Como Lidar com os Problemas de Comportamento das Criancas

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8 cm

15,5 cm x 23,5 cm

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VERA RAMOS

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VERA RAMOS

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guia para professores,

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ISBN 978‐989‐693‐104‐9

9 789896 931049

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Birras Práticas e estilos parentais Indisciplina em contexto escolar Educação inclusiva Regras: o que fazer e o que não fazer Técnicas para modelar comportamentos Parentalidade positiva

VERA RAMOS Possui o grau de Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde, é Membro Efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde e Especialista em Psicologia da Educação reconhecida pelo Colégio de Especialidades da OPP, e Formadora Certificada, com diversos cursos de formação na área de Psicologia. Autora de vários artigos publicados em revistas de Psicologia, dedica-se sobretudo ao acompanhamento psicológico de crianças e adolescentes, mas também de adultos e idosos.


EDIÇÃO PACTOR – Edições de Ciências Sociais, Forenses e da Educação Av. Praia da Vitória, 14 A – 1000-247 LISBOA Tel: +351 213 511 448 pactor@pactor.pt www.pactor.pt DISTRIBUIÇÃO Lidel – Edições Técnicas, Lda. R. D. Estefânia, 183, R/C Dto. – 1049-057 LISBOA Tel: +351 213 511 448 lidel@lidel.pt www.lidel.pt

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Índice A Autora.......................................................................................................... IX Introdução...................................................................................................... XI 1

A Psicologia e o Comportamento Humano......................................... 1 Introdução.................................................................................................. 1 O ambiente e a sua influência no comportamento.................................... 3 Psicólogo vs. psiquiatra............................................................................. 4

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O Desenvolvimento da Criança............................................................. 7 O desenvolvimento infantil......................................................................... 7 Estádios do raciocínio moral de Kohlberg........................................... 8 Estágios do desenvolvimento psicossocial de Erickson..................... 11 Estágios do desenvolvimento cognitivo de Piaget.............................. 14 Fases do desenvolvimento de Gallahue.............................................. 16 A importância de brincar...................................................................... 17 Adolescência........................................................................................ 20 Fase inicial da adolescência (dos 10 aos 14 anos)....................... 21 Fase final da adolescência (dos 15 aos 19 anos).......................... 22 A adolescência e o consumo de substâncias psicoativas.................. 25

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A Socialização da Criança e a Importância dos Agentes de Socialização............................................................................................. 29 A socialização............................................................................................. 29 Os agentes de socialização....................................................................... 31 Família................................................................................................... 31 Os grupos sociais................................................................................. 32

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A escola................................................................................................ 33 O grupo de pares................................................................................. 33 As dimensões comportamentais dos agentes educativos........................ 34

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COMO LIDAR COM OS PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO DAS CRIANÇAS

Como deverão atuar os professores......................................................... 35 4

As Perturbações do Comportamento................................................... 39 Comportamentos disruptivos..................................................................... 39 Comportamento normal vs. comportamento patológico.......................... 40 De que forma a família influencia o nosso comportamento?.................... 41 Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção (PHDA).............. 42 Características e subtipos.................................................................... 43 Estratégias para professores................................................................ 47 Estratégias para pais............................................................................ 50 Exemplo de caso.................................................................................. 51 Tratamento psicológico........................................................................ 51 Perturbação de Oposição.......................................................................... 53 Características...................................................................................... 54 Estratégias para os pais....................................................................... 55 Exemplo de caso.................................................................................. 57 Tratamento psicológico........................................................................ 58 Perturbação de Conduta............................................................................ 59 Características...................................................................................... 60 Exemplo de caso.................................................................................. 62 Tratamento psicológico........................................................................ 62 A educação inclusiva............................................................................ 63

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As Birras................................................................................................... 65 O que são as birras.................................................................................... 65 Então, o que desencadeia a birra?............................................................ 66 Como proceder perante a birra?................................................................ 66 Dicas para ajudar os pais e as crianças.................................................... 69 Caso de birra em contexto real.................................................................. 70

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Os Estilos Parentais................................................................................ 73 As práticas educativas dos pais................................................................ 73 Características da comunicação agressiva............................................... 74 Características da comunicação assertiva................................................ 75 Características da comunicação manipulativa.......................................... 76 Tipos de estilos parentais........................................................................... 77

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Características da comunicação passiva.................................................. 75


Índice

Estilo autoritário.................................................................................... 77 Estilo permissivo................................................................................... 79 Subestilo indulgente........................................................................ 80 Subestilo negligente........................................................................ 80 Estilo participativo................................................................................. 81 Comunicação assertiva: a atitude mais correta!....................................... 82 7

A Indisciplina no Contexto Escolar...................................................... 85 A indisciplina na sala de aula..................................................................... 85 A origem dos comportamentos de indisciplina na sala de aula............... 87 O papel do professor................................................................................. 88 O papel da família...................................................................................... 90 As estratégias dos encarregados de educação........................................ 91 As estratégias da escola............................................................................ 92

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A Importância das Regras e as Técnicas Comportamentais........... 95 Os limites da educação............................................................................. 95 O que os pais não deverão fazer: atitudes que reforçam os problemas de comportamento..................................................................................... 96 O que os pais deverão fazer: atitudes que reduzem os problemas de comportamento.......................................................................................... 98 Estratégias e técnicas comportamentais................................................... 102 Treino das competências sociais e resolução dos problemas/conflitos.............................................................................. 102 Treino da assertividade......................................................................... 103 Treino do autocontrolo/autorregulação................................................ 104 Relaxamento......................................................................................... 104 Punição................................................................................................. 105 Reforço.................................................................................................. 106 Modelação (imitação)........................................................................... 106 Contratos comportamentais................................................................. 107 Sistema de créditos.............................................................................. 107

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Parentalidade Positiva............................................................................ 109

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A construção de relações positivas........................................................... 109 Formação aos pais: a educação positiva.................................................. 110 Dicas para os pais...................................................................................... 112

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COMO LIDAR COM OS PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO DAS CRIANÇAS

Sinais não verbais de aprovação......................................................... 112 Sinais verbais de aprovação................................................................ 112 Considerações Finais................................................................................... 115 Bibliografia..................................................................................................... 117

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Índice Remissivo........................................................................................... 121

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A Autora Desde tenra idade sempre gostou de ajudar os outros. Uma eterna apaixonada pelo comportamento humano e pelas emoções, tem uma vasta experiência profissional no mundo da Psicologia. Possui o grau de Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde, é Membro Efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde e Especialista em Psicologia da Educação, reconhecida pelo Colégio de Especialidades da OPP. Também é formadora certificada, com vários cursos de formação na área da Psicologia, e autora de diversos artigos publicados em revistas de Psicologia em formato digital e físico. Por diversas vezes, é convidada por jornais para dar o seu parecer relativamente a algumas temáticas relacionadas com situações específicas da atualidade.

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Ao longo da sua experiência profissional, tem-se dedicado ao acompanhamento psicológico de crianças, adolescentes, adultos e idosos. Defende que a autonomia e independência da criança só serão atingidas se houver disciplina, autoridade e afeto no ambiente familiar para que, mais tarde, a criança se torne num adolescente e, posteriormente, num adulto mais responsável, organizado e bem-sucedido.

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Introdução A perturbação do comportamento é caracterizada pela ocorrência de um padrão de comportamento persistente e repetitivo, no qual são violados direitos básicos de terceiros ou importantes regras e normas sociais próprias para a idade do sujeito (APA, 2002). Os problemas de comportamento constituem um dilema que se tem vindo a desenvolver e a preocupar cada vez mais a sociedade atual. São muitas as vezes em que os pais se questionam a si mesmos onde falharam na educação dos seus filhos. Quando educamos uma criança, geralmente, fazemo-lo através do modelo adotado pelos nossos pais, isto é, recorremos aos valores transmitidos pelos nossos pais, ao longo da nossa educação, e também aos valores morais e sociais que a sociedade nos foi transmitindo, ao longo do nosso crescimento. A maioria dos pais procura controlar o comportamento dos filhos através de castigos e recompensas, embora os pais mais pessimistas desconsiderem que esses fatores possam facilitar a modificação dos comportamentos inadequados. Assistimos, muitas vezes, aos professores a reclamarem sobre os seus problemas em gerir o comportamento dos alunos em contexto da sala de aula e sobre os obstáculos às crianças para terem limites e respeitarem as ordens, o que acarreta inúmeros prejuízos no processo de aprendizagem. Por outro lado, verificamos diariamente, nos meios de comunicação social, relatos sobre atos de delinquência juvenil, que são associados de imediato à ausência de limites ao comportamento de crianças e adolescentes, que deveriam ser esta© PACTOR

belecidos desde cedo pelos agentes de socialização. Os estilos educativos adotados pelos pais interferem diretamente no comportamento das crianças, sendo a disciplina e a autoridade dois aspetos que

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devem estar sempre presentes no processo educativo, embora muitos pais tenham dificuldade em dizer “NÃO”, o que dá ênfase ao estilo parental permissivo. Os pais não precisam de recorrer a agressões físicas para educar a criança, pois essa atitude só irá reforçar ainda mais os problemas de comportamento. Impor limites com atitudes positivas, seguras, consistentes e, ao mesmo tempo, transmitir afeto e empatia, facilitará o processo de aprendizagem de regras e normas sociais à criança, de uma forma mais positiva e saudável. Os limites ajudam as crianças no controlo dos seus impulsos e é importante que as crianças compreendam que são importantes nas nossas vidas e que, se lhes dedicamos tempo para o afeto e lhes damos atenção, também necessitamos de estabelecer regras. A isso chamamos amor.

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Esta obra tem como objetivo orientar os professores, educadores, pais e psicólogos no processo educativo das crianças, permitindo-lhes distinguir o comportamento normal do patológico, conhecer as características de cada perturbação do comportamento, identificando as suas sintomatologias e implementar as estratégias de intervenção mais adequadas às necessidades de cada criança, para que estas cresçam num ambiente harmonioso, equilibrado e, ao mesmo tempo, com os limites presentes na sua vida. Só assim serão crianças saudáveis e felizes!

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A Psicologia e o Comportamento Humano

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Introdução A psicologia é a ciência responsável por estudar e analisar o comportamento humano e os processos mentais, tendo como objetivo desenvolver estratégias e técnicas que propiciem o desenvolvimento pessoal e social do indivíduo, possibilitando que ele se possa autoconhecer e interagir com o ambiente ou com os demais membros da sociedade de uma forma saudável. Falando agora um pouco do nosso cérebro, este está dividido em duas partes, através de uma fissura longitudinal no que designamos por hemisférios: o hemisfério esquerdo e o hemisfério direito. O hemisfério esquerdo diz-se dominante, visto ser o responsável pelo pensamento lógico e pelas competências de comunicação. Possui então duas áreas importantes: a área da motricidade da fala (área de Broca) e a área responsável pela compreensão verbal (área de Wernicke). Este hemisfério está relacionado com a organização, trata uma coisa de cada vez, lida com tudo o que é racional, com a noção de tempo, focando-se no pormenor e na persistência. O hemisfério direito é o que lida com a confusão e a desordem, é o lado mais flexível e consegue mudar facilmente de plano quando procura resolver determinado problema. Está relacionado com tudo aquilo que é não verbal, é o lado imaginativo, lida com imagens e símbolos © PACTOR

e é o responsável por se ser sentimental, filosófico, religioso, por se pensar no hoje, no aqui e no agora.

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Os dois hemisférios cooperam um com o outro e, se um dos hemisférios não funcionar, o outro tem muita dificuldade em apoiar-se. É importante que os pais tenham a noção de como funcionam os hemisférios cerebrais, por exemplo, as mães que são muito organizadas, significa que estão a utilizar o lado esquerdo do cérebro. Mas é essencial que haja um equilíbrio! Necessitamos de colocar em prática os dois lados do cérebro, logo, será pertinente que se consiga ajudar as crianças a usar cada um dos hemisférios, para que tenham uma maior facilidade de adaptação a novas situações ou mudanças de vida. O comportamento está sempre presente no nosso quotidiano e quando nos comportamos, alteramos os objetos e influenciamos as pessoas, assim como também somos influenciados pelos comportamentos dos outros. Consideramos o comportamento como todas as nossas ações, atitudes, verbalizações, emoções, sentimentos, pensamentos e crenças, isto é, todas as atividades que executamos através da interação com o meio. Grande parte das investigações em psicologia são realizadas através do método da observação, sendo a observação sistemática, delimitada pelas condições do que se pretende observar, a mais utilizada. Em alguns casos, a observação é ocasional, isto é, não segue um plano preestabelecido. Existem comportamentos observáveis e não observáveis publicamente. Os comportamentos observáveis são aqueles que podem ser diretamente visualizados pelas pessoas que estão ao redor de quem pratica determinada ação ou comportamento, por exemplo, saltar, chorar, correr, são comportamentos facilmente observáveis pelos outros.

Considerando que os sentimentos são comportamentos não observáveis, será importante que os pais estejam constantemente atentos aos comportamentos dos seus filhos, pois as emoções nem sempre são expressadas da mesma forma. E como é que pode fazer isso? É importante estar atento aos

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Relativamente aos comportamentos não observáveis, estes apenas são diretamente percebidos pela própria pessoa que está a realizar a ação e os outros só saberão da ação se a pessoa falar sobre o que está a fazer ou se, efetivamente, a pessoa demonstrar sinais visíveis do seu comportamento. Por exemplo, se a pessoa estiver ansiosa ou preocupada com alguma situação, as outras pessoas só saberão disso se o sujeito conversar sobre o assunto. Muitas vezes, estamos magoados, desiludidos e tristes e não o demonstramos, embora possamos ir dando dicas acerca do nosso sentimento.


O Desenvolvimento 2 da Criança

O desenvolvimento infantil O processo de desenvolvimento infantil passa pelas mudanças do corpo, do pensamento e do próprio comportamento. Ao longo desta mudança, podemos observar várias condutas disruptivas, entre elas, a mentira. A mentira é uma atitude que é adquirida através da aprendizagem social e, por vezes, utiliza-se a mentira de forma a proteger alguém e não no sentido prejudicial, no entanto, não é uma atitude vista de forma positiva, causando preocupação aos pais das crianças. Aqui, o mais relevante é o ambiente familiar que deve ser harmonioso, transmitindo segurança e afeto, incentivando assim a criança a dizer a verdade, sem provocações nem ameaças. Assim, a relação entre pais e filhos será mais saudável e a criança não tenderá a voltar a mentir. As divergências culturais transmitem regras e normas sociais importantes para o desenvolvimento da criança e a forma como são conduzidas representa outro fator que intervém no comportamento da criança. A escola é um elemento muito importante para o desenvolvimento da criança, uma vez que é um lugar propício ao seu desenvolvimento moral, paralelamente ao desenvolvimento cognitivo, emocional, motor e social. A escola possibilita a interação com diferentes valores e perspetivas e a educação pré-escolar constitui um contexto favorável para que a criança vá aprendendo a tomar consciência de si e do outro (Orientações Curriculares, 1997). © PACTOR

O desenvolvimento moral é um processo de construção que ocorre no interior do indivíduo e também através da interiorização de valores e regras sociais exteriores ao indivíduo.

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A autonomia e a heteronomia da criança expressam a passagem de uma moral apoiada no respeito unilateral das normas impostas pelos adultos a uma moral de autonomia e cooperação. Esta distinção por fases pretende esclarecer que é possível encontrar elementos da autonomia moral numa criança predominantemente heterónoma e vice-versa. Esta moralidade, sendo vista como uma fase onde predomina o dever exterior e a obediência aos adultos, de modo a evitar o castigo, acontece durante os 8 aos 9 anos e caracteriza-se pelo constrangimento, pela obediência e pelo respeito unilateral da criança para com o adulto, sendo também marcada pelo egocentrismo, uma diferenciação entre o “eu” e o meio social (Piaget, 1973). A essência da moralidade reside mais no sentido de justiça do que, propriamente, no respeito pelas normas sociais. A moralidade tem mais a ver com considerações de igualdade, de equidade, de contrato social e de reciprocidade nas relações humanas e menos com o cumprimento ou violação de normas sociais ou regras.

Estádios do raciocínio moral de Kohlberg Kohlberg defende que o desenvolvimento moral pode ser subdividido por estádios, sendo que, na sua conceção, estes estádios estão organizados em três níveis (Tabela 2.1), nomeadamente, nível pré-convencional, nível convencional e nível pós-convencional (Kohlberg, 1984). O nível pré-convencional é considerado o nível mais inferior da moralidade, em que o valor moral se estabelece acerca das consequências dos atos. Num estádio de desenvolvimento moral, orienta-se pela relação de obediência/ /castigo, no outro estádio predomina uma orientação egoísta que inclui a reciprocidade. No nível convencional, o valor moral corresponde ao cumprimento de ações e papéis sociais considerados corretos, no sentido de corresponder às expectativas dos outros. O primeiro estádio é caracterizado pela aprovação e por ajudar a agradar aos outros e, no segundo estádio, prevalece o dever de si aos direitos e deveres compartidos, cujos estádios são: dever de contrato e ação moral.

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próprio e as expectativas dos outros. O nível pós-convencional corresponde


A Socialização da Criança e a Importância dos Agentes de Socialização

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A socialização A socialização é um processo de aprendizagem e crescimento em que a criança, ainda indefesa, vai interiorizando normas e valores sociais com o intuito de se integrar na sociedade. A socialização é a forma como os pais e outros cuidadores (e.g.: professores, avós, etc.) transmitem à criança valores como a aceitação dos outros, o respeito, a cultura, o incentivo à verdade, a amizade, a igualdade, a humildade, etc.

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Ao longo deste processo, a criança vai estabelecendo relações sociais, tornando-se num ser cultural. Através da interação com os outros indivíduos do grupo a que pertence, o ser humano é capaz de adaptar o seu comportamento às regras e aos valores implícitos no respetivo contexto social. Assim, à medida que a criança se vai envolvendo na sociedade, vai desenvolvendo hábitos e competências que irão torná-la responsável, sendo capaz de se autorregular1 e, ao mesmo tempo, permitir a descoberta de si própria. O ser humano transforma-se num ser social após um longo e gradual processo, articulado com o próprio desenvolvimento biológico e intelectual. Os juízos e os comportamentos 1

Capacidade de controlar o seu próprio comportamento, de acordo com as exigências diárias.

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que têm lugar no seio da família não devem criar diferenças significativas, nem demarcar-se excessivamente, em relação aos parâmetros sociais vigentes. Por isso, é possível afirmar que o comportamento do ser humano tem pouco de instintivo, uma vez que resulta de um processo de aprendizagem. Este processo resulta da interação, da modelagem (aprendizagem por observação e imitação) e da comunicação com os outros na sociedade, transmitido de geração para geração. No processo de modelagem, a criança observa e imita aquilo que vê, adequando o seu comportamento à transigência do adulto, no entanto, quando a criança imita, por exemplo, um personagem dos desenhos animados agressivo, em que o personagem agride o pai, por exemplo, os pais não deverão permitir esse comportamento, devendo antes ajudar a criança a perceber a gravidade dos seus próprios atos e a considerar os sentimentos dos outros, evitando que volte a magoá-los. Berns tentou identificar as finalidades do processo de socialização, de forma mais específica, através de cinco níveis (Berns, 1997): 1

Autoconceito – Vai-se desenvolvendo, à medida que as atitudes e expectativas das pessoas que interagem com a criança vão sendo incorporadas na sua personalidade, permitindo que ela controle o seu próprio comportamento, de forma adequada.

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Autodisciplina – Capacidade que a criança tem para controlar as suas emoções e o seu comportamento.

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Ambição ou motivação – Ao longo da socialização, vão sendo definidas metas que a criança deve procurar atingir para se tornar adulta, pois a socialização é um processo que decorre da infância à idade adulta.

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Papéis sociais – Cada indivíduo desempenha um papel na sociedade, podendo desempenhar simultaneamente diferentes papéis sociais, em diferentes situações, por exemplo, ser mãe, irmã, colega de trabalho, amiga, presidente da associação de pais, etc.

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Competências desenvolvimentais – A socialização tem também por fida criança para que ela consiga viver com sucesso em sociedade.

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nalidade desenvolver as competências sociais, emocionais, e cognitivas


As Perturbações do Comportamento

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Comportamentos disruptivos Os comportamentos disruptivos que os sujeitos com perturbação do comportamento apresentam integram-se em quatro grupos principais, designadamente, o comportamento agressivo, que ameaça ou causa sofrimento a pessoas ou a animais; o comportamento não agressivo, que causa prejuízo ou destruição de propriedade; a falsificação ou o roubo; e a violação grave das normas. Estes comportamentos disruptivos poderão conduzir à suspensão ou, até mesmo, à expulsão das crianças e dos adolescentes da escola, a problemas de adaptação ao trabalho, a conflitos legais, e, no campo pessoal, a contrair doenças sexualmente transmissíveis, à gravidez não desejada e a danos físicos por acidentes ou lutas (APA, 2002). Esta perturbação está associada a comportamentos de risco, como, por exemplo, o início precoce da atividade sexual, o consumo de álcool, de tabaco e de substâncias ilícitas. Os fatores como a negligência parental, o abandono, as práticas educativas demasiadamente rígidas, a violência sexual ou física, o historial tabágico materno durante a gravidez, a associação a grupos de pares delinquentes, a vivência em bairros violentos ou em instituições acolhedoras e o temperamento difícil da criança, poderão predispor a criança ao desenvolvimento da perturbação do comportamento, tornando-se delinquente, uma vez que foi crescendo num ambiente desestruturado. A agressividade é um facto com o qual nos deparamos diariamente, na rua, © PACTOR

na escola, nos transportes públicos, no trabalho, na comunicação social e, até mesmo, nos jogos de computador, que traduzem muitas vezes essa realidade, contendo armas e incentivando à violência física. Geralmente, os sentimentos

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agressivos que as crianças apresentam, entre os 2 e os 3 anos, são uma chamada de atenção para o que estão a sentir, pelo simples facto de que, nessa idade, as crianças têm dificuldade em expressar verbalmente os seus sentimentos e as suas emoções, pois não sabem expressar por palavras o que desejam. Aconselha-se que os adultos estejam atentos a estes sinais, quer no contexto escolar quer no contexto familiar, para que aprendam a lidar com esta situação, tentando sempre encaminhar a agressividade da(s) criança(s) para algo mais construtivo.

Comportamento normal vs. comportamento patológico Então, o que distingue um comportamento normativo de um comportamento patológico?

Na perturbação do comportamento está presente a propensão, de uma criança ou de um adolescente, para exibir comportamentos perturbadores e incomodativos, podendo mesmo haver o seu envolvimento em atividades ilegais e em gangues, na prática de atos imprudentes e arriscados, em criminalidade e, até mesmo, em tentativas de suicídio. Quando têm este tipo de comportamentos, as crianças e os adolescentes não aparentam sofrimento psicológico ou constrangimento pelos seus atos e não estão minimamente preocupados por poderem magoar os sentimentos das pessoas ou por as desrespeitarem, uma vez que são seres que possuem pouca empatia, um desinteresse pelos sentimentos e pelo conforto dos outros. As crianças e os adolescentes com estes comportamentos disruptivos, tendem a ter características como a insensibilidade, uma baixa autoestima, a agressividade, um comportamento insultuoso,

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Durante o desenvolvimento das crianças e adolescentes, podem ser observados vários comportamentos disruptivos, como mentir ou faltar às aulas. Contudo, para diferenciar um comportamento normativo de um comportamento patológico, importa verificar se esse comportamento ocorre esporadicamente e de modo isolado ou se constitui um padrão, representando um desvio à norma de comportamentos esperados para indivíduos da mesma idade e género numa determinada cultura.


As Birras

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O que são as birras Vamos agora passar ao tema das birras. Afinal, o que são as birras? É inevitável que as crianças tentem, algumas vezes, ultrapassar os limites que lhes foram previamente estabelecidos. No entanto, muitas crianças, ao serem confrontadas com exigências, regras e limites, reagem com o que designamos por birras, mostrando agressividade ou choro. As birras fazem parte do crescimento da criança e de uma tentativa de construir a sua identidade pessoal. São reações ríspidas e inoportunas que as crianças costumam exteriorizar depois de uma contrariedade e frustração. Estas manifestações apresentam-se de forma diferente, conforme a idade: uma criança pequena pode chorar, atirar-se ao chão, gritar, berrar, etc., enquanto uma criança mais velha pode atirar coisas para o chão, bater com a porta, empurrar, etc. As birras são um fenómeno natural num determinado estádio evolutivo da criança (com cerca de 2/3 anos) e vão desaparecendo, à medida que a criança cresce (por volta dos 5/6 anos), a não ser que a criança tenha aprendido a servir-se das birras para conseguir alcançar os seus objetivos e isto apenas acontecerá se os pais, ao longo do tempo, tiverem cedido às chantagens dos filhos, revelando-se inconsistentes. As birras surgem sobretudo na faixa etária próxima dos 2 anos e poderão prolongar-se até aos 5 anos. Nestas idades, ao longo do desenvolvimento da criança, o seu cérebro desenvolve-se a um ritmo impressionante. Ficamos, muitas vezes, deslumbrados com a aquisição cognitiva das crianças nestas idades, com o modo como elas se expressam e aplicam as palavras corretamente de

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forma inesperada. Porém, por que razão as crianças não fazem todas as mesmas birras?

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Nós sabemos que as crianças não são todas iguais, têm personalidades diferentes, tal como nós, adultos. Há crianças que têm um temperamento com que é mais fácil lidar, que são naturalmente mais obedientes, mais calmas ou animadas e há aquelas crianças com temperamento mais difícil, que são mais reativas, mais impulsivas e mais respondonas. Estas diferenças fazem parte do ser humano, são características de personalidade, já nascem connosco. É o que sucede, por exemplo, com o facto de não termos todos a mesma cor de olhos, a mesma cor de cabelo, a mesma altura e o mesmo peso. Por terem temperamentos diferentes, algumas crianças também irão fazer birras de diferente intensidade em relação a outras crianças.

Então, o que desencadeia a birra? Geralmente, a criança inicia uma birra quando quer conseguir algo, quando procura atenção, está cansada, tem fome ou, até, quando se sente desconfortável ou frustrada. Esta frustração faz parte de um processo de aprendizagem e descoberta da criança, sobre si própria, sobre os outros e sobre o mundo que está ao seu redor. A criança necessita de regras claras em relação ao que pode ou não fazer, ao que é e não é normal fazer. A criança faz birra porque, nessa fase de desenvolvimento, ainda não possui os mecanismos para lidar com a frustração.

Como proceder perante a birra? Muitas vezes, nos momentos de birra, os pais reagem de forma impulsiva, fazendo exatamente o oposto do que deveriam fazer e fazem-no na tentativa de aliviar as suas próprias frustrações, o que acaba por ser pouco saudável, visto essas atitudes influenciarem negativamente a relação de confiança e segurança tros que acabam por ceder às suas exigências com o intuito de que a criança se cale. Este último tipo de reação, por parte dos pais, tem consequências

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entre pais e filhos. Assistimos a pais que deixam a criança gritar e chorar e ou-


Os Estilos Parentais

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As práticas educativas dos pais O desenvolvimento emocional, afetivo e social de uma criança é fortemente dependente da educação parental, mas outras variáveis têm influência, como já abordámos anteriormente (e.g.: o meio escolar, os amigos, a sociedade, etc.). Desta forma, as práticas educativas adotadas pelos pais determinam a forma como as crianças se comportam e influenciam significativamente a formação da sua personalidade e o estabelecimento de futuros padrões relacionais enquanto adultos. A disciplina é considerada um meio de socialização que inclui a aprendizagem de comportamentos, que irão ajudar a criança a crescer em harmonia. É comum os pais recorrerem à educação que receberam da sua família, durante a infância, definindo assim o seu estilo parental. Muitas vezes, os conflitos no seio das famílias surge devido ao estilo de comunicação que utilizam. Podemos classificar a linguagem como assertiva, agressiva, passiva ou manipulativa. Vamos agora descrever cada uma delas: Comunicação agressiva – Este tipo de linguagem pode fazer falhar a comunicação, impedindo que os problemas possam ser discutidos até ao fim e se encontre uma solução ou se tomem decisões em conjunto. A pessoa tem uma grande convicção nas suas ideias, desvalorizando o

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seu interlocutor1 e podendo mesmo ser agressiva ao fazê-lo;

1 Aquele que fala ou participa numa conversa, num diálogo onde há interação realizada através da linguagem.

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COMO LIDAR COM OS PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO DAS CRIANÇAS

Comunicação assertiva – É a forma mais correta de se expressar, onde se revela um bom controlo das emoções e se é capaz de exprimir as opiniões e os sentimentos sem magoar os outros e, ao mesmo tempo, se é capaz de ouvir e considerar os argumentos dos outros; Comunicação passiva – A pessoa evita dar as suas opiniões e pode deixar-se dominar pelas opiniões das outras pessoas; Comunicação manipulativa – A pessoa tenta argumentar e fazer valer o seu ponto de vista, mas não o faz de forma direta e nem sempre apresenta as verdadeiras razões.

Características da comunicação agressiva Neste tipo de comunicação, a pessoa: Domina os outros; Valoriza-se à custa dos outros; Ignora e desvaloriza o que os outros fazem ou dizem; Quando hierarquicamente superior, revela-se autoritária, fria, intolerante e, quando hierarquicamente inferior, é contestatária e hostil; Fala alto; Interrompe com frequência; Faz barulho para evitar que os membros do grupo se pronunciem; Comunica de forma descontrolada; Olha de revés o seu interlocutor; Usa a ironia e o sorriso sarcástico;

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Manifesta, através da mímica, o seu desprezo pelos outros.

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A Indisciplina no Contexto Escolar

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A indisciplina na sala de aula A indisciplina na sala de aula é um problema que tem vindo a assumir novas dimensões nas escolas portuguesas, comprometendo o processo de aprendizagem dos alunos, fator este que contribui para o insucesso escolar e, ao mesmo tempo, fomenta grandes níveis de instabilidade emocional nos docentes, levando-os a sentimentos de impotência, de ansiedade, frustração e exaustão. Lidar com um aluno indisciplinado torna-se um grande desafio para toda a comunidade escolar, quer para professores, quer para os assistentes operacionais ou para a direção da escola e os pais. Note-se que, muitas vezes, as alterações comportamentais dos alunos na escola são resultado da inexistência de envolvimento dos pais no processo pedagógico dos seus filhos. Estas condutas perturbadoras poderão incluir a agressão física, a violação de regras, a desobediência, a intimidação da criança a outros colegas e professores, os atos impulsivos, as provocações, os gritos, as discussões, etc.

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“A indisciplina é um fenómeno intrínseco à sociedade e ao seu sistema de ensino e, dada a sua inevitabilidade, tão antigo como a própria escola.” (Aires, 2010, p. 13)

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Gerir os conflitos no contexto de sala da aula não é tarefa fácil. Os professores têm de cumprir os conteúdos programáticos e, muitas vezes, acabam por não conseguir concretizar o objetivo planeado para aquele dia, devido às interrupções constantes provocadas pelos comportamentos perturbadores que os alunos criam na sala de aula. Nestas circunstâncias, os docentes veem-se obrigados a intervir, acabando por desenvolver, muitas vezes, um desgaste físico e psicológico. Todos nós temos personalidades diferentes e, por isso, adotamos diferentes formas de agir perante determinada situação. Por exemplo, enquanto para alguns professores, determinado comportamento poderá ser considerado inadequado e desrespeitoso, para outros, poderá ser apenas uma manifestação de revolta, por alguma situação isolada ou própria da fase da adolescência. Nesse sentido, os docentes parecem adotar atitudes divergentes perante os comportamentos que consideram indisciplinados, o que poderá dificultar aos alunos a perceção de quais são os comportamentos realmente considerados desajustados e perturbadores. Vejamos o seguinte exemplo:

Exemplo 7.1 Numa turma, um professor de uma disciplina pune o seguinte comportamento: o aluno levantou-se sem autorização para pegar na caneta que caiu ao chão. Outro professor de outra disciplina, em que o aluno teve o mesmo comportamento, não pune essa ação. Estas posturas divergentes por parte dos professores fazem com que o aluno fique confuso, não percebendo se realmente aquele comportamento foi ou não incorreto.

Torna-se necessário agir de forma cautelosa em relação ao que se consina atribuição de rótulos aos alunos, de que são indisciplinados, contribuindo assim, para a criação de estigmas sociais.

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dera comportamentos indisciplinados, uma vez que se abrem precedentes


A Importância das Regras e as Técnicas Comportamentais

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Os limites da educação

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A educação é, sem sombra de dúvidas, a base para o sucesso futuro das nossas crianças. Os limites são cruciais para a educação! As exigências da sociedade atual obrigam os pais a trabalhar cada vez mais para garantir o bem-estar dos seus filhos, mas esta esta ausência provoca muitas vezes o sentimento de culpa em que muitos pais tentam compensar os seus filhos através da permissão, cedendo-lhes tudo o que querem. Como resultado disso, há a perda de autoridade dos pais e a falta de limites dos filhos. Os limites são fundamentais na vida de uma criança, pois eles funcionam como uma rede de segurança e proteção. Uma criança que não tem uma disciplina regular em casa, além de provocar o dessossego e nervosismo nos pais, também terá dificuldades em cumprir regras noutros contextos, como, por exemplo, no contexto escolar. Dizer “NÃO” é uma forma de educação fundamental, pois permite que as crianças aprendam a combater as suas inseguranças e a tolerar as suas frustrações, compreendendo, de forma saudável, que nem sempre se pode ter aquilo que se deseja. Sabemos que não é de todo fácil dizer “não” a uma criança, mas é imprescindível, ao longo do processo educativo. No momento em que está a colocar limites, é essencial construir um diálogo, explicando o motivo pelo qual está a dizer “não”, pois é importante que a criança entenda que há uma razão lógica para essa negação. Mantenha as regras e não ceda, independentemente

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das reações da criança. Lembre-se, só desta forma é que a criança irá criar limites e lidar com a frustração de forma saudável. Ao aprender a lidar com a frustração desde cedo, aprende a ultrapassar as dificuldades de forma eficaz, será capaz de resolver problemas de forma autónoma, com maior capacidade de resiliência1, tornando-se posteriormente num adulto bem-sucedido. Sempre que os pais quiserem dar uma ordem aos seus filhos, deverão posicionar-se perto da criança, com voz firme, sem deixarem de ser afetuosos, usando o verbo na forma imperativa (e.g.: “Anda para a mesa! A comida está servida!”). Será importante manter o contacto ocular e, se houver resistência, socorrer-se de uma discreta pressão física (segurar-lhe no braço, por exemplo). Evite retardar ou desistir de uma ordem quando esta já foi enunciada. O conhecimento de certas estratégias comportamentais poderá ajudar muitos pais a corrigirem hábitos que, de uma maneira ou de outra, acabam por contribuir para o aumento do stress familiar. Vamos referir alguns itens que devem ser evitados porque acabam por estimular ainda mais a desobediência.

O que os pais não deverão fazer: atitudes que reforçam os problemas de comportamento Ceder à birra – Os pais não devem ceder à birra e, muitas vezes, caem nesse erro por vergonha do comportamento do filho, pensando que ao cederem ele vai parar com aquele comportamento embaraçoso. Se a birra acontecer em casa, deixe a criança chorar num lugar seguro até se acalmar. Quando perceber que a criança está mais calma, poderá perguntar-lhe se a birra já terminou e continuar a atividade que estava a fazer, sem sermões. Quando a situação o exigir, ou seja, quando a birra apresentar contornos de agressão, poderá aplicar uma punição. Caso a birra ocorra num local público, a criança deverá ser retirada do centro do palco, pois a assistência das outras pessoas é tudo aquilo de que a birra precisa para ficar mais forte. Recorrer a ameaças e tentar assustar a

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Capacidade que o indivíduo tem de lidar com os problemas, superar obstáculos, adaptando-se positivamente às adversidades do dia a dia.

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criança não ajuda e contribui para aumentar a tensão;


Parentalidade Positiva

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A construção de relações positivas Podemos designar como parentalidade positiva um conjunto de comportamentos ou competências parentais com o intuito do melhor interesse da criança que garanta a satisfação das suas principais necessidades e a sua capacitação, sem violência, proporcionando-lhe o reconhecimento e a orientação necessários para possibilitar o seu desenvolvimento saudável. Os pais devem estar cientes de que as atitudes positivas proporcionam ambientes e comportamentos positivos e saudáveis, os quais são importantes na interação com os seus filhos. Então, como se constrói uma relação positiva? Para que se cultive uma relação positiva entre os pais e os filhos deve haver: Respeito mútuo – Respeite o seu filho. Assim como gosta que o seu filho o respeite, respeite-o também, de igual para igual. As exigências devem localizar-se ao mesmo nível; Tempo para a diversão – Gaste parte do seu tempo a envolver-se em atividades com o seu filho, o que é fundamental. Poderá participar nas atividades da criança, nos jogos, etc.;

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Transmissão de amor – Forneça ao seu filho o amor que ele merece, através de um sorriso, toque no rosto, um abraço e diga que o ama. Com esta atitude, irá transmitir segurança ao seu filho e união entre a família; Encorajamento – Dê incentivos constantes a comportamentos adequados, elevando a concretização deste comportamento no futuro, assim

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como promova a autoconfiança no seu filho. O encorajamento aumenta os sentimentos de confiança e autoestima da criança.

Seguem-se algumas atitudes de encorajamento: Valorize e aceite o seu filho como ele é e não apenas como ele poderia ser; Aponte os aspetos positivos do seu comportamento; Acredite na criança para que ela também aumente a sua autoconfiança; Seja positivo e otimista; Centre-se nos pontos fortes; Reconheça os esforços e as melhorias, tal como os resultados obtidos.

Formação aos pais: a educação positiva

É de extrema importância que os pais tenham a capacidade de controlar a sua raiva e esta é uma das competências que os pais devem desenvolver por si mesmos, tornando-se mais assertivos na forma de lidar com os seus filhos. Para que consiga obter esse controlo, deverá estar atento às suas emoções e tensões, sabendo assim quando terá de manter o equilíbrio (autocontrolo). Por exemplo, se verificar que a discussão já se está a desenvolver demasiadamente, afaste-se um pouco, vá ouvir um pouco de música ou mesmo dar um passeio até acalmar. Lembre-se que, controlar o seu estado de raiva e zanga, é um dever dos adultos e que esse seu autocontrolo irá servir de modelo de

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A educação positiva consiste numa relação de respeito mútuo entre pais e filhos, sendo uma educação que estabelece segurança, firmeza, mas, ao mesmo tempo, a empatia, a harmonia e o afeto. Com esta atitude educacional, a criança será saudável, responsável, autónoma, capaz de resolver os seus conflitos por si própria e feliz! A educação positiva possibilita que a criança desenvolva uma inteligência emocional e uma autoestima equilibradas e permitirá ainda que a criança entenda a importância das regras e dos limites e que os integre na sua vida.


Considerações Finais Sabemos que o desenvolvimento moral se inicia através da interação da criança com a sociedade que é, de uma forma geral, restringida à família. No entanto, não podemos esquecer o contexto escolar, que é um meio com grande relevância onde a criança estabelece novas interações, novas amizades e novas aprendizagens. Ao mesmo tempo que se desenvolve o mundo social da criança, o conjunto de ordens e limites a que deve obedecer também se vai desenvolvendo. É verdade que as primeiras regras são transmitidas de forma direta pelos pais, mas é igualmente verdade que, mais tarde, as condutas das crianças são também influenciadas pelas regras da sociedade.

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Diversos estudos relacionam a perturbação do comportamento com o desenvolvimento e a manutenção de comportamentos socialmente desajustados, em termos de dificuldades de integração social, legais e de criminalidade. Assim, torna-se essencial a clarificação das variáveis antecipadoras da perturbação, para o desenvolvimento de estratégias de prevenção eficazes e para a sensibilização de pais e professores, com vista ao diagnóstico precoce e respetivo encaminhamento da criança e da família para programas de intervenção que possam evitar ou minimizar as consequências nocivas desta perturbação nas suas vidas. Será de salientar a importância de uma educação otimista e positiva em que os pais deverão sempre procurar dar o melhor de si aos seus filhos, respeitando as suas individualidades e promovendo atividades para que as crianças possam desenvolver competências sociais e emocionais, que são essenciais ao seu crescimento saudável.

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Toda a comunidade educativa (pais/encarregados de educação, alunos, pessoal docente e não docente) tem uma grande responsabilidade na salvaguarda efetiva do direito à educação. Ser professor, ser pai e ser mãe não são tarefas fáceis! Há que implementar as técnicas e estratégias comportamentais com persistência e paciência para que as crianças tenham um autocontrolo, para que se incutam os limites de uma forma positiva.

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