Revista Lifestyle Tattoo - Edição 1

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ANO 1|EDIÇÃO Nº 01|JUL./AGO.

ENTREVISTA

O body piercer Ronaldo Sampaio, o Snoopy nos conta tudo sobre seu trabalho

ARTE NA PONTA DA

Agulha

Elas entendem tudo de agulha, e não é de costura que estamos falando

E MAIS: Curiosidades|Estúdios em destaque|Dicas de som|Agenda de eventos LIFESTYLE TATTOO | ED.1 JUL/AGO

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EDITORIAL Jornalista e beer sommelier. Meu desafio é encontrar pautas diferentes. Quando recebi o convite para assumir a linha editorial, não sabia bem onde estava me enfiando. Sempre desenvolvi matérias com muita tranquilidade, pois adoro descobrir assuntos novos. Mas ser a editora chefe da Revista Lifestyle Tattoo é sem dúvidas, a melhor emoção dos últimos tempos. Confesso: não sou riscada (ainda). Sempre fico pilhando na ideia de suportar agulhadas no mesmo lugar, pois tenho muita sensibilidade. Mas como tudo na vida tem a sua hora, ando com um pressentimento de que na próxima edição, eu tenha uma novidade para vocês. Afinal, nada como trazer a arte e a cultura para perto de nós. A revista de estreia está muito legal. Entrevistamos algumas gatas tatuadoras que botam pra quebrar em seus estúdios. Também tem informações e dicas de higiene para os adeptos do body piercing. Ah, tem muita coisa boa te esperando. A edição eletrônica da Lifestyle Tattoo foi toda estruturada para facilitar a sua leitura de qualquer lugar

que esteja acessando. Todos os colaboradores arregaçaram as mangas e fizeram nascer este projeto irado. Diferente de tudo que você já viu por aí, até que enfim um veículo com atitude e informações que você sempre quis achar. Esperamos que goste do nosso projeto de cultura, arte e estilo. Afinal, somos da turma do fundão que causa, mas sempre com o bom coração. Boa leitura!

Deborah Benetti Editora Chefe deborahcbenetti@gmail.com

COLABORADORES

Brian Stecco

Diogo Dias

Diego Martins

Daniel Correa

Luiz Fernando Bentes

23 anos, jornalista. Fez sua primeira tattoo aos 18 anos e desde então não parou. Entre seus estilos favoritos está o Old School e as chicanas em preto e cinza. De esquerda, Brian adora política, futebol e uma cervejinha gelada no fim do dia.

É redator, músico e agitador do rock independente. Acha que a música é uma manifestação divina ou extraterrestre, porque coisa coisa boa assim não pode ter vindo do homem.

Redator, humorista, publicitário, amante da sétima arte, apaixonado por música, urbano. Acha que ser engraçado, ter bom humor e não se levar muito a sério, são sintomas de inteligência funcional. Afirma que se sua mãe não tivesse lhe negado o peito seria um ser humano melhor.

27 anos, fotógrafo free lancer, fã de filmes de terror e suspense, adora assistir e pesquisar os Behind the scenes. Não dispensa um bom e velho rock’n roll, e de vez em quando arrisca algumas palhetadas para relaxar.

Vulgo Mano. Fotógrafo no Studio Luís Crispino. Apaixonado por arte e fotografia. Bom boêmio, nunca nega um convite para uma gelada. Apreciador de um bom som como rap e rock. Apaixonado por tattoo, fez a primeira com 20 anos de idade.

b.stecco@hotmail.com

diogodias.tgu@ gmail.com

diegotmds@gmail.com

augusto.correa19@ yahoo.com.br

luizfbentes@gmail.com

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ÍNDICE

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CAPA }

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{ EVENTOS }

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ENTREVISTA } SNOOPY Body Piercer

ARTE NA PONTA DA AGULHA

25{

JUNDIAÍ TATTOO

5 { ESPECIAL } DIA DO TATUADOR TATTOO NO OLHO CURIOSIDADES { } 14 e 15 OLD SCHOOL 20 { PORTIFA } TATI FERRIGNO 23 { STUDIO} PEEL ART 24 { POINT } SICK’N SILLY 27 { NA AGULHA } DIOGO DIAS 30 { DO RISCADO } MONIQUE PERES 4

16{

ENTREVISTA }

RENATO Ex Agrotóxico

EXPEDIENTE Diretor Comercial: Raphael Rosa Diretor de Criação: José Junior Editora Chefe: Deborah Benetti Jornalista: Brian Stecco Direção de Arte: Simone Ferres Redatores: Diego Martins e Diogo Dias Fotógrafos: Daniel Correa e Luiz Fernando Bentes


[ ESPECIAL ]

O desembarque de Lucky e o Dia do Tatuador

A chegada do pioneiro da tatuagem ao Brasil, marca a homenagem aos tatuadores neste 20 de julho TEXTO Brian Stecco

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oje é 20 de julho, uma data importante dentro do cenário da tatuagem nacional. O dia do tatuador além de exaltar aqueles que deixam nossa vida – e nossos corpos – mais colorida é uma homenagem àquele que, além de introduzir a primeira máquina elétrica de tattoo no Brasil foi o primeiro a abrir um estúdio profissional por essas bandas. Knud Harald Lykke Gregersen, mais conhecido como Lucky Tattoo, foi um ex-marinheiro e tatuador dinamarquês que desembarcou aqui no Brasil dia 20 de julho de 1959. Nascido em Copenhague em 1928, Lucky desde cedo viveu e respirou tatuagem, seu pai era um famoso tatuador europeu e foi em seu ateliê que Lucky passava a maior parte do seu tempo quando criança. Já em Santos, onde se estabeleceu, não demorou muito para abrir seu próprio estúdio localizado na zona portuária. Foi até matéria de capa de alguns jornais, onde recebeu o título de primeiro tatuador profissional da América do Sul. O Mr. Tattoo, como também era conhecido, teve papel preponderante para que a tatuagem saísse da marginalidade para atingir a mídia e a classe média brasileira. Seus principais clientes além dos marinheiros eram os surfistas da época. Em 1979 Caetano Veloso imortalizou o trabalho de Lucky Tattoo. O cantor logo em sua primeira estrofe da música cantava: “Menino do Rio / Calor que provoca arrepio / Dragão tatuado no braço / Calção corpo aberto no espaço”. O “Menino do Rio”, homenageado por Caetano, se tratava de José Artur Machado, o Petit, que teve seu dragão tatuado pelo próprio Tattoo Lucky. Esse foi o boom do rabisco no Brasil. Cada vez mais e mais surfistas apareciam. Logo, pessoas das mais variadas tribos e classes sociais começaram a se tatuar. A tattoo acabou ficando mais difundida e menos marginalizada, todos queriam fazer parte desta con-

Knud Harald Lykke Gregersen, o Lucky Tattoo em uma de suas quase 45.000 tatuagens feitas tracultura. Os meios de comunicação deram um empurrãozinho e a tinta na pele acabou finalmente se tornando moda por aqui. A juventude criada na ditadura finalmente se armou de agulha e tinta e a revolução se encaminhava graças aquele ex-marinheiro que veio tentar a vida em terras tupiniquins. Lucky casou-se com uma brasileira e teve dois filhos nascidos aqui. Morreu em 17 de dezembro de 1983, aos 55 anos, com trinta deles dedicados à arte de tatuar e conta com um currículo estampado na pele de mais de 45.000 clientes. É digno que a data escolhida pelo sindicato dos tatuadores brasileiros para representar o dia do tatuador seja o dia da chegada de Mr. Tattoo ao Brasa. Sem ele nada seria como é. Que a tatuagem caminha junto com a humanidade desde seus primórdios, não é novidade pra ninguém. Surge e ressurge nas mais diferentes esferas sociais, é marginalizada ali, idolatrada em algum canto e imprescindível em outro. O fato é que ela é e se faz presente, não sozinha claro, mas carregada de simbolismos. Desde os maoris onde suas tatuagens representavam suas posições nas tribos até suas histórias de vida, passando pelos povos indígenas que se tatuavam para designar bravura, contundente também nas pinturas sobre cicatrizes de povos africanos, chegando em sua modernidade no ocidente através dos marinheiros com o que conhecemos hoje como “Old School” de Saylor Jerry e Mr. Lucky. LIFESTYLE TATTOO | ED.1 JUL/AGO

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[ CAPA ]

ARTE NA PONTA DA 6

Agulha

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Belas e rabiscadas, Monique Peres e Rita Takanashi mostram com muita atitude que a arte da agulha vai muito além da costura TEXTO Deborah Benetti FOTOS Cesar Bonfim

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las são assim: por onde passam chamam a atenção de todo mundo. E não é só por causa da beleza. A culpa é do corpo quase coberto por tatuagens. Para quem pensava que demoraria até as mulheres invadirem o universo da

tatuagem, Monique Peres (Lady Ink) e Rita Takanashi (Gaia Tattoo) mostram que não é bem assim. Tatuadoras profissionais, as duas gatas são referência para muitos cuecas de plantão. Nós, da Lifestyle Tattoo te explicamos como é fácil admirá-las.

Lady Ink “Eu não acho que há um retrocesso. Vejo pessoas todos os dias de todas as idades e sempre mostram muito interesse pela tatuagem. Acredito que se você mostra o lado bonito da tatuagem, que é saber usá-la, mostrar seu corpo como uma arte a ser vista e apreciada, já causa um olhar diferente de interesse e não discriminação”. E ela está certa. De acordo com uma pesquisa feita em 2012, mais de 50% da população mundial tem um desenho perpetuado no corpo. Isso só prova como o mundo das tintas tem ganhado novos moradores doidos pelo barulhinho da máquina. Mas entrar nesse ramo requer estudo e muita dedicação. A Monique tatua há 8 anos e dá os créditos para suas viagens internacionais. “Comecei a observar mais a arquitetura dos lugares, visitar galerias de

ARQUIVO PESSOAL

Quem entra no estúdio da Monique, localizado na cidade de São Carlos, sente de cara a sua pegada. A decoração ao estilo Belle Epoque, mostra o lado de transformação da tatuadora. E claro, torna-se também uma forma de mostrar aos seus clientes como a arte está influenciada nas tattoos. Seu corpo ainda está no processo de body suit focado na cultura oriental, sua grande paixão, mas há muitas histórias por trás disso. “Fiz minha primeira tattoo aos 17 anos, era um punhal, uns galhos secos e outros símbolos relacionados às minhas crenças, mas hoje já não tenho mais, porque optei ter em meu corpo tatuagens orientais”, explica. Quando perguntamos a Monique se ela acredita no tabu do corpo rabiscado, ela foi logo dizendo:

Monique em seu estúdio, o Lady Ink LIFESTYLE TATTOO | ED.1 JUL/AGO

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Acredito que se você mostra o lado bonito da tatuagem, que é saber usá-la, mostrar seu corpo como uma arte a ser vista e apreciada, já causa um olhar diferente de interesse e não discriminação Monique Peres, sobre a arte de tatuar

arte, conhecer novas culturas. Isso me passou um novo modo de pensar e novos interesses, como por exemplo, a pintura a óleo, o que me trouxe grande melhora nas tatuagens, principalmente no realismo.” Sentiram que essa gata não está para brincadeira né? Além do seu lado profissional, Monique atacou

de modelo no Calendário “Donas da Tinta 2013” representando muito bem o mês de dezembro. O projeto possui 14 folhas com fotos exclusivas de mulheres tatuadas e tatuadoras com seus corpos ornamentados com desenhos e símbolos significativos na vida de cada uma. Muita atitude!

Gaia Tatoo Studio me preocupei com isso. Na verdade, ser mulher tem a vantagem da delicadeza e paciência. E meus clientes conseguem notar isso”. Uma curiosidade da vida de Rita é o nascimento de sua filha que leva o nome do Studio, Gaia. O seu significado mitológico representa a força e a inspiração da família: o nome da deusa da Terra, companheira de Urano (Céu) e mãe dos Titãs (gigantes). Gaia é a personificação do planeta Terra, representada como uma mulher gigantesca e poderosa. E com essa energia toda, Rita tatua diariamente em busca de sua evolução. E claro, deixa sua marca na história na tatuagem. Inspire-se com as belas rabiscadas e descubra porque nem só de maquiagem elas entendem.

ARQUIVO PESSOAL

Quem comanda o Gaia Tattoo, localizado em São Paulo, é Rita Takanashi, a vencedora em três categorias na 1° Tattoo Girls. São eles: 1°lugar em retrato, 3°lugar Tribal e 3° lugar Oriental. Muito determinada, sua carreira completou 12 anos e diariamente, ela perpetua mais um pouco do seu espaço no mercado. Seu lado espiritual sempre ajudou a entender o que seus clientes querem: “As pessoas trazem suas ideias e histórias, aí o pessoal do estúdio tenta criar algo que traduza essa mistura de coisas e funcione visualmente na pele viva”. Tanta segurança e firmeza fazem desta tatuadora, uma das melhores do Brasil. E quando o assunto é preconceitos e tabus com mulheres tatuadoras, ela logo manda o seu recado: “Nunca

Rita no São Paulo Tattoo Festival 2013 8

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ARQUIVO PESSOAL

TATUADORAS EM AÇÃO E SEUS BELOS TRABALHOS

Mais na rede: Lady Ink - www.moniqueladyink.com/tattoo/ Gaia Tattoo Studio - www.gaiatattoo.com.br/ LIFESTYLE TATTOO | ED.1 JUL/AGO

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[ EVENTO ]

A TERRA DA

UVA VIROU

A cidade de Jundiaí recebeu convenção de tatuagem que em três dias reuniu grandes nomes da cena regional e nacional TEXTO Brian Stecco FOTOS Daniel Correa

N

os dias 16, 17 e 18 de maio aconteceu o 1° Jundiaí Tattoo Festival. Por três dias a cidade largou o título de “Cidade da Uva” pra se tornar a cidade da Tattoo. Foram três dias de exposições, música, grafite, atitude, estilo e é claro, três dias de agulha, tinta e dor. Pra qualquer lado que você fosse naqueles três dias dentro do salão do Clube São João, escutava-se aquele sonzinho maravilhoso: o bzzzzzzzzzz das máquinas. Os mais variados tipos de tatuados e tatuadores se fizeram presente. Entusiastas do Old e New School. De chicanos a orientais. Das cores mais vibrantes até o preto e cinza. Realismo, retratos, tribais, estilo maori. Gente rabiscada da cabeça aos pés e pessoas sem ou quase sem tatuagens. Enfim, todos os tipos de admiradores dessa arte compareceram. 10

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Realmente o público era heterogêneo e a infraestrutura do evento que recebeu mais de 10.000 pessoas nos três dias, não deixou a desejar. Todos os estandes atraíam a atenção da galera que parava para olhar o trampo dos tatuadores em ação. Mas, sem dúvida o estande que mais atraía o pessoal era onde o tatuador Massao, de Bragança Paulista, estava expondo. Massao estava fazendo um fechamento de costas utilizando o Tebori (gravar com as mãos), que é uma técnica de tatuagem oriental que ao invés de uma máquina elétrica, utiliza uma vareta de bambu para gravar a tinta na pele. Massao conta: “há 15 anos eu trabalho com essa técnica e ainda estou me aprimorando, tenho muito que aprender”, quando perguntado sobre as principais diferenças do Tebori para o convencional ele


A TERRA DA

Tattoo

respondeu: “a amarração das agulhas é diferente e é um trabalho mais braçal, mas ao mesmo tempo em que cansa mais, são necessárias menos agulhadas pra pintar, pinta mais rápido que a máquina... a pigmentação da tinta e a aceitação da pele são melhores. Já vi cicatrizações melhores com o bambu do que com a máquina”. Continuando o rolê pela convenção, deu pra notar que a maioria das tatuagens em progresso nos estandes era na coxa. Tinha muito trampo grande também, como fechamento de costas e peito. Algumas das pessoas que estavam sendo tatuadas ficavam meio desconfortáveis quando muita gente se juntava pra olhar. O tatuador Primo contou como é tatuar em uma convenção desse porte. Segundo ele: “isso é uma pressão a mais que a gente tem que lidar, mas eu vou dizer: é deixar fluir. Porque mesmo que tenha esse mundaréu (sic) de gente, que é legal, a gente se conecta com o desenho e brother, já era, é ali que vai acontecer”. Primo completa “eu gosto dessa pressão, você sai da monotonia. Evolução, nunca ficar parado. É gostosa a rotina do estúdio?

Massao Nissiuti utilizando a técnica Tebori no 1º Jundiaí Tattoo Festival 11


Eu gosto dessa pressão, você sai da monotonia. Evolução, nunca ficar parado Primo que é de Jundiaí, sobre tatuar em convenções lotadas

É até um ponto. Mas isso aqui é maravilhoso também, essa agitação, a divulgação do trabalho”. Junto com ele no estande estavam sua mulher e suas duas filhinhas que apesar da pouca idade já vivem e adoram tatuagem. Como em qualquer convenção de Tattoo, houve concurso e premiação para as melhores tatuagens feitas durante os três dias de evento. As melhores de cada dia foram selecionadas para o concurso final e receberam o título de “melhores da convenção”. As categorias eram: Série de Desenhos P&B, Série de Desenhos Colorida, Costas, Oriental, Old School, Caligrafia, Portrait, Preto e Cinza, Comics, Tribal, Realismo, Temas Brasileiros, New School, Colorida e melhor feita no evento. Workshops e palestras ainda formaram parte da agenda de atrações. O body piercer Ronaldo Sam-

Primo tatuando no 1º Jundiaí Tattoo Festival 12

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paio (Snoopy), de Ferraz de Vasconcelos, apresentou um workshop educativo que tratava de biossegurança e legislação na aplicação de piercings. Em entrevista, Snoopy contou a proposta de seu workshop que visa “criar uma educação no qual a pessoa tenha materiais de qualidade. Quando um cirurgião vai utilizar um produto ele tem laudos do material tudo certinho”. Ele aproveita o gancho e conclui: “a gente tá com um projeto de lei na Câmara dos Deputados em Brasília que foi feito em conjunto. Nós (sindicato) e o Conselho Nacional de Medicina, que é o projeto de lei 2104/07, o qual regulamenta a atividade da tatuagem e do piercing em todo território nacional. A idéia é que o tatuador e o perfurador tenham uma carteirinha, assim como o médico e quando for adquirir algum instrumental ter um meio de identificação”.


GALERIA LIFESTYLE Confira a entrevista na íntegra com Snoopy na página 16

Completando a lista das artes “marginalizadas”, o grafite estava fortemente presente. Tapumes de madeira foram colocados e o pessoal do spray pôde somar sua arte com o pessoal das maquininhas. Tinta era o foco. Seja ela na parede ou na pele, pintar foi o que importou. Um dos grafiteiros presentes, o Insano, disse: “Ao mesmo tempo mistura os amigos que gostam de desenhar e tem suas criações também, e é como você disse: já une a marginalização a um todo. Que desde casa a mãe odeia quando você faz uma tatuagem ou que comece a mexer com spray” Insano completa dizendo: “a união mostra o amor que a gente tem pelo desenho, por lutar por aquilo que quer fazer. Por carregar no corpo, por jogar na parede”. Essa declaração indica, comprova e reitera a intenção de convenções como essa: reverenciar a arte. Pode-se dizer que um evento assim, que teve uma aceitação excelente tanto do público quanto da comunidade local, serve para quebrar paradigmas e destruir os preconceitos que giram em torno desse mundo. É óbvio que o preconceito com o tempo foi se degenerando e diminuindo. José Mauro, um dos idealizadores do evento, e que tem mais de 60 anos disse: “eu encaro muito bem a tatuagem, mas pessoas da minha faixa etária pra cima ainda tem um pouco de preconceito. Hoje eu sou a minoria. Então eu vejo todo mundo que vem aqui na convenção, pessoas até de mais idade, todo mundo gostando e vendo que não é uma coisa pra se ter preconceito porque se trata de uma arte maravilhosa”. Não que tatuados, tatuadores e admiradores da tattoo se importem com o que pessoas preconceituosas e de mente pequena pensam. Mas qualquer forma de incentivo, que sirva para mostrar o quão linda é essa arte é e o respeito que ela merece é bem vindo. O 1° Jundiaí Tattoo Festival teve essa função. Que seja o primeiro de muitos. A tribo agradece.

Mais na rede: Jundiaí Tattoo Festival - http://www.jundiaitattoo.com.br

Mais fotos em: facebook.com/revistalifestyletattoo

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[ CURIOSIDADES ]

Aqui é tinta nos olhos Foi-se o tempo em que fazer uma tattoo ousada era desenhar uma pimentinha na virilha TEXTO Diego Martins FOTO Daniel Correa

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atuar pimentinha na virilha, tribal fechando o braço, moranguinho na nádega esquerda, os números seis seis seis na testa, ou “Macarrão e Bruno amor eterno” nas costas, é para os fracos! Hoje em dia “Punk” mesmo é tatuar o olho mano. É isso mesmo meninos e meninas, tatuagem no globo ocular! Se é que podemos chamar assim, já que não é propriamente uma tatuagem, pois se trata de uma injeção de tinta que tem a finalidade de modificar o chamado “branco dos olhos”, o comportamento da tinta nos olhos não é muito controlável, por resultado não se consegue dar uma forma, mas como toda a tattoo é irreversível. Essa nova técnica, o ”Eyeball Tattoing” como é chamado em inglês ganhou notoriedade em 2010 depois da publicação de um vídeo no YouTube sobre dois prisioneiros nos Estados Unidos que tatuaram seus globos oculares. Os caras já eram tatuados e perfurados e decidiram pintar os olhos para se destacar em meio aos outros presos, pois nunca tinham visto ninguém com os globos oculares coloridos. Os detentos não quiseram revelar muita coisa sobre o procedimento, só disseram que foi muito doloroso. Em decorrência desses 15 minutos de fama, acabaram recebendo os créditos pela criação da técnica - o que na minha opinião - é bem compreensível, porque para um cidadão, assim do nada, ter a ideia de injetar tinta no olho, ele precisa de duas coisas: muito tempo ocioso e uma preocupação relativamente baixa com o próprio bem estar. Eu imagino que criminosos condenados possuem esses requisitos. Mas o pioneiro nesse tipo de procedimento e também responsável por desenvolver a tinta a ser injetada foi um cara chamado Howie, mais conhecido como Luna Cobra, que em 2007 noticiou o primeiro experimento oficial. 14

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Mariana Queiroz em Jundiaí, destaque para sua tattoo no olho No Brasil , o único tatuador considerado apto a realizar esse tipo de trampo, é um cara chamado Rafael Leão Dias, que estudou a técnica por dois anos. Segundo ele a tinta é importada e se usa uma agulha especial como se fosse uma seringa. São necessárias três aplicações em cada olho. Não há nem um tipo de proibição em relação ao procedimento, e ao contrário do que falaram os presos americanos, o tatuador Dias afirma que não há risco nem dor. Já o especialista João Alberto Holanda de Freitas, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, afirma que o método é extremamente nocivo, podendo causar uma inflamação interna e perda da visão e que o consenso da oftalmologia brasileira recomenda não fazer. Sério?! Os médicos estão dizendo que injetar tinta no olho pode ser prejudicial?... Porra... Só falta os cardiologistas virem aí dizer que ingerir gordura faz mal ao coração. Duvido nada. Mas o fato é: ainda se trata de uma técnica experimental e arriscada, pouco se sabe sobre os seus resultados, principalmente a longo prazo, e a maioria dos malucos que se engajaram nessa onda de colorir os olhos são autodidatas, poucos são os profissionais que estão aptos a realizar o procedimento. Portanto, se passou pela sua cabeça realizar tal procedimento, pense muito bem e pesquise a fundo, se informe. Porque tatuagem nos olhos dos outros pode parecer refresco. Mas quando é no seu, meu camarada, as coisas são bem diferentes.


[ CURIOSIDADES ]

t n o c A

e d a d i e n A r o p m e

l o o h c s d l o do

TEXTO Brian Stecco ILUSTRAS Sailor Jerry

P

alavra difícil, pouco usada, - “contemporaneidade”quem caralho usa essa palavra ao menos uma vez por mês? Talvez. Se pá. Quem sabe. Muito pouco provável, alguém que trabalhe, tenha ou se engaje em uma galeria de arte contemporânea, no alto de seus óculos de armação preta, seus copos de café e seu linguajar intelectual junto com as cruzadas de perna. Ta bom, levei esse estereótipo muito além, me desculpem aqueles que se sentiram ofendidos. Mas a questão é essa, o contemporâneo e a arte. Segundo o Aurélio – o pai dos burros – contemporâneo é tudo aquilo quê: “é da época atual;” e, voltando ao enfoque, o “old school” – a velha escola – se refere a um tempo passado, tudo aquilo já foi, finito. Aí que ta o X da questão. Quando se trata de tatuagem em qualquer época, nada é mais atual que o estilo Old School com suas caravelas, marinheiras, âncoras e tantos outros desenhos imortalizados nos trabalhos do mestre Sailor Jerry e na pele de tanta gente. Vamos a um pouco de história agora; o Old School também conhecido como estilo tradicional, surge lá pelos anos de 1890 mas, só trinta anos depois, lá pela década de 1920 que ele se populariza. Nesse tempo muitos tatuadores se instalaram próximos à bases navais nos States e tiveram como seus principais clientes

os marinheiros, por isso nesse estilo as caravelas, marinheiras e âncoras- como já disse-estão tão presentes. Os rabiscos serviam pra contar as histórias das viagens dos próprios marinheiros. Após isso houve um surto de hepatite, e fazer tatuagem foi proibido. Somando-se a esse cenário temos a ascensão do Rockabilly. Aí não é difícil imaginar o que aconteceu. A rebeldia do Rockabilly se uniu com ilegalidade da tatuagem e convenhamos que é nada mais rebelde do que fazer aquilo que é proibido. Esse foi o boom. Foi a deixa pro estilo se firmar e prosperar. Chega de história, se não a “contemporaneidade” se perde (ou se fortalece, depende). O que importa é que dentro do cenário moderno da tatuagem (digo moderno porque há milhares de anos as tribos Maori já se tatuavam, então o Old, faz parte da história moderna da tattoo) cada vez mais rabiscos nesses padrões, de desenhos tradicionais com traços fortes surgem. Talvez seja um recado dos amantes da tinta na pele de que não esqueceremos aquilo que originou tudo isso, talvez seja só a verdadeira rebeldia de um tatuado que se aflore em tempos onde as pessoas estão cada vez menos rebeldes. Se essa é a forma de provar isso, continuaremos a estampá-la no corpo.

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[ ENTREVISTA ]

Snoopy

INTRODUZINDO CORPOS ESTRANHOS Body Piercer Snoopy

Não faça com o seu cliente o que você não gostaria que fizessem com seu filho ou seus entes TEXTO Deborah Benetti FOTOS Daniel Correa

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regra é básica e clara: o piercing é uma forma de modificar o corpo e a essência humana. Mas não é só você que teve essa ideia. Antigamente, os esquimós do Alaska acreditavam que perfurar a língua e o lábio era o momento certo de transição para a vida adulta de um caçador. Enquanto isso, no Egito, o piercing de umbigo era adorno exclusivo dos faraós membros da família real. Interessante não é? E mesmo com esses relatos históricos de que a prática do Body Piercing sempre teve um contexto cultural e artístico, ainda assim houve muita discriminação pela sociedade anos atrás. Para discutir com a Lifestyle Tattoo, a gente chamou o Piercer Snoopy do Introduzindo Corpos Estranhos. Com 15 anos de carreira, Snoopy faz parte desse universo cheio de formas e cores. Confira sua entrevista cheia de atitude: 16

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LT - Desde o início de sua carreira, o que você mais sente de diferente nos dias de hoje? Snoopy - Ao contrário dos dias de hoje, antigamente nós tínhamos muitas dificuldades de ter informações importantes. Cada um falava uma coisa e ficava arriscado seguir um padrão. Com a globalização virtual temos o lado positivo como também, o negativo. Isso porque tem muitos sites duvidosos e experimentais que colocam em risco eminente a saúde física dos clientes. É preciso estar atento. LT - Como surgiu a oportunidade de fazer o curso de Primeiros Socorros da Cruz vermelha? Como ele se aplica no dia a dia no Introduzindo Corpos Estranhos? Snoopy - Quem me direcionou para o caminho da segurança na prática foi o 1° Piercer Profissional do Brasil, o André Meyer. Foi ele que me passou muitos materiais da Association Professional Piercers e


ALGUNS TRABALHOS DESENVOLVIDOS POR RONALDO SAMPAIO, O SNOOPY 1

1. Projeto auricular feito por Snoopy

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2. Aplicação de surface piercing

3. Aplicação de piercing no septo nasal

4. Aplicação de piercing microdermal

outras informações fundamentais para se tornar um bom profissional. Durante um tempo fomos Diretores do antigo Sindicato do tatuadores (SETAP –SP), pois sabíamos que era fundamental que o Profissional Tatuador ou Piercer tivesse conhecimento em Biossegurança e Controle de Infecção em Atividade de Risco. O corpo humano fica sujeito as possíveis disseminações e aquisição de doenças. O curso de Primeiro Socorros é fundamental, pois em qualquer mal súbito, o profissional saberá como prestar ajuda de forma segura.

LT - Os projetos auriculares são novidades ainda no Brasil. Como e onde foi seu 1° contato? Snoopy - O meu contato inicial partiu do Congresso Educativo para Perfuradores Corporais da América do Sul, organizado por mim. A ideia é buscar conceitos e informações com profissionais muito competentes das áreas de perfuração e suspensão corporal. O projeto auricular é ideal para as pessoas que se adornam em busca de uma diferenciação. Creio que estou no caminho certo ininterruptamente exercendo esta atividade há 16 anos. Trabalho com tecnologia de ponta e tenho bons fornecedores aos quais me atestam por via de laudos o tipo especifico do metal. Isso é um fato que todo Body Piercer Profissional deve exigir dos seus fornecedores.

Snoopy em ação no seu estúdio, perfurando o septo do nosso Diretor Comercial Raphael Rosa LIFESTYLE TATTOO | ED.1 JUL/AGO

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LT - Quais os tipos de workshops que o Introduzindo Corpos Estranhos oferece aos interessados? Como funciona em questão de duração e propósito? Snoopy - Eu desenvolvo Work Shops e Oficinas Itinerantes juntos com grandes nomes dessa indústria. Trabalho também na primeira Escola de Arte e Body Art da América Latina conhecida como Lado B. Sou parceiro do Laboratório Selo Biológica voltado na Educação dos Profissionais no quesito segurança do Trabalho dos Profissionais. A ideia é mostrar o caminho que passa longe da picaretagem de alguns profissionais que existem por aí. LT - O que é abordado no tema “A história dos adornos tradicionais até os modernos” em seu workshop? Como isso implica na atualidade? Snoopy - Gosto de dizer que uma casa não se constrói pelo Telhado. Procuro abordar o começo dos adornos antes mesmo de Cristo. Faço uma retrospectiva quanto em relação a indústria desde década de 50 com Jack Yount, Fakir Musafar, Jim Ward, até os tempos atuais. Também falo sobre algumas legislações que eu ajudei a criar, outras que sou contra. Ultimamente ando meio chateado com a postura desse grupo isolado que andam deixando a desejar na cena que muitos profissionais sérios ajudaram a solidificar.

LT - Durante as perfurações rola algum estilo de som no estúdio? Snoopy - Somos muito ecléticos. Para se ter uma ideia, escutamos desde Stray Cats, Funk Clássico anos 70, Blues, Jazz, Ska, Operas, até Hip Hop nacional e internacional. LT - Nessa profissão é fundamental ética. Comente. Snoopy - Existe um código de ética a qual está na janela do meu blog, para que todos tenham acesso às informações dessa natureza. Porém, o primeiro código de ética que eu trouxe para esta prática desde quando comecei foi: não faça com o seu cliente o que você não gostaria que fizessem com seu filho ou seus entes. Com estes sites de relacionamento bombando, o que quero dizer, é que infelizmente, vemos pessoas sem escrúpulos tentando a todo custo fazer o seu nome sem a mínima segurança. Às vezes me pergunto: Como uma vela apagada consegue luz? Respondo: fazendo algo que muitos repudiam por não ter parâmetros seguros para a confecção. Os Piercers Profissionais estão amadurecendo muito diante dos acontecimentos que nos cercam, às vezes é preciso de maus exemplos para termos parâmetros dos bons.

Introduzindo Corpos Estranhos Rua Turiassu,735 - Perdizes - São Paulo/SP (11) 3796-1545 www.piercer-snoopy.blogspot.com.br/

A galera do estúdio Introduzindo Corpos Estranhos. Da esq. para dir.: Marcelo Shin (tatuador residente), Ronaldo Sampaio (proprietário e piercer profissional), Eliane M. Silva (gerente) e Valnei Santos (suspender/artista convidado) 18

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IBIZA . Búzios

Conserto de tatuagens Correção de cicatrizes de acidentes e cirurgias Curso de tatuagem para iniciantes e profissionais Consultoria técnica Projetos especiais em Maori

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[ PORTIFA ]

Tati Ferrigno

Sensualidade nas ilustrações de Tati T

ati Ferrigno é uma designer paulista formada pela Unesp, que mora em Bauru, interior do Estado. Ela dispensa os tradicionais lápis e papel e inicia suas ilustrações, desde o esboço, sempre de forma digital. Com o uso de tablets e do Photoshop, cria ilustrações extremamente detalhadas e realistas. A maioria dos seus trabalhos faz referência aos animais (principalmente gatos), aos contos de fadas, às pinups sensuais e tatuadas, e tudo isso com uma pitada rock’n roll. A paulista demonstra muita versatilidade ao desenvolver artes para os mais variados públicos, mantendo sempre a mesma riqueza nos detalhes. Já trabalhou com diversos clientes, entre eles: Tilibra (ela desenvolveu as ilustrações das personagens Plush Poison e Jolie), Halls, Yahoo, Miller, entre outros. Sua inspiração vêm desde criança do universo feminino, da beleza, do movimento dos cabelos, e também das pin-ups de Gil Elvrgen. Sua preferência por tatuagens e pelo estilo de música heavy metal é mostrada nas lindas figuras que cria, que transmitem força, sensualidade e personalidade. Ao lado, temos alguns trabalhos desenvolvidos pela Tati que enchem nossos olhos, tamanha a perfeição nos detalhes das personagens. 20

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GALERIA LIFESTYLE

Mais ilustras em: http://www.tatiferrigno.com


ART FACTORY Tattoo & Piercing

10 anos

Antonio Saba

de arte Nos mande um email ou entre em contato através do nosso site e das nossas redes sociais:

Marcio Múmia

artfactorytattoo@gmail.com www.artfactorystudio.com.br

Renah Bitencourt

www.facebook.com/ artfactorytattoo twitter.com/artfactory1 instagram.com/artfactory1

Nick Hemstreet

Horário de funcionamento: seg. a sex. – 12h00 às 20h00 sáb. – 12h00 às 18h00

Rua Visconde Pirajá, 207 Slj.210 Ipanema – Rio de Janeiro – RJ Tel: (21) 2287-7146

Bruno Machado


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[ STUDIO ]

Peel Art

Arte na pele, nas madeixas e nos panos P eel Art Tattoo surgiu em 2004, criado por Rafael Nascimento. O estúdio fica localizado em Santo André e desde sua criação, os fundadores têm investido continuamente para novidades, diferenciais e evolução da empresa. Nossa equipe de tatuadores está qualificada para realizar todos os estilos de tatuagem, desenvolvendo desenhos exclusivos para todos os gostos. Ambiente diversificado com uma loja de roupas e acessórios e também o Peel Art Hair, um cabeleireiro para os clientes que amam a arte da tatuagem. A equipe é formada por Rafael Nascimento, Korg Tattoer e o body piercer Vinicius Marques. Rafael Nascimento nasceu em Santo André e seu interesse pela arte começou quando tinha apenas 8 anos. Tatuador profissional desde 2003, já participou de diversas convenções pelo Brasil, tatua vários estilos, tendo como destaque fine line black and gray. Vem aprimorando seu trabalho no decorrer dos anos e tem como principais influências José Lopes, Nikko Hurtado, Dmitriy Samohin, Jun Cha, Rafael Cassaro, entre outros. Korg é um artista tatuador do estado de São Paulo. Em sua carreira já trabalhou em diversos estúdios de tatuagem e realizou algumas tattoo-tours em outros Estados,

o que lhe forneceu uma grande experiência e aprendizado pelos lugares que passou. Seu trabalho é inspirado nas pinturas e tatuagens clássicas e seu estilo é conhecido como old school ou tradicional, traços fortes, sombreado encorpado com cores marcantes compõem seu estilo. Realiza diversos tipos de trabalhos, mas sempre usando seu estilo para compor os desenhos, trazendo aos seus clientes e amigos uma peça única em cada tatuagem realizada. Vinicius Marques Piercer nascido no Grande ABC, no ano de 1990, começou a trabalhar como body piercer profissional em 2010, após receber informações sobre logística, ambiente, legalidade e técnicas de body piercing avançado com o profissional Ronaldo Sampaio (piercer Snoop), realizando diversos tipos de aplicações desde as mais básicas até micro implantes como surface, microdermal, genitais, alargadores e suspensão corporal.

Peel Art Tattoo Rua Sen. Fláquer, 154 - Santo André/SP (11) 4438-6666 https://www.facebook.com/pages/ Peel-Art-Tattoo-Shop/211234208934036 LIFESTYLE TATTOO | ED.1 JUL/AGO

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[ POINT ]

Sick’n Silly

Novo espaço em Sampa

Diversificado como a Augusta

Q

uem passeia ou trabalha nos Jardins acaba de ganhar um espaço bacana que une moda, rock, skate, estúdio de tatuagem e ateliê para cuidado dos cabelos. A Sick’n’Silly Rock Tattoo Hair, que antes atendia na Alameda Jaú e já recebeu exposições, shows e visitas célebres como Marky Ramone, Michale Graves, MxPx, The Toasters e Exploited, abriu suas portas na rua Augusta, a poucos metros da avenida Paulista, cheia de novidades.

Hair A primeira novidade é o ateliê para cuidado exclusivo dos cabelos. Exclusivo porque não tem o movimento dos grandes salões, possibilitando um atendimento individualizado em um espaço reservado. Quem comanda as tesouras e químicas é o hairstylist Ari Quinello (ex- Jacques Janine), que tem mais de 15 anos de experiência e é expert em cor e corte – do mais tradicional ao mais moderno, do azul sereia ao pretinho básico, ele arrasa sempre. 24

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Tattoo Para engrossar a tinta, o estúdio de tatuagem continua a receber, além dos residentes Aline Torchia, Edson Biscaia, Allan Scupinari e Lady Rocker, artistas de outras cidades e de fora do país periodicamente.

Moda Na loja, marcas como Vans, Converse, Sick Mind, Silly Girl, Volcom, Famous, Creature, Supra, Santa Cruz, Venture, Spit Fire, Triple 8 e Bones recheiam as prateleiras com roupas, tênis, peças de skate e equipamentos de segurança esportiva.

Sick’n Silly Rua Augusta, 2056 - Jardins São Paulo/SP (11) 3081-3899 www.sickmind.com.br facebook.com/sicknsillytattoo


ARQUIVO PESSOAL

[ UNS RIFFS ]

Renato Ex vocal Agrotóxico

DE ESTUDIO ELE ENTENDE O tatuador Renato Correia, Ex-Agrotóxico, fala sobre música e tatuagem para a Lifestyle Tattoo TEXTO Diogo Dias

S

ão mais de 30 anos de punk e tatuagem. Entre acordes e agulhas, Renato segue se expressando através de suas duas paixões. Hoje mais dedicado à tattoo, ele conta suas experiências no palco e com as tintas.

LT - Quanto tempo você integrou o Agrotóxico? Renato - Fiquei na banda por 3 anos. Participei da turnê pela Europa com os caras em 2002, onde passamos por Alemanha, Holanda, Hungria. LT - Quando você começou a tatuar? Renato - Na verdade comecei a tatuar em 1987 e já tatuei em vários lugares, estúdios meus e de amigos. LT - Tatuando desde 87 e com a banda durante 3 anos, como foi ter que decidir o que levar a diante? Renato - Bom, eu não larguei uma coisa para fazer outra. Tatuar é a minha profissão, e a banda foi algo ideológico, e claro um lazer, mas fiz parte de uma coisa legal, escrevi letras para o CD Estado de Guerra

Civil, gravei alguns discos. Sempre tem algum brother me chamando para participar de outros projetos (bandas, gravações). Quem sabe eu volte a levar as duas coisas ao mesmo tempo?

LT - A trajetória na cena punk influencia o processo de criação dos seus desenhos? Renato - Sobre as influências, claro que o que carregamos filosoficamente, ideologicamente e culturalmente sempre mexe com o que você cria. Mas no caso da tattoo e da pintura eu tenho outras influências também, como a arte oriental e os desenhos dos anos 80. LT - Assim como na música, a galera costuma fatiar a tatuagem em estilos pré-definidos. O que acha dessas rotulações? Renato - Existem os rótulos, mas no final o que importa é que você se dedique e goste do que se propõe a fazer, seja na arte ou na vida pessoal, essa é a minha opinião, pelo menos. LIFESTYLE TATTOO | ED.1 JUL/AGO

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LT - O que você acha dessa recente popularização da tatuagem? Isso prejudica a arte de alguma forma? Renato - A tatuagem já teve várias fases, como toda arte, já foi coisa da elite, já foi proibida, é natural que as coisas se modifiquem. Agora é popular. Depois muda de novo. É a vida!

LT - No fim das contas, valeu a pena trocar os palcos pela agulha? Renato - Como eu disse, não rolou uma troca, estou na cena punk desde 1982 e tatuo desde 1987, na época isso tudo era muito mais submundo do que é hoje, e eu to aí sem baixar a guarda. Quem me conhece pessoalmente sabe!

Mais na rede: http://www.lastdragon.com.br/

ARQUIVO PESSOAL

LT - Saudades do tempo em que tocava? Ainda faz um som de vez em quando? Renato - Hoje em dia, sou mais um ouvinte do que um músico. Fez parte da minha história, sempre trombo os caras, são todos meus amigos. Tenho

uns projetos, pro futuro, quem sabe?...

Acima: Renato Correia em seu estúdio. Abaixo da esq. para dir.: Agrotóxico em Freiburg - Alemanha e Lisboa - Portugal, ambas na turnê da banda pela Europa, em 2002 26

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NA AGULHA Diogo Dias

Diogo Dias é vocalista da banda Vapor e amante de boa música A cada edição indicará uma banda de categoria diogodias.tgu@gmail.com

Hardcore do bom ainda existe? O Bullet Bane te responde FOTOS Tinho Sousa Tentaram, é verdade, mas não conseguiram matar o hardcore. Uma das provas é o Bullet Bane. A banda paulistana formada em 2009 sob a alcunha de Take Off the Halter, surpreende quem ouve o som pela primeira vez e acende a vela da esperança na cena hardcore brasileira. Pouco depois de lançar o primeiro EP tiveram que mudar de nome. Parece “que tirar o cabresto” significava outra coisa pros gringos, e como a banda sonhava um dia ter espaço no cenário internacional, acharam por bem mudar o nome. Pois então surgiu o Bullet Bane, e como esperado, chamaram a atenção de alguns expoentes do hardcore estrangeiro. Abriram shows do No Fun At All, NOFX, A Wilhelm Scream, Millencolin e MUTE. Tudo por causa do álbum New World Broadcast, o debut da banda e a minha recomendação dessa edição. O disco foi lançado em 2011 e contou com nomes de peso do hardcore nacional. Quem assinou a produção foi Philippe Fargnoli (Dead Fish/ Reffer), com mixagem e master por Gabriel Zander (Noção de

Nada/Zander). Vai vendo. O álbum empolga pela energia e velocidade das músicas. É disco pra te tirar daquele bode pós-almoço, saca? Guitarras bem definidas, riffs poderosos e o vocal com uma interpretação de muita atitude se juntam à boa e velha cozinha hardcore pra fazer barulho dos bons. As faixas destaque - na minha humilde opinião - são Dance Of Electronic Images, Angels H.A.A.R.P e a que dá nome ao disco, New World Broadcast. Os caras disponibilizam o álbum em streaming e download pelo Soundcloud (link ao fim da matéria). Vale a pena conferir, depois me diz o que achou. Capa do CD New World Boa audição! Broadcast, lançado em 2011

Para ouvir: soundcloud.com/bulletbane/sets/new-world-broadcast LIFESTYLE TATTOO | ED.1 JUL/AGO

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AGENDA

As dicas que você precisa para curtir o melhor rolê CONVENÇÕES DE TATTOO 4º EXPO VALE TATTOO 16, 17 e 18 de agosto Avenida Cassiano Ricardo, 1983 - S. José dos Campos (SP) www.facebook.com/events/117248831779644/ ?directed_target_id=0 RECIFE EXPO TATTOO 23, 24 e 25 de agosto Avenida dos Reitores - Recife (PE) http://www.recifeexpotattoo.com.br/ TATTOO INK INTERNACIONAL 30, 31 de agosto e 1 de setembro Av. Andrômeda, 200 - S. José dos Campos (SP) http://inktattooconvention.com.br/site/

2º RIO DAS OSTRAS TATTOO FEST 06, 07 e 08 de setembro Alameda Carlos lacerda - Rio das Ostras (RJ) http://riodasostrastattoofest.com.br/

EXPOSIÇÕES MUSEU TATTOO BRASIL A exposição apresenta uma série de obras escolhidas entre os mais de 500 itens existentes no Museu Tattoo Brasil, idealizado pelo colecionador e tatuador Polaco 08 a 28 de julho Av. Paulista, 2.073 - São Paulo (SP) http://www.museutattoobrasil.com.br/ ANIMA MUNDI 2013 O evento que está em sua 21ª edição reúne mostras competitivas e informativas que exibem curtas e longas de animação dos mais diversos gêneros, vindos do mundo todo. Acontecerá noEspaço Itaú de Cinema e no Cine Olido. 14 a 18 de agosto http://www.animamundi.com.br/

MÚSICA BOURBON STREET FEST 2013 Um dos maiores festivais de música negra norteamericana no Brasil, chega à 11ª edição em 2013. 18 a 25 de agosto http://www.bourbonstreetfest.com.br/

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MESTRES DO RENASCIMENTO: OBRAS-PRIMAS ITALIANAS São 57 obras de um dos mais influentes movimentos artísticos da história da humanidade, em um panorama do florescimento cultural dos séculos XV e XVI. Apresenta mestres como Rafael, Ticiano, Tintoretto, Leonardo da Vinci e Michelangelo. 13 de julho a 23 de setembro Rua Álvares Penteado, 112 - São Paulo (SP) http://www.bb.com.br/cultura


PROMOÇÃO

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DO RISCADO Monique Peres

Monique Peres é tatuadora no estúdio Lady Ink Tattoo. Ela falará sobre tudo que envolve o universo da tatuagem, arte, cultura e comportamento. www.moniqueladyink.com

Tatuagem uma “arte ambulante a ser observada” Há quem diga que tatuagem é arte, mas o que é arte afinal? Na verdade, segundo um dos maiores conhecedores de Arte e História o professor Sir Ernst Gombrich, “Nada existe realmente a que se possa dar o nome de Arte. Existem somente artistas”. Chamamos muita coisa de arte nos dia de hoje, no entanto, muito do que é chamado de obra de arte, não foi feito com a intenção de ser tal. Desde os tempos primitivos, pinturas em cavernas, esculturas, edificações foram criadas por alguma função, seja ela, mística, de linguagem ou de praticidade. Pode ser que hoje, tudo o que chamamos de arte queira transmitir algo, ou não. Estamos vivendo em um mundo moderno, no qual, quase tudo é considerado arte. Então se queremos chama-la como tal, cabe a nós interpreta-la, observa-la e questiona-la. A definição de uma arte boa ou ruim, também não cabe a nós decidi-la, pois cada um tem uma sensação, uma recordação, uma opinião de acordo com ele (a) próprio (a). Então, vamos sim, chamar a tatuagem de arte. E o mais interessante ainda, é que, me dei à liberdade de chama-la de “arte ambulante”, pois ela não tem lugar fixo, ela circula, ela está nas ruas, no metrô, no mercado, no parque, em todo lugar. Sendo assim, ela está ai para ser observada. Eu não me importo quando as pessoas me olham, ou vem conversar comigo, pois afinal , elas estão questionando, observando. A arte no meu corpo, as fazem pensar. Agora se gostaram ou não, é a opinião de cada um. Segundo o professor Gombrich, na realidade, ele não pensa que existam quaisquer razões erradas para se gostar de uma estátua ou de uma tela. Alguém pode gostar de certa paisagem porque esta lhe recorda uma terra natal ou de um retrato porque lhe recorda um amigo. Todos nós, quando vemos um quadro, somos fatalmente levados a recordar mil e uma coisas que 30

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influenciam o nosso agrado ou desagrado. Entretanto, só quando alguma recordação irrelevante nos torna preconceituosos, é que devemos sondar o nosso íntimo para desvendar as razões para a aversão que estragam um prazer que, de outro modo, poderíamos ter tido. Sendo assim, observem, questionem, reflitam, mas nunca desrespeitem, ou ajam de maneira preconceituosa a respeito de uma tatuagem, para você ela pode não dizer nada, mas para outra pessoa ela pode ser fascinante!

Trabalho desenvolvido por Alexandra Manukyan


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