Revista Lifestyle Tattoo - Edição 3

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Ano 1|Edição nº 03|NOV/DEZ

Confira ooensaio Confira ensaio cheio cheio de deatitude atitude da Lifestyle LifestyleGirl Girl

PONTILHISMO PONTILHISMO

estilo que, OOestilo deponto pontoem em ponto, ponto, de vaiconquistando conquistando vêm seu espaço. espaço. ooseu Conheça Conheça o trabalho doso dos mestrestrabalho da técnica craques na técnica

Renatha Renatha Pires Pires

Brian Gomes Renato xxx Anselmo Araújo Brian xxx Renato de Souza Anselmo xxx

EVENTO 2ºEGuarulhos VENTO

rulhos GuaTattoo 2ºFest Fest Tattoo

ENTREVISTA EVISTA NTRLucena, EBoni

na, do ni LuceTattoo BoGelly’s do Gelly’s Tattoo

RIFFS UNS UNSRIFFS

LIFESTYLE LIFESTYLE s artesanais

Cerveja artesanais ocal do Cervejas aulão, vvocal PPaulão, Sinnatrah doSinnatrah s n e g ir doVVelhas Virgens do V s elha


EDITORIAL Adeus 2013. É, eu realmente estou começando a curtir a ideia de escrever. Tanto que, por essa edição ser a última de 2013, resolvi escrever um pouco mais. Como o espaço não é grande, eu gostaria apenas de agradecer e prestar uma pequena homenagem a todos que têm colaborado com a Revista, desde o primeiro dia, quando ainda era um projeto. Então, antes de tudo, gostaria de agradecer ao José Nelson ou conhecido como Junior, o sócio e Diretor de Arte, pois o projeto era antigo, e ele que teve a vontade e atitude de retomar. Aliás, falando em projeto antigo, o Caio Rocato, foi o grande gênio, que teve a ideia da Revista, e na época me chamou para sociedade, porém por falta de tempo, e na época, outras prioridades, infelizmente, deixamos em stand by, mas hoje ela realmente saiu e é graças a esses 2 caras que já chegamos à essa 3° edição. Mas o que seria da ideia, se não tivéssemos as pessoas que realmente buscam as informações, e fazem as imagens? Sim, a galera da equipe Lifestyle, foram chegando devagar e cada um de um lugar, alguns contatos, outros por Face, e não importa de onde eles venham, mas eles realmente escrevem, buscam as informações, e fotografam por amor à arte. Na primeira edição, entramos com o Brian, o cara que simplesmente mandou na Page do Face que estava se formando em jornalismo, e gostaria de escrever para nós. Junto com ele, veio o Diego e o Diogo, parceiros do Junior, um com um estilo mais “louco”, assim como o meu, e o outro, um cara que manda muito de música, e luta pela cena de som independente. O nosso primeiro fotógrafo, Daniel, abriu mão de um domingo de sol, para cobrir a nossa primeira matéria. E as fotos ficaram simplesmente fantásticas. E para finalizar essa equipe, veio a Deborah com sua experiência, e assumiu a posição de Editora Chefe.

Aí a partir da 2° Edição, a equipe cresceu, tivemos o Luiz Fernando fazendo novas fotos, inclusive o ensaio da Mari, que gerou muita polêmica. Também tivemos a participação da Renata Pitteri como fotógrafa, matérias escritas pela Deborah, e pelo Felippe, e para a nossa surpresa, acesso triplicado, em comparação a primeira edição. E agora chegamos à essa 3° edição, onde somamos com a chegada da Nathalia e da Lud, jornalista e fotógrafa, respectivamente. As duas, envolvidas há tempos no universo da tattoo, e assim somaram ainda mais ao nosso conteúdo. Como somos uma equipe e em toda equipe, um lado completa o outro, não adiantaria nada esse monte de informações, vindo de todos esses jornalistas e fotógrafos, e ninguém, conseguir encaixar tudo isso dentro de uma revista. Então, para completar com chave de ouro, além do Junior, a Simone também passa noites sem dormir, para conseguir organizar tudo isso em formato de revista e com limite de páginas, e com filtros de fotos, e tudo mais para fazer uma revista que têm sido sucesso, inclusive na parte de diagramação. Bom, essa é a equipe interna, mas além dessa equipe, não posso esquecer, e nem tão pouco deixar de agradecer, todos os apoiadores, e parceiros que fizemos nesses 6 meses, e quando falo em parceria, são os caras que sei que posso contar a qualquer hora do dia em qualquer situação. Começamos pelo Ronaldo Sampaio, que nos encontrou no primeiro evento que fomos cobrir, e desde lá, botou a mão no fogo e abraçou o projeto quando ainda era projeto, e esta com nós desde então, nessa caminhada. Na primeira edição, tivemos como colunista a linda da Monique Peres, que por vários motivos não pode continuar, mas que tem nos


dado apoio do jeito que ela pode, e vamos ser realistas, ela pode muito. Agradecimentos especiais à Vania Mendes, e a Rita Takanashi, que nos apoiam desde a primeira edição. A partir da 2ª edição, tivemos o prazer do Sr. Geléia ter aceitado o convite para ser nosso novo colunista. Nosso parceiro Valnei Santos, merece uma menção, já que têm nos apoiado desde a primeira edição. Ao pessoal do Karooba, que além de parceiro e point, tem um atendimento personalizado e cervejas de qualidade, sem contar com o hambúrguer de bacon, que é a coisa mais gostosa que já comi na minha vida.

Quero agradecer a todos aqui citados e àqueles que vivem um dos estilos de vida, chamado Respeito. Para encerrar, preciso falar dessa edição, que traz muitas novidades: temos a estreia da seção “Agulhadas”, que sempre trará um tema atual e polêmico, a nossa gata do mês Renatha Pires, e ainda fizemos a junção perfeita de cerveja e rock’n roll, com a sessão Lifestyle no Sinnatrah – Cervejaria e Escola e a entrevista com o Paulão do Velhas Virgens. Diversão e informação garantidas. Uma boa leitura a todos e que 2014 tenha o dobro de conquistas de 2013. Forte abraço.

Raphael Rosa Diretor Comercial contatolifestyletattoo@uol.com.br

EXPEDIENTE Diretor Comercial: Raphael Rosa Diretor de Criação: José Junior Editora Chefe: Deborah Benetti Jornalistas: Brian Stecco e Nathalia Abreu Direção de Arte: Simone Ferres Redatores: Diego Martins e Diogo Dias Fotógrafos: Daniel Correa, Fernando Bentes e Ludmila Löwer Fotos de Capa: Ludmila Löwer

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COLABORADORES

Brian Stecco

Diogo Dias

Diego Martins

Daniel Correa

23 anos, jornalista. Fez sua primeira tattoo aos 18 anos e desde então não parou. Entre seus estilos favoritos está o Old School e as chicanas em preto e cinza. De esquerda, Brian adora política, futebol e uma cervejinha gelada no fim do dia. b.stecco@hotmail.com

É redator, músico e agitador do rock independente. Acha que a música é uma manifestação divina ou extraterrestre, porque coisa coisa boa assim não pode ter vindo do homem. diogodias.tgu@gmail.com

Redator, humorista, publicitário, amante da sétima arte, apaixonado por música, urbano. Acha que ser engraçado, ter bom humor e não se levar muito a sério, são sintomas de inteligência funcional. Afirma que se sua mãe não tivesse lhe negado o peito, seria um ser humano melhor. behance.net/dimartinsbehance

27 anos, fotógrafo free lancer, fã de filmes de terror e suspense, adora assistir e pesquisar os Behind the scenes. Não dispensa um bom e velho rock’n roll, e de vez em quando, arrisca algumas palhetadas para relaxar. facebook.com/Daniel.Correa. Fotografo

Ludmila Löwer

Luiz Fernando Bentes

Marcio Talon

Nathalia Abreu

Fotógrafa, criativa, bem humorada, encara a fotografia como arte e estilo de vida. Gosta de um bom som, cinema e curtir a vida de casada. Está sempre a procura de uma boa foto, apaixonada por subculturas e tatuagens, fez sua primeira aos 16 anos. ludlower.com.br

Vulgo Mano. Fotógrafo no Studio Luís Crispino. Apaixonado por arte e fotografia. Bom boêmio, nunca nega um convite para uma gelada. Apreciador de um bom som, como rap e rock. Apaixonado por tattoo, fez a primeira aos 20 anos de idade. luizfbentes@gmail.com

26 anos, turismólogo, blogueiro, curador de evento sobre comunicação digital, webmaníaco, movido por viagens, músicas, fotos e curiosidades. A rapidez da troca de informações que a internet possibilita e o comportamento das pessoas são duas coisas que o fascinam. allwelike.com.br

24 anos, jornalista, pesquisadora e amante da arte corporal. É coautora do livroreportagem Corpo ao Extremo: A nova face de uma cultura modificada. Nunca dispensa principalmente três coisas: boa comida sem glúten, convites para bares e shows de punk rock. facebook.com/LivroCorpoAoExtremo

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ÍNDICE

14 { 06 {

12 { CURIOSIDADES } REMOção cover up

22 { PORTIFA } claudio mor BARBEARIA POINT { } 9 DE JULHO 24 THIAGUINHO STUDIO { } STUDIO 25 26 { LIFESTYLE } sinnatrah

CAPA }

PONTILHISMO

EVENTOS } FEST TATTOO

Guarulhos

30{ 44{

ENTREVISTA } BONI LUCENA

ENTREVISTA }

PAULÃO Velhas Virgens

34 { MAPA RISCADO } bangkok 49 { NA AGULHA } anjo gabriel 50 { CAUSOS E PÉROLAS } sr. geléia 52 { AGULHADA } black blocs

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{ LIFESTYLE GIRL } RENATHA PIRES

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[ EVENTO ]

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MÃOS

S A S O T N TALE

cidade da Grande os lh u ar u G , ro b tu e ou Nos dias 25, 26 e 27 d ções corporais, ca ifi od m as d es om n ndes São Paulo, recebeu gra artistas do evento es or h el m s ao io êm pr ouro”, em busca das “mãos de

er mila Löw d u L S O FOT el Rosa a h p a R TEXTO

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E

m sua segunda edição, o evento veio apresentando novidades e diversidade de arte no universo da tattoo, e nós da Revista Lifestyle, estivemos lá. Assim como em muitos eventos que têm acontecido, Guarulhos virou a central de tatuadores da América Latina, durante um final de semana. Tivemos grandes nomes, de países como Argentina, Peru, Chile, entre outros. Se engana quem pensa que os eventos estão “babando ovo” de gringos, pois além da grande quantidade de gringos no evento, também tivemos artistas nacionais. Presenciamos novidades como pintura corporal, onde vários artistas pintavam o corpo das

Organizadores e participantes do 2º Guarulhos Fest Tattoo 8

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garotas, além do Miss Tattoo, e da tradicional “competição” dos estilos de tattoo. Encontramos por lá, nomes como Inácio da Glória que logo menos vocês terão novidades aqui na Revista, mas isso... Melhor deixar para o ano que vem. Além do Inácio, encontramos por lá também, ministrando workshop, e trocando experiência com a galera de perfuração, dois grandes nomes do universo: Compadrito Aníbal e o Luciano Iritsu, com os quais trocamos uma idéia, para entender ainda mais um pouco sobre o universo da perfuração. Assuntos variados no workshop foram abordados: microdermal, escarnificação, suspensão, entre outros, todos ligados ao universo das perfurações corporais.


GALERIA LIFESTYLE

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Para ver o vídeo da entrevista Clique Aqui

Realmente, eu acho que a perfuração corporal, é uma herança milenar Compadrito Aníbal, body piercer peruano, sobre a arte de adornar os corpos

O workshop de piercing, se torna uma troca de informações

Luciano Iritsu, sobre a importância dos workshops para um profissional ou aspirante body piercer

Mais na rede: Guarulhos Fest Tattoo - fb.com/guarulhosfesttattoo

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[ CURIOSIDADES ]

Cover up e remoção Me arrependo apenas daquilo que não fiz (Só que não) TEXTO Diego Martins

“M

e arrependo apenas daquilo que não fiz”. Uma frase bonita, corajosa, empolgante, mas que com certeza não se aplica quando o assunto é tatuagem. O motivo é simples: tatuagem é pra sempre. Ela não se apaga com o tempo, não desaparece completamente, nem se perde em meio às memórias. Dá pra se fazer pouca coisa com uma tattoo indesejada. O que acontece é que muitas pessoas se arrependem de as terem feito, e desejam removê-las. Pode ser por um resultado não esperado. De repente o cara não escolheu um studio profissional e resolveu tatuar com um amigo de um amigo que trampa em casa, e saiu com uma tatuagem

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que parece ter sido feita na cadeia, por um detento viciado em crack e com Mal de Parkinson; e aquele Wolverine fodido que o cara queria ter desenhado no peito, tá mais pra um Freddy Krueger cansado. Ou porquê num momento de amor... de paixão... de loucura... ou, na minha opinião, de extrema burrice, a pessoa resolve tatuar o nome de seu namorado ou namorada, marido ou esposa, amante ou amigo com benefícios... e por aí vai. Uma tattoo vai ficar no seu corpo pra sempre, e ao contrário dos contos de fadas, nem todo o casal vive feliz para sempre. Mas no calor da babaquice, a menina acaba tatuando o nome do cara que acha ser seu príncipe encantado ou o menino tatuando o nome da


FB.com/COVER-UP-TATTOO

mulher que ele acha que vai ser a mãe dos seus filhos. Então, lá na frente, a menina descobre que seu príncipe encantado é, na verdade, um sapo bem do filho da puta, que anda comendo outras pererecas, ou o menino descobre que a futura mãe dos seus filhos resolveu ser mãe dos filhos de outro ou de outros. De fato, é bem mais fácil terminar um relacionamento do que remover uma tatuagem. É foda ficar com uma marca no seu corpo que não representa mais nada na sua vida, ou pior que só te traz más recordações. Mas a cagada tá feita, e agora? Bom, uma das soluções, é remover a tattoo com laser. Os raios laser trabalham produzindo um comprimento de onda de luz que ultrapassa as camadas superiores da pele, para seletivamente serem absorvido pela tinta. Esta energia laser faz a tinta da tatuagem se dividir em partículas menores que, em seguida, são removidas pe-

los sistemas de filtragem natural das células. São poucas cores que são fáceis de serem removidas. O local também é outra complicação, tattoos nos braços, pés e mãos tendem a ser mais difíceis de remover. Este procedimento, além de doloroso e demorado, é muito caro. E não fica perfeito. Pode-se também cobrir uma tatuagem com outra. Essa técnica é chamada de Cover Up. Uma solução mais barata e comum, mas que também tem suas limitações. Não é qualquer tattoo que cobre outra, é preciso fazer uma análise bem detalhada do tamanho do desenho e das cores que serão usadas. Tem que ser uma combinação do que você quer fazer e do que dá para ser feito. Quer uma dica? Escolha um profissional que mande bem nas técnicas de cobertura. Legal. Aprendeu como consertar o erro, né? Agora você não vai mais repetir a cagada (Só que não).

Exemplos de remoções de tattoo, feitas à laser

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[ CAPA ]

PONTO POR PONTO

Conheça artistas paulistanos que fazem belíssimos trabalhos utilizando, como principal técnica, o Pontilhismo TEXTO Nathalia Abreu FOTOS Daniel Correa e Ludmila Löwer

A

revolução digital do século XXI proporcionou, entre muitas mudanças, uma aproximação crescente entre os brasileiros e as diferentes técnicas da tatuagem. Antes das redes sociais se popularizarem como meio de divulgação, ou de surgirem sites especializados (por exemplo), o conhecimento era mais restrito aos especialistas e aspirantes inseridos na própria comunidade da arte corporal.

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Nos últimos anos, estilos diferentes desenvolvidos com mais fervor fora do país, chegam aos poucos por aqui pelas mãos de artistas que constantemente buscam algo novo. Essa ideia de incrementar ou modificar o trabalho que faziam até então acrescentou não apenas ao crescimento profissional e pessoal dos próprios tatuadores, mas também ao mercado da tattoo, que tem crescido consideravelmente. Dentro destas novas possibilidades, conheça, nesta edição da Lifestyle Tattoo, um pouco mais sobre a arte do Pontilhismo.


BRIAN GOMES

Minúsculos e incontáveis fragmentos de tinta juntinhos e geometricamente aplicados sobre a pele de alguém podem resultar em trabalhos incríveis: o Pontilhismo (ou Dotwork) é uma técnica que utiliza pontos, como o próprio nome diz, para a composição de tatuagens extremamente trabalhosas. É preciso dizer que, muito antes da contemporaneidade, artistas do chamado pós-impressionismo - movimento da história da arte ocidental que visava cores vivas, camadas grossas de tinta e pinceladas expressivas - trouxeram esta ideia para suas pinturas. O francês Georges-Pierre Seurat (1859-1891) foi pioneiro no que ele mesmo chamou de “divisionismo”, um termo utilizado para descrever os tais “pontinhos”. Para ele, diferente do movimento anterior (impressionismo) que misturava as cores de forma intuitiva, a arte deveria se concentrar na óptica; o pintor inventou um método mais científico e pensado: as cores eram, portanto, mais vivas e intensas se aplicadas na tela em pequenas áreas lado a lado. A arte de Seurat, que teve seguidores como Paul Signac (18631935), mais tarde seria chamada por críticos

A tatuagem é uma arte diferente. Não é como uma tela, para a qual você estuda e pinta o que quer: é uma troca entre duas pessoas. Não adianta eu ter uma base acadêmica, de uma faculdade; eu vou ter que resgatar o que está dentro da pessoa. Brian Gomes, falando sobre a diferença entre a tatuagem e as artes plásticas

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de “pontilhismo”, palavra que também intitula hoje em dia a técnica tratada nesta reportagem. Como é de praxe na história da arte corporal, é difícil encontrar pontos de partida exatos. Não se sabe ao certo quando, como e por quem o pontilhismo foi introduzido na tatuagem ocidental. É possível mencionar que a hand poked tattoo (tatuagem sem máquina), que ainda é realizada por profissionais mais tradicionais, seja uma das primeiras formas de incorporar o pontilhismo aos trabalhos. Entretanto, mesmo com a recente inserção no Brasil, já temos hoje alguns representantes de peso. Hoje em dia, em São Paulo (SP), Brian Gomes é um dos principais e mais conhecidos representantes do dotwork. Sua notoriedade no meio da tatuagem é clara: Brian já está com a agenda lotada até o próximo ano, e foi recentemente convidado a participar da Good Moments Tattoo Meeting 2013, evento que reúne grandes nomes da tatuagem brasileira (realizada nos dias 9 e 10 de novembro). Tatuador desde 2003, ele conta que se interessou pelo pontilhismo em um momento específico de sua vida pessoal há aproximadamente três anos. “Passei pelo new school, pelo old school, um pouco do oriental, e fui vendo o respeito que

você precisa ter com cada uma dessas técnicas. Antes eu tinha outra visão da tatuagem; para mim era algo mais estético. Eu sentia certo vazio nisso e comecei a procurar mais a fundo o que a tatuagem representa na minha vida. Escolhi o pontilhismo quando resolvi mudar na minha vida pessoal. A tatuagem não é algo separado da pessoa: ela é a pessoa. Você é tatuador em alma. Quando você muda sua vida, você muda seu trabalho, é o que você vai passar para as pessoas. Eu me ancorei num tipo de arte que remetia o que eu precisava passar. Comecei então a buscar referências orientais: trabalhos com mandalas, padrões geométricos, padrões tibetanos e a visão que eles tem sobre isso, e senti que foi um encaixe”, conta Brian. Sobre seu trabalho, ele acredita que hoje vai muito além de uma mera troca estética. “O cliente é um ser diferente de mim. Eu acredito que se alguém chegar até aqui e eu fizer simplesmente um desenho que eu quero, às vezes posso colocar na pessoa uma frequência energética que não pode ser bacana para aquela vida. Cada um tem essa frequência interna que vibra. Eu tento sentar e sentir isso dentro de mim. Eu me trabalho, dentro do meu limite, para conseguir trazer o

Estúdio Ardhãm Tatuaria, onde Brian faz seus trabalhos. Alguns deles, estão na imagem ao lado.

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anselmo araUJo

melhor da pessoa. Aquilo será um amuleto, uma vibração da pessoa”, explica. Para ele, o pontilhismo hoje vem se popularizando assim como o tribal, por exemplo, depois do modismo e do aumento de tatuadores que trabalham com a técnica. No meio em geral, acredita que a aceitação não era tão simples antes. “Hoje está em alta, mas nunca teve tanta procura. Quando eu comecei, apenas mais uma ou duas pessoas faziam aqui no Brasil. Chegou no país, os tatuadores começam a fazer bons trabalhos, e as pessoas começam a conhecer. A aceitação é maior porque talvez seja diferente, e aí um o aumento de profissionais alimenta o modismo e vice-versa. Mas se realmente as pessoas gostam disso? Meio que fica uma pergunta. É legal as pessoas conhecerem, mas eu tenho um receio de procurarem sem entender o real teor deste trabalho”, argumenta. Mesmo sem um professor ou mentor específico, Brian defende a importância de todos os tatuadores mais antigos e referências visuais que teve para iniciar seus trabalhos com pontilhismo. Como principais referências, ele cita Gerhard Wiesbeck (Alemanha), Nazareno Tubaro (Argentina) e Jun Matsui (Brasil). Fora da área do pontilhismo, ele cita também, com admiração, o brasileiro Maurício Teodoro.

O pontilhismo em si é uma técnica que tem algumas vantagens quando comparado a outros estilos: na aplicação é bem menos dolorido e a cicatrização exige menos da pele Anselmo Araújo, falando sobre a menor dor, quando se utiliza a técnica de Pontilhismo

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Anselmo Araújo, também da capital paulista, é tatuador há 11 anos e trabalha principalmente com oriental e pontilhismo. No decorrer de sua carreira, ele estudou desenho acadêmico e afirma que começou a entender os estilos da tatuagem e o que cada um deles proporcionou à sua carreira, se tatuando com artistas que admira. Para ele, é essa jornada que traz as peculiaridades de cada uma de suas obras. Além das influências internacionais citadas anteriormente, Anselmo destaca também o próprio amigo Brian. Ele acredita que é possível absorver referências de diversas formas de arte, desde a fotografia até o crochê. “Percebi que alguns amigos como Brian e o André Cruz (São Paulo) estavam começando a desenvolver a técnica. Assim fui alimentando o desejo e o interesse relacionado ao pontilhismo, que abre um leque bem extenso de possibilidades. Observo continuamente obras realizadas por profissionais fora do país que utilizam os corpos sem percebê-los como tal”, explica o profissional.

Para Anselmo, cada trabalho leva consigo uma história, e isso é o mais valioso. “A tatuagem é algo que se leva para sempre. Um bom profissional da tatuagem estuda a melhor forma de desenvolvê-lo. No meu caso, não faço diferente: realizo um estudo da obra que só termina com essa pessoa presente. O pontilhismo em si é uma técnica que tem algumas vantagens quando comparado a outros estilos: na aplicação é bem menos dolorido e a cicatrização exige menos da pele”, esclarece. Anselmo afirma que, assim como Brian, vê crescer o número de pessoas que descobriu a possibilidade de agregar essa técnica em seus trabalhos. “Há poucos desenvolvendo de forma significativa. Ao mesmo tempo, percebo o processo contínuo de evolução, e a aceitação de uma forma geral. Para mim, o pontilhismo é meu agora! Onde desprendo a maior parte do meu tempo, percebendo o quanto posso transformar e desenvolver novidades”.

Estúdio onde Anselmo atua. Ao lado, alguns trabalhos feitos pelo artista.

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RENATO DE SOUZA

Outro nome que começa agora nessa vertente é Renato Leandro de Souza: depois de viajar bastante pelo mundo, o tatuador voltou para o Brasil e se encontrou na tatuagem. Segundo ele, desde criança gostava muito de geometria e matemática, o que reforçou seu gosto pelo pontilhismo quando o pontilhismo. “O pontilhismo segue a linha da geometria sagrada. A ideia de que tudo expande, contrai, de forma geométrica... É tudo calculado. O pontilhismo, para mim, representa as partículas que nós mesmos somos no universo: a gente é só um pontinho no universo, que é formado por vários pontos”. Suas primeiras influências saíram de dentro da sua própria casa: Renato cresceu com sua mãe e pai tatuados. Ambos têm trabalhos antigos, de estúdios e tatuadores respeitados no Brasil. Ele passou pelas convenções de tatuagem de Londres e da Patagônia (Argentina), entre outros muitos países, nos quais conheceu muitos trabalhos e referências diferentes. Trabalhar com piercing em alguns estúdios para iniciar sua carreira e estudou muito antes de iniciar suas atividades. Renato explica que

O pontilhismo segue a linha da geometria sagrada. A ideia de que tudo expande, contrai, de forma geométrica... É tudo calculado. O pontilhismo, para mim, representa as partículas que nós mesmos somos no universo: a gente é só um pontinho no universo, que é formado por vários pontos. Renato de Souza, sobre a geometria nas formas de tudo que nos rodeia

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queria começar já fazendo um trabalho que fosse somente seu. “Eu já comecei com a vontade de mostrar minha identidade no meu trabalho. É pretensão, mas esse foi meu objetivo. Independente da grana que isso possa me render ou não, do status que possa me render ou não, eu comecei a fazer o que eu queria realmente”, conta. Trabalhando com pontilhismo há cerca de apenas um ano, ele afirma que não tem visto pro-

blemas em divulgar seu trabalho positivamente. “É muito louco como, dependendo da sua proposta, de como você se comporta e do que você quer, seu público aparece. As pessoas chegam com muito mais respeito”, diz.

Mais na rede: Brian Gomes - fb.com/briangomestatuagem Anselmo Araújo - fb.com/anselmotatuagem Renato de Souza - fb.com/renatoleandrodesouza1985

Renato tatuando um cliente no Paz Tatooagem, estúdio onde atua.

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R. Isidro Tinoco, 87 - Tatuapé - São Paulo (SP) Tel: 2225-1832 www.facebook.com/KaroobaTattoo


[ PORTIFA ]

Claudio Mor

O MECÂNICO

DO HUMOR Conheça um pouco do trabalho de Claudio Mor, com suas tirinhas bem-humoradas

C

artunista paulistano, publica as tirinhas do Agente Zerotreze diariamente no jornal O Globo. Antes de se formar em Design Gráfico pela UNIP, Mor trabalhava em uma retífica de motores onde, nas horas vagas, saía desenhando em qualquer pedacinho de papel que encontrava na oficina. Com seu traço irreverente e humor ácido, publicava seus trabalhos na internet, onde pouco a pouco, foi atraindo admiração do público e respeito dos colegas da área. Não demorou para ser descoberto pela mídia, saindo como destaque na capa do caderno Link do Estadão, e assim abrindo as portas para inúmeros convites de

Tirinha Tattoo Lovers

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publicações impressas. Desde então, passou a desenhar em tempo integral e deixando para trás o trabalho na mecânica. Como freelancer, atuou em diversas áreas, criando ilustrações para revistas como Época e Monet. Fez capas para livros e ilustrou alguns outros. Com seus colegas, criou a revista independente IstoNãoÉ (já fora de circulação). Somou-se a outros grandes cartunistas no álbum de luxo Irmãos Grimms em Quadrinhos, da editora Desiderata. Atualmente prepara um comic book para a Terracota Editora e periodicamente posta HQs em sua página no Facebook.


Š Marvel Comics

GALERIA LIFESTYLE

Mais na rede: www.fb.com/morsense www.fb.com/AgenteZerotreze claudiomor.tumblr.com/

Clique nas imagens para ver mais trabalhos

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[ POINT ]

Barbearia 9 de julho

Para homens de bom gosto V

oltada ao público masculino, a Barbearia 9 de Julho foi inaugurada por um dos atuais sócios Tiago Secco, no dia 9 de julho de 2007. A decoração da barbearia faz você se sentir na década de 50. Mesmo com tantos elementos retrô compondo o “visual” do local, uma enorme bandeira do Estado, não deixa dúvidas que é uma empresa legitimamente paulistana. Lá, são oferecidos serviços de corte de cabelo e manutenção da barba, feita com navalha e toalhas quentes. A primeira filial da 9 de Julho, veio junto com o sócio Anderson Napoles, e foi criada no dia 13 de outubro de 2010. A loja da Rua Augusta foi a primeira criada, mas hoje já são

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6 delas, nos principais locais de São Paulo: Centro, Itaim Bibi e Vila Mariana. Os dois sócios têm a meta de expandir os negócios e fronteiras: abrir mais 10 lojas, fora da Cidade de São Paulo. Confira mais informações no site (abaixo) e escolha um dos locais para dar “um tapa” no visual.

Barbearia 9 de julho Rua Augusta 1371 - sala 5 - Consolação (São Paulo/SP) (11) 3283-0170 www.barbearia9.com.br www.fb.com/Barbearia-9-de-Julho


[ STUDIO ]

I

OTIMA OPÇÃO EM CURITIBA

S

tudio que existe desde 8 de dezembro de 2012, localizado na região sul de Curitiba, no bairro Sítio Cercado, é fruto de muita luta e perseverança, em projeto com cerca de 5 anos. Thiaguinho (Thiago Rodrigo de Oliveira) é perfurador corporal e trabalha nisso há 6 anos interruptos. Já fez em torno de 20.000 perfurações. Participou de vários workshops, com grandes mestres da perfuração corporal no Brasil e na América Latina. “Tive o prazer de conhecer o Ronaldo Sampaio “Piercer Snoopy”, que até hoje tenho contato, e honra de ter como amigo. Compadrito Anibal, perfurador corporal peruano, que hoje reside em Matinhos (PR), e que ajudou muito em minha caminhada, e que tenho a honra em ter como um irmão. André Fernandes, Matias Tafel “Rata” e outros grandes perfuradores em que me espelho a cada dia”, diz Thiaguinho. Hoje, a equipe do Thiaguinho Studio, tem como perfuradores corporais, o próprio Thiaguinho e a sua esposa Prii Piercer, Leandro Kazé, tatuador e,

que, segundo Thiaguinho, daqui há alguns anos será um dos grandes nomes da tatuagem no Brasil, um profissional muito versátil e completo. A esposa e assistente de Kazé, Vanessa Kubiak, também faz parte da equipe. O mais novo membro chama-se Oscar Oliver, tatuador peruano, artista muito talentoso. O estúdio se preocupa com vários detalhes para garantir maior segurança, conforto e comodidade ao cliente: trabalha com esterilização em autoclave, monitoramento químico e biológico da autoclave, cadastramento de todos os clientes e com joias de qualidade. Cada profissional tem sua sala individual, e separadamente, fica a sala de esterilização, recepção e sala de espera, com Wi-fi e TV por assinatura.

Thiaguinho Studio Tatuagem e Piercing Rua Mandirituba, 470 – Sítio Cercado (Curitiba/PR) (41) 3086-1101 www.fb.com/ThiaguinhoStudioTatuagemEPiercing thiaguinho_piercer@hotmail.com

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[ LIFESTYLE ]

Sinnatrah

Boas pessoas bebem boas cervejas Nesse clima saboroso fomos até a Sinnatrah - Cervejaria e Escola descobrir como funciona a rotina e mente de quem é amante da cerveja TEXTO Deborah Benetti FOTOS Ludmila Löwer

O

brasileiro adora sentar em volta de uma mesa entre amigos e tomar cerveja. Mas será que ele sabe o que está consumindo? A nossa equipe foi até Pompéia para bater um papo descontraído com os sócios Rodrigo Louro, Luis Marcelo Nascimento e Júlia Reis para entender como é o lifestyle das cervejas especiais. Logo na chegada é possível encontrar panelas com mosto em fermentação dos alunos, como utensílios e acessórios para quem produz cerveja artesanal, e claro, geladeiras recheadas com rótulos de salivar a boca. Quem logo nos explica como surgiu a ideia de abrir um local em São Paulo onde fosse o point dos cervejeiros caseiros é a mulher da tur-

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ma, Júlia Reis: “Nosso outro sócio, o Alexandre Sigolo se juntou com o Rodrigo através da formação: ambos são biólogos e por isso, já estavam envolvidos nesse universo didático. Com a paixão pela bebida ficou prazeroso participar ativamente do seu processo produtivo a partir de 2004”. E de lá para cá essa turma não parou mais de produzir e agregar sócios viciados em lúpulos e cereais. Foi o caso da própria Júlia. Boa de copo, ela é sommelier de cervejas, membro da confraria Maltemoiselles e uma das professoras da Sinnatrah. Sempre esteve envolvida neste universo e aproveita suas férias para visitar lojinhas e pubs pelo mundo a fora. Tanto ela quanto seus sócios acreditam que “a lubrificação do álcool é


parte fundamental para a socialização entre pessoas”. Filosofia a parte, não é de hoje que vimos a crescente demanda dos brasileiros de olho no mercado da cerveja artesanal. Para alguns, beber cerveja “aguada” deixou de ser prazerosa depois da 1° degustação de estilos encorpados como IPA, Stout e Weiss. Isso porque, mergulhados no mundo da clássica Larger do gosto popular, o brasileiro sente a diferença bruta quando entra em contato com o lúpulo (planta que dá amargor e aroma à bebida). Esse lifestyle é sempre assim: a pessoa sai dos rótulos comuns e parte para a fatia fina do mercado de cervejas encorpadas e aromáticas. Para Rodrigo, essa invasão de gostos chega a ser uma (boa) rebeldia do público. Ele sente e vive isso com seus clientes que estão migrando para o sabor amargo e intenso. “Sair em busca de novos paladares é perfeito e mostra como é delicioso esse estilo de vida cervejeiro. Você está sempre em contato com boas opções e passa

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a consumir mais qualidade ao invés de apenas quantidade no final da noite”, avalia o sommelier de cerveja formado pela ABS – Associação Brasileira de Sommeliers, e ASI – Association de la Sommellerie Internationale). Vale ressaltar que segundo a Associação dos Cervejeiros Artesanais, nos últimos anos, o número de microcervejarias no Brasil foi de 70 para 250. Está mais do que confirmado o interesse do país em melhorar a qualidade do que se bebe hoje em dia. Lá na loja da Sinnatrah é assim: são 40 rótulos apresentados aos consumidores, porém, como a procura é grande, a turma está sempre de olho no mercado e mudando as marcas na geladeira. A ideia é agregar valor e cultura cervejeira no público. A escola formou sua 50° turma de cervejeiros caseiros neste mês e coleciona receitas exclusivas dos estilos Ale Belga, Extra Special Bitter, India Pale Ale, Milk Stout, Porter e Weizenbier. O aluno chega e soma seu entusiasmo com o conhecimento dos professores e cria óti-

mas brassagens. E Luis Marcelo dá a dica para quem tem vontade de conhecer este lifestyle: “Fazer cerveja é um estudo constante para encontrar os ingredientes chaves de uma receita saborosa. Mas quando há isso, há estilos sempre”, completa. E se você tem vontade de aprender a desenvolver a sua própria bebida, a escola oferece cursos básicos e avançados de produção e técnicas de estilos e defeitos, além de workshop sobre decocção e rampas de temperatura, utilização de maltes especiais e softwares cervejeiros do momento. Como o próprio lema dos sócios diz: “Tem cerveja envolvida, a gente faz!”.

Sinnatrah Cervejaria Artesanal Rua Cajaíba, 157 - Pompeia (São Paulo/SP) (11) 3862-5421 www.sinnatrah.com.br www.fb.com/sinnatrah

Da esq. para dir., os sócios proprietários do Sinnatrah: Luis Marcelo Nascimento, Júlia Reis e Rodrigo Louro

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Cevada

Cereal rico em amido que agrega sabor agradável à cerveja.

Torrefação

Fornece o paladar, aroma e cor característicos.

Lúpulo

É a “alma da cerveja” por ser o principal ingrediente de aroma e paladar.

Leveduras

Microorganismos (fungos) unicelulares responsáveis por multiplicar e transformar o mosto em cerveja.

Mosto

O amido é transformado em uma “pasta” e separado em um filtro o líquido açucarado chamado mosto, que já tem cor de cerveja.

Decantação

O mosto fervido passa por um processo onde as proteínas são depositadas no fundo do equipamento, enquanto o mosto límpido é retirado pela parte lateral/superior.

Fermentação

Transformação dos açúcares fermentescíveis do mosto em álcool e gás carbônico para trazer aroma e sabor.

Brassagem

Etapa em que o malte é hidratado e as enzimas presentes nele são ativadas. Com a ativação destas enzimas, o amido pode ser convertido em açúcares fermentáveis e as proteínas convertidas em nutrientes.

Ésteres

São determinantes nas características de cervejas com aromas e sabor frutados.

Maturação

É feita depois da retirada do fermento. Alguns estilos mais encorpados fazem maturação em barris de carvalho.

Filtração

Confere brilho e elimina células de leveduras que ainda restam da maturação.

Turbidez

Aspecto da bebida interferido pelos fatores: oxidação, temperatura elevada, luz, agitação e íons metálicos. Fonte: Associação Brasileira de Sommeliers - São Paulo


[ ENTREVISTA ]

Boni Lucena

Troca

Agu lhas de

Da enfermaria para stúdios de tatuagens. Conheça a trajetória do cara que optou por riscar seu próprio destino com formas e cores

Q

TEXTO Deborah Benetti

uando adolescente, Rafael Araújo de Lucena só queria saber de grafite, som pesado e desenho pelos cantos da casa. Viveu bem aquela fase em que os primeiros rabiscos no papel surgiram embalados no cenário punk rock e hard core californiano. Talvez nesse momento de cultura fervorosa das tatuagens e comportamento de pura atitude tenha “nascido” o tatuador Boni Lucena. Isso porque, foi nessa transição de personalidade que Boni levou seus desenhos inconscientemente já para a linguagem da tattoo tradicional americana. Mas como toda recompensa vem de um grande esforço, ele

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assumiu a responsabilidade desejada pela mãe enfermeira de abandonar “essa coisa de menino” e entrou na área de saúde. Claro que não demorou muito para o cara sacar que sua praia mesmo era trocar a injenção por uma máquina de tatuar. Hoje, funcionário fixo do Gelly’s Tattoo da unidade Vila Madalena, - espaço renomado da cena paulistana que preza a higiene e identidade pessoal -, ele colhe os frutos de muita batalha e confiança em si. Uma história que mostra como é possível viver do que gosta através de atitude e persistência. Confira nosso bate papo com o Boni e quem sabe, agende sua próxima tattoo. Boa leitura riscados!


LT - Como foi sua trajetória dentro da enfermagem e como isso te levou até aos estúdios de tatuagem? Boni Lucena - Eu sempre fiz parte daqueles adolescentes que ficavam vidrados nos grafites e principalmente nas pixações. Por influência da minha mãe que trabalha na área da saúde, fui “convidado” a deixar o desenho e a música de lado para entrar na área da enfermagem. Confesso que a enfermagem me fascinou e aprendi a gostar muito de tudo aquilo. Ajudar os outros me fazia bem. Como todo jovem, foi bem difícil conseguir um espaço no mercado e por conta disso acabei migrando para outros seguimentos. Fiquei bem frustrado. Foi aí que resolvi fazer minha primeira tattoo. Esse contato com o mundo cheio de cores e histórias me pegou.

um cara que devo boa parte do que tenho e sou hoje. Ele ficou interessado nos meus desenhos e me encorajou a tentar algo novo: a pele! Me deu conselhos e me ensinou o que sabia. Quando o Phernando recebeu o convite de outro estúdio para tatuar, foi em mim que ele confiou para assumir o seu lugar. Valeu mano!

LT - A higienização é um item importante para quem procura um profissional. Durante sua estrada, certamente já viu algum “serviço porco” por aí. Boni Lucena - Já presenciei o tal “serviço porco” tanto pelo tatuador como pelo tatuado. Hoje temos muitas formas bem acessíveis de trabalhar dentro da higienização necessária para não haver contaminação na hora da aplicação. Sempre digo que hoje em dia só trabalha errado quem realmente quer. Já vi profissional embalar a tattoo com saco plástico de mercado, como também ja ouvi de cliente que, após ter feito a tatuagem no pé, foi a um rodeio com a arte descoberta. Contaminação certa. Na hora da tatuagem procure um stúdio com licença para trabalhar. Se for um profissional que atenda em casa, peça para conhecer como é feita a esterilização dos materiais e sempre pergunte! Seja consciente e não exponha sua tatuagem à locais contaminados. E claro, siga corretamente as recomendações do seu tatuador.

LT - Quais suas influências no atual mercado brasileiro e internacional? Já teve a oportunidade de atuar ao lado de algum mestre da tatuagem? Boni Lucena - Com a internet recebemos tanta informação, que fica difícil digerir e entender tudo tão depressa. Minhas influências estão sempre em constante mudança. Tem muita gente boa por aí. Ultimamente tenho acompanhado o trabalho da Emily Rose Murray, Miss Arianna, Mike Giant, Amina Charai, Maneko, Mauro Nunes, Bruna Yonashiro, William Yoneyama e sempre a escola Sailor Jerry para resolver minhas dúvidas. Mas como disse, em constante mudança. Atualmente, trabalho no Gelly’s Tattoo, após o convite do Sr. Géleia, que, mesmo com minhas limitações na época, confiou no meu trabalho. Foi lá que consegui firmar meu trabalho e conhecer muitos caras com um trampo muito bom. Meu contato mais direto foi com o Rafael Firmino e Bob Queiroz, dois caras que tive o prazer de observar e tirar dúvidas.

LT - Em 2006 você passou um tempo no salão Mariah Mariah. Como eram seus dias de trabalho por lá? Boni Lucena - No Mariah Mariah foi onde recebi minha primeira tatuagem com o Phernando Nunes,

LT - Você trabalha também com Old School tradicional? O que você acha a respeito disso? Boni Lucena - Trabalho sim. Eu gosto muito. É um estilo que surgiu para moldar a estrutura que os tatuadores tinham antigamente e que dura até

LT - Você adota predominantemente o Estilo New Traditional. Como foi que você desenvolveu isso? Boni Lucena - Não me sinto a vontade para rotular meu trabalho, até porque ele está em constante mudança, mas acompanhando o atual mercado europeu de tatuagem e as vontades dos clientes, vejo minhas tattoos tomando a forma de New Traditional.

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hoje. Quem vai conseguir isso de novo? Como o nome diz: é uma escola que quase sempre uso como referência para meus trabalhos.

LT - Notamos que você curte um som pesado. Como é o clima na hora de tatuar? O rock fica rolando enquanto está trabalhando? Boni Lucena - Cada tattoo tem sua dificuldade e para mim, isso pesa muito na hora do som. Com as mais tranquilas me sinto à vontade para ouvir algo mais pesado. Já nos desenhos mais tensos, o barulho me incomoda e prefiro pular para algum som mais calmo. Como a música relaxa na hora da tattoo, eu tento sempre que possível, acompanhar o gosto musical do cliente, para deixá-lo mais traquilo para os dois. Não sou um pesquisador árduo hipster de sons novos, mas sempre volto para Nirvana, Nitrominds, Bad Religion, Mukeka di Rato, Municipal Waste e outras coisas que rolavam no Tony Hawks. LT - As constantes manifestações no Brasil geram sempre diversas opiniões. Para você, qual a importância dos Black Blocs nas ruas? Boni Lucena - Sou totalmente a favor das manifestações, isso fez com que muitas pessoas pelo menos pensassem “por quê?” . Em uma das manifestações na Av. Paulista em que paticipei, vi o poder que a massa pode ter. Acredito na violência na mesma proporção que acredito na paz. Sobre os Black Blocs é difícil responder assim. Até onde as medidas extremas podem resolver? Quatro anos de mandato passam, agora uma mancha que deixamos na história pode não passar nunca. Gelly’s Tattoo Rua Mourato Coelho, 939 – Vila Madalena (São Paulo/SP) (11) 3813-7239 www.gellystatoo.com.br www.fb.com/bonilucena


ARQUIVO PESSOAL

Sem Ovos

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Sem Leite

Sem Crueldade


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[ LIFESTYLE GIRL ]

Renatha Pires


Uma cantina italiana, uns drinks e uma bela mafiosa. Nas pĂĄginas a seguir, vocĂŞ vai conferir o resultado de todos esses ingredientes, em um ensaio estiloso, com toda a atitude dessa beldade. FOTOS Ludmila LĂśwer






Agradecemos à toda equipe do Cucina Si Italianissimo R. Itapura, 1582 Jd. Anália Franco (11) 4563-2971


ique Aqui

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[ UNS RIFFS ]

Paulão de Carvalho Velhas Virgens

NEM VELHO

NEM VIRGEM Paulão, vocalista das Velhas Virgens, fala sobre a carreira, mulheres, cerveja, e claro, algumas polêmicas TEXTO Diogo Dias com colaboração de Diego Martins FOTOS Ludmila Löwer

P

aulão recebeu a Lifestyle Tattoo em seu bar, o Velhas Virgens Rockin’ Beer, no bairro do Tremembé, zona norte de São Paulo. É entre o seu trabalho como redator no SBT, as turnês com as Velhas Virgens, o bar e a filha de 3 anos, que ele se divide e es-

banja energia. São 27 anos de estrada, sempre no cenário independente. Mas ele nem pensa em parar. Com lançamento do próximo disco previsto para o ano que vem, Paulão mostra que o rock n’roll e a cerveja têm sido muito mais eficazes do que formol.

LT - Você já fez bastante coisa legal, entre elas, escreveu livros... Paulão - Sim dois. Um se chama Loucuras do Rock com boas histórias dos clássicos do rock, envolvendo o Ozzy, Alice Cooper e tal. Mas esse foi o segundo. O primeiro foi o Na Terra das Mulheres Sem Bunda, que é a história da minha lua de mel em que eu fiquei 30 dias rodando pela Europa.

O nome foi inspirado em Paris. Lá as mulheres são lindas, mas bunda que é bom...

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LT - E você, prefere as mulheres com bunda? Paulão - Na verdade, a minha preferência, são as mulheres. Eu gosto de mulher no geral. Sem bunda também. Mas eu adoro pé, é meu fetiche desde adolescente. As mulheres me acha-


vam um cuzão, porque eu ia falar com elas olhando pra baixo, e elas me achavam tímido. Só que eu só queria ver os pés. Era um problema.

LT - Você fala bastante sobre as mulheres. Você nunca tomou uma guarda-chuvada de uma tia na rua ou um chute no saco de uma feminista? Paulão - Feministas que reclamam, geralmente são muito feias, cara. Porque mulher bonita tem mais bom humor. Tem muita gente que reclama de nós, mas isso é falta de prestar atenção. Porque estamos dando a nossa versão dos fatos. Ser machista, é achar a mulher inferior. Eu só digo o que a gente pensa sobre elas. O que eu acho uma gentileza. Somos honestos, o que é uma coisa rara. LT - Ainda mais nessa época do politicamente correto. A galera te enche muito o saco pelas redes sociais? Paulão - Cara, o politicamente correto é a bundisse oficializada. O que é o politicamente correto?

Passou uma bunda e você não pode olhar, porque você tá sendo tarado. Mas as pessoas estão cada vez mais adeptas da sinceridade, e as Velhas Virgens são apoiadas por ser sinceras. A gente fala o que os homens pensam (os heterossexuais, pelo menos), e a mulherada, principalmente, curte pra caralho. De vez em quando, aparece uma mais exaltada dizendo “pô, vocês só falam disso!”. Tem gente que acha que falar de política é mais duradouro do que falar de trepada. E as pessoas trepam há mais tempo do que fazem política. Quando lançamos nosso primeiro disco, me perguntaram como a gente ia conseguir lançar o segundo, porque não ia ter tema. Vamos lançar nosso décimo terceiro no ano que vem. Só que a putaria e a boemia nunca acabam.

LT - Apesar de tudo, as Velhas Virgens estão firmes e fortes. Ano que vem tem disco novo, não é? Paulão - Sim. Aliás, você tem que colocar isso em algum lugar! Estamos com um financiamento coletivo para a produção desse novo disco que vai se chamar Todos os Dias a Cerveja Salva a

Detalhe da tattoo que foi arte da capa de um dos discos de sua banda

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Minha Vida. O projeto está rolando no site do nosso parceiro nesse projeto, o www.comeca ki.com.br e tá muito divertido. Faltam alguns dias ainda e a galera pode ajudar com algumas quantias e cada valor tem um prêmio. Quem ajudar com R$ 200 ou mais, leva uma calcinha usada da Juliana Kosso, nossa vocalista.

LT - Vocês começaram as Velhas Virgens em 1986, mas só lançaram o primeiro disco em 1995. O que aconteceu nesses 9 anos? Paulão - Não sei, tem banda que nasce com muito talento, muita genialidade. A gente teve que ir se aprimorando. Quando a gente começou em 86, era só uma vontade de tocar na esquina. Entrei numa escola de música com 19. Ninguém que tem banda de rock, aprende a tocar numa escola de música, mas foi lá que eu conheci o Cavalo - o guitarrista da banda. Já com 21, comecei a escrever letras. Umas mais cabeças, tipo Legião Urbana e outras mais bebedeira e putaria. Ficamos meio assim até 90. Trocamos muito de baterista. Tivemos uns 20, em 5 anos. Enquanto isso, fomos escolhendo entre ser cabeça ou ser bebedeira. LT - Quem teve a ideia de montar a banda? Paulão - Eu montei a banda antes de conhecer o Cavalo. Na verdade montei uma banda em 85, antes de ir pro Rock In Rio, chamada Beba Cerveja e Seus Copos Quebrados. Com dois caras: um foi o primeiro baterista das Velhas Virgens e o outro nunca aprendeu a tocar guitarra. Quando voltei do Rock In Rio, eu e o primeiro baterista fomos pra escola de música e mudamos o nome para Velhas Virgens, por causa de um filme do Mazzaropi com o mesmo nome e que eu achava divertido. LT - O que você viu no Rock In Rio de 85 que te inspirou a manter a banda? Paulão - Eu cheguei lá e pensei “Um dia eu vou subir num palco desse aqui”. Eu sempre quis ter uma banda de rock. Eu cresci ouvindo Rock n’

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Roll. Sou o irmão mais novo, cresci ouvindo Beatles, Rolling Stones, Creedence Clearwater, Deep Purple, Rita Lee, Raul... Tudo isso. E queria muito montar uma banda. Mas eu sempre falei “tocar um instrumento é um negócio muito complicado, eu não vou conseguir”. Aí, com as bandas dos anos 80, especialmente Ultraje a Rigor, Camisa de Vênus, e o movimento punk, falei: “dá pra tocar que nem esses caras!”.

LT - E mesmo com o punk em alta nos anos 80, vocês caíram para outro tipo de som... Paulão - As pessoas chamam o que a gente toca de blues. Mas aquilo não é blues. É um blues porquinho, um blues “apunkalhado”. A gente nunca foi uma banda de blues. Pra isso tem que ter dinâmica, uma certa classe. Nós não temos classe nenhuma. Nós somos uns bêbados de merda, tocando punk. Mas isso de certa forma criou uma estética. Nossa música é muito simples, qualquer vagabundo toca. Muitas bandas que estão começando, tocam Velhas Virgens. O Marcelo Nova uma vez disse que nós somos os Ramones da putaria.. LT - E a putaria e a boemia foram as grandes razões pra você montar uma banda? Paulão - Tem gente que quer mudar o mundo com uma banda. Mas eles também se embebedam e comem todo mundo. O palco embeleza, cara. Além disso, as pessoas admiram a sua coragem de subir ali, mesmo que você faça mal feito, sabe? Se eu soubesse disso antes, tinha começado a banda com uns 3 anos de idade. Assim eu poderia comer alguém no colégio, porque eu era um nerd de merda. A única coisa que eu fazia de melhor quando era adolescente, era beber mais que os outros. A banda salvou minha vida, cara! LT - Quando vocês sacaram que a banda tinha se tornado algo foda? Paulão - Não sacamos ainda, na verdade. Vamos fazendo as coisas intuitivamente. A gente recolhe


o que as pessoas te contam, presta atenção no que acontece a nossa volta, bota as nossas experiências junto, e lógico, dá uma aumentadinha pra ficar divertido. Mas basicamente, a gente faz falando a real, cara. A gente fala de amor, só que de um ponto de vista real. Do ponto de vista de que todo mundo tá tentando dar uma trepada. É só dar uma limpada nesse excesso de poesia que as vezes é vendido, no excesso de fake mesmo, e falar a real. As pessoas leem a sinceridade.

LT - Parece simples, mas nem sempre é tão fácil expor essa sinceridade... Paulão - A coisa toda começou quando eu compus Buceta. Estávamos ensaiando umas músicas que falavam sobre bebedeira e tal. Até que um dia eu cheguei com essa música “elas falam de mais, mas tudo o que a gente quer é buceta”. Que é o cúmulo da sinceridade. Os caras falaram “nós vamos apanhar”. E eu disse pra gente tentar. Se desse merda, tudo bem. E essa música deu certo pra caralho. Foi quando eu disse “acabou, é isso”! Quem aceita buceta, aceita qualquer coisa. Depois eu fiz Abra Essas Pernas, que já era uma música mais elaborada, com um dueto. A música mais tocada em puteiros. Tem gente que tem hits. Eu tenho um hit de puteiro. LT - Você trabalha como redator, toca a banda e agora está com o bar. Tem alguma preferência entre escrever, tocar ou beber? Paulão - É tudo mais ou menos a mesma coisa. Mas o que eu gosto mesmo é de ser pai da minha filha. É a melhor coisa que já aconteceu na minha vida. Ela tem 3 aninhos. Tocar na banda é legal, conheci muitas coisas diferentes. Eu adoro ficar de plantão aqui no bar, lavo copo pra caralho, bato papo com as pessoas, bebo junto com elas. Gosto de escrever para TV também. É desafio escrever sobre qualquer coisa. Fazer pautas sobre sons que você não curte. É uma prova de sobrevivência usar o trabalho de escrever, para dar uma vida melhor pra minha família.

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Mas nada disso se compara com ser pai. Ainda mais de uma mulher. É incrível. Você sai do centro do universo. Quando nasce a sua filha, é por ela que você começa a viver. Eu dou minha vida fácil por ela. Você pode ser o putanheiro que for, ser pai derrete o coração de qualquer um.

LT - Com tantas histórias, você pensa em escrever sobre sua vida? O que acha dessa polêmica das biografias não autorizadas? Paulão - Acho que esses caras são uns idiotas. Deixa escrever! Se você acha que tem alguma coisa errada, alguma inverdade ou ofensa vá lá e processa o cara. Se a justiça disser que você está certo, você toma o dinheiro do cara e tira a merda que ele escreveu de circulação. Se não, vai se fuder e deixa essa porra. Se você é viado, e não quer que saia na biografia que você é viado, complica, né? Eu não gosto da Paula Lavigne só por ela existir. Não suporto essa mulher, cara.

Uma mala! Contra o Caetano, contra os outros eu não tenho nada. Mas contra ela... Posso não suportar uma pessoa? Então. É ela. Acho que essa onda de proibir as pessoas de escrever, é censura. O cara tem direito de escrever e publicar. Não gostou? Processa o autor. Agora, eu não tenho história pra biografia ainda não. Mas se alguém quiser escrever sobre mim, pode escrever o que quiser. Se a história for boa, mesmo que seja mentira, eu libero (risos). Eu acho isso censura. Gente que lutou contra a ditadura, não pode apoiar esse tipo de coisa. O Chico Buarque, por exemplo, é uma lenda, um ídolo meu, mas infelizmente as pessoas vão ficando velhas.

Mais na rede: Paulo de Carvalho - www.fb.com/paulo.decarvalho.9 Velhas Virgens - www.fb.com/velhasvirgensoficial Velhas Virgens - www.velhasvirgens.com.br

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NA AGULHA

Diogo Dias

Diogo Dias é vocalista da banda Vapor e amante de boa música. A cada edição indicará uma banda de categoria. diogodias.tgu@gmail.com

Anjo Gabriel Esqueça os rótulos e escute o som Numa noite quente no Recife, entre uma cerveja e outra, resolvi perguntar para um amigo meu se ele conhecia alguma banda de rock de lá que valesse a pena ouvir. Uma pergunta um pouco ingrata e que soou meio prepotente da minha parte. Porém, de alguma forma, ele entendeu que eu quis dizer e um nome já estava na ponta da língua: Anjo Gabriel. O mais legal dessa história foi que eu fiquei realmente intrigado com o som dos caras. A música deles tem muita energia, dá pra sentir logo na primeira audição. Você vai ler resenhas sobre o estilo vintage e o quanto eles são influenciados pelo rock progressivo dos anos 70. Mas aconselho que, antes de ler qualquer coisa sobre o Anjo Gabriel, ouça-os. É rock instrumental de muito

peso e cuidado com cada instrumento. Mas sem nunca soar metódico. Eles foram uma grata surpresa pra mim e mostram que o rock nacional está forte, com representantes no quatro cantos do país. Infelizmente, não pude vê-los ao vivo ainda. Fica a expectativa de ouvir de perto a potência do som instrumental classudo do Anjo Gabriel. Enfim, se eu fosse você já botava o primeiro disco dos caras pra rolar. Chama-se “O Culto Secreto ao Anjo Gabriel”. Depois me conte o que achou.

Para ouvir: tnb.art.br/rede/anjogabriel www.soundcloud.com/anjogabriel

Da esq. para dir., os integrantes da banda pernambucana e capa do O Culto Secreto ao Anjo Gabriel

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CAUSOS E PÉROLAS

Sr. Geléia

Cesar Vaz ou simplesmente Sr. Geléia, é proprietário e tatuador do Studio Gelly’s Tattoo. Divide seu tempo no vocal da banda Trovadores de Bordel. A cada edição nos contará um causo ou peróla do que viveu nos estúdios. gellystatoo@gmail.com

Aprendiz Mentiroso Parte 2 “A Tattoo” Na edição passada da Revista Lifestyle Tattoo, comecei a contar uma história absurda de um aprendiz de tatuagem que apareceu em uma de minhas lojas procurando trabalho com fotos roubadas de profissionais. Fotos que, nós reconhecemos, e até achamos elas na internet. Bom, aqui continuamos a história desse rapaz. Nesse dia, insisti que se ele arrumasse um cliente e viesse na minha loja tatuar um trabalho daquele nível, eu o contrataria no dia seguinte. Como o ser humano às vezes não tem limites, o tal rapaz me ligou e marcou um dia pra vir tatuar e eu conferir suas habilidades. Mais surpresos ainda ficamos, quando ele apareceu, com um rapaz do bairro dele, sem nenhuma tatuagem. Lógico que ele trouxe um desenho bem mais fácil de fazer que as fotos que ele tinha apresentado, mas tinha sua dificuldade. Era um rosto de Jesus, não tão realista, como se estivesse olhando por um buraco em forma de cruz. Difícil e necessitaria de traços retos e técnica de sombras bem suaves. Encaminhamos ele a uma estação de trabalho, e nem ficamos muito em cima pra ver o que ele estava fazendo. Só um dos nossos aprendizes que acompanhava o que ele fazia e nos trazia noticias, e já no início, tinha percebido que havia algo errado, pois ele só decalcou a forma de cruz primeiro, sem o rosto do Cristo, e ainda

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pôs meio torto nas costas do cliente. Passados uns quarenta minutos, nosso aprendiz vêm informando que o tal tatuador tinha feito somente uns dois traços de 15 centímetros, tudo torto, tremido e engrossando e afinando. Pronto, era o limite que eu estava esperando para ter certeza da incapacidade dele e que ele tinha indiscutivelmente roubado as fotos. Subi, mandei parar, e falei pra ele que, não só não tinha feito as fotos, como não era nem um aprendiz iniciante. Ele tentou me interromper, mas um dos nossos tatuadores, mandou ele calar a boca e me ouvir. Fato que fez o garoto entender que era melhor assumir o erro. Pois como disse no início da história, e repeti para ele quando voltei a falar, os tatuadores profissionais sofrem muito pra iniciar no ramo, trabalham e estudam muito, para um sabidão, por meio de mentiras, tentar pular etapas que ele mesmo não pode cumprir. Também disse que ele não tinha capacidade de fazer aquele trabalho, nem outros mais simples e tinha muito a aprender e treinar. Nesse momento, o cliente dele vai até o espelho e mesmo leigo no assunto, percebe a falta de habilidade do rapaz e fica deseperado. Acalmei o rapaz e disse que nós mesmos cuidaríamos de consertar e quem iria pagar era o tal tatuador. Tudo isso me fez perguntar aonde ele achou que isso ia levá-lo? Como ele ia se virar na primeira tattoo, se fosse contratado por aquelas fotos roubadas? Se ele tinha noção que até o amigo dele foi enganado pelas fotos ao aceitar fazer? Se fazendo de coitado, ele alegou que tal atitude foi por falta de oportunidade em studios. Mentira! Não deve ter ido a nenhum studio, e nem deveria ter feito isso antes de começar pelo menos a desenhar. Teve tempo de bolar esse plano tosco, de imprimir fotos, sair por aí enganando as pessoas. Mas não teve tempo de sentar a bunda e desenhar, copiar revistas, fuçar na internet, produzir algo que pudesse mostrar. Mesmo não tendo talento, mostraria vontade que às vezes, importa mais.


Fica aqui a dica pra todos que querem entrar no mercado. Antes de terem uma ideia absurda dessas, antes de comprar uma coleção de lápis de cor chique, antes de comprar o livro da Katty Von D, antes de se tatuarem inteiros para se parecer tatuadores, comprem um pacote de sulfite A4, uma borracha e uma caixa de lapis 2B. Saiam copiando tudo de tatuagem, escritos, Old School, oriental, símbolos, flores e tribais. Ruim ou bom,

vai treinar sua mão e olho. Sem criar nada, comece copiando desenhos já tatuados e aprendendo regras de tatuagem. Enchendo as folhas com pequenos desenhos, quando preencher o pacote inteiro de sulfite, você está pronto pra começar a procurar uma vaga de aprendiz, normalmente iniciando sem receber. E lembre-se de levar seus desenhos e muita boa vontade. Até a próxima coluna, com histórias que divertem e ensinam.

A Lifestyle Tattoo e o Mimos da Si te dão um porta baralho exclusivo, já com as cartas. Para participar é fácil: basta compartilhar o Post de lançamento da 3a edição no fb.com/revistalifestyletattoo. A promoção é válida até o dia 30/11 e no dia 01/12, divulgaremos em nossa Fan Page o nome do vencedor.

MIMOS DA SI

www.mimosdasi.com.br


AGULHADA

Brian Stecco

A cada edição traremos a opinião de um dos colaboradores sobre um assunto atual e que gera discussão.

A primavera sempre chega

FB.com/BLACK-BLOC-SP

Estreio essa coluna com um texto dedicado àqueles que carregam rosas sem temer machucar as mãos, pois seu sangue não é azul e nem o verde do dólar, mas vermelho da fúria amordaçada de um grito de liberdade preso na garganta. Logo, se você, amigo leitor, simpatiza ou sofre o mal da lobãozice galopante que vem assolando mentes não tão brilhantes do lado “destro” da sociedade, sugiro que não prossiga com a leitura. Finalmente após cerca de 30 anos, vimos um levante popular. Levante esse que já se tornou um marco histórico no âmbito de lutas sociais das classes trabalhadoras. Obviamente em seu início o governo deu pouco respaldo, a mídia burguesa fez uma cobertura tendenciosa sobre os fatos – desmerecendo a pauta e veiculando notícias que taxavam os manifestantes de vândalos – e a polícia, violentamente, reprimia as manifestações. Sim, é difícil manter um movimento contra hegemônico com um Estado fascista e uma mídia extremamente manipuladora e tendente à manutenção do status quo. Mas vamos ao que realmente interessa, ao foco desse texto: aos black blocs. Blocos esses, que, ao

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contrário do discurso da mídia conservadora, não são um grupo articulado, com liderança e componentes fixos, tampouco não é um movimento. Um black bloc (sim, letra minúscula e artigo indefinido) se faz durante os protestos, ele não existe nem antes e nem depois dos mesmos. Pensem: black bloc = bloco negro. Logo, esse bloco só pode existir quando manifestantes em conjunto o fazem. O bloco negro não existe no dia-a-dia fora do âmbito dos protestos. Black bloc é tática. É agredir e violentar símbolos e instituições que agridem e violentam as classes subalternas desde... sempre. A polícia que reprime na avenida é a mesma que mata na favela, é a mesma que promove uma “higienização” étnica e social à mando do Estado e do capital. A ação dos blocos não vem do nada. É resposta. É fúria amordaçada e alimentada ao longo de anos diante das mazelas impostas à esfera subalterna, ao trabalhador, àquele que não teve o “mérito” de nascer em berço de ouro. Costumavam dizer que essa geração que está nas ruas de cara coberta e peito aberto não era engajada, que não lutava pelos seus direitos. Bando de acomodados, diziam. A resposta dessa geração a essas críticas sem fundamento veio de baixo de chuvas de gás e de balas - letais na periferia- de borracha. Essa resposta veio em forma de contestação. Mudanças só acontecem quando se incomoda o sistema. E meu amigo, nada incomoda tanto quanto uma pedrada na vidraça, um soco na cara de um coronelzinho agressor e pau mandado ou um muro pichado com palavras de ordem. Nada. Se essa porra um dia mudar, convictamente, atribuirei essa mudança à juventude. Hail blocs! Vida longa! A revolução se faz descalço e com armas na mão. O futuro vos pertence.


AGENDA

Com barulho de maquininha ou não. As dicas que você precisa para curtir o melhor rolê! CONVENÇÕES DE TATTOO 2º Piracicaba Tattoo Fest

22, 23 e 24 de novembro Av. Maurice Allain, 454 Piracicaba (SP) www.fb.com/piracicabaeventos 3º Tattoo Art Festival

29 e 30 de novembro e 1º de dezembro Pavilhão Vera Cruz - Av. Lucas Nogueira Garcez, 856 São Bernardo do Campo (SP) www.tattooartfestival.com.br 2º Tattoo Week Rio 2014

6, 7 e 8 de dezembro Pavilhão de Exposições - Praça do Teleférico Barra Bonita (SP) www.barrabonitatattoo.com.br

3, 4 e 5 de janeiro Av. Rodrigues Alves, 10 Rio de Janeiro (RJ) www.tattooweek.com.br/rio www.fb.com/tattooweek

EXPOSIÇÕES

EXPOSIÇÃO Stanley Kubrick

1º Barra Bonita Tattoo Convention

Genesis - Fotografias de Sebastião Salgado

Imagens que o fotógrafo brasileiro, radicado em Paris, registrou entre 2004 e 2011. São 245 fotografias, que revelam maravilhas que permanecem imunes à aceleração da vida moderna – montanhas, desertos, florestas, tribos, aldeias e animais. Sesc Belenzinho - Rua Padre Adelino, 1.000 São Paulo (SP) www.sescsp.org.br/

Inédita na América Latina, a exposição reúne a singularidade das obras e influências do diretor na trajetória do cinema mundial a partir de centenas de documentos originais, como materiais em áudio e vídeo e diversos objetos de cena, documentos e fotos utilizados em seus longas-metragens. 11/out de 2013 a 12/jan de 2014 Museu da Imagem e do Som - Av. Europa, 158, Jardim Europa - São Paulo (SP) www.mis-sp.org.br/

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