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Ano XV > Edição 984 > Curitiba, 28 de outubro de 2015
Musicalização para bebês
EDITORIAL “Cada ser humano tem uma habilidade artística. Porém esses dons são sufocados ao longo do tempo.” p. 2
OPINIÃO
Foto: Divulgação/Instagram
“Discutir a regulamentação do aborto é essencial, já que pode ser, sim, uma solução.” p. 2
O sucesso de uma brincadeira fashion
#PARTIU
Andrea Omeiri, empresária e dona da maior boutique do Paraná - a Bazaar Fashion - fala sobre a criação e a nova fase da empresa. p. 3
O pernambucano Alceu Valença se apresenta na Ópera de Arame no dia 30 de outubro. p. 6
Foto: Sarah Menezes
Parte das atividades do berçário da Igreja Presbiteriana de Curitiba, a musicalização para bebês procura desenvolver movimentos e trabalhar a socialização da criança. p.4 COLUNISTAS Brayan Valêncio É mais do que claro que as mulheres ainda são consideradas como inferiores aos homens e como “as donas do lar”, que têm por obrigação de acatar a tudo que p. 5 os seus “donos” maridos falam... Jorge de Sousa Nesse nebuloso mundo político brasileiro é válido odiar Cunha, até pelo seu caráter mais do que duvidoso. Mas, é inegável não reconhecer seu talento de enxadrista... p. 5
LONA > Edição 984 > Curitiba, 28 de outubro de 2015
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EDITORIAL
A música como formação humana De acordo com a Lei Nº 11.769, de 18 de agosto de 2008, todas as escolas e colégios devem ter o ensino de música obrigatório na grade curricular. A lei entrou em vigor no mesmo ano em que foi criada e as instituições de ensino teriam um prazo de três anos para se adaptar a nova lei. Porém, sete anos depois da criação, o que se pode notar nas escolas é a mesma situação que se encontrava antes de 2008. Picasso uma vez disse: “Toda criança é artista. O problema é como permanecer artista depois de crescer.” Vemos em nossa sociedade que ainda falta muito incentivo à cultura de qualidade e à estimulação de dons artísticos em crianças e adolescentes. De acordo com o artigo “A Importância do Ensino de Música Para o Desenvolvimento Infantil”, de Carmen Aguera Munhoz Rodrigues, a música deveria gerar o “desenvolvimento cognitivo, afetivo e as relações interpessoais“ , além de servir como um “instrumento didático pedagógico”. Ainda segunda a autora, a música em nosso país é vista apenas como um elemento de entretenimento e não como um meio didático-pedagógico. Cada ser humano tem uma habilidade artística. Porém, devido o sistema metódico, maçante e desestimulador, esses dons são sufocados ao longo do tempo, fazendo com que a criança e adolescente tenham um ensino completamente “decoreba” nas escolas e não desenvolva outras alternativas de aprendizagem. A implementação do ensino de música nas escolas seria uma alternativa cabível para os problemas enfrentados na educação dos pequenos. É necessário que a música faça parte, desde criança, do desenvolvimento da pessoa. Simone Menezes de Lima, a entrevistada dessa edição do LONA, diz que “cada música tocada tem um propósito, desde desenvolver movimentos até mesmo trabalhar a socialização.” A odontopediatra utiliza a música com bebês na Igreja Presbiteriana Central de Curitiba, para que os bebês se acostumem a musicalização e desenvolvam a psicomotricidade.
OPINIÃO
O drama da clandestinidade Camilla Oliveira
A prática do aborto passou a ser amplamente discutida desde o ano passado, com as eleições presidenciais. Dúvidas e preconceitos permeiam esse tema, que segue representando um problema social e de saúde pública. Por meio de argumentos subjetivos e pouco fundamentados, criminaliza-se mulheres que não querem – ou não podem, por alguma razão – engravidar, obrigando-as a recorrer a procedimentos médicos arriscados. Desse modo, a sociedade insiste em obrigar mulheres a completar gestações muitas vezes indesejadas. O aborto é permitido, atualmente, em três situações: se a gestante for vítima de estupro, se a vida dela correr perigo ou se o feto for anencéfalo. No entanto, a hipótese de a mulher abortar por simplesmente não querer a gravidez não existe. Casos trágicos, como o de Jandira dos Santos, demostram como esse é um drama mais complexo do que se imagina. A jovem, que tinha 27 anos, procurou uma clínica
clandestina ao descobrir que estava grávida. No entanto, o procedimento não deu certo e a jovem acabou morrendo no local. Para não ser presa, a responsável pela clínica tentou se livrar das provas: o corpo de Jandira foi encontrado carbonizado e sem a arcada dentária um dia depois de sair de casa. Mais do que a brutalidade do crime, choca o fato de muitos aprovarem a morte dela, considerando isso algo “merecido”. A culpa não é de Jandira. Ela tinha o direito de não querer a gravidez. O que ela – e a maioria das mulheres que abortam – não tinha, porém, era condições de pagar uma clínica apropriada. A diferença é que quem tem dinheiro pode pagar clínicas mais “qualificadas”, ao contrário da maioria das grávidas, que acaba indo a locais inadequados. Por que o aborto realizado por uma “madame” é mais bem aceito do que o de uma manicure, por exemplo? Nota-se, então, a influência da questão financeira. Intrinsecamente ligada ao machismo, a reprovação à atitude de Jandira revela a crueldade do brasileiro. É contraditório ver o homem que não quer assumir um filho ser mais aceito do que a mulher que não quer engravidar. No entanto, é ela que se vê obrigada a completar a gestação, independentemente de suas vontades ou condições financeiras. É aí que está o machismo: na crença em que o homem é mais livre do que a mulher. A discussão sobre esse tema torna-se ainda mais delicada quando se envolve religião. Argumentos baseados em estereótipos tentam
definir a mulher que não quer ter um filho como “assassina”, “egoísta” e “cruel”. Valoriza-se mais a existência de um embrião do que a vida de um ser humano, consciente de suas escolhas e razões. Dizer que abortar é “matar uma criança” é exagero à medida que não se trata de retirar um feto já formado, com todas as funções biológicas em funcionamento, mas, na verdade, de interromper o desenvolvimento desse feto (ou seja, ele ainda não está formado). Discutir a regulamentação do aborto é essencial, já que pode ser, sim, uma solução para esse problema. Caso ele fosse descriminalizado, ficaria a critério do Estado oferecê-lo, de forma segura e gratuita (ou a baixo custo), às mulheres que não querem engravidar. Além disso, o acompanhamento psicológico também seria necessário, já que o aborto - e toda a carga moral e cultural impregnada nele - pode afetar drasticamente a vida emocional de uma mulher. O que se vê, entretanto, é um Estado omisso e uma sociedade cheia de pré-julgamentos. Movidas pelo desespero e falta de apoio - seja do parceiro, amigos ou parentes milhares de mulheres continuam a recorrer a essa prática. O objetivo da descriminalização é, ao contrário do que muitos pensam, diminuir a quantidade de abortos. Isso pode levar algum tempo, já que depende de melhorias na educação e mais acesso à informação, mas, neste momento, a prioridade é proteger a vida dessas mulheres e garantir a liberdade que elas têm sobre o próprio corpo.
Foto: Divulgação/Marcha Mundial das Mulheres
Expediente
Reitor José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto Diretor da Escola de Comunicação e Negócios Rogério Mainardes
Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira Professora-orientadora Ana Paula Mira
Coordenação de Projeto Gráfico Gabrielle Hartmann Grimm Editores Ana Santos, Francisco Mateus e Luis Izalberti Editorial: Da Redação
Curitiba, 28 de outubro de 2015 > Edição 984 > LONA
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ENTREVISTA
Uma brincadeira fashion de sucesso Gabriela Menta
Andrea Omeiri é empresária e dona da maior boutique do Paraná, a Bazaar Fashion. Com mais duas sócias, sua irmã Márcia Almeida e sua amiga Solange Elias, montou a loja 18 anosatrás e é um sucesso desde o dia número um. O segredo? Experiência. Recentemente a Bazaar apostou numa linha de roupas mais acessíveis e modernas, chamada Bazaar Fast Fashion. E as irmãs também iniciaram um projetochamado Surtei com Estilo que pretendia dar consultoria de moda para as mulheres curitibanas, ajudar a arrumar a mala para viagens e até selecionar as peças mais bacanas do closet da cliente. Mas os projetos estão tomando um rumo diferente: além de prestarem esses serviços, estão sendo procuradas por lojas para ajudar na curadoria das mesmas. O Lona entrevistou Andrea Omeiri para saber tudo sobre a loja, dificuladades e sua carreira no ramo da moda. LONA: Como surgiu a ideia de abrir uma loja? Andrea Omeiri: A história é comprida. A loja em si começou há quase 30 anos atrás. A primeira era dentro da casa da nossa mãe e nós fomos viajar com ela para o Rio de Janeiro, onde descobrimos que, por exemplo: se comprasse 12 peças ficava metade do preço e se comprasse 24 ficava metade de novo. Começamos a comprar para nós e comprávamos um pouco para as amigas e vendíamos. E começou assim, de uma brincadeira, de uma viagem. As meninas começaram a gostar das coisas e perguntar quando iríamos novamente. E começamos a fazer disso nosso negócio. Eu tinha 14 anos e a Márcia tinha 16. A primeira loja que abrimos foi aItem, no shopping Hauer. Na verdade foi meu marido que me incentivou e comprou para mim e chamei, lógico, a minha irmã de sócia. Foi assim que surgiu a primeira loja. LONA: A que ponto vocês perceberam
que a loja virou um ícone e uma referencia de moda para as curitibanas? A.O.: Hoje a Bazaar é considerada a melhor loja do Paraná. Tínhamos a Item, depois nosmudamos para o shopping Batel e a Solange tinha a Maria Bonita. Foi uma época que o shopping começou a dar uma caída e nos tomávamos cafezinho a tarde todas juntas. Até que um dia a Solange passou na frente dessa casa, que é a Bazaar agora e na época existia a DasluCasa - e existia esse conceito de luxo, oferecendo vários produtos em um só lugar. Ela nos propôs que entrássemos numa sociedade, ela com as roupas da Maria Bonita e nós com nossas roupas. Topamos, mas quando fomos abrir a Bazaar Fashion, começamos muito desacreditadas pois não existia tantas lojas como hoje em dia e não existia nenhuma como a nossa. LONA: Vocês são em três mulheres. Você acredita que existe algum tipo de diferença entre homens e mulheres voltado para o empreendedorismo? Algum tipo de preconceito? A.O.: Acho que existia antes muito mais do que hoje. Depende do ramo, mas acho que existe ainda. As mulheres são muito valorizadas em várias áreas hoje em dia, inclusive nas que os homens antes dominavam. No nosso ramo que é moda, prevalecem as mulheres, mas conheço vários donos de loja homens, por exemplo. LONA: Vocês são em três e cada uma tem seu estilo diferente. Como vocês fazem para comprar as roupas? Ou a Bazaar já tem o estilo próprio de acordo com a personalidade das clientes? A.O.: Nós três somos muito diferentes, cada uma com seu estilo. A Solange diz que ela é a perua, a Márcia é a mais clássica e eu sou mais contemporânea. Antigamente comprávamostudo o que a gente gostava mesmo, só o que usávamos. E aprendemos que Curitiba mudou. E as pessoas também. Hoje em dia estão com a cabeça mais aberta, mais antenadas, procuram se
informar mais sobre moda, aprender, olhar. Temos que comprar coisas que, por exemplo, eu com 50 anos não uso shorts nem saia curta, mas sei que tenho que comprar a roupa para uma mulher da mesma idade que usa e que gosta de mostrar as pernas. Então não posso deixar de comprar por que não uso, mas só aprendemos isso com anos de experiência. Tem coisas que a gente aposta e as pessoas não gostam. Claro que a gente erra, as vezes somos um pouco clássicas, temos que sair um pouco disso. LONA: E sobre a Bazaar Fast Fashion, que foge bastante do conceito da loja. Por que vocês decidiram entrar com essa linha? A.O.: Para as mulheres mais maduras, tínhamos mercadoria na loja e para as mais jovens não. Hoje em dia as meninas gostam de quantidade, saem muito, não gostam de repetir roupa. Então as filhas não eram clientes da Bazaar mas as mães eram, e hoje em dia elas são. Estávamos procurando isso faz muito tempo, uma roupa com preço mais acessível e com uma cara mais jovem por que acaba que as marcas que compramos, existem roupas mais jovens porém o preço é muito alto. E para presentes também. As pessoas reclamavam muito que nós não tínhamos um produto que pudesse presentear bem a pessoa com um preço acessível. Então fizemos a curadoria dessas peças que se encaixasse na Bazaar Fashion e que tivesse um perfil mais jovem, por que senão a lojaacaba envelhecendo também. Deu super certo, o tiro foi em cheio. LONA: Recentemente abriu o shopping mais luxuoso de Curitiba. O movimento de vocês acabou sendo influenciado? A.O.: Sabe que até achávamos que seria, porém o ano em que o shopping abriu, foi o nosso melhor Natal. Pois não somos muito de Natal, vendemos sempre antes ou em lançamentos. Por que a Bazaar era considerada a loja
mais cara de Curitiba e agora nossos preços ficaram muito baratos perto das roupas que estão ali. Acabou que aroupa da Bazaar ficou com um preço atrativo. LONA: Agora falando um pouco sobre o Surtei com Estilo, que é um projeto novo seu e da Marcia. Como surgiu essa ideia? A.O.: Fazia tempo que todo mundo falava para nos que tínhamos que fazer algo relacionadocom isso, abrir uma coisa nossa nesse nicho. E as pessoas nos incentivavam dizendo queestávamos a tanto tempo na moda e que tínhamos um olhar muito apurado e que segundoelas éramos chiques. E várias clientes pediam opinião para nós aqui na loja, já fomos arrumarmalas de clientes e muitas das pessoas não se sentiam a vontade por estarmos prestandofavor entao achamos que prestando serviço isso poderia ser atrativo para algumas pessoas. Ecriamos e foi bacana, estamos no caminho, no começo. Já temos clientes, já fomos chamadaspara ir no Mato Grosso para ajudar na consultoria de uma loja, isso é muito bacana.Montamos também todos os produtos do Atelie Vintage da Clemilda Thomé por exemplo. Elasconfiam no nosso trabalho. O surtei com estilo é isso, temos credibilidade, o nome é muitoforte aqui. Acontece assim, esta se abrindo em outro espaço, estamos usando nosso “knowhow” e nosso mailing para ajudar empresas a entrar no mercado. LONA: Para finalizar, gostaria que você deixasse uma mensagem para as mulheres que queremempreender. A.O.: No Brasil nada é fácil, e o país está numa fase muito difícil, mas acho que se você tem um ideal, procure saber qual é o teu talento. Não adianta você querer entrar num ramo e não ter talento, tem que gostar do que você vai fazer. Acho que se você acreditar e se você se dedicar tem tudo para dar certo. Fazer por fazer ou fazer por que os outros estão fazendo não da em nada.
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GERAL
Musicalização com bebês faz parte das atividades do berçário da Igreja Presbiteriana de Curitiba Sarah Menezes
Odontopediatra foi a profissão que Simone Menezes Lima escolheu depois de ficar em dúvida entre Odonto e Música. “Música sempre foi uma paixão”, conta Simone: “hoje, é um hobbie”. Mãe de Liz, denove anos, Simone é apaixonada por educação infantil. A paixão por cuidar e analisar crianças vem de longa data. Desde muito nova dá aulas sobre histórias da Bíblia para as crianças da igreja que frequentava. E assim, tudo foi se unindo em um objetivo: musicalização com bebês. Hoje, Simone é responsável pelo berçário da Igreja Presbiteriana de Curitiba, onde coloca em prática sua profissão, paixão e hobbies.
Domingo, onze horas. Simone troca as sapatilhas por pantufas marrons em formato decachorro – por causa do piso emborrachado, todos devem retirar os sapatos antes de entrar. Primeiro, a música. Simone seleciona alguns instrumentos musicais de plástico e madeira e os espalha no piso colorido, ao som de músicas infantis colocadas para tocar na televisão. “A primeira atividade é voltada para os instrumentos. Damos um tempo para cada bebê se familiarizar com os objetos”, conta a odontopediatra. Segundo Simone, o processo de musicalização começa no contato com os instrumentos,
Simone fica com os bebês no berçario aos domingos, antes e durante o culto. > Foto: Sarah Menezes
quando a criança conhece sons diferentes e passa a produzi-los – é o início do desenvolvimento da psicomotricidade. Os bebês chegam aos poucos, acompanhados de seus pais ou responsáveis, e são recebidos com muita alegria e animação por todos os colaboradores – cerca de três pessoas. Simone conta que a intenção é que as crianças se sintam amadas e confortáveis desde o primeiro momento, o que diminui a dor de se separar dos pais, mesmo que por alguns instantes. Alguns já estão habituados ao local, mas a maioria hesita um pouco antes de se soltar no chão colorido. “O problema é que a maioria dos bebês não tem uma frequência”, conta Simone. “Assim, não dá tempo de eles gravarem nossos rostos e vozes”. A odontopediatra conta o erro com relação aos colaboradores, já que maioria das pessoas não consegue estar presente todos os domingos, o que também aumenta a dificuldade de familiarização das crianças com aspessoas e o lugar. Por serem bebês, é sempre necessário fazer uma pausa na programação para necessidadescomo trocar fraldas e comer. Para isso os responsáveis são chamados, visto que por enquanto o berçário não dispõe de colaboradores suficientes para dar conta de todos os bebês – que giram em torno de oito a quinze por domingo. “O certo é que os bebês fiquem aqui enquantoos pais estão no culto”, conta Simone, “mas nem todos os pais conseguem deixar o filho sozinho”. A odontopediatra conta que seu sonho é que logo o berçário tenha mais colaboradores, para que periodicamente ela possa fazer uma oficina apenas para as mães, na sala ao lado do berçário. “Queria poder falar sobre educação de filhos, sobre ser mãe. E, assim, elas estariam perto dos filhos, mas sem se preocuparem com a segurança deles.” O berçário dispõe de uma sala com as ferramentas necessárias para fazer a troca de fraldas e alimentar os bebês. Durante essa pausa, muitos bebês
chegam ao berçário – é o horário do culto que eles estão cansados, e os pais acabam cedendo e levando seus filhos para o lugar mais adequado para ficarem. A volta às atividades acontece, é claro, com música. Os bebês são colocados em um círculo para interagirem com os seus responsáveis e com as outras crianças. Segundo Simone, cada música tocada tem um propósito, desde desenvolver movimentos até mesmo trabalhar a socialização. A intenção é que as músicas gerem um sentimento ou emoção que devem ser expressados através de algum movimento e, assim, dar início ao processo de maturidade do sistema nervoso. As músicas falam sobre os membros do corpo, sobre objetos, amigos, família e coisas que cercam as crianças e que elas já são capazes de começar a entender. Por ser um berçário cristão, Simone conta que sempre procura associar a pessoa de Deus às músicas e atividades. “Falo que Deus fez nossas pernas quando pulamos, falo que Ele fez achuva (...) a intenção é que desde já a criança se familiarize com a palavra “Deus” e compreenda que existe uma pessoa invisível entre nós”. Assim as músicas desenvolvem a psicomotricidade, que é associada à existência e a importância de Deus. As músicas também contam histórias bíblicas e Simone faz uso de fantoches e livros coloridos para captar a atenção das crianças e melhorar sua possibilidade de compreensão. Serviço As atividades do berçário acontecem todos os domingos durante o culto das 11hr. Entretanto, o lugar recepciona os bebês desde 10hr. Para ser um colaborador, é necessário entrar em contato com Simone Menezes de Lima pelo e-mail simonemplima@gmail.com ou com a missionária Luciana Cipelli, responsável pelo ministério infantil, pelo número (41) 9222-1238.
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COLUNISTAS
Desmistificando Brayan Valêncio
Cecílias, Anas e Alices Na última semana, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) ganhou grande destaque nos meios de comunicação, não só pelos atrasados que lamentaram, choraram, criticaram, discordaram e até desmaiaram, mas também pelo tema da redação: “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”, que para muitos, foi algo extremamente polêmico. Afinal, o Ministério da Educação errou ou acertou ao abordar um tema que envolve violência feminina na redação? A resposta é muito simples, o tema foi
ridículo, com objetivo de induzir o estudante a concordar com pensamentos esquerdistas e que só querem expandir mais e mais essa baderna de opinião que o DESgoverno do PT propaga. Diriam os deputados Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Marco Feliciano (PSC-SP). Já eu, venho com uma linha de raciocínio totalmente contrária, (acharam que aquela opinião era minha, não é?) foi mais do que correto fazer com que milhares de jovens (que pasmem, são o futuro da nação), pensem e debatam um tema tão im-
portante e - infelizmente - tão recorrente na nossa sociedade. É mais do que claro que as mulheres ainda são consideradas, por muitos, como inferiores aos homens e como “as donas do lar”, que têm por obrigação de acatar a tudo que os seus (donos) maridos falam, sempre sendo submissas as suas decisões.
garantia da integridade da mulher, mas é importante ressaltar que agressão não é só aquela que deixa marcas na pele, aquela que é física, mas também todo e qualquer tipo de ataque ao psicológico, à honra ou que humilhe, maltrate ou desmereça a mulher, independente da situação.
“Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil” e “Publicidade infantil em questão no Brasil” foram temas fortes e importantes, mas, expor a situação de milhares de mulheres de uma forma que não dá brecha para uma crítica (caso haja desrespeito, a pessoa pode zerar por ferir os Direitos Humanos) e ainda induzir a pessoa a propor uma intervenção para tal problema social é realmente plausível e motivo de comemoração, pois mostra que apesar de tudo, caminhamos aos poucos (como sempre digo aqui) para uma sociedade mais tolerante, mais igualitária e onde os diretos à cidadania sejam cada vez mais sólidos.
O tema da redação do ENEM 2015 é mais uma tentativa de garantir os direitos femininos e foi, sem sombra de dúvidas, o melhor em muitos anos, porque já é evidente que cada vez mais as mulheres ocuparão lugares de destaques na sociedade (vide Angela Merkel, Cristina Kirchner, Hillary Clinton e, sim, Dilma Rousseff) e estão cada vez mais independentes.
E quando se trata de direitos, a Lei Maria da Penha foi o primeiro passo para a
Concluo lembrando da música “Maria, Maria”, cantada por Milton Nascimento (e regravada tantas e tantas vezes), que descreve um pouco das mulheres que como a minha mãe - batalham, vão à luta, que são “o chefe da família” e que nunca deixaram a peteca cair, por isso merecem não só um tema de redação, mas também todo respeito e admiração.
Enxadrista A política brasileira não é para iniciantes. Bom, pelo menos se o candidato em questão quiser ter autonomia e não ser apenas um ”fantoche” das lideranças de sua legenda. Infelizmente, nem todos os bons políticos são bons representantes do povo, muitos deles sequer pensam com carinho naqueles que os elegeram. Para eles apenas o poder é o alvo e para isso usam quaisquer meios. Um dos maiores representantes dessa classe em nosso país é Eduardo Cunha. Um velho cacique carioca, que atualmente ocupa a presidência da Câmara dos Deputados e é um dos principais antagonistas da presidente Dilma Rousseff. Mas nem tudo são flores para o pastor, que viu seu sonho encantado ser ameaçado por tenebrosas transações envolvendo sua senhoria e contas na Suíça. Não estamos em
Game of Thrones, mas várias pessoas querem o trono de Cunha. Mas abatê-lo não parece fácil. A força do deputado é tanta que o governo sabe que não pode forçar sua saída, visto que ele controla as correntes do impeachment. A oposição, leia PSDB, também não quer inimizades com ele, visto que vai precisar do mesmo se quiser tirar Dilma do poder antes de 2018. É quase igual aquele jogador baladeiro que sempre tira o sono de treinador e dirigentes, mas que possui tanta moral que não pode ser tirado do time. E, nesse jogo, o peemedebista é mestre. Vale ressaltar que Cunha é mais um dos milhares de políticos nacionais que são eleitos ano após ano graças a seu “curral” eleitoral. No caso do deputado, ele advém da Assembleia de Deus, mais um dos templos
Politicalizando Jorge de Sousa
evangélicos do Brasil (nada contra a religião, que fique bem claro). Assim como Wyllys, Bolsonaro e afins, ele se apoia em uma bandeira para conseguir se eleger, o que é sabido ser muito prejudicial para todos. Unindo todo o seu forte cabo eleitoral com uma mente muito sagaz, Cunha é o maior nome do PMDB hoje, junto de Michel Temer (vice-presidente da República) e Renan Calheiros (presidente do Senado), que, diga-se de passagem, não gostam do pastor, mas sabem que têm que aturá-lo. Na política atual o legislativo tem mais poder que o executivo em diversas
ocasiões, sem o ônus de ser apontado em praça pública, visto que a maior parte da população brasileira não sabe em quem votou nesses cargos nas últimas eleições. Sabendo disso, o peemedebista teceu sua teia e foi usando o momento ruim e a truculência de Dilma a seu favor. Nesse nebuloso mundo político brasileiro é válido odiar Cunha, até pelo seu caráter mais do que duvidoso. Mas, é inegável não reconhecer seu talento de enxadrista, usando presidentes, deputados e até mesmo eu, você e todos aqueles pobres eleitores do país.
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ACONTECEU NESTE DIA
O programa Divino, Maravilhoso estreia na TV Tupi “Um poeta desfolha a bandeira, e a manhã tropical se inicia. Resplandente, cadente, fagueira, num calor girassol com alegria, na geléia geral brasileira, que o Jornal do Brasil anuncia”. E anunciou, como na letra escrita por Torquato Neto. Nem fino da bossa, nem Jovem Guarda. Foi no dia 28 de novembro de 1968 que o programa Divino, Maravilhoso estreou na TV Tupi. Capitaneado por Gil e Caetano, mas sem-
pre com a presença d’Os Mutantes, Jorge Ben e Gal Costa, o programa tropicalista foi um marco na televisão brasileira. O nome do programa veio da música escrita por Caetano e Gil, mas muito conhecida na voz de Gal Costa. Dirigido por Fernando Faro, o programa deu o que falar com sua rebeldia, psicodelia, e brasilidade. Durou pouco, mas seu legado ficou: Seja herói, seja marginal.
Foto: Divulgação
#PARTIU Shows
Alceu Valença em Curitiba
Alceu Valença Local: Ópera de Arame Data: 30/10 Horário: 21h Preço: De R$70 a R$140
O artista pernambucano Alceu Valença se apresenta na Ópera de Arame no dia 30 de outubro
Luan Santana Local: Teatro Positivo Data: 29/10 e 30/10 Horário: 21h Preço: De R$80 a R$590
Teatro Quero ser José Wilker Local: Teatro Guaíra - Pequeno auditório Data: 29/10, 30/10, 31/10, 01/11 Horário: 21h Preço: R$20 e R$40 Aconteceu no Brasil enquanto o ônibus não vem Local: Teatro Barracão Encena Data: 29/10 Horário: 21h Preço: R$15 e R$30
Cinema Sobre o fazer... Artesões de Curitiba e RMC Local: Cinemateca Data: 28/10 Horário: 19h Preço: Gratuito Obra Local: Cine Guarani Data: 29/10 a 01/11 Horário: 19h Preço: R$6 e R$12
Ele está de volta. Os anos 70 passaram, mas Alceu Valença continua o mesmo. Cabelos compridos, óculos escuros, e é claro, o jeito “Valença” de ser. Será na Ópera de Arame que Curitiba ira transar com São Bento do Uma, cidade natal do músico - que apesar dos 69 anos continua na ativa e sendo cultuado por pessoas da geração passada e, por incrível que pareça, jovens com menos de 25 anos. Uma noite de amor entre Beatles e Luiz Gonzaga só poderia dar em uma coisa: Alceu Valença. Fruto do pós-tropicalismo que impactou a música brasileira nos anos 70, o pernambucano é destaque onde quer que vá. Já são mais de 20 discos e uma carreira de invejar qualquer músico. É impossível não destacar “Espelhos Cristalinos” de 1977, provavelmente o melhor trabalho do artista, que une elementos do rock´n roll com sons nordestinos. “Descobri que os moinhos são reais; entre feras, corujas e chacais, viro pedra no meio do caminho, viro rosa, vereda de espinhos, incendeio esses tempos glaciais”. Este é o tom Valença. Não tom musical, mas o tom poético, que unido à musicalidade, gera a arte valenciana.
Foto: Flickr
O último trabalho do musico, “Amigo da Arte”, de 2014, que foi indicado ao Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Regional, certamente fará parte do repertório de Valença. Clássicos também não ficarão de fora. Se a plateia do show for composta por gregos e troianos, certamente todos sairão da Ópera de Arame contentes. Sim, Alceu Valença tem o poder.