Revista FECAM 1

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INTITUCIONAL

Mulheres e a representatividade em cargos eletivos A política como ação da cidadania é espaço da articu-

Na trajetória da representatividade das mulheres em

lação e as mulheres estão presentes e participam ativa-

cargos eletivos, destaca-se também a catarinense Anto-

mente. No cotidiano das políticas públicas temos, em

nieta de Barros. Mais do que a primeira mulher deputa-

nossos municípios, um percentual elevado de mulheres

da no parlamento de Santa Catarina, Antonieta foi tam-

na linha de frente. Nos espaços profissionais da educa-

bém a primeira mulher negra eleita no Brasil, em 1934.

ção, saúde e assistência social, nossa presença consti-

A biografia disponibilizada pela Assembleia Legislativa

tui a maioria dos quadros há muito tempo.

de Santa Catarina (ALESC) destaca que ela “assumiu

Em todos os setores e profissões as mulheres estão

o mandato à 1ª Legislatura (1935-1937), foi constituinte

presentes. Porém, quando observamos a representati-

em 1935 e Relatora dos capítulos de Educação e Cultura

vidade política em cargos eletivos, constatamos que a

e Funcionalismo. Em 19 de julho de 1937 presidiu a Ses-

proporcionalidade é muito inferior.

são da Assembleia Legislativa, sendo a primeira mulher

A história nos mostra que a representação em cargos

a assumir no Brasil a Presidência de uma Assembleia

eletivos sempre foi amplamente masculina. Desde os

Legislativa, conforme jornal A Notícia de 1937, ano em

primórdios da discussão sobre a democracia represen-

que iniciou o Estado Novo e os parlamentos de todo o

tativa, não estavam presentes as mulheres. Quando se

país foram fechados até 1945”.

discutia o que seria a essência da democracia, nem as

Ao observar a proporção do pleito de 2020, constatamos

mulheres, nem os escravos e nem as crianças faziam

que apenas 12% dos municípios brasileiros contam com

parte desta plenária de debates, pois a representativida-

mulheres à frente do executivo, apesar de representarmos

de não lhes era permitida.

mais de 51,8% da população brasileira e mais de 52% do

Registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicam que

eleitorado do país. Em nosso estado o cenário é pior: so-

a primeira mulher eleitora no Brasil foi a professora Celi-

mente 28 dos 295 municípios catarinenses são liderados

na Guimarães, após reivindicar o direito em 1927 no seu

por mulheres prefeitas, um percentual inferior a 10%.

município de nascença, Mossoró (RN). Na época, uma lei

As mulheres citadas acima quebraram barreiras, bus-

estadual acabava com a distinção de sexo para o exercício

caram seu espaço mesmo diante da hegemonia da

do voto. Foi apenas em 1932 que um grupo maior de mu-

masculinidade. Precisamos de mais representatividade

lheres conseguiu acessar o direito ao voto, mas era restrito

na política e em todos os lugares, temos muito espa-

as casadas (com autorização dos maridos) e viúvas com

ço a conquistar. E, por meio da FECAM, vamos seguir

renda própria. Dois anos mais tarde, depois de muita luta,

construindo ações a exemplo da Jornada em Defesa

foram extintas essas limitações e a Constituição Federal

das Mulheres Catarinenses, que busca fortalecer ações

passou, definitivamente, a prever o voto feminino.

de prevenção, proteção e atendimento às mulheres nos

A primeira prefeita do país foi Alzira Soriana, eleita com

municípios de Santa Catarina. Seguiremos trabalhando

mais da metade dos votos na cidade de Lajes (RN). Em

com resiliência, determinação e coragem para enfrentar

Santa Catarina, somente em 1988 tivemos a primeira

os desafios que nos cercam.

mulher eleita prefeita: trata-se de Maria Zandonadi De Carvalho, em Bom Jardim da Serra.

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Sisi Blind Diretora Executiva da FECAM


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