gestão de itinerários turísticos
Patrícia Reis Alexandra Lavaredaswww.pactor.pt www.lidel.pt
Autoras
Nota introdutória
Siglas, acrónimos e abreviaturas
ÍNDICE
1. Conceptualização e contributos dos itinerários turísticos -------------------------------------------3
1.1. Conceito de itinerário
1.2. Contributo dos itinerários
A opinião de… João Fernandes, Diretor-Geral
2.1. Itinerários turísticos segundo a iniciativa
2.4.
2.5.
2.6.
2.7. Itinerários turísticos segundo o âmbito geográfico
2.8. Itinerários turísticos segundo a distância geográfica
2.9. Itinerários turísticos segundo a duração
2.10. Itinerários turísticos segundo a forma de fruição
2.11. Itinerários turísticos segundo a responsabilidade
2.12. Itinerários turísticos segundo o esforço físico
2.13. Itinerários turísticos segundo o meio de transporte utilizado
A opinião de… “Caminhos da História ”, empresa de animação turística e agência de viagens e turismo
3. A implementação de percursos pedestres como instrumento de dinamização de itinerários turísticos
3.1. O pedestrianismo e o desenvolvimento de percursos pedestres
3.2. Implementação de percursos pedestres
3.3. Itinerários turísticos em percursos pedestres
A opinião de… Margarida Reis, Vereadora
II ELABORAÇÃO DE ITINERÁRIOS TURÍSTICOS
4. Recursos afetos à elaboração de itinerários turísticos
4.1. Recursos, serviços e equipamentos turísticos
4.3. Recursos técnico-materiais
5.4.
opinião de… Vanda Martins, Consultora Sénior
6.1. Caso prático
7. Marketing-mix de itinerários turísticos
7.1. Produto (product
7.2. Promoção (
7.3. Distribuição (
7.4.
7.5. Pessoas (people
III A TECNOLOGIA APLICADA AOS ITINERÁRIOS TURÍSTICOS
8. As tecnologias de informação e comunicação na gestão de itinerários turísticos
8.1. As tecnologias de informação e comunicação e o turismo
8.2. O consumidor turístico digital e a tomada de decisão
8.3. As plataformas digitais na
8.4. Oportunidades e desafios na utilização de tecnologias de informação
8.4. e comunicação na gestão de itinerários turísticos
9. Os e-tinerários turísticos e a experiência turística
9.1. Destinos turísticos inteligentes
9.2. Pilares da gestão de e-tinerários turísticos em destinos turísticos inteligentes
A opinião de… Alexandra Rodrigues Gonçalves, Diretora da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo (ESGHT) da Universidade do Algarve
AUTORAS
Patrícia Reis
Doutorada em Turismo, pela Universidade de Aveiro, mestre em Gestão e Sustentabilidade em Turismo, pelo Instituto Politécnico de Leiria, licenciada em Turismo, pelo Instituto Politécnico de Leiria, e licenciada em Relações Internacionais, pela Universidade Lusíada de Lisboa. Tem título de especialista, com provas públicas, na área 812: Turismo e Lazer, defendidas no Instituto Politécnico de Leiria.
É Professora Adjunta no Instituto Superior de Gestão e Administração (ISLA) de Santarém e Diretora do curso de Gestão de Turismo e do curso de Assistência e Informação Turística e Professora Adjunta convidada do Instituto Politécnico de Leiria na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar. É formadora profissional certificada na área do Turismo e Lazer, em várias entidades de formação e no ensino do setor do turismo, entre as quais a Escola de Turismo e Hotelaria do Oeste do Turismo de Portugal. Membro efetivo na Unidade de Investigação em Governança, Competitividade e Políticas Públicas (GOVCOPP), da Universidade de Aveiro, no Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação em Turismo (CiTUR) do Instituto Politécnico de Leiria e da Unidade de Investigação e Desenvolvimento (UI&D) do ISLA Santarém.
A par da sua atividade como docente foi Técnica Superior de Turismo no Instituto do Turismo de Portugal e no município de Peniche. Enquanto profissional de turismo desenvolveu, e continua a desenvolver, intensa atividade profissional no setor dos itinerários turísticos, da informação turística, no acompanhamento, condução e assistência de grupos, bem como na animação turística e na organização de eventos turísticos. Investigadora na área do turismo e lazer, é autora e coautora de vários artigos e publicações científicas.
Doutorada em Relações Interculturais e mestre em Gestão, pela Universidade Aberta, pós-graduada em Tourguiding, Património Cultural e Línguas e licenciada em Turismo, pelo Instituto Superior de Novas Profissões. É especialista em Turismo e Lazer, com provas públicas defendidas no Instituto Superior de Ciências Educativas (ISCE).
É certificada pelo Sindicato Nacional de Atividade Turística, Tradutores e Intérpretes (SNATTI), exercendo a atividade de guia-intérprete, em Portugal e no estrangeiro, desde 2011. Colabora com diferentes entidades no desenvolvimento de circuitos turísticos personalizados, faz o acompanhamento de grupos no terreno e atua como representante local de operadores turísticos internacionais.
É investigadora no Instituto Politécnico de Leiria e colabora com o ISCE. Pertence à comissão editorial da revista científica Tourism and Hospitality International Journal (THIJ) e é (co)autora de vários artigos e publicações científicas.
Como formadora profissional certificada colaborou com várias entidades de formação na área do Turismo, Gestão e Lazer na qualidade de coordenadora de curso e formadora, tendo, ainda, sido júri em várias provas públicas de conclusão de curso.
Foi Assessora de Inovação e Empreendedorismo na Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal, Técnica Superior de Turismo na Câmara Municipal de Sesimbra e consultora de viagens na Agência Estivaltur.
Em 2004, tornou-se Presidente da EOADY – Academia de Yoga, Dança e Eventos, exercendo funções até 2015, altura em que lhe foi atribuída uma bolsa de estudo para frequentar um MBA, na SP Jain School of Global Management, com sucursais no Dubai e em Sidney, onde estudou e viveu.
PREFÁCIOS
O turismo tem vindo a crescer de uma forma extraordinária e a tornar-se num dos mais importantes setores da atividade económica mundial. Em Portugal, o turismo assume um papel tão importante na economia, no emprego e no desenvolvimento que, mesmo durante os períodos de grande turbulência, como foi o caso da crise nos sistemas bancários e no colapso das economias durante a COVID-19, foi o setor que retomou mais rapidamente a sua atividade e que foi responsável por puxar mais fortemente pela recuperação do nosso país.
Mas o potencial que o turismo encerra não se circunscreve às suas dimensões “clássicas” da hotelaria e da restauração. Além deste seu core business, o setor tem capacidade para se ligar em rede, com os restantes setores da atividade económica e social, e criar efeitos multiplicadores consideráveis. O potencial que o turismo apresenta encontra-se ao nível de duas dimensões. Por um lado, em termos dos seus impactos diretos, criados através da despesa que os turistas fazem relativamente a estabelecimentos hoteleiros, restauração e nas atividades associadas à cultura, ao património e ao entretenimento. Por outro lado, o turismo possui uma forte capacidade de gerar impactos indiretos e induzidos ao nível das atividades que estão para lá do seu core business, nomeadamente nas áreas da construção civil, dos transportes, da agricultura e em diversos serviços. É hoje reconhecido que o turismo é um dos instrumentos mais eficientes e eficazes no lançamento de políticas que tenham por objetivo promover a dinamização de toda a sociedade. É devido a esta forte capacidade de acionar as economias que o turismo se tornou num dos setores-chave da estratégia da Comissão Europeia (CE) ao nível dos programas europeus. Nas novas orientações de política e estratégia, a CE considera que o turismo possui um elevado potencial em termos de promoção do desenvolvimento económico e social, bem como na promoção da coesão territorial e social. A CE preconiza que o turismo deve ser gerido e planeado, de forma que os benefícios criados pelos turistas possam fluir dos polos turisticamente mais desenvolvidos para as regiões circundantes, nomeadamente
as áreas rurais, do interior e de mais baixa densidade populacional. Isto é, a política da CE advoga que o setor seja planeado de modo a drenar todo o seu potencial das zonas turisticamente mais desenvolvidas em direção às áreas menos desenvolvidas.
Mas para que isso possa acontecer é fundamental que se criem instrumentos eficazes para tornar o turismo num setor horizontal, suscetível de induzir desenvolvimento noutros setores económicos e noutros territórios. É neste âmbito que o livro que agora se publica possui um papel particularmente relevante. De facto, é necessário que se encontrem metodologias e métodos mais eficazes que tornem o turismo um verdadeiro instrumento de desenvolvimento territorial e social.
O tema principal deste livro são os itinerários turísticos. Os itinerários assumem-se, de uma forma indubitável, como um dos instrumentos mais eficazes e eficientes para se conseguir vir a implementar novas e renovadas políticas de turismo, dado que permitem levar o setor mais longe, contribuindo para a criação de novas dinâmicas em termos de desenvolvimento e coesão regional e social. Para que o turismo tenha sucesso, é necessário que se criem operações de gestão e logística, suscetíveis de integrar horizontalmente as diferentes atividades económicas e de potenciar a criação de economias colaborativas, envolvendo todos os stakeholders do turismo.
Os itinerários turísticos são, ainda, um instrumento fundamental na gestão e organização do território. O turismo não é inócuo no seu funcionamento e no decurso das suas operações! Antes pelo contrário, este setor cria impactos significativos em termos económicos, ambientais, sociais e patrimoniais, o que implica que sejam introduzidas medidas eficazes de gestão e planeamento. Uma vez mais, os itinerários turísticos afiguram-se como um instrumento eficaz para uma boa gestão de impactos, e, consequentemente, para um desenvolvimento equilibrado e harmonioso do território.
Este livro que agora se publica possui um enorme valor ao nível destas vertentes, dado que oferece vários capítulos, diversificados e ricos, sobre itinerários turísticos, nomeadamente em termos de conceptualização e definição, classificação, recursos, metodologias e tecnologias associadas à criação de itinerários.
Trata-se, pois, de uma publicação que recomendamos vivamente!
Aveiro, 23 de abril de 2024
Carlos Costa Professor Catedrático da Área do Turismo da Universidade de Aveiro
Considerado como um dos setores mais consolidados do mundo, o turismo atingiu um patamar tal que já não passa despercebido a ninguém e ninguém pretende desperceber-se desta atividade. Há quem a designe de “indústria da paz”, há quem prefira “indústria de sonhos”; a certeza, porém, é que o turismo é uma realidade incontornável na economia, na sociedade, na cultura, no ambiente e na política de um indeterminado número de regiões.
Pela elevada importância e contributo desta “ciência” na vida de milhões de protagonistas turísticos, a gestão de itinerários turísticos aparece como um imperativo incontornável do turismo, uma vez que a dimensão desta atividade implica, naturalmente, a reflexão, o planeamento, a elaboração, a promoção, a comercialização e a gestão cuidada dos produtos e serviços turísticos.
Os itinerários turísticos elevam-se como elementos diferenciadores das regiões de destino, onde impera uma obrigação de os construir ou redefinir de uma forma criativa e inovadora, que lhes atribua singularidade e ousadia, capazes de proporcionar experiências inolvidáveis e irrepetíveis na mente do consumidor turístico mais exigente.
Este livro, de elevada qualidade, surge num momento muito oportuno, uma vez que a atividade turística vem recuperando o mérito que lhe foi vedado pela pandemia de COVID-19 e revela agora a necessidade de uma renovação sustentável, que defenda e promova os recursos endógenos das regiões recetoras. Esta obra permite-nos, assim, conceptualizar, classificar e perceber os contributos dos itinerários turísticos, compreender a implementação dos percursos pedestres como instrumento de dinamização de itinerários, reconhecer a importância dos recursos naturais e construídos na criação de itinerários turísticos, identificar a importância dos equipamentos de apoio e todos os elementos que enriquecem e sustentam os recursos utilizados a favor da construção destes itinerários, adquirir a metodologia de elaboração de itinerários turísticos, assim como conectar as tecnologias da informação e comunicação à gestão destes produtos.
É fortemente reconhecido que o turismo se oferece como um importante instrumento de desenvolvimento das economias contemporâneas, proporcionando benefícios a longo prazo quando implementado de forma sustentável. De facto, ao implicar uma rede complexa de atividades económicas envolvidas no fornecimento de alojamento, alimentação e bebidas, transportes, entretenimento e outros serviços para os visitantes, o turismo revela-se como um elemento estruturante da economia. Esta constatação resulta da evidência empírica de muitos países desenvolvidos e em desenvolvimento, onde o turismo é hoje um setor estratégico ou a evoluir nesse sentido. A ênfase desta obra está, particularmente, colocada no contributo que o setor turístico poderá ter no desenvolvimento das regiões, em que os itinerários turísticos poderão ser uma destacada alavanca para (re)lançar o turismo na região.
Desta forma, estou certo de que este livro foi elaborado com o propósito de lançar a reflexão sobre a importância dos itinerários e circuitos turísticos na dinamização da oferta turística de qualquer território e na defesa, proteção, organização e promoção dos recursos turísticos com expressão regional e/ou nacional.
As necessidades e as motivações dos turistas de hoje, que procuram cada vez mais formas de turismo cognitivo e experimental, isto é, que lhes proporcionem ensinamentos
relativos ao povo e à cultura locais, estão em constante transformação e a construção de produtos e serviços turísticos deve ter esta certeza em consideração. O certo é que a cultura e o património, a sociedade e o ambiente são cada vez mais recursos económicos ao serviço do turismo, pois atraem visitantes, geram empregos e impulsionam o crescimento económico de forma direta e indireta, implicando, por isso, uma estruturação planeada e cuidada da oferta turística. Os itinerários turísticos, desenvolvidos nos anos 80 e 90 do século xx pelo Conselho da Europa e pela UNESCO, e impulsionados, nos últimos anos, por muitas organizações públicas e privadas, constituem-se como um produto que utiliza significativa e harmoniosamente os recursos naturais e construídos, servindo, ao mesmo tempo, para renovar a oferta e criar imagens-ícone dos territórios de acolhimento turístico.
Todavia, para que um itinerário turístico tenha sucesso e contribua para o desenvolvimento regional, há alguns aspetos que este livro realça que não podem ser descurados, como o benchmarking (aprender com as boas práticas de outros), o envolvimento da população local, a defesa dos recursos endógenos (sustentabilidade), as parcerias locais para fomentar o desenvolvimento do território, a colaboração técnica e científica de outras entidades e a digitalização dos processos.
Estou certo de que este livro será um excelente contributo para ajudar à melhoria da qualidade na gestão de itinerários turísticos, atuais e futuros, e das instituições envolvidas. Agradeço, por isso, às autoras, e em especial à Professora Alexandra Lavaredas, pela sua elevada experiência prática, enquanto guia, e de ensino de qualidade enquanto professora do ISCE, a oportunidade de nos facultarem a leitura destas reflexões, felicitando-as pela publicação desta brilhante obra de cariz muito técnico e de elevado sentido prático.
Lisboa, abril de 2024
Nuno Abranja
Diretor do Departamento de Turismo – Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo (ISCE). CEO da consultora OMelhorDoTurismo
NOTA INTRODUTÓRIA
Esta obra foi desenvolvida pelas autoras com o intuito de sistematizar e transmitir o conhecimento adquirido ao longo de anos, quer como docentes e investigadoras, quer como profissionais de turismo, ao nível da gestão de itinerários turísticos. Confiando que a informação partilhada pode beneficiar os diferentes agentes envolvidos na dinamização de itinerários turísticos, espera-se abrir novos rumos que contribuam para a valorização do setor.
Os itinerários turísticos são um segmento da atividade turística que ocupa um lugar de destaque nas escolhas dos visitantes, dado que estes, cada vez mais, querem experimentar algo único, autêntico e diferenciador, que promova o enriquecimento pessoal. Como forma de organização da oferta turística, os itinerários turísticos proporcionam uma experiência única e singular ao visitante, uma vez que facilitam a fruição e o consumo integrado dos vários recursos existentes no território. Por outro lado, o desenvolvimento de itinerários turísticos, promovendo o estabelecimento de parcerias locais e uma melhor exploração dos atrativos do destino, potencia a dinamização e valorização da atividade turística na ótica do desenvolvimento sustentável. Neste sentido, vislumbram-se grandes desafios e oportunidades para as entidades e profissionais que elaboram e promovem itinerários turísticos.
No entanto, apesar da crescente relevância dos itinerários turísticos e do importante papel que estes têm na atração de visitantes para os destinos, existe uma carência de publicações que abordem o tema da gestão dos itinerários turísticos. Assim, perceber o que são itinerários turísticos e quais os seus contributos, quem intervém no processo da sua gestão, como se classificam, que recursos utilizam, como se constroem e como podem evoluir no âmbito das novas tecnologias é o que se pretende transmitir. Considera-se pertinente uma obra com este teor, que proporcione ao leitor um entendimento mais generalizado sobre o assunto, no sentido de o auxiliar na gestão de itinerários turísticos, com foco na multidisciplinaridade, criatividade e inovação.
Planear e desenhar traçados, integrando-os num produto, sempre foi próprio do Homem. Neste sentido, a relação entre itinerários e turismo é histórica e intensa, e adquire uma importância económica, social e cultural que resulta do desenvolvimento e da expansão simultânea dos itinerários turísticos e do fenómeno turístico. O aparecimento dos primeiros itinerários turísticos parece remontar ao Império Romano (27 a.C. a 476 d.C.), cuja responsabilidade pela criação de uma extensa rede de caminhos pavimentados – estradas, que conectavam a Europa, o Médio Oriente e o Norte da África – incentivou as deslocações e o desenvolvimento de complexos termais romanos. Estes complexos eram locais para onde muitos romanos viajavam em busca de uma cura para os seus problemas de saúde e estão na origem do desenvolvimento dos primeiros Centros de Turismo. Portanto, o caminho ou a estrada, e a possibilidade de interligar vários locais e pontos de interesse, assumem-se, desde logo, como elementos que valorizam o território e os seus recursos.
Por volta do ano 820 do século ix, a descoberta do túmulo de Santiago Maior (em Santiago de Compostela, Espanha), conduziu à criação de um lugar sagrado para venerar este santo, dando início à peregrinação jacobeia e ao aparecimento de peregrinos que chegavam de toda a Europa a pé, a cavalo e de barco. Entre os séculos xi e xiii, Santiago de Compostela consolida-se rapidamente como um dos principais itinerários de peregrinação religiosa do mundo, recebendo, até aos dias de hoje, milhares de visitantes anualmente. Na década de 80 do século xx, os caminhos de peregrinação a Santiago de Compostela foram declarados o primeiro itinerário cultural do Conselho da Europa e, na década de 90, elevados a Património Mundial da UNESCO.
No século xiii, a grande viagem do italiano Marco Polo rumo ao Extremo Oriente, pela lendária Rota da Seda (antiga rota comercial milenar que conectou a Ásia ao resto do mundo), é um dos relatos mais conhecidos que, ainda hoje, serve de guia e inspira viajantes de todo o mundo, que tentam recriar os seus passos e o percurso percorrido. Nos séculos xv e xvi, as descobertas dos portugueses e, mais tarde, dos espanhóis e outros povos europeus, permitiram a universalização das viagens. No século xviii, o Grand Tour – uma viagem organizada pela Europa, realizada por jovens de classe média-alta inglesa, com uma duração normal de três anos e um itinerário que incluía uma permanência em Paris, Génova, Florença, Roma, Veneza, Alemanha e Países Baixos – representa um marco histórico na origem do turismo contemporâneo e do desenvolvimento dos itinerários enquanto produto turístico. A partir de meados do século xix, a Revolução Industrial acelera a evolução do turismo e as décadas seguintes, até ao final da 2.ª Guerra Mundial, confirmaram a tendência e afirmam a democratização do turismo. Neste contexto, os itinerários, enquanto produto turístico, têm vindo a assumir um papel fundamental na oferta dos destinos turísticos, potencializando recursos, serviços e equipamentos dos vários territórios, capazes de proporcionar experiências únicas, integradas e geradoras de satisfação. Os itinerários turísticos que atraem visitantes são um importante fator de desenvolvimento turístico, e têm merecido a atenção dos vários agentes do turismo que pretendem maximizar a sua intervenção no território, objetivo que só é possível alcançar com uma correta gestão de itinerários turísticos. Gerir itinerários turísticos é transformar recursos
em produtos turísticos e, consequentemente, em utilidade e satisfação para o visitante. A gestão de itinerários turísticos é, desta forma, essencial ao planeamento estratégico de qualquer entidade organizadora deste tipo de produto, porque só com a utilização de boas ferramentas de gestão se consegue aliar o potencial dos territórios e dos seus recursos com as necessidades e desejos dos visitantes. A gestão de itinerários turísticos é um processo contínuo, que interliga elementos entre si com base num determinado espaço geográfico, e exige uma concertação estratégica e operacional entre a procura, a oferta turística e as comunidades locais. Uma boa gestão de itinerários turísticos passa pela criação de produtos bem estruturados e organizados, com capacidade para responder àquilo que são as exigências dos visitantes atuais, contribuindo, em simultâneo, para a preservação dos recursos e criação de riqueza.
É, portanto, intenção desta obra guiar o leitor por definições e caraterizações, com a finalidade de o sensibilizar para o potencial que a gestão de itinerários turísticos representa, quer como geradora de desenvolvimento económico e sociocultural, quer como elemento diferenciador e de competitividade dos destinos. A gestão de itinerários turísticos é um exercício que exige competências transversais e conhecimentos aprofundados de temas de diferentes naturezas. Portanto, esta obra assume-se como uma ferramenta de trabalho fundamental para quem estuda e trabalha os itinerários turísticos e, consequentemente, para uma oferta turística responsável e de qualidade, assente em estratégias e metodologias pensadas e direcionadas para a gestão deste tipo de produto turístico.
Falar de itinerários turísticos pode ser algo complexo, devido à diversidade de termos associados ao seu conceito e definição. Neste sentido, para melhor facilitar o enquadramento do leitor com a temática dos itinerários turísticos, no primeiro capítulo apresenta-se o conceito de itinerário turístico e as suas componentes, e identificam-se as modalidades que os itinerários turísticos, enquanto produtos turísticos integrados, podem adotar. Em seguida, abordam-se os contributos dos itinerários turísticos, nomeadamente ao nível da valorização da oferta turística e dos seus impactos no desenvolvimento dos territórios.
No segundo capítulo, e tendo em conta que os itinerários turísticos apresentam caraterísticas próprias, no que respeita a questões técnicas e de funcionalidade, classificam-se os itinerários turísticos de acordo com um conjunto de critérios que se interligam.
O pedestrianismo é uma das atividades mais realizadas pelos visitantes quando viajam, por isso, no terceiro capítulo, aborda-se o conceito de pedestrianismo e o de percursos pedestres, tentando-se entender como a implementação de percursos pedestres pode ser um instrumento para a dinamização de itinerários turísticos pedestres.
No quarto capítulo, são identificados os vários tipos de recursos que estão afetos à elaboração de itinerários turísticos e que são fundamentais para a estruturação de um itinerário como produto turístico.
O quinto capítulo apresenta a metodologia de elaboração de itinerários turísticos adotada pelas autoras, construída em cinco fases (preparação, construção, comercialização, implementação e avaliação), subdivididas em dez etapas sequenciais, atravessando o projeto de itinerário turístico desde o seu início até ao fim.
No capítulo sexto são apresentados dois casos práticos que pretendem elucidar o leitor sobre como elaborar um itinerário turístico de sucesso, nomeadamente um circuito turístico e um city tour.
A comercialização de itinerários turísticos exige planeamento e conhecimento de mercado, assim como adequação do produto às necessidades e desejos dos visitantes, e, nesta fase, o marketing-mix de itinerários turísticos é uma ferramenta estratégica, como o leitor poderá observar no sétimo capítulo.
O fator inovação é determinante na era de digitalização do turismo, e num cenário em que a procura turística é totalmente digitalizada, o lado da oferta turística deve adaptar-se, de forma a não perder a vinculação ao mercado. Neste contexto, no oitavo capítulo aborda-se a importância das tecnologias da informação e comunicação no desenvolvimento de itinerários turísticos, concretamente a aplicação de plataformas digitais de apoio à elaboração de itinerários turísticos. Tenta-se, ainda, identificar que oportunidades e desafios podem surgir na utilização deste tipo de ferramentas digitais.
No nono e último capítulo, a partir do conceito de destinos turísticos inteligentes, as autoras desenvolveram o conceito de e-tinerário turístico, associado a uma experiência turística inteligente. Neste sentido, é proposta uma gestão de e-tinerários turísticos assente em quatro pilares de atuação inteligente: Território; Inovação e Digitalização; Acessibilidade; Sustentabilidade.
Dado o seu caráter prático, ilustrado com vários exemplos de sucesso a nível nacional, bem como com um capítulo essencialmente prático sobre como elaborar um projeto de itinerário turístico, esta obra procura demonstrar que os itinerários turísticos são produtos fundamentais para o desenvolvimento sustentável da atividade turística.
Deixa-se uma nota prévia quanto ao uso de algumas expressões em inglês ao longo da obra. A sua preferência deve-se ao facto de fazerem parte da terminologia turística no segmento dos itinerários turísticos, e por considerarmos que a sua tradução lhes retira parte do seu sentido.
As Autoras
FUNDAMENTOS DOS ITINERÁRIOS TURÍSTICOS
figura 1.1.
Componentes do itinerário turístico.
Recursos turísticos
Gestão
Serviços e equipamentos turísticos
Itinerário turístico Visitante
Atividades e visitas Percurso
O que é... Produto turístico
Espaço geográfico
Um produto turístico é um conjunto de elementos materiais e imateriais de um território, que são combinados e oferecidos aos visitantes como uma experiência completa, satisfazendo as suas motivações e expetativas. Estes produtos são desenvolvidos e comercializados por empresas ou organizações do setor turístico, e podem incluir várias componentes como os recursos turísticos, as facilidades, as acessibilidades, a imagem e o preço. Os elementos do produto turístico são combinados de forma a proporcionar uma experiência turística memorável e satisfatória.
Fonte: Middleton & Clarke (2001).
O que é... Visitante, turista e excursionista
Um visitante é qualquer pessoa que viaje para um destino principal fora do seu enquadramento habitual, por um período inferior a 12 meses, e cujo motivo principal é o lazer, recreação, visitas a amigos ou familiares, negócios (fora do seu local de trabalho habitual) ou outras atividades não relacionadas com uma atividade remunerada no local visitado.
Um visitante é classificado como turista quando pernoita, pelo menos uma vez, durante a sua estada no destino visitado, ou como excursionista (visitante do dia), quando não passa a noite no local de visita, aí permanecendo menos de 24 horas.
Fonte: International Recommendations for Tourism Statistics (IRTS) (2010).
referências
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Geng, W. (2022). Whether and how free virtual tours can bring back visitors. Current Issues in Tourism, 2019, 13683500. doi: 10.1080/13683500.2022.2043253.
Gössling, S., & Hall, C. M. (2019). Sharing versus collaborative economy: how to align ICT developments and the SDGs in tourism? Journal of Sustainable Tourism, 27(1), 74-96. doi: 10.1080/09669582.2018.1560455.
Ivanov, S. (2022). The economics of technology in travel, tourism, and hospitality. Journal of Global Hospitality and Tourism, 1(2), 175-177. doi: 10.5038/2771-5957.1.2.1013.
Nilsson, J., & Zillinger, M. (2020). Free guided tours: storytelling as a means of glocalizing urban places. In Scandinavian Journal of Hospitality and Tourism, 20(3), 286-301. doi: 10.1080/15022250.2020.1772866.
Richards, G. (2019). Cultural Tourism 4.0: Developing the latest wave of cultural consumption. 1-11. Richards, G. (2021). Rethinking cultural tourism. Edward Elgar Publishing.
A OPINIÃO DE…
António Duarte Pinheiro [Rota do Românico | VALSOUSA, Lousada, Portugal]
Rota do Românico – O património como âncora do desenvolvimento turístico e territorial
Em 1998, inicia-se um processo de desenvolvimento sustentado. Da articulação, promovida por várias entidades, é decidido inventariar os elementos patrimoniais de estilo românico na região do Vale do Sousa e, em 2006, na região do Baixo Tâmega e Douro Sul, no Norte de Portugal. Em 2010, a Rota do Românico é alargada a 58 elementos patrimoniais de estilo românico, unidos em rede e dinamizados numa rota turística estruturada. De 2008 até à atualidade, a área da dinamização turística e cultural tem assumido um papel fundamental não só no aumento do número de visitantes no território, mas também no aparecimento de novos negócios associados à dinâmica turística. O turismo cultural surge como um dos eixos principais da estratégia das políticas públicas no desenvolvimento local e/ou regional.
“…uma nova moral […] considera os valores culturais como um património comum, aberto, para lá das fronteiras e exigindo esforços unificados. Respeitando o valor inerente a cada um dos seus elementos […] enriquece a mensagem espiritual do passado de todos os que compõem como peças pertencentes a um conjunto que reforça o seu sentido. Ilustra igualmente a conceção contemporânea dos valores do património para a sociedade, enquanto recurso para um desenvolvimento social e económico durável.” (ICOMOS, 2008: 1).
5.3.1.3.1. Quadro técnico do itinerário
Nesta etapa, é fundamental o recurso ao quadro técnico do itinerário, uma ferramen ta para a construção do itinerário, que consiste num esquema operativo que permite ao designer esquematizar o traçado do itinerário turístico. A informação resultante de todos os cálculos efetuados com base no quadro técnico permite preencher o esboço preliminar que dará corpo ao programa final (Etapa 6) do itinerário turístico.
O quadro técnico é composto por seis campos, nos quais se estabelece, dia a dia (se for o caso), as etapas correspondentes, as vias e as estradas a utilizar, e as distâncias a percorrer, assim como o tempo correspondente à viagem, às visitas, às paragens e o tempo técnico, o respetivo horário do itinerário e eventuais observações. Veja‑se, em seguida, cada um dos elementos que compõem o quadro técnico (Tabela 5.4).
tabela 5.4. Quadro técnico do itinerário.
A B C D E F
Data/Dia Etapas
Estradas, ruas e caminhos
Distância parcial (m/km)
1 M a N
2 N a O
3 O a P
A. Data/Dia
Tempo
Tempo parcial (h/min)
Viagem
Visitas, paragens e tempos técnicos
Horário
Observa ‑ ções
Neste campo, e em caso de itinerários turísticos programados para datas específicas, identifica‑se cada dia de programa, ou cada período do dia, durante toda a duração do iti‑ nerário.
A escolha das datas de realização do itinerário é importante para evitar excesso de car ga turística nos destinos e por questões de reserva de serviços e equipamentos turísticos. Sempre que possível, deve projetar‑se o itinerário para épocas menos massificadas, em que, tendencialmente, a qualidade custo/beneficio é mais elevada.
B. Etapas
A definição de etapas forma a estrutura do itinerário turístico. As etapas devem ser fixadas com lógica e bom senso, e apresentar qualidade e diversidade nos seus elemen tos. Por exemplo, para a elaboração de um itinerário turístico que tenha como objetivo a descoberta de uma região, é conveniente escolher etapas representativas desta. Assim, deve alternar‑se os sítios geográficos (paragens panorâmicas) com as visitas de cidades
5.3.4.2.
PROGRAMA DESCRITIVO
O programa descritivo, ou programa/versão do visitante, tem um objetivo comercial e é direcionado ao consumidor. Como o próprio nome indica, descreve o itinerário turístico, por ordem cronológica, com os serviços oferecidos e as atividades que se propõe realizar. Este documento contém o texto final que irá constar nos materiais promocionais e, por isso, a sua elaboração constitui uma tarefa delicada e importante.
O programa descritivo deve ser redigido com uma mensagem, que deve ser clara e ob jetiva, e traduzir os pontos de interesse com uma linguagem que sensibilize o visitante, de uma maneira que o induza à decisão de compra e/ou aquisição do itinerário turístico. O texto deve incluir os temas culturais e ambientais que podem ser observados durante a realização do itinerário turístico, assim como destacar qual o seu diferencial em relação a outros produtos existentes no mercado. O programa descritivo deve, ainda, chamar a atenção para os aspetos paisagísticos, geográficos (situar os locais de atração), religiosos, folclóricos, históricos, etc. (consoante o tema do itinerário).
O programa descritivo pode conter os elementos que se seguem. A seleção de infor mação a incluir vai depender da modalidade do itinerário turístico a realizar, conforme se demonstra no Capítulo 6:
` Nome;
` Tipo de produto;
` Localização e locais de partida e de chegada;
` Destinatários;
` Descritivo geral do itinerário (caraterísticas mais destacadas do produto e atrativos a visitar e/ou experiências a vivenciar;
` Programa do itinerário (por etapas/dias): descrição genérica dos locais, visitas e atividades a realizar, tradições, artesanato e outros souvenirs aconselhados;
` Descrição dos serviços turísticos disponíveis: alojamento e categoria, restauração e bebidas, animação e transporte utilizado;
` Descrição de serviços opcionais ou atividades noturnas;
` Cartografia de apoio: mapas dados aos visitantes para orientação;
` Preço por pessoa e condições: suplementos, serviços opcionais ou atividades noturnas, ofertas, promoções e descontos, política de cancelamento, etc.;
` Serviços incluídos e não incluídos;
` Ficha técnica: data e horários, início e fim, tipo e formato de percurso, duração, grau de dificuldade, altimetria e desníveis, época aconselhada, âmbito e distância, caso se aplique;
` Número mínimo de participantes;
` Razões para não perder o programa;
` Documentação necessária ou recomendada;
` Indicação das principais regras a observar, numa perspetiva de segurança e bem‑estar: cuidados especiais e normas de conduta, vestuário e calçado aconselhado, possíveis advertências, costumes, grau de desenvolvimento do local, compras possíveis e quantidades permitidas, vacinação obrigatória, etc.;
` Advertências sobre possíveis peculiaridades e inconvenientes;
` Endereços e contactos úteis.
Casos práticos
Agora que o leitor domina os conhecimentos teóricos sobre como elaborar um itinerá rio turístico de sucesso, é altura de colocar mãos à obra.
Neste capítulo, irá demonstrar‑se como a metodologia explicada no Capítulo 5 se pode adaptar a itinerários turísticos de diferentes modalidades e caraterísticas. Propõe‑se a de‑ monstração de dois casos práticos:
` Circuito turístico de quatro dias, organizado por uma agência de viagens e turismo;
` City tour de uma tarde, organizado por um agente de animação turística.
6.1. CASO PRÁTICO 1
Incontournable Lisbonne: la ville aux 7 collines
Modalidade | Circuito turístico guiado
Iniciativa/Agente organizador | Agência de viagens e turismo
• Operador turístico, com sede em Lisboa (incoming), licenciado pelo Turismo de Portugal com o RNAVT n.º xx/xxxx
Forma de organização | Pré‑organizado
Finalidade | Comercial
Cliente final | Operador turístico (outgoing) com sede em França, que vai distribuir o produto por várias agências retalhistas no mercado sénior francês, de classe média
RNAVT – Registo Nacional das Agências de Viagem e Turismo.
8.4. OPORTUNIDADES E DESAFIOS NA UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DE ITINERÁRIOS TURÍSTICOS
A utilização das TIC vocacionadas para a gestão de itinerários turísticos acarreta oportunidades e desafios, tanto para agentes organizadores como para os visitantes uti lizadores.
No âmbito das oportunidades identificam‑se as seguintes:
` Acessibilidade, facilidade e caráter imediato, uma vez que a deslocação física até ao fornecedor de serviços é substituída por um simples clique no telemóvel. O acesso à informação e a aquisição do produto são fáceis e imediatos, dado que os motores de busca auxiliam a pesquisa e direcionam o utilizador para plataformas onde pode encontrar toda a informação de que necessita, finalizar a transação e fazer o download do seu programa;
` Flexibilidade e personalização do produto, na medida em que podem ser selecionadas diferentes opções adequadas às exigências, preferências e necessidades do utilizador;
` Diminuição da pegada ambiental através da redução do papel;
` Valorização dos recursos locais com a integração, nos itinerários, de recursos turísticos e serviços e equipamentos alternativos ao turismo de massas, que proporcionem experiências autênticas e diferenciadas;
` Promoção de uma gestão, mais eficiente, de serviços e infraestruturas existentes no destino (o que permite uma gestão de destino inteligente);
` Diminuição dos custos de promoção e replicação, dado que o papel é substituído pela visualização online;
` Aumento do alcance da promoção em termos de área abrangida;
` Direcionar as ações promocionais e adaptá‑las ao perfil do visitante. Entre outros, a utilização de big data dá informação precisa sobre quem são os visitantes, os locais que frequentam, o que fazem, quanto tempo passam no destino e quais as suas preferências;
` Promoção de experiências interativas, ao facilitar a interação com outros utilizadores e com os próprios recursos turísticos;
` Automatização de processos que permitem:
Ì Ao fornecedor: reduzir a quantidade de erros provocados pelo trabalho humano, diminuir custos, poupar tempo e personalizar a experiência turística;
Ì Ao visitante: dar a possibilidade de aprofundar a experiência de fruição do serviço contratado em todas as etapas deste processo, nomeadamente antes, durante e após o consumo.
` Atuação de forma glocal, o que significa que, embora tenham um alcance global, atuam localmente. A transposição do itinerário físico, no qual estão integrados diversos elementos da realidade local, para o canal digital dá uma dimensão global ao conteúdo disponibilizado. Isto acontece, por exemplo, ao nível da pesquisa e da realização de visitas virtuais, permitindo personalizar, de certa forma, o itinerário turístico, adaptando‑o à diversidade cultural dos utilizadores em diferentes pontos do mundo.