O Homem de 70 Anos

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“Recomendo a leitura deste livro, que é excelente […] abordando todos os aspetos relevantes da saúde do homem de 70 anos, numa série imensa de informações e conselhos extremamente úteis” Manuel Carrageta, In Prefácio

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Coordenação: Manuel Mendes Silva Chefe de Serviço Hospitalar de Urologia aposentado; Vice-presidente da Associação Portuguesa de Formação Médica Contínua; Presidente do Conselho Nacional de Ética e Deontologia Médica; Presidente da Comissão de Ética da Associação Portuguesa de Urologia.

Apoio e Patrocínio científico:

Pedro Vendeira Médico Especialista em Urologia; Presidente da Sociedade Portuguesa de Andrologia, Medicina Sexual e Reprodução; Fellow do European Committee of Sexual Medicine; Competência em Sexologia pela Ordem dos Médicos.

ISBN 978-989-752-408-0

9 789897 524080

Patrocínios científicos:

MANUEL MENDES SILVA NUNO MONTEIRO PEREIRA PEDRO VENDEIRA

Nuno Monteiro Pereira Médico Especialista em Urologia; Mestre em Sexologia; Doutorado em Urologia; Professor Associado da Universidade Lusófona; Coordenador da Competência de Sexologia da Ordem dos Médicos.

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O HOMEM DE 70 ANOS MANUEL MENDES SILVA NUNO MONTEIRO PEREIRA PEDRO VENDEIRA

Coordenação:

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Este livro é uma reflexão sobre diversas perspetivas relativas à saúde do homem septuagenário: médicas, físicas e psicológicas, mas também sociológicas, familiares, filosóficas, preventivas e efetivas. Vinte anos depois de O Homem de 50 Anos e dez anos depois de O Homem aos 60 Anos, direcionados sobretudo para a saúde sexual, a presente obra é mais ambiciosa e o seu objetivo mais vasto. Contando com a participação de prestigiados autores, o seu conteúdo explica e fomenta um envelhecimento ativo e com qualidade de vida, prevenindo e combatendo as suas consequências, e uma assistência humanizada e de qualidade na doença, na velhice e na extrema velhice. E há, também, embora nos custe a admitir, que preparar a morte da melhor forma possível. Escrito numa linguagem simples e direta, além dos médicos especialistas urologistas ou outros com diferenciação andrológica, o livro dirige-se aos médicos de família, a outros médicos interessados, a outros profissionais de saúde, e ao público estudioso ou simpatizante da problemática do envelhecimento e das suas consequências.

O HOMEM DE 70 ANOS

O HOMEM DE 70 ANOS

14,5 cm x 21 cm


Índice

Autores........................................................................................................ V Preâmbulo – Manuel Mendes Silva, Nuno Monteiro Pereira, Pedro Vendeira..... XI Prefácio – Manuel Carrageta......................................................................... XIII Capítulo   1  Recados a um “Jovem” Septuagenário.................................. 1 Walter Osswald Capítulo   2  Envelhecer............................................................................. 4 Nuno Monteiro Pereira Capítulo   3  Que Desempenho Físico?...................................................... 12 Alexandre Rebelo­‑Marques, Renato Andrade, Rogério Pereira, João Espregueira­‑Mendes Capítulo   4  Alimentação e Saúde no Masculino...................................... 17 Inês Tomada Capítulo   5  Prevenir o Idoso Frágil.......................................................... 23 João Gorjão Clara Capítulo   6  O Cérebro e a Mente............................................................. 27 Luis Bigotte de Almeida Capítulo   7  A Depressão no Idoso........................................................... 41 Francisco Allen Gomes Capítulo   8  Os Órgãos dos Sentidos. I – A Visão e a Velhice................... 47 Fernando Bivar Weinholtz, João Luís Neves Martins

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Capítulo   9  Os Órgãos dos Sentidos. II – Otorrinolaringologia............... 54 João Clode Capítulo 10  Saúde Oral: 70/32, Que Razão Difícil.................................... 60 André Quaresma, Maria Carlos Quaresma Capítulo 11  O Coração Cansado ou Descompassado............................... 68 Ovídio Costa Capítulo 12  A Idade das Artérias.............................................................. 72 José Daniel Menezes III


O Homem de 70 Anos

Capítulo 13  A Pele e as Marcas do Tempo................................................ 80 Marisa Carpinteiro André Capítulo 14  A Locomoção mais Difícil...................................................... 86 João Cannas, João Paulo Farias, Dulce Neutel Capítulo 15  Doenças Reumáticas............................................................. 99 António Vilar Capítulo 16  Obesidade, Diabetes e Síndrome Metabólica....................... 107 Davide Carvalho Capítulo 17  Cancro e Envelhecimento...................................................... 116 José Carlos Nunes Marques Capítulo 18  O Medo da Próstata.............................................................. 122 A. J. Pepe Cardoso, Alberto M. Silva Capítulo 19  Incontinência de Urina.......................................................... 132 Luís Abranches Monteiro Capítulo 20  Andropausa........................................................................... 138 Manuel Mendes Silva Capítulo 21  Os Mitos da Sexualidade....................................................... 145 Pedro Vendeira Capítulo 22  A Mulher do Homem de 70 Anos.......................................... 152 Rosa Zulmira Macedo Capítulo 23  Da Perda à Reinvenção do Erotismo..................................... 160 Ana Alexandra Carvalheira Capítulo 24  A Tão Desejada Reforma....................................................... 165 Manuel Villaverde Cabral Capítulo 25  Cuidados em Fim de Vida..................................................... 170 Ana Cláudia Crispim, Cristina Henriques Capítulo 26  O Sentido da Vida aos 70 Anos............................................. 176 Joshua Ruah Capítulo 27  A Morte................................................................................. 179 Anselmo Borges

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Educação para a Saúde em Urologia Autores

Autores

Coordenadores/Autores Manuel Mendes Silva Chefe de Serviço Hospitalar de Urologia aposentado; Fellow do European Board of Urology; Académico Honorário Estrangeiro da Academia Nacional de Medicina do Brasil; Ex­‑Presidente da Associação Portuguesa de Urologia, da Associação Lusófona de Urologia e do Colégio de Urologia da Ordem dos Médicos; Ex­‑Vice­‑Presidente da Sociedade Portuguesa de Andrologia; Vice­‑Presidente da Associação Portuguesa de Formação Médica Contínua; Presidente do Conselho Nacional de Ética e Deontologia Médica; Ex­‑Presidente do Conselho Disciplinar Sul da Ordem dos Médicos; Presidente da Comissão de Ética da Associação Portuguesa de Urologia; Presidente da Secção de História da Medicina da Sociedade de Geografia de Lisboa. Nuno Monteiro Pereira Médico Especialista em Urologia; Mestre em Sexologia; Doutorado em Urologia; Fellow do European Board of Urology; Professor Associado da Universidade Lusófona, onde foi Diretor do Mestrado Transdisciplinar de Sexologia; Ex­‑Diretor da Clínica do Homem e da Mulher e da Clínica São João de Deus; Ex­‑Presidente da Sociedade Portuguesa de Andrologia; Coordenador da Competência de Sexologia da Ordem dos Médicos. Pedro Vendeira Médico Especialista em Urologia; Doutorado em Medicina; Urologista da Saúde Atlântica, Clínica do Dragão – FIFA Medical Centre of Excellence, Porto; Presidente da Sociedade Portuguesa de Andrologia, Medicina Sexual e Reprodução; Fellow do European Committee for Sexual Medicine; Competência em Sexologia pela Ordem dos Médicos.

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Autores Alberto M. Silva Interno de Formação Específica em Urologia no Hospital Prof. Doutor Fernando da Fonseca, EPE; Fellow do European Committee of Sexual Medicine; Licenciatura em Bioquímica, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Alexandre Rebelo­‑Marques Clínica do Dragão, Espregueira­‑Mendes Sports Centre – FIFA Medical Centre of Excellence, Porto; Dom Henrique Research Centre, Porto; Professor Assistente na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. V


O Homem de 70 Anos Ana Alexandra Carvalheira Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta; Doutorada em Psicologia da Sexualidade; Professora Auxiliar no ISPA – Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida, Lisboa; Investigadora no William James Center for Research (ISPA­‑WJCR), Lisboa; Ex­‑Presidente da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica; Membro associado da International Academy for Sex Research. Ana Cláudia Crispim Enfermeira Especialista em Enfermagem de Saúde Comunitária; Pós­‑graduada em Cuidados Continuados e Paliativos; Membro da Assembleia Geral da Associação de Enfermagem de Cuidados Continuados e Paliativos; Enfermeira da Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos do Agrupamento do Centro de Saúde de Lisboa Ocidental e Oeiras. André Quaresma Médico Dentista pela Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Fernando Pessoa; Assistente Convidado da pós­‑graduação em Endodontia na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa; Mestre e Assistente Convidado da pós­‑graduação em Endodontia na Universidade Internacional da Catalunha, Barcelona, Espanha; Aluno de Doutoramento na área de Odontologia Restauradora pela Universidade de São Paulo, Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto; Membro da Sociedade Europeia de Endodontia; Membro da Sociedade Portuguesa de Endodontologia; Prática clínica na Avenida 202 – Centro de Reabilitação Oral, Lisboa. Anselmo Borges Padre da Sociedade Missionária Portuguesa; Doutorado em Filosofia pela Universidade de Coimbra; Licenciado em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma; Tem o DEA (Diplôme d’Études Approfondies) em Ciências Sociais pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris; Professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra; Tem várias obras publicadas, todas com várias edições. É colunista do “Diário de Notícias”. António Vilar Médico Especialista em Reumatologia; Assistente Graduado Hospitalar aposentado do Hospital de Santa Maria (Centro Hospitalar de Lisboa Norte, EPE); Ex­‑Presidente da Direção e ex­‑Diretor Clínico do Instituto Português de Reumatologia; Past President da International Society for Rheumatic Therapy; International fellow do Colégio Americano de Reumatologia; Fundador e Presidente da Assembleia Geral da Associação Nacional de Doentes com Artrite Reumatoide; Coordenador da Reumatologia do Hospital Lusíadas Lisboa. Augusto José Pepe Cardoso Médico Especialista em Urologia no Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, EPE; Ex­ ‑Presidente da Sociedade Portuguesa de Andrologia, Medicina Sexual e Reprodução; Membro do Comité Executivo da European Society for Sexual Medicine; Membro do Comité Financeiro e Auditoria da Internacional Society for Sexual Medicine; Membro do Conselho Consultivo da Asociación Iberoamericana de Sociedades de Andrologia; Membro do Conselho Consultivo do Fórum Saúde Século XXI. VI


Autores Cristina Henriques Enfermeira Especialista em Enfermagem de Reabilitação; Pós­‑graduada em Gestão de Serviços de Saúde; Mestranda em Cuidados Paliativos; Membro da Direção da Associação de Enfermagem de Cuidados Continuados e Paliativos; Enfermeira da Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos do Agrupamento do Centro de Saúde de Lisboa Ocidental e Oeiras. Davide Carvalho Diretor do Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo do Centro Hospitalar de São João e da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (UP); Investigador Principal no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da UP; Presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo. Dulce Neutel Médica Especialista em Neurologia; Colaboradora no Centro de Eletroencefalografia e Neurofisiologia Clínica, Lisboa; Responsável pelas Unidades Curriculares de Patologia III e Neurociência dos cursos de Fisiologia Clínica e Fisioterapia da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa; leciona a Unidade de Anatomia e Fisiologia do Sistema Nervoso Central no Mestrado em Fisioterapia no Ramo de Especialização em Fisioterapia Neurológica do mesmo estabelecimento de ensino. Fernando Bivar Weinholtz Médico Especialista em Oftalmologia no Instituto Oftalmológico Dr. Gama Pinto, Lisboa (IOGP); Investigador na área de Ergoftalmologia; Fundador e ex­‑responsável do Gabinete de Subvisão IOGP; tem importante investigação realizada e publicada.

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Francisco Allen Gomes Médico Especialista em Psiquiatra; Chefe de Serviço Hospitalar de Psiquiatria aposentado dos Hospitais da Universidade de Coimbra, onde foi responsável pela Consulta de Sexologia (1975­‑2001). Inês Tomada Nutricionista; Mestre em Nutrição Clínica; Doutorada em Metabolismo, Clínica e Experimentação; Nutricionista Clínica no Hospital CUF Porto. Professora Auxiliar na Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa, Porto; Investigadora na Faculdade de Medicina e no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto. João Cannas Médico Especialista em Ortopedia e Traumatologia; Membro da Unidade de Tratamento da Patologia da Coluna Vertebral, Hospital CUF Descobertas, Lisboa; Ex­‑Presidente da Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral.

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O Homem de 70 Anos João Clode Médico Especialista em Otorrinolaringologia; Assistente Hospitalar Graduado de Otorrinolaringologia do Hospital de Egas Moniz (Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, EPE); Médico Otorrinolaringologista no Hospital da Luz Lisboa. João Espregueira­‑Mendes Clínica do Dragão, Espregueira­‑Mendes Sports Centre – FIFA Medical Centre of Excellence, Porto; Dom Henrique Research Centre, Porto; ICVS/3B’s ­‑ PT Government Associate Laboratory, Braga/Guimarães; Departamento de Ortopedia da Universidade do Minho. João Gorjão Clara Membership da European Academy for Medicine of Ageing; Ex­‑Full Board Member da European Union Geriatric Medicine Society; Full Board Member da Geriatric Section of the Union European Medical Specialists; Ex­‑Regente da Cadeira de Geriatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa; Fundador da Unidade Universitária de Geriatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa; Coordenador do Núcleo de Estudos de Geriatria da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna; Ex­‑Coordenador do Grupo de Estudos de Cardiologia Geriátrica da Sociedade Portuguesa de Cardiologia; Ex­‑Diretor do Serviço de Medicina do Hospital Pulido Valente (Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, EPE); Professor Catedrático Convidado, jubilado, da Faculdade Medicina da Universidade de Lisboa. João Luís Neves Martins Médico Especialista em Oftalmologia; Coordenador do Serviço de Oftalmologia no Trofa Saúde Hospital em Famalicão; Fundador do grupo Trofa Saúde; Ex­‑Diretor do Serviço de Oftalmologia do Hospital de Pedro Hispano; Ex­‑Coordenador do Grupo Português de Retina e Vítreo da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia; Fundador e membro do Grupo de Estudos da Retina de Portugal. João Paulo Farias Médico Especialista em Neurocirurgia; Assistente Graduado de Neurocirurgia e Coordenador do Serviço de Neurocirurgia das Unidades CUF (Hospital CUF Descobertas – HCD –, Hospital CUF Torres Vedras e Clínica CUF Alvalade); Ex­‑Presidente da Sociedade Portuguesa de Neurocirurgia; Membro da Direção da Federação Mundial de Neurocirurgia; Diretor Clínico adjunto e Diretor do Internato Médico do HCD; Presidente do Conselho Nacional do Internato Médico. José Carlos Nunes Marques Médico Especialista em Medicina Interna e Oncologia Médica; Médico Oncologista no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental e no Hospital das Forças Armadas; Presidente da Comissão de Ética do Hospital das Forças Armadas; Membro da European Society for Medical Oncology, da Sociedade Portuguesa de Oncologia, da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, do Grupo Português Génito­‑Urinário e da Sociedade Brasileira de Medicina Militar. VIII


Autores José Daniel Menezes Chefe de Serviço Hospitalar de Angiologia e Cirurgia Vascular aposentado; Especialista da Ordem dos Médicos; Fellow do Europen Board of Vascular Surgery; Ex­‑Presidente da Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular. Joshua Ruah Chefe de Serviço Hospitalar de Urologia aposentado; Ex-Presidente da Associação Portuguesa de Urologia; Ex-Diretor no Instituto de Urologia; Docente dos cursos de Pós­ ‑Graduação em Administração da Saúde do INDEG­‑ISCTE Executive Education (2003); Ex-Coordenador da Especialidade de Urologia no Hospital Lusíadas Lisboa; Membro de diversas associações científicas nacionais e internacionais nas áreas de Urologia, Cirurgia Geral, Radiologia, Endourologia, Vídeo­‑Cirurgia e Endoscopia. Luis Bigotte de Almeida Médico Especialista em Neurologia; Neuropatologista; Doutorado pela Universidade de Upsala, Suécia; Chefe de Serviço Hospitalar aposentado; Professor Catedrático na Universidade Lusófona de Lisboa; Dirigiu o Laboratório de Neuropatologia do Hospital de Santo António dos Capuchos e do Serviço de Neurologia do Hospital Garcia de Orta; Presidiu à Direção da Sociedade Portuguesa de Neuropatologia e integrou a Direção do Colégio de Neurologia da Ordem dos Médicos. Luís Abranches Monteiro Médico Especialista em Urologia; Presidente da Associação Portuguesa de Urologia; Ex­‑Presidente da Associação Portuguesa de Neurologia e Uroginecologia. Manuel Villaverde Cabral Investigador Emérito do Instituto de Ciências Socias da Universidade de Lisboa.

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Maria Carlos Quaresma Médica Dentista pela Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (FMDUL); Mestre em Odontologia Estética pela Universidade Internacional da Catalunha, Barcelona, Espanha; Doutorada na área do Bruxismo do Sono pela FMDUL; Professora Assistente Convidada da disciplina de Oclusão e Reabilitação Oral na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa; Prática clínica no Instituto de Implantologia. Marisa Carpinteiro André Médica Especialista em Dermatovenereologia; Mestre em Microbiologia Clínica; Centro de Dermatologia, Hospital CUF Descobertas, Lisboa; Coordenadora de Dermatologia no Hospital CUF Torres Vedras; Clínica LASER de Belém, Lisboa; Fellow de The Aesthetic Anti-Aging da American Academy of Anti-Aging Medicine, Florida, EUA. Ovídio Costa Médico Especialista em Cardiologista; Professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP); Membro do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde Cintesis, FMUP; Clínica do Dragão. IX


O Homem de 70 Anos Renato Andrade Clínica do Dragão, Espregueira­‑Mendes Sports Centre – FIFA Medical Centre of Excellence, Porto; Dom Henrique Research Centre, Porto; Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Rogério Pereira Clínica do Dragão, Espregueira­‑Mendes Sports Centre – FIFA Medical Centre of Excellence, Porto; Dom Henrique Research Centre, Porto; Faculdade de Desporto da Universidade do Porto; Escola Superior de Saúde da Universidade Fernando Pessoa, Porto. Rosa Zulmira Macedo Assistente Graduado de Ginecologia e Obstetrícia; Adjunta da Direção do Departamento da Mulher e da Medicina Reprodutiva no Centro Materno­‑Infantil do Norte­‑Centro Hospitalar do Porto (CMIN/CHP); Professora Auxiliar de Obstetrícia no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto e no Centro Hospitalar do Porto (ICBAS/CHP). Walter Osswald Professor Catedrático aposentado da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto; Consultor no Instituto de Bioética da Universidade Católica Portuguesa.

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Preâmbulo

Há pouco mais de 20 anos, o saudoso Professor Alexandre Moreira publicava, no âmbito da Sociedade Portuguesa de Andrologia, o livro O homem de 50 anos. Há 10 anos, a mesma Sociedade Portuguesa de Andrologia, dirigida pelo Professor La Fuente de Carvalho, dava à estampa o livro O homem aos 60 anos, coletânea de textos da reunião científica com o mesmo nome organizada na Direção anterior da Sociedade, presidida pelo Professor Nuno Monteiro Pereira. Ambas as edições eram fundamentalmente dirigidas a médicos urologistas ou outros especialistas com diferenciação andrológica, como técnicos multidisciplinares, e refletiam sobre a saúde do homem nas respetivas idades em várias áreas, com primazia da saúde sexual.

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A ideia que presidiu à elaboração da presente obra, respetivamente, 20 e 10 anos depois das anteriores, é, contudo, mais ambiciosa e o seu objetivo mais vasto. Mantendo o apoio científico da Sociedade Portuguesa de Andrologia, Medicina Sexual e Reprodução, mas incluindo outros, este livro, intitulado O homem de 70 anos, é uma reflexão sobre múltiplas perspetivas relativas ao septuagenário, médicas, físicas e psicológicas, mas também sociológicas, familiares, filosóficas, preventivas e efetivas. Além dos médicos especialistas anteriormente referidos, o livro dirige­‑se aos médicos de família, a outros médicos interessados, a outros profissionais de saúde e ao público estudioso ou simpatizante da problemática do envelhecimento e das suas consequências. Numa bem conhecida e citada frase atribuída (falsamente) a Darwin, “quem melhor sobrevive não é o mais forte nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças” . A capacidade de adaptação é fundamental e no ser humano a envelhecer, que é hoje cada vez em maior número, deve ser devidamente realçada e promovida. Esta promoção e ação devem ser realizadas prioritariamente pelos próprios indivíduos, prevenindo situações, doenças e acidentes, preparando circunstâncias, reformas e assistências, aproveitando bons acontecimentos e resolvendo problemas atempadamente, de uma forma inteligente e sensata, mas também devem ser realizadas pela sociedade e pelas suas organizações, instituições de saúde ou sociais, Estado, autarquias, misericórdias, empresas, seguros, associações humanitárias, voluntariado. A resultante será um envelhecimento ativo e com qualidade de vida, prevenindo e combatendo as suas consequências, e uma assistência humanizada e de qualidade na doença, na velhice e na extreXI


O Homem de 70 Anos

ma velhice. E há também, embora nos custe a admitir, que preparar a morte da melhor forma possível. Para tal, é necessário que as pessoas, particularmente os médicos e os restantes profissionais de saúde, mas também os utentes, estejam informadas, reflitam sobre estes temas e atuem em conformidade e que as instituições estejam preparadas e possam dar resposta ao crescente envelhecimento e à maior exigência da população. Este livro sobre a oitava década da vida e sobre alguns dos seus problemas, frequentes e variados, pretende contribuir para tal desiderato. Não se trata de um livro de Geriatria e Gerontologia, mas de uma obra multidisciplinar, que aborda, de uma forma que se pretende prática, questões da saúde – física, mental e social – e da promoção da qualidade de vida e da felicidade, que oferece reflexões próprias de quem já viveu a maior parte da vida e que tenta mostrar uma previdência e assistência dignas e eficazes aos septuagenários. Pretendeu­‑se que o índice de assuntos fosse variado e o mais completo possível e que as matérias fossem tratadas por personalidades independentes e reconhecidamente idóneas, experientes e competentes nas respetivas áreas. Foi encargo dos coordenadores a escolha dos temas e dos autores, mas a responsabilidade dos textos é dos autores. A qualidade dos artigos é notável e o que nos ensinam, nos transmitem e nos ajudam a refletir e a atuar, enquanto profissionais de saúde e/ou cidadãos responsáveis, é relevante. Por isso, é precisamente aos autores que queremos iniciar os habituais agradecimentos. A disponibilidade manifestada, a simpatia e toda a excelente colaboração, além da qualidade já referida, são motivos de reconhecimento e gratidão. O facto de os direitos de todos os autores reverterem na totalidade para a Acreditar – Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro é de agradecer e de realçar. Queremos também agradecer à Sociedade Portuguesa de Andrologia, Medicina Sexual e Reprodução, à Associação Portuguesa de Urologia e à Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia, que patrocinaram a obra, à editora Lidel, cujo trabalho editorial é sempre uma referência, e ao Grupo Menarini Portugal, que apoiou esta iniciativa . A todos estamos muito gratos e a todos desejamos uma boa leitura e que bem aproveitem esta obra, o seu conteúdo e a sua mensagem. Manuel Mendes Silva Nuno Monteiro Pereira Pedro Vendeira (Coordenadores)

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Prefácio

O envelhecimento é um processo fisiológico de degeneração que conduz a deterioração da estrutura celular, o que, com o avançar da idade, contribui para comprometer a função dos órgãos e sistemas. No entanto, o envelhecimento não é um processo homogéneo. Os diferentes indivíduos e, mesmo, os vários órgãos de cada indivíduo envelhecem a ritmos diferentes, influenciados por múltiplos fatores, incluindo os genéticos, o estilo de vida e a exposição ambiental. Estudos em gémeos demonstraram que a genética contribui em apenas 25% para a longevidade, enquanto os fatores ambientais e de estilo de vida têm um peso mais importante, da ordem dos 60%. Considera­‑se, hoje, que, além dos fatores socioeconómicos, a alimentação saudável, o exercício físico, não fumar e o consumo moderado de álcool são os preditores mais importantes para um envelhecimento saudável. É reconhecido que uma das grandes conquistas do século xx foi o aumento espetacular da esperança de vida. Refira­‑se que esta, em Portugal, cresceu cerca de 30 anos nos últimos 50 anos do século xx e mesmo nos primeiros anos do século xxi continua a aumentar. Verifica­‑se que, em média, durante os últimos 80 anos, a esperança de vida aumentou cerca de 2 anos por cada década.

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Estamos perante uma conquista incrível, em que nem tudo é positivo. Do nosso sucesso resultou também uma epidemia de doenças crónicas associadas ao envelhecimento. Esta população com idades mais avançadas traz novos desafios, resultantes da elevada prevalência das síndromes e doenças geriátricas, muitas das quais não são ainda completamente compreendidas, mas muitas são, pelo menos, parcialmente preveníveis. Estou a referir­‑me a uma série de doenças: doença de Alzheimer, doença de Parkinson, degenerescência macular da idade, osteoartroses, cancros, enfarte do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais, hipertrofia benigna da próstata, síndrome de fragilidade, etc. Aquilo a que chamamos idade cronológica, e que tanto valor tem para a burocracia dos Estados, pode ser diferente da verdadeira idade. A esta, em Medicina, chamamos idade biológica, a que verdadeiramente define quão velhos estamos. Não quantos anos temos, de acordo com o registado no Cartão de Cidadão, mas sim quão conservados estamos do ponto de vista funcional. Felizmente, análises recentes mostram que a idade média de manifestação das várias doenças crónicas aumentou cerca de 10 anos durante os últimos 80 anos, XIII


O Homem de 70 Anos

o que indica que estamos não só a viver mais tempo do que no passado, mas também a viver mais saudavelmente, mesmo nas idades mais avançadas. A explicação para o declínio da prevalência de doenças crónicas não é bem conhecida. Alguns trabalhos sugerem que a menor exposição a doenças infetocontagiosas nas idades mais jovens será responsável por parte deste declínio. Também o controlo relativo que conseguimos sobre o meio ambiente pode ter contribuído para as rápidas melhorias observadas na morbilidade e mortalidade. Perguntar­‑se­‑á: o que podemos fazer hoje, além de procurar apoio médico regular, numa perspetiva de medicina preventiva, para conseguir ter uma maior longevidade e um envelhecimento saudável? Sabemos que, para isso, é particularmente importante ter uma alimentação saudável e praticar atividade física com regularidade. A vida sedentária acelera o envelhecimento biológico, enquanto um estilo de vida fisicamente ativo tem um efeito marcadamente benéfico. No que respeita à alimentação, destaco que a dieta mediterrânica é a mais estudada e a que tem a melhor evidência de vantagens para a saúde. Diversos estudos recentes demonstraram os seus benefícios, nomeadamente na promoção do envelhecimento saudável. A adoção de um estilo de vida saudável é, pois, fundamental para assegurar com sucesso um envelhecimento ativo. Recomendo a leitura deste livro, que é excelente. Bem escrito, fácil de compreender e contendo uma quantidade notável de informações, que vão desde recados a um “jovem” septuagenário até ao sentido da vida e da morte, abordando todos os aspetos relevantes da saúde do homem de 70 anos, numa série imensa de informações e conselhos extremamente úteis. Esta publicação comemorativa vem, pois, em boa hora, escrita por uma plêiade de prestigiados autores portugueses das várias áreas do saber médico, que em muito contribuirá para um melhor conhecimento e informação sobre o homem de 70 anos. É expectável que este homem viva, em média, cerca de mais duas décadas, que podem e devem ser desfrutadas com vitalidade e dignidade. Na sua oitava década de vida e nas seguintes, estes homens devem manter­‑se fisicamente ativos, mentalmente estimulados e socialmente envolvidos, para, com a sua experiência e sabedoria, exercerem uma influência benéfica na sociedade. Manuel Carrageta

Presidente da Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia Presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia

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Educação para a Saúde em Urologia

Recados a um “Jovem” Septuagenário Walter Osswald

Caro e jovem Amigo, Atrevo­‑me a pensar que não levará a mal o à­‑vontade com que me dirijo a si, talvez não justificado pelo grau de conhecimento que de si tenho e que, infeliz‑ mente para mim, é apenas superficial. Encontramo­‑nos em reunião familiar de amigos comuns, e esse laço afigura­‑se­‑me suficiente explicação para esta carta. É que alguém, próximo de si e de mim, me confidenciou que o meu Amigo completaria em breve 70 anos e se encontrava não apenas preocupado, mas receoso do evento, cujo significado seria, de certa forma, o de uma morte anteci‑ pada e de um iniludível sinal de velhice. Ora, ora…

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Deixe­‑me começar por lhe afirmar que, a mim, recentemente tornado nonage‑ nário, os 70 que vai ostentar me surgem como símbolo de maturidade e conserva‑ ção de iniciativa, liberdade de opções e dedicação a causas. Daí o chamar­‑lhe, sem qualquer grão de ironia, jovem amigo; de resto, são cada vez mais as vozes que consideram indispensável rever os limites até agora aceites para definição das idades avançadas – 65 anos para início da terceira idade e 80 anos para a quarta idade ou a dos muito idosos. Sabe que isto acontece por a esperança de vida ter aumentado muito, quer à nascença quer nos escalões mais adiantados. Assim, a coorte dos nonagenários, em que enfileiro, é já abundante, e os centenários, outrora considerados raridades a merecerem destaque surpreso e admirativo dos meios de comunicação social, tornaram­‑se senão banais, pelo menos frequentes. De um ponto de vista demográfico, pois, os da sua coorte passarão em breve, sim‑ plesmente, de adultos idosos a adultos – uma despromoção ou o reconhecimento de uma realidade? A sua ansiedade, porém, estará mais relacionada com a reforma: no atual con‑ texto legal, os 70 são o marco inexorável de reforma para os funcionários públi‑ cos. E o meu Amigo entende, e certamente assiste­‑lhe razão, que está na posse de todas as suas qualidades, incluindo a de uma boa saúde, para poder continuar a exercer as suas funções, para bem do público, e teme ficar, por assim dizer, desempregado, em ociosidade forçada e nefasta, relegado para a “brigada dos bonés aos quadrados” que, melancólica e obstinadamente, jogam às cartas nos jardins públicos. Tal cenário não será o seu, e encontrará muitos motivos para se alegrar, por ter, finalmente, quebrado o grilhão das obrigações e poder reorientar 1


O Homem de 70 Anos

Benefícios Nunca é tarde de mais para se começar a ser fisicamente ativo, até porque os numerosos benefícios da atividade física para saúde e bem­‑estar estão bem docu‑ mentados. Hoje, sabemos que a atividade física regular contribui para a preven‑ ção e tratamento de várias doenças crónicas, como, por exemplo, prevenção pri‑ mária e secundária de doenças pulmonares e cardiovasculares (doença coronária, doença pulmonar obstrutiva crónica, hipertensão, acidente vascular encefálico), distúrbios metabólicos (diabetes tipo 2, dislipidemia, obesidade, resistência à insulina), doenças musculares (sarcopenia), ósseas e articulares (artrite reumatoi‑ de, fibromialgia, síndrome da fadiga crónica, osteoporose), vários tipos de cancro (mama, endométrio, cólon, próstata e estômago) e bem­‑estar psicológico (depres‑ são, autoestima e ansiedade). Na Tabela 3.1 estão resumidos os efeitos da prática regular de atividade física: Tabela 3.1   Efeitos da prática regular de atividade física no indivíduo. Sistema/Efeito

Mecanismo

Cérebro, humor e ansiedade

•  Modula o cérebro, nomeadamente as partes que regulam o stress e a ansiedade •  Potencia o efeito de hormonas, como a serotonina e a norepi‑ nefrina, aliviando os sentimentos de depressão •  Promove um aumento da produção de endorfinas endóge‑ nas, associadas ao bem­‑estar e sentimentos positivos •  Normaliza níveis reduzidos de brain­‑derived neurotrophic factor (BNDF), induzindo proteção cerebral e/ou estimulação da regeneração neuronal •  Reduz a ansiedade e a demência

Perda de peso

•  Aumenta o gasto energético/calórico •  Promove a manutenção da massa muscular •  Reduz o risco de obesidade

Cardiovascular e metabólico

•  Reduz a tensão arterial, melhora o volume corrente e diminui a frequência cardíaca •  Diminui os níveis de fibrinogénio e da resposta inflamatória do endotélio, reduzindo ateromas e probabilidade de coagu‑ lação •  Aumenta a sensibilidade à insulina, por otimização da cascata de sinalização da insulina •  Aumenta o número e tamanho das mitocôndrias e melhora a produção de antioxidantes. A insulinorresistência está inti‑ mamente ligada aos radicais livres de oxigénio que provocam lesão da mitocôndria (continua)

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O Homem de 70 Anos

mais ameaçado pelo vazio, defende­‑se, limitando o seu espaço físico, psicológi‑ co e social. Uma das manifestações frequentes desta tendência de viver no “seu pequeno mundo” é o colecionismo, a obsessão em acumular objetos, em casa ou até nos bolsos, que traduz a necessidade de ter, junto de si, aquilo que tenha assumido um certo simbolismo na sua organização como indivíduo.

O Que Acontece na Mente de Quem Atinge com Saúde os 70 Anos de Vida? Um dos maiores conflitos pessoais que surge pela oitava década de vida é a difi‑ culdade na identificação com as modificações que paulatinamente se vão operan‑ do no corpo. O ritmo a que tal involução se vai processando está sujeito a grandes variações, tal como a representatividade que ela tem no psiquismo da pessoa e na interação desta com o mundo. Nas sociedades ocidentais, o ancião não beneficia do estatuto de sábio repositório cultural que usufrui noutras paragens. Muitas vezes, ele é apenas merecedor de ternura piedosa, boas vontades e caridade so‑ cial, ao invés de a sua experiência, conhecimentos e até as capacidades física e psíquica que hoje mantém serem aproveitados. A partir da oitava década, os maiores riscos sociais resultam da perda do es‑ tatuto social e de eventuais dificuldades económicas, que contribuem para o iso‑ lamento e a desorganização familiar e social. Muitas vezes, não será alheio o consumo exagerado de medicamentos e/ou de bebidas alcoólicas. Tais suscetibi‑ lidades resultam numa fragilidade emocional que pode gerar crises de ansiedade ou a depressão, a patologia psiquiátrica mais comum nestas idades. As tendências depressivas fazem aceitar pior o envelhecimento e podem até gerar o risco de suicídio, apesar de nem sempre a frequência, a intensidade e o tipo das queixas estarem na proporção direta deste perigo. É frequente pensar­‑se que toda a afetividade investida na esfera da sexuali‑ dade se ausenta na terceira idade. Tal não corresponde à realidade, porquanto o estímulo e a vontade sexual continuam a existir, e o que acontece com alguma frequência é haver dificuldade na sua resolução, o que contribui para um acentu‑ ado sofrimento. Uma outra questão de ordem psicológica que surge com frequência na oitava década é a consciência de se ter alcançado a última etapa da vida. O receio da in‑ cógnita da morte, antes longínqua, mas que a idade e o acumular de experiências em familiares e amigos anunciam, origina uma angústia crescente. Os franceses chamam à terceira idade “a triste idade dos lutos”, pelo indesejado convívio com o mistério da morte, que, tantas vezes, condiciona o regresso ou até o início, por vezes obsessivo, de práticas religiosas. 30


A Depressão no Idoso

Tratamento Os objetivos do tratamento incluem reduzir os sintomas depressivos, prevenir a ideação suicida, evitar as recaídas e as recorrências, melhorar o estado funcional e cognitivo e promover mudanças comportamentais que completem a eficácia do tratamento (Alexopoulos, 2005). Mudanças do estilo de vida, farmacoterapia e psicoterapia constituem os “ingredientes” necessários para manejar um quadro depressivo no idoso. Mudanças no estilo de vida Os idosos deprimidos devem ser encorajados a aumentar a atividade física na me‑ dida das suas possibilidades. Existe evidência de que um exercício físico regular com uma intensidade moderada diminui os sintomas depressivos. Também pare‑ ce razoável proceder­‑se a aconselhamento dietético e promoção de interações sociais (Taylor, 2014). Farmacoterapia e psicoterapia Antidepressivos e psicoterapia são a base do tratamento. A sua atuação conjunta representa a intervenção mais lógica e eficaz (Alexopoulos, 2005).

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Devido ao perfil de efeitos adversos e ao seu baixo custo, os inibidores se‑ letivos da recaptação da serotonina (ISRS) são a medicação de primeira linha do tratamento da depressão no idoso (Taylor, 2014; Rodda, Walker & Carter, 2011). Acresce que os ISRS são a escolha mais segura na comorbilidade com doença físi‑ ca, atendendo a que a maior parte das interações medicamentosas são mediadas via citocromo P450, encontrando­‑se no grupo de ISRS vários compostos seguros (Rodda, Walker & Carter, 2011). As doses podem ser semelhantes às do adulto jovem, mas é de boa norma começar com metade da dose prevista e ir aumentando progressivamente, até atingir a dose programada. Nas pessoas mais idosas, a resposta antidepressiva pode ser mais lenta. Isto significa que os doentes experimentam, primeiro, os efeitos adversos da medicação, pelo que os seus médicos devem discutir e enfati‑ zar estes pormenores para haver uma boa adesão ao tratamento. O tratamento deve ser prolongado, embora as doses possam ser ajustadas ao longo do tempo. Os doentes que mantêm os antidepressivos demonstram uma taxa de recaída e recidiva inferior aos que os descontinuaram (Taylor, 2014; Kok & Reynolds, 2017). As psicoterapias, sobretudo as do tipo cognitivo­‑comportamental, têm uma eficácia comprovada, sobretudo em combinação com a farmacoterapia. Por outro 45


Os Órgãos dos Sentidos I – A Visão e a Velhice

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Figura 8.2   Degenerescência macular da idade seca. Atrofia geográfica da retina.

Exsudativa A degenerescência macular da idade exsudativa representa cerca de 10­‑20 % dos casos graves de degenerescência macular. Aproximadamente 90% das perdas visuais graves resultam das degenerescências maculares da idade neovasculares exsudativas. Na degenerescência macular da idade exsudativa, neovasos anormais desenvolvem­‑se sob a mácula, os quais, com paredes anómalas, sangram e exsu‑ dam na mácula, causando danos importantes e rápidos. A degenerescência macu‑ lar da idade exsudativa pode progredir rapidamente e causar perda substancial da visão central (Figura 8.3).

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Figura 8.3   Degenerescência macular da idade exsudativa.

Sintomatologia A maculopatia precoce pode ser assintomática, sendo, geralmente, diagnosti‑ cada num exame oftalmológico de rotina. A sua deteção é importante, já que pode evoluir para uma forma mais grave. Daqui se infere a importância de um exame oftalmológico sistemático a pessoas com mais de 50 anos, sobretudo na 51


Saúde Oral: 70/32, Que Razão Difícil...

Segundo a OMD, em Portugal, a população com mais de 65 anos apresenta‑ va, em 2011, uma taxa de edentulismo (ausências dentárias) total ou parcial de aproximadamente 60%. No mais recente estudo (2015) da OMD (com amostra na população geral), a taxa de edentulismo total ou parcial em Portugal era de 72%, o que representa uma condição muito prevalente na população geral. Não existe relação direta entre a perda dentária e o envelhecimento. O nú‑ mero médio de dentes perdidos por indivíduo aumenta com a idade, por maior tempo de exposição às causas (Ettinger, 2010). Em 2010, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tinha como objetivo que a percentagem de desdentados totais não excedesse 5% da população geral; em Portugal, em 2015, este valor situava­‑se na casa dos 7% (Barómetro Nacional de Saúde Oral, pela OMD).

Consequências das Desdentações

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A ausência ou perda dentária conduzem a alterações estéticas e funcionais impor‑ tantes. Sendo o osso de suporte importante para toda a musculatura perioral, a falta de dentes conduz, inevitavelmente, a uma ausência de estímulo para a manu‑ tenção desta arquitetura óssea. Observam­‑se, com frequência, o aprofundamen‑ to dos sulcos nasogeniano e nasolabial, a inversão das comissurais bucais, bem como a diminuição do terço inferior da face. A junção de todas estas alterações conduz a uma imagem mais envelhecida e, frequentemente, a um pseudoprog‑ natismo, por ausência de suporte dentário posterior. Este pseudoprognatismo deve­‑se à tentativa, por vezes inglória, de mastigar com o setor anterior (setor este apenas preparado para rasgar ou prender os alimentos). Quanto aos problemas funcionais das desdentações, estes prendem­‑se a ques‑ tões fonéticas, de eficiência mastigatória e auditivas. As primeiras verificam­‑se na pronunciação de letras sibilantes, como S ou X, onde, frequentemente, a inter‑ posição lingual assegura a eficiência do som, sendo este pronunciado de forma anómala. No que diz respeito à eficiência mastigatória, esta apresenta­‑se diminuí‑ da quando existem menos de 10 dentes presentes numa arcada. Quanto menor o número de dentes, pior a capacidade mastigatória (Miura, Araki & Umenai, 1997) Este facto é de extrema importância, já que muitas alterações nutricionais são típicas desta idade e as ausências dentárias poderão estar na base deste tipo de problemas (Slagter et al., 1992; Demers et al., 1996; Kayser, 1981). A capacidade mastigatória depende mais do número de dentes do que da idade (Ship et al., 1996). O estado dentário provoca impacto na seleção dos alimentos e, em última análise, no estado nutricional. A quantidade de problemas orais, incluindo a mas‑ tigação limitada, foi o preditor mais importante para a perda de peso (Sullivan et al., 1993). A presença de uma ou duas próteses totais conduz a 20% de declínio na qualidade de nutrientes a considerar numa refeição. A entrada de vitamina A, fibras e cálcio reduz com a diminuição de número de dentes (Papas et al., 1998). 63


O Homem de 70 Anos

Objetivos Gerais para o Controlo dos Fatores de Risco De acordo com as recentes guidelines[4], os seguintes aspetos deverão repre‑ sentar os objetivos no combate aos fatores de risco :  Tabaco: ausência sob todas as formas;   Dieta: pobre em gorduras saturadas e rica em fibras integrais, vegetais, fruta e peixe;   Atividade física: 150 minutos por semana de aeróbica moderada ou 75 mi‑ nutos por semana de aeróbica vigorosa;  Peso: índice de massa corporal (IMC) de 20­‑25 kg/m2;   Perímetro abdominal: inferior a 94 cm no homem e inferior a 80 cm na mulher;  Pressão arterial: inferior a 140/90 mmHg;   Lípidos: – Muito alto risco: taxa de lipoproteínas de baixa densidade inferior a 70 mg/dl; – Alto risco: taxa de lipoproteínas de baixa densidade inferior a 100 mg/dl; – Baixo risco: taxa de lipoproteínas de baixa densidade inferior a 115 mg/ /dl, de triglicéridos inferior a 150 mg/dl, de lipoproteínas de elevada den‑ sidade superior a 40 mg/dl no homem e superior a 45 mg/dl na mulher;   Diabetes: hemoglobina glicada (HbA1c) inferior a 7%. As mudanças de hábitos, estilo de vida e comportamentos poderão ser sufi‑ cientes para os casos de risco baixo ou moderado, já nos de risco alto ou muito alto, além destas, é essencial o recurso a medicamentos cada vez mais potentes, seletivos e eficazes. Salientam­‑se as estatinas, que permanecem na primeira linha do tratamen‑ to para o combate ao envelhecimento arterial e às doenças vasculares. No en‑ tanto, provocam, por vezes, dores musculares intensas, mesmo em doses baixas ou associações, o que obriga à sua suspensão e substituição por alternativas, utilizando­‑se inibidores da absorção do colesterol, como a colestiramina e ácidos gordos ómega 3, ou vários agentes nutritivos, entre os quais arroz vermelho, pro‑ teínas de soja, laranja bergamota, beterraba, berberina[6­‑8]. A hipertensão, causa e consequência principal da aterosclerose e envelheci‑ mento arterial, faz dos anti­‑hipertensores, tal como o grupo terapêutico ante‑ riormente referido, medicamentos de primeira linha. A escolha, dentro da mul‑ tiplicidade dos disponíveis, depende da ação pretendida e da eficácia perante a 76


A Locomoção mais Difícil Mielopatia espondilótica cervical

Sinal de Hoffman

Sinal de Babinski

Figura 14.6   Sinais de Hoffman (mão) e Babinski (extensão dos dedos do pé, a flexão é normal) em

caso de mielopatia espondilótica cervical.

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O exame de eleição para confirmar o diagnóstico é a RM da coluna cervical (Figura 14.7).

Figura 14.7   Corte sagital de RM em caso de mielopatia espondilótica cervical.

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Doenças Reumáticas

Os principais fatores de risco para a osteoporose são o género, a raça, o índice de massa corporal (IMC), a idade e a existência de fratura prévia por fragilidade ou de pais que tenham tido fratura da anca. Também o tabagismo, o consumo de álcool e a toma de corticoides por mais de 3 meses contribuem para a osteoporose. Doenças como a artrite reumatoide, o hipertiroidismo, a diabetes e o hipogonadismo constituem também fatores de risco. A prevenção da osteoporose no homem de 70 anos faz-se com intervenções medicamentosas e não medicamentosas, de que se destaca a importância do exercício. Mesmo que não vá ao ginásio ou corra, ande! Caminhar entre 30-45 minutos estimula a atividade osteoblástica do osso, contraria a sarcopenia e melhora a coordenação motora. Outro cuidado não medicamentoso passa por evitar as quedas, mesmo em casa, onde um terço das fraturas ocorrem (50% na cozinha ou quarto de banho). Procuremos:  Não caminhar em pisos escorregadios;  Retirar os tapetes;  Ter muito cuidado com animais domésticos em casa;  Ter iluminação adequada;  Colocar corrimãos nos corredores e escadas;  Evitar altura excessiva da cama;  Não ter fios elétricos espalhados;  Usar bases para duche;  Ter suportes e apoios (banco) no duche;  Não usar chinelos;  Apoiar-nos em bengala ou canadiana se tivermos desequilíbrio na marcha.

Algumas intervenções possíveis para evitar quedas são:  Não tomar sedativos; © Lidel – edições técnicas

 Evitar polimedicação;  Avaliar a visão periodicamente;  Evitar o álcool;  Ter cuidados com alguns remédios para a hipertensão;  Acender a luz ao levantar de noite;  Nunca subir a bancos ou cadeiras;  Usar, eventualmente, protetores da anca. 101


Obesidade, Diabetes e Síndrome Metabólica

Diabetes A prevalência de diabetes em Portugal era, em 2008, de 11,7%, tendo, em 2015, aumentado para 13,3%. A prevalência de diabetes aumenta com a idade, e em Portugal, em 2010, existia entre os 60­‑79 anos uma prevalência de 27,1%, estan‑ do 16,7% diagnosticados e 10,4% por diagnosticar. Nos doentes com 70 anos há, claramente, dois grandes grupos:   Doentes que têm diabetes com vários anos de evolução da doença, mais

sujeitos ao aparecimento de complicações e que necessitam de esquemas terapêuticos mais complexos e exigentes em termos de capacidade de gerir a doença;   Doentes recentemente diagnosticados e cujo controlo glicémico é mais fácil.

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Num estudo recente com 8.980 doentes da coorte de ANDIS , 39,1% dos dia‑ béticos tipo 2 tinham estas características[8]. Este grupo demonstra, em geral, um comportamento mais benigno da doença. O primeiro grupo, quando atinge a ida‑ de mais avançada, corre o risco de desenvolver um espectro semelhante de com‑ plicações macrovasculares e microvasculares ao dos seus pares mais jovens com diabetes. A principal preocupação na avaliação destes doentes consiste no con‑ ceito de fragilidade, termo largamente associado ao envelhecimento que denota uma síndrome multidimensional que leva a um aumento da vulnerabilidade[9]. O fenótipo “frágil” de Fried engloba emagrecimento não intencional superior a 5 kg no último ano, autorreferência de exaustão, fraqueza, marcha lenta e diminuição da atividade física, redução das funções e aumento da mortalidade. O idoso com diabetes tem maior probabilidade de fragilidade, que, quando surge, constitui um marcador de risco de complicações e de morte superior aos da mes‑ ma idade cronológica ou com comorbilidades[10]. O homem com mais de 70 anos e diabetes é um doente particularmente vulne‑ rável, comparativamente com os não diabéticos: morte prematura, incapacidade funcional e várias síndromes geriátricas, como polimedicação, depressão, defici‑ ência cognitiva e quedas com lesões, estão, muitas vezes, associadas. As pessoas idosas com diabetes têm um risco 25% superior de morrer de cancro e um risco 67% superior de morte vascular[11]. A incapacidade funcional pode manifestar­‑se por maior dificuldade na marcha, a subir escadas, a fazer o trabalho doméstico, comparativamente com os idosos sem diabetes[12]. A disfunção cognitiva é tão frequente que alguns autores propõem que esta passe a ser considerada uma complicação tardia da diabetes, como a retinopatia, a nefropatia, a neuropatia e a doença cardiovascular[13]. A progressão para a demência está particularmente ace‑ lerada nestes doentes[14]. Esta disfunção cognitiva e a demência têm repercussões no autocuidado: menor adesão ao tratamento, omissão de refeições com con‑ 111


O Homem de 70 Anos

grafia vesical suprapúbica. Este dado parece ser importante como prognosticador da sintomatologia de armazenagem[4]. Não se pode esquecer que a existência de sintomas de armazenagem, como a urgência, polaquiúria e nictúria, podem ainda gerar suspeição de doenças ne‑ oplásicas vesicais. A ecografia vesical não pode despistar completamente a sua existência, dado que podem ser lesões aplanadas, invisíveis na ecografia. A sus‑ peição surge quando existem sintomas de armazenagem recentes e resistentes às medidas terapêuticas farmacológicas para o controlo da imperiosidade.

Incontinência de Esforço As perdas aos esforços da tosse, ou espirros ou ainda manobras de Valsalva, mui‑ to frequentes no sexo feminino, implicam um mecanismo de perda do suporte uretral pelas estruturas perineais. A anatomia masculina defende­‑se das perdas pelo facto de haver aparelhos esfincterianos mais eficazes. No entanto, as cirur‑ gias prostáticas desobstrutivas implicam uma perda total ou parcial do esfíncter interno, ficando a continência apenas devida ao esfíncter externo. Este, por seu lado, pode ser também lesado, resultando uma incontinência de esforço. Isto é particularmente agravado nas cirurgias radicais do carcinoma da próstata, casos em que a uretra perde também o seu suporte muscular. Mais uma vez, estas situações podem decorrer conjuntamente com obstrução e perdas por extravasão e ainda por adicionar hiperatividade do detrusor. Como já foi referido, também aqui a distinção entre uma grande bexiga com resíduo pós­ ‑miccional elevado e uma bexiga permanentemente vazia fornece o diagnóstico do mecanismo prevalecente.

Tratamentos Tratar uma incontinência com tantos mecanismos, por vezes antagónicos e paradoxais, obriga a um estudo exaustivo que possa determinar a existência de obstrução infravesical, hipo ou acontractilidade e hiperatividade ou perda de acomodação, assim como da função esfincteriana. Cada um destes mecanismos tem de ser avaliado, dado que podem coexistir e têm terapêuticas muito diferentes. Há também a “incontinência transitória”, que poderá ser reversível se preveni‑ da ou atempadamente tratada. Diz respeito, essencialmente, à infeção urinária, à iatrogenia medicamentosa, à obstipação, à restrição da mobilidade e adequação da localização do sanitário, à excessiva ingesta líquida e às perturbações psico‑ lógicas/psiquiátricas. Se assim não for, a incontinência pode tornar­‑se definitiva. 136


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Andropausa

Educação para a Saúde em Urologia

Manuel Mendes Silva

A andropausa pode definir­‑se como um “quadro clínico associado a baixos níveis de testosterona no homem adulto” ou, segundo a International Society for the Study of the Aging Male (2002), uma “síndrome clínica e bioquímica associada ao envelhecimento masculino e caracterizada por um certo conjunto de sintomas e por uma baixa dos níveis séricos de testosterona”. Trata­‑se de uma síndrome que apresenta grande variabilidade individual e que é difícil de definir e quantificar, pois, diferentemente da menopausa, em que há uma mudança súbita do status hormonal feminino, no homem não é fácil separar o processo fisiológico do envelhecimento (com alguns “sintomas” sexuais, físicos e psicológicos constantes desse mesmo processo) dos sintomas patológicos, com uma base hormonal de deficiência da “hormona masculina” testosterona. Existe, todavia, andropausa real, quando há, abruptamente, castração cirúrgica ou quími‑ ca, por exemplo, no tratamento do carcinoma da próstata. A “andropausa” tem tido vários nomes, visto que, embora o termo esteja con‑ sagrado pelo uso, não é, verdadeiramente, como já se referiu, uma andropausa no sentido de menopausa masculina. Assim, tem sido nomeada com várias siglas/ acrónimos dos termos anglo­‑saxónicos, eventualmente cientificamente mais cor‑ retos, mas de uso pouco popular. Entre esses termos estão ADAM (deficiência androgénica no homem), PADAM (deficiência androgénica parcial no homem), PEDAM (deficiência endócrina parcial no homem), LOH (hipogonadismo de início tardio), ADS (síndrome de deficiência androgénica) e TDS (síndrome de deficiên‑ cia em testosterona). A “hormona masculina” testosterona (entre aspas porque também existe, com importantes funções, no sexo feminino, embora em pequenas quantidades) e o seu derivado deidrotestosterona são androgénios que têm efeitos ao nível dos órgãos sexuais, com estímulo da diferenciação masculina pré­‑natal e desenvolvi‑ mento, até à puberdade, dos testículos, pénis, próstata e outros órgãos sexuais masculinos e com manutenção, nos adultos, desses tecidos e início e manutenção da espermatogénese. É graças à testosterona que existe um comportamento e uma função sexual masculinos, com libido, ereção, etc. A testosterona tem também efeitos nos os‑ sos, músculos, pele e faneras, coração, fígado, rins, medula óssea, sistema imuni‑ 138


Os Mitos da Sexualidade

sias sexuais[4]. Há também um limiar aumentado da sensibilidade peniana, com necessidade de maior estimulação local e de mais tempo para obter e manter uma ereção capaz (penetrativa), daí a queixa tão frequente nos homens de ereções menos rígidas e de estabelecimento lento. O período refratário vai aumentando, o que provoca crises de ansiedade e frustração em muitos homens. O orgasmo torna­‑se menos potente no que diz respeito à intensidade do prazer, com contra‑ ções rítmicas menos firmes e poderosas e, habitualmente, em períodos mais cur‑ tos, o que contribui para a diminuição do bem­‑estar sexual geral. Há, por vezes, também um atraso no atingir do orgasmo, o que implica uma ejaculação retar‑ dada e uma detumescência peniana muito mais rápida no período de resolução. É muito frequente também a redução do volume ejaculatório.

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Já o pénis sofre mudanças com a idade não só em termos funcionais, mas também na própria aparência, desde a mudança na textura da glande, devido ao aumento da rugosidade, até ao esbatimento do tom rosado, devido à diminuição generalizada do fluxo sanguíneo. Muitos homens afirmam mesmo que o pénis fica mais pequeno. De facto, esta afirmação pode ser verdade na presença de uma síndrome de deficiência de testosterona acompanhada por défice vascular periférico e disfunção erétil grave, com ausência de ereções espontâneas e mati‑ nais. No entanto, também é verdade que, por vezes, não é o pénis que diminui, mas sim a gordura abdominal e pré­‑púbica que o “escondem”. O aconselhamento nestas situações é a chave para impedir quadros de ansiedade, depressão e perda de autoestima, promovendo ainda a perda de peso, aumento do exercício físico e cuidados alimentares, que vão permitir uma melhoria da performance cardiovascu‑ lar e saúde vascular global. A rarefação pilosa na região púbica e uma diminuição ligeira no volume testicular podem também ser experimentadas em alguns ho‑ mens, nomeadamente na presença de concentrações plasmáticas de testosterona muito baixas. Discutir a saúde genital com o clínico assistente pode ser difícil ou embaraçoso, mas pode ser, muitas vezes, reconfortante e até permitir uma me‑ lhor aceitação das inevitáveis mudanças no envelhecimento. Mas cuidado, porque não podemos esquecer que o envelhecimento não está numa “redoma” fisiológica. É a fase da vida em que há fatores perturbadores que não podem ser negligenciados. Trata­‑se de uma fase com muita perda do espaço de conforto, a mudança na carreira com o momento da reforma (que pode ser ex‑ celente ou dramática), problemas financeiros do próprio ou na dificuldade de as‑ sistência a familiares, fadiga física e psicológica multifatorial, abusos alimentares (incluindo aumento da ingestão de álcool), fenómenos de depressão e ansiedade alinhados com a solidão (por falta de parceira, mas não só), adaptações a mudan‑ ças com disfunções sexuais psicogénicas secundárias, medo e receio do insucesso sexual, por acharem que estão num ponto de não retorno em que o sexo pode fazer mal à saúde, mas com a noção paradoxal de que sexo é saúde – para isto não 147


A Mulher do Homem de 70 Anos

nária, que, tantas vezes, é motivo de consulta médica por infeções urinárias de repetição. Nestes casos, recorre-se, habitualmente, à utilização de estrogénios locais e a hidratantes vulvares e vaginais que vão tratar e facilitar o ato sexual, diminuindo o desconforto, o medo da dor e, consequentemente, a negação do contacto físico e o insucesso de uma relação sexual. A manutenção de uma atividade sexual regular ajuda a ultrapassar constrangimentos e evitar a atrofia muscular, que, só por si, pode ser um dos grandes obstáculos. No homem a ereção demora duas a três vezes mais a ser estabelecida, mas, uma vez conseguida, mantém-se por mais tempo sem ejaculação, ou seja, se a mulher estiver confortável e sem medos, pode controlar a ansiedade que se gera, ficando ambos mais calmos e usufruindo do prazer da relação amorosa. Esta geração vai usufruindo do progresso social e dos avanços tecnológicos e da Medicina em áreas tão importantes como a sexualidade, referenciando-se a especialistas que se empenham em desmistificar tabus e melhorar a saúde e o bem-estar físico, mental e social. Novos fármacos permitem às mulheres e aos homens combater as suas comorbilidades e, como tal, ultrapassar os condicionalismos físicos, permitindo a continuidade da atividade sexual.

Prazer Depois dos 70 Anos As alterações que se vão verificando no corpo da mulher e do homem ao longo desta década são muitas, mas os estudos orientam-se no sentido de que é possível e desejável, mesmo assim, ter uma vida sexual ativa e saudável.

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Embora a frequência das relações sexuais tenda a diminuir, pode-se objetivar uma melhoria na sua qualidade, com repercussão na diminuição de problemas físicos e mentais. As alterações hormonais ocorrem na mulher e no homem, embora com intensidade e timing diferentes, podendo levar a uma diminuição do desejo sexual, mas sem que deixe de haver atividade sexual. As mulheres preocupam-se, essencialmente, com aspetos estéticos e perda da jovialidade, no sentido de agradar e até mesmo de competir com uma geração mais nova e mais atrevida. Em contrapartida, a maior preocupação dos homens prende-se com a manutenção da resposta sexual. 153


O Homem de 70 Anos

Pelas mais variadas razões, como já referido, o homem pode ver a sua sexuali‑ dade perturbada, impossibilitada ou pode mesmo abdicar dela, seja pela doença e seus tratamentos, por problemas sexuais, relacionais ou por outras diversas razões. Estas situações são vividas de modo diferente por cada homem. O que para uns é uma catástrofe na sua masculinidade, para outros pode ser uma paz libertadora. Alguns homens podem trocar o erotismo pela amizade e optar li‑ vremente por uma intimidade sossegada e pacificadora. Alguns homens podem assumir a sua relação de compromisso, seja ela longa ou curta, como uma relação de amor e amizade, sem a interferência inquietante do sexo. Nem os médicos, nem os sexologistas, nem ninguém devem impor a atividade sexual a quem quer que seja. Os profissionais de saúde devem, sim, respeitar o curriculum de vida da pessoa e as escolhas de cada um. O homem de 70 anos é mais livre e sábio do que alguma vez já foi para poder escolher o que quer e o que não quer para si. Esta escolha pode envolver uma atitude de abdicação, de renúncia, de resignação ou de aceitação forçada de uma condição de doença ou do que quer que seja. Mas que seja sempre uma escolha livre e consciente e que não seja baseada em inibi‑ ções, medos ou falsas crenças.

A Vivência Erótica de Florentino Ariza Florentino Ariza, ao chegar aos 70 anos, passou a subir as escadas do seu escri‑ tório com mais cuidado, não porque lhe faltassem as forças, mas porque estava convencido de que a velhice começava com a primeira queda e a morte com a segunda, e ele tinha de sobreviver ao seu rival para retomar com a viúva um amor interrompido 50 anos antes. E retomou. Florentino Ariza representa a vivência erótica reelaborada e plena, apesar da idade avançada. “Era como se tivessem saltado por cima do árduo calvário da vida conjugal, e tivessem entrado diretamente e sem mais delongas no amor... para lá das armadilhas da paixão, para lá das trapaças brutais das ilusões e dos reflexos dos desenganos: para lá do amor. Pois tinham vivido juntos o suficiente para se darem conta que o amor era amor em qualquer tempo e em qualquer lugar, mas tanto mais denso quanto mais próximo da morte.” Marquéz (1992) Esta é uma narrativa muito diferente da anterior. É mais positiva e investida e traz esperança. Representa muitos homens para quem o sexo e o amor são impor‑ tantes e que são capazes de adaptar e transformar a sua sexualidade. Num estudo português efetuado em 2017, com uma amostra de 750 homens e mulheres com mais de 65 anos, de meio urbano e rural, 63% das mulheres e 85% dos homens referiram que o sexo é importante nas suas vidas. E não só o sexo, mas também 162


A Morte

A Morte. E Depois? Não há ninguém que, face à morte, não seja assaltado pela pergunta de abismo: E depois? O que será feito de mim? Sempre a pergunta de Tolstoi: “Onde é que eu estarei, quando já cá não estiver?”. Aqui, todo o saber racional, científico se afunda. Porque nós estamos apetre‑ chados para conhecer no quadro do espa­ço e do tempo, e a morte põe­‑nos fora do espaço e do tempo. Por isso, que sentido tem falar do Além? O Além não é ob‑ jeto de saber, tal como a morte enquanto mistério não é objeto de saber. Ninguém sabe. Se alguém diz “Eu sei que não há nada depois da morte”, é imbecil. Ele não sabe, crê que não há nada e tem razões para isso. Como seria imbecil dizer: “Eu sei que a vida continua depois da morte.”. Deve­‑se dizer: “Não sei, mas acredito e tenho razões fundadas para acreditar.”. A morte e o seu depois constituem, para nós, uma tenaz: incompreensível que na morte acabe tudo, incompreensível que haja vida depois da morte. Lá está Pascal: “Incompreensível que Deus exista, e incompreensível que não exista; que a alma seja com o corpo, que não tenhamos alma; que o mundo seja criado, que o não seja; etc.”. Face à pergunta pelo para lá da morte, há várias tentativas de resposta, con‑ cretamente: a naturalista; a da reencarnação; e a da ressurreição dos mortos, se‑ gundo a fé cristã. Quanto à resposta naturalista, nós continuamos nos átomos, nos filhos, nas obras. Mas isto significa uma continuidade impessoal. As perguntas são: E eu? Como é que a pessoa que é alguém se pode tornar ninguém? Afinal, se tudo – bem e mal, justo e injusto, digno e indigno – desemboca no nada, então, é pre‑ ciso ser consequente: em ultimíssima análise, já tudo é nada, e onde está a pessoa e o que verdadeiramente vale?

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Aqui, aparecem as religiões, que apresentam, essencialmente, dois modelos: i) a reencarnação, presente, embora de modo diferente, concretamente no hinduís‑ mo e no budismo; e ii) a ressurreição, não no sentido da reanimação do cadáver, mas de, na morte, encontrar em Deus, transcendente, pessoal e criador, a plenitu‑ de da vida, segundo a fé das religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islão. Já a reencarnação pressupõe o dualismo antropológico: o corpo morre e a alma sobrevive e pode reencarnar noutro corpo, humano ou até de um animal. No Ocidente, a reencarnação (o cristianismo é contra a reencarnação) é considerada boa, porque dá mais uma chance, uma oportunidade para a vida; no Oriente, a vida está toda orientada no sentido de saltar para fora do samsara, isto é, do ciclo das reencarnações, para, finalmente, haver a salvação, entrar no Nirvana. De algum modo, a pessoa dissolve­‑se na realidade última. No entanto, esta afirmação pre‑ cisa de uma reflexão mais aprofundada, pois há toda a questão de saber o que é 185


14,5 cm x 21 cm

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“Recomendo a leitura deste livro, que é excelente […] abordando todos os aspetos relevantes da saúde do homem de 70 anos, numa série imensa de informações e conselhos extremamente úteis” Manuel Carrageta, In Prefácio

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Coordenação: Manuel Mendes Silva Chefe de Serviço Hospitalar de Urologia aposentado; Vice-presidente da Associação Portuguesa de Formação Médica Contínua; Presidente do Conselho Nacional de Ética e Deontologia Médica; Presidente da Comissão de Ética da Associação Portuguesa de Urologia.

Apoio e Patrocínio científico:

Pedro Vendeira Médico Especialista em Urologia; Presidente da Sociedade Portuguesa de Andrologia, Medicina Sexual e Reprodução; Fellow do European Committee of Sexual Medicine; Competência em Sexologia pela Ordem dos Médicos.

ISBN 978-989-752-408-0

9 789897 524080

Patrocínios científicos:

MANUEL MENDES SILVA NUNO MONTEIRO PEREIRA PEDRO VENDEIRA

Nuno Monteiro Pereira Médico Especialista em Urologia; Mestre em Sexologia; Doutorado em Urologia; Professor Associado da Universidade Lusófona; Coordenador da Competência de Sexologia da Ordem dos Médicos.

www.lidel.pt

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O HOMEM DE 70 ANOS MANUEL MENDES SILVA NUNO MONTEIRO PEREIRA PEDRO VENDEIRA

Coordenação:

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Este livro é uma reflexão sobre diversas perspetivas relativas à saúde do homem septuagenário: médicas, físicas e psicológicas, mas também sociológicas, familiares, filosóficas, preventivas e efetivas. Vinte anos depois de O Homem de 50 Anos e dez anos depois de O Homem aos 60 Anos, direcionados sobretudo para a saúde sexual, a presente obra é mais ambiciosa e o seu objetivo mais vasto. Contando com a participação de prestigiados autores, o seu conteúdo explica e fomenta um envelhecimento ativo e com qualidade de vida, prevenindo e combatendo as suas consequências, e uma assistência humanizada e de qualidade na doença, na velhice e na extrema velhice. E há, também, embora nos custe a admitir, que preparar a morte da melhor forma possível. Escrito numa linguagem simples e direta, além dos médicos especialistas urologistas ou outros com diferenciação andrológica, o livro dirige-se aos médicos de família, a outros médicos interessados, a outros profissionais de saúde, e ao público estudioso ou simpatizante da problemática do envelhecimento e das suas consequências.

O HOMEM DE 70 ANOS

O HOMEM DE 70 ANOS

14,5 cm x 21 cm


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