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PSICOLOGIA CLÍNICA • Definição e Evolução Histórica • O Método Clínico • Modelos de Consulta • O Psicólogo Clínico • Relação Terapêutica • Ética • Casos Clínicos
Começando pela definição e evolução histórica da Psicologia Clínica, este livro aprofunda os aspetos centrais do método clínico e dos modelos de consulta psicológica. Privilegiam-se recomendações práticas (e.g., presença digital, imagem profissional, marcação de consulta), com particular enfoque na relação terapêutica e a sua relevância para o sucesso da intervenção psicológica, sustentadas numa conduta profissional ética em respeito aos Princípios Gerais e Princípios Específicos do Código Deontológico da Ordem dos Psicólogos Portugueses.
PSICOLOGIA CLÍNICA
PSICOLOGIA CLÍNICA
Ao utilizar os princípios e procedimentos psicológicos para entender e intervir nas questões emocionais, intelectuais e/ou comportamentais do indivíduo, a Psicologia Clínica requer uma prática fundamentada e sustentada em evidência científica.
Carina Lobato de Faria I Rute Brites Mauro Paulino I Filipa Jardim da Silva
www.pactor.pt
Psicóloga clínica e da saúde, com Especialidade Avançada em Psicoterapia, Neuropsicologia e Necessidades Educativas Especiais pela Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP). Diretora Clínica da Saber de Mim – Neuropsicologia e Psicologia Clínica.
Rute Brites Psicóloga clínica. Doutorada em Psicologia da Saúde pela Universidade do Algarve. Professora Associada na Universidade Autónoma de Lisboa. Membro efetivo da OPP, especialista em Psicologia Clínica e da Saúde e em Psicoterapia.
Mauro Paulino Psicólogo clínico e forense. Coordenador da Mind | Psicologia Clínica e Forense. Membro efetivo da OPP, com Especialidade Avançada em Psicologia da Justiça. Integra o Conselho Nacional de Psicólogos (OPP).
Filipa Jardim da Silva Psicóloga clínica com Mestrado Integrado pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde pela OPP. Fundadora e Diretora Clínica do Projeto Filipa Jardim da Silva – Psicologia Clínica, Coaching e Formação.
Prefácio de David Dias Neto ISBN 978-989-693-100-1
Carina Lobato de Faria
Diretor da coleção “Intervenção em Psicologia”.
Este é um livro repleto de exemplos ao longo dos vários capítulos, disponibilizando ao leitor a partilha de quatro casos clínicos, dois deles centrados no processo de avaliação e estabelecimento do plano terapêutico e os outros dois no processo de intervenção e as suas complexidades. Destina-se sobretudo a psicólogos e estudantes de Psicologia, podendo ser igualmente útil a psiquiatras e estudantes de Psiquiatria que trabalhem em articulação com psicólogos.
9 789896 931001
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INTERVENÇÃO EM
COLEÇÃO INTERVENÇÃO EM PSICOLOGIA INTERVENÇÃO EM
Guias práticos que privilegiam o saber-fazer nos vários domínios da ciência psicológica. Com estudos de caso e exemplos vários que ajudam o leitor a enquadrar, operacionalizar e concretizar uma intervenção técnica e cientificamente fundamentada.
AUTORES
Presidente do Conselho de Especialidade – Psicologia Clínica e da Saúde da OPP
Posfácio de Isabel Leal Professora Catedrática do ISPA
EDIÇÃO
PACTOR – Edições de Ciências Sociais, Forenses e da Educação Av. Praia da Vitória, 14 A – 1000-247 LISBOA Tel: +351 213 511 448 pactor@pactor.pt www.pactor.pt
DISTRIBUIÇÃO
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LIVRARIA
Av. Praia da Vitória, 14 A – 1000-247 LISBOA Tel: +351 213 511 448 livraria@lidel.pt Copyright © 2020, PACTOR – Edições de Ciências Sociais, Forenses e da Educação ® Marca registada da FCA – Editora de Informática, Lda. ISBN edição impressa: 978-989-693-100-1 1.ª edição impressa: janeiro de 2020 Paginação: Carlos Mendes Impressão e acabamento: Tipografia Lousanense, Lda. – Lousã Depósito Legal n.º 466199/20 Capa: José Manuel Reis Todos os nossos livros passam por um rigoroso controlo de qualidade, no entanto, aconselhamos a consulta periódica do nosso site (www.pactor.pt) para fazer o download de eventuais correções. Não nos responsabilizamos por desatualizações das hiperligações presentes nesta obra, que foram verificadas à data de publicação da mesma. Os nomes comerciais referenciados neste livro têm patente registada. Reservados todos os direitos. Esta publicação não pode ser reproduzida, nem transmitida, no todo ou em parte, por qualquer processo eletrónico, mecânico, fotocópia, digitalização, gravação, sistema de armazenamento e disponibilização de informação, sítio Web, blogue ou outros, sem prévia autorização escrita da Editora, exceto o permitido pelo CDADC, em termos de cópia privada pela AGECOP – Associação para a Gestão da Cópia Privada, através do pagamento das respetivas taxas.
Índice
Sobre a Coleção Os Autores Prefácio Introdução
VII IX XI XV
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1. A Psicologia Clínica: Evolução Histórica e Definição 1.1 Evolução Histórica 1.2 Definição Considerações Finais 2. O Método Clínico 2.1 Aspetos Centrais à Definição do Método Clínico 2.2 Etapas do Método Clínico 2.2.1 A Primeira Consulta 2.2.2 Planeamento e Realização da Avaliação 2.2.3 Elaboração do Relatório e Devolução dos Resultados 2.2.4 Diagnóstico 2.2.5 Plano Terapêutico 2.2.6 Reavaliação 2.2.7 Intervenção, Especialidades e Âmbito da Atuação Profissional do Psicólogo 2.2.8 Dropout 2.2.9 Alta Clínica Considerações Finais
III
1 1 6 8 11 11 17 17 31 42 47 50 51 52 71 73 73
Intervenção em Psicologia Clínica
3. Modelos de Consulta 3.1 A Intervenção Psicológica e a sua Eficácia 3.2 Tipos de Intervenção 3.2.1 Intervenção Psicológica Individual 3.2.2 Intervenção Psicológica em Grupo 3.2.3 Intervenção Psicológica Fora do Setting Clássico Considerações Finais
75 75 79 80 93 97 99
4. O Psicólogo Clínico e a Relação Terapêutica 4.1 A Relação Terapêutica 4.1.1 Identidade Terapêutica 4.1.2 A Marcação de Consulta e o Pedido de Ajuda 4.1.3 O Setting Terapêutico 4.1.4 Aliança Terapêutica 4.1.5 As Técnicas 4.1.6 O Final da Relação 4.1.7 Supervisão e Intervisão 4.2 Carreira Profissional 4.2.1 Enquadramento Legal e Fiscal 4.2.2 Cédula Profissional 4.2.3 Honorários 4.2.4 Nota Curricular 4.2.5 Presença Digital 4.2.6 Contactos 4.2.7 Imagem Profissional e Cuidado Pessoal 4.2.8 Desenvolvimento Pessoal 4.2.9 Formação e Investigação 4.2.10 Trabalho em Equipa Multidisciplinar Considerações Finais
101 101 105 107 116 126 130 144 148 150 150 152 152 153 153 155 156 157 158 159 160
5. Ética 5.1 Enquadramento 5.2 Código Deontológico da OPP 5.3 Confidencialidade 5.3.1 Definição Inicial das Condições da Relação Profissional
161 161 162 163 164
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Índice
5.3.2 Recolha e Registos de Informação 165 5.3.3 Registos na Era Digital 166 5.3.4 Boas Práticas 166 5.3.5 Supervisão e Intervisão 167 5.3.6 Propósitos Académicos/Didáticos 167 5.3.7 Quando o Cliente é uma Criança ou um Adolescente 167 5.3.8 Enquadramento Cultural 168 5.3.9 Limites da Confidencialidade 169 5.3.10 Comunicação de Informação Confidencial 169 5.3.11 Quando o Cliente é uma Criança, um Adolescente ou um Adulto Vulnerável 170 5.3.12 Situações Legais 170 5.4 Consentimento Informado 171 5.4.1 Pessoas Legalmente Incapazes de Dar Consentimento Informado 171 5.4.2 Serviços Ordenados pelo Tribunal 172 5.4.3 Serviços Prestados a uma Organização ou através de uma Instituição 172 5.4.4 Gravações Áudio e/ou Vídeo 172 5.5 Relação com o Cliente 173 5.5.1 Relações Múltiplas e os seus Limites 173 5.5.2 Contactos Fora do Setting Terapêutico 176 5.6 Dilemas Éticos 176 5.6.1 Alguns Exemplos de Dilemas Éticos 177 5.7 Quadro Referencial (Mindset) 180 5.8 Valores Universais 180 5.9 Dignidade Humana 182 5.10 Soberania do Cliente 182 5.10.1 Definição de Cliente 183 5.10.2 Cessação de Colaboração com Entidade Empregadora 183 5.11 Autocuidado 184 5.12 Interdisciplinaridade: Intervir de Forma Integrada 186 5.12.1 Confidencialidade e Interdisciplinaridade 186 5.12.2 Ética, Competência e Interdisciplinaridade 187 V
Intervenção em Psicologia Clínica
5.12.3 Duplicação de Intervenções Considerações Finais
187 189
6. Casos Clínicos 6.1 Caso Clínico I 6.1.1 Identificação 6.1.2 Motivo da Consulta 6.1.3 Avaliação 6.1.4 Objetivos Terapêuticos 6.2 Caso Clínico II 6.2.1 Identificação 6.2.2 Motivo da Consulta 6.2.3 Avaliação 6.2.4 Objetivos Terapêuticos 6.3 Caso Clínico III 6.3.1 Identificação 6.3.2 Motivo da Consulta 6.3.3 Avaliação 6.3.4 Objetivos e Plano Terapêuticos 6.4 Caso Clínico IV 6.4.1 Identificação 6.4.2 Motivo da Consulta 6.4.3 Modalidade de Intervenção 6.4.4 Avaliação 6.4.5 Conceptualização do Caso 6.4.6 Objetivos e Plano Terapêuticos Considerações Finais
191 192 192 192 192 193 193 193 194 194 194 195 195 195 196 204 213 213 214 215 215 220 224 226
Anexo – FAQ (Frequently Asked Questions) 227 Conclusão 235 Posfácio 239 Referências Bibliográficas 243 Índice Remissivo 255
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Os Autores
Carina Lobato de Faria Psicóloga clínica e da saúde, com Especialidade Avançada pela Ordem dos Psicólogos Portugueses em Psicoterapia, Neuropsicologia e Necessidades Educativas Especiais. Mestranda em Ciências da Educação, especialização em Políticas Públicas e Contextos Educativos (Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração da Universidade Lusófona de Lisboa). Pós-graduada em Psicologia Clínica, Psicoterapia e Neuropsicologia, bem como em Coordenação e Gestão de Formação. Detentora de Especialização Avançada em Supervisão Pedagógica. Formadora de professores certificada pelo Conselho Científico-Pedagógico de Formação Contínua de Braga. Diretora Clínica e Psicoterapeuta na Clínica Saberdemim, Neuropsicologia e Psicologia Clínica.
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Rute Brites Psicóloga clínica. Professora Associada do Departamento de Psicologia da Universidade Autónoma de Lisboa (UAL), onde desempenha funções de assessora da Direção. Doutorada em Psicologia da Saúde pela Universidade do Algarve. Licenciada em Psicologia pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Pós-graduada em Masters em Counselling (UAL). Membro efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), especialista em Psicologia Clínica e da Saúde e em Psicoterapia. Psicoterapeuta pela Associação Portuguesa de Psicoterapia Centrada na Pessoa e Counselling (APPCPC). A nível de investigação, é adjunta na Coordenação Científica e membro integrado do Centro de Investigação em Psicologia da UAL. Vice-presidente da APPCPC e cocoordenadora da formação em Counselling e Psicoterapia. Representante do Departamento de Psicologia da UAL no Conselho Científico da OPP. Autora de capítulos de livros e artigos científicos de circulação nacional e internacional. IX
Intervenção em Psicologia Clínica
Mauro Paulino Coordenador da Mind | Instituto de Psicologia Clínica e Forense. Psicólogo forense consultor do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses. Doutorando em Psicologia Forense na Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação na Universidade de Coimbra (FPCEUC). Mestre em Medicina Legal e Ciências Forenses pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Pós-graduado em Consulta Psicológica, Psicoterapia e Neuropsicologia. Membro efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), com grau de Especialidade Avançada em Psicologia da Justiça. Integra o Grupo de Trabalho da OPP – Intervenção do Psicólogo em Contexto de Violência Doméstica. Membro do Conselho Nacional de Psicólogos e do National Awarding Committee da OPP, no âmbito do Certificado Europeu de Psicologia – Europsy. Terapeuta em Eye Movement Desensitization and Reprocessing (EMDR) (nível 2). Membro do Laboratório de Avaliação Psicológica e Psicometria (PsyAssessmentLab) e do Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC), ambos na FPCEUC. Membro da Comissão de Ética do Centro de Investigação em Psicologia da Universidade Autónoma de Lisboa. Autor e coordenador de diversos livros. Docente convidado em universidades nacionais e internacionais.
Filipa Jardim da Silva Fundadora e Diretora Clínica do Projeto Filipa Jardim da Silva – Psicologia Clínica, Coaching e Formação. Psicóloga clínica com Mestrado Integrado pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Detém o grau de Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde pela Ordem dos Psicólogos Portugueses. Tem duas formações pós‑graduadas, nomeadamente em Psicoterapeuta pela Associação Portuguesa de Terapias Comportamental e Cognitiva Integrada e em Avaliação e Intervenção Psicológica com Crianças e Adolescentes pelo Centro de Formação e Investigação em Psicologia. Possui ainda formação no Modelo Psicoterapêutico de Sistemas Internos Familiares (nível 1) e é terapeuta em Eye Movement Desensitization and Reprocessing (EMDR) (nível 2). Realizou um curso pós-graduado em Anorexia e Bulimia Nervosas: Doenças do Comportamento Alimentar, organizado pelo Núcleo de Doenças de Comportamento Alimentar em Lisboa. Dinamiza formações com regularidade, é presença assídua em diversos órgãos de comunicação social e colabora com empresas de comunicação nas áreas de Desenvolvimento Pessoal, Saúde e Bem-Estar.
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Prefácio
Uma profissão afirma-se pelos modelos e conhecimentos científicos que a baseiam e pela distintividade da sua intervenção. A prática profissional da Psicologia, no geral, e da Psicologia Clínica, em particular, baseia-se em sólidos conhecimentos científicos. O desafio situa-se ao nível da distintividade da intervenção. Se consultarmos a proposta de ato psicológico, são mais as atividades partilhadas com outras profissões do que aquelas que são únicas. A afirmação da profissão na realização destes atos passa pelo assumir da identidade da Psicologia na realização dos mesmos. Entre os atos distintivos da Psicologia encontram-se a avaliação e a intervenção psicológicas. Estes atos são defendidos como tendo de ser realizados por psicólogos e por serem identitários da Psicologia. Mas estas intervenções têm diferentes níveis de desenvolvimento. A avaliação psicológica está bem fundamentada em teorias e modelos próprios, apresenta cuidados metodológicos claros e uma história de exercício profissional que nos permite considerá-la estabelecida. A intervenção psicológica, por seu lado, ainda tem um caminho importante a percorrer. Ao nível da distintividade, é inevitável pensar na sobreposição que existe entre a Psicoterapia e a intervenção psicológica – principalmente, mas não só, em Psicologia Clínica e da Saúde. Uma boa parte dos modelos que sustentam a intervenção psicológica vem da Psicoterapia – principalmente em Psicologia Clínica. Isto acontece porque estes modelos, mesmo podendo ter sido desenvolvidos por autores de outras profissões, são modelos psicológicos. No entanto, a intervenção psicológica atua em áreas diferentes. Em áreas mais longe da clínica encontram-se a Psicologia da Educação e a Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações, com importantes modelos próprios. Em áreas mais próximas ou integrantes da Psicologia Clínica e da Saúde – como a Psicologia da Justiça, a Neuropsicologia, XI
Intervenção em Psicologia Clínica
a Sexologia, entre outras – existem importantes tradições de investigação e teorização própria, com intervenções particulares. Além das tradições a que se associam estes contextos particulares, destaca-se a influência de modelos mais amplos da Psicologia na intervenção psicológica. Para a intervenção em Psicologia Clínica destacam-se dois: os modelos ligados à Psicologia da Saúde e os modelos ligados à compreensão do desenvolvimento humano. Os primeiros reforçam a noção de saúde mais abrangente do que a compreensão da doença. A saúde é o resultado de condições físicas, mas também de dimensões afetivas, cognitivas e interpessoais. Sem a compreensão destas condições não é possível prevenir doenças, facilitar o ajustamento a doenças crónicas, trabalhar aspetos como a literacia ou a adesão à intervenção ou intervir sobre dimensões importantes da experiência da doença. Isto é válido mesmo nos domínios mais tradicionais da saúde. Lembremo-nos, por exemplo, da máxima clássica atribuída a Sir William Osler (1849-1919): “It is much more important to know what sort of patient has a disease than what sort of disease a patient has”. Esta compreensão da pessoa que tem a doença, do contexto em que a doença ocorre e do significado pessoal e cultural da doença é a arena da Psicologia. A segunda grande influência decorre dos modelos do desenvolvimento humano. Se a intervenção psicológica é a promoção da mudança, as teorias do desenvolvimento dão um enquadramento geral a mudanças mais permanentes. Certas teorias, como a da Zona de Desenvolvimento Proximal de Vygotsky ou o conceito de assimilação de Piaget, ajudam a compreender as condições para a mudança. Aliás, uma discussão filosófica interessante, e sem uma resposta única, é se a intervenção psicológica em Psicologia Clínica deve seguir um modelo de saúde/doença ou de desenvolvimento. A intervenção em Psicologia Clínica nascerá, portanto, quer do respeito pelas diversidades dos contextos, quer da sua sustentação firme na Psicologia. Digo nascerá, pois parece-me existir um importante caminho a percorrer nesta área. A reflexão e a elaboração da intervenção psicológica – incluindo na Psicologia Clínica – são importantes pela sua ligação ao ato psicológico e à identidade da Psicologia Clínica. Por este motivo, este livro assume uma importância muito significativa. Os seus autores conseguiram, de uma forma clara e rigorosa, apresentar os fundamentos, as características e as implicações da intervenção em Psicologia Clínica. Para tal, contribuiu a sua larga experiência profissional e de reflexão escrita. Esta obra conjuga uma revisão da literatura atual, abordada de forma crítica através de um conjunto de casos clínicos, e reflexões da prática que dão realidade às considerações teóricas. XII
Prefácio
O livro é abrangente na apresentação da temática, em torno de eixos centrais que os autores consideram imprescindíveis na prática. Inclui considerações sobre o método clínico, que constitui um elo de ligação entre a prática e a investigação (Capítulo 2). No Capítulo 3, relativo aos tipos de consulta, encontram-se importantes reflexões sobre a consulta psicológica e as suas variabilidade e semelhanças – quer em termos de formatos e contextos, quer de aplicações ao ciclo de vida. Apresenta também considerações sobre a pessoa do psicólogo (Capítulo 4), reconhecendo a importância do mesmo e da relação terapêutica enquanto instrumentos de mudança. Tece ainda considerações sobre a ética e a sua relação com a prática (Capítulo 5). Estas considerações são fundamentais, já que, para a intervenção em Psicologia Clínica, a reflexão ética deve ocorrer para além de um registo de regras fechadas. Uma prática ética não é apenas uma condição sine qua non, é igualmente um elemento integrante da boa prática. Os autores têm o cuidado de apresentar a intervenção em Psicologia Clínica considerando o reconhecimento profissional em Portugal. Nas especialidades profissionais da Psicologia, reconhecidas ao nível da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), a Psicologia Clínica surge indissociada da Psicologia da Saúde. O motivo desta união poderia ter-se fundamentado nas palavras dos autores. No capítulo inicial (“A Psicologia Clínica: Evolução Histórica e Definição”), referem que a “aproximação entre a Psicologia Clínica e a Psicologia da Saúde a que se tem assistido poderá simbolizar um novo avanço da ciência psicológica, no sentido de uma visão cada vez mais holística e integrada do ser humano”. Além da integração destas duas áreas, o modelo de especialização em Psicologia em Portugal nasce de uma visão contínua do desenvolvimento profissional. Da Psicologia, passando pela especialidade e os seus diferentes níveis. Essa continuidade significa que a especialização não deve contribuir para a afirmação de identidades particulares, mas antes para a afirmação da Psicologia em diferentes contextos de prática. Este livro enquadra-se nessa boa tradição, podendo ser lido tanto por aprendizes da Psicologia Clínica, como por psicólogos clínicos e da saúde que querem aprofundar os seus conhecimentos. David Dias Neto
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Presidente do Conselho de Especialidade – Psicologia Clínica e da Saúde da OPP
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Introdução
Manuais de Psicologia Clínica existirão vários. Serão úteis? Certamente. Suficientes? Não. Foi com este espírito e um desejo de responder a um conjunto crescente de dúvidas, provenientes de diversas fontes, que nos propusemos escrever este livro. Atualmente, é inegável o papel da Psicologia em geral e, mais especificamente, da Psicologia Clínica no desenvolvimento saudável de pessoas, grupos e sociedades. As recomendações da Organização das Nações Unidas (ONU) para a saúde mental no mundo passam por uma abordagem menos focada nos indicadores clássicos e mais atenta a problemas socioeconómicos, como a desigualdade e a pobreza, enfatizando que tratar a dor emocional como um problema médico não é o caminho. Recomenda ainda menos discriminação e violência, menos institucionalização e coerção e menos medicamentos. Em 2008, a União Europeia estimava que aproximadamente 50 milhões de pessoas (perto de 11% da população) padeciam de algum tipo de perturbação mental (OPP, 2011a). Notícias mais recentes segundo fonte da ONU revelam que cerca de 970 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de algum tipo de distúrbio mental (Expresso, 2019), estimando a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2017) que mais de 320 milhões de pessoas (o equivalente a 4,4% da população global) sofram de depressão e mais de 260 milhões de pessoas de perturbações de ansiedade. Em Portugal, cerca de um em cada cinco cidadãos (23%) apresenta uma perturbação de cariz mental ao longo da vida, revelando uma prevalência acima da média europeia (OPP, 2011a). É clara, assim, a necessidade de integrar a intervenção psicológica nos cuidados de saúde acessíveis às populações, adotando uma abordagem mais “holística” e menos focada no “modelo biomédico”. XV
Intervenção em Psicologia Clínica
Se dúvidas houver sobre o imperativo da sua adequação, as referências são uníssonas na premência de se valorizar a intervenção psicológica, quer por ser menos onerosa, quer por ser tão ou mais eficaz do que a psicofarmacologia (Boyce & Wood, 2009; Cozolino, 2010; Hunsley, 2002, 2003; Layard, Clark, Knapp, & Mayraz, 2007; Pittman, 2011). Hunsley (2002) defende que os serviços psicológicos deviam ser uma componente integral dos sistemas de saúde, na medida em que, num período de dois anos, os tratamentos farmacológicos podem vir a custar 30% mais do que um tratamento de índole psicológica. Os custos para o Estado seriam totalmente cobertos pela poupança nos subsídios de incapacidade e por mais contribuições fiscais resultantes de um maior número de pessoas em condições de trabalhar (Layard et al., 2007). O reconhecimento do ato do psicólogo como um Ato em Saúde é demonstrativo da progressiva valorização da intervenção psicológica no contexto da saúde nacional. O Projeto de Regulamento que Define o Ato do Psicólogo (Aviso n.º 8456/2019, artigo 5.º do Diário da República [DR], 2.ª série, N.º 94, de 16 de maio de 2019, p. 15 045) considera que: “1 — O ato do psicólogo consiste na atividade de avaliação psicológica, que abrange diferentes áreas e que inclui os procedimentos de construção e aplicação de protocolo de avaliação, a elaboração de relatórios de avaliação e a comunicação dos respetivos resultados, assim como de diagnóstico, análise, prescrição e intervenção psicológica, incluindo atividades de promoção e prevenção. 2 — Constituem ainda atos do psicólogo, quando praticados por psicólogos: a) Atividades de diagnóstico, análise, prescrição e intervenção psicoterapêutica não farmacológica; b) Intervenções específicas aos diversos contextos relativos a indivíduos, grupos, organizações e comunidades; c) A elaboração de pareceres no âmbito da [P]sicologia, e toda a atividade de supervisão do ato psicológico, incluindo os desenvolvidos no contexto da função de docente e de investigação; d) As atividades técnico-científicas de ensino, formação, educação e organização para a promoção da saúde e prevenção da doença.”
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Introdução
Simultaneamente, este reconhecimento traduz-se numa responsabilidade acrescida na aplicação adequada do conhecimento com vista à promoção do bem-estar do ser humano, pelo que a regulação do ato do psicólogo ganha contornos de maior importância. Parte desta responsabilidade é a distinção fundamental entre os conceitos de Psicologia Clínica (objeto deste livro) e de Psicoterapia. Um dos nossos muitos objetivos, como autores da obra, era transmitir a complexidade inerente a esta distinção, quer a nível teórico, quer prático. Desafiante tarefa esta, pela sua natureza e pela formação dos envolvidos nos dois domínios de intervenção. Que fique claro que este não é um livro sobre Psicoterapia; contudo, a pesquisa bibliográfica pôs a nu o enredamento dos dois conceitos, expresso numa utilização aleatória de ambos e na extensa produção científica sobre Psicoterapia e na reduzida sobre Psicologia Clínica. Uma aprofundada reflexão, auxiliada pelas recomendações da OPP, resultou na assunção de que qualquer psicólogo só pode “exercer a sua atividade em áreas dentro da [P]sicologia para as quais tenha recebido formação específica” (Declaração de Retificação N.º 56/2008, de 7 de outubro, feita à alínea d), do artigo 76.º, da Lei N.º 57/2008, publicada em DR, 1.ª série, N.º 194, de 7 de outubro de 2008, p. 7097). O Código Deontológico da OPP também salienta a importância da formação como suporte da prática e da intervenção psicológicas: “Os/as psicólogos/as exercem a sua prática e intervenção profissional dentro dos limites da sua competência específica, com base na sua formação académica e/ou profissional, treino específico, experiência de supervisão, consultadoria, e/ou actividades de desenvolvimento profissional” (Ponto 5.2. “Formação” do Princípio Específico 5. “Prática e Intervenção Psicológicas”). Assim, só um psicólogo com formação especializada em Psicoterapia pode desenvolver a sua prática nesse domínio. O psicólogo clínico terá uma intervenção muito mais restrita neste âmbito específico da relação de ajuda. Escolhemos designar essa intervenção ao longo da obra como acompanhamento psicológico ou psicoterapia de apoio. Adotámos esta última designação em conformidade com Leal (2005), segundo a qual “(...) a psicoterapia de apoio transformou-se na psicoterapia inerente ao desempenho dos psicólogos clínicos, independentemente da sua orientação teórica, da sua formação complementar e dos contextos em que trabalha” (p. 224), ainda assim, conscientes da confusão que aquela pode suscitar, pela integração da palavra “psicoterapia”. A propósito da identificação e compreensão das linhas orientadoras da XVII
Intervenção em Psicologia Clínica
Psicologia Clínica e da Psicoterapia recomendamos a leitura de Matos, Henriques e Teixeira (2019). Queremos, desde já, realçar a importância da formação contínua do psicólogo em contexto clínico, considerando que o trabalho tem de ser feito e que é importante prestar ajuda a quem a pede, mas sempre sem ultrapassar o limite das próprias competências. Esperamos, assim, que este livro se transforme numa ferramenta útil da prática clínica e que, mais do que centrado em reflexões teórico-práticas, se possa constituir como uma referência para a procura de soluções concretas. Na tabela que se segue, sistematizamos os eixos centrais e imprescindíveis para uma fundamentada atividade profissional em Psicologia Clínica, atendendo ao método clínico, aos modelos de consulta, aos domínios relacional e profissional do psicólogo, assim como à ética e à deontologia. Estes temas serão desenvolvidos nos Capítulos 2 a 5, visando uma operacionalização dos mesmos.
XVIII
Definição e Evolução Histórica da Psicologia Clínica (Capítulo 1)
Temas
Domínios
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XIX
Alta clínica
Dropout
Intervenção: Psicoterapia de apoio (fronteiras e limites); Eficácia das intervenções.
O final da relação
Atitudes relacionais
Reavaliação Intervenção psicológica fora do setting clássico: Consulta online (i.e., não presencial); Consulta no domicílio; Consulta em crise.
Aliança terapêutica
Intervenção psicológica em grupo: Consulta de casal; Consulta familiar; Consulta em grupo.
Setting terapêutico: O espaço; O tempo; Regras e limites.
Relação terapêutica: Identidade terapêutica; Marcação de consulta.
Domínio relacional
Código Deontológico da OPP
Ética (Capítulo 5)
Integridade
Nota curricular
Trabalho em equipa multidisciplinar
Supervisão e intervisão
Investigação
Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP)
Valores universais
Dilemas éticos
Desenvolvimento pessoal Formação
Privacidade e confidencialidade
Consentimento informado Imagem profissional
Contactos
Beneficência e não maleficência
Responsabilidade
Cédula profissional
Presença digital
Competência
Enquadramento fiscal
Respeito pela digni Enquadramento legal dade e direitos da pessoa
Domínio profissional
Psicólogo Clínico e Relação Terapêutica (Capítulo 4)
Plano terapêutico
Diagnóstico
Elaboração do relatório e devolução dos resultados
Planeamento e realização da avaliação
Primeira consulta: Observação clínica; Motivo; Entrevista clínica.
Enquadramento
Definição
Intervenção psicológica individual: Consulta da criança; Consulta do adolescente; Consulta do adulto.
Modelos de Consulta (Capítulo 3)
Método Clínico (Capítulo 2)
Introdução
Casos Clínicos (Capítulo 6)
Etapas do Método Clínico
2
O Método Clínico
Tendo como principal objetivo assumir-se enquanto ciência, foi, é e deve continuar a ser preocupação central da Psicologia Clínica definir e fazer respeitar a realização da sua atuação por um método de intervenção centrado em regras de conduta específicas e mensuráveis, visando a obtenção de um conhecimento rigoroso, bem como uma atuação regrada, previsível e replicável, como é apanágio do que é científico. Como escreveu Silva e Bem-haja (2014), a Psicologia “será uma ciência de pleno direito se usar o método científico em todas as áreas de atuação” (p. 32). Neste capítulo, além de refletirmos sobre a definição do método clínico, abordaremos as etapas que o compõem.
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2.1 Aspetos Centrais à Definição do Método Clínico O método clínico assume-se como uma importante ferramenta do psicólogo clínico, constituindo-se “quer como um conjunto de técnicas utilizadas no quadro da prática dos clínicos, quer como um procedimento clínico centrado na individualidade e na implicação” (Pedinielli, 1999, p. 37). Esta última característica é-lhe particularmente importante, pois determina de forma muito clara o objetivo de olhar para o indivíduo em detrimento de qualquer outra intenção da Psicologia enquanto ciência. 11
Intervenção em Psicologia Clínica
Embora a sua definição possa parecer clara, a sua operacionalização nem sempre seguiu a mesma linha de clarividência, como, aliás, muitos outros aspetos na área. Esta situação deve-se, sobretudo, a duas condições: a forte herança das regras de conduta da Medicina e a existência de diversos e diferentes modelos teóricos na Psicologia. Relativamente à primeira condição, na realidade o termo “clínico” provém da tradição médica, na qual kliné (do grego) se referia a “cama” e se constituía como um conjunto de artes médicas realizadas junto ao leito do doente (Pedinielli, 1999). A orientação para a observação do cliente sem recurso a aparelhos de laboratório seria aqui um marco muito significativo desta conceção da Medicina e algo fortemente preservado pela Psicologia Clínica, que valoriza significativamente a observação do cliente como forma de realizar uma avaliação, um diagnóstico e uma intervenção crítica e centrada na individualidade daquele cliente. Porém, se a Psicologia Clínica retirou efetivamente muitos ganhos da observação clínica, o mesmo não se pode dizer da orientação para o sintoma. A procura de um quadro sintomático de forma a obter um diagnóstico é um procedimento central da Medicina. No entanto, em Psicologia esse método pode levantar problemas sérios ao psicólogo clínico, sobretudo, ao conhecimento do que verdadeiramente se passa com o seu cliente. Ao contrário da doença física, em que o estudo nosológico das diferentes patologias permitiu à Medicina criar um conjunto de procedimentos para chegar a diagnósticos precisos, a nosologia em saúde mental assume um carácter consideravelmente mais complexo. Entre inúmeros fatores, podemos exemplificar os seguintes: Diferentes sintomas poderão ter etiologia distinta, apesar de se manifestarem através de crenças, sentimentos e pensamentos idênticos; Sintomas idênticos poderão ser a manifestação de condições psicológicas muito diferentes; A presença de um sintoma não implica obrigatoriamente a presença de doença mental e/ou diagnóstico; Nem sempre o que o cliente descreve como sintoma é, de facto, o sintoma que verdadeiramente o preocupa ou mesmo o que está presente; Por vezes, o paciente vem “diagnosticado” pelos seus parceiros, pais ou amigos, experimentando dificuldade em libertar-se de tal “rótulo”.
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O Método Clínico
A separação das ciências médicas foi um caminho longo e, como em qualquer outra ciência dinâmica, a Psicologia Clínica vive ainda na procura de um método que lhe sirva de forma cada vez mais eficaz. No entanto, a esta procura não se opõe um estado de vazio ou caos. A Psicologia Clínica construiu já um método de reconhecida cientificidade, assente em etapas que deverão servir de guias orientadoras na atuação do psicólogo clínico, as quais, embora possam ser definidas e nomeadas, nunca deverão ser colocadas em prática de forma mecânica e acrítica. Dessa forma, desvirtualizar-se-ia uma das suas principais causas – o foco na individualidade (“dirigido a quem”) e na implicação (“porquê” e “para quê”). Ao longo da reflexão sobre cada uma das etapas do método clínico, é possível ponderar como a individualidade e a implicação deverão ser sempre preocupações constantes na atuação e nas decisões do psicólogo clínico, que não deve perder o norte da sua atuação, antes ter sempre presentes o “dirigido a quem”, o “porquê” e o “para quê” de cada uma das suas decisões. Se a existência de um método clínico como linha orientadora do agir do psicólogo é determinante para conferir à sua prática coerência e à sua ciência a possibilidade de construção de um conhecimento rigoroso e assente na evidência, a estandardização pode ser, por vezes, uma barreira da individualidade. Aqui, cabe ao psicólogo agir na preocupação primeira e essencial com o benefício do cliente face a qualquer outro (i.e., Princípio Geral da Beneficência, conforme preconizado no Código Deontológico da OPP), até mesmo o da construção de conhecimento científico. A preocupação primeira e essencial deve ser com o estabelecimento da relação, no âmbito da qual acontecerão todas as alterações neurodinâmicas e comportamentais. As questões “porquê” e “para quê” assumem, neste sentido, a única forma de encontrar respostas aos dilemas que, por vezes, acontecem (e.g., metodológicos, de intervenção, de comunicação interdisciplinar, éticos); a única forma de encontrar significado para a tomada de decisão por um caminho em detrimento de outro. Sem este exercício de reflexão, é fácil cair numa atitude mecanizada e acrítica, que nem em saúde (na sua aceção física) é passível de ser aplicada de forma total, apesar de todos os protocolos médicos existentes, quanto mais em saúde mental, em que a subjetividade do indivíduo, do profissional e da situação específica de cada caso aumenta de forma exponencial a necessidade de uma atitude pautada pela reflexão, pela crítica e por práticas baseadas em evidência. 13
Intervenção em Psicologia Clínica
Referimos como segunda condição à dificuldade na definição do método clínico a existência de diferentes modelos teóricos no âmbito da Psicologia, dos seus diferentes entendimentos procedimentais, tanto a nível da avaliação como do diagnóstico e da intervenção terapêutica. Assim sendo, resumiremos em seguida a existência de cinco modelos teóricos, quatro deles largamente usados na prática da Psicologia Clínica (Psicanalítico, Behaviorista, Cognitivista ou Construtivista/Desenvolvimentista e Humanista) e um quinto (Sócio-histórico) particularmente relacionado com uma perspetiva neuropsicológica do entendimento da ciência psicológica que nos parece enriquecer a reflexão (afinal, tal como o cardiologista conhece a “alma” e o “corpo” do seu coração, também, no nosso entendimento, deverá ser importante para o psicólogo clínico o conhecimento da constituição e do funcionamento do órgão que dá vida à sua ciência: o cérebro). Cozolino (2010) considera impensável não estudar a estrutura cerebral aquando da tentativa de compreender o desenvolvimento humano, a doença mental e a saúde psicológica. Como podemos observar pela análise da Tabela 2.1, os cinco modelos distintos apresentam-se efetivamente como diferentes realidades de atuação no âmbito da ciência psicológica. Porém, o que poderia representar um problema grave de segmentação do conhecimento (e que, na realidade, representou durante muitos anos) tem vindo a ser utilizado como motor para o seu desenvolvimento. A adoção de uma perspetiva integradora por parte dos psicólogos clínicos tem sido uma postura cada vez mais largamente adotada, permitindo à ciência evoluir sob diferentes prismas, com contributos e focos distintos. A nossa perspetiva enquanto autores é a de que é importante encontrar uma identidade profissional que dê sentido à nossa atuação, enquanto psicólogos, que nos permita construir um conjunto de saberes, técnicas e competências integradas numa visão coerente do ser humano, pois só dessa forma poderá ser possível intervir com sucesso junto do mesmo. É também nosso entendimento que encontrar essa identidade não pode nunca resultar de um processo de crescimento profissional isolado de “modelos vizinhos”.
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Modelos de Consulta
No seguimento e enquadramento da intervenção, importa agora referir a possibilidade do encaminhamento do cliente para diferentes modelos, ou tipos, de consulta. Esta decisão dependerá de diferentes fatores, alguns de fácil decisão (e.g., idade) e outros em que a ponderação deverá ser mais cuidada (e.g., diagnóstico). Neste capítulo, abordaremos de forma sucinta alguns modelos de consulta, sugerindo, quando relevante, a procura de uma leitura mais aprofundada sobre o tema em literatura específica.
3.1 A Intervenção Psicológica e a sua Eficácia “Nos meus primeiros anos profissionais, eu colocava a pergunta: «Como posso tratar, curar ou mudar esta pessoa?». Agora eu colocaria a questão desta maneira: «Como posso fornecer uma relação que esta pessoa use para o seu crescimento pessoal?».”
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Rogers (1957/1985, p. 37)
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Intervenção em Psicologia Clínica
São vários os contextos e os formatos das intervenções psicológicas. O número de profissionais de Psicologia e as necessidades em diversos setores desta área são cada vez maiores. Com o desenvolvimento desta ciência, tem-se verificado uma preocupação crescente com a investigação do processo terapêutico, de modo a garantir maiores níveis de eficácia em qualquer modelo de consulta. Definir o âmbito das diferentes intervenções, os critérios de habilitação dos profissionais, os trâmites processuais de diferentes atuações, o ato psicológico, entre outras questões, tem sido uma preocupação desta “jovem ciência” e da sua Ordem, em Portugal – a OPP. O que não é de todo uma novidade é a incontornável vantagem clínica da intervenção psicológica. A literatura tem evidenciado múltiplas mais-valias da mesma, e os seus resultados são superiores à ausência de intervenção, às intervenções informais, à remissão espontânea, às listas de espera e aos grupos de controlo placebo (Lambert, 2013). Nesta senda, a OPP publicou, em 2011, um documento sobre a evidência científica do custo-efetividade de intervenções psicológicas em cuidados de saúde. Mas, se a eficácia da intervenção psicológica parece não suscitar quaisquer questões científicas, já a sua operacionalização é ainda hoje – e talvez para sempre – alvo de cuidadas e profundas reflexões. No âmbito do que pretendemos abordar nesta secção, é útil começar pela reflexão sobre a pertinência da intervenção individual versus intervenção em grupo. Intervir a nível individual é bastante distinto de intervir com um sistema conjugal, familiar ou grupal; de igual forma, um trabalho em consultório difere de uma consulta online (i.e., não presencial), no domicílio ou de campo, e uma intervenção em crise ou intensiva respeita princípios próprios. Importa, assim, conhecer os principais modelos de consulta e as suas características, de forma a aumentar a crítica reflexiva do clínico no momento de optar por este ou aquele encaminhamento. Essencialmente, designa-se por intervenção individual o trabalho de um ou mais psicólogos com uma única pessoa, de qualquer faixa etária, numa mesma sessão, enquanto a intervenção em grupo pode ser definida como a intervenção que é assegurada por um ou mais psicólogos junto de um conjunto de pessoas (no mínimo, duas) numa mesma sessão. Tem existido uma reflexão contínua em torno da eficácia destes dois modelos de intervenção – individual e em grupo. Alguns estudos reportaram maior eficácia em contexto de consulta individual (Barber & Gilbertson, 1996; Brown & Lewinsohn, 1984; Craigie & Nathan, 2009; Jaurrieta et al., 2008; Kurzweil, 2012), enquanto outros 76
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Modelos de Consulta
sugeriram que a consulta em grupo é mais eficaz (Belloch et al., 2011; Cabedo et al., 2010). Encontram-se ainda trabalhos que reportam níveis de eficácia idênticos (Rosselló, Bernal, & Rivera-Medina, 2008; Sobell, Sobell, & Agrawal, 2009). Adicionalmente, têm existido diversas meta-análises comparando a intervenção individual com a intervenção em grupo. Todavia, a esmagadora maioria não tem conseguido reunir condições suficientemente estáveis que permitam chegar a conclusões seguras. Uma das fragilidades denotadas tem sido a comparação de resultados entre estudos diferentes, que reportam para técnicos a trabalhar em settings distintos, junto de clientes com diversos diagnósticos e intervenções complementares que diferem entre si. Mesmo em meta-análises continua a verificar-se discrepâncias no número total de sessões, na duração das mesmas, nos técnicos e nos diagnósticos. Assim, até nos estudos em que se compara diretamente a intervenção individual com a grupal pode ser difícil para os investigadores correlacionarem de forma isenta os dois modelos de consulta, considerando as diferenças de condições inerentes a ambos os processos. Burlingame e colegas (2016) realizaram uma revisão meta-analítica que abordou estas questões cruciais. Foram selecionados mais de 500 artigos, e as razões mais frequentes de exclusão foram a ausência de comparação direta e o facto de se tratar de um artigo não publicado. Como tal, apenas foram considerados 67 artigos para análise estatística e teste de diversas hipóteses. Quando estudos idênticos e não idênticos foram examinados, em todas as medidas de resultados não foram encontradas diferenças de eficácia entre os formatos individual e grupal. Assim, quando estabilizamos variáveis como o tipo de intervenção, o tipo de clientes e a duração e o número total de sessões, ambos os modelos de consulta produzem resultados sem diferenças significativas. No nosso entender, será mais eficiente para a decisão de se optar por uma intervenção individual ou por uma intervenção grupal se se atender às questões inerentes ao plano terapêutico. O momento de encaminhamento do cliente para um determinado tipo de intervenção não pode nunca ser isento de crítica face ao motivo que o fez procurar os serviços do psicólogo, bem como toda a informação recolhida durante o processo de avaliação (formal ou informal) do cliente. A escolha de um modelo de intervenção individual ou grupal poderá fazer-se valer do critério da eficácia: “O que é mais eficaz para este cliente?”. Atentemos ao exemplo seguinte. 77
Intervenção em Psicologia Clínica
Caso Clínico
Descrição O Miguel tem 9 anos e vem à consulta por manifestar muita dificuldade em adormecer sozinho, sintomas de ansiedade e muita renitência em ir à escola, apesar de não existirem queixas de dificuldades no processo de aprendizagem. Quando avaliado, o Miguel revela uma estrutura de personalidade imatura, com significativas dificuldades na criação de vínculos relacionais fora da relação de primeiros cuidadores (i.e., pais) e um excessivo autocentramento que não lhe permite observar de forma ajustada a realidade que o rodeia. Na realidade, o Miguel apresenta dificuldades significativas no esquema de relação de segundos cuidadores (i.e., pares), pois espera destes o mesmo esquema de relação que estabeleceu com os seus primeiros cuidadores. Resolução Traçado o plano terapêutico, e havendo possibilidade de integrar o Miguel num grupo que já estava em intervenção, estabeleceu-se que essa seria a melhor opção, uma vez que seria possível, de forma concreta e imediata, reforçar na estrutura de personalidade do Miguel as fragilidades encontradas no esquema de relação de pares.
É verdade que os grupos podem acarretar tarefas e desafios acrescidos (e.g., é necessário um número mínimo de participantes para o grupo iniciar; o dropout de um dos elementos é sempre uma consequência com que o clínico vai ter de lidar caso aconteça; é aconselhada uma avaliação individual prévia de todos os elementos do grupo; as notas de progresso ao longo da intervenção devem referir cada participante, individualmente, a par da dinâmica grupal). É igualmente importante ter um sentido lógico de construção de grupo – a intencionalidade deste ato clínico não pode ser descurada. Ainda assim, considerando que os resultados são estatisticamente idênticos à intervenção individual, que se consegue chegar a mais pessoas ao mesmo tempo (e.g., esbatendo custos e listas 78
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Conclusão
Construir um manual de Psicologia Clínica que respondesse às dúvidas e às preocupações mais relevantes e provenientes de diversas fontes foi o mote para a elaboração deste livro. Acreditamos ter conseguido cumprir o objetivo com rigor e sentido de missão, culminando numa obra completa e com clara utilidade prática para qualquer estudante e profissional de Psicologia. Foi elaborada a “quatro mãos”, com experiências e áreas de atuação distintas, que promovem um entendimento diversificado mas fundamentado do exercício da atividade clínica, essencialmente em contexto privado, em Psicologia. Reconheça-se que a Psicologia deixou de ser uma ciência menor e tem, atualmente, um papel central na sociedade em geral. A visibilidade para as intervenções psicológicas tem crescido em proporção com as necessidades de maiores níveis de autocuidado e de saúde, enquanto estado de bem-estar físico, mental e social. Entidades como a ONU e a OMS sublinham a importância de uma maior presença e acessibilidade aos cuidados psicológicos junto das populações, adotando-se uma abordagem mais “holística” e menos focada no “modelo biomédico”. Perante as múltiplas dimensões do funcionamento da pessoa, a transversalidade da intervenção da ciência psicológica tem-se diversificado, estando definidas pela APA mais de 53 divisões associadas à Psicologia. Organizações e indivíduos necessitam de ser dotados de ferramentas emocionais acrescidas para lidar com os grandes desafios da atualidade. Assim, a classe dos psicólogos tem uma oportunidade única de ocupar um lugar mais diferenciador em diversos setores da sociedade, pelo que necessita não só de estar bem preparada, mas também devidamente organizada enquanto classe profissional. 235
Intervenção em Psicologia Clínica
Impera a necessidade de uma preocupação consciente em promover e manter determinados valores orientadores da prática profissional da Psicologia Clínica, mesmo que em constante atualização, sob pena de deixar de ser cientificamente válida. Ser psicólogo clínico é um privilégio e, em simultâneo, uma responsabilidade. O trabalho desenvolvido é único e, ao mesmo tempo, realizado com pessoas, pelo que envolve um sem-número de cautelas e limites para que o processo de ajuda se desenvolva alinhado com os melhores princípios de intervenção e assente numa relação de confiança, pré-requisito para qualquer trabalho psicológico. Os conteúdos incluídos neste livro visam enfatizar a importância da intervenção em Psicologia Clínica, uma vez que a atividade profissional neste âmbito permite auxiliar as pessoas a alcançarem diversos objetivos que, pela sua relevância e complexidade, não seriam capazes de atingir sem ajuda profissional especializada. Esta consideração constitui um eixo central e socialmente relevante do exercício da Psicologia, para cuja concretização ética precisa de técnicas e métodos cientificamente válidos, que foram sendo aprofundados ao longo do livro. Capítulo a capítulo, procurámos incidir sobre os aspetos mais fulcrais da prática de Psicologia Clínica. Começámos por enquadrar a evolução histórica desta disciplina. Explicitámos as várias etapas do método clínico, bem como os diversos modelos de consulta. Analisámos aspetos críticos inerentes ao psicólogo clínico, como a relação e o setting terapêuticos. Diferenciámos os conceitos de Psicologia Clínica (cerne e objeto deste livro) e Psicoterapia. Destacámos os Princípios Gerais e Específicos do Código Deontológico da OPP e alguns valores universais orientadores na relação com o cliente, os quais, aliados aos demais conteúdos, promovem o autoconhecimento e a autodeterminação do cliente num registo de intervenção eficiente. Salientámos a importância da formação contínua, da supervisão e do suporte da prática para um desempenho mais eficaz e para maiores níveis de autocuidado do profissional de Psicologia. Chegámos ao final sistematizando uma espécie de mapa orientador de uma prática de excelência em Psicologia Clínica. Considerando que “o psicólogo clínico trabalha directamente com os indivíduos em qualquer período do seu desenvolvimento, isoladamente ou em grupo, utilizando uma variedade de métodos de intervenção e de avaliação com vista à promoção da saúde e ao alívio do desconforto e da inadaptação” (Ricou, 2014, p. 147), percebe-se a complexidade deste trabalho e a responsabilidade inerente. 236
Conclusão
O psicólogo clínico potenciará as suas hipóteses de sucesso em função da sua capacidade para reconhecer as características idiossincráticas do cliente e, inevitavelmente, para ajustar a sua intervenção às mesmas. Uma intervenção que é sempre complexa pelas variáveis que comporta e aqui foram abordadas, pelo que a formação profissional terá de ser muito mais sólida e pautada pelos mais rigorosos princípios científicos e éticos. A figura seguinte procura, precisamente, sistematizar a ligação dialógica entre os vários domínios que foram abordados no livro.
Método Clínico
Modelos de Consulta
Ética
Relação Terapêutica
Psicólogo Clínico
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Não é, assim, de admirar que uma obra como esta se traduza em recursos efetivos geradores de informação fidedigna e clara, bem como impulsionadores de uma atuação competente e regrada de todos os profissionais (i.e., da classe profissional) de Psicologia, como forma de aumentar o potencial da intervenção psicológica, constituindo um inegável benefício para as pessoas e para a sociedade em geral.
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Posfácio
Nestas primeiras décadas do século xxi, a prática profissional da Psicologia passou a fazer parte dos recursos de todos os dias. Longe vão os tempos em que o ir ao psicólogo era uma decisão difícil e estigmatizante, que só por si significava fragilidade e vulnerabilidade pessoais. Também longe vão os tempos em que decidir ser psicólogo era alvo de um questionamento familiar exaustivo, como se fosse uma escolha profissional menor, bizarra, que ocultava qualquer motivação que precisava de ser esclarecida. Hoje em dia, a decisão de frequentar um curso de Psicologia e a escolha da profissão de psicólogo são possibilidades que se enquadram perfeitamente no mundo que fomos construindo e que mobilizam muitos jovens, a maioria dos quais tem o psicólogo clínico como representação do que é ser-se psicólogo. Esta representação foi adquirida de diferentes formas – através de filmes e livros, de narrativas de conhecidos e amigos e, também, por experiência própria, já que ir a um psicólogo durante a infância e a adolescência passou a ser frequente –, inscrevendo a Psicologia Clínica numa profissão de Saúde que deve ser procurada e usada da mesma forma como se encara a ida a outros profissionais de Saúde. Ainda assim, prevalece, para o público em geral e para os próprios estudantes de Psicologia, algum desconhecimento sobre o que os psicólogos clínicos fazem, como o fazem e porque o fazem. É exactamente sobre isso que trata este livro escrito a “quatro mãos” por outros tantos psicólogos clínicos. Já neste século xxi têm surgido, em língua portuguesa e da autoria de psicólogos nacionais, diversas obras que abordam aspetos mais gerais ou mais específicos daquilo que se constitui como cerne da atividade profissional de psicólogos clínicos. Esta 239
Intervenção em Psicologia Clínica
sistematização é de relevância capital, não só como testemunho daquilo que é a prática profissional da Psicologia, mas também como auxiliar preciso da formação das novas gerações de psicólogos. A formação profissional em Psicologia, na atualidade, é uma formação extensa, exigente e muito regulada, que exige o cumprimento de três ciclos formativos. Em Portugal, os dois primeiros ciclos – licenciatura e mestrado – são assegurados pelas universidades e o terceiro (e último) é da responsabilidade da Ordem dos Psicólogos Portugueses, conforme as diretivas europeias do Europsy. Quer a nível académico, quer a nível profissionalizante, estão hoje perfeitamente assumidos os conhecimentos teóricos metodológicos e práticos, bem como as habilidades e competências que devem ser adquiridas numa licenciatura de 3 anos, mais um mestrado de 2 anos e, posteriormente, uma prática supervisionada de 1 ano. As diferentes licenciaturas em Psicologia propiciam, habitualmente, informação genérica nas grandes áreas da Psicologia e também das ciências sociais e biológicas, fornecendo igualmente as competências específicas a nível metodológico e de análise de dados. Os mestrados, num formato integrado ou mais específicos, permitem a integração da informação previamente adquirida e a direcionabilidade para as grandes áreas de investigação e intervenção da Psicologia. Finalmente, a prática supervisionada vem permitir que os jovens psicólogos tenham 1 ano de experiência prática no qual a translacionalidade acontece nas áreas de especialidade “clássicas”, nomeadamente a da Psicologia Clínica e da Saúde. Em regra, o primeiro contacto que os estudantes de Psicologia têm com a prática clínica e, ainda assim, em contextos institucionais, é no último ano do mestrado, altura em que decorre um estágio académico. Só aí começam a completar o puzzle que é pôr ao serviço do outro a extensa gama de conhecimentos que entretanto adquiriram de modo aprofundado, mas parcelar. Aqui reside a maior dificuldade relatada pelos estudantes: conseguir “ver” e conectar saberes de forma ajustada aos pedidos dos clientes. Intervenção em Psicologia Clínica é um manual de introdução à prática da Psicologia Clínica que, embora tenha reflexões teóricas, se centra no processo típico de observação, diagnóstico e intervenção específica da atividade quotidiana dos psicólogos clínicos. São apresentados e desenvolvidos: a entrevista, a observação, o planeamento e a realização da avaliação; a elaboração de um relatório e a devolução 240
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dos resultados; e a intervenção de cariz terapêutico em diferentes tipos de consulta. Muito relevante é a abundante apresentação de exemplos, vinhetas clínicas e reflexões que, seguramente, serão de grande ajuda e utilidade para os psicólogos em formação e em atividade. Isabel Leal
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Professora Catedrática do ISPA – Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida
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10 cm
16,5 x 21cm
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PSICOLOGIA CLÍNICA • Definição e Evolução Histórica • O Método Clínico • Modelos de Consulta • O Psicólogo Clínico • Relação Terapêutica • Ética • Casos Clínicos
Começando pela definição e evolução histórica da Psicologia Clínica, este livro aprofunda os aspetos centrais do método clínico e dos modelos de consulta psicológica. Privilegiam-se recomendações práticas (e.g., presença digital, imagem profissional, marcação de consulta), com particular enfoque na relação terapêutica e a sua relevância para o sucesso da intervenção psicológica, sustentadas numa conduta profissional ética em respeito aos Princípios Gerais e Princípios Específicos do Código Deontológico da Ordem dos Psicólogos Portugueses.
PSICOLOGIA CLÍNICA
PSICOLOGIA CLÍNICA
Ao utilizar os princípios e procedimentos psicológicos para entender e intervir nas questões emocionais, intelectuais e/ou comportamentais do indivíduo, a Psicologia Clínica requer uma prática fundamentada e sustentada em evidência científica.
Carina Lobato de Faria I Rute Brites Mauro Paulino I Filipa Jardim da Silva
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Psicóloga clínica e da saúde, com Especialidade Avançada em Psicoterapia, Neuropsicologia e Necessidades Educativas Especiais pela Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP). Diretora Clínica da Saber de Mim – Neuropsicologia e Psicologia Clínica.
Rute Brites Psicóloga clínica. Doutorada em Psicologia da Saúde pela Universidade do Algarve. Professora Associada na Universidade Autónoma de Lisboa. Membro efetivo da OPP, especialista em Psicologia Clínica e da Saúde e em Psicoterapia.
Mauro Paulino Psicólogo clínico e forense. Coordenador da Mind | Psicologia Clínica e Forense. Membro efetivo da OPP, com Especialidade Avançada em Psicologia da Justiça. Integra o Conselho Nacional de Psicólogos (OPP).
Filipa Jardim da Silva Psicóloga clínica com Mestrado Integrado pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde pela OPP. Fundadora e Diretora Clínica do Projeto Filipa Jardim da Silva – Psicologia Clínica, Coaching e Formação.
Prefácio de David Dias Neto ISBN 978-989-693-100-1
Carina Lobato de Faria
Diretor da coleção “Intervenção em Psicologia”.
Este é um livro repleto de exemplos ao longo dos vários capítulos, disponibilizando ao leitor a partilha de quatro casos clínicos, dois deles centrados no processo de avaliação e estabelecimento do plano terapêutico e os outros dois no processo de intervenção e as suas complexidades. Destina-se sobretudo a psicólogos e estudantes de Psicologia, podendo ser igualmente útil a psiquiatras e estudantes de Psiquiatria que trabalhem em articulação com psicólogos.
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INTERVENÇÃO EM
COLEÇÃO INTERVENÇÃO EM PSICOLOGIA INTERVENÇÃO EM
Guias práticos que privilegiam o saber-fazer nos vários domínios da ciência psicológica. Com estudos de caso e exemplos vários que ajudam o leitor a enquadrar, operacionalizar e concretizar uma intervenção técnica e cientificamente fundamentada.
AUTORES
Presidente do Conselho de Especialidade – Psicologia Clínica e da Saúde da OPP
Posfácio de Isabel Leal Professora Catedrática do ISPA