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FICHA TÉCNICA DIRETOR
EDITORES ASSOCIADOS
LIFESAVING TRENDS Inês Portela.
Bruno Santos TEMAS EM REVISÃO
EDITOR-CHEFE Daniel Nunez
COMISSÃO CIENTÍFICA
Ana Agostinho, André Villarreal, Catarina Jorge, Catarina Tavares, Guilherme Henriques, João Nuno Oliveira, Vasco Monteiro.
Ana Rita Clara, HOT TOPIC
Carlos Raposo,
Jorge Miguel Mimoso.
Cristina Granja, Eunice Capela,
RUBRICA PEDIÁTRICA
Gonçalo Castanho,
Cláudia Calado, Mónica Bota.
Maria Manuel Vieira, Margarida Rodrigues, Miguel Jacob,
2
CASO CLINICO ADULTO Noélia Alfonso, Rui Osório.
Miguel Varela, Nuno Mourão, Pilar Crugeiras,, Rui Ferreira de Almeida,
AUDIOVISUAL Pedro Lopes Silva.
DESIGN
Ana Raquel Ramalho, Marta Soares.
PARCERIAS
CASO CLINICO NEONATAL/TIP
Vera Santos.
Nuno Ribeiro, Luísa Gaspar. BREVES REFLEXÕES SOBRE A EMERGÊNCIA MÉDICA Inês Simões.
CARTAS AO EDITOR Catarina Jorge, Júlio Ricardo Soares.
VAMOS PÔR O ECG NOS EIXOS Hugo Costa, Teresa Mota.
Periodicidade: Trimestral Linguagem: Português
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FOTOGRAFIA Joana Oliveira, Pedro Rodrigues Silva, Maria Luísa Melão, Solange Mega.
Luis Gonçalves (ABC).
Stéfanie Pereira,
2
ILUSTRAÇÕES
CASO CLINICO PEDIÁTRICO
Sérgio Menezes Pina,
ISSN: 2184-9811
Catarina Costa.
João Paiva.
Ana Silva Fernandes,
José A. Neutel,
IMAGEM EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
Propriedade: UNIDADE LOCAL DE SAÚDE DO ALGARVE, EPE Morada da Sede: Rua Leão Penedo. 8000-386 Faro Telefone: 289 891 100 | NIPC 510 745 997
EDITORIAL Caríssimos leitores, Viva o Carnaval! Apresentamos a mais recente edição da revista LIFESAVING Scientific, o número 1 do seu 4º volume e não estamos sozinhos, acompanhamos a 31ª edição da LIFESAVING – Revista de Emergência Médica! Fevereiro, o irmão mais pequenino do ano, o mês da Paixão, o mês do disfarce, da brincadeira, do Carnaval... Paixão... como a que demostram os nossos autores quando nos apresentam os seus trabalhos. Disfarce... branco e azul, de médico e enfermeiro da VMER. O mesmo Disfarce que vestimos diariamente para ajudar a quem nos pede auxílio. Este primeiro número do ano é Cardíaco... aproxima-se o São Valentim... coraçōes a palpitar...e se tens dor no peito, convidamo-lo a ler o artigo “SCA revisão e atualização – adaptada à prática na região do Algarve” no final do mesmo, poderás concluir se realmente tens um enfarte ou se apenas é Amor. Este primeiro número é Ilusão... ilusão como aquela que tinha o estudante de secundária que queria ser “vmerista”. Mas também este primeiro número é Família, é Respeito... no artigo “A presença da família na reanimação cardiopulmonar- a perceção de um enfermeiro” os autores referem a importância da família durante os últimos minutos de vida de um ser amado. Este número é Reflexão e Crítica... Reflexão que fazem os autores do artigo “Caraterização, clínico demográfica e casuística de 2 anos de atividade VMER Portimão”. Explicam porque, para o quê e para onde são ativados. Crítica, quando após análise da atividade e produção, nos questionamos se realmente fizemos quilómetros a mais nestes 2 anos! Será que as ativações são sempre necessárias? Lê e descobre ! Mas isto não é tudo, este primeiro número também é Tecnologia... Como “vestir” um relógio nos pode salvar a vida. É também aliviar a dor com uso de anestésicos no pré-hospitalar... Convidamo-vos a refugiarem-se num espaço calmo, tranquilo, um espaço onde consigas aprender, disfrutar com a experiência dos nossos autores e colaboradores. Caríssimos “Carpe Diem” e “Peace and Love”.
Daniel Núñez Editor Chefe LIFESAVING Scientific
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ÍNDICE
08
ARTIGO DE REVISÃO I CARACTERIZAÇÃO CLÍNICO-DEMOGRÁFICA E CASUÍSTICA DE 2 ANOS DE ATIVIDADE DA VIATURA MÉDICA DE EMERGÊNCIA E REANIMAÇÃO DO BARLAVENTO ALGARVIO
14
HOT TOPIC ANESTESIA DE EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
26
ARTIGO DE REVISÃO II SÍNDROMES CORONÁRIAS AGUDAS – REVISÃO E ATUALIZAÇÃO – ADAPTADA À PRÁTICA NA REGIÃO ALGARVIA
36
ARTIGO DE REVISÃO III A PRESENÇA DA FAMÍLIA DURANTE A REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR – A PERCEÇÃO DOS ENFERMEIROS
50
REFLEXÕES BREVES SOBRE A EMERGÊNCIA MÉDICA VMER DO BARLAVENTO – A VISÃO DO FUTURO MÉDICO
54
LIFESAVING TRENDS - INOVAÇÕES EM EMERGÊNCIA SMARTWATCH, O DISPOSITIVO QUE ESTÁ UM “OLHAR” À FRENTE DA EQUIPA DE EMERGÊNCIA
60
VAMOS PÔR O ECG NOS EIXOS PONTE PARA UM ENFARTE…COMBINADO
64
IMAGEM EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EDEMA CERVICAL E DOS MEMBROS SUPERIORES
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7
8
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ARTIGO DE REVISÃO I
ARTIGO DE REVISÃO I
CARACTERIZAÇÃO CLÍNICO-DEMOGRÁFICA E CASUÍSTICA DE 2 ANOS DE ATIVIDADE DA VIATURA MÉDICA DE EMERGÊNCIA E REANIMAÇÃO DO BARLAVENTO ALGARVIO Jorge Miguel Mimoso1,2, Daniel Garrido1, Luís Esteves Soares1, Maria Inês Simões3,4 Interno de Formação Específica em Medicina Interna, Unidade Local de Saúde do Algarve, EPE Médico da Viatura Médica de Emergência e Reanimação do Barlavento Algarvio 3 Assistente Hospitalar em Medicina Interna, Unidade Local de Saúde do Algarve, EPE 4 Coordenadora Médica da Viatura Médica de Emergência e Reanimação do Barlavento Algarvio 1 2
RESUMO
dependência influenciaram a ativação
understand demographic and clinical
A Viatura Médica de Emergência e
da VMER. O score NEWS sugere
characteristics of assisted victims.
Reanimação (VMER) é um meio
discrepância entre a razão de
There were 2421 recorded
pré-hospitalar destinado a
ativação e a necessidade real da
occurrences, involving 2313 victims,
intervenções médicas avançadas no
mesma. A alocação da VMER em
55.9% male, with an average age of
local do evento. Este estudo analisou
Portimão reflete e é justificada pela
63.7 ± 22.9 years. Arterial
retrospetivamente as intervenções da
densidade populacional do município
hypertension was the most prevalent
VMER no Barlavento Algarvio, entre
sede da mesma. As paragens
cardiovascular risk factor (29.4%), and
janeiro de 2021 e dezembro de 2022,
cardio-respiratórias foram o motivo
comorbidities like depressive
visando compreender as
mais comum de acionamento, mas a
syndrome (5.66%) and coronary
características demográficas e
ativação da via verde PCR foi limitada.
disease (5.32%) were observed. 8.04%
clínicas das vítimas assistidas. Foram
É vital conhecer a casuística e
of victims were totally dependent. The
registadas 2421 ocorrências,
compreender as características da
initial National Early Warning Score
abrangendo 2313 vítimas, com 55.9%
população abrangida. Só assim será
(NEWS) was 2.2, ending at 1.84,
de homens e idade média de 63.7 ±
possível levar a cabo ações que
showing an average variation of -0.36.
22.9 anos. A hipertensão arterial foi o
promovam a melhoria contínua dos
Portimão had the highest occurrence
fator de risco cardiovascular mais
cuidados prestados, gerir os
rate (50.1%), mostly at domiciles
prevalente (29.4%). Como
recursos disponíveis e
(59.9%). Assisted victims often had
comorbilidades destacam-se o
consequentemente melhorar
cardiovascular risk factors and
síndrome depressivo (5.66%) e a
abordagem aos doentes emergentes.
psychiatric history. Advanced age,
doença coronária (5.32%), e 8.04% das vítimas eram dependentes totais.
Palavras-Chave: VMER; casuística; clínico-demográfico; barlavento algarvio
O score NEWS médio inicial foi de 2.2,
comorbidities, and dependency influenced VMER activation. Despite a predominant NEWS score, there was a
e no final, 1.84, indicando uma
ABSTRACT
discrepancy between activation
variação média de -0.36. A maioria
The Medical Emergency and
reason and actual need. VMER
das ocorrências (50.1%) ocorreu em
Resuscitation Vehicle (VMER) is a
allocation in Portimão aligns with
Portimão, e a principal localização foi
dedicated pre-hospital resource for
population density. Cardiopulmonary
o domicílio (59.9%). Fatores de risco
advanced medical interventions at
arrests were common, but the cardiac
cardiovascular e antecedentes
event scenes. This retrospective
arrest pathway activation was limited.
psiquiátricos foram predominantes
analysis covers VMER interventions in
Understanding population
nas vítimas assistidas. A idade
Barlavento Algarve from January
characteristics is crucial for VMER
avançada, comorbilidades e
2021 to December 2022, aiming to
care enhancement. This analysis
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9
optimizes resource allocation and effectiveness in approaching emergent patients. Acquainting oneself with the population's characteristics and casuistry where resources operate is imperative. This knowledge enables actions promoting continuous improvement in care delivery and resource management, ultimately impacting the effectiveness of approaching emergent patients. Keywords: Medical Emergency and Resuscitation Vehicle; Casuistry; Clinical-Demographic; Barlavento, Algarve
INTRODUÇÃO A assistência médica pré-hospitalar, que abrange desde a resposta inicial
10
à vítima até a sua estabilização primária e transporte, desempenha um papel fundamental na
Tabela 1.Características clínicas dos doentes assistidos pela VMER Barlavento no período estudado
minimização de morbidade e
crítica do tratamento médico que se
extraídos e analisados a partir dos
mortalidade em situações de
inicia no próprio local do evento.
registos clínicos pré-hospitalares
emergência. Um componente
No cenário específico do Barlavento
inseridos numa base de dados e a
essencial desse sistema é a Viatura
Algarvio, uma região pitoresca e de
partir dos dados publicados na
Médica de Emergência e Reanimação
grande relevância geográfica no sul de
plataforma PowerBi.
(VMER), um meio de intervenção
Portugal (3), a VMER encontra-se
Este trabalho foi previamente
pré-hospitalar meticulosamente
estrategicamente alocada no seio do
apresentado sob forma de poster no
equipado e tripulado por uma equipa
Centro Hospitalar Universitário do
Congresso Internacional de
médica experiente, composta por um
Algarve - Unidade de Portimão. Esta
Emergência’23 da Ocean Medical que
médico e um enfermeiro. Este veículo
base serve como ponto central para
decorreu nos dias 25 e 26 de maio de
é concebido para proporcionar uma
uma vasta área política e geográfica,
2023 no Centro de Congressos do
resposta ágil e competente no local
assegurando que a resposta médica
Taguspark tendo obtido a
onde se encontra o paciente,
de emergência alcance os pacientes
classificação de primeiro lugar.
especialmente em cenários de natureza
naqueles preciosos momentos iniciais.
2
médica ou traumatológica complexa.1,2
RESULTADOS
A VMER não é apenas um meio de
MATERIAIS/MÉTODOS
Durante o período de estudo foram
transporte, mas um ambiente móvel
Com o objetivo de analisar a
contabilizadas 2421 ocorrências das
de cuidados intensivos, onde são
casuística e as características
quais 108 foram desativações
disponibilizados recursos de Suporte
demográficas e clínicas das vítimas
perfazendo um total de 2313 vítimas
Avançado de Vida (SAV) de forma a
socorridas pela VMER do Barlavento,
assistidas. Destes 55.9% (n=1295)
garantir a estabilidade do paciente até
desenhou-se um estudo retrospetivo
foram homens. A média de idades
que este possa ser transferido para
que incluiu todas as vítimas
cifrou-se nos 63.7 ± 22.9 anos. A
uma unidade hospitalar apropriada.
assistidas no período compreendido
distribuição das idades por faixas
Equipada com tecnologia e fármacos
entre 1 de Janeiro de 2021 e 31 de
etárias apresenta-se unimodal com
avançados, a VMER é uma extensão
Dezembro de 2022. Os dados foram
pico evidente na faixa etária 61-80.
10
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ARTIGO DE REVISÃO I
(National Early Warning Score) médio no início da ocorrência foi de 2,2 (md=0) e no final da ocorrência foi de 1,84 (md=0) com uma variação média de -0,36 entre o início e o final da ocorrência. (Gráfico 1) Do total de ocorrências, 50.1% (n=1159) foram no concelho de Portimão, 20.36% (n=471) em Lagoa, 12.93% (n=299) em Silves e 6.01% (n=139) no concelho de Lagos. (Figura 1) Gráfico 1. Variação, em pontos, na escala NEWS, por número de pacientes em escala logaritmica
O local onde se registaram mais ocorrências foi o domicílio (n=1386, 59.9 %), seguida da via pública (n=410, 17.73%) e dos lares/cuidados continuados (n=239, 10.33%). O tipo de ativação mais frequente foi a paragem cardio-respiratória (n=484, 20.9%) seguida da dor torácica (n=464, 20.1%) e da alteração do estado de consciência (n=387, 16.7%). Do total de ocorrências, 553 foram paragens cardio-respiratórias, das quais 5.61% foram transportados ao hospital após recuperação de circulação espontânea. Das vias verdes em funcionamento na região do Algarve, foi ativada 46 vezes a via verde coronária e 19 vezes a via verde AVC. DISCUSSÃO Este estudo fornece uma caracterização clínica e demográfica relevante, englobando uma ampla amostra de vítimas dentro do período temporal estudado. Releva-se a preponderância dos fatores de risco
Tabela 2. Características demográficas dos doentes assistidos pela VMER Barlavento no período estudado
cardiovascular como antecedentes de
Dos fatores de risco cardiovascular a
comorbilidade mais frequente foi o
uma grande fatia das vítimas
hipertensão arterial foi o mais
síndrome depressivo (n=131, 5.66%),
atendidas, assim como o papel dos
frequente (n=680, 29.4%), seguido da
seguida da doença coronária (n=123,
antecedentes psiquiátricos nas
Diabetes Mellitus (n=271, 11.72%), do
5.32%), da demência (n=113, 4.89%) e
vítimas que necessitam de socorro
tabagismo (n=189, 8.17%), da
da neoplasia ativa (n=111, 4.8%). Do
pela VMER, sendo que este último
dislipidemia (n=176, 7,61%) e do
total das vítimas 186 (8.04%) eram
pode ter motivado um número
alcoolismo (n=161, 6.96%). A
dependentes totais. O score NEWS
considerável de ocorrências. A idade
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ARTIGO DE REVISÃO I
Figura 1. Ocorrências, por concelho, por 1000 habitantes
avançada das vítimas, as suas
cardio-respiratória não houve
BIBLIOGRAFIA
comorbilidades e o elevado nível de
indicação para iniciar manobras de
1.
dependência, parecem condicionar
suporte avançado de vida, quer pelo
um aumento do número de ativações
status funcional prévio das vítimas,
da VMER do Barlavento, por eventual
quer pelo tempo efetivo em paragem
inexistência de outros mecanismos
cardio-respiratória.
Jorge F, Gonçalves F, Rocha A. Estágio em Emergência Médica: a Realidade Pré-Hospitalar. 2021;
2.
INEM - Instituto Nacional de Emergência Médica [Internet]. [cited 2023 Feb 22]. Available from: https://www.inem.pt/
3.
de suporte a vítimas em fim de vida.
Algarve - Censos 2021 (resultados preliminares) | CCDR Algarve [Internet]. [cited 2023 Feb 27].
Por outro lado, a baixa média do
CONCLUSÃO
Available from: https://www.ccdr-alg.pt/site/info/
score NEWS pode corroborar a noção
Este estudo procurou oferecer uma
algarve-censos-2021-resultados-preliminares
empírica da discrepância entre o
perspetiva detalhada e aprofundada
motivo de ativação da VMER e a real
das intervenções realizadas pela
necessidade da mesma. A maior
VMER no Barlavento Algarvio ao
densidade populacional do concelho
longo de um período significativo,
de Portimão reflete-se na maior taxa
com o intuito de discernir as
de ativação da VMER neste concelho,
características demográficas e
justificando a sua alocação. A baixa
clínicas das vítimas assistidas.
taxa de ativação para o concelho de
Compreender esses dados não
Lagos, apesar da sua elevada
apenas enriquece a nossa
densidade populacional, pode estar
compreensão do perfil
justificada pela presença de outro
epidemiológico da população servida
meio diferenciado (ambulância de
pela VMER, mas também informa
suporte imediato de vida) neste
estratégias futuras para otimizar a
município. De notar que a paragem
prestação de cuidados em situações
cardio-respiratória foi o motivo de
emergenciais. Este esforço é
ativação mais frequente, no entanto
ancorado na convicção de que uma
apenas foi acionada a via verde PCR
análise rigorosa e cientificamente
para uma pequena porção destas.
fundamentada é crucial para avançar
Daqui poder-se-á aferir que em grande
na qualidade e eficácia dos serviços
parte das vítimas em paragem
médicos pré-hospitalares
4.
Registo Nacional de PCR [Internet]. [cited 2023 Feb 2]. Available from: https://extranet.inem.pt/pcr/
EDITOR
GUILHERME HENRIQUES Médico VMER/CODU e Heli INEM
REVISÃO
COMISSÃO CIENTÍFICA
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HOT TOPIC
HOT TOPIC
ANESTESIA DE EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA PREHOSPITAL EMERGENCY ANAESTHESIA: STATE-OF- THE-ART LITERATURE REVIEW Sara Batina1, Verónica Eckardt1, Ronald Silva2 1 2
Interna de Formação Específica em Anestesiologia, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, EPE, Portugal Assistente Hospitalar em Anestesiologia, Operationskliniken Västmanlands sjukhuset, Suécia
RESUMO
revisão da literatura foi possível
search generated 270 results, 27 of
Introdução: A anestesia de emergência
concluir que apesar da importância
which were selected for integral
pré-hospitalar (Prehospital Emergency
da PHEA estar bem estabelecida,
reading. The selected articles provided
Anaesthesia - PHEA) consiste na
existe a necessidade de investigação
an extensive review of the literature
indução anestésica e abordagem
adicional sobre o tema. Com base
published in the last 10 years on
avançada da via aérea em ambiente
em dados de ensaios mais robustos
performing PHEA. It was possible to
pré-hospitalar. É uma técnica essencial
realizados recentemente foi ainda
establish the importance of the
na abordagem do doente crítico
criado um guia orientador para a
technique and define the different
apesar do risco elevado e grande
realização de PHEA.
strategies for its implementation.
complexidade. Esta revisão tem como objetivos realizar uma revisão integra-
Palavras-Chave: Anestesia, Emergência, Pré-hospitalar, Via aérea
tiva da literatura sobre PHEA e
Conclusion: Although the importance of PHEA is well established, there is a need for additional research on the
estabelecer linhas de orientação para
ABSTRACT
topic. Despite the limitations of
a sua abordagem prática.
Background: Prehospital Emergency
carrying out studies in a pre-hospital
Métodos: Seleção de artigos com
Anaesthesia (PHEA) consists of
setting, data from recent and more
recurso à metodologia PRISMA e à
induction of anaesthesia and
robust trials allow us to propose a me-
base de dados PUBMED. Foram
advanced airway management in a
thodology for PHEA.
incluídos artigos publicados na
pre-hospital setting. It is an essential
plataforma entre 2012 e 2022.
technique in the initial approach to
Resultados e Discussão: A pesqui-
the critical care patient. However, it is
sa inicial originou 270 resultados,
a very complex technique and poses
tendo sido selecionados 27 para
a high associated risk. This review
leitura integral. A leitura dos artigos
aims to carry out an integrative
selecionados permitiu analisar a
review of the literature on PHEA and
evidência científica e as práticas
propose a methodology for its
internacionais atuais dos últimos
practical approach.
10 anos sobre a realização de
Methods: Article selection using the
PHEA. Foi assim possível estabele-
PRISMA methodology and the
cer a importância da técnica e
PUBMED database. Only articles
definir diferentes estratégias para
published on the platform between
sua realização.
2012 and 2022 were included.
Conclusão: A partir de uma extensa
Results and Discussion: The initial
Keywords: Anaesthesia, Emergency, Pre-hospital, Airway
INTRODUÇÃO A anestesia de emergência pré-hospitalar (Prehospital Emergency Anaesthesia - PHEA) consiste na indução anestésica e abordagem avançada da via aérea em ambiente pré-hospitalar.1 É uma técnica de elevada complexidade e com um risco associado significativo sendo essencial garantir, não só a proficiência técnica, como também uma sólida base teórica. Apesar do risco, a realização de PHEA é frequentemente necessária na
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15
abordagem pré-hospitalar do doente crítico que necessita de proteção da via aérea ou de suporte ventilatório.2 Contudo, a PHEA e a realização de técnicas avançadas da via aérea no pré-hospitalar mantêm-se um tema controverso, com dúvidas relativas ao risco-benefício das abordagens mais interventivas.3,4 Apesar da controvérsia da PHEA, é conhecido que a abordagem incorreta e tardia da via aérea no pré-hospitalar é um dos principais fatores preveníveis de morte e morbilidade do doente crítico.5,6 As preocupações com a segurança da realização da PHEA levaram à
16
realização de diversas revisões e à
ses). As palavras-chave pesquisadas
RESULTADOS E DISCUSSÃO
criação de normas e orientações em
foram “Anaesthesia” AND “Emergency
A pesquisa realizada originou 27
diferentes países. O modelo de
Care” AND “Pre-hospital”. Foram
artigos para leitura integral. A quase
resposta pré-hospitalar e a constitui-
incluídos artigos publicados entre
totalidade dos estudos selecionados
ção das equipas variam amplamen-
2012 e 2022 e a investigação foi
foram realizados por entidades
te entre países, pelo que alguns
restrita a artigos escritos na língua
europeias, nomeadamente, institui-
resultados de estudos sobre a PHEA
inglesa. A pesquisa inicial originou
ções do Reino Unido e Escandinavas
podem não ser ilustrativos da
270 resultados. Numa primeira
e ainda uma colaboração entre
realidade portuguesa. Em Portugal,
seleção foram excluídos 221 artigos
instituições do Reino Unido e dos
sendo a equipa da Viatura Médica
por serem irrelevantes, uma vez que
Estados Unidos da América.
de Emergência e Reanimação
não foram desenvolvidos em ambien-
Apesar de alguma heterogeneidade
constituída por um médico e um
te pré-hospitalar ou não focavam a
da temática principal entre os
enfermeiro, é esperada a realização
abordagem avançada da via aérea e 7
estudos selecionados, todos apre-
de técnicas avançadas da via aérea
artigos por incluírem a população
sentavam contribuições importantes
quando a situação clínica do doente
pediátrica. Dos 42 artigos seleciona-
para a revisão. Três artigos diziam
assim o exige.
dos para leitura do resumo, foram
respeito ao desenvolvimento de
Esta revisão tem como objetivos
excluídos 9 pelo ambiente pré-hospi-
guidelines para a realização de
realizar uma revisão integrativa da
talar não ser o contexto principal dos
PHEA. Outro dos assuntos frequente-
literatura sobre a PHEA e estabelecer
estudos e 9 por não serem relevantes
mente estudados foram fármacos
linhas de orientação para a sua
para a revisão. Foram selecionados
utilizados para PHEA, dispositivos
abordagem prática.
24 artigos para leitura integral, tendo
para abordagem da via aérea e
sido todos incluídos na revisão.
constituição das equipas com
MÉTODOS
Adicionalmente foram incluídos 2
competência para realizar PHEA. A
Para a seleção dos artigos a incluir na
artigos que os autores consideraram
abordagem de um doente com uma
revisão foi utilizada a base de dados
relevantes sobre a utilização de
via aérea difícil (VAD) previsível e não
PUBMED e utilizada a metodologia
Ketofol e um Tutorial da World
previsível não foi um assunto
PRISMA (Preferred Reporting Items for
Federation of Societies of Anaesthe-
extensivamente abordado nesta
Systematic Reviews and Meta-Analy-
siologists sobre a PHEA.
revisão, pelo que os autores remetem
16
Indice
HOT TOPIC
para a leitura das recomendações
partir do primeiro pedido de ajuda.2
a colmatar falhas registadas na
para a abordagem de VAD da Difficult
Ainda que realização de PHEA se
assistência pré-hospitalar no país.11
Airway Society de 2015 e/ou da
associe a um aumento de tempo
Destaca-se então a importância da
American Society of Anesthesiolo-
despendido no local, este acréscimo
PHEA ser realizada por equipas
gists de 2022 para uma melhor
não é significativo e o tempo no local
treinadas e com competência e
integração de conhecimento sobre
não se traduz necessariamente em
proficiência na técnica.2,6-8,11,12
este tema.
aumento na mortalidade. Para além
Outros fatores associados a
A partir da leitura dos artigos selecio-
disso, o conceito “scoop and run” não
outcomes desfavoráveis da PHEA
nados foi possível realizar uma vasta
garante que o doente chegue
foram a falha na monitorização dos
revisão da literatura mais recente
atempadamente ao hospital nem que
doentes, a utilização incorreta de
sobre a técnica de PHEA.
a abordagem da via aérea seja
equipamentos e a seleção inadequa-
O primeiro aspeto a ter em conta é a
realizada nos primeiros minutos
da de fármacos.11
compreensão da necessidade e a
após a chegada do doente à sala de
O sucesso de qualquer técnica
importância de realizar anestesia de
reanimação, o que se pode traduzir
relaciona-se com a correta seleção
emergência pré-hospitalar. Apesar
num atraso inaceitável de cuidados.8
dos doentes. Neste seguimento, em
das óbvias limitações da abordagem
No entanto, um estudo retrospetivo
2019, o European HEMS and Air
dos doentes no pré-hospitalar, é
sobre a realização de PHEA em
Ambulance Committee (EHAC)
essencial garantir que o nível de
doentes de trauma hipotensos e
Medical Working Group estabeleceu
cuidados proporcionados aos
acordados, sugere que nesta
um conjunto de indicações para a
doentes neste contexto não é inferior
população pode ser mais seguro
realização de PHEA: hipóxia presente
aos prestados em ambiente hospita-
atrasar a indução da anestesia até à
ou iminente, hipercapnia aguda
lar.7 A abordagem adequada da via
chegada ao hospital.9
presente ou iminente, perda ou risco
aérea permite a manutenção da
Uma vez estabelecida a importância
de perda de patência da via aérea,
oxigenação e reduz o risco de
da realização de anestesia de
agitação grave associada a trauma-
complicações como a aspiração do
emergência em ambiente pré-hospi-
tismo cranioencefálico (TCE) e
conteúdo gástrico.5
talar, é necessário compreender as
redução do estado de consciência.7
A maioria dos estudos sobre PHEA
potenciais consequências negativas
A PHEA implica a abordagem
foi realizado em doentes de trauma.
da mesma. As principais complica-
avançada da via aérea com recurso à
Lockey et al., num estudo prospetivo
ções da realização de PHEA incluem
indução de sequência rápida (ISR). A
observacional, demonstrou que o
instabilidade hemodinâmica, hipóxia,
ISR é uma técnica largamente
compromisso da via aérea é um
traumatismo da via aérea, regurgita-
utilizada na prática anestésica
achado frequente nas vítimas de
ção e aspiração do conteúdo
hospitalar e foi desenvolvida com o
trauma grave e que, quando realizada
gástrico.8,10 Não desvalorizando os
objetivo de rapidamente proporcionar
por um médico, a taxa de sucesso de
riscos associados à PHEA, a revisão
as condições adequadas para a
intubação traqueal no local era de
da literatura conclui que algumas das
intubação traqueal em doentes com
99%.6 Segundo as recomendações
questões levantadas quanto ao
risco de aspiração do conteúdo
de 2016 do National Institute for
risco-benefício da realização de
gástrico.13 Em ambiente pré-hospita-
Health and Care Excellence do Reino
PHEA relacionam-se com o facto de
lar, os doentes apresentam risco
Unido para a avaliação e abordagem
muitas equipas internacionais serem
potencialmente elevado de aspiração
inicial do doente com trauma grave,
formadas por profissionais não médi-
pelo jejum inadequado, desconheci-
na impossibilidade de manutenção
cos, nomeadamente, paramédicos.
mento da hora da última refeição ou
de uma via aérea patente ou de
De facto, no Reino Unido houve a
pelo atraso do esvaziamento
ventilação adequada, deve ser
necessidade de criação de uma
gástrico associado ao trauma. A
garantida uma via aérea definitiva no
subespecialidade médica em
técnica de ISR originalmente descrita
período máximo de 45 minutos a
Emergência Pré-Hospitalar de forma
inclui a realização de pré-oxigenação
Indice
17
18
18
Indice
HOT TOPIC
seguida da administração de um
2. Material e monitorização
técnica. A pré-oxigenação atrasa o
agente de indutor e de succinilcolina
A disponibilidade de material
início da dessaturação durante o
para relaxamento muscular, após os
adequado para a realização de PHEA
período de apneia uma vez que
quais é realizada intubação traqueal
é essencial para a segurança da
provoca o wash out do nitrogénio
rápida sem ventilação prévia com
técnica, sendo indispensável garantir
alveolar (desnitrogenação) e aumenta
máscara facial. Prevê também o
a sua existência e bom funcionamen-
tanto o conteúdo de oxigénio nos
posicionamento do doente com a
to. Apesar das limitações inerentes
pulmões como a tensão de oxigénio
cabeceira elevada e a aplicação da
ao meio pré-hospitalar, o material
no sangue e nos tecidos. A correta
manobra de Sellick (pressão cricói-
deve cumprir os padrões da anestesia
realização de pré-oxigenação em
de). No entanto, a técnica sofreu
hospitalar. O material para a realiza-
ambiente pré-hospitalar pode ser
várias modificações ao longo do
ção de PHEA deve incluir: fonte de
desafiante, tanto pela situação clínica
tempo, não existindo, contudo, um
oxigénio, material de intubação,
do doente, como pela disponibilidade
modelo universalmente aceite para o
aspirador, ventilador manual, ventila-
de material.16 Neste sentido, a
ambiente pré-hospitalar.8
dor mecânico, fármacos para indução
literatura mais recente tem defendido
e manutenção de anestesia, fármacos
que, para além de um período inicial
1. Planeamento e preparação
de reanimação, material para monito-
de pré-oxigenação deve ser mantida
Assim como acontece em ambiente
rização, equipamento para acessos
oxigenação apneica durante a
hospitalar, a realização de PHEA deve
vasculares e fonte de luz.1,7,14
PHEA.7,10,16 As guidelines de 2017 para
passar pelo planeamento da técnica e
A correta monitorização do doente é
a Anestesia Pré-Hospitalar da
pela antecipação das suas possíveis
outro dos elementos fulcrais para a
Association of Anaesthetists of Great
complicações. Sendo os cenários de
realização da PHEA. Todos os
Britain and Ireland (AAGBI) sugerem a
emergência pré-hospitalar muitas
doentes submetidos a PHEA necessi-
realização de pré-oxigenação em
vezes inesperados e com necessida-
tam ser monitorizados com oximetria
todos os doentes submetidos a
de de uma atuação rápida e em
de pulso, pressão arterial não
PHEA. A pré-oxigenação deve ser
condições desfavoráveis, é importan-
invasiva, eletrocardiografia e medição,
realizada durante, pelo menos, 3
te o desenvolvimento de checklists
preferencialmente quantitativa e com
minutos com recurso a máscara
práticas e simples de forma a
curva contínua, da concentração final
facial com reservatório nos doentes
minimizar os riscos da PHEA. A
expiratória do CO2 (EtCO2). A
em ventilação espontânea. Nos
utilização das chamadas checklists
temperatura deve também ser
doentes hipoxémicos ou com
“challenge and response” demonstrou
avaliada. Os sinais vitais devem ser
ventilação ineficaz pode ser necessá-
uma redução dos eventos críticos de
monitorizados, no mínimo, a cada 3
ria a realização de pré-oxigenação
segurança.11 A preparação da PHEA
minutos. Todos os equipamentos têm
com ventilação manual por máscara
deve começar antes da chegada ao
de apresentar alarmes audiovisuais
facial. Nestes casos, devem realizar-
local, sendo defendida na literatura a
adaptados para o ambiente pré-hospi-
-se insuflações suaves, não ultrapas-
criação de kits pré-preparados com o
talar. A utilização de ventilação
sando a pressão de ventilação de 25
material e os fármacos necessários
mecânica implica a necessidade de
cmH20 de forma a reduzir o risco de
para a realização da técnica em
alarmes de falência de fornecimento
insuflação gástrica. Durante o período
segurança.11,14 Swinton et al. demos-
de gás no aparelho.7,14
de pré-oxigenação o doente deve ser
trou que um sistema de pré-prepara-
posicionado com a cabeceira elevada
ção de fármacos e organização do
3. Pré-oxigenação
ou em proclive, de forma a otimizar a
equipamento para PHEA resulta numa
A pré-oxigenação consiste na
ventilação e reduzir o risco de
redução do tempo para realização do
administração de oxigénio em
aspiração. A oxigenação apneica
procedimento, redução de erros
elevada concentração antes da
pode ser realizada com recurso a
durante a técnica e redução da carga
realização de IRS, permitindo reduzir
cânula nasal nos doentes com via
cognitiva dos profissionais.15
o risco de hipoxemia associado à
aérea patente.14
Indice
19
4. Fármacos
na sedação hospitalar, pelo que os
elevação do débito cardíaco, mas
A seleção dos fármacos para a
profissionais apresentam normal-
que na presença de hipovolemia, se
realização de PHEA mantém-se um
mente uma elevada experiência na
pode tornar evidente. Mesmo
dos temas mais controversos na
sua manipulação. Para além disso,
apresentando algumas limitações, a
literatura. A correta realização de
nas doses adequadas, permite a
cetamina é atualmente um dos
PHEA implica realização de analgesia,
obtenção de condições ótimas para
fármacos indutores mais úteis para a
sedação e relaxamento muscular.8
a manipulação da via aérea. No
realização de PHEA.1,8,11,19,20
Uma das principais complicações da
entanto, a grande instabilidade
A combinação de propofol e cetami-
ISR é a instabilidade hemodinâmica
hemodinâmica associada ao
na, também conhecida como ketofol,
associada à administração rápida de
propofol limita a sua utilização em
tem sido defendida para a indução
fármacos indutores hipotensores,
muitos dos cenários clínicos
anestésica do doente crítico. Apesar
com particular risco no doente crítico
pré-hospitalares.8,19
da literatura sobre a sua utilização
instável e no doente com TCE. Por
A cetamina é um fármaco indutor
em contexto pré-hospitalar ser muito
outro lado, a ausência de uma
que tem apresentado uma populari-
limitada, podem ser retiradas
profundidade anestésica adequada
dade crescente para a PHEA.
conclusões a partir de estudos
para a intubação, não só dificulta a
Apresenta características muito
realizados em ambiente hospitalar. A
realização da laringoscopia como
atrativas para20 a abordagem do
combinação do efeito dos dois
pode condicionar taquicardia e picos
doente no pré-hospitalar, nomeada-
fármacos associa-se a um perfil
hipertensivos deletérios.13,17
mente, depressão respiratória
hemodinâmico mais favorável, uma
Relativamente aos indutores, no
mínima e ausência de efeito vasodi-
vez que contrabalançam parcialmen-
passado, o etomidato era o fármaco
latador, permitindo uma maior estabi-
te os efeitos adversos um do outro,
mais frequentemente utilizado na ISR
lidade hemodinâmica. Para além
permitindo um equilíbrio entre
do doente crítico por apresentar
disso, é o único fármaco indutor que
hipnose e estabilidade hemodinâmi-
características hemodinâmicas
tem propriedades analgésicas,
ca. A estimulação do sistema
significativamente mais favoráveis
permitindo possivelmente controlar a
simpático pela cetamina presumivel-
que outros indutores. Contudo, foi
hipertensão induzida pela dor
mente anula a vasodilatação
demonstrado um aumento da
durante a ISR. Preocupações com o
causada pelo propofol. O ketofol
mortalidade no doente crítico
aumento prejudicial da PIC no doente
demonstrou uma maior estabilidade
associado à supressão da suprarre-
com TCE associada à cetamina não
hemodinâmica na indução anestési-
nal provocada pelo fármaco, com
foram confirmadas nos últimos
ca quando comparada à utilização
guidelines internacionais a desacon-
estudos, tendo sido antes salientada
isolada de propofol. Para além disso,
selharem a utilização de etomidato
a importância de manter a normo-
esta utilização conjunta permite uma
na abordagem pré-hospitalar do
capnia e de evitar a hipotensão nesta
redução de dose de cada fármaco, o
doente de trauma.18 No entanto, em
população. Na verdade, a literatura
que pode ser vantajoso em determi-
2019, Gäßler realizou um estudo
parece suportar as vantagens
nadas situações, como por exemplo,
retrospetivo multicêntrico com 1697
neuroprotetoras da cetamina. Como
no doente com choque hemorrágico.
doentes que concluiu que a adminis-
desvantagem, o aumento de consu-
A associação de cetamina ao
tração de uma dose única de
mo de oxigénio pelo miocárdio
propofol pode também obviar a
etomidato para PHEA em doentes de
associado à cetamina pode condicio-
necessidade de administração de
trauma não afetou a mortalidade
nar a utilização do fármaco em
opioide para reduzir a resposta à
nesta população. A utilização de
algumas populações. A cetamina
intubação traqueal. O rácio ideal
etomidato no doente crítico continua,
pode ter também um efeito inotrópi-
entre cetamina e propofol não foi
porém, um tema polémico.18
co negativo que é mascarado pela
ainda estabelecido tendo sido
O propofol é um dos fármacos mais
estimulação simpática no doente
descritas diferentes proporções dos
utilizados na indução anestésica e
normovolémico com consequente
fármacos nos estudos realizados.21,22
20
Indice
HOT TOPIC
Num pequeno estudo randomizado
instáveis, o esquema 1:1:1 (fentanil 1
5. Intubação traqueal
controlado, M. Elsherbiny, concluiu
mcg/kg, cetamina 1 mg/kg e
Muitos dos doentes com necessida-
que a utilização de cetamina/
rocurónio 1 mg/kg).13 No passado, a
de de PHEA apresentam vias aéreas
propofol no rácio 1:1 para realização
utilização de opioide em ambiente
potencialmente difíceis, não só por
de ISR em doentes submetidos a
pré-hospitalar não era defendida por
fatores anatómicos, mas especial-
laparotomia de emergência resultou
poder agravar a resposta hipotensora
mente pelas circunstâncias clínicas
em menos hipotensão que o rácio
e por aumentar a complexidade do
e por limitações técnicas inerentes
1:3, com condições de intubação
procedimento. Porém, ao atenuar a
ao ambiente pré-hospitalar.14,24
comparáveis.22
resposta ao estímulo da laringosco-
Na PHEA é de especial importância
A realização de ISR conta não só
pia, a utilização de opioides na PHEA
garantir a intubação traqueal na
com o agente hipnótico, mas
apresenta particular importância nos
primeira tentativa. Um dos aspetos
também com o relaxamento muscu-
doentes suscetíveis às complicações
mais importantes para o sucesso da
lar do doente. Tradicionalmente, era
da resposta hipertensiva, nomeada-
técnica é o correto posicionamento
utilizada a succinilcolina pelo seu
mente, os doentes com TCE ou com
do doente pelo que, apesar de
início e término de ação rápidos.
lesões vasculares.17
potenciais dificuldades técnicas, o
Atualmente, cada vez mais institui-
Especificamente para a ISR, em
posicionamento do doente deve ser
ções utilizam o rocurónio como
doentes após o retorno da circulação
otimizado de forma a garantir a
relaxante muscular na ISR visto que,
espontânea (ROSC), M. Miller propôs
segurança e o sucesso da ISR.
na dose adequada, apresenta um
um protocolo com midazolam,
Desta forma, assim como na
início de ação comparável ao da
fentanil e rocurónio com o objetivo
realização de pré-oxigenação, o
succinilcolina. Tendo em conta que
de atenuar as repercussões hemodi-
doente deve ser posicionado com a
na PHEA, o objetivo da ISR é manter
nâmicas dos fármacos no período
cabeceira elevada ou em proclive.
o doente intubado e ventilado até à
pós-ROSC, que é geralmente marca-
Caso o cenário o permita, o doente
chegada ao hospital, a duração de
do por uma grande instabilidade
deve ser colocado na maca da
ação do rocurónio consideravelmen-
cardiovascular.23
ambulância com a cabeceira na altu-
te superior à succinilcolina é, na
Nenhuma das três guidelines para a
ra correta para o operador e com
verdade, benéfica. O rocurónio tem
PHEA incluídas na revisão definiu
acesso adequado ao doente.6-8,14
também a vantagem de apresentar
fármacos ou um esquema de
Nos doentes com imobilização
um reversor (i.e., sugamadex),
fármacos específico para a realização
cervical, deve ser realizada imobili-
apesar de nem sempre estar disponí-
de ISR. É sugerido que os fármacos
zação manual e retirado o colar
vel em ambiente pré-hospitalar.1,11,17
indutores, analgésicos e relaxantes
antes da realização da indução e da
Em 2015 R. M. Lyon, sugeriu que a
musculares sejam selecionados de
laringoscopia.14
modificação da ISR tradicional
acordo com as características do
A manobra de sellick consiste na
melhorava a segurança e a eficácia
doente, a situação clínica e a expe-
aplicação de pressão manual ao nível
da PHEA nos doentes de trauma. O
riência do profissional.5,7,14
de cartilagem cricoide com o objetivo
autor demonstrou que um protocolo
Para além da seleção de fármacos, é
de reduzir o risco de aspiração. A sua
de ISR com a utilização de fentanil,
importante ter em conta que a
utilização fazia parte da descrição
cetamina e rocurónio proporcionou
realização de PHEA num doente de
original da ISR.14 No entanto, a
condições adequadas para a
trauma hipovolémico sem uma
evidência para a utilização de pressão
intubação com uma resposta
adequada ressuscitação com fluidos
cricoide é baixa e pode dificultar a
hemodinâmica mais favorável. Foi
se associa a um aumento de
realização da laringoscopia. Apesar
utilizado o esquema de doses 3:2:1
mortalidade. Por este motivo, nestes
de continuar a ser defendida por
(fentanil 3 mcg/kg, cetamina 2 mg/
doentes é essencial a realização de
algumas instituições, quando
kg e rocurónio 1 mg/kg) e, em
fluidoterapia previamente à adminis-
utilizada, deve existir um baixo limiar
doentes hemodinamicamente
tração dos fármacos anestésicos.1
para suspender a pressão cricoide na
Indice
21
22
22
Indice
HOT TOPIC
presença de dificuldades na visualiza-
visualização glótica. Contudo, esta
duração. No entanto, este método
ção da glote.7,8,14
limitação pode ser ultrapassada
está dependente da disponibilidade
O sucesso da intubação traqueal à
com a utilização de um condutor
de material e pode tornar as
primeira tentativa está dependente
rígido adequado.26
transferências mais complexas.
da técnica utilizada. As guidelines
Independentemente da técnica
Alternativamente, podem ser
internacionais para a PHEA conti-
utilizada, a literatura é clara em
administrados bólus frequentes de
nuam a defender a utilização da
defender a utilização por rotina de
fármacos sedativos numa dose
laringoscopia direta clássica como
adjuvantes, nomeadamente de um
baixa de forma a minimizar o risco
estratégia inicial ou são omissas
bougie.7,14 Reitera-se a importância
de repercussão hemodinâmica. A
quanto a esta indicação.5,7,14 No
de, no caso da videolaringoscopia,
utilização de relaxamento muscular
entanto, vários estudos têm de-
utilizar um adjuvante adequado ao
associa-se a risco de awareness na
monstrado a superioridade da
equipamento.26 Na existência de
ausência de sedação adequada.
utilização de videolaringoscopia
dificuldades na intubação traqueal,
Deve ser assim garantida a correta
comparativamente à laringoscopia
devem ser realizadas no máximo 3
sedação do doente antes da
clássica para aumentar a taxa de
tentativas, com esforços para
realização do transporte.14
sucesso e à passagem do tubo na
melhoria das condições de intubação
primeira tentativa no ambiente
entre cada tentativa. Se o doente
CONCLUSÃO
pré-hospitalar, principalmente em
ficar hipoxémico durante as tentati-
A revisão da literatura sobre PHEA
doentes com via aérea difícil.5,7,24,26,27
vas de intubação, deve ser realizada
publicada nos últimos 10 anos
Adicionalmente, a utilização de
ventilação manual com máscara
permitiu analisar a evidência
laringoscopia indireta reduz o risco
facial ou dispositivo supraglótico.14 A
científica e as práticas internacionais
de transmissão infeciosa durante a
correta colocação do tubo traqueal
atuais. A necessidade e a importân-
técnica e limita a mobilização
deve ser confirmada com recuso à
cia da realização de PHEA está bem
cervical nos doentes de trauma.26
auscultação pulmonar e à curva de
estabelecida nos estudos mais
Para a utilização de videolaringos-
capnografia.7,14
recentes. Existe, contudo, necessida-
copia na PHEA, a equipa deve estar
Se a intubação não for conseguida,
de de investigação futura para o
familiarizada com o equipamento,
deve-se proceder à colocação de um
esclarecimento de algumas ques-
visto existirem diversos modelos
dispositivo supraglótico de 2ª geração.
tões, nomeadamente, qual o esque-
com diferentes características e
No cenário de “não intubo, não ventilo”
ma de fármacos mais adequado para
nem todos adaptados à realidade
deve ser realizada cricotirotomia como
a realização de PHEA. Apesar das
pré-hospitalar.7,24 O principal
técnica de resgate.5,14
limitações na realização de estudos
elemento contra a utilização de
em contexto pré-hospitalar, a partir
videolaringoscopia é o facto da
6. Cuidados Pós-Intubação
dos dados de ensaios mais robustos
presença de sangue, secreções ou
Após a intubação traqueal devem
realizados recentemente, foi possível
conteúdo gástrico na via aérea
ser iniciados cuidados pós intuba-
estabelecer um guia orientador para
poder prejudicar a visualização
ção que incluem a ventilação
a realização de PHEA
através da câmara.7,24,25 Também
adequada do doente e a manuten-
foram relatadas dificuldades da
ção da sedação. Assim como
visualização do ecrã em situações
acontece com a seleção dos
de elevada exposição solar.25 Outro
fármacos para a indução, a sedação
fator encontrado em alguns estudos
deve ser realizada de acordo com as
que contribuiu para a não superiori-
características clínicas do doente. É
dade do videolaringoscópio foi a
aconselhável a administração de
dificuldade na condução do tubo
fármacos em perfusão, principal-
para a traqueia, apesar de uma boa
mente em transportes de longa
Indice
23
TAKE HOME MESSAGES 1.
A utilização sistemática de checklists “challenge and response” permite a redução dos eventos críticos de segurança.
2.
Há evidência crescente do benefício da utilização de oxigenação apneica durante a PHEA que, adicionalmente à correta pré-oxigenação, permite aumentar o tempo até dessaturação.
3.
A escolha do esquema de fármacos mais adequado deve ter em conta as características do doente, a patologia associada, o cenário clínico e a experiência do profissional.
24
4.
Em determinados contextos clínicos, a videolaringoscopia poderá ser considerada como a estratégia inicial de intubação.
5.
Equipas treinadas, competentes e proficientes na realização de PHEA são essenciais para garantir o sucesso da técnica.
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COMISSÃO CIENTÍFICA
Indice
25
26
26
Indice
ARTIGO DE REVISÃO II
ARTIGO DE REVISÃO II
SÍNDROMES CORONÁRIAS AGUDAS – REVISÃO E ATUALIZAÇÃO – ADAPTADA À PRÁTICA NA REGIÃO ALGARVIA ACUTE CORONARY SYNDROMES – REVISED AND ACTUALIZED – TAILORED TO THE ALGARVE REGION Sara Duarte1, Dina Bento2 1 2
Médica Interna de Formação Específica em Medicina Interna, Serviço de Medicina Interna, Unidade Local de Saúde do Algarve, Unidade de Faro Médica Assistente Hospitalar de Cardiologia, Serviço de Cardiologia, Unidade Local de Saúde do Algarve, Unidade de Faro
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
A cardiopatia isquémica é a causa
Ischemic heart disease is the most
A cardiopatia isquémica é a causa
isolada mais comum de morte em
common isolated cause of death
isolada mais comum de morte em
todo o Mundo.
worldwide.
todo o Mundo. Atualmente é respon-
Dadas algumas alterações recentes, é
Given some recent changes, it is of
sável por quase 1.8 milhões de
de maior importância rever e atualizar
greater importance to review and
mortes na Europa.1
o conhecimento nesta área.
update knowledge in this area. Acute
A síndrome coronária aguda (SCA) é
A síndrome coronária aguda (SCA) é
coronary syndrome (ACS) is a generic
um termo genérico para condições
um termo genérico para condições
term for conditions caused by a
causadas por bloqueio súbito do
causadas por bloqueio súbito do
sudden blockage of blood supply to
fornecimento de sangue ao cora-
fornecimento de sangue ao coração. O
the heart. The term acute myocardial
ção.2 Variam de uma fase potencial-
termo, enfarte agudo do miocárdio,
infarction implies acute myocardial
mente reversível de angina instável
implica lesão miocárdica aguda com
injury with clinical evidence of myocar-
(AI) a morte celular irreversível
evidência clínica de isquemia miocár-
dial ischemia with elevation of the ST
devido a enfarte do miocárdio.2 O
dica. Além da importância do "tempo é
segment. In addition to the importance
termo enfarte agudo do miocárdio
miocárdio", temos também de
of "time is myocardium," we also need
(EAM) implica lesão miocárdica
reconhecer os padrões eletrocardio-
to recognize electrocardiographic
aguda (elevação das troponinas)
gráficos com critérios de gravidade.
patterns with severity criteria.
com evidência clínica de isquemia
É necessária a rápida avaliação e
The rapid assessment and manage-
miocárdica.2 Designa-se por EAM
abordagem destes doentes, o eletro-
ment of these patients are necessary;
com supradesnivelamento do
cardiograma (ECG) deve ser realizado
the electrocardiogram (EKG) should be
segmento ST (EAMcST), o doente
nos primeiros 10 minutos de contato
performed within the first 10 minutes
com desconforto torácico ou outros
com o doente. Assim que identificadas
of contact with the patient. As soon as
sintomas isquémicos, com elevação
alterações sugestivas de enfarte
changes suggestive of acute myocar-
do segmento ST em, pelo menos,
agudo do miocárdio com elevação do
dial infarction are identified, immediate
duas derivações eletrocardiográfi-
segmento ST, realiza-se contato
contact is made with the angioplasty
cas contíguas.2
imediato com o Centro de angioplastia
center, and the patient should undergo
O tempo desde o início dos sintomas
e o doente deve realizar angioplastia
primary angioplasty within 120
até à angioplastia primária é definido
primária em até 120 minutos.
minutes.
como o tempo total de isquemia. Este é um dos fatores de maior impacto
Palavras-Chave: Síndrome coronária aguda, ECG, critérios de gravidade, angioplastia
Keywords: Acute coronary syndrome, EKG, severity criteria, angioplasty.
prognóstico dos doentes com EAMcST, pelo que o objetivo primor-
Indice
27
dial das equipas do pré-hospitalar é a
decision making for acute ST-eleva-
uma desregulação entre a necessidade
minimização deste tempo.
tion myocardial infarction”,4 “Atypical
e o fornecimento de oxigénio.
No Algarve, a Unidade de Faro
Electrocardiographic Presentations in
Os sintomas podem incluir combina-
pertencente à Unidade Local de
Need of Primary Percutaneous
ções de desconforto/dor torácica/
Saúde do Algarve, é a única com
Coronary Intervention”5 e “2023 ESC
membros superiores/mandibular/
capacidade para realizar angioplastia
Guidelines for the management of
epigástrica, durante o exercício ou em
primária, e está integrada na rede de
acute coronary syndromes: Developed
repouso, ou por equivalentes anginosos
referenciação, a Via Verde Coronária
by the task force on the management
como dispneia, fadiga ou síncope.
(VVC), que garante que todos os
of acute coronary syndromes of the
Estes sintomas não são específicos e
doentes com enfarte agudo do
European Society of Cardiology
podem estar associados a outras
miocárdio com supradesnivelamento
(ESC)”. 6
condições (patologia pulmonar, gastrointestinal, neurológica ou
de ST encaminhados pelo Instituto Nacional de Emergência Médica
DISCUSSÃO
músculo-esquelética).
(INEM) ou admitidos nos Centros de
1. Definição de enfarte do miocárdio
Por vezes, a apresentação clínica pode
Saúde, Serviços de Urgência Básica
O enfarte do miocárdio é definido,
ser menos típica e surgirem sintomas
(SUB) do Algarve ou nas Unidades de
patologicamente, como a morte de
como palpitações ou paragem
Portimão ou Lagos, sejam transferi-
miócitos devida 28a isquemia prolonga-
cardiorrespiratória.
dos imediatamente para realizar
da, processo que vai desde a diminui-
Designa-se por EAMcST o doente
angioplastia primária.3 Para tal, estas
ção do glicogénio celular até à
com desconforto torácico ou outros
unidades dispõem de equipamento
necrose dos miócitos.2 Este evento
sintomas isquémicos, com elevação
que permite a realização e transmis-
pode prolongar-se por algumas horas,
do segmento ST em duas derivações
são via e-mail de eletrocardiogramas
podendo este tempo ser maior, se
contíguas do ECG ou bloqueio de
para o Centro de angioplastia em
presença de fluxo colateral ou
ramo de novo com padrões de
Faro. No pré-hospitalar, esta referen-
oclusão intermitente.2
repolarização isquémica.2
ciação passa pela transmissão do
Para que se designe por enfarte
Além das considerações de EAMcST,
eletrocardiograma para o Centro de
agudo do miocárdio, tal implica lesão
EAM sem elevação do segmento ST
Operações de Doentes Urgentes
miocárdica aguda (elevação da
(EAMsST) e angina instável como
(CODU). A VVC é então ativada após o
troponina) com evidência clínica de
conceito de síndrome coronária
contato telefónico com o Cardiologis-
isquemia miocárdica aguda e pelo
aguda, o enfarte do miocárdio, é
ta de urgência.
menos um dos seguintes:2
classificado posteriormente em vários
Esta revisão tem como objetivo
•
Sintomas de isquemia miocárdica;
tipos, de acordo com diferenças
salientar a importância da abordagem
•
Alterações eletrocardiográficas de
patológicas, clínicas, prognósticas e
novo;
da abordagem terapêutica.2
inicial da SCA, da sua referenciação atempada e do papel do profissional
•
Desenvolvimento de ondas Q patológicas de novo;
3. Classificação Universal de Enfarte
Evidência imagiológica de
do Miocárdio2
inviabilidade miocárdica ou
3.1. Enfarte do miocárdio tipo 1:
MÉTODOS
alterações da motilidade de uma
EAM secundário a doença coronária
Para esta revisão usámos como
parede consistente com etiologia
ateroembólica e precipitado por
métodos a leitura e interpretação de 4
isquémica;
disrupção da placa aterosclerótica
Identificação de trombo coronário
(rutura ou erosão) é designado por
por angiografia ou autópsia.
EAM tipo 1.2 A rutura de placa pode
de saúde no pré-hospitalar e, ainda, o do cardiologista.
documentos, “Fourth universal definition of myocardial infarction
•
•
ser complicada por trombose intralu-
(2018),2 “Appropriate Cardiac Cath Lab activation: Optimizing electrocar-
2. Apresentação clínica
minal e por hemorragia intra-placa por
diogram interpretation and clinical
A isquemia miocárdica inicia-se com
disrupção da superfície desta.2
28
Indice
ARTIGO DE REVISÃO II
3.2. Enfarte do miocárdio tipo 2:
3.4. Enfarte do miocárdio tipo 4 e 5:
Complicações cardiovasculares
Deve-se a um desequilíbrio entre
O EAM tipo 4 está relacionado com a
ocorrem em 50% dos casos de Síndro-
suplementação de oxigénio e a sua
angioplastia e subdivide-se em 4a,
me de Takotsubo e a sua mortalidade é
necessidade. Por definição, a disrup-
quando ocorre elevação acima de
similar à do EAMcST (4-5% dos doentes
ção de placa aterosclerótica não é
cinco vezes o valor basal da troponina
admitidos) devido a choque cardiogéni-
uma característica neste tipo de enfar-
com alterações eletrocardiográficas
co, rutura ventricular ou arritmias
te.2 A agudização da doença renal
sugestivas de isquemia e/ou evidên-
malignas.2
crónica, sépsis, acidente vascular
cia imagiológica; 4b, quando ocorre
O supradesnivelamento do segmento
cerebral ou hemorragia subaracnoi-
trombose do stent, caracterizada na
de ST em várias derivações é frequente
deia, tromboembolismo pulmonar ou
angiografia ou na autópsia, além de
(44%).2 O infradesnivelamento do
insuficiência respiratória grave, taqui-
manifestação de isquemia e elevação
segmento ST ocorre em <10% dos doen-
ou bradiarritmias, hipertensão severa,
dos marcadores de necrose; e 4c,
tes após 12-24h, inversão das ondas T e
hipotensão ou choque, anemia severa,
relacionado à reestenose de stent.2
prolongamento do intervalo QT.2
doentes em situação crítica, são
Quanto ao tipo EAM tipo 5, está
A elevação da troponina é transitória e
etiologias que podem desencadear
associado a fatores que podem
modesta. Portanto, suspeitamos quando
lesão miocárdica e consequentemente
causar lesão miocárdica durante a
as manifestações clínicas e as altera-
um enfarte tipo 2.2
cirurgia de revascularização do
ções no ECG são desproporcionais ao
Os limites isquémicos diferem de
miocárdio. Muitos deles devidos à
grau de elevação da troponina. Mesmo
indivíduo para indivíduo e dependem
extensão da lesão traumática direta
assim, esta distinção entre EAM e TTS é
da magnitude do evento precipitante,
ao miocárdio. Aumentos nos valores
um desafio. Outra característica que
presença (ou não) de comorbilidades
de troponina são expectáveis após
poderá ajudar é o prolongamento do
não-cardíacas, extensão da doença
todos os procedimentos de revascula-
intervalo QTc >500ms na fase aguda.2
arterial coronária (DAC) e alterações
rização, pelo que, um valor de
estruturais cardíacas.2
troponina superior a 10 vezes o basal
4.2. Pericardite aguda:
O aparecimento de supradesnivelamen-
48 horas após o procedimento é
É muitas vezes um fator confundidor
to do segmento ST nestes doentes, varia
considerado como marcador de
de EAM.
entre 3 a 24%.2
necrose, acompanhado por evidência
Apresenta-se com supradesnivela-
Nestes doentes é recomendada uma
eletrocardiográfica, angiográfica ou
mento do segmento ST difuso
avaliação clínica criteriosa com objetivo
de imagem de nova isquemia ou nova
(excepto aVR), por lesão inflamatória
da resolução do fator precipitante da
perda de viabilidade miocárdica.2
do miocárdio adjacente ao pericárdio,
lesão miocárdica em detrimento da realização prioritária de coronariografia.2
infradesnivelamento do segmento PR 4. Diagnóstico diferencial
por lesão inflamatória das aurículas e
O diagnóstico diferencial do EAM
taquicardia sinusal.2
3.3. Enfarte do miocárdio tipo 3:
contempla várias entidades, como são
Define-se pela morte de etiologia
exemplo a pericardite, a miocardite e a
4.3. Lesão ou enfarte do miocárdio
cardíaca no doente com sintomas
síndrome de Takotsubo.
associado a Insuficiência cardíaca:
sugestivos de isquemia miocárdica
No contexto de insuficiência cardíaca
acompanhados por alterações de
4.1. Síndrome de Takotsubo (TTS):
(IC) agudizada, ECG e troponina
novo no ECG ou fibrilhação ventricular
Pode mimetizar o EAM e é encontrada
devem ser solicitados a fim de excluir
(FV), mas que sucumbem antes de se
em 1-2% dos doentes que se apresen-
EAM como fator precipitante, espe-
conseguir a determinação de eleva-
tam com suspeita de EAMcST.2 A
cialmente se acompanhada por
ção de biomarcadores cardíacos, ou
Síndrome de Takotsubo pode ser
desconforto torácico ou outros
quando o enfarte do miocárdio é
precipitada por stress emocional ou
sintomas sugestivos. Lembra-se que
diagnosticado na autópsia.2
físico. Mais frequente (>90%) em
a dispneia da IC agudizada é um
mulheres na pós-menopausa.2
equivalente isquémico2.
Indice
29
30
30
Indice
ARTIGO DE REVISÃO II
5. Deteção eletrocardiográfica:
do segmento ST:
6. Equivalentes de Enfarte Agudo
A execução de eletrocardiograma de
• Elevação do ponto J de, pelo menos,
do Miocárdio com elevação do
12 derivações no pré-hospitalar é de
1mm (quadrado pequeno) em, pelo
segmento ST:
extrema importância tornando
menos, duas derivações contíguas
Cerca de 10-25% dos doentes que não
possível a entrega do doente num
(exceto V2-V3).
apresentam critérios eletrocardiográ-
centro com capacidade para interven-
• Nas derivações V2-V3 aplicam-se os
ficos de diagnóstico para EAMcST
ção coronária percutânea emergente
seguintes critérios:
requerem realização de coronariogra-
até 120 minutos após o diagnóstico
∆ Homens:
fia emergente. Neste grupo incluem-
de EAMcST.
• ≥ 40 anos, elevação do ponto J
-se os doentes com padrões eletro-
Se o primeiro eletrocardiograma for
≥2mm
cardiográficos com critérios de
inocente, é necessária a sua seriação
• < 40 anos, elevação do ponto J
gravidade “equivalentes a EAMcST”
a cada 15-30 minutos, pelas altera-
≥2,5mm
que são descritos seguidamente:4,5
ções dinâmicas que poderão estabe-
∆ Mulheres:
lecer o diagnóstico.2
independentemente da idade,
• Bloqueio de ramo esquerdo e:
Alterações profundas do segmento de
elevação do ponto J ≥1,5mm
• Critérios de Sgarbossa9 (necessidade de contabilizar pelo menos 3 pontos):
ST ou inversões das ondas T, em
•
várias derivações, estão associadas a
Supradesnivelamento do segmento ST ≥1mm em pelo
maior grau de isquemia miocárdica e
menos uma derivação e
a pior prognóstico.2 Por exemplo,
concordância com o complexo QRS (i.e. necessidade do QRS
infradesnivelamento do segmento ST > 1 mm em pelo menos 6 derivações com supradesnivelamento do
ser predominantemente Figura 12. Legenda: 1- Ponto de referência. 2 – Ponto J
segmento ST nas derivações aVR e/
Infradesnivelamento do segmento ST
ou V1 e compromisso hemodinâmico,
isolado ≥ 0.5mm em V1-V3 pode
é sugestivo de doença coronária
indicar EAM de localização posterior
aterosclerótica multivaso ou doença
(oclusão da artéria coronária circun-
do tronco comum da coronária
flexa), pelo que devemos usar as
esquerda. A presença de ondas Q
derivações suplementares (V7, V8 e
patológicas associa-se a pior
V9), estabelecendo-se o diagnóstico
prognóstico.
se supradesnivelamento do segmento
2
[5 pontos]; •
Infradesnivelamento do segmento ST ≥1mm em V1,
Disritmias, bloqueios de ramo,
ST ≥0.5mm.2
alterações da condução auriculoven-
Supradesnivelamento do segmento
tricular, diminuição da amplitude das
ST em aVR e/ou V1 pode indicar
ondas R podem estar presentes no
enfarte ventricular direito e nesse
contexto de EAM.
contexto devemos utilizar as deriva-
2
positivo nessa derivação)
V2 ou V3 [3 pontos]; •
Supradesnivelamento do segmento ST > 5mm com QRS discordante (2 pontos):
Um sinal precoce que poderá
ções direitas (V3R, V4R) para estabe-
preceder o supradesnivelamento do
lecer o diagnóstico, considerando-se
segmento ST são as ondas T
supradesnivelamento do segmento
• EAM de localização posterior isolado:
hiperagudas e simétricas em pelo
ST se ≥0.5mm ou ≥1mm em homens
• Infradesnivelamento do
menos 2 derivações contíguas.
com menos de 30 anos de idade.
segmento ST ≥ 1mm em V1-V3;
O aparecimento de ondas Q de
Relembra-se que as alterações nas
• Supradesnivelamento do
novo indica necrose miocárdica,
derivações direitas podem ser
segmento ST V7-V9 ≥ 0.5mm;
que ocorre minutos a horas após a
transitórias e a sua ausência não
lesão miocárdica.
exclui enfarte do ventrículo direito.
2
2
2
Figura 22. Bloqueio de ramo esquerdo e Critérios de Sgarbossa
Este padrão é sugestivo de doença 2
no território da artéria circunflexa.4
Considera-se supradesnivelamento
Indice
31
Figura 32. Eletrocardiograma compatível com o diagnóstico de EAMcST de localização posterior
Figura 5. Padrão De Winter
• Doença coronária aterosclerótica
4 32 riografia emergente.
sendo necessária a seriação de ECGs.
multivaso ou do tronco comum da
Caracteriza-se por:
Uma potencial causa reversível de
• Ondas T hiperagudas e
coronária esquerda (figura 4):
ondas T apiculadas é a hipercaliémia.4
• Infradesnivelamento do
simétricas
segmento ST ≥ 1mm em pelo
Infradesnivelamento do segmen-
• Síndrome de Wellens (figura 6):
menos 6 derivações;
to ST >1mm nas derivações V1-6.
• Padrão A (25%): Onda T
• Com/sem presença de
bifásica de V2-V3;
Supradesnivelamento do
• Ondas T hiperagudas:
• Padrão B (75%): Onda T
segmento ST em aVR e/ou V1;
•
simétrica e profunda de V2-V3;
• Instabilidade hemodinâmica.
Ondas T largas e simétricas, desproporcionais à voltagem dos
Apesar de não se tratar de um padrão
complexos QRS.
eletrocardiográfico equivalente a
• Padrão De Winter (figura 5):
Este padrão pode ocorrer minutos
EAMcST é importante o seu reconheci-
Este padrão representa oclusão do
após a oclusão aguda da artéria
mento pois indica estenose suboclusiva
segmento proximal da artéria
coronária, mas as ondas T hiperagu-
crónica da artéria descendente anterior
descendente anterior, o que traduz
das alteram a sua forma rapidamente
implicando internamento e realização
indicação para realização de corona-
para o padrão clássico de EAMcST
de coronariografia não emergente.4
Figura 4. ECG sugestivo de doença coronária multivaso ou do tronco comum da coronária esquerda
32
Indice
ARTIGO DE REVISÃO II
não é recomendada.6
início dos sintomas e o tempo estimado até à realização de angio-
• Nitratos, são vasodilatadores e estão
plastia primária.
indicados na dor anginosa, relaxam e
Nos casos que se apresentam em
reduzem o trabalho do músculo
fibrilhação auricular ou doentes sob
cardíaco, causam dilatação coronária
anticoagulação oral, o inibidor P2Y12
com aumento do fluxo de sangue ao
a ser administrado é o Clopidogrel.
coração. A utilização de nitratos sublinguais é útil no alívio sintomático e deve
• A utilização da heparina não fraciona-
ser considerada. No entanto, estão
da, na dose de 5000 U EV, deve,
contraindicados na presença de
também, ser previamente aprovada
hipotensão, suspeita de enfarte inferior
pelo Cardiologista de urgência.6
e/ou do ventrículo direito, e utilização de inibidores da fosfodiesterase 5 nas
A angioplastia primária é o tratamen-
últimas 24-48 horas.
to de 1ª linha para os doentes com
6
EAMcST porque confere menor
Figura 6. Síndrome Wellens - A - Padrão A; B - Padrão B
• Para controlo da dor que não cede
mortalidade, menor risco de re-enfar-
7. Abordagem prática ao doente com
aos nitratos, podemos recorrer à
te e de acidente vascular cerebral
EAMcST:
morfina com metoclopramida/
comparativamente à fibrinólise.6 A
A abordagem inicial do doente com
ondasentron (Recomendação IIC).6
decisão de recorrer à fibrinólise deve
EAM, além de realizar o ABCDE,
ser tomada sempre em conjunto com
devem ter-se em conta certos
• Se evolução clínica com sinais
o Cardiologista de urgência e em
aspetos práticos que são úteis para o
congestivos ou surgimento de
casos muito selecionados: impossibi-
transporte e para a receção no Centro
hipoxemia, realizar bólus de furose-
lidade de angioplastia primária em
de angioplastia, como apresentados
mida endovenosa (EV).
tempo considerado “aceitável”;
na tabela. Os conceitos aqui defini-
doentes jovens; diagnóstico muito
dos são baseados na literatura atual
• Devemos evitar sobrecarga hídrica e
precoce (<3h início da dor); sem
e ajustados à região do Algarve.
deste modo a administração de
comorbilidades significativas.
fluidoterapia por rotina não está
No contexto de paragem cardiorrespi-
Expôr o tórax do doente
recomendada. É uma exceção o
(retirar roupa)
ratória refratária, a terapêutica
enfarte inferior com hipotensão.
6
Acesso venoso periférico no
fibrinolítica também não está recomendada, associando-se a risco
membro superior esquerdo
• O pré-tratamento com inibidor
hemorrágico significativo, não
P2Y12 – clopidogrel 600mg PO ou
existindo evidência nas recomenda-
ticagrelor 180mg PO deve ser uma
ções de suporte avançado de vida. A
• Aspirina 150-300mg oral (PO) ou
decisão tomada com o Cardiologista
administração de uma terapêutica
75-250mg EV é recomendada a todos
de urgência, pois concluiu-se que não
inadequada na ausência de diagnós-
os doentes (Recomendação IA).
há melhoria significativa da reperfu-
tico estabelecido pode significar
são coronária com o tratamento no
risco acrescido para o doente.
• Oxigénio apenas se hipoxemia,
pré-hospitalar , verificando-se
Assim, na região Algarvia, onde existe
SaO2<90% ou sintomatologia
aumento do risco hemorrágico.
uma rede de Via Verde Coronária em
respiratória aguda (Recomendação
Fatores determinantes na decisão do
funcionamento permanente, o
IC). Suplementação de oxigenotera-
tratamento no pré-hospitalar são a
tratamento de primeira linha é a
pia em doentes sem hipoxemia não
idade e comorbilidades, apresenta-
angioplastia primária, não sendo
está associada a benefício clínico e
ção eletrocardiográfica, tempo de
recomendada a fibrinólise.
Monitorização contínua com cardio-desfibrilhador
6
7
8
Indice
33
34
34
Indice
ARTIGO DE REVISÃO II
CONCLUSÃO
TAKE HOME MESSAGES
2019;124:1305−1314. doi: 10.1016/j.
O diagnóstico precoce e a instituição
1.
amjcard.2019.07.027.
Clínica e eletrocardiograma têm
atempada da terapêutica de reperfu-
papel fundamental na aborda-
são são primordiais para o sucesso
gem inicial, podem ser necessá-
da abordagem do EAMcST.
rios eletrocardiogramas seriados
A realização de ECG no pré-hospitalar
ou derivações suplementares.
é de extrema importância e permite
2.
Eletrocardiograma deve ser
6.
Byrne RA, Rosselo X, Couglan JJ, Barbato E, Berry C, et al. 2023 ESC Guidelines for the management of acute coronary syndromes. Eur Heart J. 2023 Oct 12;44(38):3720-3826. doi: 10.1093/eurheartj/ ehad191.
7.
Montalescot G, van’t Hof AW, Lapostolle F, Silvain
um tratamento célere e adequado aos
realizado nos primeiros 10
J, Lassen JF, Bolognese L, et al.Prehospital
doentes com EAM. O ECG deve ser
minutos de contato com o
ticagrelor in ST-segment elevation myocardial
realizado nos primeiros 10 minutos
doente, seguido do contato
(“Tempo é miocárdio!”), e o contato
telefónico com Cardiologista
com o Cardiologista deve ser realiza-
para ativação da Via Verde
do com brevidade para ativação da
Coronária
catheterization in ST‐segment elevation
Devemos reconhecer padrões
myocardial infarction: Is this the best strategy?
Recomenda-se a realização de
eletrocardiográficos com critérios
Rev Port Cardiol (Engl Ed) . 2020 Oct;39(10):553-
eletrocardiogramas seriados em
de gravidade.
561. doi: 10.1016/j.repc.2020.09.001
Via Verde Coronária.
3.
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suplementares (V7,8,9; V3R e V4R).
Guidelines for the management of acute
Realça-se a importância do reconheci-
myocardial infarction in patients presenting with
mento dos padrões ECG com critérios
ST-segment elevation: the Task Force for the
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abordagem do doente, existe disponi-
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Underwood DA, Gates KB, Topol EJ; GUSTO‐1
primeiro ECG não é diagnóstico, bem
Sempre que existam dúvidas na
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Tzimas G, Antiochos P, Monney P, Eeckhout E, Meier D, et al. Atypical Electrocardiographic Presentations in Need of Primary Percutaneous
COMISSÃO CIENTÍFICA
Coronary Intervention. Am J Cardiol
Indice
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36
36
Indice
ARTIGO DE REVISÃO III
ARTIGO DE REVISÃO III
A PRESENÇA DA FAMÍLIA DURANTE A REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR – A PERCEÇÃO DOS ENFERMEIROS FAMILY PRESENCE DURING CARDIOPULMONARY RESUSCITATION: NURSE´S PERCEPTION Ana Coelho1, Isabel Soeiro1 , Sara Melo2, Susana Martins1, Tânia André3 Serviço de Urgência Polivalente, Unidade Local de Saúde do Algarve - Unidade de Faro Serviço de Medicina Intensiva 1, Unidade Local de Saúde do Algarve - Unidade de Faro 3 Serviço de Hospitalização Domiciliária, Unidade Local de Saúde do Algarve - Unidade de Faro 1 2
RESUMO
enfermeiros face à presença das
during cardiopulmonary resuscitation
Com o aumento da importância
famílias durante a reanimação
in adults.
dos cuidados centrados na família,
cardiopulmonar no adulto, em
Methodology: A systematic review
a participação desta nas tomadas
contexto hospitalar e quais as suas
was carried out, having as its starting
de decisão e o acompanhamento
experiências relativamente à temática.
point a peak research issue, with the
ao doente, tem sido alvo de
Conclusão: A perceção dos enfermei-
analysis of articles published in the
crescente preocupação.
ros relativamente à presença da
last 5 years (2015-2019), and which
A presença da família durante a
família durante a reanimação
identified the perception of nurses
reanimação cardiopulmonar no adulto
cardiopulmonar no adulto varia
regarding the presence of the family
e a perceção dos enfermeiros relativa-
consoante as suas experiências e o
during the cardiopulmonary resuscita-
mente a esta temática, tornaram-se
seu nível de formação. A implementa-
tion in adults in the hospital context.
foco de discussão e matéria de
ção da presença da família requer
Results: After applying the inclusion
investigação nos últimos anos.
uma maior formação das equipas e a
criteria, 7 cross-sectional and mostly
Objetivos: Identificar a perceção dos
existência de um elemento responsá-
descriptive studies were identified,
enfermeiros face à presença da
vel pelo acompanhamento e suporte
which present the perception of nurses
família durante a reanimação
da família.
in relation to the presence of families
cardiopulmonar no adulto. Método: Realizou-se uma revisão
Palavras-Chave: Perceção dos enfermeiros; reanimação cardiopulmonar; presença da família
integrativa, tendo como ponto de
during cardiopulmonary resuscitation in adults, in context and what their experiences are on the subject.
partida uma questão de investigação
ABSTRACT
Conclusion: Nurses’ perception of the
PICO, com a análise de artigos
With the increased importance of
presence of the family during cardio-
publicados nos últimos 6 anos
family-centered care, their participation
pulmonary resuscitation in adults
(2018-2023), e que identificaram qual
in decision-making and patient
varies depending on their experiences
a perceção dos enfermeiros relativa-
follow-up has been the subject of
and their level of training. The
mente à presença da família durante
growing concern. The presence of the
implementation of the family pres-
a reanimação cardiopulmonar no
family during cardiopulmonary
ence requires greater training of the
adulto no contexto hospitalar.
resuscitation in adults and the percep-
teams and the existence of an
Resultados: Após a aplicação dos
tion of nurses in relation to this theme,
element responsible to the monitoring
critérios de inclusão, foram identifica-
have become the focus of discussion
and support of the family.
dos 6 estudos de tipo transversal e
and research in recent years.
maioritariamente descritivos, que
Objectives: Identify nurses' percep-
apresentam qual a perceção dos
tion of the presence of the family
Keywords: nurses perception; resuscitation; family presence
Indice
37
INTRODUÇÃO
holística do cuidar. Contudo, a
sobrevivência em situação de paragem
Com o aumento da importância dos
satisfação das suas necessidades em
cardiopulmonar. Em eventos críticos
cuidados centrados na família, a
contextos críticos, é frequentemente
como este, a família passa muitas
participação desta nas tomadas de
um desafio para os enfermeiros e para
vezes para segundo plano e compete
decisão e o acompanhamento ao
os seus cuidados5.
ao enfermeiro assistir a pessoa e
doente, tem sido alvo de crescente
À luz do descrito nos Padrões de
família nas perturbações emocionais
preocupação. No entanto, em situações
Qualidade dos Cuidados de Enferma-
decorrentes das mesmas. A inclusão
de emergência e no cuidado ao doente
gem6 p.10, os cuidados devem centrar-se
da família nos cuidados de saúde é,
crítico, o acompanhamento da família
“na relação interpessoal de um
também, uma obrigação ética e moral.
tem sido um tema controverso para os
enfermeiro e uma pessoa ou de um
Assim sendo, os enfermeiros, na sua
profissionais que prestam cuidados.
enfermeiro e um grupo de pessoas
atuação, devem considerar o cuidado
O conceito de presença da família
(família ou comunidades)” e, são várias
centrado na família como parte
durante a reanimação cardiopulmonar
as circunstâncias em que a parceria
integrante da prática de enfermagem11.
[PFDR] tem sido debatido nas últimas
deve ser estabelecida, envolvendo a
Em Portugal, a presença da família nos
décadas. Este conceito destacou-se
família ou pessoa significativa, com o
serviços de saúde está regulada pela
pela primeira vez nos anos 80, num
indivíduo. Assim, segundo a Classifica-
Lei nº15/2014, no seu Artº1412 p.2129, que
Hospital do Michigan, onde se iniciou
ção Internacional para a Prática de 38
define as restrições desse acompanha-
um programa que reconhece a
Enfermagem7 p.143, a família é definida
mento, pelo que “Não é permitido
importância da inclusão da família
como “unidade social ou todo coletivo
acompanhar ou assistir a intervenções
durante a reanimação, com o intuito de
composto por pessoas ligadas através
cirúrgicas e a outros exames ou
facilitar esta prática nas equipas, como
de consanguinidade, afinidade, relações
tratamentos que, pela sua natureza,
resposta ao pedido e desejo da família1.
emocionais ou legais, sendo a unidade
possam ver a sua eficácia e correção
A análise da literatura acerca da
ou o todo considerado como um
prejudicadas pela presença do acompa-
temática centra-se em diferentes
sistema que é maior do que a soma
nhante, exceto se para tal for dada
aspetos, tais como, a perceção dos
das partes” e, reveste-se de especial
autorização expressa pelo clínico
profissionais de saúde e da família, os
importância na prestação de cuidados
responsável”. Ficando assim a cargo
benefícios e barreiras e o desenvolvi-
de enfermagem.
da equipa de saúde a tomada de
mento de políticas em torno da prática.
Seguindo esta linha de pensamento,
decisão do acompanhamento da
Vários são os estudos que vêm
Egenberger & Nelms8 p.1618 consideram
família em situação de reanimação
comprovar que a PFDR ajuda a
que “o cuidado familiar é aprimorado
cardiopulmonar.
ultrapassar o processo de luto e dá
com a presença de enfermeiros que
Através da presente revisão, decidiu-se
garantia à família de testemunhar os
reconhecem a importância de 'Ser
colocar em destaque a perceção dos
últimos momentos de vida do seu
Família' para a família, a importância da
enfermeiros face a esta prática. A
familiar2. Permite ainda, participar em
relação enfermeiro-família e cumpre o
perceção é definida como “a função
decisões de fim de vida, diminuir
compromisso de estar com e para a
cerebral que atribui significado a
conflitos entre a família e profissionais,
família”. Por outro lado, os cuidados à
estímulos sensoriais, a partir do
uma vez que os procedimentos
pessoa em situação crítica são
histórico de vivências passadas”13 p.23. É
efetuados são testemunhados3. Neste
cuidados diferenciados e qualificados,
um processo contínuo de observação
sentido, é recomendável que cada
prestados de forma a dar resposta às
seletiva, que se vai alterando à medida
instituição desenvolva políticas, de
necessidades afetadas, de modo a
em que se adquirem novas informa-
modo a permitir o acompanhamento da
manter as funções básicas da vida9.
ções. Assim, para haver uma adapta-
família neste momento delicado4.
Segundo a American Heart Associa-
ção às mudanças que acontecem, é
A importância da família é transversal
tion10 reanimação é um conjunto de
necessário compreendê-las e, para se
ao ciclo vital do indivíduo, sendo parte
ações de salvamento que têm como
proporem mudanças, é preciso
integrante de uma abordagem
objetivo aumentar as hipóteses de
perceber a sua necessidade13. Neste
38
Indice
ARTIGO DE REVISÃO III
sentido, ao longo desta revisão, assume-se o termo perceção enquanto conceito abrangente que engloba as atitudes, perspetivas e sentimentos dos enfermeiros perante a PFDR. Por sua vez, engloba-se a experiência, o nível de formação, a autoconfiança e as vantagens/desvantagens da prática, enquanto fatores influencia-
Tabela 1. Estratégia PICO
dores da perceção
atendendo à metodologia The Joanna
Da pesquisa realizada, obteve-se o
Desta forma, a compreensão da
Briggs Institute14: tipo de participantes
número de 121 artigos. Após a
perceção dos enfermeiros sobre a
- todos os estudos que incluam
exclusão de artigos duplicados (35
PFDR, pode ajudar na escolha de
enfermeiros que prestem cuidados de
artigos), restaram 86 artigos. Através
uma estratégia eficaz de implemen-
reanimação no contexto hospitalar;
da leitura do título foram excluídos
tação desse conceito na prática
tipo de intervenções/fenómenos de
72, ficando incluídos 14 artigos.
clínica quotidiana.
interesse - todos os estudos que
Destes, após a análise do resumo, 8
incluam a presença de familiares
artigos foram excluídos por não
QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO
durante a reanimação no contexto
apresentarem conclusões relevantes
Considerando a relevância da
hospitalar; tipo de resultados - todos
de forma a responder à questão de
temática, realizou-se uma revisão
os estudos que analisam a perceção
investigação. Assim, resultaram 6
sistemática em linha com as reco-
dos enfermeiros acerca da presença
artigos das seguintes bases de
mendações do The Joanna Briggs
de familiares durante a reanimação
dados: Medline – 1 artigo; Comple-
Institute14, sendo a pergunta de
no contexto hospitalar; tipo de
mentary Index – 3 artigos; Science
revisão: ‘Qual a perceção dos
estudos - todos os estudos primários
Direct – 1 artigo; Directory of Open
Enfermeiros face à presença da
de natureza quantitativa.
Access Journals – 1 artigo.
família durante a reanimação
A pesquisa foi realizada no dia 21 de
Este processo foi realizado por 2
cardiopulmonar no adulto em
Maio de 2023, no motor de busca B-On
revisores de forma autónoma e
contexto hospitalar?’
(Biblioteca do Conhecimento online) e
independente, tendo sido obtidos os
teve em consideração o vocabulário
artigos selecionados após consenso
METODOLOGIA
indexado às bases de dados, assentes
entre os mesmos.
A questão de investigação foi
nos descritores do Medical Subject
No fluxograma seguinte (figura 1),
formulada atendendo o modelo PICO
Headings- MeSH15, tendo sido organi-
descreve-se todo o processo de
(Pessoa/População/Problema,
zada segundo os operadores boolea-
seleção dos estudos, acima relatado.
Intervenção, Comparação ou Contex-
nos, com a seguinte combinação em
A avaliação da qualidade metodológi-
to, Resultados - Outcomes):
inglês: nurses perception; And - resusci-
ca dos estudos analisados, foi
A presente revisão sistemática tem
tation; And - “family presence”; Not -
realizada seguindo as indicações do
como objetivo: ‘Identificar a perceção
children or adolescents or youth or
The Joanna Brigs Institute14, como se
dos enfermeiros face à presença da
child or teenager.
apresenta nas tabelas 2 e 3.
família durante a reanimação
Foram utilizados como limitadores de
cardiopulmonar no adulto’.
pesquisa: artigos publicados nos
RESULTADOS
Após a formulação da questão de
últimos 6 anos, entre 2018-2023;
A tabela 4 apresenta o resumo dos
investigação e a definição dos
analisados por pares (peer review);
resultados obtidos através dos
objetivos da presente revisão, foram
texto integral disponível em Portu-
artigos selecionados para a presente
definidos os seguintes critérios de
guês e/ou Inglês; publicados em
revisão sistemática.
inclusão para a pesquisa dos estudos,
revistas académicas.
Indice
39
40
40
Indice
ARTIGO DE REVISÃO III
Figura 1. Fluxograma de seleção dos estudos
DISCUSSÃO A análise dos estudos revela que os resultados não reúnem consenso em relação à perceção dos enfermeiros face à PFDR. Os profissionais do estudo da Emergency Nurses Association (ENA)4 também expressam perceções divergentes acerca da PFDR. Enquanto alguns apoiam esta prática, outros demonstram reservas. O estudos de Park18 e Gomes19 referem que a maioria dos enfermei-
Tabela 2. Avaliação da qualidade metodológica14
ros concorda com a PFDR, contrariamente, ao que revelam os estudos de Rafiei20 e Ariani21 que discordam ou fazem objeções a esta prática. Os primeiros, vão de encontro com estudo de ENA4, em que alguns profissionais relatam ser uma prática positiva e importante para o doente e família. Também o estudo de Ferreira3 refere que cada vez mais os profissionais de saúde apoiam a PFDR, isto porque, cuidar de alguém implica cuidar também da sua família e, se os enfermeiros conseguirem incutir nas
Tabela 3. Resultados da avaliação crítica para estudos incluídos14 S – Sim; N – Não; NA – Não Aplicável; NE – Não Explícito
famílias o sentimento de confiança de
Indice
41
que todos os esforços foram realizados durante os cuidados de reanimação, levará certamente, a um processo facilitado de aceitação da doença ou do luto dos familiares. Os estudos de Gutysz-Wojnicka16, Park18 e Gomes19 referem existir uma relação de causa-efeito entre as experiências anteriores positivas dos enfermeiros na PFDR e a demonstração de atitudes mais positivas. Do mesmo modo, quem teve experiências negativas ou não teve qualquer experiência, demonstra atitudes negativas em relação à prática. No estudo de ENA4, a maioria dos 42
profissionais tem experiência com a PFDR e todos eles têm atitudes positivas em relação à prática, acreditando que deve ser dada a oportunidade à família de estar presente durante a reanimação, sendo um direito da mesma. Os fatores positivos (benefícios e vantagens) e negativos (barreiras e desvantagens) contribuem para a contínua controvérsia existente entre os enfermeiros, sobre a presença da família nos momentos de crise, particularmente durante a reanimação. Os enfermeiros dos artigos analisados que apoiam a PFDR, referem como benefícios18,19: ser um momento de oportunidade para conhecer o estado de saúde do doente; facilitar a participação da família no cuidado do doente; permitir o apoio ao doente e à família; esclarecer dúvidas da família sobre o que está a acontecer; diminuir o medo e a ansiedade da família; reforçar a ideia, perante a família, de que tudo foi feito; facilitar o processo de luto. Na revisão integrativa de Ferreira3, um dos aspetos positivos relatados, é a oportunidade de promover a comuni-
42
Indice
ARTIGO DE REVISÃO III
doloroso para testemunhar. Nos resultados apresentados por Ferreira3, os profissionais também manifestam desvantagens acerca da PFDR. Para a família, admitem ser um momento traumático e, para a equipa, ao sentir-se observada, pode incutir ansiedade, medo de falhar e é um obstáculo à comunicação dentro da mesma. Ainda segundo ENA4, são várias as barreiras que existem na implementação da PFDR. Uma delas é a perceção dos profissionais de que a família possa interferir no cuidado ao doente, atrasando intervenções ou prolongando a reanimação e incutindo ansiedade e stress nos membros da equipa, afetando a concentração e, por sua vez, a performance. Park18 e Rafiei20 mencionam que a perceção dos enfermeiros está relacionadas com a experiência e o nível de formação acerca do tema. Estes fatores influenciam o grau de
Tabela 4. Resumo dos resultados obtidos
autoconfiança e, por sua vez, as cação entre a família e os profissio-
facilita o processo de luto no caso de
atitudes dos enfermeiros. Assim,
nais e providenciar apoio e suporte
haver insucesso da mesma e dá
enfermeiros com mais autoconfiança,
emocional. Desta forma, a família
oportunidade à família de se despedir,
têm atitudes mais positivas e
compreende que tudo foi efetuado,
facilitando a aceitação da morte do
reconhecem mais benefícios em
facilitando o processo de luto,
seu familiar.
relação a esta prática. Por outro lado,
providenciando explicações e
Por sua vez, os enfermeiros que
a baixa autoconfiança parece estar
demonstrando à família que a sua
discordam com a PFDR, enumeram as
associada a atitudes negativas em
presença é um direito e não uma
seguintes desvantagens
relação à PFDR. Estes artigos estão
opção dos profissionais. Também a
preocupação de que a comunicação
em concordância com o estudo de
evidência de ENA(4) sugere que a
entre a equipa de reanimação possa
ENA4 em que, profissionais com mais
PFDR não influencia a performance de
perturbar a família; a equipa de
experiência e formação especializada
atuação da equipa e, por outro lado,
reanimação não possa cuidar do
no tema, são mais favoráveis a apoiar
tem um impacto positivo nos mem-
doente e da família ao mesmo tempo;
a PFDR. Profissionais com mais
bros da família, uma vez que testemu-
o prolongamento da reanimação e
experiência dão, com mais frequên-
nham o rigor e os esforços efetuados
dificuldade em interromper a mesma;
cia, oportunidade à família de estar
pelas equipa, reduzindo a possibilida-
a interferência da família na reanima-
presente durante a reanimação, uma
de de processos de litígio. Estes
ção ao demonstrar emoções (medo,
vez que se sentem mais confiantes de
profissionais acreditam que dar a
angústia e dano psicológico) e
que conseguirão gerir a família
oportunidade à família de estar
comportamentos perturbadores, uma
durante a reanimação. Profissionais
presente durante a reanimação,
vez que é um momento muito
especializados e com mais formação,
17,19,20,21
:a
Indice
43
44
44
Indice
ARTIGO DE REVISÃO III
concordam com a existência de
CONCLUSÃO
na formação das equipas. O papel do
mais benefícios acerca da prática,
Considera-se que a evidência encon-
enfermeiro, na equipa de saúde,
do que potenciais riscos. Neste
trada na presente revisão sistemática
assume destaque na sensibilização
sentido, muitas das preocupações
descreve a perceção dos enfermeiros
dos profissionais e no suporte à
dos enfermeiros em torno da
acerca da PFDR, dando resposta à
família. Assim, cabe aos enfermeiros,
PFDR, poderiam ser atenuadas
questão de investigação inicialmente
posicionarem-se como defensores dos
através da formação, treino e da
colocada. Concluiu-se que a perceção
direitos da pessoa e da sua família,
contratação de pessoal com
da PFDR não é consensual por parte
unindo esforços, de forma, por um
competências e responsabilidade,
dos enfermeiros. Experiências
lado, a minimizar ou evitar atitudes
de forma a apoiar e esclarecer a
anteriores positivas, influenciam
que possam lesar a família e, por outro
família perante este processo
positivamente a atitude, enquanto
lado, assumindo que a presença da
assustador, de stress e de crise 4.
experiências anteriores negativas,
família no momento da reanimação,
Todos os artigos analisados
influenciam negativamente. São
possa ser a vontade do doente.
referem como limitações, a ausên-
diversos os benefícios e as barreiras
A literatura aponta para a necessidade
cia de protocolos nos serviços, que
identificados nesta revisão, todas elas
de capacitar os enfermeiros nas
implementem a PFDR como prática
em concordância com estudos
organizações e incluir esta temática ao
habitual. Segundo Ferreira3 a
realizados anteriormente. A autocon-
longo do percurso académico e
decisão da PFDR deverá ser
fiança é também um fator que
profissional, a fim de favorecer uma
consensual entre a equipa e
condiciona a perceção dos enfermei-
prática mais bem sustentada no futuro.
sempre que a família se torne
ros, sendo que os que têm maior nível
A diversidade dos resultados obtidos
emocionalmente perturbadora,
de autoconfiança, aceitam melhor
nos artigos estudados, deve-se,
deve abandonar o local. Realça
esta prática.
provavelmente, a discrepâncias
ainda, a existência de protocolos de
As vantagens encontradas de permitir
culturais e contextos assistenciais,
atuação, uma vez que poucos são
a PFDR, parecem compensar as
uma vez que são originários de
os hospitais que dispõem dos
desvantagens. Neste sentido, é
zonas diferentes: Ásia (Coreia do Sul
mesmos. Também o estudo de
crucial a implementação de protoco-
e Indonésia), Médio Oriente (Arábia
ENA 4 refere que a PFDR é uma
los de atuação com acolhimento
Saudita e Barém) e Europa (Suécia).
expectativa de muitos membros da
prévio à entrada e com as devidas
Na literatura nacional, foram encon-
família e as situações devem ser
explicações sobre o que a família irá
trados poucos estudos que avaliem a
tratadas individualmente, questio-
encontrar durante a reanimação,
perceção de quem cuida e de quem é
nando a família se gostaria de estar
diminuindo assim, a ansiedade da
cuidado em situações de reanima-
presente. Conclui também que, dos
mesma e aumentando o nível de
ção. Recomenda-se assim, a realiza-
estudos que analisa, a existência
confiança nos profissionais. Estes
ção de estudos, em Portugal, que
de políticas é rara e esta ausência é
protocolos devem contemplar
invistam neste tema, de forma a
uma barreira ao convite da PFDR,
medidas de apoio emocional, que
contribuírem para a implementação
por parte da equipa. Neste sentido,
deverá ser garantido também aos
da PFDR como prática habitual nos
recomenda-se que cada instituição
enfermeiros. Para atenuar os efeitos
serviços de saúde.
deve instituir políticas com protoco-
negativos mencionados pelos
Após a síntese dos resultados
los específicos, de forma a guiarem
enfermeiros em relação à PFDR,
obtidos nesta pesquisa, importa
a equipa na tomada de decisão de
recomenda-se avaliar individualmente
agora incorporá-los na prática diária,
incluir ou não a família, bem como,
cada caso e responsabilizar um
transportando-os para a nossa
de atender às necessidades da
membro da equipa para acompanhar
realidade, permitindo, dessa forma,
mesma, quando presentes durante
a família neste processo.
o compromisso da prática baseada
o momento da reanimação.
Para que a implementação da PFDR
na evidência
tenha sucesso é fundamental investir
Indice
45
46
46
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Ariani N, Trisyani Y, Mulyati T. An Exploration of
EDITORA
ANA AGOSTINHO Coordenadora de Enfermagem da VMER de Faro REVISÃO
COMISSÃO CIENTÍFICA
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REFLEXÕES BREVES SOBRE A EMERGÊNCIA MÉDICA
REFLEXÕES BREVES SOBRE A EMERGÊNCIA MÉDICA
VMER DO BARLAVENTO – A VISÃO DO FUTURO MÉDICO Daniel Sobreira1 1
Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade da Beira Interior
Palavras-Chave: estágio, VMER, Portimão
verificação da carga da VMER que,
de emergência é perigosa, mas
Desde que me lembro, sonhei em
segundo me foi dito, é uma atividade
percebi que a condução é sempre
seguir Medicina com o objetivo de
obrigatória diária para garantir a
defensiva e os enfermeiros estão
poder ajudar a melhorar o mundo.
operacionalidade do meio. Depois,
sempre atentos a tudo.
Durante a minha adolescência, o
com mais calma, foi hora de conhecer
À nossa chegada, o paciente já́ se
mundo da saúde no pré́-hospitalar
“os cantos à casa”, ou seja, fui
encontrava com os cuidados básicos
despertou-me um grande interesse e
conhecer as instalações da base.
instituídos, pois encontrava-se numa
tive a oportunidade de experienciar e
Posto isto e feitas todas as
Unidade de saúde. Apos a avaliação
viver o dia a dia na VMER do
apresentações, era altura de esperar
da vítima, esta foi transportada sem
Barlavento. Atualmente, sou aluno do
pela primeira ativação. Apesar de me
acompanhamento médico, mas toda
primeiro ano de medicina na
sentir atraído pela emergência
a informação foi passada aos
universidade da Beira Interior. Ainda
pré-hospitalar, até esta altura não
bombeiros. Deslocamo-nos de novo à
tenho um longo caminho pela frente,
sabia bem do que se tratava. Estar ali,
base e, ao longo do caminho, a equipa
mas já́ estou um pouco mais perto de
naquele momento, fazia-me sentir a
fez um debriefing apontando os
chegar ao objetivo.
pessoa com mais sorte do mundo.
aspetos positivos e os que poderiam
Neste artigo de reflexão, vou
Depois de uma espera prolongada,
melhorar. Além da parte da decisão
aproveitar para retratar a visão de um
tive primeira ativação. Depois de se
terapêutica, o medico também tem a
aluno do secundário, hoje estudante
perceber a localização e o tipo de
responsabilidade do preenchimento
de medicina, nos vários estágios que
ocorrência, iniciámos a saída.
de um relatório após todas as
pude realizar na VMER do Barlavento.
Durante o percurso, foi-me explicada
ocorrências, na plataforma iTeams.
Quando cheguei à base da VMER, em
a triagem e algumas especificidades
Apesar de não ter havido
Portimão, comecei por conhecer a
do iTeams. Sabíamos que a vítima
acompanhamento médico, à chegada
equipa que iria acompanhar. Depois
era um homem com 80 anos com
ao hospital a equipa dirigiu-se à
da apresentação, a médica começou
dispneia. Enquanto nos
triagem para passar o doente. Embora
por me explicar o que acontecia
deslocávamos, eu tentava absorver
inicialmente não tenha percebido o
desde a chamada 112, ao momento
toda a informação que me estava a
porquê, foi-me explicado que o facto
em que somos acionados e a saída
ser dada, mas percebi que o
de não terem acompanhado foi
da VMER. Essa foi a primeira
enfermeiro, além de discutir o caso
porque o doente estava estável e
informação que obtive porque a
com a médica e a abordagem, se
assim a equipa ficava disponível para
qualquer momento poderíamos ser
preocupava essencialmente com
poder ser ativada para outra
acionados para uma emergência.
uma condução segura. Isto
ocorrência. Como não aconteceu,
Após conhecimento dos
impressionou-me bastante porque,
referiram que a passagem do doente
procedimentos, acompanhei a
vendo de fora, parece que a marcha
na triagem serve para garantir a
Indice
51
52
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REFLEXÕES BREVES SOBRE A EMERGÊNCIA MÉDICA
continuidade dos cuidados.
útil para salvar outras vidas.
BIBLIOGRAFIA
O tempo que decorre entre cada saída
Durante o meu 12º ano tive a
1.
é, talvez, a pior parte deste trabalho.
oportunidade de fazer alguns
Pelo menos para mim. Nesse intervalo,
estágios observacionais na VMER do
a equipa aproveita para estudar,
Barlavento, com diferentes equipas,
esclarecer dúvidas, rever situações. O
mas todas elas com um objetivo
2.
https://www.inem.pt/
ambiente que se vive na base é de
comum: salvar vidas.
3.
https://www.hds.min-saude.pt/wpcontent/uploads/
muita amizade e cumplicidade, o que
Para mim, na altura enquanto aluno,
ajuda muito ao trabalho de equipa,
foram dias muito importantes porque
numa equipa que é constituída só por
foi o ter a certeza que era o que queria
duas pessoas.
para a minha vida. Hoje, enquanto
Para se poder pertencer à equipa da
aluno de medicina, não duvido que
VMER não é necessária nenhuma
estes estágios vão contribuir muito
especialidade medica. No entanto,
para algumas decisões futuras. Aprendi
pude perceber que são necessárias
muito, mas, sem duvida, o melhor
algumas características pessoais:
ensinamento que levo para a vida é que
grande resiliência e capacidade de
um enfermeiro é tao fundamental como
adaptação a diferentes situações,
um medico, que cada um tem o seu
saber lidar com a inevitabilidade da
lugar em trabalhos diferentes, mas que
morte, elevada capacidade de
se complementam. O trabalho em
definição de tarefas prioritárias e
equipa na VMER, quando a equipa é tão
comunicação de forma clara
reduzida, é o protótipo do ‘sozinhos
e objetiva.
vamos mais rápidos, mas juntos vamos
Talvez uma coisa que me tenham
mais longe’.
deixado mais surpreso, é a quantidade
Resta-me agradecer a todos, sem
de vezes que a VMER é ativada para
exceção, pela maneira como me
declarar um óbito, acabando por ser
acolheram, mas principalmente pelo
tornar um problema uma vez que,
modo como salvam vidas no
durante esse tempo, a equipa se
Barlavento Algarvio
encontra ocupada, quando poderia ser
Lemos, J., (2020) EMERGÊNCIA MÉDICA PRÉ-HOSPITALAR: ESTÁGIO NA VIATURA MÉDICA DE EMERGÊNCIA E REANIMAÇÃO - https:// repositorioaberto.up.pt/ bitstream/10216/128250/2/411138.pdf
sites/17/2021/04/Regulamento_VMER.pdf
EDITORA
INÉS SIMÕES Coordenadora Médica da VMER de Portimão
REVISÃO
COMISSÃO CIENTÍFICA
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LIFESAVING TRENDS - INOVAÇÕES EM EMERGÊNCIA MÉDICA
LIFESAVING TRENDS - INOVAÇÕES EM EMERGÊNCIA MÉDICA
SMARTWATCH, O DISPOSITIVO QUE ESTÁ UM “OLHAR” À FRENTE DA EQUIPA DE EMERGÊNCIA A. Sofia Mendes Pinto1, Rita Lopes Dinis1, Larissa Morais2 1 2
Interna de Formação Específica de Anestesiologia do Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca Assistente Hospitalar de Anestesiologia do Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca
Os recentes avanços na tecnologia
Monitorização de ritmo cardíaco e
fidedigno e necessita de confirmação
combinados com a necessidade de
deteção de arritmias
por ECG.1
acompanhar doentes remotamente, tal
Os dispositivos digitais que
Os eventos de alterações do ritmo
como demonstrado pela pandemia da
monitorizam o ritmo cardíaco
cardíaco como ritmo irregular ou
COVID-19, impulsionaram o
dividem-se em dois grupos de acordo
bradicardia podem desencadear
com a tecnologia que utilizam:
alertas ou levar a que o utilizador
dispositivos digitais à prática clínica.
baseados em eletrocardiograma
grave o traçado eletrocardiográfico,
Os wearables, como são rotineiramente
(ECG) ou baseados em
desde que o mesmo esteja
designados os acessórios que
fotopletismografia (PPG). Os
consciente. Isto pode conduzir à
podemos “vestir”, incluem vários
primeiros geralmente são de
deteção de eventos breves de
dispositivos, sendo os mais populares
derivação única (DI), possuindo 2
fibrilhação auricular (FA) ou outras
os smartwatches e as smartbands. O
elétrodos, um na região posterior do
arritmias que de outra forma
utilizador poderá, assim, adquirir um
relógio e outro de localização variável,
poderiam não ser detetadas pela
maior controlo da sua saúde, através
permitindo a gravação durante 30
normalização do ritmo aquando da
da monitorização de uma variedade de
segundos de um traçado, que pode
realização de um ECG formal. Uma
parâmetros que vão desde os sinais
ser visualizado em tempo real no ecrã
derivação única permite identificar os
vitais até ao nível de eletrólitos ou
do relógio, guardado e exportado para
complexos QRS, apontando os
diagnóstico de arritmias.
PDF. A gravação assíncrona das
estudos para uma correta
A utilidade destes dispositivos vai
derivações bipolares e das 6
diferenciação entre bradicardia
além do que possamos imaginar
derivações unipolares precordiais é
sinusal e bloqueio aurículo-ventricular
tendo um papel interessante no
também possível através da alteração
em 81% dos casos.5
âmbito da medicina de emergência e
da zona de contacto posterior do
Estes dispositivos podem ser também
no pré-hospitalar através da deteção
smartwatch e do segundo ponto de
utilizados durante o aparecimento de
de quedas, de variações importantes
contacto.
palpitações e sintomas vaso-vagais
da frequência cardíaca (FC) ou da
Os dispositivos baseados em PPG
com o objetivo de diferenciar uma
saturação de oxigénio (SpO2) e
monitorizam a FC e detetam arritmias
alteração do ritmo de uma causa não
monitorização do ritmo cardíaco.
através de uma técnica que analisa o
cardíaca, na investigação de causas
Além disso, a sua utilização pode
pulso periférico. A fonte de luz e o
de sintomatologia associada ao
contribuir para otimização da eficácia
detetor são usados para medir as
exercício físico e introdução e manejo
da ressuscitação cardiopulmonar e
alterações no volume sanguíneo na
de fármacos potencialmente
monitorização dos níveis de stress
superfície da pele, detetando
causadores de bradicardia (beta-
das equipas de emergência, levando a
variações na intensidade da luz
bloqueantes, bloqueadores dos
que sejam delineadas estratégias
refletida, gerando uma onda de pulso
canais de cálcio) ou prolongamento
para minimizar o seu impacto.
periférico. Este método é menos
do QRS (flecainida, lítio).5
desenvolvimento e adaptação de 1
2
1
3,4
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55
56
Uma metanálise recente acerca da
A monitorização do intervalo QT,
referidas, é possível detetar eventos
tecnologia do smartwatch demonstrou
especialmente recorrendo à
arrítmicos que podem ser
uma relação de não inferioridade
reprodução das derivações DII e V5,
adequadamente tratados,
quando comparada com as estratégias
também se demonstrou adequada em
nomeadamente com controlo precoce
de monitorização formal da FA. O
85-94% dos utilizadores. Contudo, a
do ritmo, prevenindo eventos com
Apple Heart Study demonstrou que nos
monitorização automática do QTc não
morbimortalidade importante
doentes que receberam uma
está disponível nos smartwatches
associada, como a ocorrência de
notificação de pulso irregular, 84%
comercializados atualmente,
tiveram a confirmação formal de
necessitando de validação futura.
eventos de paragem
ocorrência de um evento de FA.
Com todas as aplicações acima
cardiorrespiratória (PCR). Além disso,
6,7
56
Indice
acidente vascular cerebral (AVC) ou 5
LIFESAVING TRENDS - INOVAÇÕES EM EMERGÊNCIA MÉDICA
a gravação do traçado
doentes com doença arterial
PCR
eletrocardiográfico vai permitir ao
isquémica cruzou os traçados de ECG
O projeto HEART-SAFE (Home
médico que presta o primeiro auxílio,
obtidos com o Apple Watch e o ECG
Emergency Alerting and Response
uma melhor facilidade no diagnóstico
convencional de 12 derivações e não
Technology – Survive A Fatal Event) tem
do evento desencadeante e atuação
demonstrou diferenças na avaliação
o objetivo de detetar de forma precisa
em concordância.1
da onda Q, onda R, segmento ST e
uma PCR fora do hospital, com recurso
No entanto, existem algumas
onda T. Verificou-se uma correlação
à identificação de ausência de
limitações: ainda não existe evidência
muito forte na análise do segmento
pulsatilidade, deteção de queda e
bem estabelecida de que a deteção
ST, forte na avaliação das ondas Q e R
ausência de movimento. Este algoritmo
de ritmos irregulares melhora a
e moderada para as ondas T,
é integrado nos sistemas de
morbilidade e a mortalidade;8 a
sustentando publicações prévias
emergência através da emissão de um
gravação do traçado necessita de ser
acerca da utilização dos
alerta automático. O objetivo é a
ativada pelo utilizador, sendo
smartwatches na deteção precoce
chegada precoce das equipas de
necessários pelo menos 30 segundos,
destes eventos.3,4
emergência para que ocorra uma
pelo que arritmias breves ou com
As limitações deste método são a
recuperação da circulação espontânea
instabilidade hemodinâmica
menor sensibilidade no diagnóstico
com um bom outcome clínico.1,10
associada podem não ser
de alterações da repolarização nas
Relativamente à realização de
registadas;7,8 os falsos positivos
derivações inferiores e na deteção de
ressuscitação cardiopulmonar de
podem conduzir a investigação
enfartes inferiores ou laterais-altos,
qualidade, existem alguns estudos que
diagnóstica desnecessária; e, a
por não ser possível realizar as
incorporam uma aplicação no
derivação DI não é a ideal para
derivações aVR, aVF e aVL.4
smartwatch capaz de monitorizar a profundidade e ritmo das compressões
avaliação da onda P.7 AVC
torácicas, com a possibilidade de
Enfarte agudo do miocárdio (EAM)
A tecnologia atual possui
fornecer um áudio do ritmo adequado,
A utilização dos smartwatches para
acelerómetros que medem alterações
sendo os resultados compatíveis com
deteção de eventos de EAM ainda não
da velocidade no eixo X, Y e Z e
uma melhoria da qualidade com
se encontra validada. Contudo, em
giroscópios que analisam
feedback em tempo real.11
caso de dor torácica, o utilizador pode
movimentos rotacionais. Estes
realizar ECG assíncronos das várias
sensores permitem, através de
Sinais vitais
derivações (DI a DIII e V1 a V6).3,4
softwares que se encontram em
A monitorização de sinais vitais como
Baseando-nos na premissa que
desenvolvimento, detetar alteração
a FC, SpO2, frequência respiratória e
tempo é músculo, o diagnóstico
do movimento (queda/plegia/ataxia),
temperatura pode fornecer alertas
precoce do EAM permite reduzir o
da escrita de texto (em teclado
precoces de exacerbação de doenças
tamanho de miocárdio afetado,
eletrónico), do discurso (afasia/
pré-existentes, nomeadamente
melhorando o prognóstico.4 Com
disartria) e dos sinais vitais (FC ou
respiratórias. Os estudos demonstram
recurso a este método que pode, de
SpO2), gerando um algoritmo capaz
muito boa correlação entre a SpO2
uma forma quase instantânea, fazer
de reunir toda a informação e
avaliada pelo smartwatch e os valores
chegar os traçados de ECG à equipa
levantar a suspeita de AVC. Esta
gasimétricos.12
médica de emergência pré-hospitalar,
tecnologia, para além de ativar os
No futuro, estes dados podem ser
o diagnóstico pode ser agilizado e o
serviços de emergência pode estimar
uma informação valiosa para guiar o
doente transportado com maior
com alguma exatidão, o tempo de
timing de ativação dos serviços de
rapidez para um centro com
início de sintomas, fator que
emergência, podendo ser englobados
capacidade de realização de
apresenta impacto na elegibilidade
num algoritmo que determina o tipo
intervenção coronária percutânea.
do doente para determinadas opções
de viaturas e equipas de emergência
Um estudo observacional com 25
terapêuticas.9
a ativar.
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LIFESAVING TRENDS - INOVAÇÕES EM EMERGÊNCIA MÉDICA
CONCLUSÃO
3.
Han, C., Song, Y., Lim, H. S., Tae, Y., Jang, J. H., Lee,
11.
Lu, T. C., Chang, Y. T., Ho, T. W., Chen, Y., Lee, Y. T.,
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Asynchronous Electrocardiogram Signals-Preview
delivery of high-quality cardiopulmonary
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of Implementing Artificial Intelligence With
resuscitation by healthcare professionals.
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COMISSÃO CIENTÍFICA
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VAMOS PÔR O ECG NOS EIXOS
VAMOS PÔR O ECG NOS EIXOS
PONTE PARA UM ENFARTE…COMBINADO Nina Den Boer1; Fernanda Munhoz2 1 2
Interna de Formação Específica de Medicina Interna, Unidade Local de Saúde do Algarve - Unidade de Faro Serviço de Urgência Polivalente, Unidade Local de Saúde do Algarve - Unidade de Faro
Figura 1 - ECG de 12 derivações: Ritmo sinusal, 66 bpm, sem desvio do eixo, má progressão da onda R nas derivações precordiais, com supradesnivelamento do segmento ST de 2-3mm nas derivações V3 a V6 e de 2mm em DII, DIII e aVF.
Doente de 55 anos de idade, do sexo
derivações V3 a V5 e de 2mm em DII,
troponina de alta sensibilidade
feminino, sem antecedentes pessoais
DIII e aVF, compatível com enfarte
(hs-cTn) máxima de 1076 pg/mL.
e familiares de relevo. Inicia quadro
agudo do miocárdio com elevação do
Além da terapêutica médica com
de dor torácica retrosternal de
segmento ST (STEMI) combinado
beta-bloqueante (BB)
caráter persistente, associada a
(anterior e inferior). Foi medicada
e bloqueadores dos canais de cálcio
sudorese profusa e náuseas, sem
com aspirina, ticagrelor, heparina não
(BCC), a doente implantou
fatores de alívio. Ativada a
fracionada e ativada Via Verde
um cardioversor-desfibrilhador
emergência pré-hospitalar ao
Coronária e transportada de forma
implantável (CDI) em prevenção
domicílio. Na presença da equipa de
emergente para a sala de
secundária.
emergência, presenciada paragem
Hemodinâmica do Serviço de
cardiorrespiratória (PCR) em ritmo
Cardiologia. Fez cateterismo
A doença cardiovascular (DCV) é a
desfibrilhável em fibrilação
cardíaco (CAT) emergente que
causa mais comum de mortalidade e
ventricular , com recuperação de
revelou: ponte miocárdica do
morbilidade no mundo, com especial
circulação espontânea e ritmo
segmento médio da artéria coronária
incidência nos países ocidentais, onde
sinusal (RS) ao final de 1 ciclo de
descendente anterior (DA), artéria
doença arterial coronária (DAC)
suporte avançado de vida com
esta que se estende para além do
assume o papel principal. Dos doentes
administração de 1 choque não
ápex cardíaco irrigando igualmente a
com dor torácica que desenvolvem
sincronizado. Primeiro
parede inferior do ventrículo
síndromes coronárias agudas (SCA),
eletrocardiograma de 12 derivações
esquerdo – “wrap-around”. Não se
apenas 30-40% apresentam-se sob a
(ECG12d) pós PCR em RS 66 bpm,
observou doença coronária
forma de STEMI no ECG12d à
com supradesnivelamento do
aterosclerótica significativa.
admissão hospitalar, sendo sujeitos
segmento ST de 2-3mm nas
Biomarcadores positivos com
invariavelmente a uma estratégia de
Indice
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Indice
VAMOS PÔR O ECG NOS EIXOS
reperfusão emergente. O enfarte do
definitivo comprovado.
10.1016/j.jacc.2014.01.049. Epub 2014 Feb 26.
miocárdio com artérias coronárias não
No que se refere aos enfartes
PMID: 24583304; PMCID: PMC4065198.
obstrutivas (MINOCA) é definido como
combinados, a elevação do segmento
enfarte do miocárdio cumprindo
ST nas derivações anteriores e
Up-to-Date Review. J Invasive Cardiol. 2015
critérios pela 4a definição universal de
inferiores tem sido pouco estudado e
Nov;27(11):521-8. Epub 2015 May 15. PMID:
enfarte do miocárdio, mas que
existem dados limitados sobre o seu
25999138; PMCID: PMC4818117.
apresentam DAC não obstrutiva
significado clínico. Angiograficamente,
(estenose epicárdica <50%),
compreendem 2 grupos distintos:
DA, Ross A, et al. Clinical and angiographic
considerado um “working diagnosis”,
lesão oclusiva em 2 artérias
characteristics of patients with combined anterior
onde se podem encaixar várias
epicárdicas simultaneamente
and inferior ST-segment elevation on the initial
entidades. A prevalência é de 1% a
(habitualmente na DA e coronária
electrocardiogram during acute myocardial
14% dos doentes com SCA
direita (CD)); ou oclusão DA média ou
infarction. Am Heart J. 2003 Oct;146(4):653-61.
submetidos a coronariografia.
distal, artéria esta que se estende para
doi: 10.1016/S0002-8703(03)00369-7. PMID:
Abrange um grupo heterogêneo de
além do ápex cardíaco para irrigar o
14564319.
causas subjacentes, incluindo causas
segmento apical da parede inferior,
coronárias e não coronárias, sendo a
denominada por esse motivo de DA
ponte miocárdica uma das causas
“wrap around”. Este último grupo
frequentes. A ponte miocárdica é uma
(comparativamente com o primeiro)
anomalia congênita na qual um
tem habitualmente uma melhor
segmento de uma artéria coronária
evolução clínica, fruto de uma menor
epicárdica segue um percurso
extensão de lesão miocárdica
intramuscular (intramiocárdico),
provocada pelo enfarte
4.
5.
Lee MS, Chen CH. Myocardial Bridging: An
Sadanandan S, Hochman JS, Kolodziej A, Criger
estando assim sujeito à mecânica miocárdica com compressão dos vasos em sístole, resultando em
BIBLIOGRAFIA
alterações hemodinâmicas que
1.
Robert A Byrne, Xavier Rossello, J J Coughlan,
podem estar associadas a dor
Emanuele Barbato, Colin Berry, et al. 2023 ESC
anginosa por isquemia ou enfarte do
Guidelines for the management of acute coronary
território afetado. Neste contexto,
syndromes: Developed by the task force on the
fenómenos disrítmicos e morte súbita
management of acute coronary syndromes of the
cardíaca podem igualmente ocorrer. O
European Society of Cardiology (ESC), European
seu tratamento não está bem
Heart Journal, Volume 44, Issue 38, 7 October
estabelecido e a evidência é parca,
2023, Pages 3720–3826, https://doi.org/10.1093/
embora a primeira linha de tratamento
eurheartj/ehad191
seja médica com fármacos BB e BCC
2.
L. Erhardt, J. Herlitz, L. Bossaert, M. Halinen, M.
se espasmo associado. A abordagem
Keltai, et al. Task force on the management of
cirúrgica com bypass coronário ou
chest pain, European Heart Journal, Volume 23,
miotomia pode ser uma alternativa,
Issue 15, 1 August 2002, Pages 1153–1176,
mas com resultados pouco
https://doi.org/10.1053/euhj.2002.3194
consistentes. Nos doentes que se
3.
EDITORA
TERESA MOTA Assistente hospitalar de Cardiologia - CHVNG/E EDITOR
Corban MT, Hung OY, Eshtehardi P, Rasoul-
apresentam em PCR por disritmias
Arzrumly E, McDaniel M, Mekonnen G, et al.
ventriculares malignas, a implantação
Myocardial bridging: contemporary understanding
de CDI em prevenção secundária deve
of pathophysiology with implications for
ser considerada, perante a presença
diagnostic and therapeutic strategies. J Am Coll
de uma entidade sem tratamento
Cardiol. 2014 Jun 10;63(22):2346-2355. doi:
HUGO COSTA Interno de formação Específica de cardiologia - CHUA
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IMAGEM EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
IMAGEM EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
EDEMA CERVICAL E DOS MEMBROS SUPERIORES Isabel V. Rodrigues1,2,3,4, Paula Pinto5, Claúdia Gaspar1, Joana Oliveira1, André Patraquim1 Internos de Formação Específica em Medicina Interna - ULSAlg – Hospital de Faro Viatura Médica de Emergência e Reanimação Faro/Albufeira 3 Centro de Orientação de Doentes Urgentes - Faro 4 Serviço de Helicópteros de Emergência Médica 5 Interna de Formação Específica em Pneumologia ULSAlg – Hospital de Faro 1 2
Homem, 79 anos, recorreu ao
furosemida e prednisolona,
gástrica perfurada, e
Serviço de Urgência por edema
sem benefício e com
tabagismo (130 UMA).
exuberante do pescoço e dos
desenvolvimento de tosse
Realizou radiografia e
membros superiores, cansaço
hemoptoica. Refere perda
tomografia torácicas com
fácil e dispneia a pequenos
ponderal de 6 Kgs em 3 meses.
identificação de massa
esforços com 3 semanas de
Antecedentes pessoais:
mediastínica com
evolução. Previamente
síndrome depressivo, doença
compressão/invasão da Veia
observado pelo seu médico
hepática crónica de etiologia
Cava Superior (VCS).
assistente, medicado com
etanólica (em evicção), úlcera
Qual é a causa da compressão? A. Mediastinite B. Pneumonia Fúngica C. Tumor de Pancoast D. Aneurisma da Aorta Torácica
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IMAGEM EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
tumores quimiosenssíveis.
TEXTO EXPLICATIVO
Angioplastia com colocação de stent
C (Tumor de Pancoast)
como primeira linha pode ser
O Síndrome da Veia Cava Superior
recomendado. Um bypass cirúrgico
(SVCS) é uma emergência médica
pode ser uma opção paliativa1.
constituída por sinais e sintomas
Neste doente instituímos terapêutica
causados pela obstrução do fluxo
conservadora, com benefício clínico,
sanguíneo nesse vaso. Neste doente,
apesar de manter edema dos
é secundário a tumor de Pancoast
membros superiores. Por não
(sem Síndrome de Horner).
apresentar dificuldade respiratória e
Foi descrito por William Hunter em
por ter um trombo extenso, optou-se
1757 e em 1954 Schechter reviu
por não colocar stent endovascular
casos documentados, 40%
(risco de tromboembolismo no
secundários a aneurismas aórticos
procedimento), estando
sifilíticos ou tuberculose
anticoagulado
mediastínica . Atualmente, 1
aproximadamente 70% dos casos de SVCS são secundários a neoplasias
BIBLIOGRAFIA
do pulmão1,2.
1.
Nickloes, T.A.; Kallab, A.M.; Dunlap, A.B.. Superior
Os sintomas melhoram com
vena cava syndrome (SVCS): Practice Essentials,
tratamento conservador: elevação da
Pathophysiology, Etiology. Medscape [Internet]
cabeceira, oxigenioterapia, diuréticos
2022. [Atualizado a 8 março 2022]. Disponível em:
e corticoterapia (dexametasona) .
https://emedicine.medscape.com/article/460865-
Tratamento emergente está indicado
overview?form=fpf (acedido a 23 janeiro 2024)
1,2
em: edema cerebral, débito cardíaco
2.
EDITORA
CATARINA COSTA Médica VMER. Médica Medicina Interna - CHUA - Faro REVISÃO
Seligson, M.T.; Surowiec, S.M. Superior Vena Cava
reduzido, ou edema da via aérea
Syndrome StatPearls [Internet] 2022. [Atualizado a
superior. A radioterapia é o
26 setembro 2022]. Disponível em: https://www.
tratamento standard no entanto, a
ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK441981/ (acedido a
quimioterapia pode ser preferível em
23 janeiro 2024)
COMISSÃO CIENTÍFICA
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APEMERG
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Centro Académico de Investigação e Formação Biomédica do Algarve 70
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APEMERG
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CRITÉRIOS DE PUBLICAÇÃO ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO – Novembro de 2022
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1. Objectivo e âmbito
2. Informação Geral
3. Direitos Editoriais
A Revista LIFESAVING SCIENTIFIC (LF Sci) é um órgão de publicação pertencente ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) e dedica-se à promoção da ciência médica pré-hospitalar, através de uma edição trimestral. A LF Sci adopta a definição de liberdade editorial descrita pela World Association of Medical Editors, que entrega ao editor-chefe completa autoridade sobre o conteúdo editorial da revista. O CHUA, enquanto proprietário intelectual da LF Sci, não interfere no processo de avaliação, selecção, programação ou edição de qualquer manuscrito, atribuindo ao editorchefe total independência editorial. A LF Sci rege-se pelas normas de edição biomédica elaboradas pela International Commitee of Medical Journal Editors e do Comittee on Publication Ethics.
A LF Sci não considera material que já foi publicado ou que se encontra a aguardar publicação em outras revistas. As opiniões expressas e a exatidão científica dos artigos são da responsabilidade dos respetivos autores. A LF Sci reserva-se o direito de publicar ou não os artigos submetidos, sem necessidade de justificação adicional. A LF Sci reserva-se o direito de escolher o local de publicação na revista, de acordo com o interesse da mesma, sem necessidade de justificação adicional. A LF Sci é uma revista gratuita, de livre acesso, disponível em https:// issuu.com/lifesaving. Não pode ser comercializada, sejam edições impressas ou virtuais, na parte ou no todo, sem autorização prévia do editor-chefe.
Os artigos aceites para publicação ficarão propriedade intelectual da LF Sci, que passa a detentora dos direitos, não podendo ser reproduzidos, em parte ou no todo, sem autorização do editor-chefe.
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4. Critérios de Publicação 4.1 Critérios de publicação nas rúbricas A LF Sci convida a comunidade científica à publicação de artigos originais em qualquer das categorias em que se desdobra, de acordo com os seguintes critérios de publicação: Artigo Científico Original - Âmbito: apresentação de resultados sobre tema pertinente para atuação das equipas em contexto de emergência pré-hospitalar de adultos. Dimensão recomendada: 1500 a 4000 palavras.
CRITÉRIOS DE PUBLICAÇÃO
Temas em Revisão - Âmbito: Revisão extensa sobre tema pertinente para atuação das equipas em contexto de emergência pré-hospitalar de adultos. Dimensão recomendada: 1500 a 3500 palavras. Hot Topic - Âmbito: Intrepretação de estudos clínicos, divulgação de inovações na área pré-hospitalar recentes ou contraditórias. Dimensão recomendada: 1500 a 3500 palavras. Rúbrica Pediátrica - Âmbito: Revisão sobre tema pertinente para atuação das equipas em contexto de emergência pré-hospitalar no contexto pediátrico. Dimensão recomendada: 1500 a 3500 palavras. Casos Clínicos (Adulto) - Âmbito: Casos clínicos que tenham interesse científico, relacionados com situações de
emergência em adultos. Dimensão recomendada: 1000 palavras. Casos Clínicos (Pediatria) - Âmbito: Casos clínicos que tenham interesse científico, em contexto de situações de emergência em idade pediátrica. Dimensão recomendada: 1000 palavras. Casos Clínicos (Neonatalogia) - Âmbito: Casos clínicos que tenham interesse científico, que reportem situações de emergência em idade neonatal. Dimensão recomendada: 1000 palavras. LIFESAVING Trends - Inovações em Emergência Médica - Âmbito: Artigo com estrutura de "Correspondência", privilegiando a divulgação de novidades tecnológicas, de dispositivos inovadores, ou de atualizações de equipamentos ou práticas atuais. Limite de Palavras: máximo 1500 palavras; Limite de tabelas e figuras:6
Imagem em Urgência e Emergência - Âmbito/Objetivo: divulgar imagens-chave no diagnóstico e abordagens de patologias no âmbito da urgência e emergência. Podem ser obtidas através do exame físico, investigação básica ou estudo imagiológico. O consentimento informado escrito é requerido no caso em que a imagem contenha a face ou outro detalhe que permita identificar os intervenientes. Estrutura do artigo: Título (que não deve conter o diagnóstico); autores e filiação; nota introdutória com descrição breve da imagem e/ou do seu contexto; 1 a 2 imagens; questão de escolha múltipla com 4 hipóteses (apenas uma resposta correta); texto explicativo da resposta correta com referência à literatura. Máximo de 300 palavras. Imagem: em formato .jpeg, com resolução original. Bibliografia: máximo de 5 referências
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4.2 Critérios gerais de publicação O trabalho a publicar deverá ter no máximo 120 referências. Deverá ter no máximo 6 tabelas/figuras devidamente legendadas e referenciadas. O trabalho a publicar deve ser acompanhado de no máximo 10 palavras-chave representativas. No que concerne a tabelas/figuras já publicadas é necessário a autorização de publicação por parte do detentor do copyright (autor ou editor). Os ficheiros deverão ser submetidos em alta resolução, 800 dpi mínimo para gráficos e 300 dpi mínimo para fotografias em formato JPEG (.Jpg), PDF (.pdf). As tabelas/figuras devem ser numeradas na ordem em que ocorrem no texto e enumeradas em numeração árabe e identificação. No que concerne a casos clínicos é necessário fazer acompanhar o material a publicar com o consentimento informado do doente ou representante legal, se tal se aplicar. No que concerne a trabalhos científicos que usem bases de dados de doentes de instituições é necessário fazer acompanhar o material a publicar do consentimento da comissão de ética da respetiva instituição. As submissões deverão ser encaminhadas para o e-mail: revistalifesaving@gmail.com
4.3 Critérios de publicação dos artigos científicos. Na LIFESAVING SCIENTIFIC (LF Sci) podem ser publicados
74
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Artigos Científicos Originais, Artigos de Revisão ou Casos Clínicos de acordo com a normas a seguir descritas. Artigos Científicos O texto submetido deverá apresentado com as seguintes secções: Título (português e inglês), Autores (primeiro nome, último nome, título, afiliação), Abstract (português e inglês), Palavras-chave (máximo 5), Introdução e Objetivos, Material e Métodos, Resultados, Discussão, Conclusão, 74 Agradecimentos, Referências. O texto deve ser submetido com até 3 Take-home Messages que no total devem ter até 50 palavras. Não poderá exceder as 4.000 palavras, não contando Referências ou legendas de Tabelas e Figuras. Pode-se fazer acompanhar de até 6 Figuras/Tabelas e de até 60 referências bibliográficas. O resumo/ abstract não deve exceder as 250 palavras. Se revisão sistemática ou meta-análise deverá seguir as PRISMA guidelines. Se meta-análise de estudo observacionais deverá seguir as MOOSE guidelines e apresentar um protocolo completo do estudo. Se estudo de precisão de diagnóstico, deverá seguir as STARD guidelines. Se estudo observacional, siga as STROBE guidelines. Se se trata da publicação de Guidelines Clínicas, siga GRADE guidelines. Este tipo de trabalhos pode ter no máximo 6 autores.
Artigos de Revisão O objetivo deste tipo de trabalhos é rever de forma aprofundada o que é conhecido sobre determinado tema de importância clínica. Poderá contar com, no máximo, 3500 palavras, 4 tabelas/figuras, não mais de 50 referências. O resumo (abstract) dos Artigos de Revisão segue as regras já descritas para os resumos (abstract) dos Artigos Científicos. Este tipo de trabalho pode ter no máximo 5 autores. Caso Clínico Com este tipo de publicação pretende-se o relato de caso, ou séries de casos, que pela sua raridade, inovações diagnósticas, terapêuticas aplicadas ou resultados clínicos inesperados, seja digno de partilha com a comunidade científica. Encoraja-se o uso da checklist das CARE Guidelines na organização do artigo. O autor deverá possuir consentimento informado para publicação do caso. Instruções para os autores: - Máximo de 4 autores (sem possibilidade de alterar ou acrescentar autores após submissão à revista) - Subdivisão em Resumo, Relato de Caso, Discussão - Resumo inferior a 150 palavras, acompanhado de até um máximo de 5 palavras chave, dirigido em português com tradução para inglês (Abstract/Keywords). - Descrição do caso e discussão, até 1000 palavras, excluindo referências bibliográficas.
CRITÉRIOS DE PUBLICAÇÃO
- As figuras ou tabelas deverão ser clinicamente relevantes e estar devidamente legendadas, com referência bibliográfica caso aplicável; - Máximo de 10 referências bibliográficas, devendo cumprir as normas instituídas na revista. Cartas ao Editor - Objetivo: comentário/exposição referente a um artigo publicado nas últimas 4 edições da revista promovendo a discussão e visão crítica. Poderão ainda ser enviados observações, casuísticas particularmente interessantes de temáticas atuais que os autores desejem apresentar aos leitores de forma concisa. - Instruções para os autores: 1. O corpo do artigo não deve ser subdividido; sem necessidade de resumo ou palavras-chave. 2. Deve contemplar entre 500 a 1000 palavras, excluindo referências, tabelas e figuras. 3. Apenas será aceite 1 figura e/ou 1 tabela. 4. Não serão aceites mais de 5 referências bibliográficas. Devendo cumprir as normas instituídas para revista. 5. Número máximo de autores são 4. Breves Reflexões sobre a Emergência Médica Âmbito: artigo de reflexão/opinião, com a exposição de ideias e pontos de vista sobre tema no âmbito da emergência médica, do ponto de vista conceptual, podendo a argumentação do Autor convidado, ser baseada na sua experiência pessoal ou na citação de livros,
revistas, artigos publicados, entre outros recursos de pesquisa, devidamente assinalados no texto; Estrutura do artigo: título, Autor(es) e afiliação; resumo e palavras-chave (facultativos), introdução, desenvolvimento, conclusão final, referências bibliográficas. Limite de palavras: 1500 Resumo (facultativo): máximo 100 palavras, em formato bilingue (português e inglês) Palavras-chave: máximo 5 palavras chave, em formato bilingue (português e inglês) Limite de tabelas e figuras: 3 Bibliografia: máximo 5 referências bibliográficas “Vamos pôr o ECG nos eixos” - Âmbito: Análise e interpretação de traçados eletrocardiográficos clinicamente contextualizados - Formato: Título; Autores – máx. 2 autores (primeiro nome, último nome, título, afiliação); 2 palavras-chave; 1 imagem (ECG ou tira de ritmo, em formato JPEG com resolução original); Legenda explicativa com breve enquadramento clínico e interpretação do traçado (ritmo, frequência, alterações da despolarização ou repolarização pertinentes no contexto) – máx. 300 palavras; Referências bibliográficas.
5. Referências Os autores são responsáveis pelo rigor das suas referências bibliográficas e pela sua correta citação no texto. Deverão ser sempre citadas as fontes originais publicadas. A citação deve ser registada empregando Norma de Vancouver.
6. Revisão por pares A LF Sci segue um processo single-blind de revisão por pares (peer review). Todos os artigos são inicialmente revistos pela equipa editorial nomeada pelo editor-chefe e caso não estejam em conformidade com os critérios de publicação poderão ser rejeitados antes do envio a revisores. A aceitação final é da responsabilidade do editor-chefe. Os revisores são nomeados de acordo com a sua diferenciação em determinada área da ciência médica pelo editor-chefe, sem necessidade de justificação adicional. Na avaliação os artigos poderão ser aceites para publicação sem alterações, aceites após modificações propostas pela equipa editorial ou recusados sem outra justificação.
7. Erratas e retrações A LF Sci publica alterações, emendas ou retrações a artigos previamente publicados se, após publicação, forem detetados erros que prejudiquem a interpretação dos dados
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