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Ano XV > Edição 923 > Curitiba, 30 de setembro de 2015
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A dor materna e a cicatriz de uma perda No Paraná, a faixa etária que mais perde a vida é entre os 18 e 26 anos, e por trás das perdas, existe o choro de uma mãe. p.3
COLUNISTAS
EDITORIAL “É preciso compreender que para uma mãe a morte do filho é como a perda de um pedaço de si...” p. 2
Foto: Creative Commons
OPINIÃO
Um método diferente para a produção agricola
Defendida por especialistas, o uso da Terra Preta, quem tem uma origem antiga, pode trazer benefícios à agricultura. p. 3
“o problema não é a cerveja, o problema é a intolerância e a falta de ações coercitivas para a diminuição de tais atos.”
Desmistificando “Ter a liberdade para poder investigar, acusar e prender qualquer um, são características de uma democracia consolidada, ativa e operante...” p. 5
O ex-Titãs, Nando Reis, volta a Curitiba para um show na Ópera de Arame.
Politicalizando “a história funciona como um mural, que nos mostra os erros que nós seres humanos não podemos cometer de novo.”
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#PARTIU
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LONA > Edição 980 > Curitiba, 30 de setembro de 2015
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EDITORIAL
Curativo
Considerada por muitos especialistas como a maior dor do mundo, a perda de um filho pode deixar marcas e cicatrizes profundas em todos os membros da família. Porém, muitas vezes quem mais sofre com essa perda prematura é a mãe, o luto destas mulheres pode durar até dois anos dependendo de pessoa para pessoa e do tratamento que ela receberá. Vale ressaltar que este número é uma expectativa do luto, já que não existe um prazo exato para o fim desse período. Bom, é claro que não existe um prazo para o fim desse período, não existe um prazo para acabar com uma dor tão grande quanto à perda de um filho. Porém, os médicos e psicólogos ressaltam que é de extrema importância de realizar o acompanhamento destas mulheres, dar espaço para elas colocarem seus sentimentos para fora, compartilhar o que estão sentido, expor a sua dor. Além disso, o apoio da família é essencial para essas mulheres que perderam um pedaço delas mesmas. É preciso compreender que para uma mãe a morte do filho é como a perda de um pedaço de si, e como quando se cuida de um machucado profundo, é preciso se cuidar dessas mulheres. É preciso trata-las como se elas realmente tivessem se ferido com gravidade, com cuidado e calma, paciência e afago, é preciso fazer o curativo delas, e o mais importante, trocar esse curativo constantemente para ajudar na cicatrização da ferida. Como fazer isso? É preciso que deixe ela se expressar, chorar, dizer o que sente e fazer um acompanhamento médico e psicológico adequado. Não basta apenas conversar com essas mulheres e deixa-las falar. Elas necessitam de um retorno, e para ela ter esse retorno ela precisa de um acompanhamento médico e psicológico. É valido ressaltar que este acompanhamento é essencial para a recuperação plena da mulher, isso porque a depressão que ela poderá sentir precisa ser tratada com qualquer outra doença. Isso só ocorrerá com o acompanhamento psicológico, que surtira efeito na mulher como um remédio para a cicatrização dessa ferida aberta.
OPINIÃO
Não, o problema não é a cerveja Kamila Pereira dos Santos
Adiada para este mês, a votação do segundo turno para a liberação ou não da venda de cerveja nos estádios de futebol tem causado muita polêmica. Órgãos como o Ministério Público e a Polícia Militar do estado do Paraná já se mostraram contra o projeto que tramita na Câmara dos Vereadores de Curitiba. Tal proibição, que está em vigor desde 2008, vem trazendo resultados positivos, conforme mostra os dados da PM paranaense: 51% de redução nos casos de violência dentro das praças esportivas. Mais como vemos, a proibição na comercialização de bebidas alcoólicas não acabou com a violência entre torcidas. E é aí que está o ponto principal: o problema não é a cerveja, o problema é a intolerância e a falta de ações coercitivas para a diminuição de tais atos. Falta ao Estado um trabalho de prevenção e punição realmente eficientes quando o assunto é violência nos estádios. Como poderemos esquecer as cenas brutais ocorridas em dezembro de 2013 na Arena Joinville, onde torcedores do Vasco e do Atlético Paranaense protagonizaram um dos episódios mais lamentáveis daquele ano? Como publicado pelo jornal A Notícia, de Santa Catarina, em dezembro de 2014, mais de um ano após o incidente, nenhum dos 31 denunciados tinha sido punido e todos respondiam ao processo em liberdade. Destes, dois ainda conseguiram autorização para ir a jogos da Copa do Mundo em Curitiba. Parece absurdo Expediente
Reitor José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto Diretor da Escola de Comunicação e Negócios Rogério Mainardes
que pessoas como essas, que já se mostraram capazes de quase tirar a vida de outro por rivalidade esportiva, estejam soltas por aí, e ainda tenham acesso à estádios. Por que não seguimos o exemplo da Inglaterra, que desde a década de 1980 vem adotando medidas eficientes de controle da violência esportiva? Desde os casos envolvidos os chamados hoolingans, os times ingleses foram obrigados a instalar sistemas de câmeras nos estádios, o que facilitou na identificação dos envolvidos em brigas. Além disso, esses indivíduos são obrigados a permanecerem em uma delegacia durante jogos de seu time, além de receberem as chamadas Ordens de Banimento do Futebol, com penas que variam de 3 a 10 anos de afastamento dos estádios. Espanha e Alemanha adotaram o método inglês, e também conseguiram diminuir os casos de violência. Seria tão difícil para o estado brasileiro aprender essa lição? O mais alarmante é saber que o Brasil é o país que tem o maior número de mortes ligados à rivalidade futebolística no mundo. No total, foram registrados 71 casos entre 2012 e 2014, como traz a reportagem de O Globo, publicada em 28/12/2014. Sabemos ainda que esses casos, em sua maioria, estão relacionados à ação de torcidas organizadas. E já estamos cansados de saber que baní-las dos estádios não é solução. Nada impede um membro desses grupos de entrar nos jogos sem a identificação da torcida uniformi-
Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira Professora-orientadora Ana Paula Mira
zada. E os clubes ainda apoiam esses grupos, oferecendo descontos nos ingressos, transporte para jogos em outras cidades, e até mesmo mudando seus estádios (o Clube Atlético Paranaense retirou as cadeiras de um setor de sua arena para “melhor acomodar” as organizadas). Os clubes deveriam lembrar que quando as torcidas uniformizadas arranjam confusão, é a instituição que fica com as multas, as perdas de mando de campo e os prejuízos em geral. Por fim, devemos prestar mais atenção à deterioração da imagem da ida aos estádios como programa familiar. Os estádios não lotam por causa do medo do torcedor de bem, que deixa de levar sua família ou amigos aos jogos por causa da violência. O Brasil vem perdendo a fama de “país do futebol” não só no aspecto técnico, mais também pela mancha que a intolerância traz ao esporte. Os clubes tem de parar de ver as torcidas organizadas como aquelas que oferecem apoio constante ao time. O Estado tem de reformular o Estatuto do Torcedor, e adotar penas mais duras aos envolvidos em brigas. Portanto, não é ficar discutindo sobre cerveja que vai mudar o panorama do futebol brasileiro. Existem mudanças muito mais profundas que precisam ser feitas, e que não podem ser vistas como aspectos naturais ao processo. Só assim poderemos voltar a ver o futebol com olhos apaixonados e deixar de pensar que torcidas mistas são o milagre do século.
Coordenação de Projeto Gráfico Gabrielle Hartmann Grimm Editores Ana Santos, Eduardo Vernizi, Francisco Mateus Editorial Da Redação
Curitiba, 30 de setembro de 2015 > Edição 980 > LONA
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NOTÍCIAS DO DIA
Terra preta de índio e seus benefícios para a agricultura Eduardo Vernizi
alteração em aterros de mais de dois mil anos que até hoje, permanecem férteis.
Com origem nas antigas civilizações indígenas, o uso da chamada Terra Preta traz à produção agrícola vários benefícios. A Terra Preta de Índio é uma maneira natural e 100% orgânica de se fertilizar o solo, estudiosos da área afirma que ela teve origem nos povos antigos da Amazônia, mas não com essa finalidade. Esta maneira de fertilizar o solo tem despertado interesse de varias universidades e institutos de pesquisa no Brasil e no mundo. Uma prova disto são os quatro livros que já foram publicados sobre o tema, Amazonian Dark Earths: origin, de Johannes Lehmann, Dirse C. Kern, Burno Glaser e William I Woods, Amazonian Dark Earths: explorations in space and time, de Burno Glaser e William I Woods, Amazonian Dark Earths:Wim Sombroek`s Vision, de William I Woods, Wenceslau Geraldes Teixeira, Johannes Lehmann, Christop Steiner, Antoinette M G A WinklerPrins, Lilina Rebellato, e As terras pretas de índio da Amazônia: sua caracterização e uso deste conhecimento na criação de novas áreas, de Wenceslau Geraldes Teixeira; Dirse Clara Kern; Beata Emoki Madari; Hedinaldo Narciso Lima William I. Woods. Este ano já ocorreram dois simpósios sobre o tema, um na Holanda e outro em Curitiba, na Universidade Positivo, além de outro que esta ocorrendo agora em Setembro em Goiás. Wenceslau Teixeira, graduado em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Viçosa, mestre em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras e doutor em Geoecologia pela Universidade de Bayreu-
Wenceslau afirmou que a finalidade dos estudos sobre a TPI, é a tentativa de reproduzi-la em outras terras na Amazônia e posteriormente. Para isso estão sendo desenvolvidas três técnicas para o desenvolvimento da TPI: Corte e Queima, Corte e Cobertura, Corte e Carbonização, entre elas se destacam a de Corte e Queima e a de Corte e Carbonização, porque se mostram mais baratas e eficientes.
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th da Alemanha, esteve presente nos dois simpósios e, no da Universidade Positivo, ministrou uma das palestras do simpósio. Em sua palestra Wenceslau tratou sobre os estudos realizados acerca da Terra Preta de Índio e qual seriam seus usos para a produção agrícola. Em sua palestra, Wenceslau explicou o que seria a Terra Preta de Índio (TPI) e por que ela seria benéfica para a produção agrícola, usando como exemplo parte de seu trabalho e sua pesquisa na Embrapa, onde trabalha como pesquisador desde 1995.
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A Terra Preta de Índio hoje em dia é usada para a fertilização do solo, porém, Teixeira afirma que ela não foi criada com esse propósito, e que na verdade ela foi um processo acidental que os antigos índios da Amazônia faziam em sua cultura. Os estudos sobre a TPI indicam que ela surgiu a partir de depósitos de sedimentos de antigas civilizações indígenas vindos de fontes animais, como fezes, sengue e ossos, ou de fontes minerais, como o carvão, e que é possível perceber a
Na palestra também foram apontadas quais são as principais vantagens que a Terra Preta de Índio oferece para a produção agrícola. Entre elas estão a estabilização e armazenamento de carbono, que retém e fixa os nutrientes no solo e depois são absorvidos pelas plantas, isso ocasiona a diminuição a necessidade de fertilização do solo. Além disso, a Terra Preta de Índio retém mais a água, reduz a adulação do solo e diminui a lixiviação da área de plantio. Por final, Wenceslau foi questionado sobre o porquê de não existir TPI na mata atlântica. Sobre esse tópico, ele diz que não existe uma explicação certa sobre isso, e sim várias teorias. Uma delas afirma que a Terra Preta de Índio só existe na Amazônia por conta de um fator cultural das antigas civilizações indígenas que viviam nessas regiões. O Doutor em Geoecologia também foi questionado sobre qual seria o uso real da TPI para o agricultor comum e quais seus impactos para a sociedade. Sobre isso ele respondeu que “A Terra Preta sequestra carbono em solos tropicais, criando uma carga que segura os fertilizantes para reter nutrientes”, e que isso facilitaria e melhoraria a produção agrícola do país.
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GERAL
Em cada lágrima uma perda Para muitas mulheres, a perda de um filho é a coisa mais desoladora do mundo, e seguir em frente com a vida se torna um desafio. Laís Coelho Arantes Santa
De acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública do Paraná, a faixa etária que mais perde a vida no estado é entre os 18 e 26 anos sendo o sexo masculino o mais atingido. Por trás de cada vida perdida desses jovens, uma mãe enxuga as lagrimas e tenta seguir em frente. Em um feriado de sete de setembro de 1993, Claudia Santos, seu marido e três filhos passam momentos agradáveis na praia. No meio da noite, sua filha mais nova, Mayara de dois anos acorda com seu nariz sangrando; achando que se tratava de apenas uma reação de um dia de muito sol e brincadeiras, Claudia cuidou do sangramento da filha e voltou a dormir. Dias depois, Mayara novamente tem sangramento no nariz e devido ao alto fluxo foi encaminhada ao hospital; a pequena ficou em observação e exames foram feitos. No mês de março de 2011, Larissa aos 18 anos, se prepara para descer do ônibus e bate a mão no corrimão, minutos mais tarde surge uma pequena bolinha no local acertado. Sua mãe, Cassiana Lemos, achava que apenas se tratava de um “nervinho fora do lugar” e não se preocupou. Em 1993, depois de ficar em observação e fazer exames, uma consulta de emergência foi marcada com um hematologista. Claudia, ou Kaká como é mais conhecida, leva sua filha de dois anos na consulta marcada às pressas pelo médico plantonista do hospital em que estava. Ao chegar na consulta, ainda sem saber do que se tratava Kaká se depara com a seguinte cena: “Ao chegar eu vi aquelas crianças com máscara e carequinhas. Senti que um buraco se abriu e eu afundei junto. Pensei ‘Meu Deus, isso não”. O diagnóstico resultante dos exames não era nada bom; Mayara não tinha câncer, tinha anemia a plástica severa – uma doença pior que câncer. A doença faz com que sua medula pare de trabalhar e não produza mais plaquetas(moti-
vo de tanto sangramento incessante). Com apenas 26 anos de idade, três filhos e um marido, Kaká enfrentaria a pior e mais dolorosa batalha de sua vida: tentar salvar a filha de uma doença rara. Passados poucos dias em que batera a mão no corrimão do ônibus, Cassiana foi aconselhada pela irmã a levar a filha em um oncologista porque “essa bolinha é de câncer” – suspeitou a tia de Larissa. Depois de consultar mais de um médico, o diagnóstico passado pela tia estava correto: Larissa, aos18 anos era mais uma vítima do câncer – seu tipo de câncer era o rabiossarcoma; ataca principalmente partes moles do corpo. Cassiana e Kaká travariam a mesma batalha em épocas diferentes, com doenças diferentes e o mesmo objetivo: manter sua filha viva, o que infelizmente foi em vão. As duas mulheres nunca se viram, não se falaram nem fazem parte do mesmo círculo social, mas tem algo em comum: enterraram filhos. A dor de perder um filho é “incomparável, assustadora, aterrorizante” como Cassiana e Kaká disseram a mim. A psicóloga Deborah Kuzume explica que ao perder um filho, perde-se também uma mãe. A função “mãe” desempenhada pela mulher foi enterrada juntamente com o filho afirma a psicóloga. Existe, de fato, uma ligação entre ambos – mesmo com filhos adotivos. Mas como lidar com uma mãe que perde o filho? Estudos indicam que o luto materno tem uma duração aproximada de dois anos – pode variar de mulher para mulher e do tipo de apoio que ela recebe. Não existe um tempo exato apenas uma expectativa de luto. O luto traz tristeza profunda, introspecção, falta de interesse no mundo exterior e lágrimas, muitas lágrimas. Como todo processo de desprendimento o luto materno também tem suas fases: entorpecimento, anseio, desespero e recuperação. Kuzume
O choque da perda pode ser tão grande, que a mulher pode continuar a forçar a viver uma antiga rotina Foto: Creative commons
explica que é bastante comum que a mulher enlutada ainda coloque o prato na mesa, lave a roupa e até ouça a voz do filho que já se foi – faz parte do processo de recuperação. “A mulher se nega a pensar que o filho está longe, pensa que não passa de um pesadelo e que logo vai acordar e tudo vai voltar ao normal”. Entretanto não é isso que acontece, a psicóloga adiciona que “é
“A dor de perder um filho é ‘incomparável, assutadora, aterrorizante..” extremamente duro para a mãe se dar conta de sua nova realidade e cada vez que ela enfrenta essa realidade a dor bate forte”. Cicatrizes Então o que podemos fazer se conhecemos alguma mulher que está passando por isso? O aconselhável é deixar a mulher externar seus sentimentos, quando ela for procurar consolo, deixe-a falar, chorar e se sentir amada. No caso da mulher ser casada é importante que o marido a suporte
nos dias difíceis e deixe-a confortável para se abrir, ensina a psicóloga. Após dois anos e meio de tratamento, idas e vindas de hospital, cirurgia de medula, uso do oxigênio 24 horas por dia, Mayara aos cinco anos de idade faleceu em casa, nos braços da mãe na véspera do Natal de 1995. Larissa depois de duas sessões de quimioterapia teve uma parada cardiorrespiratória e morreu nos braços da mãe em casa num domingo à noite, próximo ao dia das mães. Ela tinha problemas cardíacos e os remédios causaram mal ao seu coração. Tanto Cassiana quanto Kaká usaram a mesma expressão quando caracterizaram a dor de perder um filho: “Parece que falta um pedaço de mim” e ainda completam ao dizer que “uma parte minha morreu porque um pedaço de mim não está aqui”. Finalizando, Deborah ensina que a perda de um filho é como uma queimadura feita com brasa, quando acontece “ela doi muito, mas à medida que o tempo passa ela se torna uma cicatriz parte de você”. Então a mãe aprende que falar do filho, pensar nele e ver lembranças dele não o trazem de volta e com o tempo não o traz de volta, mas aquilo passa a ser parte de sua nova personalidade, conclui a especialista.
Curitiba, 30 de setembro de 2015 > Edição 980 > LONA
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COLUNISTAS
Desmistificando Brayan Valêncio
Que Ninguém Durma Nova fase, novas prisões, novos mandados de busca e apreensão e consequentemente novo aumento do dólar (que diga-se de passagem está batendo recordes), assim segue a Lava-Jato em cada uma de suas fases. A operação já prendeu nomes como José Dirceu, Marcelo Odebrecht e Paulo Roberto Costa, e já acusou de corrupção o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB -RJ), o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), o Senador e ex-Presidente, Fernando Collor de Mello (PTB-AL), e a Senadora Gleisi Ho-
ffman (PT-PR), além de já ter citado em depoimentos da 18º fase, o nome do ex-Presidente Luís Inácio Lula da Silva. Então, com tantos nomes importantes e tantos escândalos, que passam da Petrobras à Eletronuclear, quando de fato a Lava Jato terá o seu ponto final? Essa pergunta, se respondida de forma irresponsável, pode enganar até mesmo quem tentou responder. A verdade é que não há previsão para o fim da operação, e não tenha dúvidas, colocar um prazo dificultaria, e muito, nas investigações, pois ela precisa chegar a um ponto final quando tudo – tudo
mesmo – tiver sido esclarecido e todos os envolvidos tenham sido punidos de acordo com suas ações. Na última segunda-feira (21/09) a 19º fase, batizada de Nessun Dorma (do italiano: Que ninguém durma), começou a todo vapor, e promete ser mais uma fase importante, com desdobramentos surpreendentes, principalmente pelo momento de crise política e economia que tanto batem nas portas da Esplanada dos Ministérios. Sim, todos esperamos – ansiosamente – pelo fim da Lava Jato, mas, apesar de tanto ouvir falar e de tanto ouvir prender, há uma grande chance de que ela não esteja nem na metade ainda (os mais otimistas chutam que esse é justamente o meio). O importante é entender que ela é necessária para o crescimento do Brasil, e quem diria do Dólar também (de novo!), piadas a parte, se uma vigésima, vigésima primeira, ou quadragésima fase aparecerem por aí, tenha certeza, elas serão muito mais benéficas do que maléficas. Ter a liberdade para poder investigar, acusar e prender qualquer um, são características de uma democracia con-
solidada, ativa e operante, então, é de se agradecer por estarmos passando por um momento desses. Aí você diz: “Agradecer? Com tudo que estamos passando? Você só pode estar louco!”. Sim, agradecer! Não pela economia, crescimento do desemprego, aumento e criação de impostos e tantos outros problemas, mas agradecer, porque esse momento com certeza vai passar (afinal um país não pode decretar falência, fechar as portas e mandar todos embora), e ele será de grande aprendizado para o Brasil como sociedade, como nação e como democracia. Quem nunca ouviu um “se não aprendeu pelo amor, vai aprender pela dor”? É exatamente por essa dor que estamos aprendendo, o importante é sabermos que enquanto tudo se desenrola, podemos colocar nossas cabeças no travesseiro e termos a certeza de que cada vez mais damos um grande passo contra a corrupção, e aqueles que estão devendo, os tais corruptos e corruptores, que façam jus ao nome dessa nova fase e que, de fato, Ninguém Durma.
Os imperdoáveis Os ponteiros do relógio são implacáveis. Movem tudo adiante, mesmo contra nosso vontade. De certa forma, o tempo apaga até fatos de nossa vida, alguns por vontade própria, outros apenas se perdem no vazio do esquecimento. Mas, algumas lembranças devem sempre permanecer vivas. Guardadas com carinho em nossa memória. Afinal, a história funciona como um mural, que nos mostra os erros que nós seres humanos não podemos cometer de novo. Um desses casos ocorreu no dia 28 de abril de 2015. Nas ruas do Centro Cívico, mesmo limpas, ainda é possível visualizar o sangue oriundo da barbárie autorizada pelo poder público. O cachorro, literalmente, arremessado contra os criminosos de jaleco e giz na mão, sentenciados por lutarem por uma educação digna para o futuro da nação. Hoje, quase cinco meses depois o gosto do bile ainda reside em minha boca.
A responsabilidade ainda é colocada nas vítimas. A cada dia que passa, Carlos Alberto Richa recupera seu prestígio e hoje pouco se vincula a imagem do governador ao caso. Muito disso, por culpa de nossa memória, ou falta dela, nesse caso. Afinal, quantos responsáveis pelo dia 28 estão presos? O fato de você leitor provavelmente não saber, ou não se importar, estende os louros para a continuidade da vida pública do representante maior do povo paranaense, que naquele fatídico caso, não fez valer seu papel perante aqueles que o elegeram (no primeiro turno, como gosta de sempre ressaltar). Sozinho, Richa não agiu. Seu fiel escudeiro, Fernando Francischini, mesmo perdendo seu cargo de secretário de segurança, ainda goza de prestígio, em seu “prêmio de consolação” na Câmara dos Deputados. Sem contar seus mais de 500 mil seguidores no facebook, que constantemente compartilham seus desvairios vomitados na rede so-
Politicalizando Jorge de Souza
cial. Mas a bagatela de R$ 33 mil (fora benefícios) ganhos em seu “ofício” não contentam Francischini. Em diversas ocasiões ele citou seu desejo de ser prefeito de Curitiba e confirmou que será candidato nas eleilções do próximo ano. Só posso agradecer por ele não ter sido nomeado nessa gestão, ou os professores que buscassem abrigo na Prefeitura estariam trancafiados lá até hoje. O papel social de cada cidadão é ainda mais importante do que um representante público. Isso porque somos todos nós quem decidimos os rumos de nossa sociedade, mesmo que não
percebamos isso. Por exemplo, quando a “bancada da bala” defende a redução da maioridade penal e a maioria da população nacional defende tal política, se esquecendo do caos do sistema prisional do país, compactua e resguarda os desejos de nossos políticos, o que convenhamos não é uma decisão acertada nos dias de hoje. A vida pública exige ética irrepreensível de seus membros, coisa que Richa e Francischini jogaram pela janela (assim como aquele vaso da ALEP) naquele fatídico 28 de abril. Que mais pessoas se lembrem e passem adiante essa história.
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ACONTECEU NESTE DIA
60 anos de um rebelde sem causa Há 60 anos era anunciada a morte precoce do ator norte-americano James Dean, em um trágico acidente de carro enquanto se dirigia a uma corrida de carros de luxo. Dean havia atuado em apenas três filmes, Vidas Amargas (1955) indicado postumamente ao Oscar de melhor ato, Assim caminha a humanidade (1956) e o clássico, Juventude Transviada(1955). Mas mesmo assim se tornou o símbolo de uma juventude rebelde, que viam em Dean a perso-
nificação máxima da rebeldia e do sentimento dos anos 50. Não só um símbolo, James Dean hoje é um mito, uma lenda e, considerado por algumas, uma santidade. A imagem do ator é tão forte nos EUA e no mundo que 15 meses após a sua morte, o jornalista francês Yves Salgues publicou o livro “James Dean- A Biografia”, e logo se tornou um sucesso de vendas. Além do livro um filme foi feito sobre a cura carreira do ator, “James Dean” de 2001.
O trabalho mais famoso de James Dean foi o filme “Juventude Transvirada” de 1955 Foto: Creative Commons
#PARTIU Cinema Lances Inocentes Local: TUC Data: 01/10 Horário: 14h Ingressos: Gratuito O Último Cine Drive-In Local: Cine Guarani Data: 01/10 Horário: 19h Ingressos: R$6 a R$12
Música Nando Reis Local: Ópera de arame Data: 02/10 Horário: 21:20 Ingressos: De R$70 a R$1700 Circa Survive Local: John Bull Pub Data: 04/10 Horário: 18h Ingressos: R$40
Exposições Curitiba, aquarela e nanquim Local: Casa Romário Martins Data: até 27/10 Horário: 3ª a 6ª- 9h às 18h/ Fim de semana- 9h às 14h Ingressos: Gratuito Mostra do Núcleo de Artes Visuais do Sesi Paraná Local: Museu da gravura Data: até 06/12 Horário 3ª a 6ª- 9h às 18h/Fim de semana- 12h às 14h
Nando Reis retorna a Curitiba com show acústico O cantor ruivo e ex-baixista do Titãs, volta a Curitiba com um show na Ópera de Arame.
O cantor e compositor Nando Reis traz seu novo show pela primeira vez à capital paranaense, “Voz e Violão” terá canções do repertorio do novo CD do cantor, “Sei Como Foi em BH”, e os velhos e grandes hits de sua carreira. Com violão em punhos e caprichando na sua voz, Nando Reis promove o seu no CD, projeto que contou com varias participações especial. Entre elas o trio de metais americano The Freaky Boys, substituídos na turnê por um trio brasileiro, Felipe Cambraia (baixo e vocal), Diogo Gameiro (bateria e vocal), Alex Veley (teclados e vocal) e Walter Villaça (guitarra e vocal). Em seu repertório, clássicos de sua antiga banda, Titâs, e clássicos de sua carreira solo, como Sou Dela, Monóico, All Star e Espatódea.
Show é na Ópera de Arame. Foto: Creative Commons
Além de sua voz e violão, Nando Reis vem acompanhado de sua fiel banda de apoio “Os Infernais”. O show acontecerá na Opera de Arame, localizada Rua João Gava, 874, Abranches, no dia dois de outubro às 21h e 20min, e os ingressos variam de R$ 80,00 a R$1800,00, dependendo do setor escolhido.