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FICHA TÉCNICA DIRETOR
EDITORES ASSOCIADOS
Bruno Santos
ILUSTRAÇÕES João Paiva.
TEMAS EM REVISÃO
EDITOR-CHEFE Daniel Nunez
André Villarreal, Guilherme Henriques, João Nuno Oliveira, Vasco Monteiro.
COMISSÃO CIENTÍFICA
HOT TOPIC
Ana Rita Clara,
Dénis Pizhin.
FOTOGRAFIA Pedro Rodrigues Silva, Maria Luísa Melão, Solange Mega.
Ana Silva Fernandes, Carlos Raposo,
RUBRICA PEDIÁTRICA
Cristina Granja,
Cláudia Calado, Mónica Bota.
Eunice Capela, Gonçalo Castanho, José A. Neutel, Miguel Jacob,
CASO CLINICO ADULTO 2 Noélia Alfonso, Rui Osório.
Miguel Varela, Nuno Mourão, Pilar Crugeiras,, Rui Ferreira de Almeida,
Ana Raquel Ramalho, Marta Soares.
Stéfanie Pereira,
CASO CLINICO NEONATAL/TIP
Vera Santos.
Nuno Ribeiro, Luísa Gaspar. BREVES REFLEXÕES SOBRE A EMERGÊNCIA MÉDICA Inês Simões.
CARTAS AO EDITOR Catarina Jorge, Júlio Ricardo Soares.
VAMOS PÔR O ECG NOS EIXOS Hugo Costa, Teresa Mota.
LIFESAVING TRENDS Alírio Gouveia.
Periodicidade: Trimestral Linguagem: Português
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DESIGN Luis Gonçalves (ABC).
CASO CLINICO PEDIÁTRICO
Sérgio Menezes Pina,
ISSN: 2184-9811
AUDIOVISUAL Pedro Lopes Silva.
Propriedade: CENTRO HOSPITALAR UNIVERSITÁRIO DO ALGARVE Morada da Sede: Rua Leão Penedo. 8000-386 Faro Telefone: 289 891 100 | NIPC 510 745 997
PARCERIAS
EDITORIAL Caríssimos leitores, Damos as boas vindas a este Novo Ano de 2022, desejando encará-lo como um novo recomeço, e como uma fonte de novas oportunidades, e do renascer de novos projetos. A Equipa Editorial das publicações LIFESAVING, mantém o espírito de efetivo gosto pela partilha do conhecimento, e pela difusão de conceitos e experiências entre pares. Do mesmo modo, pretende também continuar a marcar a diferença apresentando publicações com um design editorial elegante e de vanguarda, prezando pela criatividade e originalidade. Esta 1ª edição de 2022 da revista LIFESAVING Scientific, que inicia e abre o seu volume 2 de publicações, divulga um conjunto de artigos de enorme interesse, sobre diversas temáticas da emergência médica, e que foram submetidos aos procedimentos de revisão de pares, da responsabilidade da nossa Comissão Científica. Em grande destaque na capa da edição, confrontamos o leitor com a expressão artística da inquietação e turbulência que doente agitado ou agressivo gera no ambiente pré-hospitalar, e que convida à leitura deste artigo de revisão, inserido na rubrica Hot topic. O leitor poderá ainda encontrar duas revisões temáticas na área da traumatologia e medicina de catástrofe, respeitantes à abordagem inicial do adulto traumatizado, e aos métodos de triagem em situações de exceção, respetivamente. Em estreia nesta edição, destaca-se a nova rubrica “LIFESAVING trends”, que privilegia a divulgação de novidades tecnológicas, de dispositivos inovadores, ou de atualizações de equipamentos ou práticas atuais, e que nesta edição estreia com um comentário ao primeiro estudo mundial sobre o papel dos drones na entrega de um Desfibrilhador Automático Externo (DAE), no contexto de Paragem Cardiorrespiratória (PCR) em cenários reais. Muitos outros temas de interesse são tratados nas habituais rubricas da publicação, destacando-se uma reflexão breve sobre o impacto psicológico da pandemia COVID-19 nos profissionais da emergência médica, um caso clínico de neonatalogia, duas cartas ao editor e mais um eletrocardiograma analisado e descodificado. Renovamos um especial agradecimento aos nossos Leitores e Seguidores, de modo especial aos Colaboradores nesta edição, e a toda a Equipa de Editores e Revisores, não esquecendo as mais diretas parcerias de divulgação, promoção e desenvolvimento deste Projeto Editorial. A todos um bem-haja! Bruno Santos Coordenador Médico das VMER de Faro e Albufeira Diretor do Projeto LIFESAVING
bsantos@chalgarve.min-saude.pt
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ÍNDICE 09
ARTIGO DE REVISÃO I Métodos de Triagem Pré e Intra-Hospitalar em situações de Catástrofe – Revisão Integrativa da Literatura
21
ARTIGO DE REVISÃO II Considerações da Abordagem Inicial ao Adulto Vítima de Trauma
33
HOT TOPIC Abordagem do Doente Agitado ou Agressivo no Pré-hospitalar
45
ARTIGO DE REVISÃO NEONATALOGIA/TIP Hipotermia Induzida: Tratamento e Transporte de Recém-nascido com Encefalopatia Hipóxico Isquémica Neonatal
55
REFLEXÕES BREVES SOBRE A EMERGÊNCIA MÉDICA O Impacto Psicológico da Pandemia COVID-19 nos Profissionais de Emergência Pré–hospitalar [EPH (VMER, HELI, SIV, Bombeiros, …)]
59
CARTA AO EDITOR Ácido Tranexâmico e TCE (Traumatismo Crânio-Encefálico) Isolado: Considerações sobre o Estudo CRASH-3
63
CARTA AO EDITOR O Algoritmo Barcelona no Enfarte Agudo do Miocárdio no Bloqueio Completo de Ramo Esquerdo
67
LIFESAVING TRENDS - INOVAÇÕES EM EMERGÊNCIA MÉDICA Drone-DEA: Estará o Futuro mais Próximo?
71
VAMOS PÔR O ECG NOS EIXOS Enfarte Agudo do Miocárdio Posterior – Como Desvendar o Lado Oculto do Coração.
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6
5a8 ago organização:
6
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Celebração do 5º Aniversário da LIFESAVING no Fórum FNAC de Faro: •
Exposição de pinturas e gravuras originais publicadas na Revista LIFESAVING
•
Apresentação à Comunidade dos algoritmos: ”O que fazer em caso de...”
•
Apresentação dos projetos LIFESAVING - Revista de Emergência Médica e LIFESAVING - SCIENTIFIC
apoio FNAC
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ARTIGO DE REVISÃO I
ARTIGO DE REVISÃO I
MÉTODOS DE TRIAGEM PRÉ E INTRA-HOSPITALAR EM SITUAÇÕES DE CATÁSTROFE – REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA PRE AND INTRA-HOSPITAL SCREENING METHODS IN CATASTROPHIC SITUATIONS - INTEGRATIVE LITERATURE REVIEW Marlene Pereira1, Dulce Santiago2 , Vasco Monteiro3, Milai Palminha1, Sandra Nunes1 Enfermeira, Instituto Nacional de Emergência Médica, INEM Professora adjunta, Instituto Politécnico de Beja 3 Enfermeiro, Instituto Nacional de Emergência Médica, INEM 1
2
RESUMO
triagem mais utilizado, a nível mundial,
human resources and material relief
OBJETIVO: O conceito de catástrofe
na área do pré-hospitalar. Pelo
and the victims to be rescued. The
muito para além da sua definição
contrário, no intra-hospitalar a escolha
goal to be achieved in this type of
baseia-se em três componentes:
varia, não existindo um consenso na
situation is clearly to minimize
afluxo intenso de vítimas, destruição
escolha do mais indicado.
mortality and morbidity. The objective
de ordem material e
CONCLUSÃO: De modo a garantir a
of this study was to analyze the
desproporcionalidade acentuada
segurança no cumprimento do
prehospital and in-hospital screening
entre os meios humanos e materiais
algoritmo e a proficiência é necessário
response in a catastrophic situation.
de socorro e as vítimas a socorrer. A
realizar formação contínua. Um
METHODS: Integrative literature
meta a atingir neste tipo de situações,
sistema padronizado facilitará no
review, carried out through the
é claramente, minimizar a
desempenho das equipas de saúde e
research of articles in EBSCOhost
mortalidade e a morbilidade.
permite uma melhoria da qualidade na
database and published in the period
O objetivo deste estudo consistiu em
gestão de vítimas de catástrofe.
between 2012-2018.
analisar a resposta da triagem
O método mais expandido a nível
RESULTS: It is of the utmost
pré-hospitalar e intra-hospitalar numa
internacional é o método S.T.A.R.T. ,
importance that interventions carried
situação de catástrofe.
no entanto, cada serviço pode adotar
out in a disaster situation are not
MÉTODOS: Revisão integrativa da
o método que melhor se identifica
carried out in a loose and anarchic
literatura, realizada através da
com a sua realidade de atendimento,
way. For all screening methods,
pesquisa de artigos em base de dados
uma vez que não está comprovada a
training is systematically developed.
EBSCOhost e publicados no período
não eficácia dos outros métodos.
The S.T.A.R.T. Simple Triage and
compreendido entre 2012-2018. RESULTADOS: É de suma importância
Palavras-Chave: enfermagem, catástrofe, triagem, método.
que as intervenções executadas numa
Rapid Treatment is one of the most widely used screening methods in the prehospital area worldwide. On the
situação de catástrofe não sejam
contrary, in the hospital the choice
realizadas de forma solta e anárquica.
ABSTRACT
varies, and there is no consensus in
Para todos os métodos de triagem, os
OBJECTIVE: The concept of
choosing the most indicated.
treinos são desenvolvidos
catastrophe, beyond its definition, is
CONCLUSION: In order to guarantee
sistematicamente.
based on three components: intense
safety in the fulfillment of the
O método S.T.A.R.T. Simple Triage and
influx of victims, material destruction
algorithm and the proficiency it is
Rapid Treatment, é um dos métodos de
and marked disproportion between
necessary to carry out continuous
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9
training. A standardized system will
que ultrapassa a logística normal de
exceção. Significa desta forma,
facilitate the performance of health
socorro, tratando-se desta forma de
realizar uma rápida avaliação,
teams and improve quality in disaster
uma situação de exceção4.
classificando-as em graus de
management. The most
Quando chamados a intervir num
prioridade de atendimento que
internationally expanded method is
evento com as caraterísticas
necessita, em função da maior ou
the S.T.A.R.T. method. , however, each
mencionadas anteriormente, é de
menor gravidade do seu estado geral
service may adopt the method that
suma importância que essa
e das expectativas de sobrevivência6.
best identifies with its service reality,
intervenção não se realize de forma
Face ao exposto foi considerado
since the non-effectiveness of the
solta e anárquica. Pelo contrário,
pertinente a execução de uma revisão
other methods is not proven.
prevê-se uma resposta com um grau
integrativa sobre o tema em epígrafe
de complexidade acrescida,
com o objetivo de analisar a resposta
pressupondo-se que essa mesma
da triagem pré-hospitalar e intra-
resposta se baseie numa atuação
-hospitalar numa situação de catástrofe.
Keywords: nursing, catastrophe, screening, method
INTRODUÇÃO As palavras, como sabemos, têm vida e sobretudo os conceitos que encerram. O termo catástrofe deriva de Grego Katastrophé, que significa ruína, transtorno, desenlace dramático1. Segundo a Lei de Bases da Proteção Civil, “Catástrofe é o acidente grave ou a série de acidentes graves suscetíveis de provocarem elevados prejuízos materiais e, eventualmente, vítimas, afetando intensamente as condições de vida e o tecido socioeconómico em áreas ou na totalidade do território nacional.”2. O conceito de catástrofe muito para além da sua definição estabelece as bases em três componentes: 1. Afluxo intenso de vítimas; 2. Destruição de ordem material; 3. Desproporcionalidade acentuada entre os meios humanos e materiais de socorro e as vítimas a socorrer3. Há no entanto uma noção fundamental que deve ser retida: existe sempre, nos primeiros momentos um desequilíbrio entre os meios humanos (quantidade) e materiais de socorro (qualidade) e as necessidades que se apresentam, consubstanciando-se uma situação
10
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sistematizada, integrada e interligada à atuação de outros profissionais, de
DESENVOLVIMENTO
acordo com plano estruturado,
Procedimentos Metodológicos de
organizado e bem delineado, com 10
Revisão Integrativa
respetivo treino, de forma a potenciar
A realização da presente revisão
e maximizar o rendimento dos meios
integrativa, realizada em linha com as
humanos e materiais de socorro5.
recomendações da The Joanna Briggs
Assim sendo, qualquer evento que
Institute (2014)7, sendo a pergunta de
possa causar um impacto severo nas
revisão formulada segundo o modelo
rotinas dos serviços de saúde deve ser
PICO (Pessoa/População/Problema,
considerado o limite para a ativação
Intervenção, Comparação, Resultados
de um plano de nível apropriado de
– Outcome): Qual o método de
forma a maximizar e os recursos.
triagem (O) mais frequentemente
Tratando-se de uma situação com um
utilizado numa situação de catástrofe
elevado desequilíbrio entre número de
(I) pelos profissionais de saúde (P)?
vitimas e os recursos existentes, é
A pesquisa foi realizada no dia 10 de
certo que o paradigma de atuação
Janeiro de 2018, na base de dados
altera-se, procurando assim,
EBSCOhost em Português e Inglês
proporcionar rapidamente o maior
com os seguintes tema/palavras de
benefício para o maior número de
pesquisa: enfermagem (nursing),
vítimas, a fim de minimizar a
desastre (disaster), catástrofe
mortalidade/morbilidade, e
(catasthophe), triagem (screening),
simultaneamente, a de minimizar os
método (method) organizados
efeitos indiretos consequentes da
segundo os operadores booleanos
situação de exceção, dentro da
para a pesquisa:
população afetada4.
•
Nursing AND Disaster AND
Três princípios básicos no atendimento
Catástrofe AND Screening AND
dessas situações são fundamentais:
Method
triagem, tratamento e transporte5.
•
A pesquisa foi limitada ao
A triagem é uma ferramenta de
período de tempo 2012-2017.
gestão, destinada a atingir os
Foram apenas considerados
principais objetivos em situações de
estudos/artigos disponíveis em
ARTIGO DE REVISÃO I
texto completo. •
Tendo sido definidos, face ao tema e objetivos definidos, como critério de inclusão:
•
Tipo de Participantes – profissionais de saúde
•
Fenómeno de interesse – métodos de triagem
•
Tipo de outcomes – métodos de triagem, nomeadamente quais são, quais os mais comuns e quais os que apresentam mais vantagens.
Aplicando a metodologia de pesquisa e os critérios de inclusão foram obtidos 41 estudos para análise e extração. Os artigos foram sujeitos a três etapas de avaliação com crescente grau de profundidade, com o objetivo de rejeitar aqueles que não respondiam aos critérios de inclusão definidos. Assim, foram realizadas leituras do título, do resumo e, em último, do texto completo, tendo sido, em cada uma destas leituras,
Figura 1. Fluxograma de triagem de artigos
excluídos artigos pelo não alinhamento com os critérios de
metodologia utilizada, os objetivos
necessário, recursos existentes e para
inclusão. Foram também aplicadas,
definidos pelos autores, os principais
uma escolha mais apropriada do local
em conjunto com a análise de texto
resultados e conclusões.
de tratamento final.
completo, as Critical Appraisal Tools
A triagem é um processo progressivo,
emanadas pela The Joanna Briggs
TRIAGEM
contínuo e dinâmico, em que devem
Institute (2016)8 com o propósito de
A palavra triagem tem a sua origem
ser considerados os seguintes
avaliar a qualidade metodológica para
no verbo francês trier que significa
fatores: a natureza, a extensão e
a possível inclusão nesta revisão
separar, selecionar ou escolher.
gravidade das lesões, o prognóstico, a
integrativa. No final desta seleção foi
Sendo a mesma, assumida como um
mudança na condição da vítima,
obtida uma amostra de 3 estudos.
passo imprescindível de qualquer
eficácia do tratamento, idade da
Todo o processo encontra-se descrito
sistema de resposta a situações de
vítima, número de vítimas, cultura e
na figura 1.
catástrofe envolvendo uma situação
fatores religiosos10.
de multi-vitimas6.
É designadamente, uma situação que
RESULTADOS E INTERPRETAÇÃO
De acordo com ATLS (2008)(9), a
requer uma decisão difícil, em
Com o objetivo de facilitar a extração e
classificação do risco em atendimento
ambiente adverso e dramático, com
a síntese integrativa de informação dos
pré-hospitalar torna-se viável a partir
défice de informações, sob pressão
documentos foi utilizada uma tabela,
da realização de triagem, um
emocional, sustentada em critérios de
construída para o efeito (tabela 1), com
instrumento decisivo para o
sobrevivência e com meios de
o intuito de os sintetizar identificando
atendimento clínico das vítimas em
socorro limitados3. A perícia e a
o título do artigo, autor, ano, a
consonância com o tipo de tratamento
experiência do elemento triador,
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ARTIGO DE REVISÃO I
TÍTULO/ AUTOR/ ANO
Utstein-Style Template for Uniform Data Reposting of Acute Medical Response in Disasters/ Debacker, et al/2012
The development and features of the Spanish prehospital advancer triage method (META) for mass casualty incidentes/ González et al/2016
Atendimento de emergência realizado por profissionais de enfermagem, médico, bombeiros e demais profissionais treinados a vítimas de acidentes e catástrofes/ Campos/2015
METODOLOGIA
Estudo observacional retrospetivo
Revisão literária
Estudo descritivo exploratório
OBJETIVOS
Comparação entre sistemas de resposta médica e melhoria da qualidade na gestão de vítimas de desastres
Investigar o processo de desenvolvimento do novo método de triagem avançada pré-hospitalar (META) e explicar as suas principais características e contribuição para sistemas de triagem préhospitalar em acidentes multivítimas
Definir situações de acidentes de grandes proporções. Identificar sistemas de triagem. Organizar sistemas de atendimento.
RESULTADOS E CONCLUSÕES
Relativamente ao método START, foram identificados 100% de sobreviventes de “categoria imediata”. É aí que a triagem pode causar maior impacto na resposta médica aguda na gestão do número de vítimas. O resultado desses sobreviventes da “categoria imediata” é um bom indicador da eficácia dos cuidados médicos em desastres. Sabe-se que um pequeno intervalo entre a lesão inicial e o tratamento médico definitivo oferece as melhores hipóteses de sobrevivência, encurta o período de convalescença e reabilitação e diminui a incapacidade funcional. Prevê-se que o modelo de Utsteinstyle permita uma conclusão melhor e mais precisa dos relatórios sobre a resposta médica de desastre e contribua para evidências científicas e conhecimentos relacionados com gestão médico de desastres, a fim de otimizar as intervenções do sistema de resposta médica e melhorar os resultados das vítimas de desastres.
Quarenta e cinco parâmetros foram identificados na revisão da literatura como potencialmente utilizáveis num método de triagem avançada em acidentes multi-vítimas. Oito desses 45 parâmetros identificados eram parâmetros do tipo anatómico, 19 eram parâmetros do tipo fisiológico, 9 eram parâmetros relacionados com o tipo de lesão e 9 estavam relacionados com condições ou circunstâncias da vítima. Dezassete dos 45 parâmetros estudados foram considerados significativamente relevantes (p <0,05) para potencial inclusão no META. Levando em consideração esses resultados, o painel de especialistas organizou os parâmetros selecionados para projetar o método de triagem final, que se baseia principalmente nos protocolos ATLS e na triagem de campo do paciente de trauma grave para detectar lesões cirúrgicas potencialmente fatais.
No processo de triagem para iniciar o socorro no local do desastre, um dos métodos mais utilizados são: o START- Simple Triage And Rapid Treatment que identifica as vítimas por fitas coloridas, etiquetas ou cartões de triage. Outro método é o C.R.A.M.P – Circulação, Respiração, Abdome, Motor ou Movimento e Psiquismo ou Palavra. A tabela C.R.A.M.P. é utilizada com o mesmo objetivo da tabela S.T.A.R.T., com o diferencial que a tabela C.R.A.M.P. possui parâmetros mais específicos devendo então ser utilizada por médicos. O método A.B.C.D.E. do trauma: Vias Aéreas, Respiração, Circulação, Neurológico, Exposição. Cada item avaliado na triagem sugere o passo seguinte no socorro. Nos estudos realizados o método STAR atuou corretamente em 92,5% dos casos, o método ABCDE atuou corretamente em 92,5% dos casos e o método CRAMP atuou corretamente em 42,5% dos casos. Diversos métodos de triagem permitem estabelecer prioridades no atendimento de emergências médico- cirúrgicas. O Método CRAMP é um dos mais difundidos internacionalmente para o atendimento préhospitalar ficando o método STAR para a traigem no pré-hospitalar.
LIMITAÇÕES/ RECOMENDAÇÕES
Limitações: Embora as intervenções de saúde pública e o suporte à saúde mental possam ser parte da resposta médica aguda, este estudo focará apenas o atendimento agudo de vítimas fisicamente feridos ou doentes, desde o momento do incidente até ao tratamento definitivo. Recomendações: A triagem rápida e precisa das lesões em cada nível da cadeia de cuidados médicos é a pedra angular da eficácia de tal sistema. Nenhuma decisão de triagem deve ser considerada final, desde que a situação de desastre esteja a decorrer. Limitações: O método META de triagem foi desenvolvido num país com um sistema de saúde específico, típica de sistemas de saúde pública europeus com cobertura universal. Seria necessário considerar como a sua aplicabilidade é afetada em países com características muito diferentes deste contexto. Recomendações: META é um modelo de triagem pré-hospitalar avançada e é uma ferramenta a ser utilizada por médicos e enfermeiros treinados como provedores de apoio à vida de trauma avançado, mas também por profissionais paramédicos com educação, conhecimento e habilidades avançadas em tratamento de vítimas com trauma agudo grave.
Limitações: Foi realizado uma vasta pesquisa de artigos à procura de dados que mensurassem a eficácia dos métodos descritos no referido trabalho, porém a literatura ainda não tem muitos dados publicados a esse respeito especificamente. Recomendações: A triagem deve ser considerada um processo contínuo, ou seja, constantemente deve ser repetida em cada vítima, mesmo para as que já receberam um socorro inicial. Para a eficácia no atendimento a situações multi-vítimas é crucial que os profissionais sejam treinados e tenham conhecimentos reciclados regularmente de modo a estarem sempre atualizados com o objetivo de maior eficácia no atendimento, e com isso menor mortalidade e morbilidade.
Tabela 1. Síntese das evidências encontradas
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13
determinam a eficácia e a fiabilidade
•
Determinar o nível de urgência;
orientação: simples, objetivos,
da triagem, pelo que é recomendado
•
Implementar utilização criteriosa
padronizados e rápidos,
de recursos críticos;
concomitantemente relacionados
a presença de elementos diferenciados no posto de triagem.
•
Documentar as vítimas;
com o estado geral da vítima e com o
Assim, considerando o descrito, são
•
Controlar o fluxo das vítimas;
prognóstico de evolução do mesmo.
apresentados métodos de triagem
•
Controlar o fluxo das vítimas;
baseados em esquemas, que por sua
•
Determinar áreas de cuidados/
MÉTODO S.T.A.R.T.
vigilância;
Método S.T.A.R.T. (Simple Triage and
Distribuir os profissionais por
Rapid Treatment) Triagem Simples e
áreas de assistência;
Tratamento Rápido, criado em 1983
Iniciar medidas terapêuticas.”
na Califórnia (EUA) pelas equipas do
vez, apresentam algoritmos de decisão como opções estruturadas,
•
facilitadoras e indutoras de raciocínio e não menos importante
•
promotoras de uniformidade e
Hoag Hospital e Newport Beach Fire
sistematização de critério11.
A triagem pode ser dividida em duas
Department. Apresenta-se como um
Dos principais fatores que influenciam
fases: triagem primária e triagem
método simples, fácil e rápido, e tem
a triagem destacam-se: tipo de
secundaria. A triagem primária é uma
como objetivo racionalizar e organizar
gravidade das lesões/doenças, número
triagem preliminar, inicial, rápida,
a atuação das equipas por meio de
de sobreviventes e organização
realizada na própria zona quente, 14
atribuição de prioridades às vítimas,
espácio-temporal dos mesmos10.
porém caso se verifique risco
sendo possível triar cada uma até 60
O enfermeiro que atua na
iminente que possa por em causa a
segundos14. São permitidas pequenas
classificação de risco ou triagem tem
integridade das equipas de socorro, a
manobras como abertura manual das
o papel de avaliar o estado de saúde
mesma passa para uma zona fria,
vias aéreas e controle de hemorragias
da vítima. Esta avaliação é baseada
sendo neste caso, as vítimas
externas. O método baseia-se na
na identificação da queixa principal,
removidas da zona de catástrofe
avaliação da respiração, circulação e
avaliação física sistematizada e
prontamente e de modo aleatório.
nível de consciência, dividindo as
pormenorizada que permita uma
Nesta primeira fase, pretende-se
vítimas em prioridades3. O mesmo
identificação de sinais e sintomas a
essencialmente determinar o número
utiliza a avaliação de alterações com
fim de conduzir a padrões normais ou
de vítimas, tipo e gravidade das
o objetivo de identificar a ordem do
alterados, culminando com o
lesões e identificar indivíduos
que mata mais rápido. Para realizar
julgamento da probabilidade de risco
gravemente lesionados que
esta triagem são usados
da vítima12.
beneficiarão de cuidados imediatos10.
discriminadores como: Vítima anda?
A triagem secundaria é uma
Ferida?; Respira? Frequência
METODOLOGIA
reavaliação da condição da vítima, um
respiratória (FR)?; Frequência
A finalidade da metodologia é prestar
processo contínuo, que pode ser
cardíaca (FC)?
assistência precoce através da rápida
efetuada na entrada do posto médico
O protocolo de classificação de risco
classificação das vítimas, em
avançado (PMA), pretendendo triar de
ou triagem deve ser realizado a partir
concordância com gravidade do seu
forma mais criteriosa um grande
de cores, sendo a cor um elemento
estado geral e as hipóteses de
número de vítimas13.
identificativo da lesão ou gravidade
sobrevivência, atribuindo-lhe uma
do estado clínico da vítima indicando
respetiva prioridade14.
MÉTODOS
a prioridade de atendimento e
Segundo o Instituto Nacional de
A multiplicidade dos métodos de
evacuação. Através destes
Emergência Médica3 a “triagem tem
triagem ocasiona diferentes sistemas
parâmetros as vítimas são divididas
como objetivos principais:
de identificação de prioridade relativa
em quatro prioridades de atendimento
•
Assistência precoce;
às vítimas. No entanto, apesar da
identificadas pelas respetivos cores15.
•
Aplicação de manobras “life-
diversidade de métodos os mesmos
Cartão vermelho – prioridade 1
saving”;
devem seguir as mesma linhas de
(Vítima emergente)
14
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ARTIGO DE REVISÃO I
A vítima apresenta ferimentos graves com lesões severas, correndo risco iminente de vida. São geralmente consideradas vítimas com amputações, em choque, hemorragia severa, lesões arteriais, lesões da face ou olhos, lesões intra-abdominais, problemas respiratórios graves, queimaduras profundas e extensas. Requerem tratamento imediato. Cartão amarelo – prioridade 2 (Vítima grave) Vítima que necessita de atendimento urgente, por se tratar de lesões graves, no entanto, a mesma pode aguardar por atendimento local e evacuação. Geralmente verifica-se trauma da extremidades, traumatismo crânio-encefálico ligeiro, queimaduras
Figura 2. Fluxograma de triagem método S.T.A.R.T.
de menor grau e ferimentos com hemorragia facilmente controlada. São vítimas que rapidamente podem deteriorar o estado clínico, havendo necessidade de uma reavaliação. Cartão verde – prioridade 3 (Vítima não grave) São vítimas que apresentam alguma estabilidade, podendo aguardar por tratamento durante horas ou até mesmo dias. Estas vítimas aguardam sentadas ou deambulam, apresentando lesões minor e que devem ser alvo de nova triagem posteriormente. Geralmente as lesões apresentadas
Figura 3. Fluxograma de triagem método C.R.A.M.P.
são: contusões, hematomas,
por exemplo, perda de massa
MÉTODO C.R.A.M.P.
escoriações e pequenas lesões sem
encefálica, esmagamento do tronco
A sigla surgiu da reunião das iniciais
risco de causar danos maiores.
e inceneração.
das seguintes palavras: C circulação,
Cartão preto (Morto)
Após triagem inicial e identificação da
R respiração, A abdómen, M motor ou
Vítimas em óbito ou com lesões de
respetiva prioridade, as vítimas são
movimento, P palavra. A avaliação da
extrema gravidade e cujo
estratificadas do local da catástrofe e
vítima é realizada em cinco etapas.
prognóstico apresenta pouca ou
encaminhadas para a respetiva área
No final de cada etapa e, em função
quase nula a probabilidade de
correspondente à cor do cartão,
do estado geral avaliado, pontua-se
sobreviver. Neste tipo de lesões
localizado na zona fria, no posto
da seguinte forma: exame normal –
enquadra-se traumatismos severos
médico avançado (PMA) .
dois pontos, exame alterado – um
ou múltiplos traumas graves, como
15
ponto, exame grave – zero ponto.
Indice
15
No final do exame geral, a soma da pontuação de cada um dos estágios do método define o score de prioridade de atendimento14. CLASSIFICAÇÃO DAS VÍTIMAS Preto: óbito Vermelho: vítimas com lesões graves com risco de morte nas próximas duas horas. C.R.A.M.P.: 2 A 6 Amarelo: vítimas com lesões graves sem risco de morte nas próximas 24 horas. C.R.A.M.P.: 7 A 8 Verde: vítimas com lesões consideradas leves, estáveis, sem risco de morte. C.R.A.M.P.: 9 A 10 A tabela C.R.A.M.P. utiliza parâmetros mais pormenorizados e específicos devendo a mesma ser utilizados apenas por profissionais altamente diferenciados. Há semelhança do método S.T.A.R.T. também utiliza cores para classificar prioridades. MÉTODO M.E.T.A. Modelo pré-hospitalar de triagem avançada, usado apenas por profissionais com treino e formação adequada, baseada em protocolos e técnicas avançadas de suporte de vida e trauma16. Deve ser implementada durante a resposta médica do pré-hospitalar e compreende 4 fases16: 1.
Triagem de estabilização;
2.
Identificação da necessidade de cuidados cirúrgicos urgentes;
3.
Implementação de técnicas avançadas de suporte de vida e trauma;
4.
Triagem de evacuação.
Triagem de estabilização – é baseado em protocolos avançados de suporte à vítima de trauma. É classificado à
16
Indice
Figura 4. Fluxograma de triagem método M.E.T.A.
16
semelhança dos métodos anteriores,
Implementação de técnicas
por cores. Respetivamente, vermelho
avançadas de suporte de vida e
que representa um real ou potencial
trauma –
comprometimento da via aérea,
Uma vez que lhes é atribuída
respiração ou circulação. Amarelo,
prioridade, todas as vítimas serão
deficiência neurológica ou que requerem
abordadas com a implementação de
rápida evacuação. Verde, compreende
protocolos avançados de suporte à
todas as restantes vítimas.
vida de trauma. A ordem de
Intervenções básicas como abertura
tratamento será da cor prioritária
da via aérea, controle de hemorragias
vermelha depois a amarela e
com pressão ou torniquete podem
posteriormente a verde.
ser realizadas nesta fase, uma vez que põem em causa a sobrevivência
Triagem evacuação – tratando-se de
da vítima.
um ambiente hostil, em que os recursos avançados muitas vezes são
Identificação de necessidade de
escassos, e as necessidades das
cuidados cirúrgicos urgentes – a)
vítimas assim o exigem, é necessário
engloba todas as lesões penetrante
proceder à sua evacuação de acordo
na região da cabeça, pescoço, tronco
com a respetiva prioridade e urgência.
e nas extremidades próximas do
Para satisfazer essa prioridade, e uma
cotovelo e joelho; b) fratura pélvica
vez que a necessidade de evacuação
aberta; c) fratura pélvica fechada com
da vítima não foi detetada numa
instabilidade mecânica ou
primeira fase, foi estabelecido uma
hemodinâmica; d) traumatismo do
nova categoria como “critério de alta
tronco com instabilidade
prioridade” para vítimas com
hemodinâmica.
determinados critérios.
ARTIGO DE REVISÃO I
Uma das principais vantagens no uso do método M.E.T.A. está diretamente relacionada com a detecção precoce de vítimas com necessidades cirúrgicas urgentes. Por sua vez isso significa que são necessários dois tipos de fluxos de vítimas a fim de minimizar atrasos no transporte16. MÉTODO A.B.C.D.E. EM TRAUMA Método A.B.C.D.E. (Airway, Breathing, Circulation, Disability, Exposure) via aérea, respiração, circulação, disfunção neurológica e exposição). É um método que compreende um tratamento simultâneo das lesões à medida que é realizada a triagem, permitindo estabelecer condutas para estabilização das condições vitais9. Ao contrário dos restantes modelos apresentados, este compreende uma demora de cerca de 2-5 minutos. Não se traduz na soma de pontos, a gravidade é determinada pelos achados traumáticos que colocam
Figura 5. Fluxograma de triagem método T.R.T.S.
em causa a integridade da vítima14. A avaliação realizada segue sempre
obrigatoriamente de profissionais
12 pontos.
uma ordem de pensamento, o que
com elevado grau de conhecimento,
A classificação das vítimas está
“mata primeiro”.
pode ser utilizado por leigos, desde
dividida da seguinte forma, de acordo
A (via aérea) – vias aéreas e
que realizem formação adequada
com a pontuação obtida:
controle da coluna cervical;
regularmente .
•
0-10 Prioridade 1
•
11 Prioridade 2
14
B (respiração) – respiração e ventilação;
MÉTODO T.R.T.S.
•
12 Prioridade 3
C (circulação) – circulação
Método T.R.T.S., Triage Revised
•
0 Morto
com controle de hemorragia;
Trauma Score, baseia-se na avaliação
Este é um método mais utilizado
D (disfunção neurológica) –
de três variáveis fisiológicas, elas são:
como triagem secundaria realizada
exame neurológico sumário;
Frequência respiratória, estado de
no PMA e tem como objetivo
E (exposição) – exposição
consciência, avaliação realizada
determinar quem se trata primeiro
com controle da hipotermia.
segundo Escala de Coma de Glasgow
dentro do mesmo nível de prioridade.
A avaliação de cada item implica
e pressão arterial sistólica(3). A soma
À semelhança dos outros métodos,
diagnosticar alterações e tomar
destes três parâmetros traduz-se na
deve ser realizada continuamente
decisões. Só é possível proceder com
pontuação da escala do referido
sempre que ocorra uma mudança
a avaliação depois de corrigida a
método. Cada parâmetro está
aparente no estado clínico da vítima3.
alteração detetada.
codificado de 0 a 4, variando a
Para que ocorra o sucesso na triagem
Este método não necessita
pontuação do método T.R.T.S. de 0 a
de prioridades é necessário que o
Indice
17
18
profissional de saúde detenha
CONCLUSÃO
Nenhuma decisão de triagem deve
capacidade de interpretação,
Após a presente revisão integrativa
ser considerada como única e
discriminação e avaliação, motivo
podemos concluir que estas vítimas
irreversível, é necessário uma
pelo qual é recomendado a presença
necessitam de um método de triagem que permita uma rápida e
reavaliação constante da vítima. A
de um elemento diferenciado no posto de triagem.
adequada intervenção à situação
A pontuação 12 no T.R.T.S. representa um risco de mortalidade inferior a 1%, pontuação de 5 representa mortalidade de 50% e pontuação de 1 representa cerca de 75% ou mais17.
clínica de cada vítima, assim como uma equipa de profissionais experientes e capazmente treinados, por forma a que estes estejam aptos a agir prontamente minimizando as consequências. De modo a garantir a
resposta médica e decisões erradas podem comprometer potencialmente os resultados finais. Até à data, apenas o método S.T.A.R.T. foi validade retrospectivamente em condições de
algoritmo e a proficiência é
desastre operacional. Nos artigos
necessário realizar formação
alvo de pesquisa, o método de
contínua. Um sistema padronizado
triagem mais utilizado é o método
facilitará no desempenho das
S.T.A.R., em contexto pré-hospitalar.
equipas de saúde e permite uma
O mesmo é usado para realizar uma
melhoria da qualidade na gestão de
triagem inicial, ou seja, na
vítimas de catástrofe.
denominada zona quente. Por sua
envolvimento de profissionais de saúde atuando em situações de catástrofe, juntamente com o método S.T.A.R.T. desempenham um trabalho sistematizado contribuindo como fator positivo para a gestão dos cuidados prestados.
Indice
podem determinar a eficácia da
segurança no cumprimento do
Em forma de conclusão, o
18
precisão nas decisões de triagem
vez os métodos C.R.A.M.P., T.R.T.S. e A.B.C.D.E. do trauma são mais utilizados no PMA e no intrahospitalar. No entanto, cada serviço adota o método que melhor se identifica com a sua realidade de atendimento
ARTIGO DE REVISÃO I
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REVISÃO
COMISSÃO CIENTÍFICA
Indice
19
20
20
Indice
ARTIGO DE REVISÃO II
ARTIGO DE REVISÃO II
CONSIDERAÇÕES DA ABORDAGEM INICIAL AO ADULTO VÍTIMA DE TRAUMA CONSIDERATIONS ON THE INITIAL APPROACH TO ADULT TRAUMA VICTIMS João Roque Gomes1,2,3, Liuba Germanova 1,4,5, Manuel Mega1,6 Mestrado em Medicina Mestrado em Medicina Legal 3 Médico Interno de Formação Específica de Cirurgia Geral 4 Médica Anestesiologista 5 Médica VMER e Helicóptero INEM 6 Assistente Graduado de Cirurgia Geral
1
2
RESUMO
ao doente traumatizado; 4) uma
Several aspects may have a major
O trauma é a principal causa de
correta avaliação neurológica que
impact on the survival rates of these
morte em adultos jovens, originando
poderá indicar lesões e predizer a
patients. Among them are 1) the
importantes níveis de mortalidade e
necessidade de tratamentos
recognition of the need for a
morbilidade em indivíduos de todas
específicos, 5) o despiste de
definitive airway, using the right drugs
as faixas etárias. A sua abordagem
traumatismos secundários e 6) a
to establish it; 2) prompt treatment is
está em constante evolução e, pela
evicção da hipotermia, elemento
mandatory for life threatening
gravidade do doente
integrante do diamante letal.
changes that prevent effective
politraumatizado, esta deve ser
O objetivo desta revisão é a
ventilation; 3) a damage control
frequentemente atualizada dentro
atualização de conhecimentos para
approach, both in resuscitation and
das equipas de profissionais que
todos os profissionais envolvidos no
surgical interventions, with correct
lidam com estes casos.
atendimento inicial do adulto vítima
administration of fluid therapy and
São vários os aspetos que poderão
de trauma, baseada na evidência
blood products, avoiding volume
ter um largo impacto na sobrevida
presente na literatura mais
overload which is detrimental to the
destes doentes. Entre eles está: 1) o
recentemente publicada.
trauma patient; 4) a correct
reconhecimento da necessidade de estabelecimento de uma via aérea
Palavras-Chave: Trauma, Politraumatizado, Adulto, ABCDE, Controlo de Danos, Via Aérea, Ventilação, Circulação, Hemorragia
neurological evaluation that may indicate injuries and predict the need
definitiva, utilizando os fármacos
for specific treatments. And finally, 5)
corretos para a sua realização; 2) o
the assessment of missed secondary
tratamento célere das alterações
ABSTRACT
injuries and 6) the avoidance
ameaçadoras à vida que impedem
Trauma is the leading cause of death
of hypothermia.
uma ventilação eficaz; 3) uma
in young adults, causing significant
The aim of this review is to provide a
abordagem de controlo de danos,
levels of mortality and morbidity in
knowledge update for all professionals
tanto na ressuscitação como nas
individuals of all age groups. Its
involved in the initial care of trauma
intervenções cirúrgicas necessárias,
approach is constantly evolving and,
patients, based on evidence from the
com utilização correta de
due to the severity of the trauma
most recently published literature.
fluidoterapia, hemocomponentes e
patient, it must be frequently updated
hemoderivados, evitando a
within the teams of professionals
sobrecarga volémica que é prejudicial
dealing with these cases.
Keywords: Trauma, Polytrauma, Adult, ABCDE, Damage Control, Airway, Ventilation, Circulation, Bleeding
INTRODUÇÃO
Indice
21
A De acordo com a Organização
importância é imensurável.
A abordagem do politraumatizado
Mundial de Saúde, a cada 6
Registou-se uma importante
engloba várias etapas, entre elas a
segundos morre uma pessoa vítima
evolução na abordagem destes
preparação, as avaliações primária e
de trauma, perfazendo mais de 5
doentes devido aos conhecimentos
secundária, o continuum de
milhões de óbitos anualmente,
adquiridos durante as duas grandes
ressuscitação e reavaliação e o
abrangendo todas as idades e grupos
guerras mundiais.
encaminhamento final do doente.3
económicos. O trauma é causa de
As pedras basilares contemporâneas
A preparação engloba as etapas do
morte de 9% da população mundial,
da abordagem do doente
pré-hospitalar e o atendimento
sendo responsável por mais vítimas
politraumatizado são o modelo do
hospitalar. As equipas
que o VIH, a tuberculose e a malária
Advanced Trauma Life Support (ATLS)
pré-hospitalares, através de uma
juntos. Os acidentes de viação são o
da autoria do American College of
avaliação rápida e sistematizada,
principal mecanismo de trauma
Surgeons e as constantes
devem abordar os problemas
mortal (24%), seguidos dos acidentes
orientações publicadas pelas
ameaçadores à vida do doente e
não intencionais (18%), do suicídio
sociedades mundiais envolvidas no
minimizar o tempo no local (“scoop
(16%) e do homicídio (10%). Theo
estudo desta temática,
and go”), com célere transporte para
Vos e os seus colaboradores
nomeadamente a AAST, EAST, ALTEC,
unidade hospital capaz de tratar as
demonstraram que o trauma é a
SBAIT, WSES e22 ESTES. O ATLS
lesões esperadas para o mecanismo
principal causa de morte dos
descreve o conceito de tratar
de trauma associado. A equipa deve
indivíduos com idades compreendidas
primeiro as lesões ameaçadoras à
comunicar a transferência ao
entre os 10 e os 49 anos.
vida, sendo uma abordagem
hospital de destino, para que os
Um atendimento eficaz a uma vítima
sistematizada com o intuito de evitar
elementos aí presentes preparem
de trauma é um verdadeiro desafio e
lesões não identificadas.
toda a logística e capacidade
1
2
requer um indispensável espírito de
humana para um atendimento eficaz.
equipa entre os profissionais,
A passagem de informação dos
providos de aptidões técnicas
MATERIAL E MÉTODOS
elementos do pré-hospitalar para a
avançadas e dotados de uma
Foram revistas as mais recentes e
equipa hospitalar deve ser concisa e
capacidade comunicativa cuja
relevantes publicações (Guidelines,
simples, englobando as informações
livros e artigos) relativas à
necessárias a um atendimento de
abordagem do adulto vítima de
qualidade na sala de emergência.
trauma nas suas várias vertentes.
Devem-se informar os elementos
Motores de busca - PubMed e
hospitalares acerca do mecanismo
Scopus. Critérios de inclusão –
de trauma, das lesões encontradas
publicações em língua inglesa e
ou suspeitas, dos sinais e sintomas
portuguesa, revisões sistemáticas,
presentes e do tratamento efetuado
meta-análises, estudos
até à passagem do doente (sigla
prospectivos, estudos
MIST do ATLS).3 A equipa da sala de
retrospectivos, guidelines das
emergência deve estar previamente
sociedades pertinentes (AAST,
preparada para receber o doente, ter
EAST, ALTEC, SBAIT, WSES e
já definido as funções de cada
ESTES), capítulos de livros
elemento dentro da sala de
relevantes. Critérios de exclusão
emergência e ter acautelado
– publicações anteriores a 1990,
comunicação com o serviço de
estudos relativos a trauma
sangue e de radiologia para que, se
pediátrico.
necessário, se encontrem
DISCUSSÃO
prontamente disponíveis.
ABREVIATURAS ATLS – Advanced Trauma Life Support AAST – American Association for the Surgery of Trauma ALTEC - Associação Lusitana de Trauma e Emergência Cirúrgica EAST – Eastern Association for the Surgery of Trauma ESTES - European Society for Trauma & Emergency Surgery GCS - Glasgow Coma Score HipoTA – Hipotensão Arterial ISR - Intubação de Sequência Rápida HD - Hemodinamicamente IM – Intramuscular IOT - Intubação Orotraqueal IV – Intravenoso PIC - Pressão Intracraniana REBOA - Resuscitative Endovascular Balloon Occlusion of the Aorta SBAIT - Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado TCE - Traumatismo Cranioencefálico TOT - Tubo Orotraqueal VA – Via Aérea VAD - Via Aérea Difícil VIH – Vírus da imunodeficiência humana WSES - World Society of Emergency Surgery
22
Indice
ARTIGO DE REVISÃO II
A avaliação inicial é feita através do
CONSIDERAÇÕES ACERCA DA
deve ser auxiliada pela mnemónica
conhecido ABCDE: A de via aérea
ABORDAGEM DA VIA AÉREA
LEMON descrita no ATLS.3 A IOT deve
(Airway) mantendo proteção da
O controlo da via aérea (VA) do
ser realizada após a remoção do
coluna cervical; B de avaliação da
politraumatizado é indispensável
componente anterior do colar
respiração e ventilação (Breathing);
para um resultado favorável. É
cervical mantendo o alinhamento da
C de circulação (Circulation) com
essencial que existam protocolos de
coluna, de modo a diminuir a
controlo hemorrágico e suporte para
abordagem de VA difícil e que as
subluxação vertebral.7 Antes da ISR,
manutenção da perfusão orgânica; D
equipas de emergência se encontrem
pelo menos um acesso venoso deve
de avaliação neurológica (Disability)
com eles familiarizadas. Estudos
ser colocado em veia periférica
e E de exposição (Exposure), com
observacionais sugerem que a
(preferencialmente dois). O doente
avaliação de toda a superfície
obstrução das vias aéreas é uma das
deve ser pré-oxigenado durante no
corporal e evicção da hipotermia.
principais causas de morte evitáveis
mínimo 3 minutos com oxigénio de
Após esta avaliação, se a equipa se
nestes pacientes.4,5 O controlo da VA
alto fluxo para evitar intercorrências
deparar com a necessidade de
inicia-se com tentativa de
relacionadas com hipoxia.8 O doente
transferência para outra instituição
permeabilização através de
crítico é imprevisível, podendo
de saúde mais diferenciada, esta
manobras simples como a elevação
dessaturar muito rapidamente (em
deve ser agilizada assim que a
do mento e a protrusão da
segundos a um minuto).9 As escolhas
vítima estiver estabilizada.
mandíbula. A utilização de
da lâmina de laringoscópio
Se essa transferência não for
dispositivos supraglóticos como o
(usualmente Macintosh) e do tubo
necessária, segue-se a avaliação
i-gel poderá ser o próximo passo
orotraqueal (TOT) devem ser
secundária, descrita pela
escolhido embora a VA fique
personalizadas. Se a IOT não for
mnemónica AMPLE no manual do
definitivamente assegurada apenas
possível, a VA deve ser assegurada
ATLS. Deve-se obter a história
com a presença de dispositivo
através de cricotiroidotomia, por
clínica do doente, incluindo registo
intra-traqueal. A intubação
agulha (temporária) ou
de alergias, antecedentes pessoais,
orotraqueal (IOT) é aconselhada em
preferencialmente por abordagem
medicação habitual e última
doentes hemodinamicamente (HD)
cirúrgica (com kit específico ou
refeição, seguida de um exame
instáveis, traumatismos
através de TOT de tamanho 6).
físico da cabeça aos pés. Todas as
cranioencefálicos graves [GCS
São vários os agentes indutores à
lesões encontradas
(Glasgow Coma Score) ≤ 8] e em
nossa disposição para a ISR, sendo o
devem ser avaliadas e
casos de ventilação inadequada.
Etomidato e a Quetamina os eleitos
tratadas adequadamente.
Caso haja dúvidas relativamente à
em contexto de trauma, e esta última
O atendimento na sala de
indicação de IOT, as respostas a três
devendo ser evitada em caso de
emergência não deverá ser superior
simples perguntas podem levar à
suspeição de TCE. (Tabela 1) O
a 20 minutos, janela temporal na
resolução do impasse, sendo que
Profopol e o Midazolam, devido aos
qual se avaliam as lesões presentes
uma resposta afirmativa em qualquer
seus efeitos hipotensores, não são
ou suspeitas, se inicia o tratamento
uma delas prediz a necessidade de
fármacos de primeira linha. Numa
de estabilização e se define o
IOT6 : 1- A patência ou proteção da
revisão retrospetiva de 444 pacientes,
destino do doente.
via aérea está em risco?; 2 - Estamos
a mortalidade intra-hospitalar foi
Seguem-se algumas das mais
perante uma falência da oxigenação/
quase o dobro para aqueles que
importantes considerações no
ventilação?; 3 - A necessidade de IOT
tiveram um único episódio de
atendimento inicial do doente adulto
é antecipada (curso clínico
hipotensão pós-intubação em
vítima de trauma.
esperado)?. Caso haja necessidade
comparação com aqueles que não
de IOT, esta deve ser uma intubação
tiveram (29,8 versus 15,9%).10
de sequência rápida (ISR) e a
Relativamente aos relaxantes
avaliação de uma possível VA difícil
musculares, apenas dois apresentam
Indice
23
24
24
Indice
ARTIGO DE REVISÃO II
INDUTOR
DOSE
EFEITO
DURAÇÃO VANTAGENS
DESVANTAGENS
ETOMIDATO
0.15 - 0.3 mg/kg IV
15-45 seg
3-12 min
O mais HD neutro. Ideal para TCE com aumento da PIC e em doentes HD instáveis.
Supressor adrenérgico. Sem efeito analgésico. Não utilizar em bólus de repetição ou em perfusão.
QUETAMINA
1-2 mg/kg IV
15-60 seg
10-20 min
Analgésico. Preserva o drive respiratório. Libertação de catecolaminas (escolha em hipoTA) Broncodilatação
Utilização em TCE com aumento da PIC é controversa.
Alternativa: 4 mg/Kg IM
Tabela 1 - HD – Hemodinamicamente; hipoTA – Hipotensão Arterial; IM – Intramuscular; IV – Intravenoso; PIC - Pressão Intracraniana; TCE - Traumatismo Cranioencefálico
RELAXANTE
DOSE
EFEITO
DURAÇÃO VANTAGENS
DESVANTAGENS
SUCCINILCOLINA
1.5 mg/kg IV (peso real)
45-60 seg
6-10 min
Permite atingir rapidamente condições ótimas de intubação.
Contra-indicado em doença neuromuscular, após as 24h no doente queimado ou no traumatismo vertebro-medular, pelo risco de hipercaliémia.
45-60 seg
45 min
Permite atingir rapidamente condições ótimas de intubação. Antídoto (Sugamadex) perante VAD.
Metabolização reduzida nos doentes com insuficiência renal.
Alternativa: 4 mg/Kg IM ROCURÓNIO
1,2 mg/kg IV (peso ideal)
Tabela 2 - IM – Intramuscular; IV – Intravenoso; VAD – Via Aérea Difícil
início de ação suficientemente curto
doentes pediátricos onde ainda se
torácica. O retorno imediato desse
para serem utilizados em trauma:
preconiza a sua colocação no 2º EIC
volume através do tubo torácico ou
Succinilcolina e Rocurónio (Tabela 2).
na linha medioclavicular. No adulto,
um débito > 200 mL/h durante 2-4h
está comprovado que a inserção de
consecutivas geralmente indicam
5 cm de agulha no 5ºEIC é eficaz em
necessidade de toracotomia urgente.
CONSIDERAÇÕES ACERCA
> 50% dos casos, enquanto a de 8
A autotransfusão com cell-saver é
DA ABORDAGEM DA VENTILAÇÃO
cm é eficaz em > 90% das
uma hipótese nestes doentes. A
Todos os doentes devem ser
situações. Após esta medida inicial
última edição do ATLS recomenda a
suplementados com oxigénio para
emergente e apenas temporária,
utilização de tubos torácicos de
manter SpO2 > 92% no adulto e
deve ser colocado um dreno torácico
calibre 28-32 Fr.
SpO2 > 98% na gestante. Deve-se
(no 5º EIC) assim que possível.
Um estudo prospectivo multicêntrico
evitar a hipoxémia ou a hiperóxia,
O tamponamento cardíaco deve ser
da American Association for the
mantendo níveis normais de PaCO2,
abordado por toracotomia
Surgery of Trauma (AAST) recomenda
exceto em casos específicos. O
anterolateral esquerda ou,
o tratamento conservador do
pneumotórax hipertensivo,
alternativamente e como medida
pneumotórax oculto.11 Relativamente
tamponamento cardíaco e
temporária, por pericardiocentese.
ao hemotórax oculto, não existe
hemotórax maciço são as patologias
Se necessário, tal como nos
consenso na literatura, sendo
que devem ser identificadas e
restantes casos de toracotomia
também a abordagem conservadora
tratadas precocemente por
anterolateral, esta pode ser alargada
aceite por vários autores.12
constituírem situações de ameaça
ao hemitórax direito, originando uma
imediata à vida.
toracotomia tipo concha de molusco
O pneumotórax hipertensivo no
(clamshell thoracotomy).
CONSIDERAÇÕES ACERCA DA
adulto deve ser drenado através de
O hemotórax maciço resulta da
ABORDAGEM DA CIRCULAÇÃO
agulha colocada do 5º espaço
acumulação de mais de 1500 mL de
Deve ser avaliado o status volémico e
intercostal (EIC) em zona anterior à
sangue ou mais de um terço do
a possibilidade de hemorragia ativa.
linha axilar média, ao contrário dos
volume sanguíneo total na cavidade
A hemorragia é a principal causa de
3
Indice
25
morte no doente traumatizado, sendo
torácico14 e abdominal, sendo já
alterações da microcirculação, tendo
prioritário o seu controlo. Esta deve
considerado o gold standard no
a evolução dos seus valores
ser avaliada através da perda
estudo do trauma abdominal
significado prognóstico de
sanguínea estimada no local pela
contundente. Weninger et al.
mortalidade.27 Outra classificação
equipa do pré-hospitalar e da
demonstraram que a detecção
amplamente utilizada na avaliação
pesquisa nos 5 potenciais locais de
precoce de lesões com TC origina
da extensão da hemorragia é o ABC
hemorragia relevante – tórax,
menor tempo de internamento em
score, principalmente para predizer a
abdómen, retroperitoneu, pélvis e
UCI (Unidade de Cuidados
necessidade de transfusão maciça.
ossos longos (“blood on the floor and
Intensivos). Estudos apontam para
Tem como limitações a
5 more”). Desde o início da
um aumento da probabilidade de
sobrevalorização da necessidade
abordagem destes doentes, há que
sobrevida no politraumatizado grave
destes protocolos e a menor
entender a fisiologia do trauma,
com utilização da TC de corpo
sensibilidade comparativamente
nomeadamente a coagulopatia a ele
inteiro
associada. O exame físico e os
por várias revisões
exames radiológicos e analíticos são
sistemáticas.
os métodos empregues nesta
protocolo de imagem da cabeça e
sobrevida do doente crítico através
avaliação. O E-FAST (Extended
pescoço, com ou 26 sem contraste,
da utilização da metodologia de
Focused Assessment with Sonography
seguido de estudo contrastado do
controlo de danos, tanto na
for Trauma) é o exame
tórax, abdómen, retroperitoneu e pélvis.
ressuscitação como na abordagem
ultrassonográfico de escolha,
A classificação ATLS do choque,
cirúrgica.30,31,32 No entanto, uma
principalmente em doentes HD
descrita há vários anos, foi atualizada
abordagem cirúrgica definitiva
instáveis, sendo menos sensível no
na última edição do manual, com
poderá ser realizada em doente HD
traumatismo penetrante do que no
adição da quantificação do excesso
estável, sem sinais de hipotermia ou
contundente. Este é um exame
de bases como parâmetro a avaliar.
acidose, sem lesão major ou
operador-dependente, cuja
Esta classificação tem sido
necessidade de intervenções
sensibilidade é questionável com
amplamente criticada. Mutschler e
prolongadas em local extra-
volumes de hemorragia
os seus colaboradores revelaram que
abdominal.27 A prioridade é parar a
intraperitoneal inferior a 500 mL, não
mais de 90% dos doentes não
hemorragia precocemente, mantendo
sendo útil em casos de avaliação do
poderiam ser categorizados segundo
uma hipotensão permissiva até isso
retroperitoneu ou na presença de
essa tabela. O Shock Index (SI -
ser conseguido (Pressão Arterial
enfisema subcutâneo extenso. A TC
relação entre a Frequência Cardíaca e
Sistólica 80-90 mmHg), exceto em
(Tomografia Computadorizada) deve
a Tensão Arterial Sistólica) tem sido
casos de TCE grave (GCS ≤ 8) ou
ser realizada em casos de
defendido para melhor estratificação
traumatismo vertebro-medular, onde
traumatismos de alto impacto,
do risco de hemorragia crítica, do
a Pressão Arterial Média (PAM) deve
quando o E-FAST é negativo mas
aumento da necessidade de
ser superior a 80 mmHg para permitir
haja alta suspeição de lesão
transfusão e de mortalidade
uma perfusão cerebral/medular
toracoabdominopélvica ou
precoce. Um valor de SI ≥ 0.9 tem
adequada. A utilização temporária de
retroperitoneal e sempre que
sido definido como cut-off para
agente vasopressor para manter
necessário para planeamento de
tal.
abordagem terapêutica. De facto, as
Europeias de abordagem da
que aquando de choque cardiogénico
vantagens da TC relativamente à
hemorragia e coagulopatia após
concomitante, a utilização de um
radiografia ou à ecografia no
trauma, publicadas em 2019,
inotrópico é essencial. O controlo
diagnóstico de lesões têm sido
aconselham a medição seriada dos
hemostático pode ser feito com
níveis de lactato e de excesso de
compressão local, torniquetes em
bases como indicadores de
caso de hemorragia de membro
15
, informação confirmada 19,20,21,22
ao SI.28,29 As mais recentes evidências
Esta implica um
23
24
25,26
literatura, no traumatismo pélvico , 13
Indice
17,18
3
amplamente demonstradas pela
26
16
As últimas Guidelines
demonstram as vantagens de
estes alvos parece benéfica, sendo
ARTIGO DE REVISÃO II
ameaçadora à vida, cinto pélvico
do Trauma, com hiperfibrinólise e
os métodos viscoelásticos tenham
(abordagem pré-cirúrgica),
consumo de factores da coagulação,
vantagens, estes ainda não podem
angioembolização radiológica,
sendo que, se administrado nas
ser claramente considerados como
REBOA (Resuscitative Endovascular
primeiras 3h, o ácido tranexâmico
primeira linha nestes doentes
Balloon Occlusion of the Aorta) ou
(ATX) melhora a sobrevida. Deve ser
segundo alguns autores.27 Nos casos
intervenção cirúrgica (com
administrado um bólus inicial de 1g
em que a equipa não se guie pelos
possibilidade de utilização de
em 10 minutos (de preferência em
métodos viscoelásticos, a transfusão
agentes hemostáticos tópicos ou
contexto pré-hospitalar), seguido de
deverá seguir a razão de 1:1:1, de
packing), consoante a localização da
perfusão de 1g ao longo de 8h. Estas
concentrado de hemácias, plaquetas
lesão. O REBOA é um método que
recomendações são feitas para o
e plasma fresco congelado (PFC).43,44
pode ser aplicado nos casos de
adulto, já que no estudo CRASH-2
Os níveis de cálcio ionizado devem
hemorragia exsanguinante, servindo
não foi contemplado o doente
ser medidos e corrigidos para níveis
como ponte para intervenção
pediátrico. As mesmas
normais, já que este é um dos
definitiva, estando demonstrado o
recomendações são feitas para
elementos participantes nos
seu benefício nestes casos, inclusive
alguns casos de TCE isolado, tendo o
processos de hemóstase.27
através da sua aplicação no
estudo CRASH-3 provado o benefício
A hipofibrinogenémia é um fator
O ambiente ideal
do ATX nos doentes com hemorragia
independente de mortalidade
para todas estas possibilidades de
intracraniana ou GCS ≤ 12, excluindo
intra-hospitalar45 e a sobrevida
abordagem é a sala híbrida, na qual
o seu benefício nos doentes que
aumenta com a sua administração.46
se faz apenas uma transferência
apresentavam pupilas não reativas
A sua utilização empírica inicial é
entre leitos (pré-hospitalar para o da
bilateralmente ou GCS de 3.
discutível, mas a sua administração
sala híbrida) e a qual oferece
O estudo convencional da
com base nos valores doseados é
capacidade de realização de TC,
coagulação (PT, INR e aPTT) não
benéfica, devendo ser mantidos
técnicas de angiografia e intervenção
traduz com precisão a possibilidade
níveis de fibrinogenémia > 1,5g/L. A
cirúrgica mais céleres, permitindo
de coagulopatia, tendo sido
utilização de PFC para corrigir
tratamentos mistos
estudadas alternativas como a
hipofibrinogenemia não está
concomitantes.
tromboelastometria rotacional
recomendada.27 Curiosamente,
A reposição volémica deve ser feita
(ROTEM) e a tromboelastografia
Schlimp e os seus colaboradores
por acesso intravenoso ou
(TEG). Estes são utilizados para
demonstraram a presença de
intraósseo, com solução cristalóide
diminuir a sobrecarga volémica
hipofibrinogenémia em 89% dos
balanceada num volume máximo de
associada a hemoderivados
doentes com Hb inicial < 10 g/dL.47
1L, após o qual se devem transfundir
desnecessários mas, neste momento,
A reversão dos anticoagulantes é de
hemoderivados ou utilizar
embora pareçam claramente
suma importância. Devem-se pesar o
vasopressores conforme necessário.
benéficos, a literatura ainda não é
risco pró-trombótico de base e o
Na literatura não há consenso acerca
consensual. Há estudo de opiniões
risco de choque hemorrágico
da melhor solução a utilizar,
contraditórias, uns não provam o seu
associado ao trauma. Alterações
aconselhando-se apenas o uso de
benefício enquanto outros
secundárias a anticoagulantes orais
solução cristalóide balanceada, em
demonstram diferenças significativas
cumarínicos devem ser corrigidas
detrimento do soro “fisiológico”.
nas taxas de mortalidade. Um estudo
com Concentrado de Complexo
Deverá estar disponível um protocolo
realizado por Gonzalez et al. relatou
Protrombínico (CCP) e fitomenadiona
de transfusão maciça institucional,
uma importante diferença de
(vitamina K), embora no caso da
com indicações específicas para a
mortalidade (19,6% vs 36,4%) entre a
administração desta última se espere
sua ativação.
abordagem com TEG e análises
efeito mais tardio. No caso de
A fisiopatologia destes doentes
convencionais . Desta forma, com a
anticoagulantes inibidores do fator
condiciona a chamada Coagulopatia
evidência atual, embora pareça que
Xa, a atividade de anti-Xa deve ser
27
pré-hospitalar.
33,34
40
35,36,37,38
27,39
41
27
42
Indice
27
medida e a reversão é realizada
uretral ou de hematoma perineal. A
CONSIDERAÇÕES ACERCA
através da administração de
palpação da próstata já não é
DA EXPOSIÇÃO
Andexanet Alfa em contexto de
aconselhada neste âmbito.3 O toque
O doente deve ser completamente
rivaroxabano e apixabano.48 Como
retal está indicado para despistar
exposto e avaliado da cabeça aos
alternativa, deverá ser escolhido o
hemorragia intestinal.
pés para despistar presença de
CCP. No caso do dabigatrano, inibidor
O ECG (eletrocardiograma) deve ser
outras lesões, nunca esquecendo a
directo da trombina, o tempo de
realizado em todos os doentes com
observação e palpação do dorso. O
trombina dissolvida pode ser medido
possível lesão cardíaca contundente,
alinhamento da coluna vertebral deve
e a reversão deve ser feita com
sendo que alterações no seu traçado
ser mantido. Deve aquecer-se a sala
idarucizumab. Se o antídoto não se
deverão indicar a realização
de atendimento e a cama do doente,
encontrar disponível, deve-se optar
de ecocardiografia.
além de administrar soros aquecidos
pelo CCP e/ou hemodiálise.27
para evitar a hipotermia, um dos elos
A literatura é controversa acerca da
do diamante letal (acidose,
reversão dos efeitos dos
CONSIDERAÇÕES ACERCA DA
coagulopatia, hipotermina,
antiagregantes, com vários estudos
AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA
hipocalcémia). Se não se dispuser de
contraditórios. Um consenso geral é
Uma rápida avaliação neurológica
aquecedores de fluidos, os soros
que os níveis de plaquetas devem ser
inclui a avaliação 28 do estado de
podem ser aquecidos no micro-
mantidos > 50 × 109/L (ou > 100 em
consciência, classificação na GCS
ondas. Os hemoderivados não devem
casos de TCE) e que a
(que foi atualizada na última edição
sofrer esse processo.
desmopressina poderá ter o seu valor
do manual ATLS), morfologia e
nos doentes medicados com
fotorreactividade das pupilas,
antiagregantes e hemorragia
presença de sinais de lateralização e
CONCLUSÃO
intracraniana ou em doentes de
determinação aproximada do nível de
O correto tratamento de doentes
trauma com doença de von
lesão medular quando presente,
vítimas de trauma requer equipas de
Willebrand.27,49 A administração de
sensorial e/ou motora. Uma
profissionais competentes e
plaquetas poderá ser a opção
alteração do estado de consciência
constante atualização científica.
mais eficaz.
pode apontar para lesão cerebral
Nestas, a comunicação é um
Por outro lado, a profilaxia precoce do
direta, diminuição da oxigenação ou
componente indispensável e é
tromboembolismo com dispositivos
perfusão cerebral ou, por outro lado,
essencial uma abordagem
de compressão pneumática
distúrbios metabólicos ou consumo
sistematizada com priorização de
intermitente é aconselhada nos
de álcool e drogas de abuso. Um GCS
tratamentos e evicção de lesões
doentes acamados, sendo que a
≤ 8 prediz necessidade de IOT para
ocultas e iatrogénicas. Neste artigo
profilaxia química deverá ser
proteção da VA. Quando está
foram revistas as mais recentes
instituída nas primeiras 24h após o
presente o TCE, a lesão neurológica
evidências relativas à abordagem do
controlo do foco hemorrágico, até ao
secundária deve ser prevenida
politraumatizado. Para o futuro,
doente iniciar deambulação. A
através da normalização dos níveis
podemos almejar a existência de
profilaxia com filtros de veia cava ou
de oxigénio no sangue e da tensão
salas híbridas em maior número de
com meias de compressão gradual
arterial.
hospitais a nível mundial,
não está recomendada.27
O status vacinal do tétano deve ser
investigação e determinação da
O doente politraumatizado deve ser
conferido e administradas a
melhor fluidoterapia e de técnicas
algaliado após exclusão de possível
imunoglobulina e a vacina
angiográficas e cirúrgicas cada vez
lesão uretral, que poderá ser indicada
antitetânicas quando necessárias.
mais dirigidas, com o objetivo de
pela presença de sangue no meato
diminuir as taxas de morbilidade e mortalidade e de melhorar a qualidade de vida destes doentes.
28
Indice
ARTIGO DE REVISÃO II
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Singleton T, Kruse-Jarres R, Leissinger C.
EDITOR
Holcomb JB, del Junco DJ, Fox EE, Wade CE, Cohen
haemorrhage. Resuscitation. Fevereiro de
Richter PH, Yarboro S, Kraus M, Gebhard F. One year
48.
GUILHERME HENRIQUES Médico VMER/CODU e Heli INEM
REVISÃO
COMISSÃO CIENTÍFICA
McQuilten ZK, Wood EM, Bailey M, Cameron PA,
Indice
31
32
32
Indice
HOT TOPIC
HOT TOPIC
ABORDAGEM DO DOENTE AGITADO OU AGRESSIVO NO PRÉ-HOSPITALAR APPROACH TO THE PRE-HOSPITAL AGITATED OR AGGRESSIVE PATIENT Jorge Mendes1, Pedro Oliveira2 , Cátia Santos1, Carolina Roriz1, Fernando Henriques1 1 2
Serviço de Medicina Intensiva do Centro Hospitalar de Leiria, Serviço de Psiquiatria do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
RESUMO
técnicas restritivas. As técnicas de
or aggressive patients can jeopardize
Os profissionais de saúde que operam
de-escalation englobam 10 domínios
the safety of the patient, healthcare
a nível pré-hospitalar deparam-se,
cujas estratégias podem ser aplicadas
professionals and others. The
frequentemente, com situações muito
em conjunto dependendo das
recognition of this problem has led, in
complexas. Os cuidados de saúde
situações específicas. Em situações
recent years, to value the acquisition
prestados neste meio, no que diz
emergentes de perigo iminente,
of technical skills and basic
respeito tanto a patologias médicas,
devem ser introduzidas as medidas
knowledge on psychiatric pathologies,
como trauma têm vindo a melhorar ao
restritivas necessárias (restrição
which are transversally necessary to
longo dos anos. Esta realidade não se
geográfica, contenção física,
all health professionals working in the
tem verificado de igual modo nos
contenção mecânica ou contenção
pre-hospital level. Non-restrictive and
distúrbios psiquiátricos e
química), devendo ser envolvidos
non-coercive de-escalation techniques
comportamentais. Pensa-se que isto
elementos de outras áreas
have gained emphasis. This happened
está relacionado com a falta de
profissionais, nomeadamente agentes
because it was verified that they can
formação específica nesta área. A
da autoridade de saúde ou autoridade
be useful in most situations, even in
abordagem de doentes agitados ou
policial, para que o doente seja
those in which the association with
agressivos de uma forma inapropriada
conduzido até a um estabelecimento
restrictive techniques is necessary.
pode pôr em causa a segurança do
de saúde a aguarda avaliação
De-escalation techniques encompass
doente, dos profissionais de saúde e
clinico-psiquiátrica.
10 domains whose strategies can be
de terceiros. O reconhecimento deste
applied together depending on
problema levou a que, nos últimos
specific situations. In situations of
anos, se valorizasse mais a aquisição
ABSTRACT
imminent danger, the necessary
de competências técnicas e
Health professionals who work at the
restrictive measures must be
conhecimentos básicos,
pre-hospital are often faced with very
introduced (geographic restriction,
transversalmente necessários a todos
complex situations. The healthcare
physical restraint, mechanical
os profissionais de saúde que
provided in this environment, both
restraint or chemical restraint), and
trabalham nesta área. As técnicas de
medical and in trauma, has improved
elements from other professional
descalação não restritivas e não
over the years. This reality has not
areas must be involved, namely
coercivas ganharam enfase,
been verified in the same way in
agents of the health authority or
verificando-se que podem ser úteis na
psychiatric and behavioural disorders.
police authority, so that the patient is
grande maioria das situações, mesmo
This is thought to be related to the
taken to a health facility and awaits
naquelas em que é necessário
lack of specific training in this area.
clinical-psychiatric evaluation.
instituí-las em associação com
Inappropriately approaching agitated
Indice
33
INTRODUÇÃO
ABORDAGEM DO DOENTE AGITADO
rápido para o hospital; e o stay and
Os distúrbios comportamentais e de
OU AGRESSIVO
play que pretende levar cuidados
saúde mental são muito frequentes.
A agitação é muito prevalente em
mais diferenciados ao local.10,11 Não
Os profissionais de saúde que
contexto de urgência, sendo um
há uma estratégia superior igual para
prestam os primeiros cuidados a
conceito algo abstrato e de difícil
todos os casos e a avaliação e
estes doentes deparam-se
definição.8 Trata-se de uma
decisão da melhor forma de gerir
frequentemente com situações
emergência comportamental aguda
cada caso individualmente, cabe aos
complexas em que, priorizando as
que requer intervenção imediata e
profissionais de saúde destacados
condições de segurança para a
que pode surgir isoladamente ou,
ao local.11 Há cada vez uma formação
equipa e para o doente, têm que
muitas vezes, associada a outro
mais exaustiva dos profissionais de
definir a melhor estratégia para
distúrbio como consumo ou privação
saúde para que possam prestar os
avaliar e abordar um doente que se
de drogas, ou outros distúrbios
melhores cuidados em meio pré-
encontra agitado ou agressivo. A
psiquiátricos.7 A abordagem
hospitalar10,11, ainda assim, a
gestão inadequada destes doentes
adequada de um doente agitado é
formação dirigida à gestão de
pode potenciar o agravamento de
essencial para manter os
patologias psiquiátricas parece ser
agitação psico-motora e escalar para
profissionais de saúde em segurança
amplamente insuficiente.3,12 Os
violência.2 Apesar do papel
e assegurar o 34 tratamento adequado
doentes com patologias psiquiátricas
fundamental destes profissionais na
do doente.8 Classicamente, os
agudas são, em termos gerais, pior
gestão desses doentes, a formação
estados de agitação e agressividade,
abordados em relação aos doentes
nesta área é ainda insuficiente , o que
eram tratados com medidas de
com patologias físicas.1 O
gera stress nos profissionais e
contenção física e administração de
reconhecimento deste problema
dificulta a gestão destas situações.
fármacos de forma involuntária.7
conduziu a uma crescente
Os estudos sobre a realidade
Quando falamos de doentes agitados
valorização da formação nesta área,
pré-hospitalar são escassos, mas
ou agressivos em contexto pré-
combinando competências e
tem havido uma crescente
hospitalar, esta abordagem pode não
técnicas verbais e comportamentais
valorização na formação,
ser facilmente introduzida. Para além
em associação com
reconhecimento e gestão de
disso, à luz da evidência atual, esta
terapêuticas farmacológicas.2,13
patologias e distúrbios
abordagem como estratégia inicial é,
psiquiátricos.5,6 As técnicas não
muitas vezes, desadequada e deve
restritivas/coercivas como
ser o último recurso.7,8 Quando
ABORDAGEM NÃO COERCIVA
abordagem do doente, seja
necessária, deve ser utilizada pelo
E DE-ESCALATION
isoladamente se possível, ou em
menor tempo possível e em conjunto
A abordagem não-coerciva deve ser a
associação com as restantes
com outras técnicas não coercivas
inicialmente introduzida em doentes
técnicas tem sido estudada e
com vista à redução da agitação e
agitados. Se for realizada de forma
demonstrou ser benéfica para os
agressividade e, por conseguinte, do
adequada, pode apresentar
doentes. Para que estas técnicas
risco de violência.7,9
resultados favoráveis em muitos
sejam aplicadas de uma forma eficaz,
A organização do sistema de saúde e
mais casos do que o que se pensaria
é necessária formação específicas
de prestação de cuidados a nível
possível.7,14 Quando estamos a tratar
dos profissionais de saúde.3
pré-hospitalar influencia os cuidados
um doente agitado, os principais
que são prestados. Apesar de cada
objetivos são, em primeiro lugar,
país ter a sua organização própria,
garantir a segurança dos
esta é baseada em dois modelos
profissionais de saúde e outras
principais: o scoop and run que tem
pessoas na área, tal como a
como ideologia principal o transporte
segurança do próprio doente; em
1
3
2,4
7
34
Indice
HOT TOPIC
segundo, ajudar o doente a gerir as
grau de agitação do doente não
não deve ser provocativo. A
suas emoções e stress e controlar o
estiver a aumentar e se não
linguagem do profissional, verbal e
seu comportamento; por último,
demonstrar sinais e violência. Para
corporal, devem indicar que quer
evitar a contenção involuntária do
que a de-escalation seja utilizada com
ouvir o doente, que não o vai magoar
doente sempre que possível,
sucesso, o profissional não pode
e que está interessado na sua
reduzindo a aplicação de medidas
sentir-se ameaçado. Mais de 50% da
segurança. O profissional deve evitar
coercivas que possam produzir uma
informação transmitida é feita
estar de punhos cerrados ou braços
escalada significativa da agitação do
através da linguagem corporal e do
cruzados, deve colocar-se num
doente. Para alcançar este objetivo,
tom de voz. É importante que o
ângulo do doente e não na sua frente,
pode ser utilizada uma abordagem
profissional se consiga manter calmo
deve evitar olhar fixamente o doente
em três passos: inicialmente
para que a técnica seja bem sucedida
e, acima de tudo, não deve desafiar o
estabelece-se diálogo com o doente;
e, portanto, para garantir a segurança
doente, insultá-lo ou ter qualquer
de seguida tenta-se criar uma relação
do doente, é fundamental garantir a
atitude que possa ser interpretada
colaborativa com o doente; e, por
segurança do profissional.
7
7
7,14
Em
como humilhante.
qualquer situação, previamente à
O domínio 3 refere a importância do
removido do seu estado de agitação.
abordagem do doente, deve ser
estabelecimento de contacto verbal.
Este processo é internacionalmente
delineada uma forma ou estratégia
Apenas uma pessoa deve interagir
conhecido como “Verbal
de abandonar o local em
com o doente e deve começar por se
De-escalation” e requer treino e
segurança.
formação, tal como qualquer outra
avaliação da presença de objetos que
educado, sendo uma boa estratégia
intervenção, como, por exemplo, o
possam ser utilizados pelo doente
assegurar ao doente rapidamente
como armas, a presença de portas de
que estamos ali para o ajudar e para
técnica consiste num loop verbal em
saída próximas em locais fechados e
o manter seguro. Deve questionar-se
que o profissional ouve o doente,
a informação existente sobre o
o doente sobre o seu nome e se
encontra uma estratégia de não o
estado do doente.
contrariar, validando a sua posição e
despendido nesta técnica varia
último nome, dando-lhe assim a
depois diz ao doente o que quer que
consoante a situação e o doente,
sensação de que tem algum controlo
ele faça, como, por exemplo, aceitar a
sendo bem sucedido,
sobre a situação. As intervenções
medicação ou sentar-se. Este ciclo
frequentemente, em menos
múltiplas podem agravar o nível de
repete-se, o profissional ouve
de 5 minutos.
agitação e mesmo escalar para
último, o doente é, verbalmente, 7
suporte avançado de vida.
3,7
7,16
Esta
Esta, deve incluir
7,17
O tempo
apresentar. O profissional deve ser
prefere ser tratado pelo primeiro ou
novamente o doente e podem ser
comportamentos violentos. O papel
necessários dezenas de ciclos até o
do segundo/restantes elemento(s)
doente finalmente ouvir o
DOMÍNIOS DA DE-ESCALATION
deve ser de, se necessário, alertar
profissional. A maioria dos
A de-escalation engloba 10 domínios
outros profissionais sobre a situação,
profissionais não treinados, acabam
que devem ser respeitados:
tornar o ambiente o mais seguro
por desistir ao fim de poucas
O domínio 1 é o respeito pelo espaço
possível de forma discreta e remover
tentativas, com o argumento que o
pessoal, tanto do doente como do
possíveis vítimas do local.
doente não ouve ou não colabora.
profissional. Devem ser mantidos, no
O domínio 4 prende-se com a clareza
Dados os seus potenciais benefícios,
mínimo, dois braços de distância do
da mensagem transmitida. É
apesar da evidência não ser
doente e tanto o doente como o
fundamental ser conciso e manter a
conclusiva por falta de estudos
profissional devem sentir que podem
mensagem simples. Deve dar-se
randomizados, deve ser tentado na
abandonar o local sem
tempo ao doente para pensar e
maioria dos doentes com
serem bloqueados.
interiorizar a mensagem, utilizando
persistência, particularmente se o
O domínio 2 refere que o profissional
vocabulário simples e repetindo a
7
15
Indice
35
36
mensagem várias vezes ao longo da
fundamental para a sua abordagem.
com o princípio ou concordar com a
conversa. A repetição é a chave
O domínio 6 releva a importância de
probabilidade. Um exemplo do
desta técnica, sendo essencial
demonstrar que se está a ouvir o
primeiro é, caso o doente tenha sido
sempre que são feitos pedidos,
doente. Para isso deve utilizar-se a
puncionado previamente sem
delimitados limites, oferecidas
linguagem verbal e corporal,
sucesso questionar: “É verdade que
escolhas ou alternativas e deve ser
nomeadamente acenar com a cabeça
já foi picado antes, mas importa-se
combinada com outras
ou repetir um resumo da mensagem
que eu tente?”. Já em relação ao
competências de assertividade que
e perguntar se entendeu bem o que o
segundo, se o doente se queixa de
envolvem ouvir o doente.
doente queria transmitir. Isto não
estar a ser tratado sem respeito, não
O domínio 5 é a identificação das
implica concordar com o doente mas
é necessário concordar com ele, mas
vontades e sentimentos. O
apenas demonstrar que se
pode concordar-se com o princípio de
profissional deve dizer ao doente que
compreendeu o que ele está
que todos os doentes devem ser
quer saber as suas expectativas,
a tentar transmitir.
tratados com respeito. Por último, se
mesmo se não as conseguir
O domínio 7 prende-se com a criação
o doente está agitado por considerar
concretizar, para que possam
de uma relação empática com o
que esteve demasiado tempo à
trabalhar nelas. Para isso, deve
doente e baseia-se em concordar
espera, referindo que qualquer
deixar o doente falar livremente,
com o doente se possível. Há 3
pessoa ficaria chateada com a
mesmo os doentes agressivos têm
formas de concordar com o doente:
situação, uma boa estratégia é
quereres específicos e identifica-los é
concordar com a verdade, concordar
concordar com o doente que
36
Indice
HOT TOPIC
haveriam outras pessoas que
mas não deve prometer ou oferecer
não está claramente estabelecida e a
provavelmente também ficariam
coisas que não possa cumprir. Uma
abordagem do doente agitado
chateadas. Caso o doente tente
boa estratégia é questionar o doente
agressivo depende de doente para
induzir o profissional a concordar
se em situações semelhantes no
doente.7,18 Moyer definiu vários tipos
com um delírio ou uma situação
passado houve alguma coisa que
de agressividade, sendo fundamental
desconhecida, este deve explicar que
melhorasse a situação. Caso o
identificá-los, uma vez que altera a
nunca esteve nessa situação,
doente não refira nenhum tipo de
estratégia de abordagem ao doente.
assegurando que acredita que o
medicação, mas o profissional
O que todos parecem ter em comum
doente está a sentir ou a experienciar
considere necessário, pode
é o facto de o doente querer atingir
a mesma. Se não houver nenhuma
questionar se houve alguma
algo com o seu comportamento. Os
forma de concordar com o doente,
medicação no passado que o ajudou
tipos de agressividade mais
deve-se concordar que se está
a melhorar, ou então pode partir para
comummente presentes na prática
em desacordo.
uma estratégia mais persuasiva e
clínica são a instrumental, a dirigida
O domínio 8 refere-se ao
dizer ao doente que acha que a
pelo medo e a irritabilidade. A
estabelecimento de regras e limites.
medicação o iria deixar mais
agressividade instrumental é
O doente deve ser informado de
confortável. Manter uma atitude
frequentemente utilizada por doentes
forma clara sobre os
otimista e de esperança é
que se aperceberam que a violência
comportamentos que são
fundamental, mas deve também
ou ameaça de violência conduzem à
inaceitáveis. Se necessário, podem
ser realista.
concretização das suas vontades. É
inclusivamente ser referidas
Por último, o domínio 10 diz respeito
uma agressão com um componente
consequências legais dos atos do
à importância de, em caso de
emocional importante, pelo que deve
doente, mas devem ser transmitidas
necessidade de intervenções
ser abordada com contrapropostas
como factos e não como ameaças.
involuntárias, explicar ao doente o
inespecíficas. Por exemplo se o
Tanto o doente como o profissional
porquê da sua necessidade na
doente ameaçar magoar alguém se
devem tratar-se com mútuo respeito
tentativa de menorizar eventos
não obtiver o que pretende, pode ser
e caso haja violação dos limites
traumáticos que possam potenciar
confrontado com uma frase como
transmitidos, deve haver
violência no futuro. É também
“Não acho que isso seja boa ideia!”. A
consequências razoáveis
importante auscultar a opinião dos
agressividade dirigida pelo medo é
apresentadas de forma respeitosa,
restantes elementos da equipa de
desmedida e não pode ser
podendo inicialmente ser apenas
forma a que, em situações futuras,
considerada como defesa pessoal.
uma advertência de que ultrapassou
possam ser reconhecidos e
Deve dar-se ao doente espaço e
os limites definidos ou que o seu
corrigidos erros cometidos na gestão
evitar comportamentos que possam
comportamento não é adequado,
da situação atual.
parecer ameaçadores para o doente.
7
dependendo da situação.
Se este pede que não o magoem,
O domínio 9 consiste na oferta de
deve responder-se com calma que
escolhas e otimismo. A possibilidade
DE-ESCALATION
está tudo bem e que está a salvo.
de fazer escolhas é uma ferramenta
NO DOENTE AGRESSIVO
Deve tentar-se reduzir o ritmo do
fundamental na gestão de um doente
Segundo Allen et al, um doente calmo
doente para que este
que acredita que a violência é
é capaz de participar nos cuidados
progressivamente consiga recuperar
necessária e é do papel do
que lhe são prestados, trabalhando
o controlo e ouvir o que o profissional
profissional oferecer alternativas à
com os profissionais de saúde para
lhe está a dizer. A agressividade
violência. O profissional pode
seu benefício. Já um doente agitado,
associada a irritabilidade pode ter
também ter atos de gentileza para
não é necessariamente agressivo. A
duas formas distintas. Numa delas, o
com o doente, como oferecer comida,
associação entre estes dois estados
doente foi habitualmente vítima de
Indice
37
alguma forma, nomeadamente
necessário.21 Apesar da lei de bases
área de residência do doente. Caso
humilhado, enganado ou magoado.
na saúde e da existência de uma lei
não compareçam, ou se houver, à
Habitualmente encontra-se furioso e
em saúde mental, os critérios para
partida, suspeita de incumprimento,
quer reconquistar o seu valor pessoal
utilização de recursos como o
pode ser emitido um mandado de
e frequentemente quer ser ouvido e
internamento compulsivo são algo
condução pelas forças policiais da
validado pelos seus pares. É
ambíguos e vagos, deixando um
área de residência seguindo,
fundamental o estabelecimento de
vasto leque de situações para
posteriormente, os tramites legais.
condições para ouvir o doente, dando
decisão pelo bom senso do
Mas nem sempre este processo é
alternativas claras que evitem
profissional de saúde. Esta lei reforça
possível. Em situações de urgência
violência. Na outra forma de
a importância do respeito pela
com perigo iminente, as
agressividade associada a
individualidade e dignidade do
autoridades de saúde ou policiais
irritabilidade, o doente está
doente, ao qual se deve sempre
podem determinar a necessidade de
cronicamente chateado com o
propor e explicar as medidas e
condução do doente a um
mundo, não havendo nenhum motivo
tratamentos que se pretende instituir,
estabelecimento de saúde, através
em específico. Pretendem libertar a
os quais o doente pode recusar.
da emissão de um mandado. Caso
sua raiva dirigida ao mundo, fazendo
Apenas em situações urgentes,
não seja possível aguardar,
pedidos irrealistas, retirando prazer
nomeadamente 38quando o doente
qualquer agente policial pode
por gerarem confusão e medo. A
comprovadamente se pode por em
proceder à condução imediata do
estratégia deve incluir não
perigo a si, a terceiros ou a bens
doente ao hospital.22
estabelecer uma posição defensiva
patrimoniais, podem ser introduzidas
ou de medo e remover a “audiência”
medidas contra a vontade do doente.
que pode incluir outros doentes ou
Caso o doente não possua o
ABORDAGEM DO DOENTE
profissionais. É importante que o
discernimento necessário para
AGRESSIVO
doente compreenda que o
compreender o alcance das suas
As emergências psiquiátricas são
profissional o irá ajudar, mas apenas
atitudes e decisões, podem também
frequentemente, mas não sempre,
se ele for colaborante, enveredando
ser aplicadas estas medidas. Nestas
causadas por doença mental.23 São,
por um caminho de não violência.7,17
situações pode ser ordenado o
maioritariamente, situações
Apesar dos benefícios
internamento compulsivo por ordem
complexas e dinâmicas em que,
inquestionáveis desta técnica para
judicial, se for determinado que é a
muitas vezes, o diagnóstico é
controlar a agitação e prevenir a
única forma de um doente com
desconhecido ou, na melhor das
escalada para comportamentos
anomalia psíquica grave se submeter
hipóteses, provisório. O tempo para
violentos, há doentes que, logo à
a tratamento, devendo ser
tomar decisões é escasso e é muito
partida, sabemos que não irá ser
interrompido logo que a causa que o
comum a necessidade de iniciar uma
efetiva, nomeadamente os doentes
motivou seja resolvida. Qualquer
intervenção com dados clínicos
médico, autoridade de saúde ou o
limitados e ir mudando
muitas vezes, necessárias medidas
ministério público têm legitimidade
progressivamente de estratégia à
farmacológicas involuntárias ou de
para requerer um internamento
medida que se obtêm mais
contenção física ou mecânica
compulsivo, que deve detalhar o
informações ou de acordo com a
precoces ou mesmo como
motivo do pedido e será avaliado por
resposta às intervenções
um juiz. O doente e o seu
previamente instituídas.18 Qualquer
envolvimento de outros profissionais,
representante legal são notificados
ação ou inação dos profissionais de
nomeadamente do delegado de
da data em que devem comparecer
saúde pode ter sérias consequências
saúde local ou de agentes da
na instituição de saúde mental, que
e a avaliação e intervenção adequada
autoridade policial pode, também, ser
habitualmente é a mais próxima da
precoces, reduzem
em delírio.
7,19
Nestes doentes são,
abordagem inicial.
5,8,20
38
Indice
O
HOT TOPIC
consideravelmente o perigo para os
administração de medicação através
administrado de forma intravenosa,
profissionais de saúde e para o
de técnicas de de-escalation. Apesar
não dever ser ultrapassada a dose de
da via oral ser preferível sempre que
10 mg de haloperidol, devendo, neste
métodos não coercivos falham ou em
o doente se encontre colaborante, em
caso, ser introduzida monitorização
situações agudamente perigosas
situações agudas a administração
electrocardiográfica contínua, dado o
devem ser introduzidos métodos de
parenteral pode ser necessária para
risco de QT longo.8,21
restrição do doente. Estes podem
um efeito mais rápido. A via
São causas frequentes de agitação
tomar várias formas e podem ser
intramuscular (IM) é preferível e tem
patologias médicas, intoxicação por
introduzidos de forma combinada
como objetivo a sedação mínima
fármacos ou drogas, ou a privação
entre si, devendo ser acompanhados,
necessária para reduzir o sofrimento
delas.21,24 O tratamento
também, de técnicas não coercivas.7,8
imediato do doente e minimizar o
farmacológico da agitação e
As técnicas restritivas podem ser
risco de violência. Deve haver uma
agressividade deve ser baseado na
geográficas, de contenção física, de
vigilância adequada dos doentes,
avaliação da causa etiológicas mais
contenção mecânica ou de
dado o potencial de depressão
provável, não sendo adequada a
contenção química. A restrição
respiratória, complicações
administração de antipsicóticos ou
geográfica consiste na remoção da
cardiovasculares, entre outras,
benzodiazepinas, sem primeiro tentar
pessoa para outro local,
particularmente se administração
tratar a causa subjacente. Um
habitualmente mais isolado, onde
intravenosa de fármacos. Os
exemplo básico disto, é o tratamento
possa ser abordada mais
fármacos aconselhados em doentes
da hipoglicemia, que pode causar um
adequadamente, devendo ser
com comportamentos violentos são
estado de agitação e mesmo
evitadas imobilizações muito
os antipsicóticos e as
agressividade, cujo tratamento deve
prolongadas do doente. Na
benzodiazepinas. O haloperidol 5
ser a sua correção.8 Devido ao estado
contenção física, é fundamental
miligramas (mg) IM é uma opção
de desorganização do doente ou
manter o respeito e dignidade do
terapêutica e pode ser repetido em
caso o doente se encontre confuso,
doente, evitando situações de
intervalos mínimos de 45 minutos se
deve, sempre que possível, recorrer-
humilhação e valorizando a
manutenção de agitação. Pode
se a informação prestada por
privacidade, diferenças culturais e
também ser associado a lorazepam 2
terceiros para melhor se
necessidades especiais do doente. É
mg IM ou oral se necessário. Já este
compreender a situação. É essencial
muito importante evitar pressão
último, deve apenas ser utilizado em
tentar apurar dados da anamnese
exagerada no pescoço, tórax,
monoterapia em casos de agitação
como a situação atual, eventos
abdómen, costas e região pélvica,
ligeira, sendo a sua administração
recentes, estado cognitivo prévio,
com vigilância adequada do doente
em associação com antipsicótico
episódios semelhantes no passado,
de forma a garantir que não haja
mais eficaz. Uma alternativa ao
comorbilidades, medicação e história
comprometimento da ventilação. A
haloperidol é a clorpromazina, 50 a
de consumo de álcool ou outras
contenção mecânica, nomeadamente
100 mg IM ou oral, apesar do seu
substâncias.21 Estes dados são
contenção dos membros, não é
risco de hipotensão e efeitos
fundamentais, uma vez que podem
recomendada pelo National Institute
secundários anticolinérgicos. A
alterar a nossa atuação, ajustando-a
for Clinical Excelence e deve ser
olanzapina, 5 a 20 mg, em
às particularidades do doente. Um
introduzida apenas em situações
formulação orodispersível e a
doente agitado em contexto de
excecionais e removida o mais
quetiapina, 50 a 100 mg, oral são
intoxicação por drogas estimulantes,
precocemente possível.
também opções. Não deve ser
beneficia de tratamento com uma
Relativamente à contenção química,
ultrapassada a dose máxima de 20
benzodiazepina em primeira linha.
sempre que possível, deve obter-se o
mg de haloperidol ou 12 mg de
Apenas uma minoria de doentes com
consentimento do doente para
lorazepam IM em 24 horas, já se
consumo crónico de anfetaminas
próprio doente.
8,18
Quando os
21
Indice
39
alternativa.8,29 Em caso de privação de outras substâncias, devem ser administrados fármacos com propriedades semelhantes (opióides, nicotina…). Em caso de delírio após administração de uma nova substância ou aumento da dose de uma substância cronicamente consumida, este é habitualmente autolimitado, mas pode ser necessária terapêutica temporária, sendo preferíveis antipsicóticos de segunda geração. Os antipsicóticos de segunda geração são o fármaco de eleição no delírio, excluindo nas síndromes de privação ou privação de sono. O haloperidol pode ser uma
40
alternativa e as benzodiazepinas devem ser evitadas, uma vez que podem mesmo exacerbar o delírio. O tratamento do delírio associado a outras anomalias médicas (hipoglicemia, hipoxemia, alterações hidroelectrolíticas) continua a ser a correção das mesmas. Nos doentes desenvolve sintomas psicóticos.
as benzodiazepinas são preferíveis
com patologias psiquiátricas
Nesses doentes, deve ser ponderada
aos antipsicóticos. Habitualmente os
conhecidas (como esquizofrenia,
a administração de um antipsicótico
doentes em privação apresentam
doença bipolar, entre outros) ou que
de segunda geração em associação à
sinais de delírio, como taquicardia,
apresentem psicose, os
benzodiazepina como terapêutica
diaforese e tremor.
Por outro lado, a
8,27
Outras
antipsicóticos de segunda geração
alterações habituais incluem
devem ser a primeira linha, sendo
administração de medicação para
distúrbios cognitivos e défice de
preferíveis ao haloperidol. Se o
tratamento da agitação associada a
atenção que habitualmente são
doente se encontrar colaborante, a
intoxicação aguda por álcool deve ser
flutuantes, podendo também haver
administração de risperidona por via
ponderada com muito senso e
alucinações em alguns casos. O
oral deve ser ponderada, tanto pela
reconhecimento do delírio é
sua segurança, como eficácia. Em
necessidade, o haloperidol é o
fundamental, uma vez que sinaliza
alternativa, pode ser utilizada a
fármaco de eleição pela sua
uma alteração do funcionamento
olanzapina IM e caso a
segurança, eficácia e efeitos mínimos
cerebral, cujo precipitante deve ser
administração do antipsicótico seja
na ventilação, enquanto as
identificado, pois pode implicar
insuficiente, a associação de uma
benzodiazepinas devem ser
diferentes tratamentos.
evitadas. É essencial distinguir a
de privação de álcool ou
é preferível à administração de um
agitação relacionada com a
benzodiazepinas, deve ser
segundo antipsicótico ou a doses
intoxicação por álcool ou pela sua
administrada uma benzodiazepina,
adicionais do primeiro.8
privação, já que em caso de privação
podendo a clonidina ser uma
inicial.
8,25
evitada se possível.
8,26
Em caso de
8
40
Indice
8,28
Em caso
benzodiazepina (como o lorazepam)
HOT TOPIC
CONCLUSÕES
há necessidade de introdução de
BIBLIOGRAFIA
A agitação psico-motora é um
medidas restritivas (contenção
1.
distúrbio muito frequente que surge
geográfica, física, mecânica ou
Epidemiology of emergency ambulance service
frequentemente associado a outros
química), estas devem ser utilizadas
calls related to mental health problems and self
distúrbios mentais ou psiquiátricos.
pelo menor tempo possível, nas
harm: A national record linkage study. Scand J
Os profissionais de saúde
menores doses eficazes e sempre
Trauma Resusc Emerg Med. 2019;27(1):1-8.
responsáveis pela gestão destes
com respeito pela individualidade e
doi:10.1186/s13049-019-0611-9
doentes no pré-hospitalar deparam-
dignidade do doente. Nestas
se, muitas vezes, com situações
situações, quando o doente posa um
psychiatric emergency: Pre-hospital emergency
complexas que exigem competências
risco para si próprio, para terceiros,
protocol for mental disorders in Iran. BMC Emerg
e conhecimentos muito específicos.
para bens materiais, ou quando não é
Med. 2020;20(1):1-9. doi:10.1186/s12873-020-
Para a abordagem adequada destes
capaz de compreender a dimensão
00313-2
doentes de forma a garantir a
das consequências da recusa de
segurança da equipa, do doente e de
terapêutica, devem ser envolvidos
knowledge of emergency medical care
terceiros, é fundamental que haja
profissionais de outras áreas,
practitioners in the free state, South Africa, on
uma maior valorização da formação
incluindo as autoridades de saúde ou
aspects of pre-hospital management of
nesta área. Esta formação deve
policiais (imagem 1). A terapêutica
psychiatric emergencies. Pan Afr Med J.
incluir técnicas farmacológicas e não
por via oral é sempre preferível nos
2019;33:1-10. doi:10.11604/
farmacológicas, cujo conhecimento
doentes colaborantes, nos restantes
pamj.2019.33.132.18426
básico é transversalmente
deve ser usada a via intramuscular,
importante a todos os profissionais
permanecendo a via intravenosa
Prevalence and Related Factors of Post-
de saúde que operam neste meio. É
apenas para casos excecionais. Os
Traumatic Stress Disorder in Emergency Medical
particularmente relevante a aquisição
fármacos de eleição nos doentes
Technicians; a Cross-sectional Study. Arch Acad
de técnicas de descalação que
agitados com comportamentos
Emerg Med. 2021;9(1):e35. doi:10.22037/aaem.
devem ser empregues em todas as
agressivos ou violentes são os
v9i1.1157
situações de confrontação com
antipsicóticos e as benzodiazepinas,
doentes agitados, apesar de em
sendo a preferência por um deles ou
Aust N Z J Psychiatry. 2007;41(6):485-494.
algumas situações ser necessário
pela sua associação dependente de
doi:10.1080/00048670701332284
logo à partida aplicar medidas
cada caso individualmente. Estes
restritivas em associação. O trabalho
fármacos não devem ser
Suicidal ideation and subsequent completed
em equipa é essencial e enquanto,
administrados antes de descartar e
suicide in both psychiatric and non-psychiatric
quando possível, um elemento
corrigir outras condições médicas
populations: A meta-analysis. Epidemiol
aborda o doente, o segundo (ou
que possam ser a base do estado de
Psychiatr Sci. 2018;27(2):186-198. doi:10.1017/
restantes) devem tentar tornar o
agitação, como a hipoglicemia,
S2045796016001049
ambiente o mais seguro possível. A
hipoxemia ou distúrbios
avaliação da causa da agitação é
hidroelectrolíticos. A instituição de
de-escalation of the agitated patient: Consensus
fundamental, uma vez que altera a
medidas restritivas implica vigilância
statement of the American Association for
abordagem ao doente. Para tal, é
do doente, nomeadamente de
emergency psychiatry project BETA De-escalation
fundamental recolher informação
ventilação adequada, podendo
workgroup. West J Emerg Med. 2012;13(1):17-25.
básica sobre a anamnese (muitas
mesmo ser necessária monitorização
doi:10.5811/westjem.2011.9.6864
vezes é necessário recorrer a
electrocardiográfica contínua em
terceiros para melhor esclarecimento
alguns casos, nomeadamente na
Feifel D. The psychopharmacology of agitation:
da situação), devendo a estratégia
administração intravenosa
Consensus statement of the American
instituída ser ajustada à medida que
de haloperidol
Association for emergency psychiatry project
se conhecem novos factos. Quando
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COMISSÃO CIENTÍFICA
techniques for psychosis-induced aggression or
Indice
43
44
44
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ARTIGO DE REVISÃO NEONATALOGIA/TIP
ARTIGO DE REVISÃO NEONATALOGIA/TIP
HIPOTERMIA INDUZIDA: TRATAMENTO E TRANSPORTE DE RECÉM-NASCIDO COM ENCEFALOPATIA HIPÓXICO ISQUÉMICA NEONATAL Marta Novo1, Marta Amado2 Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar Universitário do Algarve Unidade de Faro; 2 Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar Universitário do Algarve Unidade de Portimão
1
RESUMO
INTRODUÇÃO
isquémia por insuficiente perfusão
A encefalopatia hipóxico-isquémica
A asfixia perinatal refere-se a um
tecidular. A encefalopatia hipóxico-
neonatal carateriza-se por disfunção
período antes, durante e após o
isquémica (EHI) pode ocorrer como
neurológica precoce (primeiros dias
nascimento, onde há
consequência, apresentando-se por
de vida), nomeadamente prostração,
comprometimento das trocas
quadro de coma e convulsões
convulsões, hipotonia, diminuição
gasosas, com aumento do pCO2,
precoces no período neonatal.1,2
dos reflexos, muitas vezes
acidose e hipóxia, que levam a
Como fatores de risco da EHI
associados a dificuldade respiratória e alimentar. A hipotermia induzida é a única terapêutica neuroprotectora com eficácia comprovada, se iniciada nas primeiras 6 horas. Palavras-Chave: encefalopatia hipóxico-isquémica, hipotermia induzida, recém-nascido
Tabela 1- Fatores de risco da EHI (Adaptada de: Early Hum Dev 86(2010)339-344)
ABSTRACT Neonatal hypoxic-ischemic encephalopathy is characterized by early neurological dysfunction (first days of life), namely reduced level of consciousness, seizures, hypotonia, decreased reflexes, often associated with respiratory distress and feeding problems. Induced hypothermia is the only neuroprotective therapy with proven efficacy, if initiated within the first 6 hours. Keywords: induced hypothermia, neonatal hypoxicischemic encephalopathy, newborn
Figura 1- Cascata excito-oxidativa mediada pela lesão hipóxico-isquémica; Gln: glutamina, Glu: Glutamato, EAAT: transportador do aminoácido excitatório; nNOS: óxido nitrito sintetase neuronal; NO: óxido nítrico; VDCC: canal de cálcio dependente da voltagem (Adaptada de Johsnton MV. Lancet Neurol 2011;10:372-82)
Indice
45
destacam-se:
constituindo uma oportunidade de
O período mais relevante para o
intervenção terapêutica
estabelecimento da lesão neuronal
A hipotermia induzida é uma técnica
ocorre nas horas ou dias após a
segura e eficaz na redução do risco de
recuperação do dano hipóxico.
morte ou sequelas na EHI moderada a
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO:
Numa primeira fase ocorre depleção
grave, em recém-nascidos (RN) de
1 critério A + 1 critério B1
de ATP induzida pela hipóxia que vai
termo sujeitos a asfixia perinatal
alterar a função membranar
aguda1, pelo que é a abordagem
A - Sugestivos de asfixia:
provocando acumulação intracelular
standard of care. A sua ação consiste
•
de cálcio, sódio e água e,
essencialmente na diminuição do
consequentemente, edema citotóxico
metabolismo cerebral, do edema
e morte celular primária. Durante a
citotóxico, da pressão intracraniana e
manobras de reanimação
reanimação, a reperfusão e
a inibição da apoptose.
aos 10 minutos de vida
1,2,4
.
1
integrada (aEEG) para confirmação da elegibilidade e monitorização do tratamento.1
minutos de vida •
1,5,6
•
reoxigenação dos tecidos inicia uma
Índice de Apgar ≤ 5 aos 10 Necessidade mantida de
Acidose com pH < 7.0 nos
cascata de processos bioquímicos,
TRATAMENTO
primeiros 60 minutos de vida
tal como a formação de radicais
COM HIPOTERMIA INDUZIDA
(incluindo gases do cordão)
livres, libertação de
Antes do transporte do RN para a 46
neurotransmissores excitatórios
unidade de tratamento, é necessário
a 16 mmol/L nos primeiros 60
como o glutamato e citoquinas
realizar uma seleção, de forma a
minutos de vida.
pro-inflamatórias que condicionam
identificar os doentes que podem
disfunção microcirculatória cerebral,
beneficiar do tratamento. Na unidade
B - Convulsões ou encefalopatia
lesão celular direta e de estimulação
onde se realiza hipotermia, é
moderada a grave, definida por
da apoptose . Este processo de lesão
realizada uma avaliação clínica e
alteração do estado de consciência,
celular secundária prolonga-se por
eletrofisiológica com
tónus, reflexos ou autonomia
horas a dias depois do insulto inicial,
eletroencefalograma de amplitude
respiratória1
3
•
Figura 2- Fisiopatologia da EHI : Processo bifásico (Adaptada de Douglas-Escobar et al. JAMA Pediatr 2015; 169(4):397-403)
46
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Défice de bases igual ou superior
ARTIGO DE REVISÃO NEONATALOGIA/TIP
de fenobarbital 20 mg/kg sem doses adicionais ou dose inicial de 10 mg/ kg, podendo ser dadas 2 doses adicionais de 5 mg/kg. Para a terapêutica de convulsões refractárias, utilizar midazolam, fenitoína ou levetiracetam. Poderá ser iniciada morfina na dose de 100 Tabela 2 - Classificação da Encefalopatia7 (Adaptada de: Sarnat HB, Sarnat MS. Neonatal encephalopathy following fetal distress: a clinical and electroencephalographic study. Archives of neurology. 1976 Oct 1;33(10):696-705.)
mcg/kg, seguida de perfusão contínua de 10-20 mcg/kg/h se existirem sinais de desconforto do recém-nascido. Para se adquirir uma temperatura entre 34 e 35ºC, temperatura neuroprotectora segura, até chegar ao centro de hipotermia induzida, deve-se desligar todas as fontes de calor, mantendo o RN apenas com fralda em incubadora aberta ou incubadora fechada desligada; monitorizar temperatura rectal de
Tabela 3: Sistema de Pontuação da Encefalopatia: Escala de Thompson (TS)
forma contínua ou intermitente a
Se TS ≥5: contactar os centros de referência Se TS >7: indicação para hipotermia Se TS >11: mau prognóstico e resultado mesmo sob hipotermia
cada 20 minutos. Em caso de hipotermia excessiva (temperatura
referenciador combinar o transporte
rectal <34ºC) está recomendado
com o CODU, ao mesmo tempo que
cobrir o RN, colocar luva com água
CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO1:
se realizam os cuidados iniciais para
quente ou bolsa de gel aquecido
•
Idade gestacional inferior
a estabilização e transporte do RN.
perto do RN (mas sem contacto
a 36 semanas
As medidas de suporte de vida
directo) e/ou ligar a incubadora no
RN com mais de 6 horas de vida
recomendadas são as habitualmente
mínimo. Em situações de hipotermia
quando é feito o contacto com a
utilizadas no local de nascimento,
insuficiente (Temperatura rectal >
unidade de tratamento
contudo com especial atenção para
35ºC) devem ser tomadas uma ou
RN que não possa chegar à
evitar a hipocapnia (manter o pCO2
mais das seguintes medidas: retirar
unidade de tratamento antes de
superior a 45 mmHg), para a
qualquer fonte de aquecimento; abrir
completar 12 horas de vida
bradicardia sinusal, que é fisiológica
as portas da incubadora e/ou colocar
•
Malformações congénitas major
(FC entre 100-110 bpm à temperatura
uma ou mais luvas com água fria ou
•
Necessidade de cirurgia nos
de 34ºC e 35ºC) e para a carga
bolsa de gel arrefecido a 10ºC perto
primeiros 3 dias de vida
hídrica total que deverá ser de 40 ml/
do RN (sem contacto directo).1
Paragem cardiorrespiratória
kg/dia (podem ser administrados
A colocação dos acessos
pós-natal.
bólus adicionais se hipotensão). Se
vasculares no hospital de origem é
hematócrito baixo (<40%) dever-se-á
fundamental para assegurar a
Após inclusão e aceitação do
fazer transfusão de concentrado
qualidade do transporte e do
recém-nascido pela unidade de
eritrocitário a 15 ml/kg.1 Em caso de
tratamento com hipotermia, assim
tratamento é necessário o hospital
convulsões, administrar dose inicial
sendo devem ser colocados cateter
•
•
•
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ARTIGO DE REVISÃO NEONATALOGIA/TIP
umbilical venoso (CVU de duplo
Embora o valor preditivo do aEEG
semanas para indução do trabalho de
lúmen) e arterial (CAU) e ainda um
tenha mudado na era da hipotermia,
parto. Teve rotura artificial da bolsa
acesso vascular periférico.1
ainda é útil para selecionar bebés que
amniótica com 3 horas de duração e
O registo sistemático de
podem beneficiar deste tratamento.
saída de líquido meconial. Apesar de
informações da gravidez, trabalho de
A espectroscopia de infravermelho
um período expulsivo muito
parto, do transporte para a unidade,
próximo (NIRS) consiste num método
prolongado o CTG estava descrito
evolução clínica, laboratorial,
não invasivo que permite a
como tranquilizador.
electrofisiológica e imagiológica
monitorização contínua da
Parto distócico por fórceps, IA 5 (1º
durante o tratamento é
oxigenação cerebral regional, através
minuto), 4 (5º minuto) e 8 (10º
extremamente importante. A
da avaliação das alterações
minuto), Peso de nascimento 4100 g.
avaliação destes dados pode sugerir
hemodinâmicas e da oxigenação
Realizada aspiração de secreções
diagnósticos alternativos. Sempre
cerebral em tempo real. Tem utilidade
meconiais, secagem e estimulação,
que possível deverá ser enviada a
se realizada concomitantemente com
contudo, por manter bradipneia e
placenta para estudo
o aEEG para a identificação precoce
bradicardia iniciou ventilação por
anatomopatológico.1
dos casos com mau prognóstico.
pressão positiva com boa resposta.
Os cuidados durante o transporte
Na tabela 5, figuram as medidas de
Por manutenção da hipotonia e
prendem-se essencialmente na
suporte e monitorização durante a
diminuição dos reflexos foi desligado
manutenção da temperatura-alvo
hipotermia induzida.
o aquecimento e por apresentar
entre 34 e 35ºC rectal. A
polipneia com tiragem e gemido foi
temperatura ambiente da
SEGUIMENTO CLÍNICO
transportado do bloco de partos para
ambulância deve ser mantida na
Dependendo do local de nascimento
a Unidade de Cuidados Especiais
ordem dos 21ºC.
e da distância do mesmo à unidade
Neonatais (UCEN). À admissão na
de tratamento, os RN tratados com
UCEN apresentava-se alerta,
AVALIAÇÃO NA UNIDADE
hipotermia deverão ser avaliados de
hipotónico, períodos de gemido,
DE TRATAMENTO
forma seriada em Neonatologia/
polipneia e tiragem infra-costal.
A monitorização com aEEG, deve ser
Pediatria; Neuropediatria,
Frequência cardíaca de 142 bpm,
iniciada assim que possível e de
Oftalmologia, Otorrinolaringologia,
tensão arterial média 41 mmHg,
preferência antes de se iniciar o
preferencialmente nas consultas do
temperatura rectal 36.1ºC em
tratamento com hipotermia.1
hospital de origem devendo ser
incubadora aberta e sem aquecimento.
As alterações do aEEG que reforçam
avaliados na unidade de tratamento
Apresentava na gasimetria capilar,
o diagnóstico de encefalopatia
em idades chave (18 meses, 3 anos
aos 17 minutos de vida, pH 6.926,
moderada a grave com indicação
e 6 anos).
pCO2 72.4 mmHg, HCO3 st 10.5
para tratamento com hipotermia são as seguintes:
Tabela 4 - Alterações do aEEG com indicação de hipotermia1
mmol/L, défice de bases -17.5 CASO CLÍNICO
mmol/L, glucose 110 mg/dL e Hb
Mãe de 23 anos, GII PI (cesariana em
20.4 g/dL.
2014 por pré-eclâmpsia), A Rh+.
Manteve-se com oxigénio suplementar
Gravidez sem intercorrências.
a 3L/min para SpO2 > 92%.
Ecografias das 9 e 22 semanas de
Foi contactada a equipa do Transporte
gestação sem alterações, serologias
inter-hospitalar Pediátrico (TIP) do
sem sinais de infeção ativa e
Algarve aos 30 minutos de vida. A
pesquisa de Streptococcus do Grupo
recém-nascida apresentava TS >7 e 2
B negativa. Internada no Centro
critérios A + critério B (compatíveis
Hospitalar Universitário do Algarve
com encefalopatia moderada) pelo que
– Unidade de Portimão, às 41
tinha indicação de tratamento com
Indice
49
50
50
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ARTIGO DE REVISÃO NEONATALOGIA/TIP
Tabela 5- Monitorização alvo e medidas de suporte durante a hipotermia induzida1
hipotermia induzida em unidade de
temperatura rectal e cardiorrespiratória,
oxigénio suplementar para 2L/min
tratamento de referência em Lisboa.
aporte hídrico 40 mL/Kg/dia. Fez
sendo realizado arrefecimento através
Enquanto se aguardava transporte
avaliação analítica com hemocultura
da suspensão das fontes de
para unidade de tratamento, foram
antes de se iniciar antibioterapia com
aquecimento em incubadora aberta e
colocados acessos umbilicais (venoso
ampicilina e gentamicina. Durante esse
com apoio de luvas com água fria
e arterial) e um acesso venoso
período, apresentou redução
tendo-se atingido os 34.9ºC rectais.
periférico, realizada monitorização da
progressiva das necessidades de
Indice
51
Na avaliação analítica apresentava
e o aEEG evidenciava traçado
hemoglobina 16.9 g/dL, hematócrito de
deprimido. Em D3 fez ecografia
51.1%; leucocitose 25300/uL, neutrofilia
transfontanelar com índice de
Rodrigues, Farela Neves, Hipotermia induzida no
71.1% e plaquetas de 211000/uL. Sem
resistência normal e ainda
neonatal, Consenso Nacional, Secção
alterações da função renal e
ecocardiograma, que não
ionograma, contudo apresentava sinais
apresentava alterações de relevo.
de asfixia com aumento das
Às 72 horas de tratamento foi
transaminases, LDH 1288 U/L, creatina
submetida a reaquecimento que
cinase total 1168 U/L, CK-MB 335 U/L e
decorreu sem intercorrências do
elevação da troponina T-hs (207.4
ponto de vista hemodinâmico. Entre
ng/L).
as 12-24h de reaquecimento
À chegada da equipa TIP, que iria
apresentou 3 episódios convulsivos,
transportar a doente para o Hospital
que cederam ao midazolam.
Pediátrico de Coimbra, dada a
Ressonância magnética crânio-
ausência de vagas nas Unidades de
encefalica sem lesões de EHI.
referência em Lisboa, decidiu-se
Em D5 foi extubada, sem necessidade
entubação orotraqueal e ventilação de
de oxigenoterapia. 52 Em D6 suspendeu
alta frequência. Ficou com morfina em
antibioterapia. Em D8, transferida para
perfusão para o transporte.
o Centro Hospitalar Universitário do Algarve – Unidade de Portimão, com
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clínico perdeu-se, uma vez que os pais NA UNIDADE DE TRATAMENTO
regressaram para o seu país natal,
COM HIPOTERMIA INDUZIDA
impossibilitando assim a análise dos
Iniciou monitorização aEEG e NIRS.
resultados da hipotermia no
Sem crises no aEEG na fase inicial.
neurodesenvolvimento desta criança
Fez ecografia transfontanelar que
após 2 anos do dano inicial.
evidenciou sinais de edema cerebral,
A existência da equipa de Transporte
com perda da definição das estruturas
inter-hospitalar pediátrico (TIP)
anatómicas e ecodoppler com roubo
possibilitou a realização do melhor
diastólico. Hipotermia induzida
tratamento para esta situação, em
iniciada antes das 12 horas de vida.
unidade de referência, mesmo que
Em D1-3 necessidade de suporte
distante, dado não existirem vagas nas
dopaminérgico até 6.3 mcg/kg/min
unidades de tratamento de referência.
por MAP <40 mmHg, mantendo FC
Apesar de se ter perdido o seguimento
93-113 bpm. Apresentava anisocoria
do doente, entende-se que a sua
(esquerda <direita), aEEG sem registo
evolução neurológica foi favorável,
de convulsões e sob perfusão de
graças a um tratamento realizado
morfina a 14 mcg/kg/h.
dentro da janela terapêutica
Em D3, mantinha anisocoria discreta
52
Indice
LUÍSA GASPAR Médica Pediatria
EDITOR
NUNO RIBEIRO Enfermeiro VMER TIP
REVISÃO
COMISSÃO CIENTÍFICA
Indice
53
54
54
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REFLEXÕES BREVES SOBRE A EMERGÊNCIA MÉDICA
REFLEXÕES BREVES SOBRE A EMERGÊNCIA MÉDICA
O IMPACTO PSICOLÓGICO DA PANDEMIA COVID-19 NOS PROFISSIONAIS DE EMERGÊNCIA PRÉ–HOSPITALAR [EPH (VMER, HELI, SIV, BOMBEIROS, …)] Luís Ramos1,2 1 2
Serviço de Psiquiatria 1 – Unidade de Faro, Centro Hospitalar Universitário do Algarve Médico da VMER de Faro e Albufeira
Palavras-Chave: Pandemia COVID-19; profissionais de emergência pré-hospitalar; saúde mental, trauma psicológico, ansiedade, depressão, insónia, stress pós-traumático, apoio psicológico
Com o início da Pandemia COVID-19,
solidão e tristeza, ganho de peso,
desidratações, desgaste físico e
decretado pela OMS a 11.3.2020, os
coincidiu com a diminuição do
emocional adicionais.
profissionais de Emergência
exercício físico, em especial durante
Os EPI (e.g., máscaras, protectores
Pré-Hospitalar (EPH) passaram a
os períodos de quarentena/
faciais/oculares, e outras barreiras)
enfrentar novos desafios, riscos
confinamento.
colocaram desafios na comunicação
acrescidos e imprevisíveis, com
A Segurança, questão e condição
eficaz, pela limitação da expressão
impacto na sua saúde física
essencial (sine qua non) para os
não-verbal, com os pacientes,
e mental.
operacionais de EPH, tornou-se ainda
familiares, e outros profissionais.1;4
Durante os períodos sem pandemia,
mais vital, perante a ameaça do
Em cada activação do Centro de
os estudos sugerem que os primeiros
Risco Biológico, como vectores (aos
Orientação de Doentes Urgentes
respondentes e profissionais de
familiares, colegas, etc.) do vírus
(CODU), o antes, o durante, e o
saúde já enfrentam um risco elevado
SARS CoV-2.
depois, passaram a exigir mais
de problemas de saúde mental,
Nesta basta rede de profissionais de
tempo para as medidas de segurança
incluindo esgotamento (burnout),
saúde, doentes, familiares, sociedade
(EPI) e higienização. Traduz-se por
depressão, ansiedade e perturbação
em geral, que se intersectam, o risco
tensão e ansiedade adicionais, pois
de stress pós-traumático (PSPT). Em
tornou-se potenciado e exponencial,
demoramos mais tempo para aceder
2016, um estudo da Ordem dos
aumentando, nas diversas vagas,
às vítimas, nem sempre
Médicos verificou que dois terços
rapidamente, os números de novos
compreendido pelos familiares e
dos médicos apresentavam altos
infectados e vítimas mortais.
demais intervenientes. Cuidados
níveis de exaustão emocional.
Perante a suspeita e o risco
adicionais nos procedimentos
É amplamente sabido e divulgado,
infeccioso da Covid-19, os
diagnósticos e terapêuticos (e.g.,
desde o início da Pandemia Covid-19,
Equipamentos de Protecção
doentes ventilados, aerossóis), para a
o aumento da doença mental. A
Individual (EPI) têm sido a nossa
reposição e higienização do material,
diminuição do bem-estar psicológico,
barreira de protecção. A sua
e consequente disponibilização da
associado a elevados sintomas de
utilização implicou uma
viatura para as novas ocorrências.
ansiedade (e.g. “coronafobia”),
aprendizagem e adaptação
A intervenção dos profissionais EPH
depressão, insónia, quer na
constantes a materiais pouco ou
em ambientes menos controlados,
população em geral, nos doentes
nada confortáveis, sobretudo em
desde sempre, acarreta maior risco
com Covid-19, e ainda mais, nos
ambientes pouco arejados e de
de acidentes e doenças (físicas,
profissionais de saúde,
elevadas temperaturas, incluindo as
emocionais), situação potenciada
especialmente os da primeira linha. O
células sanitárias das ambulâncias,
pela Covid-19.
aumento da hostilidade, irritabilidade,
expondo-nos a grandes
Uns quantos profissionais contraíram
1;5
4
1;4
Indice
55
a infecção, tendo ficado em
56 desprezável de percentagem não
ansiedade, pânico (taquicardia,
quarentena, ou mesmo internados,
vítimas Covid-19, mas também pelos
transpiração, ondas de calor). Os
privados de “liberdade e espaço” nas
profissionais de EPH afectados.
sintomas manifestam-se
suas relações familiares,
Simultaneamente, desde o início da
habitualmente nos minutos que
profissionais, sociais, de lazer, etc..
Pandemia, as notícias a cada
seguem à ocorrência do estímulo ou
O receio e o medo frequentes de
instante, no país e no mundo, dos
do acontecimento estressante.2
podermos estar infectados (com
novos números de infectados e
sintomas minor ou assintomáticos) e
vítima mortais, traduzem muita
2. Reacções de Ajustamento (e.g.,
transmitirmos a terceiros têm
incerteza sobre o que vem a seguir,
nas vagas da Pandemia, os períodos
pairado sempre nas nossas mentes,
perpetuando os sentimentos de
prolongados de quarentena
atenuando-se, desde finais de
ansiedade, tensão, angústia.
profiláctica), com predomínio de
Dezembro/2020, com o início da
Em termos nosológicos, os
Sintomas Depressivos, Ansiosos
vacinação em massa da população, e
profissionais de EPH têm alto risco
ou Mistos.
após atenuação da (2.ª) grande vaga
para desenvolver quadros de:
Estado de angústia subjectiva e perturbação emocional, usualmente
de Janeiro-Fevereiro/2021. O isolamento profiláctico e o
1. Reacções Agudas a Stress (e.g.,
interferindo com o funcionamento e o
distanciamento social imposto nos
infecção confirmada pelo SARS
desempenho sociais e que surgem
períodos de quarentena obrigatórios,
CoV-2, com sintomas, isolamento
em um período de adaptação a uma
com alteração das rotinas nas
social, etc.).
mudança significativa de vida ou em
diferentes áreas das nossas vidas,
Perturbação transitória que ocorre
consequência de um evento de vida
tiveram um enorme impacto no
em indivíduo que não apresenta
stressante (incluindo a presença ou a
despoletar e potenciar dos sintomas,
nenhum outro distúrbio mental
possibilidade de doença física séria).
em função da vulnerabilidade
manifesto, em seguida a um stress
O stressor pode ter afectado a
individual, o ambiente, e a experiência
físico e/ou psíquico excepcional, e
integridade das relações sociais de
profissional do dia-a-dia da pandemia.
que desaparece habitualmente até
um indivíduo (por perdas ou
Não podemos descorar os
três dias a um mês.
experiencias de separação).
sentimentos de culpa e
Acompanha-se frequentemente de
O início é usualmente dentro de um
estigmatização vivenciados por uma
sintomas neurovegetativos de
mês da ocorrência do evento
56
Indice
REFLEXÕES BREVES SOBRE A EMERGÊNCIA MÉDICA
stressante ou mudança de vida e a
mental/emocional, comportamental,
BIBLIOGRAFIA
duração dos sintomas usualmente
causado pelo exercício de uma
1.
não excede os seis meses.2
actividade profissional) e desenvolver
J., Carbajo J., Pérez L., Pérez M, Fernández C. ,
Sintomas de Stress Pós-Traumático
Frutos M.. (Setembro de 2021). Analyzing the
3. Perturbação de Stress Pós-
(nomeadamente os que mais
Impact of COVID-19 Trauma on Develloping
Traumático (e.g., profissionais de
contacto tiveram com doentes
Post-Traumatic Stress Disorder among Emergency
primeira linha de EPH, Urgências,
graves com ou sem desenlace fatal).5
Medical Workers in Spain. Int J Environ Res Saúde
Cuidados Intensivos, Infecciosas,
A nível do Centro Hospitalar
Pública. 18 (17): 9132
sobretudo durante as grandes
Universitário do Algarve (CHUA) (Faro
vagas, com o aumento exponencial
e Portimão) foram criadas Linhas
de infectados, internados,
telefónicas Internas (Covid-19) para
e vítimas mortais).1;2
os seus profissionais acederem às
Este distúrbio surge como uma
Consultas de Psiquiatria e/ou
resposta tardia e/ou protraída a uma
Psicologia, cuja procura (em Faro) foi
Pandemic Within a Pandemic. Journal of
situação stressante (de curta ou
escassa ou quase nula, merecendo
Emergency Medical Serviçes. (10.8.2021).
longa duração), de natureza
alguma reflexão: insuficiente
excepcionalmente ameaçadora ou
divulgação? Estigma? Por outro lado,
catastrófica, a qual causa angústia
os profissionais de EPH e da
invasiva em quase todas as pessoas.
chamada “primeira linha”, habituados
estresse pós-traumático em profissionais de
Sintomas típicos incluem episódios
a situações de grande exigência e
saúde: a relação com o esgotamento durante a
de repetidas revivescências do
stress, têm tido especial resiliência
pandemia de COVID-19 na Itália. Int J Environ Res
trauma sob a forma de memórias
face à Pandemia?3
Saúde Pública
intrusas (flasbacks) ou sonhos,
Os estudos realizados realçam a
ocorrendo contra o fundo persistente
necessidade de promoção de hábitos
de uma sensação de
de vida saudáveis (e.g., exercício
“entorpecimento” e embotamento
físico, técnicas de relaxamento,
emocional, afastamento de outras
alimentação saudável, lazer, relações
pessoas, falta de reactividade ao
sociais, etc.), programas de
ambiente, anedonia e evitamento de
prevenção e rastreio de sofrimento
actividades e situações recordativas
psicológico e/ou doença mental em
do trauma. Comummente há medo e
profissionais de EPH / Emergência
evitamento de indicativos que
Médica na Linha da Frente da
relembrem ao paciente o
Pandemia, e referenciação para as
trauma original.
Consultas de Psicologia
O início segue o trauma com um
e/ou Psiquiatria.1;3.
período de latência que pode avariar
Apesar dos progressos alcançados
de poucas semanas a meses
com a vacinação, continuamos em
(raramente excede os seis meses).2
Pandemia Covid-19, sob o seu efeito
Os profissionais que têm sido
traumático prolongado, na incerteza
sujeitos a maior stress e carga
e receio de novas vagas e estirpes
horária, ficaram com maior
mais resistentes, motivo para
probabilidade de entrar em burnout
estarmos atentos e cuidarmos da
(estado de esgotamento físico e
nossa saúde física e mental
2.
Caballero C., García R., Manovel R., Sanz L., Piedra
OMS, 1992 - Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10. Artes Médicas Sul Lda.
3.
Diário da República, 2.ª série — N.º 142 (25 de Julho de 2018). Despacho n.º 7059/2018.
4.
5.
EMS Provider Mental Health During COVID-19: A
L. Ghio, S. Patti, G. Piccinini , C. Modafferi, E. Lusetti , M. Mazzella, M. Sette. (21 de Setembro de 2021)
6.
Ansiedade, depressão e risco de transtorno de
EDITORA
INÉS SIMÕES Coordenadora Médica da VMER de Portimão
REVISÃO
COMISSÃO CIENTÍFICA
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CARTAS AO EDITOR
CARTAS AO EDITOR
ÁCIDO TRANEXÂMICO E TCE (TRAUMATISMO CRÂNIO-ENCEFÁLICO) ISOLADO: CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTUDO CRASH-3 Sara Duarte1, Sérgio Silva1, Teresa Tomásia1 1
Serviço de Medicina Interna 2, Centro Hospitalar e Universitário do Algarve – Unidade de Faro
Caro editor,
(GCS) ou hemorragia intracraniana
aos 28 dias foi de 14% para o grupo
na tomografia computorizada (TAC)
do ácido tranexâmico versus 15.1%
Vimos apresentar algumas
e sem hemorragia extracraniana.
no grupo placebo (RR 0.93, 95% CI
considerações relativamente ao
Excluíram doentes com pressão
0.83–1.0). Além dos resultados na
ensaio CRASH-3 com doentes
arterial sistólica <90mmHg, para
sobrevida dos doentes com TCE,
randomizados entre os anos 2012 e
evitar doentes com hemorragia
mostraram que o risco de eventos
2019, e o uso do ácido tranexâmico
extracraniana não diagnosticada,
oclusivos vasculares foi de 1.6%
no traumatismo crânio-encefálico
com GCS <3 e pupilas não reativas,
(RR 0.98, 95%CI 0.74–1.28) em
(TCE) isolado.
bilateralmente. Assim, estes 9127
ambos os grupos.
Sabe-se que o ácido tranexâmico
doentes foram tratados nas
A análise exploratória do ensaio
reduz a hemorragia intraoperatória,
primeiras 3h pós-TCE com ácido
CRASH-3, mostra que existe uma
pós-traumática e pós-parto, sendo
tranexâmico ou placebo e os
grande redução no risco de morte
a sua administração em bólus de
autores do ensaio exploraram os
nas primeiras 24h nos doentes
1g nas primeiras 3h após o trauma/
efeitos do ácido tranexâmico na
tratados com ácido tranexâmico,
hemorragia, seguida por infusão de
mortalidade por qualquer causa
sendo estatisticamente
1g nas 8h seguintes, relembrando
nas primeiras 24h pós-trauma, após
significativa e consistente com os
as 24h e aos 28 dias. O risco de
efeitos biológicos esperados do
A abordagem inicial do TCE visa
morte prematura apresentou-se
ácido tranexâmico. Dado o risco
evitar danos secundários e otimizar
inferior no grupo tratado com ácido
relativo aos 28 dias ser
as condições para a recuperação,
tranexâmico (2.9% versus 3.9% no
parcialmente devido aos efeitos
sabendo que na maioria dos
grupo placebo; RR 0.74, 95%CI
nas primeiras 24h do TCE,
doentes, a hemorragia intracraniana
0.58–0.94), independentemente da
acredita-se que a redução na
começa logo após o trauma e
gravidade do TCE (usaram a GCS
mortalidade aos 28 dias é uma
continua por várias horas, com
para validar a gravidade do TCE),
redução real, apesar de não
expansão do hematoma entre 1h a
sendo este efeito mais visível na
estatisticamente significativa. O
1,5 h pós-trauma.
análise ao grupo com TCE isolado
efeito do ácido tranexâmico em
Neste ensaio foram randomizados
(Tabela 1). O risco de morte por
doentes com TCE isolado é similar
12639 doentes com TCE, dos quais
todas as causas às 24h pós-trauma
aqueles com politraumatismo,
9127 apresentavam uma pontuação
foi similar em ambos os grupos e o
reduzindo o risco de morte nas
≤ 12 na escala de coma de Glasgow
risco de morte por qualquer causa
primeiras 24h em 20%. 1
1
que este tem uma semivida de 2h.
1
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CARTAS AO EDITOR
Tabela 1 – Efeitos do ácido tranexâmico versus placebo na mortalidade nas primeiras 24h e 24h após TCE, segundo gravidade. Tabela adaptada de Brenner et al. Understanding the neuroprotective effect of tranexamic acid: an exploratory analysis of the CRASH-3 randomised trial. Critical Care (2020) 24:560 Legenda: TXA: Ácido tranexâmico; TCE: Traumatismo Crânio-encefálico
O uso de ácido tranexâmico está
BIBLIOGRAFIA
preconizado nos algoritmos
1.
Brenner et al. Understanding the
pré-hospitalares para o doente
neuroprotective effect of tranexamic acid: an
politraumatizado com hemorragia,
exploratory analysis of the CRASH-3
mas com os dados do ensaio
randomised trial. Critical Care (2020) 24:560.
CRASH-3, poderá ponderar-se se
Doi: 10.1186/s13054-020-03243-4
deveria ser considerado o seu uso também no doente com TCE isolado, mesmo que grave, e sem receio das complicações de
EDITORA
oclusão vascular, dada a incidência destas ser similar tanto nos doentes tratados com placebo como os tratados com ácido tranexâmico.
CATARINA JORGE Médica VMER
Assim, os autores deste artigo destacam o benefício no uso do ácido tranexâmico no TCE isolado
EDITOR
mesmo que grave, sendo do nosso interesse a partilha desta informação como linha de conta de atuação JÚLIO RICARDO SOARES Médico VMER
REVISÃO
COMISSÃO CIENTÍFICA
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CARTAS AO EDITOR
CARTAS AO EDITOR
O ALGORITMO BARCELONA NO ENFARTE AGUDO DO MIOCÁRDIO NO BLOQUEIO COMPLETO DE RAMO ESQUERDO Sérgio Antunes da Silva1, Sara Aleixo Duarte 1 1
Serviço de Medicina Interna 2, Centro Hospitalar Universitário do Algarve – Unidade Faro
Caro editor,
Assim, em 1996, foram publicados no
a sensibilidade para a deteção de EAM
New England Journal of Medicine os
aumentou de 49% para 80% mantendo
O artigo “Bloqueio de ramo esquerdo
primeiros critérios para auxiliar no
uma especificidade de 99%.4
e enfarte agudo de miocárdio de
diagnóstico do EAM em pacientes
No entanto, em 2018 foi publicado o
localização… determinada” publicado
com BCRE. Os autores, onde se
algoritmo Barcelona, que teve como
na 2ª edição da Lifesaving Scientific
incluia Elena Sgarbossa, definiram 3
objectivo aumentar a sensibilidade
de novembro de 2021 descreve de
critérios: (1) Elevação concordante do
diagnóstica do ECG em doentes com
forma clara e sucinta os critérios de
segmento ST > 1mm em derivações
BCRE e suspeita de EAM. De acordo
Sgarbossa modificados que permitem
com um QRS positivo (5 pontos), (2)
com os autores, o pressusposto
auxiliar no diagnóstico do enfarte
Depressão concordante do segmento
principal na avaliação do ECG deve
agudo do miocárdio (EAM) em
ST > 1mm em V1-V3 (3 pontos), e (3)
centrar-se no facto de que a depressão
doentes com bloqueio completo de
Elevação discordante do segmento
concordante do segmento ST tem que
ramo esquerdo (BCRE).
ST > 5mm nas derivações com um
ser valorizada em todas as derivações
De facto, o diagnóstico de EAM na
complexo QRS negativo (2 pontos). O
e não apenas em V1, V2 e V3.
presença de BCRE é um dos grandes
diagnóstico de EAM seria feito se se
Assim sendo, e de acordo com o
desafios diagnósticos em doentes
obtivesse uma pontuação superior a
algoritmo Barcelona, as seguintes
que se apresentam com
3 pontos.
alterações no ECG são indicadoras
sintomatologia sugestiva de uma
Posteriormente este critérios foram
de EAM:
síndrome coronário aguda (SCA). A
revistos em 2012, por Stephen Smith
1.
presença deste bloqueio faz com que
et al; de acordo com o estudo,
(0,1mV) concordante com o QRS
as alterações típicas encontradas no
publicado no Annals of Emergency
em qualquer derivação do ECG,
electrocardiograma (ECG) sejam
Medicine, uma elevação discordante
incluindo
mascaradas devido ao atraso da
do segmento ST de 25% da onda S
1.1 infradesnivelamento do
despolarização ventricular e à
precendente, em derivações com QRS
segmento ST ≥ 1mm (0,1mV)
alteração da ativação septal do
negativo permitiria uma maior
concordante com QRS em
ventrículo esquerdo, para além das
acuidade diagnóstica, ficando estes
qualquer derivação
alterações induzidas no segmento ST,
critérios conhecidos como critérios de
1.2 supradesnivelamento do
que se apresenta na direção oposta
Sgarbossa modificados.
segmento ST ≥ 1mm (0,1mV)
do complexo QRS (e descrito na
De facto, e de acordo com uma
concordante com QRS em
literature como desvio ST
publicação efectuada em 2015 e que
qualquer derivação (score 5 por
discordante).
teve por base um estudo retrospectivo,
critérios de Sgarbossa)
1
2
3
Desvio do segmento ST ≥ 1mm
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CARTAS AO EDITOR
2.
Desvio do segmento ST ≥ 1mm
BIBLIOGRAFIA
(0,1mV) discordante do QRS, em
1.
Koskinas, K., Ziakas, A. Left Bundle Branch Block
qualquer derivação, com voltagem
in Cardiovascular Disease: Clinical Significance
de R|S ≥ 6mm (0,6mV).
and Remaining Controversies. Angiology 2015, Vol. 66(9) 797-800.
Deste modo, e tendo em conta os
2.
Sgarbossa, B., Pinski, S., et al.
critérios descritos anteriormente, este
Electrocardiographic Diagnosis of Evolving Acute
algoritmo apresenta uma sensibilidade
Myocardial Infarction in the Presence of Left
de 93% e uma especificidade de 94%
Bundle-Branch Block. N Engl J Med 1996;
para o diagnóstico de EAM,
334:481-487.
apresentando um desempenho
3.
Smith, S., Dodd, K., et al. Diagnosis of ST-elevation
globalmente superior aos critérios de
myocardial infarction in the presence of left
Sgarbossa e Sgarbossa modificados.5
bundle branch block with the ST-elevation to S-wave ratio in a modified Sgarbossa rule. Ann
Posto isto penso que se poderá revelar útil a integração deste novo algoritmo
Emerg Med. 2012 Dec;60(6):766-76. 4.
Pendell Meyers, H., Limkakeng, A., et al. Validation
na avaliação do ECG de doentes que
of the modified Sgarbossa criteria for acute
se apresentem com sintomatologia
coronary occlusion in the setting of left bundle
sugestiva de SCA e tenham,
branch block: A retrospective case-control study.
concomitantemente, um padrão de
Am Heart J. 2015 Dec;170(6):1255-64.
BCRE, pese embora ser necessária
5.
Di Marco, A., Rodriguez, M., et al. New
ainda uma validação externa que
Electrocardiographic Algorithm for the Diagnosis
confirme os resultados obtidos
of Acute Myocardial Infarction in Patients With
EDITORA
Left Bundle Branch Block. J Am Heart Assoc. 2020;9:e015573.
CATARINA JORGE Médica VMER
EDITOR
JÚLIO RICARDO SOARES Médico VMER
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LIFESAVING TRENDS - INOVAÇÕES EM EMERGÊNCIA MÉDICA
LIFESAVING TRENDS - INOVAÇÕES EM EMERGÊNCIA MÉDICA
DRONE-DEA: ESTARÁ O FUTURO MAIS PRÓXIMO?
N OVA
RUBR
André Aguiar1, Afonso Eliseu1, Bruno Barreira1, Luís Costa1 1
Médico Interno de Anestesiologia do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve - Unidade de Faro
O primeiro estudo mundial sobre o
rapidamente nos primeiros minutos
pela resposta longa dos serviços
papel dos drones na entrega de
após um colapso, assim como a
de emergência.10,11
Desfibrilhador Automático Externo
probabilidade de sobrevivência a um
O estudo decorreu no verão de 2020,
(DAE) no contexto de Paragem
evento de PCR que aguarde o
entre 1 de Junho e 30 de Setembro,
Cardiorrespiratória (PCR) em cenários
tratamento com DEA (um dos
cobriu 125km2 e cerca de 80.000
reais foi realizado na Suécia e
preditores mais fortes do aumento da
habitantes. Foram colocados 3
publicado em Agosto de 2021 na
sobrevida). Por cada minuto sem
hangares estrategicamente, cada um
European Hearth Journal e
tratamento com RCP e desfibrilhação,
deles equipado com um drone capaz
apresentado no European Society of
a probabilidade de sobreviver
de viajar até 5km. O drone era
Cardiology Congress 2021. Os autores
diminui 7-10%.
controlado por operadores treinados
tiveram a colaboração dos serviços de
Guiados pelo mote que cada minuto
no centro de controlo.1
emergência suecos e de uma equipa
conta numa situação de PCR, os
Os critérios de inclusão foram (I) alerta
especializada em drones (Everdrone).
autores deste estudo tentaram
de PCR nas áreas definidas para
Até à data apenas estudos teóricos e
perceber qual o papel dos drones na
operar e (II) horário de operação 08:00
simulações tinham demonstrado o
entrega de DEA, em
– 22:00. Os critérios de exclusão antes
potencial desta solução. Segundo os
complementaridade ao serviço de
do alerta foram (I) crianças <8 anos de
autores, este estudo vem mostrar o
emergência standart, num contexto
grande potencial que estes
semi-urbano (Gothenburg e Kungälv).
presenciado pelos serviços de
dispositivos poderão ter num cenário
Segundo os autores, as regiões
emergência. Os critérios de exclusão
de emergência em contexto
semi-urbanas são o contexto ideal
após o alerta foram (I) escuridão, (II)
pré-hospitalar.
para este tipo de iniciativa, pela
chuva, (III) ventos >8m/s, (IV)
Dados suecos de 2019 relatam que
elevada incidência de casos de PCR e
construções >5 andares (20m), (V)
1
2,3
1
7,8,9
idade, (II) trauma e (III) PCR 1
71% dos casos de PCR ocorrem em casa e que o tempo mediano entre o alerta e a chegada da ambulância é de 11 minutos.4 Apenas uma em cada dez pessoas sobrevive a um evento de PCR fora do hospital, porém com reanimação cardiopulmonar (RCP) e choque com recurso ao DEA na fase elétrica inicial, a probabilidade de sobrevivência aumenta 50-70%.5,6 A incidência de fibrilhação ventricular diminui Ilustração 1: Adaptado de 10.1093/eurheartj/ehab498
Indice
67
ICA
de teste aleatórios com uma taxa de entrega de DEA de 90%.1 Os autores ressalvam como limitação o facto de o estudo decorrer apenas no verão, onde as condições atmosféricas são mais favoráveis para o uso de drones, e que, mesmo assim, as más condições atmosféricas foram responsáveis por impedir o uso de drones em 9 dos 53 alertas. Dessa forma, é necessário perceber qual o clima de cada localidade e país para tornar possível uma operação desta magnitude. Outra limitação foi o uso de planos de rota bastante conservadores (evitar rotas de elevada densidade populacional, aumentando
68
a distância de voo) assim como o limite de velocidade.1 Outro aspecto importante é perceber qual o benefício de 2 minutos no tempo de entrega do DEA comparado com os serviços de emergência na sobrevivência destes doentes. Uma vez que nenhum dos DEA entregues antes da ambulância foi colocado no paciente, mais estudos são
zonas não permitidas para voo e (VI)
estar parada, 1 vez por manutenção do
necessários para averiguar o
episódios de PCR fora das áreas
drone, 8 vezes por rotas em elevada
possível impacto.
definidas para operar.
densidade populacional, 8 vezes por
No futuro, os autores sugerem que um
Como outcome primário, os autores
zonas proibidas para voo, 9 vezes por
guia e telecomunicador, assim como a
definiram a percentagem de DEA
condições climatéricas, 1 vez por
educação da população, poderão
entregues cada vez que um drone era
escuridão e outra vez por falha na
facilitar o uso do DEA nestas
lançado num caso suspeito de PCR.
ativação do dispositivo).
situações. De realçar ainda que a
Os outcomes secundários foram (I)
Dos 12 casos elegíveis, 11 foram
amostra do estudo é reduzida, pelo
percentagem de chegadas do drone
entregues com sucesso (92%). Em 7
que a significância do benefício
antes da ambulância, (II) a diferença
casos (64%) o drone chegou antes da
temporal é difícil de avaliar.1,14,15,16
do tempo de chegada entre drone vs
ambulância com um tempo médio de
Como referido anteriormente, os
ambulância e (III) a percentagem de
1:52min (01:35 – 04:54). O drone
autores consideram as áreas semi-
DEA entregues pelo drone e colocados
percorreu uma distância média de
urbanas o contexto ideal para este tipo
antes da chegada da ambulância.
3.1km sem causar quaisquer tipos de
de operação.11 Embora haja elevada
Durante este período, houve 53 alertas
dano. Nenhum DEA entregue pelo
incidência de casos de PCR nas
de possíveis PCR na área coberta,
drone foi colocado no paciente antes
cidades, a atual disponibilidade de
sendo que em 39 casos o drone não
da chegada da ambulância. Durante o
DEA públicos estrategicamente
foi lançado (11 vezes pela operação
estudo foram ainda realizados 61 voos
colocados pela cidade, torna esta
1
1
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1
LIFESAVING TRENDS - INOVAÇÕES EM EMERGÊNCIA MÉDICA
opção pouco importante. Por outro
BIBLIOGRAFIA
lado, em áreas rurais e isoladas, pela
1.
10.
Ringh M, Rosenqvist M, Hollenberg J, et al.
Schierbeck S, Hollenberg J, Nord A, et al. Automated
Mobile-Phone Dispatch of Laypersons for CPR in
baixa incidência destes eventos,
external defibrillators delivered by drones to patients
Out-of-Hospital Cardiac Arrest. N Engl J Med.
pode-se considerar pouco útil colocar
with suspected out-of-hospital cardiac arrest. Eur
2015;372(24):2316-2325. doi:10.1056/
uma operação desta magnitude
Heart J. Published online 2021:1-10. doi:10.1093/
nejmoa1406038
nestas regiões. No futuro, com o
eurheartj/ehab498
aumento dos tempos de bateria dos
Berglund E, Claesson A, Nordberg P, et al. A
Association AM. Time to Delivery of an Automated
smartphone application for dispatch of lay
drones e das distâncias percorridas,
External Defibrillator Using a Drone for Simulated
responders to out-of-hospital cardiac arrests.
poderá ser criado um modelo relevante
Out-of-Hospital Cardiac Arrests vs Emergency
Resuscitation. 2018;126(November 2017):160-165.
para as áreas rurais, onde o tempo de
Medical Services. 2017;317(22):2332-2334.
doi:10.1016/j.resuscitation.2018.01.039
chegada dos serviços de emergência é
2.
11.
3.
Rosamond WD, Johnson AM, Bogle BM, Arnold E,
12.
Claesson A, Fredman D, Svensson L, et al. Unmanned
por vezes muito longo.3,12,13
Cunningham CJ, Picinich M, Williams BM,
aerial vehicles (drones) in out-of-hospital-cardiac-
Atualmente, os autores referem já ter
Ze`gre-Hemsey JK. Drone delivery of an
arrest. Scand J Trauma Resusc Emerg Med.
permissão para usar os drones
automated external defibrillator. N Engl J Med
2016;24(1):1-9. doi:10.1186/s13049-016-0313-5
durante a noite e sobrevoar zonas
2020;383:1186–1188.
densamente populadas, o que significa
13.
Cheskes S, McLeod SL, Nolan M, et al. Improving
Holmén J, Herlitz J, Ricksten SE, et al. Shortening
access to automated external defibrillators in rural
uma rota mais curta que inclua mais
ambulance response time increases survival in
and remote settings: A drone delivery feasibility
casos e diminua o tempo de
out-of-hospital cardiac arrest. J Am Heart Assoc.
study. J Am Heart Assoc. 2020;9(14):1-8.
chegada.1,14,15,16
2020;9(21). doi:10.1161/JAHA.120.017048
doi:10.1161/JAHA.120.016687
No futuro, um regulador poderá
4.
5.
Perkins GD, Handley AJ, Koster RW, et al. European
14.
https://www.escardio.org/The-ESC/Press-Office/
estimar o tempo de chegada da
Resuscitation Council Guidelines for Resuscitation
Press-releases/Drones-could-deliver-defibrillators-to-
ambulância em função do tráfico,
2015. Section 2. Adult basic life support and
cardiac-arrest-victims-faster-than-ambulances
trajeto e clima para perceber se o uso
automated external defibrillation. Resuscitation.
de drone seria mais eficiente. Os
2015;95:81-99. doi:10.1016/j.
autores acreditam ainda que drones
resuscitation.2015.07.015
equipados com DEA serão uma
15.
https://healthcare-in-europe.com/en/news/ aed-drone-delivery-shows-great-potential.html
16.
https://www.webmd.com/heart-disease/
Hasselqvist-Ax I, Riva G, Herlitz J, et al. Early
atrial-fibrillation/news/20210831/drone-delivered-
realidade num futuro próximo, pela
Cardiopulmonary Resuscitation in Out-of-Hospital
defibrillator-can-arrive-before-ambulance
rápida evolução tecnológica destes
Cardiac Arrest. N Engl J Med. 2015;372(24):2307-
aparelhos, que serão capazes de voar
2315. doi:10.1056/nejmoa1405796
mais rapidamente, mais longe e em
6.
7.
Pollack RA, Brown SP, Rea T, et al. Impact of
climas mais adversos e dessa forma
bystander automated external defibrillator use on
poderão salvar milhares de vida.1,14,15,16
survival and functional outcomes in shockable
Em Abril de 2021, os mesmos autores
observed public cardiac arrests. Circulation.
começaram um estudo de follow-up
2018;137(20):2104-2113. doi:10.1161/
com um sistema optimizado, com o
CIRCULATIONAHA.117.030700
objetivo de usar o drone em mais
8.
Valenzuela TD, Roe DJ, Nichol G, Clark LL, Spaite DW,
alertas, diminuir o tempo de resposta e
Hardman RG. Outcomes of Rapid Defibrillation by
aumentar a diferença temporal em
Security Officers after Cardiac Arrest in Casinos. N
relação aos serviços de emergência
Engl J Med. 2000;343(17):1206-1209. doi:10.1056/
standart.1,14,15,16
nejm200010263431701 9.
EDITOR
ALÍRIO GOUVEIA Médico VMER
REVISÃO
Ringh M, Jonsson M, Nordberg P, et al. Survival after Public Access Defibrillation in Stockholm, Sweden A striking success. Resuscitation. 2015;91:1-7.
https://www.youtube.com/
doi:10.1016/j.resuscitation.2015.02.032
COMISSÃO CIENTÍFICA
watch?v=5P6pzy395ZQ
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VAMOS PÔR O ECG NOS EIXOS
VAMOS PÔR O ECG NOS EIXOS
ENFARTE AGUDO DO MIOCÁRDIO POSTERIOR – COMO DESVENDAR O LADO OCULTO DO CORAÇÃO. Teresa Tomásia Silva1, Tiago Branco1 1
Interno de Formação Específica, Centro Hospitalar Universitário do Algarve, Serviço de Medicina Interna
Mulher de 76 anos, com fatores de risco
Com base nos sintomas e no ECG,
BIBLIOGRAFIA
cardiovascular (hipertensão arterial
assumiu-se o diagnóstico de Enfarte
1.
presumidamente essencial, diabetes
Agudo do Miocárdio com
Management of ST-Elevation Myocardial Infarction,
mellitus tipo 2, ex-fumadora há 20 anos
supradesnivelamento de ST (EAMcSST)
Circulation, 2013
com carga tabágica 21UMA) e
posterior, sendo admitida no
antecedentes pessoais de cardiopatia
Laboratório de Hemodinâmica, onde
management of acute myocardial infarction in
isquémica, refere sensação de
realizou coronariografia que revelou
patients presenting with ST-segment elevation,
indisposição e náusea intensas após o
oclusão trombótica de artéria coronária
EHJ, 2018
jantar seguidas, pelas 23.30h, de
Circunflexa, tendo sido submetida a
torácica opressiva com irradiação ao
angioplastia primária com stent.
2.
O’Gara PT, et al. 2013 ACCF/AHA Guideline for the
Ibanez B, et al. 2017 ESC Guidelines for the
membro superior esquerdo, que se manteve de forma intermitente ao longo
O EAMcSST posterior isolado é pouco
da noite. No dia seguinte, por recidiva de
comum (3-11% dos casos) e o seu
dor torácica, ativou a emergência
diagnóstico eletrocardiográfico requer
pré-hospitalar e foi assistida pela VMER,
sensibilidade e perspicácia, dada a
apresentando Eletrocardiograma (ECG)
ausência de um supradesnivelamento
de 12 derivações sem alterações de
óbvio do segmento ST à primeira vista.
relevo. No serviço de urgência, já sem
No ECG 12d simples, a presença de
dor torácica, repetiu ECG acrescido das
infradesnivelamento de ST em V1-V3 -
derivações direitas e posteriores,
consideradas alterações recíprocas
evidenciando infradesnivelamento de ST
“em espelho” da parede posterior -
(infraST) nas derivações anteriores, sem
deverá conduzir à suspeita diagnóstica,
alterações nas posteriores.
principalmente na presença de
Analiticamente, apresentava Troponina I
sintomas de isquemia, tornando-se
de alta sensibilidade de 307 pg/mL.
imprescindível a obtenção de
Cerca de 45 minutos mais tarde, teve
derivações posteriores (V7-V9), onde a
recidiva de toracalgia e realizou novo
presença de supradesnivelamento ST
ECG (Figura 1) que apresentava:
implicará revascularização emergente,
Ritmo sinusal, com 56 batimentos por
com impacto prognóstico
EDITORA
TERESA MOTA Interna de formação Específica de cardiologia - CHUA
EDITOR
minuto, sem desvios do eixo elétrico, com infraST de V1-V5 e DII, e supraST V7-V9.
Palavras-Chave: Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM) posterior; derivações posteriores
HUGO COSTA Interno de formação Específica de cardiologia - CHUA
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Scan para inscrição
1 Abril 2022 Teatro das Figuras, Faro REGISTO ONLINE: WWW.APEMERG.PT
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CRITÉRIOS DE PUBLICAÇÃO ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO – Novembro de 2021
74
1. Objectivo e âmbito
2. Informação Geral
3. Direitos Editoriais
A Revista LIFESAVING SCIENTIFIC (LF Sci) é um órgão de publicação pertencente ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) e dedica-se à promoção da ciência médica pré-hospitalar, através de uma edição trimestral. A LF Sci adopta a definição de liberdade editorial descrita pela World Association of Medical Editors, que entrega ao editor-chefe completa autoridade sobre o conteúdo editorial da revista. O CHUA, enquanto proprietário intelectual da LF Sci, não interfere no processo de avaliação, selecção, programação ou edição de qualquer manuscrito, atribuindo ao editor-chefe total independência editorial. A LF Sci rege-se pelas normas de edição biomédica elaboradas pela International Commitee of Medical Journal Editors e do Comittee on Publication Ethics.
A LF Sci não considera material que já foi publicado ou que se encontra a aguardar publicação em outras revistas. As opiniões expressas e a exatidão científica dos artigos são da responsabilidade dos respetivos autores. A LF Sci reserva-se o direito de publicar ou não os artigos submetidos, sem necessidade de justificação adicional. A LF Sci reserva-se o direito de escolher o local de publicação na revista, de acordo com o interesse da mesma, sem necessidade de justificação adicional. A LF Sci é uma revista gratuita, de livre acesso, disponível em https://issuu.com/lifesaving. Não pode ser comercializada, sejam edições impressas ou virtuais, na parte ou no todo, sem autorização prévia do editor-chefe.
Os artigos aceites para publicação ficarão propriedade intelectual da LF Sci, que passa a detentora dos direitos, não podendo ser reproduzidos, em parte ou no todo, sem autorização do editor-chefe.
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4. Critérios de Publicação 4.1 Critérios de publicação nas rúbricas A LF Sci convida a comunidade científica à publicação de artigos originais em qualquer das categorias em que se desdobra, de acordo com os seguintes critérios de publicação: Artigo Científico Original - Âmbito: apresentação de resultados sobre tema pertinente para atuação das equipas em contexto de emergência pré-hospitalar de adultos. Dimensão recomendada: 1500 a 4000 palavras.
CRITÉRIOS DE PUBLICAÇÃO
Temas em Revisão - Âmbito: Revisão extensa sobre tema pertinente para atuação das equipas em contexto de emergência pré-hospitalar de adultos. Dimensão recomendada: 1500 a 3500 palavras. Hot Topic - Âmbito: Intrepretação de estudos clínicos, divulgação de inovações na área pré-hospitalar recentes ou contraditórias. Dimensão recomendada: 1500 a 3500 palavras. Rúbrica Pediátrica - Âmbito: Revisão sobre tema pertinente para atuação das equipas em contexto de emergência pré-hospitalar no contexto pediátrico. Dimensão recomendada: 1500 a 3500 palavras.
Casos Clínicos (Adulto) - Âmbito: Casos clínicos que tenham interesse científico, relacionados com situações de emergência em adultos. Dimensão recomendada: 1000 palavras.
tecnológicas, de dispositivos inovadores, ou de atualizações de equipamentos ou práticas atuais. Limite de Palavras: máximo 1500 palavras; Limite de tabelas e figuras: 6
Casos Clínicos (Pediatria) - Âmbito: Casos clínicos que tenham interesse científico, em contexto de situações de emergência em idade pediátrica. Dimensão recomendada: 1000 palavras.
4.2 Critérios gerais de publicação
Casos Clínicos (Neonatalogia) - Âmbito: Casos clínicos que tenham interesse científico, que reportem situações de emergência em idade neonatal. Dimensão recomendada: 1000 palavras. LIFESAVING Trends - Inovações em Emergência Médica - Âmbito: Artigo com estrutura de "Correspondência", privilegiando a divulgação de novidades
O trabalho a publicar deverá ter no máximo 120 referências. Deverá ter no máximo 6 tabelas/ figuras devidamente legendadas e referenciadas. O trabalho a publicar deve ser acompanhado de no máximo 10 palavras-chave representativas. No que concerne a tabelas/ figuras já publicadas é necessário a autorização de publicação por parte do detentor do copyright (autor ou editor). Os ficheiros deverão ser submetidos em alta resolução, 800 dpi mínimo para gráficos e 300 dpi mínimo para fotografias em formato JPEG (. Jpg), PDF (.pdf). As tabelas/
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figuras devem ser numeradas na ordem em que ocorrem no texto e enumeradas em numeração árabe e identificação. No que concerne a casos clínicos é necessário fazer acompanhar o material a publicar com o consentimento informado do doente ou representante legal, se tal se aplicar. No que concerne a trabalhos científicos que usem bases de dados de doentes de instituições é necessário fazer acompanhar o material a publicar do consentimento da comissão de ética da respetiva instituição. As submissões deverão ser encaminhadas para o e-mail: revistalifesaving@gmail.com
4.3 Critérios de publicação dos artigos científicos. Na LIFESAVING SCIENTIFIC (LF Sci) podem ser publicados Artigos Científicos Originais, Artigos de Revisão ou Casos Clínicos de acordo com a normas a seguir descritas. Artigos Científicos O texto submetido deverá apresentado com as seguintes secções: Título (português e inglês), Autores (primeiro nome, último nome, título, afiliação), Abstract (português e inglês), Palavras-chave (máximo 5), Introdução e Objetivos, Material e
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Métodos, Resultados, Discussão, Conclusão, Agradecimentos, Referências. O texto deve ser submetido com até 3 Take-home Messages que no total devem ter até 50 palavras. Não poderá exceder as 4.000 palavras, não contando Referências ou legendas de Tabelas e Figuras. Pode-se fazer 76 acompanhar de até 6 Figuras/ Tabelas e de até 60 referências bibliográficas. O resumo/ abstract não deve exceder as 250 palavras. Se revisão sistemática ou meta-análise deverá seguir as PRISMA guidelines. Se meta-análise de estudo observacionais deverá seguir as MOOSE guidelines e apresentar um protocolo completo do estudo. Se estudo de precisão de diagnóstico, deverá seguir as STARD guidelines. Se estudo observacional, siga as STROBE guidelines. Se se trata da publicação de Guidelines Clínicas, siga GRADE guidelines. Este tipo de trabalhos pode ter no máximo 6 autores. Artigos de Revisão O objetivo deste tipo de trabalhos é rever de forma aprofundada o que é conhecido sobre determinado tema de importância clínica. Poderá contar com, no máximo,
3500 palavras, 4 tabelas/figuras, não mais de 50 referências. O resumo (abstract) dos Artigos de Revisão segue as regras já descritas para os resumos (abstract) dos Artigos Científicos. Este tipo de trabalho pode ter no máximo 5 autores. Caso Clínico O objetivo deste tipo de publicação é o relato de caso clínico que pela sua raridade, inovações diagnósticas ou terapêuticas aplicadas ou resultados clínicos inesperados, seja digno de partilha com a comunidade científica. O texto não poderá exceder as 1.000 palavras e 15 referências bibliográficas. Pode ser acompanhado de até 5 tabelas/ figuras. Deve inclui resumo que não exceda as 150 palavras, organizado em objetivo, caso clínico e conclusões. Este tipo de trabalho pode ter no máximo 4 autores. Cartas ao Editor - Objetivo: comentário/exposição referente a um artigo publicado nas últimas 4 edições da revista promovendo a discussão e visão crítica. Poderão ainda ser enviados observações, casuísticas particularmente interessantes de temáticas atuais que os autores desejem apresentar aos leitores de forma concisa.
CRITÉRIOS DE PUBLICAÇÃO
- Instruções para os autores: 1. O corpo do artigo não deve ser subdividido; sem necessidade de resumo ou palavras-chave. 2. Deve contemplar entre 500 a 1000 palavras, excluindo referências, tabelas e figuras. 3. Apenas será aceite 1 figura e/ ou 1 tabela. 4. Não serão aceites mais de 5 referências bibliográficas. Devendo cumprir as normas instituídas para revista. 5. Número máximo de autores são 4. Breves Reflexões sobre a Emergência Médica Âmbito: artigo de reflexão/opinião, com a exposição de ideias e pontos de vista sobre tema no âmbito da emergência médica, do ponto de vista conceptual, podendo a argumentação do Autor convidado, ser baseada na sua experiência pessoal ou na citação de livros, revistas, artigos publicados, entre outros recursos de pesquisa, devidamente assinalados no texto; Estrutura do artigo: título, Autor(es) e afiliação; resumo e palavras-chave (facultativos), introdução, desenvolvimento, conclusão final, referências bibliográficas. Limite de palavras: 1500 Resumo (facultativo): máximo 100 palavras, em formato bilingue (português e inglês)
Palavras-chave: máximo 5 palavras chave, em formato bilingue (português e inglês) Limite de tabelas e figuras: 3 Bibliografia: máximo 5 referências bibliográficas “Vamos pôr o ECG nos eixos” - Âmbito: Análise e interpretação de traçados eletrocardiográficos clinicamente contextualizados - Formato: Título; Autores – máx. 2 autores (primeiro nome, último nome, título, afiliação); 2 palavras-chave; 1 imagem (ECG ou tira de ritmo, em formato JPEG com resolução original); Legenda explicativa com breve enquadramento clínico e interpretação do traçado (ritmo, frequência, alterações da despolarização ou repolarização pertinentes no contexto) – máx. 300 palavras; Referências bibliográficas.
5. Referências Os autores são responsáveis pelo rigor das suas referências bibliográficas e pela sua correta citação no texto. Deverão ser sempre citadas as fontes originais publicadas. A citação deve ser registada empregando Norma de Vancouver.
6. Revisão por pares A LF Sci segue um processo single-blind de revisão por pares (peer review). Todos os artigos são inicialmente revistos pela equipa editorial nomeada pelo editor-chefe e caso não estejam em conformidade com os critérios de publicação poderão ser rejeitados antes do envio a revisores. A aceitação final é da responsabilidade do editor-chefe. Os revisores são nomeados de acordo com a sua diferenciação em determinada área da ciência médica pelo editor-chefe, sem necessidade de justificação adicional. Na avaliação os artigos poderão ser aceites para publicação sem alterações, aceites após modificações propostas pela equipa editorial ou recusados sem outra justificação.
7. Erratas e retrações A LF Sci publica alterações, emendas ou retrações a artigos previamente publicados se, após publicação, forem detetados erros que prejudiquem a interpretação dos dados
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