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Ano XV > Edição 982 > Curitiba, 07 de outubro de 2015
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O espectro dos distúrbios de ansiedade Desde esquivas sociais até crises de pânico, a ansiedade pode se manifestar de diversas maneiras - todas elas tratáveis. p. 3 e 4
EDITORIAL “Quando algumas dessas emoções passam a ser em excesso, é preciso ficar atento” p. 2
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OPINIÃO “A impressão que tive quando vi crianças na fila do show da cantora Katy Perry foi...” p. 2
Primeiro bebê de proveta do Brasil nasceu há mais de 30 anos Nascimento de Anna Paula Cladeira em 1984 abriu possibilidades para que cientistas desenvolvessem técnicas mais avançadas de repordução.
#PARTIU p. 6
Peça “O Beijo do Vampiro”, que adapta conto de Dalton Trevisan, está em cartaz no Teatro Novelas Curitibanas. p. 6
COLUNISTAS Jorge de Souza “A política é a arte de negociar. Quem se nega a aceitar essa máxima tende a padecer no isolamento ou até mesmo ser deposto de suas p. 5 funções” Brayan Valêncio “O Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, propôs a volta de um imposto que já é velho conhecido dos brasileiros: a CPMF. Mas o que de fato é a CPMF? Qual a sua função?” p. 5
LONA > Edição 982 > Curitiba, 07 de outubro de 2015
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EDITORIAL
Tô com pressa! Alegria, tristeza, angústia, medo. Nosso corpo conhece vários sentimentos e ter um pouco de cada um é normal. Mas quando algumas dessas emoções passam a ser em excesso, é preciso ficar atento. Sentir angústia várias vezes ao dia e ter medo de sair de casa ou de ir a lugares com muitas pessoas é um sinal que requer atenção. A correria do cotidiano, o stress no trabalho, e milhões de compromissos às vezes nos deixa loucos em meio a esse turbilhão de coisas nem sempre damos atenção devida a nossa saúde. Você já se sentiu sufocado? Quis correr pra algum lugar longe? Fique atento: você pode estar passando por uma crise de ansiedade, muito comum nos brasileiros hoje em dia. A matéria do Lona dessa semana tem como tema a ansiedade e os transtornos que essa doença provoca nas pessoas. Atualmente 85% das pessoas que sofrem de transtornos mentais não recebem tratamento específico nos países em desenvolvimento, como o Brasil. É preciso estar atento a nossa saúde. Quando a ansiedade passa dos limites e começa a prejudicar tanto vida pessoal e profissional, é hora de rever a situação. Hoje em dia existem vários tratamentos para esse problema. Não é vergonhoso sofrer desse mal e é preciso buscar ajuda e ter a família e amigos ao lado. O tratamento para esses transtornos evoluiu bastante, fazendo com que tenhamos diversas formas de terapias para nos tratar. Os medicamentos também evoluíram e a tarja preta não é tão usada como era antigamente. Novos remédios possuem o poder de acalmar a pessoa sem ter uma dose pesada no organismo. Após uns meses você já vai se recuperar e os medicamentos serão retidos. O que não se pode fazer é tratar o transtorno de ansiedade como um “mal mental sem cura”. É necessário ir a fundo em busca de informações e procurar uma vida mais saudável para seu corpo e sua mente.
OPINIÃO
Confundindo naftalina com mentos Sarah Menezes
A impressão que tive quando vi crianças na fila do show da cantora Katy Perry foi a mesma que tenho quando vejo um pequeno segurando um vidro de desinfetante, achando que é refrigerante: é colorido, mas não é pra você. Entristeço-me com o descaso dos pais em relação ao conteúdo que seus filhos têm absorvido. A cantora pode até ter fama de bem educada, gentil e tudo mais, porém o conteúdo das suas músicas e principalmente o nível de sensualidade dos seus vídeos clipes é, pra começo de conversa, inapropriado para menores de – no mínimo- catorze anos. Acredito que o mais alarmante é que essas crianças não estavam sozinhas: menores de 13 anos deveriam ir acompanhados de um responsável. Isso significa que uma mãe ou pai achou que seria legal levar o seu filho ao show de uma moça que costuma estar nua em suas performances em clipes. Sabemos que não há problema algum em um artista interpretar suas músicas de forma sensual, mostrando seu corpo ou não. Mas acredito ser óbvio o quão inapropriado é inserir uma criança em um ambiente sensual antes da devida idade. A Psicologia afirma que a sexualidade de um ser humano é desenvolvida no decorrer da sua infância. Paro para pensar o quão influenciado um pequeno menino poderia ser, ao ver uma mulher seminua em meio a doces e sorvetes (como o clipe de California Girls, de Katy Perry). Seu corpo facilmente pode passar a significar um objeto de divertimento. Logo nessa era em que as mulheres têm lutado tanto pelo direito de ter seu corpo respeitado – e não utilizado.
Expediente
Reitor José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto Diretor da Escola de Comunicação e Negócios Rogério Mainardes
Katy Perry se apresentou em Curitiba no dia 29 de setembro, na Pedreira Paulo Leminski > Foto: Marcos Mancinni
É aquela história dos livros infanto-juvenis que tanto têm feito sucesso. Os pais estão lá, na fila das livrarias, esperando pelo autógrafo do novo livro do John Green, para a filha de doze anos. Mal sabem dos palavrões, do descaso em relação aos pais, e de todos os valores que algumas das histórias “de amor” do autor estraçalham.
Começa lá na infância, com um ou outro livro que os personagens desrespeitam os pais em função do primeiro amor da escola – que sempre dura até o final da história. Mais tarde, entra aquela banda que incentiva comportamentos rebeldes. E enquanto isso, esse pequeno ser humano vai crescendo nesse ambiente “maravilhosamente educativo”.
Não é uma questão de religião ou ideologia. É uma questão de princípio mínimo de uma sociedade que tem como base a família - no caso do Brasil. “Que salada essa menina fez nesse texto”, você pode estar pensando. É uma salada mesmo, senhor leitor. É mais do que isso: é uma bola de neve.
Não gostaria que John Green fosse abolido, ou que a Katy Perry não gravasse mais vídeos sensuais. Mas adoraria ver os pais dos pequenos consumidores desses materiais cientes da idade dos seus filhos e da influência que tudo isso tem na formação da personalidade deles.
Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira Professora-orientadora Ana Paula Mira
Coordenação de Projeto Gráfico Gabrielle Hartmann Grimm Editores Daniele Vieira, Davi Carvalho, Luis Izalberti e Murilo Prestes Editorial: Da Redação
Curitiba, 07 de outubro de 2015 > Edição 982 > LONA
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GERAL
Aparecendo de diversas formas, distúrbios de ansiedade ainda são propiciados pelo tratamento inadequado ou sua ausência De crises respentinas a preocupações triviais, transtornos de ansiedade podem se manifestar de diversas maneiras. Ana Clara Faria
Você tem se sentido ansioso(a) ultimamente? Seus medos costumam ser desproporcionais às situações, pessoas ou acontecimentos enfrentados? Você tende a se esquivar do que lhe causa tensão? O nervosismo interfere em sua vida familiar e social? Se as respostas foram afirmativas, não se preocupe: você talvez esteja entre milhões de pessoas no mundo todo que sofrem com os mesmos problemas. De origem instintiva, a ansiedade é uma resposta natural do organismo a situações potencialmente perigosas, ameaçadoras ou causadoras de algum tipo de tensão, fazendo com que, diante desses obstáculos, nosso corpo reaja física e psicologicamente. Atividades como se apresentar em público, prestar um exame ou comparecer a uma entrevista de emprego costumam causar nervosismo na maioria das pessoas. Quando, porém, as respostas do organismo a situações do dia a dia passam a ser intensas e persistentes, trata-se de uma ansiedade patológica, que deve ser avaliada por um médico especializado. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), até 85% das pessoas que sofrem de transtornos mentais em países em desenvolvimento – como o Brasil – não recebem tratamento específico. Ainda de acordo com a organização, no país há, em média, apenas 3,49 psiquiatras para cada cem mil habitantes. Ainda as-
No Brasil, o “trarja preta” rivotril é o principal medicamento utilizado contra a ansiedade, muitas vezes como automedicação > Foto: Ana Clara Faria
sim, levantamentos realizados pela empresa IMS Health indicam o ansiolítico Rivotril como um dos dez medicamentos mais vendidos no Brasil. Alguns dos principais transtornos de ansiedade são a Síndrome do Pânico, o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), a Ansiedade Social e o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).
Crises repentinas A Síndrome do Pânico é um transtorno no qual o paciente tem episódios súbitos de intensa ansiedade; são ataques de pânico que não têm associação direta com situações ex-
ternas. Durante os episódios, os sintomas mais comuns são o medo de enlouquecer, ter um ataque cardíaco ou morrer, sensação de aperto ou dor no peito, respiração curta e ofegante, palpitações, tremores, sudorese, tonturas, náusea, ondas de calor ou frio e sensação de desmaio.
a sensação de que estava caindo”. Por demorar a procurar tratamento para o transtorno, as crises se intensificaram. “Passei dias sentindo um pavor constante”, conta Giovana. “Sentia medo de tudo: quando o telefone tocava, na hora em que acordava ou quando ia dormir, porque só tinha pesadelos – e eu não A psicóloga Giovana Tessaro, que sabia o que era pior, o pesadelo ou já sofreu do transtorno, tem lem- a realidade”. branças de seus primeiros ataques – um deles aconteceu dentro de Na época, Giovana trabalhava no uma livraria, em um shopping cen- setor de Recursos Humanos de ter. “Era bem esquisito, porque não uma empresa. Mas, depois de onze tinha nada para eu sentir medo, mas meses de licença, decidiu mudar eu estava sentindo. Era bem con- de profissão, e hoje atua na área centrado no peito”, relata. “Quando da Psicologia. “Acabei indo para a os momentos de pânico se torna- clínica, porque a experiência [com ram piores, eu tinha o tempo todo o transtorno] me fez ver o quanto
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GERAL o sofrimento pode ser avassalador”, diz. “E eu queria, pelo menos, aproveitar essa experiência para tentar ajudar pessoas que também passassem por um sofrimento como esse”, conclui Giovana.
Pensamentos “intrusos” O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) também faz parte do espectro dos distúrbios de ansiedade. “Caracteriza-se pela presença de fenômenos obsessivos, que são pensamentos, imagens mentais ou impulsos para agir que geram comportamentos compulsivos”, explica o médico psiquiatra Alexandre Laux. As obsessões são relacionadas a imagens, ideias ou pensamentos que, embora indesejados, são frequentes e incontroláveis. “Os sintomas obsessivos são egodistônicos, ou seja, são contra o que de fato a pessoa pensa, contra seus preceitos”, diz Laux. Para aliviar a ansiedade gerada pelas obsessões, a pessoa passa a adotar certos rituais ou rotinas – as compulsões –, tendo a sensação de que, caso não os faça, algo ruim pode acontecer. Algumas obsessões comuns são a preocupação excessiva com germes e contaminação, medo irracional de cometer atos violentos e causar danos ao próximo ou a si mesmo e atenção extrema a números, simetrias ou padrões. Consequentemente, esses pensamentos fazem com que a pessoa lave as mãos, limpe a casa, verifique as portas, as luzes e os eletrodomésticos várias vezes ao dia; ou repita atividades, gestos ou palavras para controlar as obsessões. Quem sofre de TOC tende a dedicar, diariamente, várias horas a essas rotinas e rituais – o que pode interferir em sua vida pessoal e profissional.
Esquiva social
“A ansiedade é altamente tratável - ninguém precisa sofrer sozinho e em silêncio”
Apesar de ser muitas vezes confundido com timidez ou introspecção, o Transtorno de Ansiedade Social não é um traço de personalidade. “Timidez é um temperamento”, explica Sally Winston, psicóloga e co-diretora do Anxiety and Stress Disorders Institute (ASDI) em Maryland, nos Estados Unidos. “Muitas pessoas socialmente ansio- manifestação desses sintomas deve sas não são tímidas em situações durar, no mínimo, seis meses para das quais não têm fobia, e podem que seja considerado o diagnóstico até ser extrovertidas.” de TAG. A pessoa com ansiedade social tem receio em ser observada, julgada ou criticada por outras pessoas, já que tem medo do constrangimento público. “Elas [pessoas que sofrem desse transtorno] podem ter excelentes habilidades sociais, mas têm medo de não conseguirem usá -las”, conta Sally. Algumas das atividades que normalmente causam tensão nesse tipo de ansiedade são falar em público, fazer perguntas, alimentar-se em frente a outras pessoas e participar de reuniões sociais como jantares, festas, casamentos, celebrações religiosas, entre outras.
Causas e tratamentos A origem dos diversos tipos de ansiedade patológica está na combinação tanto de elementos genéticos quanto ambientais. Eventos causadores de estresse físico e/ou emocional, como traumas, problemas familiares, descontentamento profissional, doenças e uso abusivo de álcool e substâncias ilícitas, são grandes desencadeadores de transtornos ansiosos.
“De uma forma geral, o tratamento [dos transtornos de ansiedade] consiste na realização de psicoteraTudo preocupa pia associada ao uso de fármacos”, Diferente dos distúrbios apresen- afirma Alexandre Laux. tados acima, no Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) não Antidepressivos como os cloridrahá medo apenas de situações es- tos de sertralina, paroxetina e fluopecíficas; o TAG é uma ansiedade xetina têm sido amplamente receiconstante e abrangente, isto é, o tados por médicos psiquiatras, nos paciente apresenta preocupação últimos anos, para o tratamento excessiva e recorrente com relação de transtornos de ansiedade. “São a diversos eventos e situações do antidepressivos com ação serotocotidiano, apresentando sintomas ninérgica, tendo efeito ansiolítico”, como falta de concentração, irri- explica Laux. tabilidade, fadiga, palpitações, sudorese, dor de cabeça, falta de ar e Os medicamentos benzodiazepínicos – que fazem parte do grupo distúrbios gastrointestinais. dos remédios popularmente coSegundo o Manual Diagnóstico e Es- nhecidos como “tarja preta” – tamtatístico de Doenças Mentais da As- bém são uma alternativa de tratasociação Americana de Psiquiatria, a mento para a ansiedade; mas não
devem ser consumidos sem orientação médica. “Devem ser usados por um curto período de tempo, nas crises agudas, e depois devem ser retirados”, explica o psiquiatra Roberto Ratzke. Por seu potencial de causar dependência, o consumo desses remédios exige moderação. A psicoterapia, outra forma de tratamento recomendada pelos especialistas, pode ser uma grande aliada no controle da ansiedade no dia a dia. Segundo a psicóloga Natascha Bravo de Conto, a terapia auxilia no desenvolvimento da autoconsciência do paciente, que entra em contato com as questões que trazem ansiedade. “A psicoterapia proporciona ferramentas para que a pessoa seja capaz de tomar as rédeas e resolver sua condição”, conclui Natascha. A atividade física também é, comprovadamente, benéfica no tratamento desses transtornos. Segundo a OMS, exercícios aeróbicos – como caminhadas – podem ser tão eficazes quanto práticas de meditação. Sally Winston afirma que a aceitação do nervosismo também é importante para a superação da ansiedade. “A maioria deles se intensificam se a pessoa está tentando urgente e desesperadamente fazê-los sumir; nesse sentido, paradoxalmente, esperar, aceitar e permitir que os sintomas tomem seu próprio curso é uma melhor abordagem”, diz. Sally ainda recomenda, a jovens que sofrem de ansiedade, o diálogo com a família ou os amigos, além da consulta a websites sobre o assunto. “A ansiedade é altamente tratável”, afirma. “Ninguém precisa sofrer sozinho e em silêncio”.
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COLUNISTAS
Politicalizando
Jorge de Souza
Encurralado A política é a arte de negociar. Quem se nega a aceitar essa máxima tende a padecer no isolamento ou até mesmo ser deposto de suas funções (não é mesmo Dilma?). Sempre é válido ressaltar que nem todo acordo é ilícito, assim como a vida pública em si não é. Mas para manter-se vivo nesse meio é necessário ter (e continuar com) uma posição definida. Deserção e indecisão são crimes que o povo não aceita. Os políticos muito menos, pois todo mundo que dá algo espera receber outra coisa em troca. Essa re-
lação é própria do ser humano, sendo abordada até mesmo pelo mestre da psicanálise, Sigmund Freud. Aqui no Paraná, o nosso principal político costuma se enfiar em algumas “arapucas” pelo seu caminho, como a diminuição da tarifa do transporte público em Curitiba quando ele ainda era vice-prefeito (na chapa de Cassio Taniguchi). O fato adiante se transformaria em uma bomba relógio, explodindo nos sequenciais aumentos no preço do bilhete. Richa, já
como governador do estado, equilibrou a balança realizando o depósito de subsídios para a Prefeitura, gerida na época por Luciano Ducci (seu ex-vice). Mas quando Gustavo Fruet assumiu, o auxílio acabou e a crise acima citada se instaurou. Não foram apenas por 15 centavos. É apenas um negócio mal planejado, meus caros. Nas eleições para o Palácio Iguaçu no ano passado, Richa sabia que precisaria de aliados poderosos para tornar mais fácil sua reeleição e procurou duas famílias importantes no estado. Ricardo Barros e Cida Borghetti formam o casal de maior influência no norte do estado, sendo Barros “amigo” de longa data do governador, tendo sido inclusive apoiado por ele na corrida ao Senado em 2006. Além deles, foi procurado os “Massas”, com o Ratinho pai conseguindo colocar seu filho como Secretário do Desenvolvimento Urbano do Paraná. O grande problema dessa história é Freud. Ou melhor, a teoria do psica-
nalista. Lembram-se que tudo que é cedido na vida espera algo em troca? Pois é. Tanto Cida quanto Ratinho Jr esperam suceder Richa em sua cadeira daqui a três anos e é impossível dois reis no comando. E para um governador que ainda anda em gelo fino desde o turbulento início de segundo mandato, qualquer ruído em seu governo pode levar à ruína a pretensão do tucano em chegar a Brasília. Vale ressaltar que adversários como Osmar Dias e Gleisi Hoffmann estarão brigando por duas vagas ao Senado. A bomba relógio já está armada. O PSDB a cada dia perde mais peças dentro do estado (Álvaro Dias está a um passo de deixar a legenda) e fica cada dia mais refém do PMDB (olha o cenário federal se repetindo de novo). Cada vez mais as eleições dos grandes municípios e do estado se tornam um jogo de trocas, a arte do negócio. E nesse esporte, Richa ainda precisa melhorar muito sua performance.
A Regra do Jogo Que o Brasil está passando por um momento de crise, não há como negar. A taxa de juros (Selic) está alta, o desemprego cresce relativamente rápido, o país está perdendo grau de investimento, o PIB está ficando negativo, a economia está em retração - e isso tudo além da crise política que tanto domina os noticiários do país. E em meio a esse cenário, como forma de recuperar a economia e colocar o Brasil de volta aos trilhos do crescimento, o Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, propôs a volta de um imposto que já é velho conhecido dos brasileiros: a CPMF. Mas o que de fato é a CPMF? Qual a sua função? Ela tem data para acabar? A Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) foi um imposto criado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em 1997 e sua função era cobrir os gastos com saúde do Governo até 1999, mas o
tributo acabou sendo prorrogado até 2002 para cobrir gastos também com a Previdência Social. Novamente houve a prorrogação até 2007, quando então o Senado derrubou de vez o imposto e, então, a CPMF que era planejada para três anos, acabou ficando em vigor por dez. Agora, a ideia é trazer esse imposto de novo, mas para cobrir somente o déficit da Previdência Social. Para que isso de fato ocorra o Congresso Nacional precisa aprovar em dois turnos a proposta em ambas no Senado e na Câmara. A proposta é que todas as transações bancárias tenham como percentual cobrado de 0,2% desse dinheiro em questão. Apesar de ser uma proposta impopular, o ministro Levy garante que a CPMF será um tributo que durará quatro anos e logo depois será extinto novamente. No dia 22 de agosto, a presidente
Desmistificando Brayan Valêncio
Dilma Rousseff encaminhou ao Congresso a emenda para a nova CPMF e agora cabe aos parlamentares decidirem o futuro desse novo (velho) tributo. Ela é apenas uma das propostas do pacote de cortes e receitas que o Governo criou para tentar controlar a economia (o corte de 8 dos 39 ministérios, também é uma forma de gastar menos). A situação para a presidente não é favorável, já que ela tem que responder as pedaladas fiscais e a reabertura de um inquérito no TSE que avaliará se houve utilização de verbas desviadas da Petrobras e abuso de poder nas eleições de 2014. Também
há uma baixa na popularidade, pois o Governo Federal registrou déficit primário, ou seja, gastou mais do que arrecadou no último ano - além dos projetos impopulares que vem tentando aprovar e dos vetos as “pautas-bombas” que aumentariam os gastos da União. No final das contas a presidente está encurralada - porque se relutar em aprovar projetos que os deputados e senadores acham “justos” terá a antipatia deles, mas, se aumentar diversos impostos e acatar tudo aquilo que o legislativo propor, irá continuar em queda livre (como já vem sendo) com a população no geral.
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ACONTECEU NESTE DIA
Nascia o primeiro bebê de proveta brasileiro No ano de 1984 nascia no Brasil, mais precisamente no estado do Paraná, Anna Paula Caldeira - o primeiro bebê de proveta do Brasil. O bebê de proveta abriu a possibilidade para que os cientistas desenvolvessem técnicas mais avançadas de reprodução. O método de nascimento foi criado pelo cientista britânico Robert Geoffrey Edwards e consiste em retirar o óvulo da mãe
e fertiliza-lo com o esperma do pai e depois coloca-lo dentro do útero da mãe - e a partir daí o processo de crescimento do feto ocorre normalmente. O advento do procedimento fez Roberty Edwards ganhar um prêmio Nobel de Medicina. Atualmente cerca de 4 milhões de pessoas já nasceram pelo método do bebê de proveta.
Anna Paula Cladeira quando bebê. Hoje Anna comleta 31 anos. > Foto: Arquivo pessoal
#PARTIU Teatro Beijo do Vampiro Local: Teatro Novelas Curitibanas Data: até 25/10 Horário: qui a dom, às 20h Ingressos: gratuito Marido, Matriz e Filial Local: Miniauditório Guaíra Data: até 25/10 Horário: 20h (sex e sab) / 19h (dom) Ingressos: R$ 40 (½ entrada: R$ 20)
Exposições Segunda Infância Local: Museu da Fotografia de Curitiba Data: até 10/12 Horário: 9h às 18h (ter a sex) / 12h às 18h (sab e dom) Ingressos: gratuito Cintia Ribas: Almanaque para entrevistar surrealismos Local: Boiler Galeria Data: até 05/12 Horário: 14h às 19h (seg a sex) Ingressos: gratuito
Shows Sincopé Local: Teatro do Paiol Data: 09/10 e 10/10 Horário: 20h30 Ingressos: R$ 20 (½ entrada: R$ 10) Música para gente miúda Local: Teatro da Caixa Data: de 09/10 a 11/10 Horário: 19h (dia 09) e 17h (dias 10 e 11) Ingressos: R$ 10 (½ entrada: R$ 5)
Conto de Trevisan ganha o palco com “O Beijo do Vampiro” O Teatro Novelas Curitibanas é palco da peça “O Beijo do Vampiro”, adaptação dos famosos contos do livro ‘Beijo na Nuca’, de Dalton Trevisan, conhecido como o “Vampiro Curitibano”. Os contos ganham uma montagem especial no espetáculo da Cia. Máscaras de Teatro. E, como já é de costume, a peça traz aos palcos os personagens emblemáticos do autor que preza por um texto com cargas de dramaticidade, realidade e complexidade muito bem exploradas. A direção do espetáculo fica por conta de João Luiz Fiani, o único com detentor dos direitos de adaptação dos livros de Dalton Trevisan. Esse é um espetáculo para quem gosta de aproveitar um drama, se emocionar e ver nos personagens características de pessoas que vemos comumente nas ruas. Na verdade, essa é uma característica particular do autor. São personagens inesquecíveis, fortes, marcantes e com a cara do povo curitibano. Eles ganham monólogos em cenas de tirar o fôlego, além, é claro, do grande diferencial da peça em que os atores encenam o texto de forma fiel ao do livro. São as criaturas do Vampiro de Curitiba, a jovem indefesa, a prostituta, viúvos, maníacos, mendigos, machistas, violentos, ninfetas; uma mistura das multiface-
Foto: divulgação
tadas personalidades de uma cidade fria e obscura como é Curitiba representados em uma mistura de expressão corporal e cenas carregadas de comoção. A peça, sem dúvidas, tem um texto muito forte e pesado. O Beijo do Vampiro tem músicas compostas por Lápis, artista curitibano, com apresentação ao vivo. O elenco é formado pelos atores Marcyo Luz, Alisson Diniz, Daniel Marcondes, Ingrid Bozza, Fernanda Bahl, David Moura e Nicole Taques.