LONA 744 - 14.09.2012

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Curitiba, sexta-feira, 14 de setembro de 2012

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Curitiba, sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Ano XIII - Número 744 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo

Diego Henrique da Silva

Greve da UFPR é suspensa

As bicicletas pelo mundo

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OPINIÃO Os problemas do Sistema Único de Saúde brasileiro

No mesmo dia em que o Ministério Público Federal ajuizou uma ação solicitando a volta das aulas, assembleia dos professores da UFPR decidiu pela suspensão da greve. Aulas começam na segunda (17).

Bicicleta como meio de transporte é alternativa para o trânsito Uso de bicicletas como meio de transporte trás benefícios à saúde do corpo e é uma opção mais econômica para o bolso e para o tempo gasto no trânsito

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EDITORIAL O preconceito racial no Brasil pág. 2


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Curitiba, sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Editorial

O racismo como autodestruição

Uma das coisas que mais se discute no país é o preconceito racial, por ser ele um dos mais sérios problemas brasileiros. Mesmo assim, muitas pessoas ignoram essa realidade, seja pela banalização dos discursos contra o racismo (que já se tornaram bastante repetitivos) ou mesmo por plena falta de responsabilidade social. O IBGE informou, tempos atrás, que os negros já constituem a maioria da população do país. Os dados do censo, no entanto, não serviram para mostrar às pessoas a real importância do afrodescendente em uma civilização que tem como base justamente o negro. O que se tem percebido, na realidade, é a violência e o desrespeito contra esse grupo, que vitimam não só pobres marginalizados, mas também pessoas conhecidas, símbolos da negritude - como é o caso da cantora Preta Gil, que sofreu racismo pelo deputado federal Jair Bolsonaro, há pouco tempo. Mas o crime mais cruel cometido contra o negro e também contra a nação é, sem dúvida, a negação do patrimônio histórico e cultural afrodescendente, em benefício dos costumes de uma minoria branca. A colaboração do negro no processo de formação da cultura brasileira é pouco reconhecida, o que não corresponde à leitura de uma sociedade racialmente harmoniosa que outros países fazem do Brasil. É preciso reconhecer, acima de tudo, o esforço de muitos anos dessa gente durante o triste passado escravocrata do país. O trabalho dos negros no decorrer de toda a história certamente foi fundamental para a construção do Brasil atual. Discriminar o negro, portanto, é demolir, aos poucos, um pouco da nossa própria identidade.

Opinião

Além das filas

Lis Claudia Ferreira

A Constituinte de 1988 declara que: “A Saúde é direito de todos e dever do estado”. Na tentativa de cumprir-se o que a Constituição determina, foi criado em 1990 o SUS (Sistema Único de Saúde). Apesar de ser bem planejado e ter mostrado resultados melhores do que as iniciativas anteriores, o SUS está longe de ser o modelo ideal de Sistema Público de Saúde. Falta de leitos em hospitais, demora nos agendamentos de procedimentos, falta de profissionais especializados e de estrutura básica são apenas alguns dos problemas enfrentados todos os dias pelos usuários do SUS. Um dos principais motivos para a falta de sucesso do sistema em atender a demanda da população brasileira é a falta de administração de qualidade, consequência da falta de interesse dos Orgãos Públicos (Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais, etc.) em fazer o sistema funcionar como deveria. O SUS conta com verbas do Governo Federal, Estadual e Municipal (cujo valor obviamente não é suficiente) para atender a aproximadamente 80% dos brasileiros em suas necessidades relacionadas à saúde. Essa verba é destinada a áreas específicas e supostamente é obedecida uma escala de prioridades e demanda. Entretanto, na prática é fácil perceber que isso não é o que ocorre. Enquanto pessoas morrem por falta de leitos em UTI, prestadores de serviços de saúde não atingem todos os meses o teto pré estabelecido para atendimentos eletivos – os que não têm carater emergencial - ou seja, uma parte do dinheiro fica reservada a uma especialidade específica, porém não é utilizada integralmente. Também são comuns casos de super faturamento ou cobrança indevida de procedimentos, uma vez que os critérios de auditoria do SUS não são suficientemente rigorosos. Aparentemente ninguém quer se dar ao trabalho de zelar pelo dinheiro público. O resultado é óbvio: filas imensas, pessoas morrendo desnecessariamente e ninguém assume a culpa. Prestadores culpam a Secretaria de Saúde que por sua vez culpa o governo federal. E o jogo de “empurra” continua em uma avalanche de desculpas que parece não ter fim. É necessário, portanto, que antes que se tente resolver o problema de insuficiência de verbas, acabe-se com a falta de supervisão do trabalho dos funcionários públicos e melhorem-se os processos de auditoria dos prestadores conveniados. Dessa forma, o SUS poderá deixar de ser apenas um bom projeto para tornar-se prática - e pode vir a ser exemplo de Sistema Público de Saúde para o mundo.

Expediente Reitor: José Pio Martins | Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto | Pró-Reitora Acadêmica: Marcia Sebastiani | Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira | Professores-orientadores: Emerson Castro e Marcelo Lima | Editores-chefes: Gustavo Panacioni, Vitória Peluso e Renata Silva Pinto| Editorial: João Angelo O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 - Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba - PR. CEP: 81280-30 - Fone: (41) 3317-3044.


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UFPR retoma atividades na segunda A decisão foi tomada no mesmo dia em que o Ministério Público Federal ajuizou uma ação civil solicitando o retorno imediato das aulas da instituição Angelo Sfair Gustavo Panacioni

Professores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) decidiram nesta quinta-feira, em assembleia realizada no Teatro da Reitoria, pela suspensão da greve. O retorno aos trabalhos já acontece na próxima segunda-feira (17). O Ministério Público Federal protocolou nesta quinta (13) uma ação civil solicitando o retorno nas aulas da instituição. A decisão deveria ser cumprida em até no máximo 72 horas a contar da publicação judicial. A petição inicial estabeleceu como responsáveis pela greve a UFPR, o Andes (Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior) e a APUFPR (Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná). O principal objetivo da ação era de assegurar um funcionamento mínimo da universidade e, também, não prejudicar os estudantes dos últimos períodos, que se formam no final deste ano. “A cada dia que passam, sem saber quando a greve irá acabar, os estudantes que cursam o último ano são irremediavelmente prejudicados”, afirmou a procuradora da República, Antonia Lélia Neves Sanches, no documen-

to protocolado. Luis Allan Kunzle, presidente da Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná, afirmou que até o horário da assembleia que decidiu pelo fim da paralização, eles ainda não haviam sido notificados da ação. “Era uma ação muito ruim, para retornarmos só os dois últimos semestres, o que causaria um caos desnecessário para a Universidade dar aula apenas para um pedaço, tendo em vista que temos alunos que adiantam matérias ou as repõem”, explica Kunzle. Outro ponto destacado por

a primeira audiência 57 dias depois da greve decretada”, explica. “O Ministério Público tinha que ter acionado o governo também. A gente acha um pouco injusto”, complementa. Luis Kunzle também comenta que é preciso definir o que significa o “funcionamento mínimo” exigido pelo Ministério Público Federal. “Vários cursos de pós-graduação, por exemplo, estão funcionando. O trabalho do docente é essencialmente intelectual. Ninguém para de pensar nesse período e os alunos estão sendo orientados. Há um funcionamento

Vitoria Peluso

Luis Kunzle é a pressão que o MPF aplicou apenas sobre a categoria dos professores. “Quando começamos essa greve, o governo só foi fazer

mínimo sim”, discorre Kunzle. Mesmo que as universidades estivivessem promovendo um funcionamento básico

dos serviços, não houve uma ação específica aos alunos que estão nos últimos períodos dos cursos. De acordo com o representante da associação, há um bom senso nesses casos. “Houve uma concessão para algumas situações na medicina, para alunos que têm estágio em hospitais. A universidade liberou”, explica Kunzle. O Ministério Público Federal, conforme o documento ajuizado, previa multa diária de, pelo menos, R$ 5 mil “para cada réu que deixe de orientar os seus subordinados quanto à necessidade de ser assegurado o funcionamento mínimo da instituição”. As aulas na Universidade Federal do Paraná ficaram suspensas por 120 dias. Mesmo com as voltas das aulas a decisão de como vai concluir a ação civil ajuizada pelo MPF depende do juiz federal responsável pelo caso.

Kunzle. A votação foi tranquila e os professores chegaram a uma decisão com ampla maioria, tanto é que nem houve necessidade de contabilizar os votos. Na assembleia também foi retirado um conjunto de princípios que a categoria julga necessário para serem respeitados nesse retorno às aulas. Para eles, é essencial que o calendário garanta o direito de férias em janeiro e julho, além de respeitar as especificidades de cada campus, como Litoral e Palotina. O novo calendário também não deve utilizar sábados, domingos ou feriados para repor as aulas. Segundo Kunzle, não há previsão de data para que as aulas sejam recuperadas. O presidente da Apufpr também deixa bem claro que a greve não acabou, apenas foi suspensa. A classe se negou a assinar o acordo oferecido pelo governo, argumentando que ele era muito ruim. Apesar disso, consideraram a manifestação válida. “Tivemos bons avanços e boas conquistas. As manifestações continuam mesmo sem paralização. A greve serviu O fim da greve para forçar o governo a ter alguns recuos e mostrar para O presidente a sociedade que as Universida Apufpr deixa claro que a dades Públicas carecem de ação do MPF não tem rela- um investimento mais certo ção nenhuma com a suspen- por parte do governo”, consão da greve. “Ficamos sa- clui. bendo pela imprensa”, conta


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Curitiba, sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Exercício físico e meio de transporte Bicicleta é uma alternativa para fugir do trânsito e ter mais saúde Renata Silva Pinto

Setembro em Curitiba é o mês da bicicleta, que além de ser um bom meio para se fazer exercício físico tem sido cogitada como meio de transporte na cidade. Segundo Luis Claudio Patrício, integrante do movimento Bicicletada Curitiba, pesquisas mostram que em deslocamentos de até 7 km bicicletas são mais rápidas que automóveis em caso de engarrafamento. Luis Cláudio conta que sempre usou a bicicleta diariamente para se locomover, tanto que nem possui carro. Garante que é um modo muito mais econômico, chega a gastar R$60 por mês, com manutenção da bicicleta e com outros meios de locomoção (taxi ou ônibus) caso o trajeto seja muito grande ou esteja chovendo. Ressalta que os gastos com a bicicleta em si são muito menores, sendo a revisão de seis em seis meses custando R$70, 00. Algo que gosta de fazer é ajudar pessoas que já têm interesse de andar de bicicleta. “Andar de bicicleta no trânsito é bem mais fácil do que parece”, declara Luis ao dizer que para ajudar a retirar o receio das pessoas costuma a acompanhar colegas no trajeto até o trabalho e também vizinhos e amigos. Saúde Segundo o professor de Educação Física Ricardo Corrêa

Cunha, que possui doutorado em biotecnologia da saúde, andar de bicicleta traz muitos benefícios para a saúde como exercício físico. Ressalta que não possui contraindicações. Por ser um exercício aeróbico, causa um aumento a capacitação cardiorrespiratória. Assim, Ricardo afirma que andar de bicicleta diminui as chances de desenvolver doenças crônicas não transmissíveis. Prevenindo as doenças de coração, como hipertensão, alteração cardíaca, infarto agudo do miocárdio, exemplifica o professor. Além disso, trás outros benefícios, podendo controlar os níveis de saúde do sangue, controlando do nível colesterol, aumenta o colesterol bom (HDL) e diminui o ruim (LDL) e controle dos triglicerídeos. O uso de bicicleta diariamente também é considerado exercício físico, segundo Cunha a Organização Mundial de Saúde (OMS) uma pessoa que faz atividade física 30 minutos por dia cinco vezes por semana é considerada fisicamente ativa. Ou seja, “se você tem um deslocamento diário de bicicleta de 20 min para ir a algum lugar e voltar, já são 40 min por dia superando a recomendação da OMS”, relatou Ricardo. Sobre cuidados com o corpo, uma pessoa para usar a bicicleta diariamente deve consultar um médico, principalmente um cardiologista, para fazer um check-up, alertou o professor. Além disso, é preciso ter um cuidado com

as articulações como o joelho e também a coluna, pois “o uso excessivo também é prejudicial, podendo aumentar o desgaste da questão articular”, afirma o professor.

Divulgação

Exemplo de mudança Visando um modo alternativo de entrega que fuja do trânsito foi criada a Ecobike Courier, empresa que realiza entregas feitas em cima de bicicletas. Segundo o proprietário Cristian Trentin, a empresa foi criada no dia 11 de julho de 2011 e cobre a maior parte de Curitiba, totalizando 43 bairros. Além disso, Trentin afirma que a cidade possui uma das maiores concentrações de carro por capita e o trânsito fica cada vez mais complicado. As bicicletas são uma alternativa para fugir do trânsito e fazer entregas mais rápidas. Para poder ser entregador da empresa o candidato precisa ter o hábito de andar de bicicleta e também conhecer bem a região central de Curitiba, conta Cristian. No site da empresa está bem visível um contador de quanto carbono foi “economizado” com o uso de bicicletas para a entrega ao invés de motos. Segundo o proprietário o cálculo é feito em base da quilometragem percorrida pelos bikers-entregadores, como ele denomina, e a quantidade média de poluição gerada por uma motocicleta por quilometro.

Cidades aderem o uso de bicicleta Várias cidades ao redor do mundo já aderiram a locomoção por bicicletas como meio de transporte, utilizando faixas exclusivas para o veículo ou disponibilizando

bicicletas na rua para alugar. Lugares como Paris, Milão e até mesmo Curitiba. Em Milão, Gabriela Langue, 19 anos, estudante que está há um mês na cidade, conta que o respeito aos ciclistas é muito maior. “Aqui é normal e bem seguro usar a bicicleta como meio de transporte e para se exercitar”, conta a estudante. Além disso, muitas pessoas preferem esse meio de transporte por ser mais fácil e rápido, “é engraçado que você vê muitas pessoas até trajando terno andando de bicicleta indo para o trabalho”, relata Gabriela. Já em Paris, há um sistema de aluguel de bicicletas chamado “Vélib” que se pode adquirir um dos veículos por um tempo determinado. No site ou nas estações se pode comprar tíquetes por um dia, sete ou pode se cadastrar para uso contínuo. Em toda a cidade e em mais trinta ao redor estão disponíveis 1.800 estações, dispostas cada 300 metros, e mais de 20.00 bicicletas, segundo o site oficial. Segundo a assessoria de imprensa de Curitiba, existem aproximadamente oito quilômetros de faixa exclusiva para ciclistas, da linha verde até o terminal do Carmo. Esta faixa tem pretensão de ser estendida até o terminal do boqueirão em 2013 com as obras do PAC para a COPA 2014. Atualmente, existem 120 km de ciclovias em toda a cidade e o IPUC está desenvolvendo um projeto para aumentar em 400km.


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