Planeamento e Desenvolvimento Turístico Coordenação
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Índice Geral Prefácio..................................................................................................................... XVII Prólogo...................................................................................................................... XIX Nota dos Autores...................................................................................................... XXI Sobre os Autores....................................................................................................... XXIII Lista de Siglas e Acrónimos..................................................................................... XXXIII Parte I – Planeamento Turístico............................................................................. 1 Capítulo 1 – O Turismo: Caracterização e Prospetiva ........................................ 3 Jorge Umbelino 1.1 Introdução........................................................................................................ 3 1.2 O turismo na segunda metade do século XX: Da emergência à globalização. 6 1.3 O turismo, um fenómeno frequentemente subvalorizado................................ 12 1.4 O sistema turístico: Oferta............................................................................... 13 1.5 O sistema turístico: Procura............................................................................. 15 1.6 Conclusões....................................................................................................... 18 Referências bibliográficas.......................................................................................... 18
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Capítulo 2 – Planeamento e Desenvolvimento Turístico...................................... 21 Francisco Silva 2.1 Introdução........................................................................................................ 21 2.2 Do crescimento ao desenvolvimento sustentável............................................ 21 2.3 Planeamento e ordenamento do território como suporte do desenvolvimento... 23 2.3.1 Governança territorial.......................................................................... 23 2.3.2 Ordenamento versus planeamento territorial....................................... 25 2.3.3 Evolução da abordagem em torno do planeamento............................. 26 2.3.4 Modelos e paradigmas do planeamento e desenvolvimento turístico.. 28 2.4 Planeamento e ordenamento do território em Portugal................................... 33 2.5 Planeamento turístico em Portugal.................................................................. 35 2.6 Do planeamento estratégico ao operacional.................................................... 38 2.6.1 Etapas do processo de planeamento..................................................... 38 2.6.2 Abordagens e ferramentas para apoio ao processo de planeamento.... 39 2.7 Conclusões....................................................................................................... 45 Referências bibliográficas.......................................................................................... 46
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Capítulo 3 – Ética, Responsabilidade Social e Práticas Sustentáveis nas Atividades Turísticas................................................................... 49 Ana Gonçalves 3.1 Introdução........................................................................................................ 49 3.2 Ética e turismo................................................................................................. 50 3.3 Práticas sustentáveis e responsáveis em turismo: Perspetiva interdimensional. 52 3.4 Das (in)visibilidades e relações assimétricas de poder no turismo: Responsabilidade e equidade social, participação e solidariedade.................. 56 3.5 Conclusão – Das intenções à prática: Uma visão holística e humanista do turismo........................................................................................................ 58 Referências bibliográficas.......................................................................................... 60 Capítulo 4 – Turismo Acessível............................................................................... 63 Eugénia Lima Devile 4.1 Introdução........................................................................................................ 63 4.2 Enquadramento e abordagem ao conceito....................................................... 63 4.3 A abordagem da gestão do destino e o sistema de turismo............................. 64 4.4 Turismo acessível e o paradigma de turismo sustentável................................ 67 4.5 A perspetiva dos agentes da oferta.................................................................. 68 4.6 A necessidade de formação.............................................................................. 69 4.7 Turismo acessível na perspetiva da procura.................................................... 70 4.7.1 Procura potencial: Determinantes e tendências.................................... 70 4.7.2 Benefícios resultantes da participação em atividades turísticas........... 72 4.7.3 O processo de tomada de decisão......................................................... 73 4.8 Conclusões....................................................................................................... 76 Referências bibliográficas.......................................................................................... 77 Capítulo 5 – Turismo e Globalização..................................................................... 79 Jorge Ferraz 5.1 Introdução........................................................................................................ 79 5.2 Turismo como facto social total...................................................................... 80 5.3 Globalização e sociedades contemporâneas.................................................... 80 5.4 Turismo, mobilidade e lazer contemporâneos: Motivações turísticas............. 84 5.5 Modo de produção e desenvolvimento do turismo.......................................... 87 5.6 Conclusões: Uma civilização turística?........................................................... 91 Referências bibliográficas.......................................................................................... 92 Capítulo 6 – A Oferta Turística e os seus Territórios: Autenticidade, Patrimonialização e Experiência....................................................... 93 Patrícia Pereira, João Martins e Luís Baptista 6.1 Introdução........................................................................................................ 93 6.2 Autenticidade e patrimonialização nos territórios turísticos........................... 95 VI
Índice Geral
6.3 O turismo de experiências: Estratégia de atração de visitantes e motor de transformação dos territórios...................................................................... 97 6.3.1 Os eventos culturais urbanos e o turismo de experiências................... 98 6.3.2 Festival dos Oceanos em Lisboa.......................................................... 99 6.3.3 O Programa Allgarve............................................................................ 101 6.4 Conclusões....................................................................................................... 102 Referências bibliográficas.......................................................................................... 103 Capítulo 7 – Resiliência e Gestão do Risco no Turismo........................................ 105 Maria do Céu Almeida 7.1 Introdução........................................................................................................ 105 7.2 Conceitos de base em resiliência e risco......................................................... 106 7.2.1 Resiliência............................................................................................ 107 7.2.2 Vulnerabilidade e exposição................................................................. 108 7.2.3 Adaptação e capacidade adaptativa...................................................... 108 7.3 Categorias de risco relevantes em turismo...................................................... 109 7.3.1 Riscos associados a fenómenos naturais.............................................. 109 7.3.2 Riscos derivados da ação antrópica...................................................... 113 7.3.3 Riscos associados a atividades turísticas específicas........................... 115 7.4 Abordagem estruturada para a gestão do risco................................................ 115 7.5 Atuação para aumentar a segurança e a resiliência no turismo....................... 117 7.6 Conclusões....................................................................................................... 119 Referências bibliográficas.......................................................................................... 119
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Capítulo 8 – Inovação como Fonte de Competitividade no Turismo.................. 121 Maria de Lurdes Calisto 8.1 Introdução........................................................................................................ 121 8.2 Abordagens ao tema da inovação.................................................................... 122 8.2.1 Evolução do conceito........................................................................... 122 8.2.2 Dinâmicas nacionais............................................................................. 122 8.2.3 Dinâmicas regionais............................................................................. 123 8.2.4 Dinâmicas organizacionais................................................................... 123 8.3 Inovação em serviços....................................................................................... 124 8.3.1 As características dos serviços............................................................. 124 8.3.2 Especificidades da inovação em serviços............................................. 126 8.3.3 Forças motrizes da inovação em serviços............................................ 126 8.3.4 Forças motrizes externas...................................................................... 126 8.3.5 Forças motrizes internas....................................................................... 127 8.4 Inovação em turismo....................................................................................... 128 8.4.1 Serviços de experiência........................................................................ 128 8.4.2 Inovação em turismo e o papel dos trabalhadores................................ 130 8.4.3 Casos portugueses de inovação em turismo......................................... 132 8.5 Conclusões....................................................................................................... 133 VII
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Referências bibliográficas.......................................................................................... 133 Capítulo 9 – Turismo e Transportes: Impactos na Acessibilidade aos Destinos Turísticos....................................................................... 135 Jorge Abrantes 9.1 Introdução........................................................................................................ 135 9.2 Turismo e transportes: Enquadramento conceptual......................................... 135 9.2.1 Importância dos transportes para o desenvolvimento do turismo........ 135 9.2.2 Inovação em transportes e impactos na acessibilidade aos destinos.... 137 9.2.3 Processos de liberalização e seus impactos para o turismo.................. 137 9.2.4 Enquadramento estatístico.................................................................... 139 9.2.5 Complementaridade entre transporte aéreo e turismo.......................... 140 9.3 Evidências da relação entre transportes, acessibilidades e destinos turísticos... 140 9.4 Operação Ponta Delgada: O início da operação das companhias aéreas de baixo custo e os impactos para o turismo na região................................... 141 9.5 Conclusões....................................................................................................... 145 Referências bibliográficas.......................................................................................... 145 Capítulo 10 – A Tecnologia como Alicerce de Gestão das Empresas Turísticas. 149 João Pronto 10.1 Introdução........................................................................................................ 149 10.2 A tecnologia e as empresas turísticas.............................................................. 149 10.2.1 Ciclo de vida tecnológico..................................................................... 149 10.2.2 Enterprise Resource Planning (ERP) em empresas turísticas............. 151 10.2.3 ERP em hotéis...................................................................................... 152 10.2.4 ERP em agências de viagens................................................................ 156 10.3 Conclusões....................................................................................................... 157 Referências bibliográficas.......................................................................................... 157 Capítulo 11 – e-Business em Turismo..................................................................... 159 Pedro Moita 11.1 Introdução: As tecnologias de informação e comunicação no contexto da atividade turística........................................................................................ 159 11.2 Marketing na Internet...................................................................................... 160 11.2.1 Potencialidades e vantagens do e-marketing........................................ 160 11.2.2 A marca na Internet (branding)............................................................ 161 11.2.3 Marketing na Internet e o negócio turístico......................................... 161 11.3 Conclusões....................................................................................................... 170 Referências bibliográficas.......................................................................................... 170 Capítulo 12 – Marketing e Comunicação dos Destinos ....................................... 173 Rita Peres e Paulo Rita 12.1 Introdução........................................................................................................ 173 VIII
Índice Geral
11.2 Marketing turístico e marketing de destinos.................................................... 173 12.3 Comunicação e marca no marketing de destinos............................................. 175 12.4 Comércio eletrónico e modelos de negócio em marketing digital.................. 176 12.5 Marketing digital em dispositivos móveis e realidade aumentada.................. 178 12.6 Marketing digital e social media..................................................................... 179 12.7 Conclusões....................................................................................................... 180 Referências bibliográficas.......................................................................................... 181 Capítulo 13 – A Importância da Qualidade no Turismo...................................... 183 João Albino Silva, Jorge Umbelino e Júlio Mendes 13.1 Introdução........................................................................................................ 183 13.2 A emergência do conceito de qualidade na oferta turística e a crescente importância da sua prática............................................................................... 183 13.3 A gestão da qualidade nos destinos turísticos.................................................. 185 13.3.1 Gestão integrada da qualidade.............................................................. 187 13.3.2 Gestão pela qualidade total nos destinos turísticos.............................. 187 13.4 Conclusões....................................................................................................... 191 Referências bibliográficas.......................................................................................... 191 Parte II – Planeamento de Produtos Turísticos..................................................... 195
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Capítulo 14 – O Planeamento de Produtos Turísticos.......................................... 197 José Sancho de Sousa e Silva 14.1 Introdução........................................................................................................ 197 14.2 Oferta turística: Uma revisita conceptual........................................................ 197 14.3 O conceito nuclear de recurso turístico........................................................... 199 14.4 Particularidades da oferta turística.................................................................. 202 14.5 O produto turístico global e os produtos turísticos específicos....................... 204 14.6 Componentes do produto turístico................................................................... 205 14.7 Particularidades dos produtos e serviços turísticos......................................... 206 14.8 Fases do ciclo de vida dos produtos turísticos................................................. 207 14.9. Estratégia de organização e desenvolvimento de produtos turísticos.............. 209 14.9.1 Processo de caracterização e inventário............................................... 210 14.9.2 Evolução dos recursos para produtos................................................... 213 14.9.3 Desenvolvimento de produtos.............................................................. 215 14.10 Conclusões....................................................................................................... 217 Referências bibliográficas.......................................................................................... 218 Capítulo 15 – Sol, Mar e Praia: Da Vilegiatura Balnear à Reinvenção do Produto Turístico........................................................................ 221 José Manuel Simões e Carlos Cardoso Ferreira 15.1 Introdução: Deambulações em torno do turismo sol, mar e praia................... 221 15.2 O turismo de sol e mar em Portugal: Tópicos para uma narrativa.................. 222 15.2.1 E a nobreza e as elites foram a banhos… ............................................ 222 IX
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15.2.2 A promoção do turismo balnear torna-se prática recorrente a partir dos anos 30........................................................................................... 222 15.2.3 Anos 70 do século XX: “O sol e mar chega ao Algarve”.................... 223 15.3 O ciclo de vida do produto turístico: Entre o esgotamento anunciado e a reinvenção desejada......................................................................................... 224 15.3.1 Do valor crescente do produto “sol e mar”.......................................... 224 15.3.2 Da necessidade de estratégias de diversificação e de qualificação....... 225 15.3.3 O sol, mar e praia em Portugal: Uma aposta estratégica incontornável. 226 Referências bibliográficas.......................................................................................... 228 Capítulo 16 – Turismo Náutico............................................................................... 229 Paulo Figueiredo e Paulo Almeida 16.1 Introdução........................................................................................................ 229 16.2 Caracterização do turismo náutico.................................................................. 229 16.2.1 Enquadramento geral............................................................................ 229 16.2.2 Classificação e especialização da oferta............................................... 231 16.2.3 Recursos náuticos desportivos e de recreio.......................................... 232 16.2.4 Atividades de turismo náutico.............................................................. 233 16.2.5 Caracterização do mercado.................................................................. 234 16.2.6 Perfil e motivações do consumidor e segmentação.............................. 236 16.3 Qualificação e desenvolvimento do turismo náutico....................................... 237 16.3.1 Qualificação dos recursos humanos, equipamentos, segurança e risco. 237 16.3.2 Acesso e condições de desenvolvimento das atividades...................... 238 16.3.3 A importância do planeamento operacional e monitorização.............. 239 16.4 Perspetivas de desenvolvimento...................................................................... 240 16.4.1 Valorização da oferta............................................................................ 240 16.4.2 Estratégias gerais de desenvolvimento................................................. 241 16.5 Conclusões....................................................................................................... 242 Referências bibliográficas.......................................................................................... 243 Capítulo 17 – Turismo de Negócios........................................................................ 245 Carlos Fernandes e Pedro Carvalho 17.1 Introdução........................................................................................................ 245 17.2 O turismo de negócios..................................................................................... 246 17.2.1 Reuniões de grupo................................................................................ 247 17.2.2 Viagens de incentivo............................................................................ 248 17.2.3 Exposições e feiras............................................................................... 249 17.2.4 Hospitalidade corporativa.................................................................... 249 17.2.5 A relação entre os segmentos turísticos de negócios e de lazer........... 249 17.3 As viagens e o turismo de negócios em Portugal no contexto mundial.......... 250 17.4 O turismo de negócios no âmbito do PENT.................................................... 252 17.5 Perspetivas para o desenvolvimento do turismo de negócios em Portugal..... 254 17.6 Conclusões....................................................................................................... 256 X
Índice Geral
Referências bibliográficas.......................................................................................... 257 Capítulo 18 – Turismo na Natureza e de Aventura............................................... 259 Francisco Silva e Luís Carvalhinho 18.1 Introdução........................................................................................................ 259 18.2 Caracterização do produto e do mercado........................................................ 259 18.2.1 Conceptualização do produto............................................................... 259 18.2.2 Perfil e motivações do consumidor e sua segmentação........................ 260 18.2.3 Caracterização do mercado.................................................................. 263 18.3 Turismo na natureza e aventura em Portugal.................................................. 264 18.3.1 Recursos e potencialidades................................................................... 264 18.3.2 Segmentação e diversificação do mercado e do produto em Portugal. 265 18.3.3 O setor da animação turística............................................................... 266 18.4 Fatores críticos do planeamento e gestão do turismo na natureza................... 267 18.4.1 Reforçar a qualidade melhorando a segurança e a sustentabilidade.... 267 18.4.2 Valorização do turismo na natureza e de experiências......................... 268 18.5 Conclusões....................................................................................................... 271 Referências bibliográficas.......................................................................................... 272 Capítulo 19 – Turismo Enogastronómico em Portugal: Uma Identidade, Hábitos do Passado, Caminhos com Futuro.................................. 275 Ana Isabel Inácio e Maria José Pires 19.1 Introdução........................................................................................................ 275 19.2 Do património enogastronómico às práticas turísticas: Definindo um fenómeno de modernidade............................................................................... 276 19.3 A gastronomia portuguesa: Uma identidade e um património com elevado potencial turístico............................................................................................ 278 19.4 Alentejo: Elevado potencial, uma região em desenvolvimento...................... 284 19.5 Conclusões....................................................................................................... 286 Referências bibliográficas.......................................................................................... 288
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Capítulo 20 – O Turismo de Saúde em Portugal: Produto, Desafios e Tendências...................................................................................... 289 Nuno Gustavo 20.1 Introdução........................................................................................................ 289 20.2 Do culto da água ao novo universo do turismo de saúde................................ 289 20.3 A privatização da saúde e a ascensão do turismo de saúde enquanto produto turístico............................................................................................... 290 20.4 Turismo de saúde: Da oferta tradicional ao novo espectro de produto........... 291 20.4.1 Turismo medicinal................................................................................ 293 20.4.2 Turismo terapêutico.............................................................................. 294 20.4.3 Turismo de bem-estar........................................................................... 294 20.5 O turismo de saúde em Portugal ..................................................................... 296 XI
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20.5.1 Produtos tradicionais: As termas, sua realidade e desafios.................. 296 20.5.2 Novas motivações, novos produtos: Spa, talassoterapia e turismo medicinal.............................................................................................. 298 20.6 Conclusões....................................................................................................... 299 Referências bibliográficas.......................................................................................... 301 Capítulo 21 – Turismo de Golfe.............................................................................. 303 Rosária Pereira e Antónia Correia 21.1 Introdução........................................................................................................ 303 21.2 Âmbito e mercado do turismo de golfe........................................................... 304 21.3 O turismo de golfe em Portugal....................................................................... 305 21.3.1 Breve perfil dos consumidores............................................................. 307 21.4 Tendências para o turismo de golfe................................................................. 308 21.5 Conclusões....................................................................................................... 310 Referências bibliográficas.......................................................................................... 311 Capítulo 22 – Abordagens Sobre o Turismo Residencial e Resorts Integrados... 313 Mafalda Patuleia 22.1 Introdução........................................................................................................ 313 22.2 As características do conceito de turismo residencial..................................... 314 22.3 As motivações, os resorts integrados e os destinos turísticos......................... 316 22.3.1 As dinâmicas políticas e territoriais implícitas no turismo residencial e resorts integrados.............................................................................. 317 22.4 Considerações sobre o turismo residencial em Portugal................................. 318 22.5 Conclusões....................................................................................................... 320 Referências bibliográficas.......................................................................................... 321 Capítulo 23 – Circuitos Turísticos Religiosos e Culturais.................................... 323 Vitor Ambrósio 23.1 Introdução........................................................................................................ 323 23.2 De recurso religioso a produto turístico.......................................................... 323 23.3 Circuitos turísticos e caminhos de peregrinação............................................. 325 23.3.1 Circuito cultural: Lisboa a Santiago de Compostela............................ 326 23.3.2 Circuito religioso: Fátima e regiões circundantes................................ 327 23.3.3 Caminho de Santiago........................................................................... 328 23.4 Conclusões....................................................................................................... 332 Referências bibliográficas.......................................................................................... 332 Capítulo 24 – City Breaks........................................................................................ 335 Miguel Brito 24.1 Introdução: City breaks – Conceitos e principais características.................... 335 24.2 O turista de city breaks.................................................................................... 336 XII
Índice Geral
24.2.1 Perfil do consumidor............................................................................ 336 24.2.2 Motivações do turista: Fatores push e pull........................................... 337 24.2.3 Representações sociais de duas gerações de citybreakers.................... 338 24.3 Evolução do mercado...................................................................................... 338 24.3.1 Os mercados de origem........................................................................ 338 24.3.2 Principais destinos e seus requisitos..................................................... 339 24.3.3 As cidades portuguesas........................................................................ 340 24.4 O caso de Lisboa.............................................................................................. 340 24.4.1 Imagem do destino............................................................................... 340 24.4.2 Mobilidade em Lisboa.......................................................................... 341 24.4.3 Qualidade do turismo e qualidade de vida........................................... 342 24.4.4 Experiência turística............................................................................. 343 24.4.5 Tempo de permanência e tipo de alojamento....................................... 344 24.5 Planeamento e desenvolvimento de city breaks.............................................. 345 24.5.1 Como potenciar o produto.................................................................... 345 24.5.2 Tendências e oportunidades de negócio............................................... 346 24.6 Conclusões....................................................................................................... 347 Referências bibliográficas.......................................................................................... 348 Capítulo 25 – Turismo Cultural.............................................................................. 349 Gabriela Carvalho 25.1 Introdução........................................................................................................ 349 25.2 Cultura e turismo............................................................................................. 349 25.2.1 Breve balanço da viagem cultural........................................................ 351 25.2.2 A geografia da cultura no território português..................................... 352 25.2.3 A gestão turística do património cultural............................................. 353 25.3 Dimensões da diversidade turística da cultura................................................ 355 25.3.1 Tipologias do turismo cultural............................................................. 356 25.3.2 Os novos patrimónios/novos produtos turísticos................................. 357 25.3.3 Permanências e inovações no património/turismo cultural.................. 360 25.4 Conclusões....................................................................................................... 360 Referências bibliográficas.......................................................................................... 360
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Capítulo 26 – Os Eventos e a Animação Turística................................................ 363 Susana Filipa Gonçalves e Jorge Umbelino 26.1 Introdução........................................................................................................ 363 26.2 Eventos e animação turística: Limites e interferências................................... 363 26.3 Contributos dos eventos e da animação turística para o turismo .................... 367 26.4 Tendências atuais e futuras.............................................................................. 373 26.5 Conclusões....................................................................................................... 374 Referências bibliográficas.......................................................................................... 374 XIII
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Capítulo 27 – Caracterização do Setor dos Cruzeiros Marítimos e sua Importância para os Portos Portugueses ..................................... 377 Maria Margarida Santos 27.1 Introdução........................................................................................................ 377 27.2 Caracterização do produto “cruzeiros marítimos”........................................... 378 27.2.1 Os grandes grupos de companhias de cruzeiro.................................... 378 27.2.2 Os principais destinos .......................................................................... 380 27.2.3 Os principais mercados emissores........................................................ 381 27.3 Impactos económicos do setor dos cruzeiros.................................................. 382 27.3.1 Análise dos impactos ao nível mundial, europeu e em Portugal ......... 382 27.4 A importância dos portos de cruzeiro.............................................................. 384 27.4.1 Os portos de cruzeiro em Portugal....................................................... 385 27.5 Conclusões....................................................................................................... 388 Referências bibliográficas.......................................................................................... 389 Parte III – Planeamento de Destinos Turísticos.................................................... 391 Capítulo 28 – Paradigmas Territoriais dos Destinos Turísticos em Portugal: O Caso das Áreas Costeiras e Áreas Urbanas Históricas............. 393 Luís Boavida-Portugal e Elisabeth Kastenholz 28.1 Introdução........................................................................................................ 393 28.2 Áreas costeiras, dinâmicas de transformação e turismo.................................. 394 28.2.1 Uso e transformação das áreas costeiras.............................................. 394 28.2.2 As escalas do litoral, objetivos e instrumentos de intervenção............ 396 28.2.3 A gestão integrada da zona costeira..................................................... 397 28.2.4 O marketing de destinos turísticos costeiros........................................ 398 28.3 As áreas urbanas históricas como destinos turísticos...................................... 400 28.3.1 De que se trata quando falamos em património urbano?..................... 400 28.3.2 Orientação das políticas públicas para o património urbano................ 400 28.3.3 Desafios do turismo nas cidades históricas.......................................... 402 28.3.4 O marketing dos destinos urbanos com base no seu património.......... 404 28.4 Conclusões....................................................................................................... 405 Referências bibliográficas.......................................................................................... 406 Capítulo 29 – Um Novo Modelo Conceptual para o Turismo Urbano................ 409 Carlos Costa e Helena Albuquerque 29.1 Introdução........................................................................................................ 409 29.2 Evolução do conceito de turismo urbano........................................................ 410 29.3 Dinâmicas emergentes de turismo urbano em Portugal.................................. 414 29.4 Modelo conceptual de análise do turismo urbano........................................... 418 29.5 Conclusões....................................................................................................... 422 Referências bibliográficas.......................................................................................... 422 XIV
Índice Geral
Capítulo 30 – Turismo em Espaços Litorais: Onde o Mar Começa e a Terra se Renova.......................................................................................... 425 Fernanda Cravidão e Lúcio Cunha 30.1 Introdução........................................................................................................ 425 30.2 O litoral e o turismo de natureza..................................................................... 427 30.3 O litoral e a prática desportiva: Os casos de surf, mergulho e golfe............... 430 30.4 Conclusões....................................................................................................... 432 Referências bibliográficas.......................................................................................... 432 Capítulo 31 – Os Espaços Rurais e o Turismo....................................................... 435 Fernando João Moreira e João Reis 31.1 Introdução: Espaço rural enquanto espaço turístico........................................ 435 31.1.1 Espaço rural: Da produção à fruição.................................................... 436 31.2 O turismo como fator de desenvolvimento dos espaços rurais....................... 438 31.2.1 O planeamento e o desenvolvimento turístico dos espaços rurais....... 439 31.3 O turismo em espaço rural............................................................................... 440 31.3.1 O turismo em espaço rural em Portugal: Uma génese original............ 440 31.3.2 Lógicas e dinâmicas subjacentes ao desenvolvimento do turismo rural em território nacional................................................................... 442 31.3.3 A expressão geográfica do turismo em espaço rural no território português.............................................................................................. 444 31.4 Conclusão: As dinâmicas futuras dos espaços rurais....................................... 446 31.4.1 Espaços rurais, espaços de futuro?....................................................... 446 31.4.2 O turismo em espaço rural e o desenvolvimento do mundo rural. Que futuro?........................................................................................... 447 Referências bibliográficas.......................................................................................... 449
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Capítulo 32 – Espaços Naturais: O Desafio de Planear um Destino Turístico... 451 Elsa Correia Gavinho e Mário Silva 32.1 Introdução........................................................................................................ 451 32.2 Espaços naturais e turismo.............................................................................. 452 32.2.1 Emergência do turismo nos espaços naturais....................................... 452 32.2.2 Potenciais benefícios e riscos do turismo............................................. 453 32.2.3 Equilíbrio entre espaços naturais e atividade turística......................... 455 32.3 Os espaços naturais em Portugal..................................................................... 456 32.4 Definindo objetivos e estratégias de desenvolvimento.................................... 459 32.4.1 Planear os espaços naturais para o turismo e para as comunidades locais..................................................................................................... 459 32.4.2 Planear o turismo nos espaços naturais................................................ 460 32.5 Conclusões....................................................................................................... 462 Referências bibliográficas.......................................................................................... 463 XV
Planeamento e Desenvolvimento Turístico
Capítulo 33 – Planeamento Turístico nos Espaços Insulares............................... 465 Francisco Silva 33.1 Introdução........................................................................................................ 465 33.2 Geografia dos territórios insulares................................................................... 465 33.3 Economia e desenvolvimento dos territórios insulares de pequena dimensão. 466 33.4 Desenvolvimento e planeamento turístico nas ilhas de pequena dimensão.... 468 33.5 Planeamento e desenvolvimento turístico dos arquipélagos da Madeira e dos Açores..................................................................................................... 469 33.5.1 Caracterização dos destinos................................................................. 469 33.5.2 Insularidade e posição.......................................................................... 469 33.5.3 Acessibilidades e concentração turística.............................................. 470 33.5.4 Clima, oceano e património natural..................................................... 471 33.5.5 Cultura e hospitalidade......................................................................... 471 33.5.6 Planeamento e ordenamento turístico.................................................. 471 33.5.7 Desenvolvimento turístico e caracterização do setor........................... 472 33.6 Desafios de futuro: Fatores estratégicos para a valorização do turismo.......... 475 33.7 Conclusões....................................................................................................... 479 Referências bibliográficas.......................................................................................... 479 Capítulo 34 – Territórios de Inovação e Turismo.................................................. 481 Alfonso Vargas-Sánchez 34.1 Introdução........................................................................................................ 481 34.2 Cidades inteligentes......................................................................................... 482 34.3 Destinos turísticos inteligentes........................................................................ 482 34.4 O turismo: Um setor intensivo em conhecimento........................................... 483 34.5 A inovação estratégica: O grande desafio........................................................ 485 34.6 Repensar o que fazemos.................................................................................. 486 34.6.1 Repensar o cliente................................................................................ 486 34.6.2 Repensar o valor................................................................................... 487 34.6.3 As experiências.................................................................................... 487 34.6.4 A hibridação......................................................................................... 487 34.6.5 O turismo P2P...................................................................................... 488 34.6.6 Os desafios da venda............................................................................ 488 34.7 Rumo a um novo modelo de gestão dos destinos turísticos............................ 488 34.8 Conclusões....................................................................................................... 491 Referências bibliográficas.......................................................................................... 491 Índice Remissivo...................................................................................................... 493
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Prefácio O turismo é a principal atividade exportadora nacional. Representa 15,3% das exportações portuguesas e 8,2% do emprego. A evolução do turismo na última década em Portugal foi extraordinária, fruto de fortes investimentos públicos e privados e de uma vontade comum numa área em que quer as entidades públicas, quer os empresários acreditaram como sendo uma aposta certa e de futuro. Durante a primeira década do século XXI, esteve em vigor o Plano Estratégico Nacional para o Turismo (PENT), aprovado pela Resolução de Conselho de Ministros n.º 53/2007, de 04 de abril. Uma década depois de aprovado o PENT, é particularmente importante o aparecimento desta obra de investigação coletiva sobre o planeamento turístico, considerado em particular na sua aplicação à realidade portuguesa. E é também particularmente gratificante para mim fazer este Prefácio, uma vez que participei ativamente na construção do PENT, sendo importante nesta fase perceber e avaliar os impactos de termos adotado uma estratégia a 10 anos, com objetivos e metas associados ao desenvolvimento de produtos turísticos identificados como estratégicos. É tanto mais importante este contributo quanto está em curso a construção da nova “estratégia” para o turismo 2027, neste momento na fase de discussão pública da proposta que foi lançada pelo Governo em maio de 2016. De facto, o turismo é demasiado importante em Portugal para não ter uma “estratégia”. Todos os países querem ser os mais dinâmicos, os mais atrativos, os mais competitivos, os mais visitados no Mundo. Mas querer ser sem ter uma estratégia partilhada entre quem no dia a dia faz o destino é apenas um desejo. Se queremos influenciar e escolher o desenvolvimento do turismo em Portugal, temos de agir sobre os fatores que o determinam, e não esperar que “ande sozinho”. Não nos podemos “dar ao luxo” de nada fazer, quando os nossos concorrentes diretos definiram, antecipadamente, as suas estratégias para atrair agressivamente novos e mais turistas. Temos de agir de forma rápida e decisiva antes que fiquemos para trás. É isso que estamos a fazer. Ninguém questiona hoje que o turismo é uma atividade estratégica para Portugal. Desde 2005, a quase totalidade dos indicadores macro que definem o comportamento do turismo têm crescido, o que demonstra que a afirmação de Portugal como destino turístico no contexto internacional é um processo que não voltará atrás. Esta atividade possui, de facto, uma capacidade de resistência aos ciclos económicos, uma capacidade de se reinventar quando necessário, antecipando soluções e encontrando respostas aos desafios que surgem. Neste sentido, o crescimento desta atividade é um sinal inequívoco da relevância e do apelo de Portugal enquanto destino turístico. Mas também é um incentivo claro para que o turismo faça o seu melhor na forma como projeta os investimentos necessários ao seu desenvolvimento sustentável, em áreas tão transversais como a economia, o ordenamento, a natureza, a ciência, a educação, a saúde, as infraestruturas, o desenvolvimento regional, a mobilidade e a cultura. Foram as parcerias entre públicos e privados, estabelecidas na última década, que permitiram que Portugal se afirmasse como destino qualificado, inovador, com acessibilidades aéreas competitivas e em condições favoráveis para aproveitar a evolução da procura, os seus desvios e os seus interesses. Estas parcerias contribuíram, em definitivo, para a valorização de Portugal como destino turístico. Mas não nos podemos deixar inebriar pelo que já conseguimos.Temos de preparar o futuro, porque os desafios são grandes para o turismo nacional. Apesar de Portugal viver nos dias de hoje uma “onda” positiva de procura turística, é necessário criar as condições para que nos próximos anos se consiga: aumentar o valor da oferta; desconcentrar XVII
Planeamento e Desenvolvimento Turístico
a procura geograficamente; e desconcentrar a procura ao longo do ano e atenuar o efeito da sazonalidade. Temos de criar fatores de atratividade que levem os turistas a conhecer regiões que não são as tradicionais, a ficar mais tempo, a vir ao longo de todo o ano e a gastar mais em Portugal. Só assim teremos uma atividade sustentável: de norte a sul do país; do litoral ao interior; ao longo do ano; e que cria emprego qualificado. São estes grandes desafios que temos pela frente e aos quais temos de dar resposta, assumindo o Estado, sem complexos e sem preconceitos, o seu papel de criar as condições para que todos possam crescer, inovar e ter coragem para assumir riscos, bem como criar riqueza, mais emprego qualificado e que contribua, de facto, para a coesão territorial e para atenuar as assimetrias regionais. É neste sentido que necessitamos de fazer “os trabalhos de casa” e preparar a próxima década, que nos permita navegar com rumo, e não à vista, retomando o conceito de um plano estratégico de turismo. Queremos que a “estratégia” para o turismo para a próxima década seja resultado da participação da sociedade civil, das regiões, das empresas, das instituições e da procura, porque a transversalidade da atividade turística em Portugal exige a interação de uma multiplicidade de áreas e de agentes e com os quais é necessário trabalhar em conjunto e colaborar de forma sistemática e natural. A responsabilidade é nossa. De todos. Com vontade e mobilização passamos dos desejos à concretização. Para que o Turismo seja aquilo que ambicionamos, é necessário assumirmos a construção de uma estratégia como um caminho comum dos consensos necessários para a próxima década e também a sua concretização de uma forma articulada e em rede. Só este processo de planeamento, participado e envolvente, que gera discussão, é já fator de aproximação entre todos os que são determinantes para que a palavra “potencial” desapareça do léxico do turismo. Só posso agradecer o envolvimento da Academia Portuguesa do Turismo no planeamento e na permanente avaliação e monitorização dos impactos, para que, cada vez mais e com o envolvimento e participação de todos, Portugal seja uma potência no Turismo mundial. Não posso, por último, deixar de partilhar uma nota de reconhecimento quer ao Professor Jorge Umbelino, por tudo o que tem feito pelo Turismo em Portugal, desde a responsabilidade que assumiu e liderou no INFTUR – Instituto de Formação Turística, instituição de referência na formação turística, o papel de grande impulsionador do turismo inclusivo no Turismo de Portugal, IP e enquanto investigador e disseminador de conhecimento, quer ao Professor Francisco Santos da Silva, pela dedicação a uma vida “ativa” e “radical” no turismo, que faz do saber da experiência feito (nomeadamente no alpinismo, na escalada, no montanhismo, no canyoning) ciência comprovada da capacidade motriz do turismo na natureza de desenvolvimento turístico. Ana Mendes Godinho Secretária de Estado do Turismo
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Prólogo É hoje amplamente reconhecido que só uma organização adequada da oferta e da procura turística, inserida num processo de planeamento integrado, pode garantir a compatibilização dos equipamentos turísticos com a sua envolvente (ambiente, ordenamento do território, rede de comunicações e de acessibilidades, transportes, património cultural) e gerar as bases para a qualidade e a sustentabilidade dos destinos turísticos. A atualidade do tema deste livro é, por isso, evidente. Sendo esta obra coordenada por dois docentes da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (ESHTE), a ideia de lançar um livro organizado a partir de textos da autoria de diversos especialistas, referenciados em múltiplas instituições relacionadas com o ensino e a investigação em turismo, revela a forma inclusiva de pensar da ESHTE e a nossa incessante vontade de partilha de informação. A ESHTE, maior instituição de Ensino Superior em Portugal na área do turismo e hotelaria, não só em termos da sua procura, mas também dos alunos e dos cursos que efetivamente a compõem, e ainda em termos de projeção dos seus antigos alunos, na linha da velha máxima Victoria Discentium Gloria Docentium, é uma escola que se quer integradora das várias ciências que concorrem para o nosso labor diário, tanto nas suas perspetivas fundamentais como aplicadas. Tudo indica estarmos no caminho certo, como o provam as distinções profissionais atribuídas aos nossos alunos e docentes. Contudo, não queremos “repousar à sombra de louros conquistados”, mas continuar a trabalhar diariamente para o turismo português e para aqueles que são, afinal, a principal razão de existir da ESHTE – os alunos. Por uma feliz coincidência, o lançamento desta obra ocorre no período em que celebramos os 25 anos da nossa Escola, o que muito nos honra, já que perspetivamos este livro como uma indiscutível mais-valia em termos científicos e técnicos e um legado que deixamos à comunidade escolar, particularmente aos alunos. A todos os colegas que participaram na elaboração deste livro, da ESHTE e para além dela, deixo uma sentida palavra de agradecimento e a convicção de que todos contribuíram para valorizar o conhecimento sobre o turismo em Portugal. Aos colegas Francisco Silva e Jorge Umbelino, que coordenaram esta obra, o meu profundo obrigado. Aos alunos, intervenientes neste mundo fabuloso que é o turismo, e a todos os leitores, os votos de que o contacto com este livro vos proporcione satisfação e conhecimento.
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Raúl das Roucas Filipe Presidente da ESHTE
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Nota dos Autores O planeamento turístico, sobretudo se considerado na sua aplicação à realidade portuguesa, afigura-se como uma oportunidade adequada e atual para o desenvolvimento de uma obra coletiva. Trata-se, por um lado, de uma temática com uma abrangência alargada, que convida à participação integrada de múltiplos autores, cujas competências e interesses diversos possam convergir de forma complementar e, por outro lado, a sua pertinência renova-se em cada momento-chave da evolução dos sistemas da oferta turística, como agora acontece. Apesar de estarmos perante um tema com significativo tratamento na bibliografia internacional, designadamente naquela que se expressa em língua inglesa, este não tem merecido idêntica atenção no quadro da realidade portuguesa. Num período em que Portugal volta a conhecer uma forte expansão da sua procura turística e se verifica mesmo alguma euforia no setor, torna-se ainda mais relevante lançar projetos como este e dar especial atenção às preocupações com o planeamento e o ordenamento turístico, pois sabemos que, historicamente, quando o otimismo se instala, as preocupações com o futuro esmorecem. Num mundo cada vez mais global, competitivo e dinâmico é essencial investirmos constantemente no conhecimento e em estratégias proativas que permitam valorizar o destino e as experiências turísticas, mas igualmente o património e a qualidade de vida dos cidadãos. O público-alvo projetado para esta obra é amplo e diverso, sob a caracterização genérica de agentes do setor do turismo, mas integra com especial atenção os estudantes das licenciaturas e mestrados desta área do conhecimento. Para o procurar servir, o livro é estruturado em três partes, organizadas em capítulos alinhados do geral para o particular:
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Um enquadramento conceptual associado ao setor do turismo e, em particular, ao planeamento e desenvolvimento turístico, que se inicia com dois capítulos generalistas que servem de suporte a toda a obra e se prolonga num conjunto de capítulos dedicados a temas estruturantes e transversais; Uma segunda parte, que tem como tema central o planeamento de produtos, é iniciada por um capítulo de enquadramento, seguido de dez outros dedicados aos produtos estratégicos considerados no Plano Estratégico Nacional para o Turismo (PENT) e ainda mais três capítulos que abordam outros produtos selecionados pelos coordenadores como importantes ou inovadores para o território nacional; Por fim, a terceira e última parte está direcionada para o planeamento de destinos, organizando-se a partir de um capítulo de enquadramento, a que se segue o estudo de cinco tipologias de territórios turísticos, concluindo-se num capítulo direcionado para os “territórios de inovação”. A equipa de autores integra, para além dos dois coordenadores, 45 outros docentes e investigadores que se dedicam ao turismo, no nosso país, e ainda um colega espanhol que conhece tão bem como nós próprios a realidade portuguesa. Tal dimensão, detalhada numa grande diversidade de formações académicas de origem, de gerações e de experiências profissionais e de vida, oferece um invulgar somatório de saberes, capaz de gerar uma expressiva riqueza de perspetivas e uma grande abrangência no tratamento dos conteúdos. Sendo os coordenadores desta obra docentes da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (ESHTE), a instituição nacional de ensino superior ligada ao turismo e hotelaria que mais cursos e vagas oferece e mais alunos acolhe, surgiu naturalmente a ideia de trazer para este projeto um conjunto alargado de colegas que connosco trabalham no dia a dia, aos quais se juntaram algumas das principais referências da Academia Portuguesa do Turismo. Sem prejuízo de esta Academia ter hoje muitos e bons valores, para além daqueles que integram esta obra, é para nós motivo de orgulho e XXI
Planeamento e Desenvolvimento Turístico
satisfação termos conseguido juntar um tão distinto grupo de autores, provenientes e protagonistas maiores das mais prestigiadas Escolas do país ligadas ao turismo, espalhadas de norte a sul. Em termos gerais, solicitámos aos autores um discurso cientificamente bem fundamentado, mas com uma escrita “solta”, “ao correr da pena” de cada um. No final, atentos os objetivos dos vários capítulos e as características dos próprios autores, os textos acabam por ter matrizes nem sempre convergentes, alguns mais reflexivos, outros mais inspirados e suportados na prática profissional ou empresarial. Entendemos esta diversidade como uma mais-valia, porque partiu da liberdade concedida aos colegas para ajustarem a forma aos conteúdos do modo que entendessem por mais conveniente, permitindo, com isso, a geração de complementaridades que cremos serem virtuosas. Sendo certo que o mérito e a responsabilidade dos textos são dos próprios autores, todos os conteúdos foram revisados pelos coordenadores e por pares, neste caso, encontrados de entre os demais autores desta mesma obra. Agradecemos aos colegas que nos acompanharam neste caminho a sua disponibilidade, companheirismo e espírito de colaboração, que de todos pudemos colher. Agradecemos também à Lidel, na pessoa do seu Diretor, o Sr. Eng.º Frederico Annes, de quem, desde o primeiro minuto, recebemos total empenhamento, profissionalismo e não menos espírito de risco, perante um projeto em que confiou e investiu totalmente e sem reservas, para um mercado de leitores cujo retorno é sempre incerto. Temos a esperança de podermos ser úteis ao turismo português, com uma nota especial para os alunos e para todos os que querem aprender e saber mais, retribuindo uma parte do muito que nos dão todos os dias. Continuemos a estudar, para valorizar o conhecimento e projetarmos um futuro melhor. Francisco Silva Jorge Umbelino
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Sobre os Autores Coordenadores e Autores Francisco Silva Geógrafo (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa – FLUL), Mestre em Sistemas de Informação Geográfica (Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação da Universidade Nova de Lisboa – ISEGI-UNL), Doutor em Geografia e Planeamento Regional e Urbano (Universidade de Lisboa – UL) e Especialista em Turismo e Lazer (Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril – ESHTE). Professor Adjunto da ESHTE, onde tem assumido vários cargos, designadamente os de Presidente do Conselho Pedagógico, membro da Comissão Científica Executiva do Mestrado em Turismo e Diretor do Curso de Gestão do Lazer e Animação Turística. Investigador no TERRITUR/ /Centro de Estudos Geográficos (Instituto de Geografia e Ordenamento do Território/Universidade de Lisboa – IGOT/UL). Consultor em turismo, monitor e formador em vários desportos de aventura, tais como canyoning, montanhismo, escalada e manobras de cordas. Jorge Umbelino Geógrafo (FLUL), Mestre em Planeamento Regional e Urbano (Universidade Técnica de Lisboa – UTL), Doutor em Geografia e Planeamento Regional e Agregado em Geografia e Planeamento Territorial (UNL). Professor Coordenador Principal da ESHTE, onde tem assumido vários cargos, designadamente os de Presidente do Conselho Técnico-Científico, Cocoordenador do Curso de Doutoramento em Turismo IGOT/UL e ESHTE e Diretor do Curso de Gestão Turística. Investigador do TERRITUR/Centro de Estudos Geográficos (IGOT/UL). Foi Vogal do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal, Presidente do Conselho de Administração do INFTUR e Subdiretor-Geral do Turismo. Foi Professor da UNL, do Instituto Superior de Línguas e Administração (ISLA) e do Instituto Superior de Novas Profissões (INP). Autores
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Alfonso Vargas-Sánchez Licenciado e Doutor em Ciências Económicas e Empresariais (Universidade de Sevilha). Professor Catedrático e Diretor do Grupo de Investigação em Turismo (GEIDETUR) da Universidade de Huelva. Professor Convidado da York St John Business School e da Escola de Negócios e Empreendedorismo da Royal Agriculture University (Reino Unido). Avaliador externo da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior em Portugal (A3ES). Ana Gonçalves Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, Mestre em Estudos Anglísticos e Doutora em Estudos de Literatura e de Cultura, com título de Doutoramento Europeu (FLUL). Docente da ESHTE desde 2004, onde tem assumido vários cargos, designadamente os de Vice-Presidente do Conselho Técnico-Científico e fundadora e coordenadora do CLiCESHTE – Centro de Línguas e Culturas Estrangeiras. Investigadora do TERRITUR/Centro de Estudos Geográficos (IGOT/UL), onde desenvolve investigação no âmbito dos estudos culturais urbanos, do turismo e do lazer. Perita científica/ /académica do Comité para a Cultura e Educação do Parlamento Europeu e avaliadora externa da Agência Nacional Erasmus+ Educação e Formação.
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Planeamento e Desenvolvimento Turístico
Ana Isabel Inácio Bacharel em Direção e Gestão de Operadores Turísticos (ESHTE), Licenciada em Comunicação Social e Cultural, Variante Turismo (Universidade Católica Portuguesa – UCP), Mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação (ISCTE-IUL) e Doutora em Geografia e Planeamento Regional e Urbano (UL). Investigadora do TERRITUR/Centro de Estudos Geográficos (IGOT/UL). Professora Adjunta do INP e Professora Adjunta Convidada da ESHTE. As suas principais áreas de investigação são o enoturismo e desenvolvimento local, comunicação e turismo, e ética e responsabilidade social. Antónia Correia Licenciada em Gestão de Empresas (Universidade do Algarve – UAlg), Mestre em Estratégia (Instituto Superior de Economia e Gestão/Universidade Técnica de Lisboa – ISEG/UTL) e Doutora em Economia (UAlg). Professora da Faculdade de Economia da UAlg. Diretora da Escola de Turismo, Desporto e Hospitalidade da Universidade Europeia. Investigadora do CEFAGE – Centro de Estudos e Formação Avançada em Gestão e Economia. Carlos Costa Licenciado em Planeamento Regional e Urbano (Universidade Aveiro – UA), Mestre e Doutor em Turismo (University of Surrey, Reino Unido). Professor Catedrático e Diretor do Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo (UA). Diretor de Departamento, Diretor do Programa Doutoral em Turismo, editor da Revista Turismo & Desenvolvimento e membro da Direção da Unidade de Investigação em Governança, Competitividade e Políticas Públicas. Membro das equipas de avaliação da A3ES. Diretor Técnico-científico de uma empresa spin-off em turismo. Carlos Fernandes Licenciado em Relações Internacionais (Syracuse University, EUA), Mestre em Ciência Política (Rutgers University, EUA) e Doutor em Turismo (University of Bournemouth, Reino Unido). Professor Adjunto do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, onde é Coordenador da Licenciatura em Turismo. Investigador efetivo do CETRAD e membro do Conselho de Revisores Científicos de diversas revistas científicas na área do turismo. Membro das equipas de avaliação da A3ES. Juiz-Presidente da Confraria dos Gastrónomos do Minho e Board Member do International Institute for Gastronomy, Culture, Arts and Tourism. Carlos Cardoso Ferreira Geógrafo, Mestre em Geografia Humana e Planeamento Regional e Local e Doutor em Geografia – Planeamento Regional e Local (FLUL). Cocoordenador do curso de Doutoramento em Turismo (IGOT/UL e ESHTE). Investigador do TERRITUR/Centro de Estudos Geográficos (IGOT/UL). Coordenador de diversos estudos e projetos de consultoria e investigação em turismo. Tem lecionado em diversos cursos de pós-graduação em turismo (IGOT/UL, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra – FLUC, Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra – FCDEFUC e Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Católica Portuguesa – FCS-UCP). Elisabeth Kastenholz Licenciada em Administração Pública/Negócios Estrangeiros (Instituto Superior de Administração Pública – ISAP do Ministério dos Negócios Estrangeiros Alemão/Bona) e em Gestão e Planeamento em Turismo (UA), Mestre em Gestão de Empresas (Instituto Superior de Estudos Empresariais/ /Escola de Gestão do Porto – ISEE/EGPPorto) e Doutora em Turismo (UA). Professora Associada XXIV
Sobre os Autores
da UA, onde coordena a área do turismo, e Investigadora na GOVCOPP/UA. Tem lecionado, investigado, publicado e orientado diversos projetos de investigação, em temas como marketing e comportamento do consumidor em turismo, turismo rural e de natureza e turismo acessível. Elsa Correia Gavinho Licenciada em Gestão e Estratégia (Universidade Atlântica – UATLA), Mestre em Turismo, especialização em Planeamento e Gestão em Turismo de Natureza e Aventura (ESHTE) e Doutora em Turismo (IGOT/UL). Professora Adjunta Convidada da ESHTE. Investigadora do TERRITUR/ /Centro de Estudos Geográficos (IGOT/UL). Sócia fundadora e gerente de uma agência de viagens e de uma empresa de animação turística especializada em viagens de turismo ativo e na natureza. Eugénia Lima Devile Licenciada em Gestão e Planeamento em Turismo, Mestre em Gestão da Informação e Doutora em Turismo (UA). Professora Adjunta da Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC), sendo Diretora do curso de licenciatura em Turismo. As suas principais áreas de investigação incidem sobre as dinâmicas de envolvimento das pessoas com incapacidade nas atividades turísticas. Fernanda Cravidão Geógrafa e Doutora em Geografia Humana (Universidade de Coimbra – UC). Professora Catedrática da UC. Investigadora do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território. Gestora da Cátedra da UNESCO “Turismo Cultural e Desenvolvimento”. Full-Member da IGU Commission on Evolving Issues of Geographyhical Marginality in the Earl 21st Century World (2000-2012). Fernando João Moreira Geógrafo e Mestre em Planeamento Regional e Urbano (FLUL) e Doutor em Museologia (Universidade Lusófona). Professor Adjunto da ESHTE, onde foi Presidente entre 2009 e 2013. Tem colaborado com outras instituições de ensino superior, designadamente no IGOT/UL, Instituto Politécnico do Porto, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT) e Universidade Eduardo Mondlane. Investigador do TERRITUR/Centro de Estudos Geográficos (IGOT/UL) e consultor nas áreas do planeamento territorial e turístico e da avaliação de políticas públicas.
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Gabriela Carvalho Licenciada em Psicologia (Université Paris IV), em Turismo na vertente de Guia-Intérprete (INP) e em História (FLUL), Mestre em Psicologia da História da Arte (Universidade de Cáceres) e Especialista em Turismo Cultural (ESHTE). Professora Adjunta da ESHTE. Olisipógrafa, com vários títulos publicados sobre a história e o património da cidade de Lisboa, património português, romances e romances históricos, contos e textos de turismo cultural. Helena Albuquerque Geógrafa (FLUC), Mestre em Ciências das Zonas Costeiras e Doutora em Ciências e Engenharia do Ambiente (UA). Bolseira de Gestão e Ciência do Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo da UA. Cocoordenadora do Grupo de Investigação Coastaltourism da UA. Investigadora da GOVCOPP – Unidade de Investigação em Governança, Competitividade e Políticas Públicas da UA e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar. Foi professora da UA, da Escola Superior de Educação de Viseu (ESEV) e do Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração (ISCIA), bem como do ensino básico e do secundário.
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Planeamento e Desenvolvimento Turístico
João Martins Sociólogo (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa – FCSH-UNL), Mestre em Antropologia Urbana (ISCTE-IUL) e Doutor em Sociologia (UNL). Investigador do CICS.Nova – Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais (UNL). Participa na Rede de Estudos Urbanos LXNIGHTS e na avaliação e acompanhamento científico do Projeto n.º 95 da Câmara Municipal de Lisboa – BIP/ZIP “SAFE!N CAIS”– intervenção local no contexto lúdico, turístico e noturno do Bairro do Cais do Sodré. Tem como principal interesse de investigação o processo de urbanização turística. João Pronto Licenciado em Informática (Universidade Autónoma de Lisboa – UAL), Mestre em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (IST). Professor Adjunto da ESHTE, onde tem desempenhado diversos cargos, como os de Coordenador de Área Científica de Técnicas e Tecnologias de Aplicação, Diretor do Curso de Direção e Gestão de Operadores Turísticos e Presidente do Conselho Pedagógico. Professor Convidado da Porto Business School (UCP), consultor de tecnologias de informação e Diretor de Informática numa agência de viagens. Escreve regularmente em jornais ligados ao tema do turismo. João Reis Geógrafo (FLUL), Doutor em Geografia – Planeamento Regional e Urbano (IGOT/UL). Docente e Presidente do Conselho Pedagógico da ESHTE. Consultor e investigador em planeamento, turismo, inovação e sistemas de informação geográfica. Colabora regularmente com outras instituições e projetos, designadamente Instituto Politécnico do Porto (IPP), Universidade Eduardo Mondlane, Turismo do Alentejo, Esri Portugal e Museu Virtual do Turismo. João Albino Silva Licenciado, Mestre e Doutor em Economia (ISEG/UTL) e Agregado em Economia do Turismo (UAlg). Professor Catedrático, Diretor do Programa de Doutoramento em Turismo, Coordenador da Área Departamental de Economia e do Colégio de Avaliação da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve. Membro do Centro de Investigação do Espaço e das Organizações (Research Center on Spatial and Organizational Dynamics Research) da UAlg/Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). Membro das equipas de avaliação da A3ES. Tem como interesses de investigação economia do turismo e sustentabilidade, planeamento turístico, gestão e desenvolvimento do turismo, qualidade e gestão dos destinos turísticos. Jorge Abrantes Gestor de Empresas (ISEG), MBA em Finanças (UCP), Mestre em Turismo (ESHTE), Doutor em Turismo (IGOT/UL) e Especialista em Turismo e Lazer (ESHTE). Professor Adjunto Convidado da ESHTE. Foi Vogal do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal e possui vasta experiência profissional em direção e administração de empresas nos setores do turismo e da aviação comercial (TAP Portugal, Grupo Pestana, White Airways, entre outras). Foi docente do Instituto Superior de Línguas e Administração (ISLA)/Universidade Europeia, da UA e do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC). Jorge Ferraz Licenciado em Sociologia (ISCTE-IUL) e frequência da licenciatura em Economia (ISEG), Mestre e Doutor em Sociologia (UNL). Professor Adjunto da ESHTE, onde tem assumido vários cargos, designadamente os de Subdiretor e Coordenador da Área Científica de Ciências Sociais e HumaXXVI
Sobre os Autores
nas. Investigador do CICS.Nova – Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais (UNL), tendo como principais interesses de pesquisa as questões da globalização, da ideologia, da sociologia da cultura e dos estudos civilizacionais, da sociologia do turismo, do comportamento organizacional e da metodologia científica. José Manuel Simões Geógrafo, Doutor e Agregado em Geografia Humana (UL). Professor Catedrático e Presidente do Conselho de Escola do IGOT/UL. Investigador do Centro de Estudos Geográficos da UL, sendo coordenador do Núcleo de Estudos em “Turismo, Cultura e Território” (TERRITUR). Coordenador científico do Doutoramento em Turismo do IGOT/UL e da ESHTE. Urbanista e consultor em turismo e planeamento territorial. José Sancho de Sousa e Silva Licenciado em Finanças (ISEG) e Doutor em Turismo (UA). Professor da ESHTE, onde exerce os cargos de Vice-Presidente e Coordenador do Mestrado em Gestão Hoteleira. Foi Diretor-Geral do Turismo entre 1998 e 2002, tendo desempenhado igualmente outras funções na antiga Direção-Geral do Turismo e no Turismo de Portugal. Foi vogal da Direção do Centro de Estudos de Turismo da ESHTE e Presidente do Comité da Qualidade e Comércio da Organização Mundial do Turismo (OMT). Júlio Mendes Licenciado em Gestão (ISCTE-IUL), Mestre em Ciências Económicas e Empresariais (UAlg/ISEG) e Doutor em Gestão, Ramo de Estratégia e Comportamento Organizacional (UAlg). Professor Auxiliar da Faculdade de Economia da UAlg e membro da Coordenação do Programa de Doutoramento em Turismo. Diretor do Mestrado em Gestão das Organizações Turísticas. Investigador do Centro de Investigação do Espaço e das Organizações (UAlg), nas áreas da gestão e do turismo (marketing, experiência turística e gestão integrada da qualidade nos destinos turísticos).
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Lúcio Cunha Geógrafo, Doutor e Agregado em Geografia Física (UC). Professor Catedrático no Departamento de Geografia e Coordenador do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território. Tem desenvolvido trabalhos na área da geomorfologia (geomorfologia cársica, geomorfologia fluvial e património geomorfológico), geografia física aplicada aos estudos ambientais (ambiente e turismo, recursos naturais, riscos naturais) e sistemas de informação geográfica aplicados ao ordenamento do território. Luís Baptista Licenciado, Mestre e Doutor em Sociologia (FCSH/UNL). Professor Catedrático da FCSH/UNL. Diretor e investigador integrado do CICS.NOVA, FCSH/UNL. Especialista em sociologia urbana. As suas recentes áreas de investigação centram-se em temáticas orientadas para as questões levantadas pela transformação lúdica dos territórios e a mobilidade global das populações. Luís Boavida-Portugal Arquiteto (Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa – ESBAL), Mestre em Planeamento Regional e Urbano (UTL) e Doutor em Conservação do Património Arquitetónico (Universidade de Évora). Professor Coordenador da ESHTE, onde exerce a função de Coordenador da Área Científica de Planeamento Turístico. Consultor e projetista em arquitetura e urbanismo. Responsável pelo Plano XXVII
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de Gestão de Elvas (Património da Humanidade, UNESCO, 2012). Foi Diretor do Departamento de Empreendimentos e Atividades no Turismo de Portugal, IP. Luís Carvalhinho Licenciado em Educação Física e Desporto e Mestre em Gestão da Formação Desportiva (Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa – FMH/UL), Doutor em Ciências Sociais e Humanas – Ciências do Desporto (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro – UTAD). Professor Coordenador da Escola Superior de Desporto de Rio Maior (ESDRM) (Instituto Politécnico de Santarém – IPS). Investigador do CITur-Instituto Politécnico de Leiria (IPL), do CI&DETS-IP Viseu e da Unidade de Investigação (UI) do IPS. No seu percurso, coordenou a licenciatura em Desporto de Natureza e Turismo Ativo, o Mestrado em Desporto, a Área Científica de Pedagogia do Desporto e a Área de Especialização Técnica de Desporto de Natureza e Turismo Ativo da ESDRM (IPS). Mafalda Patuleia Licenciada em Turismo (INP), Mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação (ISCTE‑IUL) e Doutora em Turismo (UAlg). Professora e Diretora do Departamento de Turismo do Grupo Lusófona, Diretora e Presidente do Conselho Técnico-Científico do INP. Leciona em várias universidades nacionais e estrangeiras. Escreve regularmente em jornais ligados ao tema do turismo. Maria do Céu Almeida Licenciada em Engenharia Civil (IST), Mestre em Investigação Operacional e Engenharia de Sistemas (IST), Doutora em Engenharia Civil e do Ambiente (Imperial College of Science, Technology and Medicine, Londres) e Especialista em Turismo e Lazer (ESHTE). Investigadora Principal no Laboratório Nacional de Engenharia Civil e Professora Coordenadora Convidada da ESHTE. Consultora em turismo e formadora em atividades de aventura e na natureza, incluindo canyoning, montanhismo e manobras de corda. Maria de Lurdes Calisto Licenciada em Organização e Gestão de Empresas (ISEG), Mestre em Políticas de Desenvolvimento de Recursos Humanos (ISCTE-IUL) e Doutora em Gestão (Universidade de Évora). Docente da ESHTE, onde tem desempenhado as funções de membro da Comissão Científica Executiva do Mestrado em Gestão Hoteleira e de responsável pelo Núcleo de Empreendedorismo e Desenvolvimento Empresarial. Consultora independente e formadora nas áreas da gestão estratégica, recursos humanos e desenvolvimento organizacional. Possui vários anos de experiência enquanto gestora e empresária, e tem sido membro dos órgãos sociais da APG – Associação Portuguesa de Gestores de Pessoas. Maria José Pires Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas (UAL), Mestre em Estudos Anglísticos e Doutora em Estudos de Literatura e Cultura/Estudos Ingleses (FLUL). Professora Adjunta da ESHTE, onde tem desempenhado várias funções, entre as quais Coordenadora do Mestrado em Inovação e Artes Culinárias e Provedora do Estudante. Investigadora do Centro de Estudos Anglísticos da Universidade de Lisboa (CEAUL). Os seus principais interesses de investigação são a literatura, a cultura e os estudos da alimentação. Maria Margarida Santos Bacharel em Business Administration in Tourism Management (NHTV-Breda), Licenciada em Direção e Gestão de Operadores Turísticos (ESHTE) e Pós-Graduação em Gestão e Desenvolvimento XXVIII
Sobre os Autores
em Turismo (UAlg). Vasta experiência profissional no domínio dos cruzeiros, tendo sido diretora do departamento de cruzeiros de uma agência de navegação. Responsável pelo departamento de shore excursions/turn around de cruzeiros de um operador turístico. Mário Silva Licenciado em Desporto, variante de Animação Desportiva, Recreação e Lazer (ESDRM-IPS), Mestre em Turismo, com especialização em Planeamento e Gestão em Turismo de Natureza e Aventura (ESHTE), e Doutorando em Turismo (IGOT/UL). Docente da ESHTE. Formador e monitor em turismo e desporto de aventura e dirigente associativo (Vice-Presidente e ex-Presidente da Associação de Desportos de Aventura Desnível). Miguel Brito Curso Superior de Turismo (INP) e Curso Superior de Línguas e Literaturas Modernas, Variante de Português/Inglês (FLUL), Mestre em Relações Interculturais (Universidade Aberta), Doutor em Turismo (Universidade de Évora). Professor de Língua e Cultura Italiana e de Interpretação do Património e Diretor do Curso de Informação Turística da ESHTE. Foi guia-intérprete e correio de turismo, entre 1983 e 2001. Nuno Gustavo Licenciado em Direção e Gestão de Operadores Turísticos (ESHTE), Mestre em Lazer e Desenvolvimento Local e Doutor em Turismo, Lazer e Cultura (UC). Professor Adjunto da ESHTE, onde tem assumido vários cargos, designadamente os de Assessor da Presidência, Coordenador da Área Científica de Gestão e Membro das Comissões Científicas Executivas dos Mestrados em Turismo e Gestão Hoteleira. As suas principais áreas de investigação são a gestão de negócios turísticos e hoteleiros. Tem colaborado com diversas instituições de ensino nacionais e internacionais e participado em projetos em países como Moçambique e Cabo Verde. Patrícia Pereira Licenciada, Mestre e Doutora em Sociologia (FSCH/UNL). Professora Auxiliar Convidada da FCSH/UNL e investigadora integrada do CICS.NOVA, FCSH/UNL. Membro do Conselho de Redação da revista Fórum Sociológico e do Board da Rede de Investigação de Sociologia Urbana da Associação Europeia de Sociologia. Tem como principais interesses de investigação a gentrificação, a transformação de frentes de água urbanas, assim como as questões dos espaços públicos e da vida quotidiana na cidade contemporânea.
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Paulo Almeida Licenciado em Gestão Hoteleira (UAlg), Mestre em Gestão e Desenvolvimento em Turismo (UA), Doutor em Marketing e Comércio Internacional (Universidade da Extremadura, Espanha). Professor e Diretor da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (ESTM), membro integrado do CiTUR – Centro de Investigação Aplicada em Turismo e Executive Editor do EJTHR – European Journal of Tourism, Hospitality and Recreation, no Instituto Politécnico de Leiria (IPL). Paulo Figueiredo Licenciado em Ciências do Desporto e Mestre em Exercício e Saúde e em Ensino da Educação Física (FMH/UL), Especialista em Turismo e Lazer (ESHTE). Professor Adjunto da ESHTE, onde tem desempenhado o cargo de Diretor do Curso de Gestão do Lazer e Animação Turística. Apresenta vasta experiência como consultor, formador e coordenador de projetos de formação de atividades náuticas associadas à animação turística. XXIX
Planeamento e Desenvolvimento Turístico
Paulo Rita Licenciado em Organização e Gestão de Empresas (ISCTE-IUL), Doutor em Marketing (Cardiff University, Reino Unido), Pós-Doutoramento em E-Marketing (University of Nevada, EUA). Professor Catedrático de Marketing do ISCTE-IUL, Coordenador da Área de Especialização de Marketing do Programa Doutoral em Gestão e Diretor do Master in Hospitality and Tourism Management, em parceria com a University of Central Florida, Orlando, EUA. Membro do Comité Executivo da European Marketing Academy. Pedro Carvalho Licenciado em Organização e Gestão de Empresas (Universidade Moderna do Porto), Mestre em Marketing (Universidade Portucalense), Doutor em Gestão de Empresas na especialidade do Mar keting (Universidade da Extremadura, Espanha). Professor Adjunto Convidado do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), onde tem lecionado nas áreas de marketing e gestão. As suas principais áreas de investigação são o marketing territorial e o turismo de negócios. Para além da atividade académica, foi empresário e vencedor do Prémio do Empreendedor, na categoria da Inovação, da ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários. Pedro Moita Licenciado em Informática (UAL), Mestre em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (IST). Especialista de Reconhecido Mérito pelo Conselho Técnico-Científico da ESHTE. Professor Adjunto da ESHTE, onde tem assumido vários cargos, designadamente os de Diretor do Curso de Direção e Gestão Hoteleira e Assessor da Presidência para a área das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Professor Auxiliar Convidado do Instituto Superior de Ciências Policiais e de Segurança Interna (ISCPSI). Exerceu o cargo de Diretor-Geral da empresa de formação da APAVT – Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, Assessor/Consultor de várias entidades turísticas no domínio das TIC. Rita Peres Licenciada em Direção e Gestão de Operadores Turísticos (ESHTE), Mestre em Marketing e Doutora em Ciências Económicas e Empresariais (UAlg). Professora Adjunta da ESHTE, na Área Científica de Gestão (Marketing), onde tem assumido vários cargos, designadamente os de Presidente do Centro de Estudos do Turismo, Coordenadora do Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação e Diretora do Curso de Gestão Turística da ESHTE. Rosária Pereira Licenciada em Assessoria de Direção e Administração (INP), Master of Arts em Relações Públicas (Manchester Metropolitan University, Reino Unido) e Doutora em Turismo (UAlg). Professora Auxiliar Convidada e Coordenadora Científica da Escola de Turismo, Desporto e Hospitalidade da Universidade Europeia e Professora Adjunta da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da UAlg. Susana Filipa Gonçalves Licenciada em História (UAL), Pós-Graduada em Turismo, Ramo de Gestão Estratégica de Eventos (ESHTE), Doutoranda em Turismo (IGOT/UL e ESHTE). Docente da ESHTE, desde 2000. Certificada pela International Association of Exhibitions and Events. Os seus principais interesses de investigação centram-se nos temas da gestão de eventos e da igualdade de género.
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Sobre os Autores
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Vitor Ambrósio Bacharel em Turismo (Instituto Superior de Línguas e Administração – ISLA), Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, Variante de Inglês e Alemão (FLUL), Mestre e Doutor em Geografia e Planeamento Regional (UNL). Professor Coordenador da ESHTE. Previamente à entrada na Academia, trabalhou como promotor turístico e guia-intérprete nacional. A sua principal área de investigação é o turismo religioso.
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1 O Turismo: Caracterização e Prospetiva Jorge Umbelino
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1.1 Introdução Se perguntarmos ao cidadão comum português o que entende por turismo, ou pela circunstância de alguém ser turista, provavelmente obteremos como resposta algo próximo de “pessoas de férias a viajar”. Para além disso, muitos dos inquiridos certamente considerarão que essas pessoas hão de ser estrangeiras. Não nos parece relevante tecer considerações acerca dos motivos que levam a esta conceptualização do turismo por parte do cidadão comum, mas sabemos que, face às definições do conceito de turismo que vêm sendo atualmente produzidas nos ambientes académicos, institucionais e empresariais, este entendimento é seguramente incompleto e tendencialmente erróneo. Para além de alguns movimentos ancestrais que se costumam reconhecer como precursores do turismo moderno, os quais remontam às Idades Antiga e Média, com motivações que incluíam a vilegiatura em estâncias balneares e termais e as deslocações justificadas pela peregrinação religiosa ou pela assistência a eventos (por exemplo, de cariz desportivo), é habitual reconhecer-se o designado Grand Tour como o marco sinalizador do despontar formal dos movimentos turísticos. O Grand Tour era uma longa viagem (podia durar 3 ou 4 anos) itinerante pelos destinos clássicos do Continente Europeu, praticada pelos jovens da aristocracia inglesa desde o final do século XVII e que, depois, se estendeu à aristocracia de outros países e também à burguesia endinheirada. Esta viagem era vista como uma experiência educacional, intelectual e cultural, que completava o ciclo de formação destes jovens; cresceu como uma prática corrente ao longo de todo o século XVIII e declinou no início do século XIX, quando as Guerras Napoleónicas perturbaram a paz e o sistema logístico na Europa (Cooper, 2012). Na segunda metade do século XIX, sem prejuízo de alguns focos de instabilidade política e militar, a viagem voltou a ser um objetivo possível e desejado. A emergência e o rápido crescimento das redes e dos serviços de transporte ferroviários foram fatores muito relevantes para que esse propósito se fosse tornando uma realidade, ao qual se associou o surgimento de ofertas profissionais de promoção e apoio à viagem. Os historiadores do turismo costumam identificar Thomas Cook como o pioneiro do “agenciamento de viagens”, identificando uma excursão em comboio que organizou para mais de 500 pessoas, entre Londres e Leicester, corria o ano de 1841, como o primeiro ato com essas características. Curiosamente, a portuguesa Agência Abreu reivindica a sua fundação em 1840, ano em que Bernardo Luís Vieira de Abreu se estabeleceu no Porto com balcão aberto ao público, tendo em vista, sobretudo, intermediar e apoiar a viagem de emigrantes portugueses e galegos com destino para o Brasil. Mas seria essa atividade enquadrável no universo do turismo? Durante muitos anos, a resposta a esta pergunta seria com certeza negativa. José de Athayde(19321, apud Brito, 2003: 25), Athayde, J. (1932). Algumas notas sobre o turismo em Portugal, Separata do Anuário Comercial de Portugal.
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por exemplo, escreveu que “(…) rigorosamente o turismo consiste nas viagens por mero prazer, as que se fazem com o fim exclusivo de gozar os encantos dos países que visitam”. Com o correr do tempo e com a evolução do próprio fenómeno turístico, esta visão reducionista foi-se transformando aos olhos dos académicos que lhe dedicaram e dedicam a sua atenção, bem como aos dos chamados “profissionais do setor”. Na verdade, conceber o turismo como algo estrutural e exclusivamente ligado aos tempos alheios ao trabalho, à dimensão produtiva e às atividades que lhe são próprias, como muitos pareciam ou parecem ainda acreditar, é uma visão redutora e imperfeita deste fenómeno. O próprio José de Athayde (1932, apud Brito, 2003: 25) o reconhecia, há quase 100 anos, quando à sua definição “purista” acrescenta que “a palavra turismo, com o uso, perdeu o seu significado estrito e hoje emprega-se num sentido amplo, designando, por assim dizer, toda a sorte de viagens”. Ou seja, por um lado, existe a ideia original de turismo, por outro, a atividade económica que se desenvolveu para lhe dar corpo e que, naturalmente, tendeu a alargar horizontes e mercados (Brito, 2003). A definição oficialmente aprovada e difundida pela Organização Mundial do Turismo (OMT) diz-nos que o turismo compreende “as atividades que as pessoas realizam durante as suas viagens e estadas em lugares diferentes do seu ambiente habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, com finalidades de lazer, negócios ou outras” (OMT, 2008). O cruzamento desta formulação com as definições propostas pela OMT para “visitante” e “turista”2 acrescenta a necessidade de estas pessoas (os turistas) pernoitarem no local de visita e não terem como objetivo o exercício de uma atividade remunerada no local visitado. Isto significa que nada existe nesta definição que limite o fenómeno a determinado tipo de motivações de viagem, do mesmo modo que não se estabelecem restrições, por exemplo, no que respeita a modalidades de alojamento ou ao âmbito internacional. De uma perspetiva afirmativa, apenas se exige: i) uma deslocação para além do entorno de residência habitual; ii) um tempo de viagem que não ultrapasse 1 ano (para não se confundir com os fenómenos migratórios de natureza laboral); e iii) uma motivação de viagem que não envolva o exercício de uma atividade remunerada no local visitado. No caso específico da OMT, reconheça-se que esta conceptualização ampla promove uma dimensão do fenómeno e dos seus representantes que engrandece a organização que os representa. As motivações de viagem associadas à rubrica que a OMT designa como “lazer, recreação e férias” são muito importantes na fundamentação da atividade turística – 53% do movimento turístico internacional, em 2014 (OMT, 2016a) –, mas não a esgotam. Do mesmo modo, o conjunto de atividades que pode dar corpo ao designado “tempo de lazer”3 estende-se para além do universo do turismo, englobando oportunidades que se concretizam sem recurso a viagens, no contexto temporal e espacial do dia a dia (Figura 1.1).
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Ver, na obra referida, outras definições e conceitos estruturais relacionados com a atividade turística. O conceito de lazer, que surgiu num contexto de oposição ao trabalho e na sua dependência funcional e psicológica, é reconhecidamente complexo. Joffre Dumazedier, para muitos o primeiro cultor deste ramo da sociologia, definiu o lazer como “(…) um conjunto de ocupações às quais o indivíduo se pode entregar de sua livre vontade, seja para se descontrair, seja para se divertir, seja para desenvolver a sua participação social voluntária, a sua informação ou a sua formação desinteressada, depois de se ter libertado de todas as suas obrigações profissionais, familiares ou sociais.” (Dumazedier, 1962, apud Umbelino, 1999: 62). Nós próprios, muitos anos mais tarde, propusemos uma outra definição, a qual concebe o lazer como um tempo autónomo e não dependente do trabalho, no qual se podem desenvolver determinado tipo de atividades: “Tempo que cada pessoa afeta a atividades de sua livre escolha, sem quaisquer interesses que não os que decorram da sua vontade, assegurados que estejam os meios para a sua subsistência e uma inserção social adequada.” (Umbelino, 1999: 79). Releva não se confundir o conceito de tempo de não trabalho com o de tempo de lazer, uma vez que nem todo o tempo de não trabalho pode ser utilizado em atividades de lazer.
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2 Planeamento e Desenvolvimento Turístico Francisco Silva
2.1 Introdução Planear é preparar o futuro seguindo o caminho do desenvolvimento, geralmente encarado como um processo que visa o bem comum. Contudo, a noção de desenvolvimento tem sofrido alterações significativas ao longo dos tempos e continua a estar no centro do debate, tanto ao nível científico como político. Nas atuais sociedades ocidentais, em que Portugal se insere, um dos grandes desafios consiste em direcionar o processo de desenvolvimento para o bem comum, para a qualidade de vida das populações e para uma maior sustentabilidade, o que implica uma forte aposta no planeamento e ordenamento do território, tarefa em que o Estado assume papel determinante, mas que implica considerar e envolver todos os stakeholders e, entre estes, em particular, a comunidade e o setor produtivo. O processo de desenvolvimento é dinâmico e dependente tanto de fatores internos como externos que, com a crescente tendência de globalização, se complexificam, acentuando as oportunidades e os desafios. Neste contexto, o setor do turismo é um dos que mais tem a ganhar com a globalização, mas, em contraponto, a concorrência acentua-se e o crescimento da procura exige uma maior acutilância na gestão dos impactos, o que reforça a necessidade de aposta no planeamento e no ordenamento turísticos. Na primeira parte deste capítulo apresentam-se as noções básicas, perspetivas evolutivas e tendências atuais associadas ao desenvolvimento, planeamento e ordenamento do território, tanto ao nível geral e internacional, como à escala nacional. Posteriormente, o enfoque é direcionado para o planeamento turístico, apresentando-se as suas bases e desenvolvimento conceptual, modelos teóricos e evolução em Portugal. Na parte final são apresentadas algumas abordagens e ferramentas úteis para a elaboração de instrumentos de planeamento, tanto ao nível dos destinos, como dos produtos e das empresas.
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2.2 Do crescimento ao desenvolvimento sustentável O desenvolvimento é um processo contínuo atuante em múltiplas dimensões, que exige uma ação concertada em direção a um futuro melhor. Mas se é claro que o conceito de desenvolvimento sempre esteve estritamente associado a progresso, isso não significa que exista unanimidade em torno do mesmo. A sua interpretação tem sido moldada pelos valores civilizacionais e evoluído ao longo do tempo. Na atualidade, é comum a abordagem a esta problemática focar a história contemporânea e, em particular, o “mundo ocidental”, secundarizando outras realidades culturais, históricas e geográficas. Como destaca Samuelson (1987: 869), “a nossa interpretação dos sistemas económicos depende, fundamentalmente, do tipo de óculos que se usarem para os observar”. 21
Planeamento e Desenvolvimento Turístico
A rutura com modelos socioeconómicos que se baseavam na segregação social apenas começou a ganhar expressão com o Iluminismo, no início do século XVIII, impulsionada posteriormente por vários eventos, dos quais se destacam a proclamação da independência dos EUA (1776), a aprovação da Constituição Americana, com a inclusão de ideais humanistas (1787), e a Revolução Francesa (1789 a 1799), que teve como mote os princípios universais da “liberdade, igualdade e fraternidade”. Nestes primórdios da economia contemporânea e da Revolução Industrial, a corrente dominante traduzia-se na teoria de laissez faire ou da “mão invisível”, expressa na obra A Riqueza das Nações de Adam Smith, publicada em 1776. Esta teoria defendia a adoção de uma política económica liberal baseada numa ordem natural que se autorregula, refutando a intervenção proativa do Estado na economia. Esta perspetiva ia ao encontro das expectativas dos capitalistas e dos defensores do crescimento económico sem regulação e sem preocupações de distribuição da riqueza. As principais críticas ao modelo societal e económico liberal vigente nas economias capitalistas contemporâneas, que beneficiavam de um período de intenso crescimento económico associado à Revolução Industrial e à colonização, resultavam essencialmente da desigualdade de classes e das preocupações sobre a insustentabilidade no uso dos recursos causada pelo crescimento demográfico. Apenas na segunda metade do século XIX, com Marx, surgiu uma teoria económica assumidamente oposta, que, ao invés de se basear em modelos que privilegiam a concentração do capital e a exploração da mão de obra, defendia que a economia deveria estar ao serviço dos cidadãos, promovendo o estabelecimento de uma sociedade igualitária, sem classes sociais. Estávamos, assim, perante duas visões económicas antagónicas e extremas. Posteriormente, mesmo no seio de muitos dos defensores de políticas liberais, passou a assumir-se a preocupação com uma maior distribuição dos benefícios resultantes do crescimento económico. No início do século XX, no seio dos economistas neoclássicos, começou a afirmar-se uma corrente, precursora da moderna “economia de bem-estar”, que defendia a intervenção do Estado para reduzir a desigualdade e regular os monopólios, atenuando, assim, alguns dos seus potenciais malefícios (Samuelson, 1987). Estas políticas tiveram uma expressão significativa a partir da Segunda Guerra Mundial, com a adoção, por vários países europeus, de um modelo de desenvolvimento económico conhecido por “Estado Social”, baseado numa organização da sociedade preocupada com uma melhor distribuição da riqueza e em assegurar os serviços essenciais à qualidade de vida dos cidadãos. Progressivamente, a utilização do conceito de desenvolvimento passou a diferenciar-se do de crescimento e a incorporar tanto as preocupações de distribuição da riqueza, como a da limitação dos recursos e, posteriormente, a valorizar os aspetos qualitativos e as questões sociais e de conservação da natureza. Isso pressupôs a alteração do enfoque de curto para longo prazo, com uma visão direcionada para o desenvolvimento sustentável (Figura 2.1).
Conceito
Objetivos
Recursos
Crescimento económico
Criação de riqueza
Capital
Desenvolvimento
Desenvolvimento sustentável
Criação e repartição da riqueza Ideais humanistas Qualidade de vida das populações Criação e repartição da riqueza Conservação da natureza Qualidade de vida das populações Sustentabilidade futura Pessoas/Ambiente
Figura 2.1 – Do crescimento ao desenvolvimento sustentável
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13 A Importância da Qualidade no Turismo João Albino Silva, Jorge Umbelino e Júlio Mendes
13.1 Introdução
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Nos últimos anos, tem resultado cada vez mais claro que os conceitos de produto e de destino turístico tendem a convergir ou mesmo a confundir-se. É ao nível do destino que a coerência de produtos e serviços e a funcionalidade do conjunto dos atores se devem congregar, de modo a que os turistas desenvolvam uma boa imagem do destino e obtenham satisfação com a qualidade da experiência turística. Salvo circunstâncias excecionais, no seu processo de tomada de decisão, o turista “compra”, em primeiro lugar, um destino que precisa ou deseja visitar. Nesse pressuposto, a aquisição de serviços turísticos específicos (hotel, transportes, restaurantes) é consequência, fundamentalmente, dessa primeira decisão, pelo que, do ponto de vista do cliente, o destino deve aparecer como apetecível, fiável, seguro e atrativo. A forma como os turistas experimentam um destino pode ser compreendida como uma sequência de etapas, que se inicia com a emergência de uma intenção de visitar um determinado local, continua com a experiência de uma variedade de serviços durante a estada no destino e culmina com as memórias do destino após o regresso a casa. O julgamento dos visitantes quanto à qualidade da experiência turística resulta do grau de excelência global do destino turístico, pressupondo o envolvimento de toda a cadeia de prestação de serviços do setor e mesmo para além do que é o seu entendimento estrito, podendo valorizar o contacto com outros setores e funções habitualmente destinados a outros públicos. Neste capítulo discute-se a crescente importância da qualidade para o sistema de oferta turística, com especial ênfase na problemática da gestão global dos destinos turísticos e nos modelos de referência que a concretizam. Releva-se que não cabe nesta obra, em função dos seus objetivos gerais, designadamente, estudar o processo histórico da construção do conceito de qualidade, nem debater os sistemas institucionais que a promovem e a dimensão operacional da sua execução. Assim, para uma melhor apreensão dos conteúdos que a seguir desenvolvemos, serão aconselháveis algumas leituras complementares sobre matérias que os enquadram e/ou os concretizam.
13.2 A emergência do conceito de qualidade na oferta turística e a crescente importância da sua prática Para lá de algumas referências históricas que habitualmente se consideram como precursoras do conceito de turismo, e depois de um período de algumas décadas em que a atividade turística se circunscreveu aos interesses de uma elite privilegiada dos pontos de vista económico, cultural e da 183
Planeamento e Desenvolvimento Turístico
gestão do tempo, só na segunda metade do século XX se assistiu à afirmação deste fenómeno como um dos principais marcos económicos e sociais do mundo moderno. O crescimento explosivo do fenómeno turístico no pós-Segunda Guerra Mundial, justificado pelo incremento do tempo livre dos trabalhadores, pela melhoria generalizada do rendimento e pela disponibilização de melhores acessibilidades, rapidamente gerou focos de massificação. Ainda muitos milhões de pessoas não tinham acesso ao turismo e já outros tantos se preocupavam com a sua competitividade e sustentabilidade ambiental, social e económica (Kapiki, 2012). A qualidade tem vindo a afirmar-se como um fator-chave de competitividade do setor dos serviços, em geral, e do turismo, em particular, caracterizado por um alto grau de interações pessoais e multiculturais (Alhwairinie Foley, 2012; Tsai, Song e Wong, 2009; Bouncken, 2000). Contudo, nas empresas que compõem o essencial da oferta turística, a aceitação dos princípios associados aos sistemas de qualidade não tem sido um processo fácil. Como estes princípios tiveram origem no ambiente industrial, cujos objetivos se centram na otimização dos processos de produção, tendo em vista o incremento da produtividade, alguns agentes da oferta turística começam, desde logo, por reagir negativamente ao estabelecimento de padrões de referência para a sua atividade. No turismo, como em todas as atividades de serviços, a apreciação subjetiva do consumidor interage com o desempenho do prestador; mais, a pretensa mimetização dos padrões da oferta, por mais bem construídos que estes sejam, é tida como inimiga da surpresa e da diferenciação que, tantas vezes, é interpretada como um fator crítico para o seu sucesso (Butnarue Miller, 2012; Pires, 2012; Jennings e Polovitz Nickerson, 2006). A criação e a difusão de melhor conhecimento acerca da aplicabilidade dos princípios da qualidade ao setor dos serviços, em geral, e do turismo, em particular, têm ajudado a ultrapassar as dificuldades na sua aceitação. Sendo certo que a implementação de um sistema de gestão da qualidade tem custos associados, económicos e não só, não é menos verdade que, num ambiente de competitividade agressiva, a sua omissão pode ter custos ainda mais elevados (Evans, 2016; Pires, 2012). Hoje, é claro que não há um único modelo para assegurar a qualidade da oferta turística, nem esta se confunde com a repetição sistemática de um qualquer conceito. Da mesma forma, é reconhecido que a exigência de qualidade não é um direito exclusivo dos segmentos de luxo, ou seja, dos consumidores que pagam mais pelos serviços que adquirem. Mais ainda, sabemos que a validação da qualidade da oferta turística não se confunde obrigatoriamente com a visibilidade de uma “marca” com fins comerciais, nem com a obrigatoriedade de adesão a um qualquer processo de certificação face a um referencial. A aceitação dos princípios da qualidade no âmbito da oferta turística identifica-a com a capacidade de superação das expectativas dos clientes, o que, ainda antes da definição dos modelos operacionais de serviço, implica a capacidade de conhecer essas expectativas e de intervir sobre os processos da sua construção. Mais do que ter o foco no turista, é necessário compreender o foco do turista. Pela natureza estruturalmente flexível e evolutiva da sua prática, a busca da qualidade em turismo tem de ser entendida não como um percurso a percorrer num caminho conhecido, mas sim como um desafio permanente, uma contínua determinação em procurar sempre fazer melhor (European Commission, 2004). A adesão a processos de promoção da qualidade em turismo, sobretudo quando materializada pela atribuição de formas oficiais de reconhecimento (por exemplo, certificação do cumprimento de normas e outros referenciais ou atribuição de prémios de excelência), tende a gerar benefícios ao nível da imagem das organizações, mas, antes disso e para além disso, tende também a proporcionar um sentido de autocrítica mais aperfeiçoado e melhorias nos sistemas e processos de gestão. A evolução recente do ambiente político, económico, social e tecnológico que envolve a maioria dos agentes do setor do turismo tende a fazer romper os mecanismos de confiança, que, até há ainda poucos anos, conduziam os consumidores nos seus atos de compra de produtos turísticos: o Estado 184
14 O Planeamento de Produtos Turísticos José Sancho de Sousa e Silva
14.1 Introdução Com a elaboração do presente capítulo pretende-se concretizar uma abordagem assente no roteiro de ações que podem conduzir ao processo de planeamento dos produtos turísticos. Neste sentido, procede-se, primeiramente, a uma abordagem teórica relacionada com a conceptualização da problemática dos produtos turísticos. Na fase seguinte, abordam-se as etapas conducentes à implementação de uma estratégia de organização e desenvolvimento de produtos turísticos, particularizando-se, em cada patamar, os procedimentos e as ações aconselháveis.
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14.2 Oferta turística: Uma revisita conceptual A noção de que o turismo é uma atividade multidimensional e multifacetada explica o facto de os esforços para a sua definição serem relativamente recentes. Assim, tal como acentuam Cooper et al. (2001:42),“as definições de turismo têm uma característica particular, já que foram mais motivadas por considerações da procura do que da oferta”. Trata-se de uma realidade incontornável e que deriva da dificuldade efetiva em concretizar definições abrangentes e universais baseadas da oferta turística, como corolário da complexidade existente em isolar algumas atividades dedicadas aos turistas daquelas que, de um modo indiscriminado, também servem os residentes e outros mercados e setores. Com a Conta Satélite do Turismo (CST), a Organização Mundial do Turismo – OMT (1999) formulou não só uma nova definição técnica de turismo de aceitação universal (ótica da procura), como viabilizou as bases para uma maior delimitação do conceito de turismo através da perspetiva da oferta. Neste último domínio, e visando a avaliação económica das atividades turísticas no seio de uma economia, a OMT desenvolveu uma classificação padronizada, a qual serve de plataforma à elaboração da CST. Esta compartimentação baseia-se no reconhecimento de que o turismo é um fenómeno específico, porque é definido pelo consumidor, mais concretamente pelo visitante. Por outro lado, os visitantes adquirem bens e serviços simultaneamente turísticos e não turísticos, pelo que, no plano da avaliação, importa ligar as suas compras com a oferta global desses bens e serviços no contexto geral do destino (Silva, 2009). Assim, em termos conceptuais, os produtos específicos assumem-se como associados ao turismo, desagregando-se em produtos característicos (os quais constituem o foco da atividade turística) e conexos (que não são típicos do turismo no contexto internacional mas que podem sê-lo para um país). Os produtos não específicos têm a sua produção no seio da economia, não estão diretamente relacionados com o turismo, mas podem ser alvo do consumo turístico – por exemplo, no caso por197
Planeamento e Desenvolvimento Turístico
tuguês, o Instituto Nacional de Estatística (2002) considera neste grupo os artigos domésticos e de decoração, os produtos farmacêuticos e os aparelhos de rádio e de televisão. No que concerne aos produtos característicos do turismo, os quais constituem uma base fixa comum para todos os países, os mesmos englobam as componentes que constam da Tabela 14.1. De acordo com as leis clássicas da teoria económica, os mercados tendem a equilibrar-se pela lei da oferta e da procura, onde se postula que, alcançada a estabilidade, a tendência será para ambas variarem no mesmo sentido e dentro de parâmetros de proporcionalidade. Importa reconhecer que o turismo possui especificidades que derivam da sua exposição permanente a várias variáveis exógenas que influenciam significativamente a procura, pelo que é complexo manter situações de equilíbrio. Tal como evidencia Cunha (2006:263), “sendo elástica a procura-rendimento do turismo, o aumento do rendimento disponível provoca, a partir de certo nível, um aumento mais do que proporcional da procura turística que, porém, só poderá ser satisfeita se a oferta aumentar na mesma proporção”. Como este último aspeto dificilmente se verifica, atendendo a que a oferta turística é rígida (Beni, 2004), o que pressupõe um crescimento teoricamente mais lento da sua parte, que o desajuste pode ocorrer, na medida em que, durante o processo de restabelecimento da oferta nos níveis desejáveis, se podem ter alterado novamente as condições da procura, conferindo instabilidade ao mercado. Esta última constatação possibilita enfatizar, desde já, as vantagens da presença de mecanismos que permitam monitorizar constantemente a atividade e, adicionalmente, estabelecer critérios de programação e de focalização em sucessivos objetivos (Silva, 2009). Descrição – Atividades/produtos característicos do turismo Hotéis e outros serviços de alojamento
Código da CCP* 631
Serviços de residências secundárias por conta própria ou gratuita Serviços de restauração (alimentação e bebidas)
632, 633
Serviços de transporte de viajantes ■■ Ferroviários
interurbanos
64.111
■■ Rodoviários
6.421, 6.422
■■ Marítimos
6.511, 6.521
■■ Aéreos ■■ Serviços
661 conexos aos transportes
674, 675, 676, 677
Serviços das agências de viagens, dos operadores turísticos e dos guias turísticos
678
■■ Serviços
das agências de viagens
67.811
■■ Serviços
dos operadores turísticos
67.812
■■ Serviços
de informação turística e de guias turísticos
Leasing ou aluguer de serviços de transporte sem condutor
67.813, 67.820 7.311
Serviços culturais
962, 964
Serviços recreativos e outros serviços de lazer
965, 969
*CCP – Classificação Central dos Produtos (Organização das Nações Unidas).
Tabela 14.1 – CST Fonte: Adaptado de Organização Mundial do Turismo(1999).
198
19 Turismo Enogastronómico em Portugal: Uma Identidade, Hábitos do Passado, Caminhos com Futuro Ana Isabel Inácio e Maria José Pires
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19.1 Introdução A identidade gastronómica e enológica valoriza, distingue e enriquece a cultura de um povo e é, no olhar e no interesse do “outro”, altamente valorizada na contemporaneidade. O turismo, hoje, mais do que nunca, enaltece, a par de monumentos, de território, da música ou da arte, as especificidades culturais no campo alimentar. Apreciar e entender um povo pela sua gastronomia faz parte da experiência turística, reforça o sentimento de “autenticidade” e de “territorialidade” da oferta turística, contribuindo para o “valor da experiência”. Enquanto património cultural, a gastronomia implica, assim, inúmeras variáveis que facilitam a relação com o turismo. A questão que se coloca, no entanto, será a de como transmitir uma herança portuguesa, sem se definir o que é português, tendo em conta particularidades como as diferenças geográficas, com uma produção local característica, entre outras. Haverá certamente condicionantes, como toda uma seleção de alimentos, de procedimentos culinários e de intervenientes – desde o produtor ao consumidor. Considerando, assim, o axioma de Anthelme Brillat-Savarin (1826) de que somos aquilo que comemos, lembremos que a construção de uma “identidade gastronómica” passa pelo reconhecimento de todos os alimentos e comportamentos que fomos selecionando para a nossa dieta. Neste quadro, reformularíamos o postulado deste gastrónomo, de forma a incluir principalmente as memórias e as experiências que num momento seguinte se transformam em expectativas. Quando observamos o cerne da nossa identidade, recorremos principalmente ao património material, indagamos em particular o(s) momento(s) em que a nossa singularidade cultural se formou. Só então procuramos resgatar o intangível, o património vivo, a parte do nosso legado cultural que assenta num inconsciente coletivo. Por conseguinte, o património cultural abrange todos os atributos materiais ou imateriais com significado para a sociedade, tendo sido criado ao longo da sua história, ou seja, ele preserva a memória coletiva do que fomos e somos, como um todo, revelando a nossa identidade e apresentando os efeitos do seu processo histórico. Neste sentido, o património cultural implica uma ação consciente e criativa da Humanidade sobre o seu contexto, oferecendo às sociedades e aos grupos sociais a sua identidade própria. Assim, a enogastronomia enquanto expressão artística – uma forma de turismo cultural – não poderia deixar de nos interessar, constituindo hoje, declaradamente, um aspeto fundamental no enriquecimento da experiência turística e em simultâneo de valorização de territórios e culturas locais.
275
Planeamento e Desenvolvimento Turístico
19.2 Do património enogastronómico às práticas turísticas: Definindo um fenómeno de modernidade O turismo enogastronómico surge como uma das formas de turismo cultural, em que o gosto e o interesse pelos hábitos alimentares, gastronómicos e enológicos e o entendimento e o conhecimento dos contextos em que são produzidos constituem das principais motivações da deslocação turística. É uma forma de turismo que tem a particularidade de conjugar as características do território, das culturas e dos estilos de vida de uma determinada região, concebendo-os como produto em que os hábitos de alimentação, os alimentos e as bebidas são centrais. Promovem-se visitas ao campo, a herança e a arquitetura rurais únicas, combinam-se vinhos e comida regional, envolvendo na experiência turística de um determinado local aquilo que nele se produz e o como se produz, oferecendo-se o mito do retorno ao passado, a culturas e hábitos ancestrais. Constitui-se, atualmente, como uma das formas de turismo em crescimento. Desde muito cedo, os traços de “regionalismo” das culturas locais e as diferenças alimentares serviram de forma de distinção e valorização de destinos turísticos (Inácio, 2009). Durante a década de 30 do século XX, vários guias turísticos já incluíam páginas inteiras dedicadas às experiências culinárias de regiões, descrevendo, a par de monumentos, cidades e factos históricos, aquilo que nestas regiões se distinguia do ponto de vista alimentar. Em vários casos, e por forma a eleger matéria para estas publicações, assistiu-se a uma reapropriação de tradições, recuperando-se receitas antigas, que serviram, assim, para reforçar os traços de identidade e diferenciação das regiões turísticas. Noutros casos, (re)inventaram-se estes regionalismos de modo a existir matéria elegível nestes guias. Numa fase posterior, nos anos 50 do século XX, foram essencialmente os hoteleiros e os profissionais de restauração os mais interessados em revitalizar o tecido económico local através da promoção de cozinhas regionais. Promovia-se uma “autenticidade” histórica destas artes culinárias, como parte integrante da experiência turística e do interesse turístico de qualquer região. A imprensa da especialidade, que por essa década estava em florescimento, foi em parte responsável por esta revitalização. Porém, o processo de “industrialização” das práticas alimentares que caracterizou as sociedades modernas ocidentais ou ocidentalizadas foi-se expandindo progressivamente. Nos anos 70 do século XX, assistiu-se a uma profunda transformação nas formas de produção e distribuição alimentares, com uma crescente especialização, que resultou na produção em massa e numa considerável redução das áreas e das formas de produção de autossubsistência. Abandonaram-se as hortas domésticas e as microproduções e os produtos agrícolas conheceram um processo de transformação, processamento e gradual padronização de processos produtivos e até calibragem, que torna rigorosa essa padronização (adicionando-se conservantes, introduzindo-se formas de derivação noutros produtos, medindo-se dimensões, formatos obrigatórios, etc.), privilegiando-se as produções intensivas, de massa. Já no domínio da distribuição, assiste-se ao nascimento de grandes superfícies comerciais, megalojas, destinadas ao consumo de massas – espaços onde a alimentação se incorpora através de cadeias internacionais, multinacionais alimentares e também de comércio a retalho. Em paralelo, assiste-se a uma substituição parcial do processo de preparação de alimentos, que anteriormente era realizado nas cozinhas domésticas, pela indústria alimentar de refeições ou alimentos pré-cozinhados, ultracongelados, enlatados, genericamente processados, transformando profundamente os hábitos alimentares e a forma de confeção de alimentos nas cozinhas e lares urbanos. A nova condição da “mulher urbana” que trabalha em casa e fora dela, tendo de conciliar obrigações profissionais, familiares e sociais, cuidando dos filhos e da casa, acabou por ser um dos principais alvos desta indústria “facilitadora”, prometendo a poupança de tempo e facilitando o processo de confeção rotineira de alimentos. Também se conheceram alterações na restauração. Ganhou-se o hábito de realizar refei276
26 Os Eventos e a Animação Turística Susana Filipa Gonçalves e Jorge Umbelino
26.1 Introdução Se não restam dúvidas de que a qualidade e a diversidade da oferta turística são fatores importantes para a atratividade de um destino turístico, a forma como no século XXI se entendem estas dimensões pode estar a alterar-se. Após as necessidades básicas de sobrevivência serem cumpridas, são as expectativas e a realização pessoal que mais marcam as experiências turísticas. Neste sentido, os eventos e a animação turística podem ter um papel importante, quer na influência que têm na escolha de um destino quer após a experiência vivida, sobretudo nas memórias que perduram, podendo, no atual contexto de constante partilha, influenciar as decisões de potenciais visitantes e turistas. Apesar de se tratar de dois temas que podem ser díspares quanto ao seu enquadramento legal e formas de atuação no mercado, existem algumas características e dinâmicas partilhadas em termos de planeamento e contributo para a diversificação da oferta turística. Pretendemos, assim, discutir algumas das questões conceptuais que enquadram os eventos e a animação turística, bem como apresentar as potenciais convergências e divergências destas duas áreas de atividade, analisando a importância que podem ter no contexto do turismo e complementando o texto com alguns casos de estudo. Numa obra deste âmbito, não sendo possível aprofundar as temáticas invocadas, pretendemos apenas “abrir horizontes” e contextualizar o fenómeno, deixando pistas para abordagens mais aprofundadas e fazendo referência ao que acreditamos serem as tendências do futuro próximo.
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26.2 Eventos e animação turística: Limites e interferências Identificar o que são eventos e animação turística pode ser tido como uma tarefa relativamente simples, dado que são termos usados na linguagem corrente e, por isso, facilmente associados a situações concretas, mas pode também constituir-se como um grande desafio, sobretudo quando se pretende aprofundar e discutir os conceitos nas suas várias utilizações. Tentaremos simplificar esta abordagem, tendo como principal intuito a exploração de diferentes dimensões, embora também a sua operacionalização. Vista como complemento da base de oferta turística, a animação turística inclui as “actividades que visam contribuir para melhorar ou aumentar as condições de atracção, constituir um meio para a ocupação dos tempos livres dos visitantes ou para satisfação das necessidades e experiências decorrentes da sua permanência no local visitado” (Cunha, 2007: 262). Na aceção de Almeida e Araújo (2012), para que a animação turística possa desempenhar este papel, ela deve ser atrativa, adequada, oportuna, diversificada, controlada, segura e rentável. No sentido de concretizar qual o tipo de atividades que podem ser consideradas animação turística, o enquadramento jurídico do exercício das empresas de animação turística e marítimo-turísticas 363
Planeamento e Desenvolvimento Turístico
apresenta-as claramente como “as atividades lúdicas de natureza recreativa, desportiva ou cultural, que se configurem como atividades de turismo de ar livre ou de turismo cultural e que tenham interesse turístico para a região em que se desenvolvam” (Decreto-Lei n.º 186/2015, de 03 de setembro: 6971), incluindo no seu anexo uma descrição concreta das atividades, tal como se apresenta no Quadro 26.1. Atividades de turismo de ar livre/ /turismo de natureza e aventura ■■ Caminhadas
e outras atividades pedestres de observação da natureza ■■ Atividades de orientação ■■ Montanhismo ■■ Escalada ■■ Canyoning, coasteering e similares ■■ Espeleologia ■■ Arborismo e outros percursos de obstáculos ■■ Paintball, tiro com arco, besta, zarabatana, carabina de pressão de ar e similares ■■ Passeios e atividades em bicicleta ■■ Passeios e atividades equestres ■■ Passeios em todo o terreno ■■ Atividades em veículos não motorizados ■■ Passeios de barco ■■ Canoagem e rafting ■■ Natação em águas bravas ■■ Vela, remo e atividades náuticas similares ■■ Surf, bodyboard, windsurf, kitesurf, skimming, stand up paddle boarding e similares ■■ Pesca turística, mergulho, snorkelling e similares ■■ Balonismo, asa-delta, parapente e similares ■■ Experiências de paraquedismo ■■ Atividades de team building (quando incluam atividades de turismo de ar livre) ■■ Atividades de sobrevivência ■■ Programas multiatividades (quando incluam atividades de turismo de ar livre) ■■ Atividades
Atividades de turismo cultural/ /touring paisagístico e cultural ■■ Rotas
temáticas e outros percursos de descoberta do património ■■ Atividades e experiências de descoberta do património etnográfico (participação em atividades agrícolas, pastoris, artesanais, enogastronómicas e similares) ■■ Visitas guiadas a museus, monumentos e outros locais de interesse patrimonial ■■ Jogos populares e tradicionais
Quadro 26.1 – Atividades de empresas de animação turística Fonte: Adaptado de Decreto-Lei n.º 186/2015, de 03 de setembro:6981.
Esta dicotomia de atividades de turismo de ar livre e de turismo cultural marca a forma como se entendem e organizam as atividades de animação turística, excluindo-se claramente na alínea b) do ponto 3 do Artigo 3.º do citado Decreto-Lei a “organização de espetáculos, feiras, congressos, eventos de qualquer tipo e similares” (Decreto-Lei n.º 186/2015, de 03 de setembro: 6971). Se entendermos que um evento é um acontecimento planeado, com uma existência efémera, que se realiza em determinado local, destinado a um grupo de pessoas, tendo na sua base um ou mais objetivos, várias são as dimensões que merecem uma reflexão. Em primeiro lugar, a noção da necessidade de planeamento, uma fase preparatória que implica a organização das necessidades do evento por parte de quem o gere (Mallen e Adams, 2008). De seguida, a perspetiva temporal que marca uma grande diferença, quer em termos da forma de trabalho (normalmente associada à gestão por projeto (Bladen et al., 2012), com um início e um fim muito 364
28 Paradigmas Territoriais dos Destinos Turísticos em Portugal: O Caso das Áreas Costeiras e Áreas Urbanas Históricas Luís Boavida-Portugal e Elisabeth Kastenholz
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28.1 Introdução O planeamento dos destinos turísticos pode ser interpretado na perspetiva do planeamento do espaço, das políticas que o suportam e dos seus instrumentos. Se pensarmos no caso específico de Portugal, há duas situações territoriais que se destacam e que, por isso, utilizaremos como matriz da nossa reflexão. A primeira destas situações, ou paradigmas territoriais, será a faixa costeira do litoral atlântico, que esteve na génese da grande expansão da procura turística em Portugal e melhor reflete o modelo dominante da nossa oferta turística desde o início do seu desenvolvimento. Em conjunto com algumas cidades, sobretudo Lisboa, os destinos turísticos balneares afirmaram-se como os principais territórios turísticos em Portugal, corporizando um fenómeno com fortes repercussões, por via da pressão do turismo no uso do solo, na estruturação de um território já de si frágil. Aliás, a proximidade do mar tornou-se num “ingrediente” determinante, mesmo para produtos que não dependeriam deste recurso, como, por exemplo, o golfe ou o turismo rural. Em contraponto, interessa-nos observar a afirmação do turismo de cidades, com especial manifestação nas áreas urbanas históricas, cujo crescimento tem sido complementar, e eventualmente para mercados distintos, àqueles “destinos de sol e mar”. Sendo a cidade de Lisboa, desde há muito, um dos nossos principais destinos turísticos e apresentando-se também a cidade do Porto como destino city break cada vez mais apetecível, o reconhecimento que estes territórios patrimoniais vêm merecendo e as dinâmicas induzidas pelo turismo permitem considerar que estará aqui a emergir uma alternativa àquele modelo, com assinalável potencial. Sem iludir a sua importância, os esforços que o planeamento turístico tem desenvolvido, no sentido de reduzir os efeitos negativos – e aqui relevam os efeitos territoriais e ambientais – associados ao turismo de sol e mar massificado, passam pela aposta em territórios e produtos alternativos. Esta aposta também se justifica na perspetiva das novas abordagens do marketing turístico que se centram na experiência turística distintiva como chave da competitividade dos destinos (Binkhorst e Dekker, 2009; Buhalis, 2000), experiência essa associada tanto a novos espaços como a novas formas de usufruir dos espaços de vocação turística tradicionais. Depois de uma ênfase no turismo em espaço rural, que aqui optamos por não desenvolver, o foco tem-se dirigido para o potencial turístico dos valores do património urbano. Reconhecendo-se que o conceito de destino turístico inclui elementos funcionais e espaciais (Gunn, 2002), centrar-nos-emos nestes últimos, apresentando brevemente as problemáticas que tem defrontado o planeamento territorial do turismo em áreas costeiras e em áreas urbanas históricas em Portugal. Estarão, assim, em causa as estratégias públicas e os instrumentos de gestão que têm enquadrado o desenvolvimento destes dois paradigmas do espaço turístico. 393
Planeamento e Desenvolvimento Turístico
Introduzir-se-á ainda uma perspetiva de marketing do destino, na medida em que o sistema turístico inclui e é desenhado em função do próprio viajante, consumidor do espaço e cocriador da sua experiência (Binkhorst e Dekker, 2009), um marketing territorial que pressupõe uma orientação tanto pelo mercado como pelo próprio território, base da experiência turística (Kastenholz, 2006; Middleton e Hawkins, 1998). Na nossa opinião, este aspeto dinâmico da procura e do “consumo” do espaço por parte do mercado turístico, ao qual se associam preocupações acerca da gestão da mobilidade, dos fluxos turísticos, da localização e concentração de atrações e estabelecimentos turísticos e da capacidade de carga, não pode ser esquecido no âmbito do próprio planeamento físico do território, uma vez que este último condiciona (e poderá otimizar) as dinâmicas do uso do espaço. Esta perspetiva dinâmica de mercado e marketing de destino, ainda num contexto de competitividade face à concorrência global, complementará as reflexões sobre o planeamento territorial, para cada um dos dois tipos de destinos aqui analisados em maior pormenor.
28.2 Áreas costeiras, dinâmicas de transformação e turismo 28.2.1 Uso e transformação das áreas costeiras Numa perspetiva de planeamento espacial, o litoral marítimo constitui uma unidade territorial cuja delimitação é essencialmente biofísica, uma faixa de território na interface terra – mar, importante para muitos ecossistemas e com riscos ambientais acentuados (Brown, Tompkins e Adger, 2002). Pelas suas características e pela complexidade dos fenómenos que aqui ocorrem, o litoral tem uma capacidade de carga limitada e pode assumir diferentes configurações, quer rurais e naturais, escassamente humanizadas, quer urbanas, aqui cabendo infraestruturas portuárias e industriais. Na ausência de regulação, e perante a quantidade de interesses e stakeholders privados que refletem a valorização económica do território, a competição entre as várias atividades pela localização premeia quem puder pagar um preço mais elevado pelo solo (Prideaux, 2009). A “litoralização” de Portugal, desde a década de 60, trouxe como consequência um país profundamente assimétrico territorial e socialmente. O turismo não escapa a este padrão territorial, concentrando-se no litoral a maior parte da procura e da oferta turísticas1, sendo patentes nas motivações dos turistas, externos e internos, a prevalência do produto “sol e mar”. Acresce que, desde cedo, o desenvolvimento turístico se fixou num modelo de intensificação do uso do solo, vocacionado para o turismo de massas e com uma forte componente imobiliária (Bramwell, 2004). Sendo o litoral o principal território turístico, e face aos seus riscos naturais e antrópicos, o planeamento deste espaço tem sido muito marcado pelo esforço de proteção dos seus recursos naturais e pela necessidade de reequilibrar o modelo de desenvolvimento turístico. No entanto, apesar das orientações das políticas territoriais para o litoral e para o setor do turismo, expressas sobretudo desde a década de 80, tem sido difícil levar a cabo esses objetivos. Deve referir-se, ainda, que a capacidade de planear e intervir neste domínio é também limitada pela pulverização de entidades e competências da administração pública sobre o litoral. Como referem Schmidt et al. (2012: 23), numa perspetiva da gestão sustentável das áreas costeiras, os problemas biofísicos, sociodemográficos e da organização administrativa afiguram-se como “três grandes fragilidades (…) que lançam um desafio muito exigente”. 1
A este propósito, ver a evolução do indicador “capacidade de alojamento em estabelecimentos hoteleiros, por município” (http://www.pordata.pt/Municipios/Capacidade+de+alojamento+nos+estabelecimentos+hoteleiros+total+e+por+tipo+de+ estabelecimento-747).
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32 Espaços Naturais: O Desafio de Planear um Destino Turístico Elsa Correia Gavinho e Mário Silva
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32.1 Introdução Em resposta ao turismo massificado, e em especial na segunda metade do século XX, registou-se uma alteração na prática turística com o surgimento de formas ditas alternativas, com destaque para o crescimento, a partir dos anos 90, de uma tipologia de turistas mais preocupados com as questões ambientais e com a sua relação com os territórios visitados. Munidos de uma maior consciencialização, os consumidores passaram a exigir, cada vez mais, destinos adequados à prática de formas de turismo, também estas mais consistentes com os valores naturais, sociais e culturais, permitindo interação e partilha de experiências entre residentes e visitantes. De entre as várias formas de turismo alternativo, o turismo em espaços naturais está em especial evidência, apresentando taxas de crescimento bastante positivas e com a perspetiva de assim continuar a evoluir. Este capítulo começa por apresentar uma perspetiva sobre a emergência do turismo nos espaços naturais. Pelas suas características, estes espaços são, por norma, depositários de valores excecionais e de elevada importância para a humanidade, tornando-os muitas vezes únicos. São estas características que os tornam potenciais destinos turísticos, com a capacidade de contribuírem, ainda, para a revitalização de património natural e cultural, para estimular e diversificar as economias locais e incentivar o repovoamento das áreas rurais e de interior. O capítulo continua com um exame à presença dos espaços naturais em Portugal, cuja importância reconhecida nacionalmente seguiu o movimento ao nível mundial, com as primeiras áreas classificadas a surgirem ainda na década de 70. Atualmente, mais de 20% do território continental, 80% do arquipélago da Madeira e 16% do arquipélago dos Açores são abrangidos por algum estatuto de proteção ambiental. No nosso país, estes espaços são possuidores de grande diversidade de património natural e, embora possuam áreas livres da ação antrópica, são essencialmente territórios que refletem uma relação entre a natureza e as atividades desenvolvidas pelo Homem. No entanto, a gestão destes espaços ainda apresenta lacunas importantes, principalmente do ponto de vista dos destinos turísticos e das relações entre entidades intervenientes nos mesmos. Na última parte, desenvolve-se sobre a reflexão da importância do planeamento nos espaços naturais. O turismo nestes territórios depende muito da articulação entre todos os agentes que aí operam e, no caso dos espaços naturais, devem ainda combinar essa articulação com a proteção ambiental. Na fase final, é feita uma consideração, a título de súmula, dos temas anteriormente discutidos, aproveitando para apresentar alguns dos principais desafios que se colocam ao planeamento da atividade turística nestes espaços.
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Planeamento e Desenvolvimento Turístico
32.2 Espaços naturais e turismo 32.2.1 Emergência do turismo nos espaços naturais A atração do Homem pela natureza tem origens bem remotas e em tradições e costumes seculares, como a religião ou espiritualidade, a caça ou a pesca. É mesmo possível encontrar evidências desta relação, entre Homem e natureza, em muitas práticas e costumes que “teimam” em persistir em comunidades mais tradicionais pelo mundo, como é exemplo a gestão dos recursos naturais feita pelas comunidades berberes do Alto Atlas, em Marrocos, ou pelas populações indígenas na Amazónia, no Brasil, onde as práticas tradicionais têm sido responsáveis pela conservação ambiental do território em que se situam. Por outro lado, a exploração do desconhecido ou simplesmente o gosto pelo exercício físico e atividades ao ar livre também têm contribuído para um estreitar e perpetuar desta relação, evidenciando-se em especial na atividade turística. É incontestável que o turismo em espaços naturais tem origens bastante anteriores à procura de um turismo alternativo ao de massas, mas é nos finais do século XX que ganha maior relevância. Estas novas formas de turismo diferenciam-se do turismo de massas especialmente pelo acréscimo da importância reconhecida aos valores naturais e culturais dos destinos turísticos, bem como pela valorização da troca de experiências entre os turistas e residentes. Na última década do século XX, verificou-se mesmo uma mudança de atitude dos turistas relativamente à sua prática, acompanhada de uma maior perceção e preocupação do efeito das suas atividades sobre o ambiente e as comunidades visitadas, optando por formas mais sustentáveis de turismo. Esta mudança, associada a um crescente movimento ambientalista registado no início da década de 90, fez emergir o usualmente denominado “turista verde”, por associação à sua preocupação ambiental. Desta forma, o turismo alternativo surge como um recurso capaz de responder às expectativas dos turistas que, mais do que o descanso físico, procuram sensações ímpares e experiências marcantes em produtos e serviços distintos. Neste contexto, o turista tornou-se num consumidor mais focado na diversidade e qualidade das experiências (TP, 2011) e mais interessado pela recreação, desporto e aventura, história, cultura e natureza dos destinos turísticos, mas também mais sensível aos conflitos ambientais e sociais existentes, ou passíveis de existir, nos locais por onde passa. Em suma, os turistas, além de procurarem diversificação e exotismo, tornaram-se mais sofisticados e preocupados, demonstrando mais responsabilidade relativamente ao seu comportamento e decisões de viagens e evidenciando uma crescente preocupação pelo meio visitado. Adicionalmente, com o contacto com a natureza cada vez mais desejado pelas sociedades modernas e verificando-se uma tendência pela procura por novas experiências, mais genuínas e também mais ecológicas, o turismo em espaços naturais surge como um dos segmentos do turismo que melhor responde a esta procura, ao conjugar o usufruto da natureza, o contacto com o ambiente rural e cultura local, através de práticas bastante diversificadas. A crescente procura por práticas de turismo em espaços naturais deve-se ainda à necessidade de fuga ao quotidiano e de retorno à natureza por parte das sociedades cosmopolitas, associada à autenticidade que estes territórios preservam ao nível dos recursos naturais, histórico-arquitetónicos e culturais. Desta forma, o turismo nos espaços naturais pode mesmo distinguir-se de outros segmentos do turismo, tanto pelas motivações como pela atitude dos turistas relativamente aos espaços de elevada singularidade de recursos, de alto valor ecológico e também paisagístico. Componente fundamental do património natural, histórico e cultural, as paisagens são reconhecidamente um elemento essencial da identidade local e regional, representando mesmo um dos muitos recursos turísticos das atividades nos espaços naturais. Elas são a expressão de numerosas relações estabelecidas ao longo do tempo entre os fatores biofísicos e humanos, preservando, por sua vez, o testemunho de épocas passadas, sendo que, por meio delas, o turista pode perceber a identidade de um local. É nesse contexto que as paisagens surgem como recurso extremamente importante para 452
34 Territórios de Inovação e Turismo Alfonso Vargas-Sánchez
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34.1 Introdução Atualmente, em qualquer projeto que vise aumentar a competitividade de um dado território, o apoio à inovação não pode ser desconsiderado. A inovação é entendida como um reforço das capacidades das organizações, especialmente das empresas. Não é um sucesso (a partir de uma ideia espontânea e feliz de alguém), mas um processo que tem de ser gerido. Como qualquer outra capacidade, é o resultado de uma combinação particular e da interação de vários recursos: tecnológicos; humanos e de gestão. Recorde-se, a propósito, os 3T de Florida (2002): tecnologia, talento, e tolerância que serão apresentados em ordem inversa para uma melhor compreensão do seu fio condutor. O elemento tolerância conduz-nos à dimensão cultural da inovação. Tolerância para o erro, porque a inovação requer experimentação e admitir cometer erros para poder aprender. Tolerância porque a inovação muitas vezes surge a partir da diversidade e, portanto, requer competências para integrar o diferente (culturalmente, tecnologicamente, etc.). Além disso, a inovação deve deixar de ser algo excecional para se tornar natural, ou seja, uma parte do nosso modo habitual de fazer as coisas, um dos valores que configuram a nossa cultura organizacional. Este processo de internalizar a inovação como um valor cultural amplamente compartilhado requer uma liderança capaz de projetar uma mensagem inequívoca através de uma ação coerente ao longo do tempo. Além do mais, o sistema de educação deve ser protagonista de uma ação que permita tirar o máximo proveito da riqueza criativa dessa diversidade. O talento das pessoas tem de ser gerado, mantido e desenvolvido. O sistema de ensino investe muito para o gerar (existe até o risco de uma situação de excesso de educação), mas temos de observar em que medida é que o sistema produtivo de um determinado território o consegue reter e desenvolver ou, pelo contrário, acaba por o conduzir para outras zonas do mundo que oferecem mais oportunidades. Nesse caso, o “negócio” seria péssimo, já que significaria não receber o devido retorno do investimento feito em recursos humanos. Quanto à revolução tecnológica que vivemos, com uma aceleração sem precedentes, na verdade, ela requer pouca explicação. Por exemplo, as tecnologias de informação e comunicação (TIC), com o mundo virtual/digital da Internet e tudo o que deriva dele, estão a remodelar a economia e a sociedade, em geral. É no desenvolvimento de soluções tecnológicas para as empresas e para outras organizações ligadas ao turismo que está a maior fonte de criação de emprego com elevada produtividade e valor acrescentado. Em suma, a inovação depende, portanto, da criatividade das pessoas, da natureza das indústrias, do investimento em investigação, desenvolvimento e inovação (I+D+I). O que está por detrás da inovação é a capacidade de gerir o conhecimento, que pode ser de três tipos, entre outras classificações: analítico (o que decorre no sistema ciência-tecnologia-inovação); sintético (resultado de produzir, usar e interagir, ou seja, a capacidade de resolver os problemas concretos, consubstanciados em 481
Planeamento e Desenvolvimento Turístico
patentes, modelos de utilidade, desenhos); e simbólico (relacionado com a criatividade, a classe criativa, as chamadas indústrias criativas, vinculadas à cultura, às artes, à arquitetura, etc.). Em especial no que diz respeito a este último, o turismo tem um grande potencial. A criação de espaços industriais ou clusters de turismo ao nível local, facilitadores da interação, pode levar à configuração de sistemas de inovação com alto valor acrescentado, bem como espaços urbanos com capacidade para atrair essa classe criativa, como refere Florida (2002). Esta ideia tem sido amplamente desenvolvida a partir do conceito de “cidades inteligentes” (smart cities).
34.2 Cidades inteligentes O conceito de “território inteligente” reflete a natureza emergente das cidades como centros de conhecimento, tecnologia e inovação, o que as identifica como um novo ambiente para a inovação, em conjunto com as regiões industriais ou de aprendizagem, devido ao desenvolvimento que a Internet tornou possível (Komninos, 2002). Por seu lado, Jakinbask (in Fernández-Macho e González-Casimiro, 20091) define os territórios inteligentes como aqueles “(...) que têm uma capacidade demonstrada para a aprendizagem e para a reinvenção no que respeita às suas formas de competitividade e de desenvolvimento, as quais permitem aumentar de forma equilibrada os níveis de qualidade de vida nos domínios económico, social, natural e do bem-estar do indivíduo, relativas ao seu entorno imediato e global”. Para tornar este conceito operacional e mensurável, Giffinger (2007) estabeleceu seis dimensões fundamentais para as cidades inteligentes (economia, sociedade, governança, mobilidade, meio ambiente e qualidade de vida), que se subdividem em 31 fatores e 74 indicadores. A partir destas características, Caragliu, Del Bo e Nijkamp (2009:50) identificam uma cidade inteligente (smart city) como “aquela cujos investimentos em capital humano e social, bem como em infraestruturas de transporte tradicional e TIC favorecem o crescimento económico sustentável e uma elevada qualidade de vida, com uma boa gestão dos recursos naturais através de um governo participativo”. Embora, como foi exposto, as smart cities se fundamentem em muitas dimensões, o conceito ganhou uma interpretação tecnológica predominante, sendo esta concebida como um metafator que influencia todos os processos (Chourabi et al., 2012). Como refere o documento preparado pelo Instituto Universitário de Investigationes Turísticas, Universidad de Alicante (2015), essa interpretação tecnológica tem sido favorecida pelos interesses e pelas aplicações das empresas de tecnologia, que veem neste paradigma interessantes oportunidades de negócio.
34.3 Destinos turísticos inteligentes Do conceito geral de cidades inteligentes surge, com as suas particularidades, o ramo dos destinos turísticos inteligentes (DTI), definidos por López de Ávila-Muñoz e García-Sánchez (2013:59) como “um espaço inovador consolidado sobre a base do território e uma infraestrutura tecnológica de ponta. Um território comprometido com os fatores ambientais, culturais e socioeconómicos do seu habitat, dotado de um sistema de inteligência que capte a informação de forma processual, analise e compreenda os acontecimentos em tempo real, com o fim de facilitar a interação do visitante com o ambiente e tomada de decisões por parte dos gestores do destino, aumentando a sua eficiência e melhorando substancialmente a qualidade das experiências turísticas.” O próprio López de Ávila-Muñoz oferece uma definição mais sucinta em Porras (2015:46): “O destino inteligente é aquele que é capaz de coletar dados e usá-los para melhorar a sua própria gestão e promoção e, além disso, oferecer um melhor serviço ao turista digital”. 1
Citado pelo Instituto Universitario de Investigaciones Turísticas, Universidad de Alicante (2015:7).
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COLEÇÃO GESTÃO TURÍSTICA:
Obras de referência em Turismo para Ensino Superior e Profissionais
A afirmação do turismo como setor estruturante para a economia, sociedade e território é atualmente um valor incontestável, o que sustenta a necessidade de reforçar a atenção em torno do planeamento e do ordenamento turístico. Essa necessidade é ainda mais sentida quando se projeta a realidade portuguesa na sua aplicação, transformando esta obra coletiva numa verdadeira oportunidade. A diversidade do texto é útil face à abrangência do público-alvo, que integra um vasto grupo genericamente caracterizável como agentes do setor do turismo, incluindo os profissionais que atuam nas suas dimensões pública e privada, mas prestando especial atenção aos estudantes desta área do conhecimento, nos seus diversos níveis de ensino e tipologias. Tratando-se de uma temática com uma abrangência alargada, para facilitar a sua consulta, esta obra foi organizada em três partes – na primeira, são abordados conteúdos estruturantes e transversais a toda a atividade turística; na segunda, o enfoque é o planeamento de produtos, selecionados pelos coordenadores como importantes ou inovadores para o território nacional; e a última parte versa sobre os principais tipos de destinos turísticos.
ISBN 978-989-752-230-7
9 789897 522307
www.lidel.pt
A opção de envolver uma vasta equipa de autores, entre docentes e investigadores que se dedicam ao turismo e congregam uma grande diversidade de formações académicas de origem, de gerações e de experiências profissionais e de vida, é certamente uma das mais-valias desta obra, pois permite oferecer um invulgar somatório de saberes e uma expressiva riqueza de perspetivas e de tratamento dos conteúdos.