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Curitiba, terça-feira, 6 de março de 2012
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Ano XIII - Número 668 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo
Curitiba, 6 de março de 2012
lona.up.com.br
Tarifa de transporte público sobe para R$2,60
Diego Henrique da Silva
Curitiba já teve a passagem de ônibus mais barata do Brasil, fato que deixou a cidade como exemplo de transporte público. Com os anos a passagem aumentou, porém ainda é considerada barata por causa da integração existente nos terminais de ônibus. Pág. 3
Sobre duas rodas Um esporte que vai além de lazer. Também é meio de transporte para muitos curitibanos. Pág. 4
Fora de época Révellion depois do carnaval causa desconforto fora de época Pág. 2
O leitor Um espaço do jornal está reservado para você, leitor diário! Pág. 2
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Curitiba, terça-feira, 6 de março de 2012
Editorial À espera da mudança
Opinião
Comemoração? Ana Kruger
Por Willian Bressan Curitiba, 5 de março de 2012. Na segunda-feira cedo, algumas pessoas ainda se espantavam quando o cobrador pedia os 10 centavos a mais: “É 2,60.” “Subiu quando?”, perguntava o curitibano desatento ao noticiário e ainda sonolento. “Hoje”, respondia sem paciência o cobrador. O aumento, decorrente do reajuste salarial de motoristas e cobradores de ônibus, causou debates acalorados por se dar em um ano eleitoral. A Urbanização de Curitiba S/A (URBS) esperava a elevação de R$ 2,50 para R$ 2,80, mas o prefeito Luciano Ducci, prevendo impactos na sua reeleição, tentou minimizá-lo, mantendo-o abaixo do índice de inflação e da tarifa técnica (que está custando R$ 2,79). Embora o curitibano sinta pesar no bolso, o preço ainda é inferior ao de capitais como São Paulo (R$ 3,00); Porto Alegre (R$ 2,85); Rio de Janeiro (R$ 2,75); Campo Grande, Florianópolis e Cuiabá (2,70) e Belo Horizonte (R$2,65). Mesmo assim, considerando a série histórica, o custo do ônibus subiu 58% acima da inflação desde o início do Plano Real, em 1994, de acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A tarifa do ônibus precisa subir, a economia precisa girar, o salário dos cobradores e motoristas precisa ser reajustado anualmente. Mas a questão é: o aumento do valor da passagem é seguido por um aumento na qualidade do transporte público? Não. Parece haver uma relação inversa entre aumento de preço x qualidade. Ônibus atrasados, quebrados, sujos, além de uma completa ginástica que inclui pilates e equilíbrio durante a trajetória do ponto de partida até o destino de desembarque. Quem depende de transporte público espera constantemente melhorias no sistema público da cidade, aclamado como um dos melhores do mundo. Mas as mudanças nunca chegam ao consumidor final, só o peso no orçamento no fim do mês. E a população espera, espera, e espera. Quase como naquele filme “À espera de um milagre”. A diferença é que aqui é vida real, e a espera é por uma mudança de qualidade.
Expediente Reitor: José Pio Martins | Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto | Pró-Reitora Acadêmica: Marcia Sebastiani | Coordenação dos Cursos de Comunicação Social: André Tezza Consentino | Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira | Professores-orientadores: Ana Paula Mira, Elza Aparecida de Oliveira Filha e Marcelo Lima | Editoras-chefes: Renata Silva Pinto, Suelen Lorianny e Vitória Peluso. O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Joenalismo da Universidade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 - Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba - PR. CEP: 81280-30 Fone: (41) 3317-3044.
Neste sábado estava no shopping quando a conversa do grupo ao lado me chamou a atenção: “Mas o que é esse tal de révellion fora de época?” “Ah, é um evento do Facebook que deu certo!”, respondeu ao colega. “Ano passado estive presente na primeira edição do evento. De fato, a ideia era boa: ‘prova’ que o ano (oficialmente) começa só depois do carnaval e que a tal ‘frieza curitibana’ é só mais um tabu”. “Evento que deu certo?” Acho que não, a experiência do evento já não foi das melhores: falta de estrutura, lixo e mais lixo espalhado pelas ruas. Pensei em ir nesta edição, a promessa de que o evento seria mais bem estruturado quase me convenceu. Quase. Ouvi de amigos que havia banheiros químicos, mas que muita gente ainda optou por usar o da vizinhança afora. Tirando isso, tudo igual: um cenário de destruição. Os canteiros da estimada Praça da Espanha pisoteados, todo tipo de lixo espalhado pelo chão e muita bagunça de pessoas que exageraram na bebida e estragaram a festa dos outros. Os moradores da região chegaram a se mobilizar para reclamar do tumulto provocado na edição anterior, mas nada foi feito. Aliás, me corrijo, houve os poucos banheiros químicos. Não basta culpar um ou outro, a população que exagera na “comemoração” ou a falta de estrutura disponibilizada pela prefeitura. Ambos têm que estar conscientes de como devem contribuir para que o evento aconteça, para que possa, de fato, haver alguma comemoração.
Comemoração! Pamela Castilho
A ideia da festa do réveillon fora de época é interessante, sim: com boas condições de segurança, a comemoração na Praça da Espanha teve tudo para dar certo. O evento, criado e divulgado nas redes sociais, teve a confirmação da presença de, aproximadamente, 18 mil pessoas. A impressão ao chegar lá era boa, havia bastante policiamento e foram colocados banheiros químicos (cuidados que no evento do ano passado não foram tomados e fez falta). Outro ponto positivo foi para o comércio que lucrou. Acontece que a praça não tem a capacidade de comportar todas aquelas pessoas. O público ultrapassou o limite e por isso o resultado final foi, além da diversão, muito lixo e poucos conflitos. A praça ficou devastada. A Gazeta do Povo publicou na edição do dia 5 que não houve confusão. E realmente, durante quase todo o período de duração da festa não houve. Somente no final, aproximadamente, às 2h da manhã, houve correria e reação isolada da polícia. A boa notícia é que diferente das comemorações de pré-carnaval no Largo da Ordem, não foram registrados feridos. Refletindo sobre tudo, repito que a ideia da festa é boa, mas para o próximo ano precisarão ser feitas algumas adaptações. Seria apropriado escolher um local que se adéque mais às proporções do réveillon fora de época. Dessa maneira, é provável que na próxima edição, o resultado seja somente diversão.
Espaço do leitor! Este espaço é designado para você, leitor, que gostaria de dizer algo para o LONA. Aqui serão publicados cartas, e-mails, mensagens e afins, que forem mandados para a redação. É um lugar para expressar a sua opinião sobre o andamento do jornal-laboratório, matérias publicadas, assuntos polêmicos, reclamações e elogios, é claro. Tudo o que for recebido será lido e selecionado (se forem muitos) para aparecer nesta página. Aproveitem essa oportunidade de se expressar e compartilhar algo interessante com as outras pessoas.
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Curitiba, terça-feira, 6 de março de 2012
Passagem aumenta 4% depois de greve de cobradores e motoristas No primeiro dia da validação do aumento do transporte, falta troco e ônibus atrasam nos terminais Ana Kruger Amanda Lima
Desde a zero hora de ontem (05/03), a tarifa cobrada para a utilização dos ônibus que compõem a Rede Integrada de transporte (RIT) é de R$ 2,60. Já a tarifa técnica – que considera questões como a quilometragem e o número de passageiros – subiu de R$ 2,56 para R$ 2,79. Outras tarifas também sofreram mudanças: de R$ 25 a passagem do ônibus da Linha Turismo vai para R$ 27 e a da linha circular passa de R$1,50 para R$1,60. Nota no site da Urbs mostra que o aumento de 4% no custo da passagem está abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do período, que é de 5,63%. Depois de uma assembleia realizada na Praça Rui Barbosa na noite de segunda-feira (13/02), cobradores e motoristas entraram em greve reivindicando ajuste salarial. A proposta do Setransp - Sindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana – de um aumento de 7% foi negada pelo Sindimoc - Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e
Diego Henrique Silva
Região Metropolitana. Após dois dias de mobilização, que paralisaram Curitiba desde 0 h da terça feira (14/02) até o fim da tarde do dia seguinte, foi determinado um aumento de 23% do salário dos cobradores e 18% dos motoristas. Segundo a Urbs, o principal motivo do ajuste no valor da tarifa foi o aumento do custo de mão obra - consequência das reivindicações dos motoristas e cobradores do transporte coletivo de Curitiba e região metropolitana.
Consequências O novo valor trará efeitos negativos para o bolso de quem depende do ônibus todos os dias. Por exemplo, em uma família de quatro pessoas em que todas utilizam esse meio de transporte duas vezes nos dias úteis, significa um gasto de aproximadamente R$ 500 por mês. Considerando que a renda dessa família é de R$1244 (dois salários mínimos), os gastos com transporte comprometem 40% da renda. Segundo a professora de Economia da Universidade Positivo Leide Albergoni, além de ter impacto na inflação, o aumento da passagem de ônibus prejudica as empresas, que terão que repassar isso para seus custos e pagar mais aos funcionários.
A nova tarifa pesa para o passageiro que espera o mínimo de melhoria e segurança no veículo.
Tarifa de ônibus aumenta 45% em menos de sete anos Segundo dados do site da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), a tarifa de ônibus de Curitiba chegou a aumentar 45% por cento desde junho de 2005 até o último aumento em março de 2012. Em 2005 quando começou a tarifa de ônibus custava 1,80, ficando estabilizada até setembro de 2007 quando mudou para 1,90, depois novamente em janeiro de 2009 aumentando para 2,20 e em abril de 2011 para 2,50.
2004
2005
2007
2009
R$1,90 R$ 1,80 R$ 1,90 R$2,20
2010
2012
R$ 2,50
R$ 2,60
Em fevereiro de 2005 foi criada a TARIFA DE DOMINGO - R$1,00
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Curitiba, terça-feira, 6 de março de 2012
Ciclofaixa vai aumentar 11 quilômetros Mudanças não alteram outros problemas, como localização e dias de funcionamento Ana Kruger Amanda Lima
Na medida em que as cidades vão crescendo, o planejamento urbano se torna cada vez mais um foco de discussão. No caso de Curitiba, um dos últimos projetos desenvolvidos foi o Plano Diretor Cicloviário. Eliana Fachim, responsável pela área de Mobilidade Urbana do IPPUC (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba), explica que o plano “estabelece diretrizes de implantação de infraestrutura cicloviária na cidade toda e prevê a médio e longo prazo aumentar essa infraestrutura para até 400 Km”. Ela esclarece que o Brasil ainda não possui um manual cicloviário oficial, assim, cada cidade se adapta de acordo com suas necessidades. No caso da capital paranaense, “o plano prevê a implantação de infraestrutura cicloviária integrada, seja ciclovia, ciclofaixa ou calçadas compartilhadas”, complementa. Eliana também comenta que, quando o metrô estiver implantado, parte da área hoje utilizada por ônibus (canaleta do expresso, sentido CIC-Centro) será transformada exclusivamente em ciclovias. Segundo dados da prefeitura, atualmente, a malha cicloviária de Curitiba é considerada a segunda maior do país, e conta com 120 quilômetros que ligam a cidade nos sentidos nortesul, leste-oeste. Ainda confundidos pela população, os termos ciclo-
Oscar Cidri
via, ciclofaixa e calçadas compartilhadas possuem algumas diferenças. As ciclovias são vias exclusivas para o trânsito de bicicletas, separadas do tráfego comum. Já as ciclofaixas são espaços que em dias determinados são direcionadas ao trânsito de ciclistas, localizadas junto às vias de trânsito de automóveis. A mais comum é a calçada compartilhada, via utilizada para o trânsito de bicicletas e pedestres simultaneamente. Problemas Ainda que a maioria dos que a utilizam considerem a bicicleta um meio de transporte, o projeto da ciclofaixa tem sido visto, principalmente, como um espaço destinado ao lazer da população. Uma das principais reivindicações dos ciclistas é, além da pouca extensão e da largura da faixa, o seu posicionamento nas ruas. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, a faixa deveria estar posicionada no lado direito da pista. Segundo Eliana Fachim, o plano inclui mudanças apenas em sua quilometragem, passando de quatro para 15 quilômetros. No dia da inauguração da ciclofaixa (23/10/2011), no qual seria realizado o “Circuito na Ciclofaixa de Lazer”, cerca de 200 cicloativistas se mobilizaram para demonstrar seu descontentamento com modelo apresentado. Outra situação contestada foi a disponibilização do espaço apenas aos domingos. O Plano Diretor
Protesto no dia da inauguração da ciclofaixa.
Cicloviário não propõe mudanças nesse aspecto. O estudante Oscar Cidri participou do protesto que marcou a inauguração da ciclofaixa na capital. “Estive no protesto da inauguração da Ciclofaixa de Lazer da prefeitura e a principal reivindicação dos ciclistas é que a prefeitura reconheça na bicicleta uma opção de transporte. Que promova ostensivas campanhas de conscientização e educação dos motoristas, que sinalize as vias da cidade com placas e que, principalmente, construa ciclovias e/ou ciclofaixas nas ruas da cidade, principalmente nos grandes eixos de transporte e em outros também”, relata. Oscar afirma que está vinculado a algumas associações existentes na cidade que discutem questões importantes para quem utiliza a bicicleta no dia a dia. “Dentre essas associações temos a Cicloiguaçu, entidade representativa dos Ciclistas de Curitiba e
Região. Existe também um
movimento muito bacana que se chama Bicicletada ou Critical Mass. Não tem líderes, diretores e nem personalidade jurídica, é uma organização espontânea, os ciclistas se reúnem todo último sábado do mês no pátio da Reitoria da UFPR, às 10h, e saem pelas ruas do centro da cidade, com palavras de ordem, cartazes inventivos, panfletos, muita discussão sobre mobilidade urbana e celebração da opção modal que fizeram”, comenta o estudante.
O que os ciclistas acham? Nome: Rafaela Vanni Idade: 18 anos Profissão: estudante Relação com a bicicleta: Rafaela utiliza a bicicleta, principalmente, como meio de transporte, mas também já participou de bicicletadas.
Estrutura de Curitiba para ciclistas: Não utiliza a ciclofaixa, por afirmar que a forma como a ciclofaixa foi implantada não está correta. Também confessa que já não considera mais a possibilidade de utilizar as ciclovias como vias transitáveis, pois a população utiliza a área para lazer, impedindo a passagem dos ciclistas. Ela acaba pedalando na faixa comum junto com outros veículos, e reclama do desrespeito com os ciclistas: “Pedalo no meio da rua, sendo desrespeitada por motoristas ignorantes”. Rafaela chegou a participar do protesto no dia da inauguração da ciclofaixa e argumenta: “Como vou usar a ciclofaixa se eu pedalo sempre e ela só é disponibilizada uma vez ao mês?”. Serviço www.cicloviasdecuritiba. com.br www.bicicleteiros.com.br