A procura de um tesouro

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À Procura do Tesouro

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Era uma vez um menino, chamado Belarmino que gostava de brincar livremente pelo jardim de sua casa e imaginar histórias fantásticas. Certo dia, quando estava a brincar no jardim com a sua tartaruga, viu um caracol e, pasmem-se... preparava-se para dar uma dentada numa grande maçã. De repente, o céu ficou muito escuro, o dia desapareceu e transformou-se em noite Que estranho... pensou, mas... o que se passa? Tudo estava diferente, as flores, os pássaros, os frutos, tudo. Belarmino estava mesmo assustado, que se estaria a passar? Decidiu entrar em casa. Ligou a televisão, estavam a dar as notícias. A apresentadora explicava que estava a ocorrer um eclipse, mas não se sabia porquê. Belarmino endireitou os seus óculos e ficou pensativo. Era isso, um eclipse!

Belarmino

viu

pela primeira vez um eclipse. Continuava a olhar para fora e a ver tudo tão diferente. Tirou os óculos para limpar e já não via nada estranho, voltou a pôr os óculos e... Como era possível? Tudo mudava quando colocava os óculos.

 Preciso de apanhar ar fresco! – resmoneou.

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Foi então que reparou num papel enrolado, em forma de canudo, no chão.  Hum… o que será!? Nunca vi isto cá em casa! Abriu o papel e começou a desenrolálo devagarinho. Fazia um ruído invulgar e parecia nunca mais acabar. Era um mapa, tinha encontrado um mapa enorme, cheio de linhas e de números confusos, mas, no centro, desenhava-se com nitidez uma zona gigantesca verde, com uma mancha azul. Reparou que o primeiro ponto lá indicado apontava na direção da cave.  A minha cave? Será que estou a ver bem?! – disse atónito. Nem ousou tirar os óculos, com receio de que a sua curiosidade acabasse. Ao chegar à cave, esta parecia continuar para o subsolo por uma escada que nunca ali vira, e num papel amarelado, a letras bem desenhadas, lia-se: “O tesouro só podes encontrar enquanto o eclipse durar!” Nisto, Belarmino começava a sentir um calor abrasador, e os seus óculos começavam a ficar embaciados. Então, tirou os óculos para limpar à camisola, mas já não vira nem papel, nem escada. Reconhecera a cave, com a sua bicicleta ao canto, as ferramentas do pai desarrumadas, como a mãe sempre dizia, os patins que nunca usou… Mas com a frase às voltas na cabeça (“O tesouro só podes encontrar enquanto o eclipse durar!”), colocou de novo os óculos, desceu as escadas intermináveis, e agora estava num…  Não! Um labirinto não! Tinha que ser! Odeio labirintos! Não vou conseguir sair daqui! E quanto tempo durará um eclipse? E o tesouro? – questionava-se Belarmino indignado e ao mesmo tempo assustado.

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 Se ao menos estivesse aqui a minha amiga tartaruga!

A tartaruga de Belarmino, a Etwi, vivia naquela casa já ia fazer cinquenta anos. Claro, conhecia todos os cantos da casa e do imenso jardim, nunca se perderia. Mas sem a sua amiga, o labirinto parecia não ter fim. Ele estava perdido. Não havia sinal de saída. De repente, tropeçou num pequeno baú que brilhava no escuro. Sem pensar, pegou no baú e continuou a correr sem parar. Tinha de encontrar a saída, já estava lá dentro há quase duas horas. Do nada, as paredes começaram a fechar-se e havia uma voz que se tornava cada vez mais alta, mais alta, a cada passo que dava: “O tesouro só podes encontrar enquanto o eclipse durar!”. Viu, finalmente, a saída, mas só por uns segundos. Estava rodeado por quatro paredes e não havia escapatória possível, até que se lembrou: - Isso! Os óculos!

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O jovem tirou, imediatamente os óculos e reparou que nada tinha voltado ao normal. Ficou assustado. Gritou pelo pai e pela mãe e ninguém o ouviu.

- E se partisse os óculos? – pensou.

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Atirou-os ao chão, mas nada aconteceu; esmagou-os com os pés, mas nada! Atirou-os contra a parede e, sempre que tentava destruir os óculos, as paredes fechavam-se, lentamente. As palavras daquele enigma estavam a enlouquecê-lo! Por momentos pensou que estava a viver um pesadelo: aquela cave da sua casa estaria amaldiçoada? Onde estava o pai e a mãe, agora que precisava tanto deles? Às vezes eles eram uns chatos, mas agora seriam a sua salvação! Se ao menos a sua tartaruga estivesse com ele, sentia-se seguro e menos sozinho.

Olhou para o baú, que ainda reluzia, e não resistiu em abri-lo. Lá dentro estava um puzzle e as indicações estavam escritas numa língua estranhíssima. Ainda mais estranho era o espelho que estava junto ao puzzle. O espelho estava estilhaçado. “Se as partes do espelho queres juntar, nas paredes tens de confiar…” - alguém lhe disse.

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Pegou nos pedacinhos do espelho e tentou colá-los na parede. À medida que juntava os minúsculos bocadinhos, algo se começava a transformar. O mapa autodesenhava-se de maneira a dar continuidade ao trilho do labirinto.

Belarmino sentia-se cada vez mais assustado, mas agora a curiosidade despertou-lhe uma veia detetivesca. Aventurou-se pelo labirinto, o cheiro a humidade deixava-o agoniado e indisposto. Apetecia-lhe vomitar, mas tinha de continuar,… tinha de ser forte e continuar. “O tesouro só podes encontrar, enquanto o eclipse durar!” – continuava a martelar-lhe na cabeça a voz que agora o deixava cada vez mais louco. Quanto tempo faltava para que o eclipse durasse?

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Durante horas andou o pobre miúdo em círculo dentro do labirinto. Aflito, o rapaz só lhe apetecia chorar. Começou a olhar com mais atenção para o revestimento das paredes daquele labirinto. Eram de vidro,

um

vidro

fosco,

grosso e inquebrável. Um dos blocos não era de vidro, o material era coberto por uma camada espessa um pouco estranha, mas vidro não era. Bateu, raspou e nada se alterou. Encostou-se, cansado, e sentiu que estava a ser observado. “Estarei a ter alucinações?!” – pensou. De repente, ouviu um barulho estranho que vinha na sua direção. Achou suspeito. Decidiu aproximar-se, indo ao encontro do barulho. Para seu espanto deu de caras com a sua amiga tartaruga Etwi. Pendurado ao pescoço estava um bocado do mapa que faltava. E agora?

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Sentia-se mais confortável com a presença da sua amiga. Juntou os pedaços do mapa e seguiu em frente para tentar encontrar o tão desejado tesouro e sair dali. A esperança era pouca, mas a fome apressava a sua vontade de fugir de lá.

Decidiu tirar os óculos para ver se encontrava algo diferente, mas nada aconteceu. Adormeceu de cansaço. Passadas algumas horas, estava deitado na sua cama, no seu quarto, onde tudo voltara ao normal. Teria sido um sonho, toda aquela experiência? Levantou-se e, ao olhar a parede

do

quarto, novo

seu

viu o

de

mapa.

Nele, estava assinalado um outro lugar que representava uma segunda pista – um buraco no meio do jardim.

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Vestiu-se rapidamente para se dirigir ao jardim. Enquanto se vestia, lembrou-se: -O eclipse?! Será que já acabou? Ao chegar ao seu jardim apercebeu-se que, com óculos, o eclipse ainda durava, mas ao tirar os óculos o eclipse desaparecia. -Estou a enlouquecer! Afinal ainda estou a tempo de encontrar o tesouro? Nisto chega a sua tartaruga Etwi e diz-lhe que o tempo está quase a terminar para encontrar o tesouro. -Preciso de ajuda. Hoje de manhã, encontrei uma segunda pista que se situava aqui no jardim.- disse Belarmino -Eu sei. Rapidamente temos de entrar no buraco. – disse a tartaruga

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Os dois entram no buraco e, no fundo, a escuridão imperava. Tateando, avançaram devagar parecendo conhecer o lugar. As paredes lembravam o labirinto onde se tinham encontrado. A certa altura viram uma pequena luz e dirigiram-se para lá. A luz apontava numa certa direção que os dois seguiram. Minutos depois estavam em frente ao tesouro.

-Livros!! É este o tesouro?! - Perguntou Belarmino. -Nos livros encontramos o maior dos nossos tesouros - o conhecimento. Também tu um dia escreverás os teus livros com as descobertas que farás no futuro. Sabes Belarmino, tens alma de cientista e gostas de perseguir os teus sonhos, pelo que virás a ser famoso pela tua contribuição para a humanidade. -Como sabes tudo isso?! -Sou uma velha tartaruga que já viveu muito e, por isso, consigo prever o que se vai passar dentro de alguns anos.

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Atónito, Belarmino tira os óculos e vê o sol a tomar o lugar da lua. O eclipse tinha chegado ao fim e ele tinha descoberto o seu tesouro - o seu futuro.

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Este livro foi elaborado no âmbito do projeto eTwinning «A escrever, me dou a conhecer» A primeira parte foi escrita pelos alunos da Escola ISE Valadares, de Vigo; seguiramse os alunos da Escola Secundária Dr António Carvalho Figueiredo, tendo a mesma sido continuada no Agrupamento de Escolas de São Martinho em que participaram as diferentes turmas de 8º ano. As imagens são originais e resultaram da colaboração da professora Cristina Guise com esta atividade, sendo que as ilustrações foram feitas nas aulas de Educação Visual pelos mesmos alunos do Agrupamento de Escolas de São Martinho. A organização do livro ficou a cargo da coordenadora deste projeto, Lígia Carvalho.

São Martinho do Campo, 20 de maio de 2017 A Coordenadora Lígia Carvalho

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