LONA 677 - 16/03/2012

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Curitiba, sexta-feira, 16 de março de 2012

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Ano XIII - Número 677 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo

Curitiba, 16 de março de 2012

lona.up.com.br

Passeata une professores estaduais e municipais em Curitiba Ônibus na UP Crônica traz as dificuldades diárias de quem utiliza o ônibus Universidade Positivo Pág. 2

Festival O fundador do Festival de Curitiba fala sobre as mudanças do evento. Pág. 4

Até o dia 21 de março, a categoria irá permanecer em estado de greve, quando a prefeitura deverá apresentar uma proposta para incorporar ao salário dos professores os valores referentes ao Programa de Produtividade e Qualidade. Pág. 3

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Curitiba, sexta-feira, 16 de março de 2012

Editorial

Está no dicionário “Favelada bloqueando a rua Ivo Zanlorenzi”. Foi assim que fiquei sabendo, através do Facebook, do protesto dos moradores do Mossunguê na noite de ontem (14) em Curitiba. Exigindo o cumprimento da construção de casas populares na região, os moradores queimaram madeiras e impediram o trânsito na região do Campo Comprido. Sabe-se que hoje, embora vivamos numa democracia, as minorias não possuem direitos assegurados. Não há o respeito. De nenhum lado. Há algumas semanas foram os cobradores de ônibus e motoristas que cruzaram Opinião os braços exigindo melhores condições de trabalho. A ideia é a mesma: chamar a atenção para um problema que há muito tenta ser resolvido, mas que sempre vai sendo postergado. “Promessa: Compromisso de fazer, dar ou dizer alguma coisa: cumprir a promessa. Ação ou efeito de prometer.” Como o dicionário mesmo disse, prometer implica em comprometimento. Os moradores não estavam fazendo nada de errado, apenas exigindo o que lhes é de direito. Às vezes é bom se colocar no lugar do outro. A pessoa que escreveu este status tem casa, carro, estuda em uma universidade privada. Os manifestantes, provavelmente, têm condições precárias de moradias. Abrir os olhos para a realidade e a dificuldade dos outros também é um exercício de cidadania, assim como protestar e esperar ter as condições básicas asseguradas pela democracia.

Crônica

Superlotados e impossíveis de embarcar Marcela Andressa da Silva

Foi em mais uma manhã na universidade. Planejando ir ao centro logo depois da aula, pegaria o ônibus o mais rápido possível para não me atrasar e faria as minhas coisas. Ao sair da sala de aula exatamente às 11h20, já que esse horário a maioria dos alunos que saem às 11h40 ainda estariam em aula, achei que seria mais fácil pegar o ônibus. Caminhando para a biblioteca apenas para devolver um livro, pensei em esperar o ônibus no último ponto, próximo da biblioteca. Ao chegar havia algumas pessoas na fila esperando, mas nada de anormal. Até por sinal, uma conhecida estava lá e começamos a conversar. Enquanto isso, o tempo foi passando e um ônibus cheio de estudantes, como de costume dos últimos dias, estava completamente lotado. Resultado: o motorista passou reto e não parou naquele ponto. Continuamos a conversar e mais gente começava a chegar e esperar na fila. Logo depois, passou mais um ônibus na mesma situação, lotado e o motorista passando reto. Essa cena se repetiu debaixo de sol e calor, porque no último ponto bate sol na própria fila. Muitos já tinham desistido e iriam pegar o ônibus em outro ponto, mas alguns insistiram em esperar, tinham esperança de que conseguiriam no próximo ônibus embarcar. Então, passou o terceiro.. o quarto.. o quinto.. o sexto ônibus! Nenhum deles parou. A fila continuava a crescer, muitos indignados, reclamando, outros desistindo, e assim foi por um pouco mais de uma hora. Indignada com a situação, também desisti e dei a volta, fui para o segundo ponto da universidade. Ao chegar, a fila também estava imensa e o ônibus já havia estacionado para os alunos embarcarem. Para variar, o ônibus superlotou e deixou mais alguns estudantes esperando. Quando olhei no relógio já eram quase 12h40! Finalmente, o 8° ônibus chegou e consegui embarcar. Ao passar pelo último ponto, avistei a mesma fila um pouco mais imensa do que antes, dessa vez o motorista resolveu parar e pegar os “esperançosos”. Foram oito ônibus e mais de uma hora esperando, sendo que tinha saído da aula mais cedo. Com certeza, nunca mais vou esperar naquele ponto. Aliás, nem sei o porquê da existência dele, a maioria dos motoristas ignora e nunca consegue parar lá. O porquê de tudo isso não sei, cresceu o número de estudantes ou os horários dos ônibus mudaram ou ainda falta ônibus da linha da universidade. Mas que algo deve ser feito com urgência, isso deve. É só sair perguntando para os passageiros quanto tempo eles demoram a conseguir sair da faculdade. O resultado será um absurdo.

Expediente Reitor: José Pio Martins | Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto | Pró-Reitora Acadêmica: Marcia Sebastiani | Coordenação dos Cursos de Comunicação Social: André Tezza Consentino | Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira | Professores-orientadores: Ana Paula Mira, Elza Aparecida de Oliveira Filha e Marcelo Lima | Editoras-chefes: Renata Silva Pinto, Suelen Lorianny e Vitória Peluso | Editorial: Willian Bressan O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Joenalismo da Universidade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 - Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba - PR. CEP: 81280-30 - Fone: (41) 3317-3044.


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Curitiba, sexta-feira, 16 de março de 2012

Passeata pela educação reuniu cerca de 6 mil pessoas As reivindicações por melhores condições de trabalho e questões salariais levaram professores estaduais e municipais às ruas Renata Silva Pinto Mariana Macedo Marques

Nesta quinta-feira (15), foi realizada uma passeata pela educação, que uniu os professores das escolas municipais e estaduais. Apesar da chuva desde cedo, nem os professores municipais, que já realizaram passeata no dia anterior, ou os professores estaduais deixaram de comparecer a passeata com concentração na Praça Santos Andrade, em Curitiba. A concentração iniciou às 9 h e chegou ao Palácio Iguaçu por volta do meiodia. Mesmo começando

juntos, os dois grupos terminaram suas passeatas em locais diferentes. Os professores municipais pararam na prefeitura e tiveram uma reunião com o governo municipal prevista para as 15h, no Clube dos Subtenentes, que fica perto da prefeitura. Já o grupo estadual seguiu para o Palácio Iguaçu, onde estava marcada reunião com representantes do estado, às 13 horas. A manifestação dos professores estaduais na capital paranaense faz parte da Greve Nacional da Educação, que está sendo organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). A categoria reivindica a

aplicação da Lei do Piso Nacional do Magistério. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública (APP), no Paraná, o salário está 18,67% abaixo do piso nacional. Além disso, os educadores pedem a implantação de um terço da jornada dos professores como hora-atividade, ou seja, o período em que o professor passa fora da sala de aula corrigindo provas e preparando aulas. A destinação de 10% do PIB para a educação também é uma reivindicação do grupo. Segundo o professor Luiz Carlos Paixão, diretor estadual de imprensa da APP, somente cerca de 5% do PIB nacional vai para a educação. Renata Silva Pinto

Professores se reuniram na Praça Santos Andrade em Curitiba e seguiram até o Palácio Iguaçu

“No Paraná, resolvemos fazer só um dia de greve porque já havíamos iniciado a mobilização no dia 9 de fevereiro, quando tivemos um dia de paralisação parcial com atos públicos. Definimos, em assembleia da categoria, fazer a paralisação somente no dia 15 de março”, explica. Paixão afirmou que a expectativa era de cinco mil pessoas, mesmo com a previsão de chuva. De acordo com a Secretaria de Trânsito (Setran), aproximadamente seis mil pessoas estavam presentes na passeata. A diretora do colégio estadual Arnaldo Busato, Ceneia Freitas de Assis, disse que a chuva não foi empecilho para os manifestantes, pois há muito tempo não acontecia uma movimentação com tanta força de vontade. Para ela, a greve está sendo feita por ser uma grande necessidade e ressalta o desrespeito ao professor. A mobilização estadual iniciou ontem nas escolas, com distribuição de material aos alunos e pais explicando o motivo da paralisação. Hoje, os educadores irão se reunir para discutir os resultados da greve e avaliar a participação de cada escola. A coordenadora do Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal

(SISMMAC), Andressa Fochesatto, alega que foram colhidas mais de 25 mil assinaturas a favor da causa e diz que ficou satisfeita com a ação de quarta-feira (14).

Não são apenas os professores Na mobilização de quinta-feira (15) não havia apenas professores pedindo por seus direitos. Os funcionários da educação pediam 14,3% de aumento e reconhecimento de sua função na área da educação, como afirmou Joice Simões, agente educacional 2 (técnico administrativo) no colégio estadual Sagrada Família, Campo Largo. Simões ressalta que o salário-base da categoria não chega a dois salários mínimos, apesar de o cargo ser concursado e precisar de graduação. Paula Cristina Fiel Costa, colega de trabalho de Joice também presente na manifestação, revela que os reajustes que vêm sendo feitos não cobrem nem a inflação. Entretanto, acredita que a greve vai trazer bons resultados. Até o fechamento desta edição nenhuma das reuniões com o governo havia sido encerrada.


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Cultura

Curitiba, sexta-feira, 16 de março de 2012

O Festival de Curitiba nas palavras de seu fundador

O evento existe há 20 anos e já passou por diversas mudanças; Leandro Knopfholz fala sobre a evolução do festival, que conta com 450 apresentações Renata Silva Pinto Mariana Macedo Marques Leandro Knopfholz é o idealizador e criador do Festival de Teatro de Curitiba. O festival surgiu em 1992, atualmente está em sua 21ª edição e completa 20 anos de existência. Em entrevista, conta como teve a ideia de fazer o festival, que inseriu Curitiba no contexto cênico brasileiro, a evolução do festival ao longo dos anos, que passou de 14 espetáculos na primeira edição para 450 atrações nesta, e ainda, sobre como foi criar o festival e o que mudou ao longo dos anos na produção. De que forma surgiu a ideia de fazer o Festival de Teatro? O festival surgiu de uma percepção de que existia bastante espaço e público, mas não tinha uma oferta. Se existisse um evento que ocupasse esses espaços e que estivessem disponíveis, provavelmente a cidade iria acolher um festival como esse. Você não teve nenhuma formação em teatro. Como surgiu o interesse pela área? Como por qualquer outra atividade, como cinema e música. O teatro sempre foi parte do meu repertório cultural, não fortemente, mas desde criança meu pai me levava. De que forma foi idealizado o primeiro Festival? Foi montado um projeto e começou a procura de patrocinadores. A ideia passou por muitos patrocinadores até conseguirem o Boticário e depois o banco Bamerindus, através da ideia que virou um projeto, que virou um plano detalhado e foi comprado por essas empresas para viabilizar o patrocínio do festival. Nesses 20 anos quais foram as diferenças na produção do festival? Vai facilitando por um lado e dificultando por outros. Pela tradição e relevância no cenário brasileiro, há certa agilidade e facilidade na procura de pessoas para se apresentarem aqui. Por outro lado, a área da cultura se valorizou muito, o que é bom, mas isso implica o aumento de custos e negociações diferentes com patrocinadores. Tem coisas que são mais fáceis e outras que são mais difíceis,

Divulgação

como qualquer atividade. O formato do festival mudou ao longo dos anos? Cresceu e evoluiu junto com a cidade e a sociedade. Começou ocupando cinco salas de teatros na rua e com 14 espetáculos, para ocupar hoje 74 lugares e possuir 450 atrações na 21ª edição. Sempre fomos nos adaptando ao que a cidade exigia, ao que o contexto teatral mostrava. Uma evolução que não é de uma hora pra outra, é dinâmica. Fomos percebendo o movimento a nossa volta e nos adaptando a ele, não há uma fórmula pronta. Qual a sua percepção dessa mudança? É natural, são 21 edições. O próprio festival tem um papel de formação de plateia, logo se tem mais público. Precisamos atendê-lo em maior quantidade e diversidade. As pessoas que já assistiam pedem algo a mais, algo diferente. É algo simbiótico da cidade, comunidade e sociedade, demandando novos desafios. O nosso papel é tentar atendê-los. Há algo específico que percebeu que cresceu com o festival? O Risorama, que está na nona edição, começou em 2003 com quatro humoristas, dois dias de apresentação e 200 pessoas assistindo. Hoje são seis dias, sete humoristas e mil pessoas por seção, ainda fazendo seções extras. O festival tenta identificar as tendências e movimentos e a partir disso procura oferecer isso de uma maneira que o público compreenda a nossa proposta e tenta acertar essa tendência. Fizemos isso com o stand-up, há três anos, com a Gastronomix e há quatro fizemos com o Mish Mash, bastante diverso, que também tem crescido. A proposta é essa: identificar a tendência e tentar devolver isso para o público. Quais diferenças você consegue observar no modo de fazer teatro ao longo desses anos? Hoje existem muito mais recursos, especialmente técnicos, que podem ser incorporados à cena. Há também mais possibilidades usando tecnologia na cena ou por trás dela. Possibilidade de fusão de linguagens, afinal

teatro não deixa de ser processo, pesquisa e evolução. Abortando novos textos, questões sociais, evoluindo junto com a sociedade. Nesses 20 anos se incorporou bastante tecnologia e mudou-se bastante o foco da dramaturgia. Qual a sua visão da evolução no teatro causado pelo festival? O festival tenta identificar tendências e evidenciar o momento. A proposta que a coordenadoria vem fazendo retrata isso e indica caminhos. Uma evolução específica, não sei dizer. Entretanto, é um momento importante do ano que as pessoas avaliam o que estão fazendo, conhecem novas pessoas, fazem intercâmbio de ideias, linguagem e propostas. Curitiba sofreu alguma mudança em relação ao festival? É outro contexto hoje em dia, a informação e o deslocamento são mais fáceis. Salas surgiram, a tecnologia no teatro mudou, tudo mudou. O público curitibano está atento a essas mudanças. O que espera do futuro? Espero que o festival continue existindo, tenho bastante orgulho por estar acontecendo interruptamente há 20 anos, são poucos que conseguem isso no Brasil. A ideia é que o festival permaneça nacional, já é uma referência internacional. Programadores internacionais assistem aos espetáculos para programar suas salas e instituições. Acredito que se continuarmos trabalhando com seriedade e carinho, vamos continuar sendo essa referência.


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