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Ano XV > Edição 983 > Curitiba, 21 de outubro de 2015
Vida de caminhoneiro: as dificuldades da estrada EDITORIAL “O Brasil vai superar essa crise. O nosso país já superou momentos muito mais difíceis e complicados”. p. 2
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OPINIÃO
Com instabilidade política, crise econômica pode durar até 2019
Em entrevista, Lucas Dezordi, economista e professor na UP, diz que crise pode se agravar sem harmonização entre legislativo e executivo. p. 3
“Da próxima vez que alguém se declarar feminista, antes de julgar, ouça. Ouça as causas que essa pessoa defende...” p. 2
#PARTIU Documentário Cativas - Presas Pelo Coração foge do comum ao mostrar relação entre presidiários e suas esposas p. 6
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Os perigos do trânsito, a insegurança e a corrupção policial tomam p.4 conta da rotina de Adilson Barbosa e outros caminhoneiros .
COLUNISTAS Brayan Valêncio Com a iminência de uma abertura de processo de impeachment, é natural que se especule quem entra e quem sai, quem morde o osso de p. 5 vez e quem enterraria ele. Jorge de Sousa O que diabos a política tem a ver com uma maratona? A eleição para a Prefeitura de Curitiba tem muito. A menos de um ano da disputa todos saíram de suas marcas... p. 5
LONA > Edição 983 > Curitiba, 21 de outubro de 2015
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EDITORIAL
Crise sem fim? Leis trabalhistas alteradas. Alta cotação do dólar. Cortes orçamentais em programas sociais. Reforma ministerial. Essas situações podem ser consideradas um retrato do que está acontecendo neste ano aqui no Brasil. O dólar atingiu o seu recorde histórico, passando a valer R$ 4,05 em setembro de 2015. Programas sociais, como por exemplo, o FIES, sofreram cortes expressivos. Em Curitiba, 12.728 vagas deixaram de ser ofertadas nas instituições de ensino. E, além disso, oito ministérios do Governo federal foram cortados pelo governo Dilma. Os salários dos ministros foram reduzidos em 10% - e toda essa mudança causa certa inquietação nos políticos em Brasília. A mídia, por sua vez, ao mesmo tempo em que mostra as dificuldades que os brasileiros enfrentam, também tenta dar uma visão positiva sobre o momento atual. Em alguns veículos, é relatado histórias de negócios que estão dando certo durante esse período, ou de alternativas de negócios nessa época. Como sempre acontece no Jornal Hoje, por exemplo. Qualquer instabilidade política pode refletir em outros setores importantes para o país. Como, por exemplo, a economia. Mas vale destacar que não existe crise para a classe média. O máximo que pode acontecer com eles é deixarem de frequentar restaurantes de luxo durante a semana, como mostra uma reportagem veiculada no site da revista Época, em maio deste ano.
OPINIÃO
Falta meio termo Ana Paula Severino
Nunca vi a teoria do “oito ou oitenta” ser levada tanto a sério como hoje em dia. Se você é de direita, precisa odiar a esquerda. Se você torce pro Atlético, precisa odiar quem torce para o Coritiba. Se você gosta do calor, precisa odiar quem gosta do frio. E vice-versa, em quase tudo. Talvez a internet tenha colaborado para essa situação, já que nela todos conseguem atenção, mesmo que seja pouca e de apenas algumas pessoas, e podem falar o que der vontade. No mundo mágico da web, você vira especialista em um assunto após ler três parágrafos na Wikipédia.
Não, o feminismo não é isso. Sim, muitas mulheres não se depilam, mas fazem isso por se sentirem mais confortáveis assim, não só por serem feministas. O movimento apenas fez com que elas fizessem isso sem sentir vergonha, percebessem que não há nada de errado em deixar o seu corpo da forma que você quer. Algumas mulheres acham que a melhor forma de protestar é expondo seu corpo, isso é um problema delas. Algumas mulheres, seja por experiências ruins ou apenas por escolha, decidem odiar os homens. E, sim, algumas mulheres são babacas. Assim como alguns homens. E com isso o feminismo não tem nada a ver.
Isso me assusta particularmente quando a discussão é sobre os direitos das mulheres. Feminismo virou palavra proibida, quando citada gera ódio e divide opiniões automaticamente. Quando uma mulher fala que é feminista, algo curioso acontece. No imaginário do senso comum, ela não se depila, faz protesto mostrando os seios, odeia os homens e é babaca.
Extremismo é ruim em todos os casos e causas. O “bom” feminismo, aquele sem excesso, é sobre direitos iguais. Ele não quer que a mulher esteja a frente do homem, e sim ao lado. Ele prega igualdade, e nós, homens e mulheres, deveríamos apoiá-lo, pois não realidade não parece igual: as mulheres ainda recebem menos apenas por serem mulheres - dados do
ano passado do IBGE mostram que, mesmo ocupando os mesmo cargos que os homens, o salário é 30% inferior -, ainda deixam de se vestirem como querem por medo de assédio - quem não lembra da pesquisa do IPEA? 26% ainda é uma porcentagem assustadora -, mulheres ainda são espancadas e mortas - recentemente, Gisele Santos teve as mãos decepadas pelo marido após dizer que queria se separar. Você não precisa ser a favor das ações do Femen para achar que o feminismo é necessário, bem como não precisa declarar morte aos machistas opressores. Nenhum tipo de ódio é bom. Mas da próxima vez que alguém se declarar feminista, antes de julgar, ouça. Ouça as causas que essa pessoa defende, quais os seus propósitos. Pense em todas as situações que as mulheres passaram e ainda passam, em toda a luta para conseguir direitos fundamentais, para conseguir respeito. Pensar e agir assim não te faz apenas feminista, te faz humano.
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O problema não é o dólar estar valorizado nos últimos tempos. O problema, de fato, é o real estar valendo tão pouco, fazendo com que a moeda americana seja pouco circulada nas grandes negociações aqui no Brasil. Mas, assim como outrora, o Brasil vai superar essa crise. O nosso país já superou momentos muito mais difíceis e complicados. Problemas financeiros, políticos e sociais. É necessário que o brasileiro tenha um olhar positivo para que as coisas ao nosso redor se tornem coisas positivas. Expediente
Reitor José Pio Martins Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Arno Gnoatto Diretor da Escola de Comunicação e Negócios Rogério Mainardes
Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani Coordenadora do Curso de Jornalismo Maria Zaclis Veiga Ferreira Professora-orientadora Ana Paula Mira
Coordenação de Projeto Gráfico Gabrielle Hartmann Grimm Editores Ana Paula Santos, Francisco Mateus e Luis Izalberti Editorial: Da Redação
Curitiba, 21 de outubro de 2015 > Edição 976 > LONA
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GERAL
Sem estabilidade política, crise pode se arrastar até 2019 Ana Justi
Tensões políticas, preços que sobem, dólar em alta, consumo que desce. Situações às quais os brasileiros parecem ter se acostumado em 2015. Mas o que exatamente liga todos esses fatores? Para explicar melhor as influências e incertezas que pairam sobre o futuro econômico do país, o doutor em economia e coordenador do curso de Ciências Econômicas da Universidade Positivo, Lucas Dezordi, me recebe em sua própria sala, no último andar do Bloco Amarelo. No cômodo retangular de paredes nuas e brancas, sento-me de frente para o economista, próxima à porta aberta da sala. Do outro lado da mesa, Dezordi discorre, em um tom de voz de quem está acostumado a conversar com grandes públicos, sobre o que é uma crise econômica: “um momento em que os mercados começam a não funcionar, ou funcionar de uma maneira muito fora do padrão”. Didático, o pesquisador e docente explica que variações nos preços dos bens de consumo são normais, e ditam – justamente – um ritmo, um padrão econômico de referência. Ele explica, ainda, que a crise acontece de fato quando essas variações se tornam muito instáveis. “Essa instabilidade prejudica os agentes de mercado em seus planejamentos e direcionamentos estratégicos, fazendo com que os agentes mercadológicos fiquem mais travados”. Segundo o economista, uma crise é isso: um movimento muito severo nos principais mercados da economia. Ao falar do Brasil, Dezordi afirma que estamos sim, passando por um momento de crise. De acordo com ele, o país só conseguirá fazer seus mercados trabalharem melhor se acalmá-los. A solução? “Um bom planejamento econômico, bem visto pela sociedade e pelos principais agentes do mercado”, esclarece. Para tanto, o docente faz uma análise objetiva do cenário brasileiro: “Instabilidade política gera crise econômica; instabilidades institucionais (problemas de
corrupção) geram crises econômicas. Então, a crise econômica não é a causa do desemprego no Brasil, a causa disto é a falta de um bom planejamento econômico e de uma estabilidade política, que se reflete em mercados estressados, e consequentemente na queda da produção, do emprego e da renda”, explica ao gesticular com firmeza. Pergunto, então, como se caracteriza a economia brasileira, que parece depender de diversos fatores. Sem dar atenção ao seu telefone celular que toca sob a mesa, Dezordi comenta que desde 1930 o Brasil tem focado sua estratégia de crescimento no mercado doméstico. Ou seja, o crescimento do mercado brasileiro está diretamente ligado a fatores como o crescimento do consumo das famílias, a capacidade de realização de gastos no setor público, e um sistema financeiro saudável e sólido que consiga oferecer crédito. Sem citar governos, o economista destaca que o crédito ao consumidor tem sido uma variável essencial do crescimento econômico brasileiro nos últimos anos 15 anos. “Os bancos nunca lucraram tanto”, comenta. O lado bom deste foco bem direcionado, de acordo com Dezordi, é que o mercado brasileiro fortalece suas relações de consumo e sua produção nacional. “Consequentemente, a população tem um padrão de vida mais interessante” . Lucas explica que os brasileiros têm “um padrão bom de consumo”, algo que gira em torno de 10 a 12 mil dólares por ano de produção per capita. Se comparado com a China, por exemplo, que tem um densidade populacional maior, o brasileiro gasta 4 vezes mais e vive melhor do que os chineses. Quanto à desvantagem, o economista explica que nossas empresas acabam não se acostumando ao nível de competitividade internacional. “Nós não temos uma economia aberta, nossa economia é fechada”, resume. Ainda sentado ao lado do computador, De-
zordi esclarece que isso significa que nem as importações, nem as exportações brasileiras representam mais do que 20% do Produto Interno Bruto (PIB): “Economias abertas fortes chegam a ter 60, 70% da corrente de comércio respondendo para o PIB”. Além disso, há uma superproteção da indústria nacional, “nossas empresas não estão acostumadas com a competitividade internacional, então pagamos por produtos mais caros, principalmente na área da indústria, dos manufaturados”. Mudo um pouco o rumo da nossa conversa, quero saber, agora sobre futuro econômico: “ouvimos falar muito sobre ‘confiança do mercado’, mas para o brasileiro, o que isso significa?”. Lucas explica que quando os agentes econômicos tomam decisões tanto de consumo, quanto de investimento, olham sempre para o futuro. “Olhar para o futuro é olhar um pouco para a sua previsibilidade. Nós seres humanos precisamos desta previsibilidade para tomar decisões no presente. Se o brasileiro começa a ver o futuro com muita incerteza e preocupação em virtude dos problemas da corrupção, da instabilidade política, do aumento da inflação, de custo de produção, e consequentemente uma incerteza com relação ao futuro da nossa economia, isto tem um impacto imediato no dia de hoje”, explica.
“A economia funciona pelo lado das expectativas” Embora olhar para o futuro com incerteza não implique necessariamente em um futuro incerto, Dezordi explica a máxima conhecida como “profecia autorrealizável”: “Se hoje temos uma expectativa muito ruim em relação a 2016, e essa expectativa faz com que você tome decisões recessivas, logo, 2016 vai ser recessivo”, explica. “A Economia funciona muito, mas muito, pelo lado das expectativas. Mais do que a gente imagina”. A caracte-
rística, no entanto, não é vista pelos especialistas na área como algo ruim: “Muito pelo contrário. É algo inerente ao agente econômico porque nós tomamos uma decisão, hoje, com base no futuro”. O tom de tranquilidade da conversa fica de lado quando questiono Lucas sobre o futuro econômico do país. Com ar mais sombrio, retraindo-se na cadeira, o economista confessa que se preocupa muito, mas faz uma observação: “Mas acho que temos alguns elementos que estão na mesa que podem ser corrigidos para evitar que entremos em uma recessão mais profunda e prolongada”. Para ele, se os poderes Executivo e Legislativo se harmonizassem a favor de um ajuste fiscal mais forte, consequentemente haveria uma melhora nos indicadores do resultado primário, nominal, do endividamento e etc. A recessão também seria mais branda. “É para o bem do país. Você tem que adequar o seu orçamento público à nova realidade brasileira e ajudar no ajuste macroeconômico”. “E se caso essa harmonização não acontecer?”. Dezordi se move incomodado na cadeira, antes de me responder que a boa recuperação do Brasil seria inviável: “Poderíamos estar falando de um cenário muito mais preocupante, no qual a economia brasileira poderia não só ficar em recessão, mas trabalhar em um crescimento muito baixo, com subemprego, nos próximo quatro ou cinco anos – no mínimo”. Visivelmente perturbado, o docente se recorda, então, da crise dos anos 80, que presenciou de perto: “Quem viu a década de 80 viu isso. Você fica quatro, cinco anos com crescimento baixíssimo, instabilidade política e econômica, desemprego alto e por aí vai”. Dezordi fala de um cenário delicado, com indicadores ruins de produção, investimento, crescimento econômico, emprego e renda. A renda ficaria realmente estagnada por um longo período de tempo. Não conseguimos falar em recuperação efetiva antes de 2019”, conclui.
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GERAL
O Desafio da vida na estrada O transporte rodoviário é o principal meio usado no país para transportar cargas. Basicamente tudo o que você tem na sua mesa e no seu armário veio por caminhões que rodam o país inteiro. Viver na estrada tem seus desafios; a falta de segurança e estradas em péssimas condições assustam, mas a boa remuneração algumas vezes compensa. Conversamos com Adilson Barbosa que em seus 38 anos de vida dedicou oito às viagens pelo país. Ele conta que a paixão pela estrada veio de berço ao ver seu pai cuidar do caminhão e viajar por quilômetros sem fim. Mas a profissão veio também por conta de um acidente de trabalho em uma montadora de veículos: perdeu cerca 40% de força nos braços. Assim optou por fazer aquilo que já gostava: dirigir pelo Brasil afora. Um dos pontos negativos dessa profissão é o contato com a família. Como Adilson viajava com frequência, as mensagens de texto e telefonemas eram algo comum na rotina da família. E para ver os filhos pequenos era apenas no intervalo das viagens - já chegou a ficar 30 dias cumprindo um serviço. Então, em viagens longas, o que restava mesmo era o celular. O que fazia valer a pena ficar fora por tanto tempo longe de casa
era a boa remuneração: ver que seus filhos estavam bem providos compensava, em partes, sua ausência. Ainda assim, a estrada e sua condição deplorável atrapalha a vida daqueles que vivem dela. Os buracos, a má administração, obras inacabadas e excesso de pedágios são reclamações constantes. Essas queixas contribuem para um medo ainda maior: a violência nas estradas. Não é incomum motoristas serem assaltados com frequência; Adilson foi assaltado duas vezes e seus pertences foram levados. Já tentaram lhe roubar a carga transportada, mas não tiveram sucesso. Nessa situação, ele transportava computadores Positivo e as tentativas ocorreram em dias em que o caminhão estava lotado de computadores. A sorte é que o veículo tinha um rastreador muito bom que travava as portas para evitar o roubo da mercadoria - então o grupo abandonava o caminhão. Na terceira tentativa, com a Polícia alerta, eles descobriram que o próprio gerente da fábrica avisa os comparsas para efetuar o roubo. Por sorte, Adilson perdeu apenas celular, carteira e relógio. Além da falta de segurança a imprudência de outros motoristas é motivo de preocupação: muitos não sabem dirigir veículos pesados e carregados. É um risco que se corre.
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Continuando no assunto de pontos negativos, a polícia rodoviária federal pode ser um entrave para muitos. Eles param e fiscalizam os caminhões, porém muitos policiais estão atrás de dinheiro e por isso fiscalizam coisas que não são necessárias para obter a famosa “propina”. Adilson já perdeu as contas de quantas vezes foi abordado por policiais e conheceu as duas faces: os honestos e os aproveitadores. Certa vez, em uma abordagem, o policial alegou que seu farol estava quebrado, mas não estava. Para provar que estava certo, o policial quebrou o farol na frente do Adilson e afirmou “está quebrado”; sem ter o que fazer ele deu dinheiro ao policial, foi multado e seguiu viagem. A prática é muito comum no país, infelizmente. Como tudo tem o lado positivo a remuneração pode ser considerada o maior ponto, de acordo com Adilson, seguido da experiência de conhecer lugares novos e gente bacana, culturas diferentes em todas as regiões do país. O caminhoneiro conta que já rodou do Chuí ao Oiapoque e não se arrepende. Confessa, porém, que nunca teve um amor de estrada. Mas diz que o país é “bonito demais e tem muita diversidade”.
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Além disso, as privatizações das estradas não são de todo mau. Ele já precisou usar o guincho oferecido pelas concessões e foi atendido, demorou, mas foi. É preciso também ter o cuidado com o veículo. Com o caminhão sempre limpo, Adilson rodava quilômetros para cumprir seu dever. Por fazer um bom trabalho nas estradas, Adilson foi indicado por um conhecido para ocupar o lugar de encarregado de frotas em uma transportadora de Curitiba. Hoje trabalha em uma cadeira confortável como a do caminhão, mas na frente de um computador. Responsável pela manutenção de 60 caminhões a experiência na estrada o ajuda a saber o que fazer em cada caso; agarrou a oportunidade e provou que também sabe seguir a rotina administrativa. E a estrada para ele é só a passeio nada de trabalho. Por livre escolha não voltaria a dirigir para sobreviver. Ao olhar para trás e para os colegas de trabalho ele vê a profissão de motorista com orgulho e sabe da importância dela para o país como um todo. Tudo depende de um motorista levar de um lugar a outro o que você precisa. Ele ainda acredita que é possível admirar um pouco mais essa profissão.
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COLUNISTAS
Politicalizando
Jorge de Souza
Maratona O atletismo sempre foi um esporte que me fascinou, pois mistura diversos fatores técnicos, físicos e mentais, resultando em atletas que beiram os heróis da mitologia grega. Comecei nesse desporto nas provas de velocidade, principalmente os 200m rasos - mas fui me apaixonando pouco a pouco pelas provas de resistência, como a maratona. Mas o que diabos a política tem a ver com essa modalidade? A eleição para a Prefeitura de Curitiba tem muito. A menos de um ano da disputa todos saíram de suas
marcas e será um longo caminho a se percorrer... Gustavo Fruet, o “Sobrevivente”: Antes do massacre dos professores, não havia quase nenhum cidadão curitibano que não colocasse em Fruet a culpa dos principais problemas da cidade. O azar do homem era tanto que diversas crises estouraram em suas mãos, sendo que muitas eram bombas relógios que foram plantadas em outros governos. Mas, desde o erro de Richa, a popularidade do prefeito
tem voltado, em ritmo lento, para o aceitável. Sua principal preocupação é manter a cidade afastada de problemas até a eleição. Se conseguir essa meta é o meu favorito ao cargo. Requião Filho, o “Franco Atirador”: Se tem alguém tranquilo com a eleição de 2016 é o herdeiro de Requião. Ele sabe que os adversários são fortes, aliados vão ser raros e que as receitas para a campanha não vão ser lá muito grandes, mas mesmo assim quer gravar seu nome na memória do curitibano. Sua postura será ofensiva em todos os momentos, provavelmente será o melhor de todos os debates e com isso terá a simpatia do público - mesmo dos que não votem nele, mas que em um futuro próximo, lembrarão do rapaz. Atacar Richa e Fruet pode ser um caminho de um salto grande, já para 2018. Tadeu Veneri, o “Fiel da Balança”: Ainda tenho dúvidas da candidatura do petista, mas as movimentações dele nas últimas semanas tendem
a crer que seu nome estará na urna eleitoral no próximo ano. Veneri não será prefeito e isso é um fato. Seu índice de rejeição (grande parte atribuído ao PT) é alto demais para se considerar a vitória, mas ele tem um grande celeiro eleitoral, que pode tirar (ou dar) votos de muita gente. Um exemplo hipotético. Digamos que Ducci, Leprevost e Arns se juntem em uma única candidatura, representando assim a centro-direita, que sempre foi um público muito inclinado a seguir Fruet. Mas, se o atual prefeito perder esses votos, a esquerda será muito difícil de se ganhar, visto que Veneri e até mesmo Requião Filho tem mais apelo com essa faixa da população. Não coloco Luciano Ducci, Ney Leprevost, Flávio Arns, Maria Victoria Barros, Rafael Greca e Wilson Picler porque sinceramente não acredito em mais do que figuração para todos esses. Já o Ratinho Junior quer o Palácio Iguaçu e não o das Araucárias para comandar.
Assuma-se Com a rejeição das contas de 2014 pelo Tribunal de Contas da União (TCU) - coisa que só tinha acontecido com Getúlio Vargas -, a presidente Dilma Rousseff se tornou, mais uma vez, alvo fácil de um pedido de impeachment por parte da oposição. Mas, caso haja algum pedido aprovado pelo presidente da Câmara Eduardo Cunha - e só ele tem esse poder - e, após a finalização do processo, seja decidido que houve algum crime administrativo e então a Dilma seja afastada, quem de fato assume? o Aécio pode assumir? Não, o Aécio não assumiria independentemente da forma que o impeachment procedesse. A primeira forma de impeachment é a que apenas o presidente é alvo de processo. Nesse caso, o seu vice-presidente é conduzido ao cargo então, a pessoa que sucederia Dil-
ma, seria Michel Temer (PMDB). Caso Temer não possa assumir (por qualquer motivo), Eduardo Cunha (PMDB-RJ) teria a - triste e indesejável - missão de assumir a presidência, por ocupar o cargo de presidente da Câmara dos Deputados e ser a principal figura do legislativo. Logo atrás de Cunha, caminha Renan Calheiros (PMDB-AL) o presidente do Senado Federal (vejam como só tem PMDB na sucessão presidência!). Por último, se nem o vice-presidente e nenhum dos dois presidentes do legislativo puderem assumir, o cargo de mandatário maior do Brasil vai para o presidente do STF, Ricardo Lewandowski. Caso nenhum deles possa assumir, uma nova eleição é chamada para 90 dias depois que o último na linha de sucessão deixar a vaga aberta.
Desmistificando Brayan Valêncio
Outro cenário para o impeachment seria o pedido de cassação de chapa (presidente e vice). Caso isso ocorra, podem haver dois tipos diferentes de situação. Se o fato ocorrer com menos de 2 anos da posse da chapa “impechada”, uma nova eleição é chamada para os próximos noventa dias (só assim o Aécio assumiria, mas teria que ganhar a próxima eleição). Caso a chapa seja retirada da presidência com mais de dois anos de mandato, o Legislativo (deputados e senadores) decidiriam um substituto para assumir a chefia do executivo.
Então, com a iminência de uma abertura de processo de impeachment, é natural que se especule quem entra e quem sai, quem morde o osso de vez e quem enterraria ele, mas a única conclusão clara é que não há qualquer possibilidade de que alguém que não seja um dos três patetas do PMDB ou o presidente do STF, possa sentar na cadeirinha do Palácio do Planalto com seus 39 ministros (ops são 31 agora né?), sem ter que disputar mais uma eleição (com direito a dedo no olho e tudo mais).
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ACONTECEU NESTE DIA
Marty McFly chega a 2015! No segundo filme da trilogia De Volta Para o Futuro (1989) Marty McFly e Dr. Brown, a bordo do DeLorean DMC-12, saem do ano de 1985 e chegam a 2015. No longa, o ano é representado com uma série de avanços tecnológicos, como carros voadores e roupas que se ajustam sozinhas. Infelizmente, estas evoluções não se concretizaram. O dia foi muito aguardado por fãs da trilogia de
Robert Zemeckis, tendo ultimamente uma grande repercussão na internet. No enredo do filme, Marty McFly, depois de retornar de 1955, precisa ir com o Dr. Brown ao ano de 2015 para resolver problemas de sua futura família e como em um bom filme dos anos 80 - McFly precisa enfrentar todos os problemas que lhe aparecem pela frente. O primeiro filme da trilogia também completou, em 2015, 30 anos.
Pôster do filme, lançado em 1989 > Foto: Divulgação
#PARTIU Cinema Cativas – Presas pelo Coração Local: Cine Guarani Data: 15/10 a 28/10 Horário: 19h Ingressos: R$6,00 a R$ 12,00 O Pequeno Príncipe Local: Cineplus Jardim das Américas e Cineplus Xaxim Data: 21/10 Horário: 16h30 Ingressos: R$14,00 a R$22,00
Exposições Glück: o tempo e a Imagem Local: Museu Oscar Niemeyer Data: até 14/02 Horário: terça a domingo, 10h às 18h Ingressos: R$ 4,50 a R$ 9,00 Luz Versus Luz Local: Museu de Arte Contemporânea Data: até 21/02 Horário: 10h às 19h (ter a sex); 10h às 16h (sab e dom) Ingressos: gratuito
Shows Lenine Local: Teatro Guaíra Data: 23/10 Horário: 21h15 Ingressos: R$ 110,00 a R$190,00 Tarja Turunen Local: Vanilla Music Hall Data: 25/10/2015 Horário: 19h Ingressos: R$ 100,00 a R$360,00
Cativas - Presas Pelo oração entra em cartaz no Cine Guaraní Filme que conta a história do romance entre mulheres e presidiários foge do enredo comum utilizado pelos documentários brasileiros Está em cartaz, no Cine Guarani, o documentário Cativas – Presas pelo coração. O filme, produzido em 2013 mas lançado em 2015, conta a história de sete mulheres apaixonadas por presidiários. Foram treze anos de pesquisa em torno do assunto. Dirigido por Joana Nin e com roteiro de Sandra Nodari, o documentário retrata o por trás da relação: as cartas escritas e trocadas entre os amantes que sonham em um dia formar uma família juntos e os preparativos para o casamento. Também é mostrado o antes, o durante e o depois das visitas das mulheres ao presídio, que vão para passar o dia com os maridos. Os diálogos entre os amantes revela uma intimidade que, apesar das circunstâncias diferentes, não se mostram distintas das de outros casais. O longa consegue comover aqueles que nada têm a ver com a história, mostrando um outro lado dos presidiários, e principalmente o estranho amor (na perspectiva comum) dessas mulheres. Embora não seja considerado um filme
Foto: Divulgação
“comercial” - talvez por juntar mulher e presidiários em um único produto - o documentário se mostrou mais impactante do que o imaginado, tanto é que foram feitas sessões também na cidade do Rio de Janeiro, onde recebeu elogios. O filme fica em cartaz até o dia 28 de outubro, com sessão às 19h. Os ingressos custam R$12 (inteira) e R$6(meia).