Anabela Roque
LER PORTUGUÊS 2 Direção:
Helena Marques Dias
QE C R NÍVE L A2
FANTASIA, SONHO OU REALIDADE? ANABELA ROQUE
DIREÇÃO HELENA BÁRBARA MARQUES DIAS
DA MESMA COLEÇÃO: Nível 1: — O MANEL – Helena Marques Dias — OS GAIATOS – Helena Baltazar — UM DIA DIFERENTE – Helena Marques Dias Nível 2: — HISTÓRIAS DO CAIS – Glória Bastos — O CARRO – Helena Marques Dias — RETRATO DE AVÓ – Filipa Amendoeira Nível 3: — LENDAS E FÁBULAS DE TIMOR-LESTE – Helena Marques Dias — O RAPAZ DA QUINTA VELHA – Helena Marques Dias — VIAGEM NA LINHA – Maria Maya
Edição e Distribuição Lidel – Edições Técnicas, Lda. Rua D. Estefânia, 183, r/c Dto. – 1049-057 Lisboa Tel.: +351 213 511 448 lidel@lidel.pt Projetos de edição: edicoesple@lidel.pt www.lidel.pt Livraria Av. Praia da Vitória, 14 A – 1000-247 Lisboa Tel.: +351 213 511 448 livraria@lidel.pt Copyright © 2017, Lidel – Edições Técnicas, Lda. ISBN edição impressa: 978-989-752-257-4 1.ª edição impressa: janeiro 1996 2.ª edição revista impressa: janeiro 2017 Paginação: Carlos Mendes Impressão e acabamento: Realbase – Sistemas Informáticos, Lda. Dep. Legal: 420693/17 Capa: José Manuel Reis Todos os nossos livros passam por um rigoroso controlo de qualidade, no entanto, aconselhamos a consulta periódica do nosso site (www.lidel.pt) para fazer o download de eventuais correções. Reservados todos os direitos. Esta publicação não pode ser reproduzida, nem transmitida, no todo ou em parte, por qualquer processo eletrónico, mecânico, fotocópia, digitalização, gravação, sistema de armazenamento e disponibilização de informação, sítio Web, blogue ou outros, sem prévia autorização escrita da Editora, exceto o permitido pelo CDADC, em termos de cópia privada pela AGECOP – Associação para a Gestão da Cópia Privada, através do pagamento das respetivas taxas.
INTRODUÇÃO
Quando começamos a percorrer o vale, o cheiro forte a estevas* entra-nos pelas narinas e o nosso peito dilata-se, parece que ficamos embriagados* com aquela mistura de odores*. O das estevas é o mais forte; depois, com um pouco de atenção, distinguimos também a presença de figueiras e do funcho* que por ali cresce em abundância. Mais à frente, do nosso lado direito, vê-se um parque de campismo. Sinal de uma das principais atividades económicas praticadas nesta região, o turismo. De quando em quando, uma casinha perdida entre amendoeiras e alfarrobeiras* corta o verde amarelado da paisagem. Quase a chegar à aldeia, um pequeno monte algarvio... de casinhas baixinhas caiadas* de branco e com uma barra azul forte, que envolve* toda a casa, em estilo de rodapé, assim como as portas e as janelas. Pegados à casa estão os estábulos* e o palheiro*. As esteiras* para secar figos e amêndoas estão enroladas, encostadas à parede, à espera de um novo estio*, para tornarem
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a cumprir as suas funções. Ao lado ergue-se o forno a lenha* para cozer o pão, alguma carne e bolos de mel e canela em dias de festa. A horta* fica em frente à casa e é depois seguida por um pequeno pomar*, com diversas árvores de fruto. Depois de percorrer cerca de dois quilómetros pelo vale, deparamos com* uma aldeia que parece um presépio*, espalhado pelas encostas da falésia*, e tem como pano de fundo o mar — um mar profundo, ora muito azul ora muito verde, consoante os tons do céu e a intensidade do sol, bordado* por uma areia fina e dourada.
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A aldeia é pequenina e branca, de casas baixas e ruas estreitas e íngremes*, telhados de barro amarelado, típico desta região. Para lá chegar entramos por um vale que antigamente era um rio e onde agora, mesmo nos meses de inverno, não é mais do que um riacho. No entanto, a água corre, barrenta* nos primeiros dias, devido à lama que arrasta dos montes em redor*. Depois torna-se cada vez mais límpida e transparente.
I De narizito arrebitado*, salpicado de sardas* provocadas pelo sol, olhos verdes como o mar e cabelo castanho escuro e revolto*, como as ondas do mar em dias de levante*, o Toninho* seguia rua abaixo. Com ar pensativo e descontraído, lá ia a magicar*, não se sabe bem o quê. Assobiava, entoando* um corridinho*. Estava-se em finais de outono, o vento fresco já se fazia sentir a anunciar o inverno que se aproximava com os dias mais frios e difíceis, especialmente para os pescadores. O Toninho bem sabia como era difícil o inverno. Ele conhecia, desde que se lembrava de si, as histórias fantásticas que o seu pai e os outros pescadores contavam. Eles falavam dos sustos* por que muitas vezes passavam e os perigos que tinham de enfrentar e repetiam imensas vezes que «quem não tem medo do mar fica lá». Infelizmente assim era. Mas não falemos de coisas tristes, pois o Toninho não era de forma alguma um rapazito triste. Era alegre, divertido, por vezes um
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pouco traquina*, mas acima de tudo muito aventureiro e sonhador. Ele tinha dois sonhos... descobrir o que havia para além da linha do horizonte e visitar o fundo do mar... Era nisso que ele pensava enquanto caminhava rua abaixo, em direção ao mar. A praia estava deserta e o sol brilhava morno, naquela manhã domingueira de outono. Não se via quase ninguém nas ruas. Era dia de descanso e hora de preparar o almoço.
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Quando chegou à praia, descalçou os sapatos, atou os cordões e pendurou-os ao ombro, enrolou também a bainha* das calças para não se molharem nas ondas à medida que ia andando à beira-mar. Os seus pés enterravam-se na areia e, de vez em quando, pisava uma ou outra concha trazida pelas ondas. Por fim, alcançou a zona de pedras, redondas, amarelas, cinzentas, vermelhas e verdes dos limos.
Eram pedras de todos os tamanhos e feitios, sempre arredondadas pela força do mar. Trepou* para uma rocha muito grande que ali havia e sentou-se de frente para o mar. Por detrás erguia-se a falésia, muito alta e imponente*, como um testemunho das maravilhas da natureza. À sua frente um oceano, verde-escuro, sem fim fê-lo perder-se nos seus pensamentos, enquanto contemplava* aquela vista fascinante.
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FANTASIA, SONHO OU REALIDADE? Anabela roque Numa pequena aldeia de pescadores algarvia o Toninho perde-se nos seus pensamentos… Esta coleção destina-se a um público jovem e adulto, estudante de língua portuguesa e procura facilitar um contacto mais direto com o texto escrito. As histórias originais foram concebidas de modo a permitir não só uma leitura fácil e agradável, mas também uma II estruturação em três níveis: Ler Português 1 — deAnda, acorda, A partir um estudo de cercavem de 60comigo! horas
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Preciso da tua ajuda! Ler Português 2 — O quê? Não me puxes o cabelo! Quem és tu? A partir de um estudo de cerca de 100 horas — Ora, então não vês que sou uma gaivota? LerMas Português agora3 despacha-te e vem comigo, precisamos A partir de um estudo de cerca de 150 horas da tua ajuda. — Precisamos? Quem é que precisa da minha ajuda, para quê? Porquê? Desde quando é que as gaivotas falam? — Chiu! Basta! Já chega de tantas perguntas inúteis. Temos de nos apressar. Senão, é tarde demais. Um pouco atordoado* e sem saber como, o Toninho encontrou-se nas costas de uma gaivota enorme. Ele nunca tinha visto uma gaivota tão grande. E lá partiram velozmente pelos céus, a acompanhar owww.lidel.pt 978-989-752-257-4 recorte da falésia que se estendia ao longo deISBNmuitos quilómetros, quebrada* de vez em quando por uma 9 789897 522574 praia de areia branca e brilhante.