Curitiba, quinta-feira, 14 de junho de 2012
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“A culpa não é da internet, mas sim do uso que a pessoa faz”, diz psicóloga
Ano XIII - Número 735 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo
ESPECIAL Saiba mais sobre as ONGs que procuram as falhas do governo para ajudar as pessoas Págs. 4 e 5
ESPORTE Os jogos de decisão da Copa do Brasil Pág. 6
Rafael Augusto Vignoli
Pág. 7
Rio+20 só será efetivo com medidas claras e construtivas Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável iniciou ontem no Rio de Janeiro e debate o desenvolvimento sustentável. Especialistas frisam que é necessário esforço conjunto dos países. Pág. 3
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PERFIL Cadeirante leva sua vida de uma forma alegre e normal Pág. 8
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Opinião
Editorial
A política de saúde Apenas ontem o governo resolveu não reduzir os salários pagos a médicos federais, atitude que era prevista pela Medida Provisória 568 que tramita no Congresso. As consequências dessa medida seriam a de dobrar a carga horária dos médicos mantendo o mesmo salário. Isso tudo acabou gerando protestos e até a paralisação para que aconteça uma paralisação nessa medida provisória. Não adianta negar que o sistema de saúde brasileiro está bem precário. Como desculpa para tudo isso aumentar a carga horária sem aumentar o salário dos poucos médicos que temos seria mesmo a solução? Infinitas esperas na fila de hospitais e a baixa renda dada ao SUS (Sistema Único de Saúde) provam que o nosso sistema realmente não se encontra nas melhores condições. Toda essa precariedade se deve a inúmeros fatores que vem assolando o Brasil. Dizer que o nosso sistema de saúde se encontra em situações lamentáveis apenas pelo fato do financiamento, é uma ilusão. Os Estados Unidos investem vinte vezes mais na saúde do que nós, e mesmo assim lá existem por volta de 50 milhões de excluídos. Dinheiro não é o problema. Ele é um dos. A política corrupta e pessoas que obstruem todo o sistema são os principais responsáveis pela falta de atenção. No Brasil existe a Emenda 29, que serve para aumentar o valor gasto pelo governo com saúde. Ótimo! Todos amam essa emenda, mas até hoje ela espera por votação. O que deixa ela paralisada? Ninguém sabe. Donos de hospitais particulares, planos de saúdes e outros, parecem ser os mais beneficiados com tudo isso estagnado. Com todos esses problemas escancarados ainda aparece essa medida provisória que pode resultar em uma greve de médicos federais. A paralisação dos atendimentos já serviu para assustar um pouco. A ministra das Relações Institucionais se pronunciou, dizendo que houve um erro na edição da medida que provocou a redução, e tudo isso será resolvido em breve. O senador Eduardo Braga vai manter a possibilidade de médicos terem jornadas duplas de vinte horas, benefício estendido integralmente a aposentados. Ao que parece essa pequena paralisação assustou bastante muita gente. Apenas a paralisação impediu que 1529 cirurgias fossem realizadas somente aqui em Curitiba. Uma longa greve traria consequências absurdamente maiores e irrecuperáveis. Resta então prezar e respeitar os poucos profissionais de saúde que ainda atuam no Brasil.
Expediente Reitor: José Pio Martins | Vice-Reitor e PróReitor de Administração: Arno Gnoatto | Pró-Reitora Acadêmica: Marcia Sebastiani | Coordenação dos Cursos de Comunicação Social: André Tezza Consentino | Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira | Professores-orientadores: Ana Paula Mira, Elza Aparecida de Oliveira Filha e Marcelo Lima | Editora-chefe: Suelen Lorianny |Repórter: Vitória Peluso | Pauteira: Renata Silva Pinto| Editorial: Matheus Klocker O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 - Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba - PR. CEP: 81280-30 - Fone: (41) 3317-3044.
TED Talks Elisa Schneider
Mais interessante do que uma palestra, mais amplo do que um telejornal e mais rápido que uma aula, as conferências TED Talks ganharam o mundo disseminando ideias úteis e que merecem ser compartilhadas. Em apenas dezoito minutos, especialistas de diversas áreas do conhecimento debatem temas atuais e de interesse contemporâneo. Através dos TEDs, conceitos científicos ganham maior dimensão e proximidade do público leigo, que compreende e se apropria das informações. Desta maneira, o formato desempenha papel importante na construção do conhecimento que a sociedade recebe fragmentado através da mídia tradicional ou que muitas vezes, não recebe. Os vídeos estão divididos por temas como economia, mudança de poder, saúde, cinema e fotografia, histórias de vida, entre outros. Cada convidado utiliza muito bem o seu tempo com bom humor e até mesmo atitudes inusitadas, como a de Bill Gates, que abriu um vidro com mosquitos da mesma espécie transmissora da malária, e cerca de um minuto depois, esclareceu à plateia que eram inofensivos. A dinâmica rápida e a liberdade do palestrante atraem um público cansado do intermédio de apresentadores e de longos monólogos promovidos por encontros especializados. O nome TED remete a tecnologia, entretenimento e design e é promovido por uma empresa sem fins lucrativos que agora produz em outros lugares do mundo, inclusive no Brasil. Por aqui, o evento foi recebido em diversas cidades para promover o debate sobre o papel do país no desenvolvimento mundial. As conferências podem ser acompanhadas pela internet e muitas delas têm legendas. TED Talks: “ideias que mudam atitudes, as vidas e o mundo”.
Carta do Leitor Após vários meses de produção, é interessante notar a evolução das reportagens e dos textos de opinião no Lona deste ano. Desde o começo do ano ainda com quatro páginas e apenas publicado na Internet até este último mês com oito páginas, colunas e reportagens especiais houve uma bela evolução nos textos e pautas, e na pertinência delas. E, claro, sempre houve, a página de opinião, que em diversas ocasiões foi a mais interessante da publicação, sempre com discussões e textos que acrescentam nas opiniões dos leitores, e em várias ocasiões contendo declarações e posições interessantes. Esperemos que no próximo semestre, o Lona mantenha a qualidade que foi presente neste primeiro semestre, e que sempre haja uma evolução nas matérias, pautas e textos de opinião. Gustavo Vaz, aluno do terceiro período do curso de Jornalismo da Universidade Positivo
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Rio+20 reascende debate sobre importância da sustentabilidade A Conferência da ONU, que iniciou ontem, irá até o dia 22 com eventos sobre desenvolvimento sustentável e participação de diversos países Mariana Macedo Renata Silva Pinto
Começou ontem a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, mais conhecida como Rio +20, na cidade do Rio de Janeiro. O Lona falou com dois especialistas da área que comentaram sobre o evento: Maria Alice Zimmerlin, diretora executiva do Instituto LIFE (Lasting Initiative For Earth ou na tradução: Iniciativa Duradoura pela Terra) – que possui um workshop na conferência -, e o professor Renato Engênio Lima, geólogo integrante do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente e Desenvolvimento (NIMAD) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Segundo Lima, a Rio + 20
trará várias oportunidades, como de verificar o quanto foi desenvolvido desde a edição de 1992, a Rio + 92, e também de reafirmar, modificar e alterar as propostas que foram estabelecidas 20 anos atrás. Para Maria Alice, a conferência irá “desenhar em conjunto um plano para um desenvolvimento sustentável”, mas para isso frisa que o plano deve ser claro e decisões construtivas. “O planeta está tomando consciência de que é necessário que todos os países trabalhem juntos para um futuro melhor”, ressalta Renato comentando sobre a importância dessa consciência. Ele acredita que não adianta que apenas o Brasil, por exemplo, faça a sua parte isoladamente, é preciso que todos se mobilizem ou não haverá os resultados necessários. Entretanto, aponta que é frus-
trante que alguns chefes de Estado não compareçam ao evento. Em 1992, conta que foram estabelecidas centenas de propostas de “boa vontade”, em que algumas obtiveram avanços significantes e outras o contrário. Nesta edição da Conferência, a promessa é de decisões mais concretas, em que se definam as tarefas para cada nação. Uma novidade que Lima destaca é a intenção de se estabelecer redes de instituições que ponham em prática o que será discutido durante a Rio + 20. Para isso é preciso que seja feito um acordo sobre quais os países irão se envolver, segundo o especialista, não só com a “boa vontade”. Já Maria Alice lembra que em 1992 não foi realizada apenas a Rio +92 com discussão
Alunos do curso entrevistam o cartunista Ademir Paixão Matheus Chequim
No final da tarde de ontem, a Universidade Positivo recebeu o chargista Ademir Paixão, do jornal Gazeta do Povo, que foi nomeado no dia 11 de maio como Cidadão Honorário de Curitiba. Paixão foi o convidado do programa Teia Entrevista, e contou sobre sua trajetória profissional até se tornar o ilustrador reconhecido nacionalmente. O caricaturista falou sobre a relação direta do seu trabalho com o jornalismo. “Sou um viciado em notícia. Desde manhã eu acompanho as notícias na rádio, não ouço música”, declarou Paixão. O programa, apresentado por Marcos Monteiro, vai ao ar na Rádio Teia apenas no segundo semestre.
sobre o futuro do planeta. “Em 1992 aconteceram três convenções, uma sobre a desertificação, outra sobre clima e a terceira sobre biodiversidade”, contou Alice. Assim ressalta a importância da Rio + 20, pois é a primeira vez que uma conferência reúne todos os temas. Para ela, esse foi o ano em que se começou a discussão sobre o futuro sustentável do planeta.
Evento Paralelo Amanhã será realizado o Workshop Internacional de Negócios e Biodiversidade, com organização do Instituto Life, de Curitiba. Maria Alice conta que o objetivo do evento é mostrar para as empresas como conservar, recuperar e manter os recursos naturais. Ressalta que sem a cooperação delas não existe
desenvolvimento sustentável. Entretanto, toda empresa utiliza recursos naturais, assim precisam investir na área ou se não o recurso no futuro não estará disponível para seu uso. “Se eu não cuidar do rio não vou ter mais água para utilizar no meu negócio”, exemplifica.
Serviço Para o dia de hoje está previsto cinco eventos paralelos: a continuação da III Reunião do Comitê Preparatório e mais dois eventos culturais, sendo que um é o término do Concurso Cultural Rio +20. A conferência deve seguir até o dia 22 de junho no Rio de Janeiro. Em 2009, a conferência foi marcada pela AssembleiaGeral das Nações Unidas, segundo informações dadas pela organização do evento.
Michelle Ribeiro Valente
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ESPECIAL
Somente pelo prazer de ajudar Algumas instituições observam lacunas nos serviços prestados pelo Estado e, de forma voluntária, buscam melhorar a vida das pessoas Brunno Brugnolo Leonardo Celeski
“O que uma mão dá a outra não precisa saber”. É com base nesse ditado que várias entidades trabalham voluntariamente com o simples objetivo de ajudar o próximo. Conhecidas como organizações não governamentais, as ONGs tiveram crescimento significativo nos últimos anos. Estas instituições são grupos sociais do terceiro setor que não possuem fins lucrativos. Elas têm como finalidade pública a atuação em diferentes áreas, como educação, meioambiente, desenvolvimento sustentável, combate à pobreza, saúde, direito humanos, entre outras. As ONGs têm importância expressiva na sociedade, pois costumam atuar em setores onde o Estado é pouco presente. Para desenvolver os trabalhos obtêm recursos através de financiamentos do Estado, parcerias com empresas privadas, doações da população, venda de produtos ou rifas e promoção de eventos beneficentes. Perante o Código Civil elas se caracterizam como pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos, como associações e fundações. Grande parte das pessoas que trabalham nessas entidades é voluntária. Recentemente o conceito dessas organizações tem sido manchado por causa das diversas fraudes envolvendo falsas licitações, desvio de verbas e
corrupção. O que acontece hoje é uma intermediação entre o governo e a população através de convênios que se tornaram fontes de desvio de dinheiro público para enriquecimento de partidos ou pessoas ligadas - direta ou indiretamente - a eles. Entretanto, é preciso valorizar o trabalho de entidades sérias, que fazem a diferença na vida de pessoas que necessitam de ajuda. Ou até mesmo de pessoas comuns, que, com determinado amparo, podem se transformar e viver uma nova realidade. Aqui em Curitiba existem alguns bons exemplos, como a Associação Paranaense Alegria de Viver (APAV) e o Instituto História Viva. Para a presidente da APAV, Maria Rita Teixeira, a intenção é apenas ajudar o próximo. “Na época que iniciamos, o objetivo era dar assistência e salvar vidas, mas ao longo do tempo vimos que a doença não é mais um bicho de sete cabeças e hoje nossa preocupação é fortalecêlas e trabalhar contra o preconceito”, afirma a presidente da associação fundada em 1993, que presta assistência e cuida de crianças carentes portadoras do vírus HIV.
Instituto História Viva Criado em novembro de 2005, com sede em Curitiba, o instituto é certificado pelo Ministério da Justiça como Organização da Sociedade Civil Organizada (OSCIP). De acordo com o site da instituição, o História Viva conta com total
autonomia administrativa e orçamentária para capacitar, treinar e organizar voluntários para se tornarem contadores e ouvidores de histórias. Desde a sua fundação foram formados mais de 700 voluntários, e atualmente são 140 que atendem em média 14 mil pessoas durante o ano em diversas instituições de Curitiba e São Mateus do Sul. O recorde de pessoas impactadas foi no ano passado, quando mais de 34 mil pessoas foram atendidas. O maior local de atuação foi no Hospital das Clínicas, que concentrou quase 1/3 dos trabalhos. Na sequência aparece o Lar Rogate e o Hospital Erasto Gaertner O objetivo principal do Instituto é transformar ambientes e amenizar sentimentos de dor e sofrimento para pacientes de hospitais e moradores de asilos, abrigos e casas lares. Por meio das histórias é possível levar cultura, educação, carinho e alegria para crianças e idosos que passam por tratamento ou que simplesmente foram abandonados por suas famílias. O estímulo ao hábito da leitura é uma das principais bandeiras do Instituto História Viva. Ser voluntário mexe com sentimentos e emoções. Devido a grande responsabilidade, há um treinamento para os contadores de histórias. Alternando entre aulas práticas e teóricas, os interessados passam por um aprendizado que soma 35 horas.
História Viva tem tido o reconhecimento através de prêmios e espaço na mídia nacional. Por duas vezes o voluntariado da entidade foi divulgado com destaque pela Rede Globo de Televisão. Na primeira oportunidade, em julho de 2010, no Programa Brasileiros; posteriormente, em abril de 2011, no Programa Ação, apresentado por Serginho Groisman. Em 2010 foi finalista na categoria Organização da Sociedade Civil da 3ª Edição do Prêmio
Cultura Viva (promovido pelo Ministério da Cultura). Já em 2011, foi o vencedor da categoria educação da 3ª edição do Prêmio Instituto HSBC Solidariedade – Troféu de Honra Dra. Zilda Arns Neumann. O prêmio de notoriedade nacional apoia ações de mobilização social que contribuem para a melhoria do país. Um dos grandes benefícios de ser um voluntário atuante é o crescimento pessoal gerado, de acordo com a fundadora do
Reconhecimento Devido ao impacto do trabalho realizado, o Instituto
Jaleco e adesivos são as marcas registradas de Renê Junior
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Instituto História Viva, Roseli Bassi. “Os voluntários desenvolvem um senso de cidadania e responsabilidade que os fazem questionar os valores de suas vidas. Eles são tão beneficiados pelo processo quanto as pessoas as quais se propõe a ajudar”, reflete.
A alegria medida por sorrisos
Uma das maiores frustrações de uma criança é ser impedida de brincar, pular e correr. Quando isso acontece devido a uma internação, a situação se agrava ainda mais. É neste momento que entram os voluntários, oferecendo carinho, diversão e atenção. A felicidade de Renê Orlando Palte Junior, por exemplo, está no sorriso de cada criança. Aos 58 anos e já aposentado, ele sai da comodidade para voluntariar no Hospital Erasto Gaertner, pelo Instituto História Viva. O percurso de cerca de cinco quilômetros é feito de bicicleta. O mesmo meio de transporte leva Palte ao Hospital das Clínicas, onde a distância percorrida é de aproximadamente oito quilômetros. Em cada local, as visitas ocorrem apenas em um dia da semana, para transmitir felicidade, e não contrair os problemas. “Esse que é o grande segredo. A intenção é ajudar eles, e não me prejudicar. Por isso, venho ao Erasto apenas na sexta-feira. Dá uma ansiedade e uma vontade muito grande de vir em outros dias, mas é melhor aguentar”, ensina o voluntário. Mesmo assim, é inevitável criar um vínculo com os pacientes. Isso fica claro quando Palte recebe a notícia que, nesta visita, ele não poderá interagir com todas as crianças. A maior parte delas está em área de isolamento. “Não dá? São muitas? O que aconteceu?”, indagou, em sequência. A queda de imunidade deixou a maioria das crianças isoladas do conta-
to normal com outras pessoas. Palte tentou encarar com naturalidade, mas lamentava a situação seguidamente. A caminho do quarto, encontrou dois médicos, e, não satisfeito, quis confirmar a informação. Situação parecida, embora mais grave, já havia acontecido em meados de 2009, quando expandiu a epidemia da Gripe H1N1, conhecida como Gripe Suína. “Nossa, fiquei quase seis meses longe deles. Foi bastante complicado, posso dizer que fiquei sem rumo. Conversar, Ao lado dos pais, Luiz escolhe as figurinhas adesivas oferecidas pelo voluntário contar história e ver Luiz demora para escolher zer a alegria de outras pessoas. as crianças mais felizes faz par- aproveita para reforçar o quante da minha rotina... e ela foi to as frutas melhoram a saúde. suas três figurinhas. Espalha Isso é muito gratificante. E preVindo de Prudentópolis, in- todas pela cama e pede ajuda firo assim, de um em um, pois quebrada de um modo muito ruim”, contou, com voz lenta e terior do Paraná, Luiz mostra aos pais. Depois, com cartelas posso dar mais atenção. Essas simplicidade e conhecimento de futebol, carro e bicicleta, crianças são muito especiais. calma. do campo. “Lá em casa a gen- devolve o maço ao voluntário, Faço isso com o maior do munO contato te brinca no barro e na grama. que distribuirá isso a outras do”, discursa, com a voz emQuando a gente encontra uma crianças. Uma dessas é Enzo bargada. Assim são os voluntários do No quarto, apenas três das lesma matamos com sal”, relata Morendi. O menino de quatro bem. Não medindo os esforços, anos aguarda em cama próxima seis camas estavam ocupadas. o garoto, gargalhando. O câncer foi descoberto a chegada do ‘avô’. “Vamos fa- medindo sorrisos. Uma por João Pedro, o veterano da turma, 22 anos. Ele es- quando Luiz tinha dois anos. perou Palte lavar bem as mãos Ele passou por tratamento por – ritual comum para quem entra quatro anos e teve uma signino quarto -, o cumprimentou, ficativa melhora. Contudo, sua largou o computador do lado e imunidade voltou a baixar nesPara ajudar a APAV é necessário agendar uma te ano e precisou retornar ao dormiu. visita e conhecer o trabalho realizado. Aceitam À sua frente estava o anima- hospital. “Uma semana antes do Luiz Henrique, de 9 anos, de eu voltar eu fui pescar, pedoações de roupas, alimentos, matérias de limacompanhado pela mãe, Marcia guei um peixão bem grande, né, peza e higiene, brinquedos e móveis usados. DoKuzma. “Que demora, vô”, dis- mãe?”, conta. Márcia concorda ações financeiras também são bem-vindas. Para se o menino, ansioso para ouvir com a cabeça e dá um tímido as histórias infantis. Bastante a sorriso, mostrando-se um poumaiores detalhes acesse o site www.apav.org.br vontade, Palte mostra sua cole- co preocupada com a transfuou entre em contato. APAV - Rua João Capiberibe, ção de livros. “Esse aí do maca- são de sangue a qual Luiz seria 1546 – Portão, Curitiba-PR. Fone: 3229-4779. co”, pede Luiz. O voluntário lê submetido logo mais. A despedida de Palte com a história interagindo com todos a sua volta. Mostra as ilus- os pacientes é animada. “Eu Para colaborar com o Instituto História Viva trações e efeitos especiais con- sempre trago adesivos pra eles. como voluntário, parceiro ou doador é necessário tidos na obra, misturando com Nossa, a criançada gosta muito suas histórias de infância. “Do disso. Tenho pra meninos e meir ao site www.historiaviva.org.br e preencher o que o macaco gosta, Luiz?”, ninas, de carros, bonecas, futeformulário correspondente. Rua Atílio Bório, 719 pergunta, com um largo sorriso bol... Do que pedir, o vô tem”, Cristo Rei, Curitiba – PR. Fone: 3779-1524. no rosto. Da resposta do garoto, brinca ele.
Serviço
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POLÍTICA
Do caçador de marajás ao palhaço no plenário Votos em branco e votos nulos são uma maneira de mostrar a insatisfação com os candidatos e candidatas que pleiteiam uma vaga tanto no executivo como no legislativo. Entretanto, caros amigos, caras amigas, é necessário dizer que tanto o voto branco, quanto o voto nulo, são contados na somatória final da apuração como votos inválidos e, portanto, acabam beneficiando as siglas nos votos proporcionais. Desde 2007, quando houve a mudança na Lei eleitoral, esses votos foram tornados inválidos. Qual o porquê de haver as duas nomenclaturas? De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é uma maneira de compreender o comportamento do eleitorado, visto que, quando o eleitor, a eleitora
vota em branco, significa que nenhum dos candidatos ou candidatas supriu suas necessidades, ou seja, não há representatividade política, ao passo que votos nulos representam, para o TSE, a abstenção do direito ao voto. Outrora havia uma aura de protesto, defendida por alguns ainda, em votos nulos ou brancos. Essa maneira de mostrar insatisfação, contudo, não é eficaz. Primeiro porque, de 64 quando houve o golpe militar até 88 na campanha das Diretas Já houve grande mobilização popular pelo direito ao voto; segundo porque conquistado esse direito, não há porque protestar pela falta de representatividade já que qualquer cidadão ou cidadã que seja alfabetizado pode filiar-se ou criar um
partido político que lhe represente. Há, por outro viés, a transferência do voto de protesto que antigamente era nulo ou branco, para candidatos caricatos ou não tradicionais. Esse foi o caso do deputado federal mais famoso do país, eleito por São Paulo, Tiririca (PR). Críticos, com o perdão da redundância, criticaram os brasileiros e brasileiras por terem eleito um palhaço para a Câmara dos deputados. Outros diziam que esse foi um voto de protesto, mas quem protesta aqui sou eu, leitores, leitoras: Quando votamos nos engravatados com brilhantina no cabelo, ou naqueles que diziam que iriam caçar marajás, o que houve com esse país? O voto é-nos ao mesmo tempo direito e dever.
Aline Reis sccpaline@gmail.com
Direito de escolher nossos representantes e dever de fiscalizá-los. Protestar vale sim, votando em palhaço (que aliás é o deputado mais presente nas plenárias) ou colocando o caçador de marajás novamente no cenário político, o que não vale é querer se abster da culpa depois.
ESPORTE
Copa do Brasil em fase decisiva A Copa do Brasil teve seus jogos decisivos da fase quartas-de-final no mês passado, na última quarta-feira, e dois paranaenses estavam presentes. De um lado da chave, o Atlético fazendo duro confronto com o Palmeiras, e do outro, o Coritiba tentando repetir o feito do ano passado, quando chegou a final. Com o empate em 2 a 2 na Vila Capanema, o Atlético-PR foi para o confronto com o Palmeiras com certa desvantagem, já que a equipe paulista conseguiu fazer dois gols fora de casa. No jogo da volta, o Palmeiras jogando na Arena Barueri tentou pressionar o time do Atlético, mas como de costume, o técnico rubro-negro Carrasco não deixou o time atrás e colocou Guerrón para jogar no sacrifício. Apesar disso, o Palmeiras aca-
bou vencendo o jogo por 2 a 0, com gols de Luan e Henrique. O próximo adversário da equipe de Palestra Itália será Grêmio ou Bahia. Na chave de baixo, o Coritiba enfrentou o Vitória, tentando repetir o sucesso no torneio de 2011. Jogando no Couto Pereira, o Coxa precisava da vitória, já que o primeiro jogo havia empatado em 0 a 0. Apesar de sair atrás no placar, o alviverde conseguiu virar o jogo ainda no primeiro tempo, e fechar o jogo no segundo. Everton Costa duas vezes, Everton Ribeiro e Roberto marcaram para o Coritiba, enquanto o gol do Vitória foi feito por Marquinhos. O Coritiba chega com boas chances de fazer mais uma final. O rival de agora, São Paulo, terá vida dura quando jogar no Couto Pereira. Esse
confronto será de muito equilíbrio, com um Coritiba mordido pelo vicecampeonato contra o Vasco. Na outra semifinal, um confronto de muita rivalidade e história envolvendo Grêmio e Palmeiras. Os técnicos são as grandes atrações: Vanderlei Luxemburgo do lado gremista, e Luiz Felipe Scolari pelo lado do alviverde. Nesse caso há uma inversão de papéis, já que Felipão é grande ídolo no Grêmio, e Luxemburgo ganhou muitos títulos com o Palmeiras. Apesar da vantagem de fazer o jogo de volta em casa, acredito que o Palmeiras não será páreo para o Grêmio, e deixará o torneio na semifinal. Fazendo a final contra os gremistas, aposto no Coritiba, que deve fazer muita pressão no jogo de volta no Couto Pereira, e o forte e experien-
Rodolpho Roncaglio
rodolphoroncaglio@gmail.com
te conjunto do Coxa deve prevalecer sobre a nova equipe do São Paulo. Porém, a minha aposta para campeão da Copa do Brasil é no Grêmio, que tem um ataque poderoso com Kléber e Marcelo Moreno e joga sua última temporada no estádio Olímpico.
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Geral
Para psicóloga, o problema com a internet está no modo como o usuário a utiliza A psicóloga Ana Luiza Mano, do Núcleo de Pesquisa em Psicologia da Internet da PUC-SP, explica sobre o uso compulsivo da internet no NPPI
Mariana Macedo Renata Silva Pinto
O uso compulsivo da internet é um problema psicológico que possui poucos estudos e especialistas. Um dos pioneiros no Brasil sobre esta dependência, o Núcleo de Pesquisas em Psicologia da Internet (NPPI), da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), realiza orientações via e-mail. A integrante do núcleo e psicóloga Ana Luiza Mano falou com a Rede Teia sobre o uso abusivo da internet. Segundo Ana Luiza, no núcleo é utilizado um questionário sobre o uso compulsivo da internet criado pela psicóloga estadunidense Kimberly Young em 1994. O questionário se foca no tipo de uso da internet pela pessoa, se a prejudica, não dando tanta importância à quantidade de horas passadas em frente ao computador. “É o que você faz no tempo que você usa que dá o indício daquilo que está te prejudicando”, completa Mano. As pessoas procuram o NPPI quando percebem que a utilização da internet está prejudicando a vida dela. “Você usa tanto que não consegue ir pro trabalho ou para escola, perde compromissos para ficar usando, está num lugar e não presta
atenção no que está acontecendo, pois precisa usar”, exemplifica. Além disso, pais preocupados também procuram o núcleo acreditando que seus filhos estão viciados. Entretanto, Ana avisa que quem deve sentir a necessidade de procurar ajuda é o filho.
sencial em sua cidade, que pode ser sugerido por alguém do núcleo ou alguma universidade que tenha tratamento gratuito. Mano conta também que muitas vezes o tratamento se prolonga pelo paciente não responder ou pela falta de sensibilização da pessoa.
Como é a orientação
Educação sobre internet
Ana Luiza explica que a orientação das pessoas que se apresentam como “viciados” em internet é realizada em cerca de seis semanas, dependendo da avaliação feita pela equipe. No programa, são trocados um e-mail por semana em dias combinados previamente. Na primeira semana há uma explicação sobre a orientação, a troca de e-mails, e são feitas as perguntas básicas sobre a pessoa, como ela utiliza a internet, o tempo conectado e os motivos para acreditar que está viciado. Até a segunda semana é feito um mapeamento de uso. Na terceira semana, procuram descobrir como é a vida da pessoa, o que ela deixou de fazer pelo “vício” e o que continua fazendo. Pela quarta e quinta semana há a sensibilização para que a pessoa compreenda por que está usando abusivamente algo que atrapalha sua vida. Normalmente, após as semanas o paciente é encaminhado para um acompanhamento pre-
Para a psicóloga Ana Luiza Mano, a única possibilidade de se evitar o vício da internet é com a educação sobre o uso, ensinando o que é seguro e o quanto se expor, por exemplo. As redes sociais, segundo Ana Luiza, são projetadas para mostrar apenas o que te interessa, “o negócio deles (as redes sociais) é te cativar”. Um órgão que adotou essa causa é o Instituto Coaliza, que tem como objetivo promover a educação cidadã e digital para a sociedade civil. Idealizado em 2010, o instituto atua com palestras de conscientização em órgãos, escolas e panfletos no Rio de Janeiro e São Paulo, de acordo com um dos co-fundadores, Lincoln Werneck. A ideia, segundo Werneck, é utilizar o melhor das quatro áreas que abrangem a internet: Jurídica, humanas, segurança da informação e educação. “O instituto nasceu com o intuito de fazer as pessoas entenderem que a internet não é um mons-
tro”, complementa. Assim como Ana, Lincoln acredita que o problema do uso da internet está no modo que as pessoas agem dentro dela. O Instituto procura levar o conhecimento para a sociedade, de uma forma clara e concisa. Contudo, afirma que a decisão final sempre será do usuário. A ação principal do instituto está na sua página do Facebook e no Twitter. Até julho, segundo Werneck, pretendem estar com o Coaliza constituído judicialmente para firmar contratos. A intenção final é trabalhar com escolas e mostrar para professores como trabalhar e interagir com a internet, mostrando o que é prejudicial para a criança
e o que ajuda a desenvolver seu conhecimento.
Como começou
Fazendo um breve histórico sobre o NPPI, Ana Luiza contou que o núcleo começou em 1995. Três professores de psicologia da PUC-SP decidiram fazer uma home page para a clínica da universidade. Já em 1996/97 pessoas começaram a pedir orientação por email, assim os professores foram atrás dos conselhos regionais e nacional para obter ajuda no que fazer. Atualmente é proibido dar consultas pela internet, mas é permitida a orientação.
Um exemplo A designer Carolina Tod Palhano, 21 anos, conta que passa pelo menos oito horas por dia usando a internet no trabalho, que foi escolhido em parte pelo uso da internet. “Escolhi isso [a profissão] por conveniência, então contar a vida por esses canais acabou virando um hábito” explica. Ela também usa a internet ao chegar em casa e até mesmo no trajeto entre o trabalho e sua casa, quando acessa via smartphone. O uso excessivo da internet já rendeu brigas com a família e com o namorado, principalmente no que diz respeito à exposição nas redes sociais. O cotidiano exposto no mundo virtual se tornou motivo de discussão em casa. “Reclamava de certas coisas que acontecia na família pelo Twitter. Quando descobriram que eu fumava foi por causa do meu perfil no Facebook também” relata Carolina, que reconhece que muitos de seus problemas poderiam ser evitados se usasse a rede de forma mais prudente.
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PERFIL
Dr. João Rayssa Baú
Era uma terça-feira, pouco antes do meio dia, o consultório médico estava cheio e meu estômago roncava de fome. Tive que aguardar o atendimento de mais três pessoas. Já estava impaciente. Enquanto esperava para falar com o doutor, puxei papo com a secretária. O nome dela é Lauriete Priscila e trabalha lá há mais de um ano. Perguntei como era a sua relação com os pacientes e se gostava do seu trabalho. Ela me respondeu com um lindo sorriso no rosto: “É muito bom atender as pessoas que vêm até aqui. Elas entram de um jeito e saem de outro. O que mais me deixa feliz é saber que pude ajudá-las de uma maneira ou outra”. Achei muito bacana seu comentário, até porque Lauriete deixou de prestar vestibular e entrar numa faculdade porque se encantou com o trabalho de secretária. “Aqui construí uma relação maravilhosa com os pa-
cientes. Eles me ligam até mesmo pra saber como estou, se preocupam comigo, não querem só meus serviços, sabe como? Além do mais é muito bom trabalhar ao lado do Dr. João e de sua esposa, eles são maravilhosos”. Quase esqueci de contar: junto ao consultório há uma sala onde trabalha a esposa do Dr. João, a fisioterapeuta Stefania Lopes. Conversei com ela também e fiquei sabendo que eles estão casados há mais de 20 anos e se conheceram na faculdade. Chegaram até a estudar juntos na França, mas isso antes de se formarem. Stefania me contou um pouco do dia a dia de seu marido. “João tem dificuldade para andar, por isso usa cadeira de rodas, mas no resto ele é perfeito. Digo isso em todos os sentidos. É um ótimo marido e companheiro, além de ser uma pessoa boa, que faz o possível para ajudar.” Depois de esperar quase duas horas, consegui entrar na sala do neurologista João Ferrario Lopes Neto. Ele me tratou muito bem, foi super gentil e não se importou de conversar comigo e contar sobre sua trajetória. Ele nasceu junto com o ano novo de 1957. Foi filho único a vida toda, mas sempre cercado de tios e primos. Sua relação com os médicos começou desde pequeno quando descobriu que tinha alguns proble-
mas nas pernas e na coluna. Ele nasceu com artogripose, uma doença relacionada às pernas e com luxação congênita do quadril, o que o impediu de dar os primeiros passos cedo. Ele foi andar só com 4 anos de idade. Passado essa fase, João teve uma infância boa, mas sempre com algumas dificuldades de locomoção. Ainda nessa época, ele se submeteu a vários tratamentos, mas nada que o fizesse melhorar definitivamente. Sua primeira operação foi com 19 anos de idade e desde então não parou. Começou tratando a perna direita, depois cuidou da esquerda e da coluna. As cirurgias em si correram bem, mas houve alguns problemas, como conta João. “Passei por alguns tratamentos na Argentina e nos Estados Unidos, o que pensei que fosse me curar, mas houve erros médicos. Me colocaram uma prótese infectada.” Passado esse pesadelo, João não desistiu. “Essa época foi a mais difícil, pois eu ainda era jovem, então não conseguia encarar muito bem essas coisas. Sempre tive apoio dos meus pais, o que me ajudou muito. Eles fizeram de tudo para que eu pudesse voltar a andar. Não mediram esforços para pagar minhas cirurgias e tratamentos. Sou grato eternamente a eles.” Na juventude, João andava com a ajuda de muletas e foi assim que ele terminou a faculdade de medicina, em 1986. Mas a fase de tratamentos não terminou: ele ainda passou por uma cirurgia na coluna, em 1992 e não obteve bons resultados. Além dos erros médicos, ele conta que levou um susto. “Depois de operar a coluna, escorreguei e cai no quarto do hospital, o que me rendeu ainda mais complicações. Logo, em 1994, eu já dependia de uma cadeira de rodas”. Ele me contou tudo isso com um sorriso no rosto. Na sua mesa havia inúmeras fotos de seus pais, sobrinhos e de seus
O kart é um esporte pra quem gosta de adrenalina. Ele, nada mais é do que um “carro” que possui volante, acelerador e freio. Para andar nele é preciso se equipar com o macacão, as luvas e o capacete. O esporte pode ser praticado em pistas abertas ou fechadas, sempre com a proteção de pneus para desenhar e assegurar o circuito. Diferente do que se imagina, é comum que uma pessoa com alguma deficiência física possa pilotar um kart. Isso porque alguns mecânicos conseguiram fazer uma adaptação especial. Ao invés de apertar os pedais do freio e do acelerador com os pés, eles apertam com a mão. Existe um cabo chamado borboleta que é conectado nos pedais e pode ser acionado manualmente. Dessa forma, os deficientes físicos conseguem ter domínio total do kart, apenas segurando o volante. Os cabos borboletas são colocados atrás da direção, de modo que se consiga fazer as curvas e manusear o freio e o acelerador ao mesmo tempo. João Lopes Neto começou a andar de kart há 8 anos e gosta muito do esporte. “Sempre que posso vou correr. Adoro a adrenalina que o kart me traz.” Maico Marcello Rosa é mecânico e já adaptou um kart especial. “Acho incrível a oportunidade que podemos dar a quem gosta do esporte. Dá muito trabalho fazer essa adaptação, pois é preciso trocar todo o volante e ligar os cabos borboletas à direção, mas o restante do kart permanece igual. O único diferencial que pode ser acrescentado é o uso do cinto de segurança pra quem não tem equilíbrio no banco”.
cachorros. Foi aí que ele contou que não tinha filhos de verdade, mas sim, quatro poodles. “Sempre gostei muito de cachorros, comecei com um casal e depois eles deram cria e a família foi aumentando”. Ao lado dessas fotos, junto a uma montanha de papéis, tinha uma imagem especial. Era uma foto dele sentado em um kart. Perguntei qual era a sua relação com esse esporte e como ele fazia para correr. João contou que adora adrenalina. “Sempre gostei muito de andar de jet-ski, ir a montanhas-russas e pilotar o kart. Ser cadeirante nunca foi um empecilho para eu deixar de fazer o que gosto.” E, quanto ao kart, ele disse que tem um amigo que trabalha no ramo e se empenhou junto a alguns mecânicos a fazer uma adaptação para que ele conseguisse correr. “Já faz alguns anos que dedico uma vez da semana, ou então do mês, dependendo do movimento do consultório, a andar de kart. Tenho um só meu
que é todo adaptado para minhas limitações. É simples, ao invés de apertar os pedais com os pés, controlo a velocidade com um cabo colocado no volante”. Ficamos mais de uma hora conversando com uma empatia maravilhosa. Saí de lá com a consciência de que havia conhecido um exemplo de homem, de médico e de pessoa para os amigos, parentes e para toda a sociedade. Alguém que enfrentou as dificuldades da vida de cabeça erguida e nunca deixou de fazer nada por causa de suas limitações, se é que elas existem. Atualmente, João Lopes é médico neurologista. Ele dedica mais da metade do seu dia a atender pacientes dos mais diversos quadros clínicos possíveis. Sua vida está voltada a ajudar os outros e a mostrar como é fácil viver uma vida alegre e saudável. Como ele mesmo diz: “Aprendi a ser feliz como eu sou. Levanto com um sorriso no rosto e vou aproveitar os momentos que a vida pode me proporcionar”.