da Psicologia Pediátrica em contexto hospitalar (Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca). Atualmente a realizar o estágio da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) na área da Psicologia Clínica e Forense, com especial interesse na psicoterapia, na avaliação e na intervenção com crianças, jovens e família.

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Os Autores

Margarida Gaspar de Matos Psicóloga Clínica e da Saúde e Psicoterapeuta. Doutorada em Educação Especial e Reabilitação. Professora Catedrática na Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa (FMH-UL). Coordenadora do projeto Aventura Social e Coordenadora nacional do estudo Health Behaviour in School-aged Children/Organização Mundial de Saúde (HBSC/OMS). Representante da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) na European Federation of Psychologists’ Associations (EFPA), onde coordena o Board on Prevention and Promotion.

Maria João Andrade Mestre em Psicologia Clínica e Doutoranda em Psicologia da Saúde no ISPA – Instituto Universitário. Pós-Graduada em Terapia de Casal e Sexologia Clínica. Fundadora e Coordenadora do projeto Apoio ao Jogador na Associação Grow uP Gaming. Colaborou como Psicóloga de Eports na Associação FTW Eports e na Empresa NPCL. Redatora na revista online Rubber Chicken. Em 2017, inaugurou o projeto Grinding Mind e é atualmente Coordenadora Clínica do Departamento de Psicologia da Federação Portuguesa de Desporto Eletrónico.

Maria Meireles Ramos Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde pela Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa (FPUL). Estagiou numa equipa comunitária do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental. Assistente de Investigação no William James Center for Research, do ISPA – Instituto Universitário, colaborando em diversos projetos de investigação da linha translacional.

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Marlene Sousa Docente e Investigadora no Instituto Universitário da Maia (ISMAI), afiliado ao Centro de Psicologia da Universidade do Porto (UP). Doutorada em Psicologia pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da UP (FPCEUP). Desenvolve investigação na área da e-Mental Health, colaborando diretamente em estudos que visam testar XXI


Intervenção em Ciberpsicologia

a eficácia e o custo-efetividade de tratamentos baseados na Internet, na prevenção e no combate à depressão, à ansiedade e ao risco de suicídio.

Mayra Delalibera Licenciada em Psicologia, Mestre em Cuidados Paliativos pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL) e Doutorada em Psicologia da Saúde pelo ISPA – Instituto Universitário. Investigadora Colaboradora no Núcleo Académico de Estudos e Intervenção sobre o Luto/Centro de Bioética da FMUL – NAEIL. Atua na área da Psicologia da Saúde, com trabalhos publicados relacionados com cuidadores familiares, cuidados paliativos, luto e luto complicado/prolongado.

Miguel Oliveira Licenciado em Psicologia, com Pós-Graduação em Gestão da Diversidade e Comunidades de Prática, trabalha como Psicólogo da Educação no Agrupamento de Escolas de Pinheiro. Especialista em Psicologia da Educação, em Psicologia do Trabalho, Social e das Organizações e detém especialidade avançada em Psicologia Comunitária. Vogal da Direção Nacional da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), onde tem trabalhado as questões ligadas à Psicologia e à Tecnologia.

Miguel Ricou Psicólogo. Doutorado em Psicologia Clínica pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC). Representante Português no Board of Ethics da European Federation of Psichologists’ Associations (EFPA). Presidente da Comissão de Ética da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP). Professor Auxiliar na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e na Universidade Portucalense Infante D. Henrique. Membro integrado do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde.

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Os Autores

Patrícia Gouveia Psicóloga, Licenciada em Psicologia Clínica pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz (ISCSEM) e Doutorada e Mestre em Psicologia da Saúde pelo ISPA – Instituto Universitário. Professora Auxiliar Convidada no Instituto Universitário Egas Moniz (IUEM). Membro Colaborador no Centro de Investigação Interdisciplinar Egas Moniz. Membro Integrado no Laboratório de Psicologia Egas Moniz (LabPSI-EM). Investiga nas áreas da adolescência, da agressão e violência escolar, da sexualidade e da saúde.

Patrícia M. Pascoal Doutoramento europeu em Psicologia Clínica pela Faculdade de Psicologia da Uni­ versidade de Lisboa (FPUL). Professora na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT). Psicóloga Clínica e da Saúde, Psicoterapeuta e Supervisora de Psi­coterapia pela APTC e Terapeuta Sexual pela SPSC. Preside à SPSC e é membro da Comissão Consultiva da Associação Mundial de Saúde Sexual. Membro do comité de Sexologia da European Society for Sexual Medi­cine. Integra os corpos editoriais do Journal of Sex and Marital Therapy, entre outros, e publica internacionalmente.

Pedro Alexandre Costa Psicólogo Clínico. Doutorado em Psicologia pela Universidade da Beira Interior (UBI). Investigador no William James Center for Research do ISPA – Instituto Universitário e em Birkbeck, Universidade de Londres, com um projeto intitulado “Mapeando as relações familiares em famílias adotivas do mesmo género e de género diferente em Portugal e no Reino Unido”. Os interesses de investigação e intervenção principais dividem-se entre a Psicologia da família e da parentalidade, género e sexualidade, com um foco particular na população LGBT.

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Pedro Marques-Quinteiro Doutorado em Gestão pelo ISCTE-IUL. Docente no ISPA – Instituto Universitário, onde é Investigador Pós-Doutorado no William James Center for Research, desenvolvendo investigação aplicada no âmbito do trabalho em equipa em populações que XXIII


Intervenção em Ciberpsicologia

atuam em ambientes extremos. Coautor de livros e autor e coautor de artigos científicos publicados em revistas nacionais e internacionais.

Raquel Rosas Licenciada em Ciências Psicológicas e Mestre em Psicologia da Saúde pelo ISPA – Instituto Universitário. Doutoranda na especialidade de Psicologia da Saúde no ISPA – Instituto Universitário e membro do William James Center for Research, onde desenvolve a sua investigação (financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia – FCT) na área de literacia alimentar, com o tema “FOODLIT-PRO: Food Literacy Project”. Membro efetivo na Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP).

Raul Melo Psicólogo, Especialista em Saúde e Educação. Licenciado pela Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa (FPUL) em 1986. Pertence aos quadros do Ministério da Saúde desde 1987, integrando presentemente a Divisão de Prevenção e Intervenção Comunitária da Direção de Serviços de Planeamento e Intervenção do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências. Secretário Permanente do Fórum Nacional de Álcool e Saúde e Coordenador do Programa “Eu e os Outros”. Fundador da Associação ARISCO. Autor de vários programas de prevenção e promoção da saúde. Membro da Comissão de Ética da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP).

Rita Sousa Lopes Licenciada em Ciências Psicológicas, Pós-Graduada em Psicologia Social e das Organizações e Mestre em Psicologia da Saúde pelo ISPA – Instituto Universitário. Investigadora na área do comportamento e das dependências online. Tem como principal área de interesse a promoção de comportamentos pró-saúde para uma utilização saudável da Internet.

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Os Autores

Rui Miguel Costa Licenciado em Psicologia Clínica e Mestre em Sexologia na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT). Doutorado em Psicologia pela University of the West of Scotland. Investigador no ISPA – Instituto Universitário. As suas áreas de interesse incluem fatores psicológicos e psicofisiológicos no funcionamento sexual, e psicopatologia relacionada com o uso problemático da Internet. Membro principal do William James Center for Research no ISPA – Instituto Universitário.

Rute Agulhas Psicóloga Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde, Psicoterapia e Psicologia da Justiça. Terapeuta Familiar. Perita na Delegação Sul do INMLCF, IP. Professora Assistente Convidada no ISCTE-IUL e no ISPA – Instituto Universitário. Nomeada pela Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) para o Board on Human Rights (European Federation of Psychologists’ Associations). Membro do Conselho Jurisdicional da OPP e da Comissão de Elaboração do Código Deontológico da OPP. Experiência na área dos maus-tratos, negligência e abuso sexual, avaliação psicológica forense e intervenção familiar.

Susana Jiménez-Murcia Doutorada em Psicologia e Especialista em Psicologia Clínica. Coordenadora da Unidad de Juego Patológico e responsável pela Psicologia geral do Serviço de Psiquiatria do Hospital Universitário de Bellvitge-HUB/IDIBELL. Docente Associada no Departamento de Ciências Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Barcelona. Membro do grupo de investigação do CIBERobn (Centro de Investigación Biomédica en Red de la Fisiopatología de la Obesidad y Nutrición), do Instituto de Salud Carlos III.

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Tânia Gaspar Psicóloga Clínica e da Saúde. Mestre em Saúde Pública e Doutorada em Psicologia. Diretora do Instituto de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade Lusíada de Lisboa (ULL). Investigadora da equipa do projeto Aventura Social e do Instituto XXV


Intervenção em Ciberpsicologia

de Saúde Ambiental (ISAMB) da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL). Membro da rede Health Behaviour in School-aged Children/Organização Mundial de Saúde (HBSC/OMS). Presidente da Associação Aventura Social.

Teresa Mena-Moreno Doutoranda na Universidade de Barcelona. Desenvolve a sua atividade científica na Unidade de Jogo Patológico e na Unidade de Trastornos Alimentares, no Departamento de Psiquiatria do Hospital Universitário de Bellvitge. Bolsa de excelência concedida pelo Ministério da Educação, Cultura e Desporto. Exerce funções no CIBERobn (Centro de Investigación Biomédica en Red de la Fisiopatología de la Obesidad y Nutrición), do Instituto de Salud Carlos III.

Zaida Agüera Doutorada em Psicologia, desenvolve a sua atividade científica e de investigação na Unidad de Trastornos de la Conducta Alimentaria (UTCA) e na Unidad de Juego Patológico y Adicciones Comportamentales no Departamento de Psiquiatria do Hospital Universitário Bellvitge-HUB/IDIBELL. Exerce funções no CIBERobn (Centro de Investigación Biomédica en Red de la Fisiopatología de la Obesidad y Nutrición), do Instituto de Salud Carlos III. Docente Associada na Universidade de Barcelona.

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Prefácio

A psicologia e os psicólogos têm um duplo desafio inerente ao âmbito da sua profissão: a sua própria adaptação aos desenvolvimentos tecnológicos da sociedade em que se inserem, e o seu trabalho face às novas e diferentes necessidades das pessoas e das suas organizações e comunidades. A profissão terá de lidar com novas oportunidades e obstáculos na intervenção, seja no que concerne ao seu próprio conhecimento e investigação, à atualização técnico-científica ou ao papel socioprofissional face a estas mudanças. Por outro lado, os psicólogos constituem recursos facilitadores aos necessários processos de adaptação das pessoas, e o seu papel será cada vez mais essencial e contributivo para outras áreas do conhecimento, como a informática. Esta iniciativa editorial tem o mérito de estimular e disseminar conhecimento da ciberpsicologia, domínio tão específico e recente na investigação em psicologia, tanto quanto crítico para a sua aplicação pelos nossos profissionais e pilar para uma maior atualização profissional conducente a melhores práticas. O facto de ser uma obra em língua portuguesa contribui para uma maior proximidade junto daqueles que mais podem usufruir desta obra em Portugal, ao mesmo tempo que promove a reflexão e investigação no ecossistema português, indispensável à formação-base de futuros psicólogos, mais despertos aos novos domínios do saber e às áreas profissionais emergentes. A ciberpsicologia, pela sua abrangência, permite o estabelecimento de pontes, por exemplo, com o estudo da internet ou com a e-Health, áreas nas quais, de forma alinhada com a prática internacional, os psicólogos portugueses têm trabalhado para a definição de boas práticas e preparado a profissão para outros passos estruturantes do seu futuro, no âmbito de estratégias nacionais ou europeias que influenciarão cada vez mais o acesso que os cidadãos têm aos cuidados de saúde e aos serviços de psicologia. Esta área ganha ainda mais relevância no momento em que cada vez mais se discute e trabalha interdisciplinarmente no campo da inteligência artificial e esta se prepara para ter uma forte presença nas nossas vidas, pressionando para um maior diálogo e reflexão ética e deontológica sobre a complexidade da interação Homem-máquina. XXVII


Intervenção em Ciberpsicologia

Esta edição consegue abarcar esta amplitude da ciberpsicologia, das oportunidades e limitações da investigação às intervenções psicológicas online para diferentes problemas de saúde, passando pelas consequências da (utilização da) tecnologia, como as referentes às dependências do jogo online, ao cyberbullying ou dimensões aplicadas às organizações e suas dinâmicas. Por tudo isto, é uma obra que se destaca e que afirma a psicologia na contemporaneidade, ao mesmo tempo que colabora para o desenvolvimento profissional dos psicólogos portugueses. Francisco Miranda Rodrigues

Bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP)

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Introdução

O Que É a Ciberpsicologia?

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Ivone Patrão e Isabel Leal

Em cada momento histórico, coexistem várias realidades e vários estilos de vida que decorrem de condições culturais, ideológicas, socioeconómicas e também, é possível afirmar-se sem dúvida, de condições tecnológicas. Essas diferentes realidades moldam não só as aprendizagens que cada geração faz, mas também os seus valores, atitudes e crenças. Nesse sentido, pode dizer-se que influenciam definitivamente as suas personalidades. A Psicologia é a ciência que tem por âmago o estudo do comportamento e dos processos mentais dos indivíduos e dos grupos sociais nas suas interações entre si, com o ambiente físico e social e, também, os seus correlatos fisiológicos e biológicos. No sentido em que a Psicologia é, por excelência, a ciência do Homem, é de grande relevância a compreensão dos fenómenos que vão emergindo e implicando alterações significativas nas formas de vida das pessoas. Como é notório, a partir dos anos 80 do século XX, surgiu um conjunto de tecnologias de informação e comunicação (TIC) que têm vindo a modificar, de forma muito relevante, não só a forma como as pessoas comunicam e acedem à informação, como também as sua suas interações com os outros, os seus comportamentos, valores e atitudes, e até os seus estilos de vida quotidianos. De facto, com a emergência e a democratização dos computadores pessoais, da World Wide Web, dos telemóveis e de outros pequenos dispositivos multifunções, que a partir do início do século XXI se generalizaram, passámos todos a viver em sociedades “ciberizadas”. O conceito de ciber (que é apenas a tradução do inglês cyber, diminutivo da palavra cybernetic), já entrou na linguagem para designar grandes concentrações deste tipo de tecnologia avançada. Assim, o que se designa por Ciberpsicologia é uma área emergente na ciência psicológica, que se dedica ao estudo dos comportamentos online, na sua interface com a tecnologia, com diferentes realidades e tendo em conta as vantagens e as desvantagens para o desenvolvimento humano a todos os seus níveis: individual, mas também relacional, ocupacional, grupal e organizacional. XXIX


Intervenção em Ciberpsicologia

O interesse e a investigação nesta perspetiva focada na interação entre o indivíduo, a sociedade e as tecnologias – descrevendo os impactos negativos e os benefícios dessa interação – têm, aliás, sido profícuos, mostrando como os processos psicológicos que são ativados quando o indivíduo interage com a tecnologia, sobretudo os processos neurocognitivos, afetivos e relacionais, têm repercussões no desenvolvimento de competências e no comportamento online e offline (Norman, 2008; Parsons, 2017; Power & Kirwan, 2014; Whitty & Young, 2016). A Ciberpsicologia dá agora os primeiros passos entre nós, mas a sua relevância como área de estudo e de investigação sistemática no âmbito da Psicologia existe desde os anos 80 do século XX, altura em que a poderosa American Psychology Association (APA) criou uma divisão específica na área dos media e da tecnologia (Division 46 da APA – Society for Media and Technology), já então com a preocupação de perceber os reais impactos dos avanços da tecnologia nas rotinas diárias dos indivíduos, no trabalho, nas escolas, nos cuidados de saúde e no lazer. Em 1996, numa parceria entre a Universidade do Quebec e o Hospital Pierre-Janet (ambos do Canadá), foi criado o The Cyberpsychology Lab, o primeiro laboratório no mundo assumidamente orientado para estudar a Ciberpsicologia a partir de três perspetivas principais: fundamental, isto é, centrada nos processos psicológicos subjacentes; clínica, ou seja, virada para a efetividade terapêutica das intervenções mediatizadas por estas novas ferramentas; aplicada, em que estuda as diferentes aplicações práticas das TIC em Psicologia. Neste âmbito, têm vindo a ser desenvolvidos projetos em áreas como: o tratamento de transtornos de ansiedade, sobretudo ataques de pânico e agorafobia (e.g., Bouchard et al., 2017); o papel da presença na realidade virtual; a avaliação neuropsicológica; a dor; as preferências sexuais; o papel do sono na saúde mental; o jogo patológico; etc. Se, internacionalmente, já existe bastante caminho percorrido, entre nós, este livro, Intervenção em Ciberpsicologia, é pioneiro e aborda três níveis de aplicabilidade prática da Psicologia na interação com a tecnologia: na investigação científica; na prevenção de comportamentos de risco e da doença; e na intervenção psicoterapêutica. O objetivo central é alertar para as vantagens das TIC na avaliação, na prevenção da doença, na intervenção terapêutica e como um recurso essencial na investigação, abordando também o lado menos vantajoso das dependências online e dos riscos para a segurança. XXX


Introdução

A utilização das TIC na investigação científica coloca, desde logo, diferentes vantagens, quer na ótica do profissional, quer do paciente/participante em amostras de estudos, mas também suscita o desafio de perceber se os resultados são válidos. A associação das TIC na prevenção da doença e em intervenções terapêuticas tem cada vez mais expressão, pelo que se pode ler ao longo dos diferentes capítulos do livro que expõem o recurso às TIC, por exemplo, na depressão, na gestão do comportamento alimentar, no luto, no cancro, na sexualidade humana, entre outros. O livro dirige-se a estudantes e profissionais em diferentes áreas de especialização, como a Saúde, a Educação, a Informática e a Comunicação. Também se dirige a uma audiência mais vasta de pessoas interessadas em aprofundar de que forma o ciberfenómeno tem vindo a embrenhar-se na nossa vida e a ter implicações no nosso comportamento e no funcionamento individual e social.

Referências Bibliográficas

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Bouchard, S., Dumoulin, S., Robillard, G., Guitard, T., Klinger, É., Forget, H., Loranger, C., & Roucaut, F.-X. (2017). Exposure in virtual reality is more effective and efficient than in vivo exposure when using broad range of stimuli for the treatment of social anxiety disorder: A three-arm randomized controlled trial. British Journal of Psychiatry, 210(4), 276–283. doi: 10.1192/bjp.bp.116.184234 Norman, K. (2008). Cyberpsychology: An introduction to human-computer interaction. Cambridge: Cambridge University Press. Parsons, T. (2017). Cyberpsychology and the brain: The interaction of neuroscience and affective computing. Cambridge: Cambridge University Press. Power, A., & Kirwan, G. (2014). Cyberpsychology and new media: A thematic reader. New York: Routledge. Whitty, M., & Young, G. (2016). Cyberpsychology: The study of individuals, society and digital technologies. Hoboken: Wiley Blackwell.

XXXI



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Intervenções Psicológicas com Recurso a Tecnologia: eHealth e mHealth

Raquel Rosas

9.1 Introdução

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9.1.1 Desafios da Saúde na Atualidade Apesar de o direito humano de acesso à saúde ser considerado parte da identidade e da ação fundamental da Organização Mundial de Saúde (World Health Organization [WHO], 2017), sabe-se que, atualmente, mais de metade da população mundial não tem acesso a serviços básicos de cuidados de saúde. Tal impacta direta e significativamente não só o estado de saúde física dos indivíduos, mas também o seu bem­ ‑estar mental e social, bem como a qualidade de vida (WHO & International Bank for Reconstruction and Development/The World Bank, 2017). Paralelamente à falta de acesso, os custos associados a cuidados de saúde continuam a aumentar, estimando-se que perto de 100 milhões de pessoas atinjam anualmente o limiar de pobreza extrema por gastos relacionados com a saúde (WHO & International Bank for Reconstruction and Development/The World Bank, 2017). Em Portugal, do total das despesas familiares, cerca de 4% são para gastos relacionados com a saúde. Fatores como o aumento da esperança média de vida e de doenças crónicas e comorbilidades associadas ao envelhecimento da população poderão contribuir para a explicação deste valor, que se situa acima da média europeia (cerca de 3%) (Organisation for Economic Co-operation and Development [OECD], 2017; OECD & European Observatory on Health Systems and Policies, 2017). Por outro lado, esta crescente percentagem de doenças crónicas tem aumentado os encargos dos serviços de saúde, o que impacta substancialmente a sociedade e, em particular, acarreta um fardo significativo para a vida dos pacientes (Talboom-Kamp, Verdijk, Kasteleyn, Numans, & Chavannes, 2018). No entanto, uma gestão de qualidade destas doenças apenas pode ser assegurada com a responsabilização e a ação ativa dos pacientes sobre 115


Intervenção em Ciberpsicologia

a sua saúde. Assim, a autogestão da saúde por parte do indivíduo é não só imprescindível a uma abordagem centrada no paciente, como essencial à manutenção da qualidade de vida do próprio ao longo do tempo (Barello et al., 2016; Sanyal, Stolee, Juzwishin, & Husereau, 2018; van Gemert-Pijnen, Kip, Kelders, & Sanderman, 2018). São estes e outros desafios que demonstram a oportunidade, sem precedentes, da utilização da tecnologia no âmbito da saúde (Borrelli & Ritterband, 2015). A facilitação do acesso aos cuidados de saúde específicos às necessidades evidenciadas, a flexibilidade da relação custo-eficácia, o alívio da sobrecarga dos serviços de cuidados de saúde e a promoção da autonomia para a autogestão da saúde são alguns dos atributos que as intervenções com recurso a tecnologia podem potenciar.

9.2 Saúde à Distância de Um Clique Na sociedade atual, as tecnologias de informação e comunicação (TIC) têm vindo a providenciar informação personalizada em múltiplas áreas de intervenção, incluindo a saúde (Bacigalupe, 2011). Na Europa, sabe-se que 87% dos agregados familiares têm acesso à Internet e, dentro destes, cerca de 72% dos adultos afirmam recorrer à Internet diariamente ou quase todos os dias (European Commission, 2014; Eurostat, 2018). Sabe-se também que há muito tempo que os computadores deixaram de ser essenciais para usufruir da Internet – atualmente, existem mais de 5,3 biliões de subscrições ativas de serviços móveis, estimando-se que cerca de 90% da população mundial terá um dispositivo móvel em 2020 (Jejdling, 2018). Sendo o acesso à Internet cada vez mais comum e frequente, este recurso foi direcionado pelo utilizador para a gestão de uma necessidade fundamental: a saúde. Prova disso são os cerca de 80% dos indivíduos com idades compreendidas entre os 15 e os 39 anos que afirmam utilizar a Internet como uma das principais ferramentas para procura de informação relacionada com a saúde (European Commission, 2014; Eurostat, 2018). Também a oferta de plataformas digitais e aplicações (apps) relacionadas com a saúde é cada vez mais ampla e diversa; em 2014, registaram-se mais de 100 mil apps de saúde disponíveis no iTunes (Apple Store) e na Google Play Store (Lupton, 2014). Simultaneamente, as apps de saúde e bem-estar são também as que contam com maiores taxas de utilização, sendo consideradas por este mercado como uma das áreas com maior potencial de desenvolvimento (Malvey & Slovensky, 2014). 116


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Reabilitação Neuropsicológica com Recurso às TIC

André M. Carvalho e Ivo Rocha

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19.1 Introdução Segundo o Colégio de Especialidade em Psicologia Clínica e da Saúde da Ordem dos Psicólogos Portugueses, a Neuropsicologia dedica-se ao “estudo das relações entre o funcionamento cognitivo e outros fenómenos da vida mental, os seus correlatos neurobiológicos e o comportamento do indivíduo isolado ou em interação, em diferentes contextos e fases do ciclo de vida, recorrendo para isso a uma variedade de métodos e técnicas quer da Psicologia em geral, quer especificamente da Neuropsicologia e das Neurociências” (Ordem dos Psicólogos Portugueses [OPP], 2018). Para acedermos a este nível de funcionamento do cérebro, é preciso avaliar, sendo habitual que surjam pacientes em consulta com indicação para reabilitação com um diagnóstico, mas sem uma avaliação formal, descritiva e funcional. Deste modo, a avaliação neuropsicológica é uma meta importante antes da intervenção e da reabilitação. Na clínica, este tipo de avaliação constitui-se como um meio complementar de diagnóstico específico, comparável a outros exames de diagnóstico mais comuns (e.g., tomografia computorizada, eletroencefalograma ou análises clínicas). A avaliação neuropsicológica permite ao neuropsicólogo a elaboração de um relatório detalhado sobre o funcionamento cognitivo e comportamental do paciente, sabendo, assim, determinar que domínios é necessário reabilitar e quais são as melhores técnicas e estratégias para alcançar esse propósito, através de um plano negociado com o próprio paciente. A reabilitação neuropsicológica (RN) é uma intervenção terapêutica cognitivo-comportamental do domínio da neuropsicologia clínica que começou a ser desenvolvida com os trabalhos de Barbara Wilson, nas décadas de 80 e 90 do século XX. Tem como objetivos fundamentais compensar (estabilizar) e/ou reorganizar (recuperar) disfunções associadas a domínios específicos da atividade cerebral em diferentes idades, potenciando a qualidade de vida funcional a um nível superior do que aquele 267


Intervenção em Ciberpsicologia

que seria conseguido pela simples passagem do tempo. É uma abordagem holística, que pretende ir para além das alterações cognitivas, comportamentais e funcionais detetadas, pois tem em atenção a esfera social, emocional e motivacional do paciente no seu meio ambiente e contexto cultural. Os mecanismos neurofisiológicos que possibilitam a RN devem-se, essencialmente, à neuroplasticidade, que é a capacidade do sistema nervoso de mudar, adaptar-se e moldar-se estrutural e funcionalmente sempre que o sujeito tem novas experiências (Chollet, 2013). Esta plasticidade cerebral (ou sináptica) é mantida em toda a vida, desde a infância até idades muito avançadas (Bavelier, Green, Pouget, & Schrater, 2012), e a compreensão deste processo é de extrema importância para o sucesso da RN. Esta depende, ainda, da participação ativa do indivíduo, do seu grau de consciencialização e da motivação para aderir ao próprio programa de reabilitação. Na prática clínica, a intervenção comummente utilizada é a “reabilitação de papel e lápis” e alguns programas informáticos. Estas abordagens, embora com pontos positivos, acarretam várias limitações, tal como a dificuldade de generalização do que é aprendido/melhorado em sessão para o ambiente quotidiano. Muitos planos de RN falham, não pela falta de evidência dos seus benefícios, mas pela forma limitada como são implementados, sendo importante referir que: A intensidade de treino pode estar desajustada ao paciente em questão; A sua duração pode ser demasiado curta ou longa, seja em termos da sessão ou no número de sessões; Os planos podem não ser desenhados com base num perfil do sujeito e nas suas capacidades; Há limites a nível dos recursos humanos para que a reabilitação seja bem-sucedida; As deslocações dos pacientes envolvem, muitas vezes, uma logística complexa, que depende de transportes; Os custos associados são elevados. Este valor multiplica-se, regra geral, pelo número semanal de sessões, pois, efetivamente, na RN a frequência e a intensidade são fatores importantes para atingir resultados positivos e, em consequência, sucesso. O tipo de dinâmica das sessões e o sentido lúdico potenciam um maior envolvimento dos indivíduos no treino cognitivo, sendo importante obter feedback imediato, 268


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Posfácio

A crescente introdução da tecnologia nas mais diversas áreas de aplicação, com ênfase nas tecnologias da informação e comunicação (TIC) e na Internet, permite atualmente a sua utilização com claros benefícios no âmbito da intervenção psicológica. No entanto, esta utilização, sobretudo pensando na sua evolução futura a médio prazo, gerou um elevado número de desafios em termos éticos e deontológicos, no que respeita à sua eficácia, identidade e propósito do próprio processo terapêutico. Este livro apresenta um estado da arte abrangente relativo às principais aplicações de inovações tecnológicas na área da psicologia, realçando a investigação e a intervenção, não descurando ainda os modelos teóricos subjacentes ao seu desenvolvimento. O trabalho foca-se em questões atuais como a utilização da Internet, potenciação das TIC na área da psicologia, protocolos de investigação e intervenções psicoterapêuticas online, gamificação e utilização de jogos em psicologia e ciberpsicologia, eHealth, novas realidades online, comportamento online e ciberbullying, jogo e dependência online, ciberintervenção e utilização das TIC em áreas sensíveis (tais como a oncologia, reabilitação, depressão, obesidade, sexualidade, perda e luto) e na psicoeducação digital. É também demonstrado um elevado número de aplicações tecnológicas, em problemáticas específicas, com destaque para as intervenções existentes no contexto nacional, em que os contributos conjuntos da psicologia e das TIC poderão permitir incrementar o número de pessoas a beneficiar de intervenção psicológica e uma melhoria da prestação de cuidados de saúde com consequente redução de custos para os sistemas de saúde. A leitura deste livro permite, deste modo, a estudantes e profissionais da área da psicologia que não estejam familiarizados com o tema da ciberpsicologia perceber este conceito, as suas possíveis aplicações, desafios e problemas. Por outro lado, permite também aos estudantes e profissionais das áreas mais tecnológicas perceber a relevância da articulação da tecnologia com a psicologia e o seu processo de aplicação 299


Intervenção em Ciberpsicologia

e responsabilização utilizando boas práticas e em aplicações relevantes e de grande utilidade. Luís Paulo Reis

Professor Associado do Departamento de Engenharia Informática da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) Diretor do Laboratório de Inteligência Artificial e Ciência de Computadores da UP

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