LONA - 755 01/10/2012

Page 1

Curitiba, segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O

ún

ico

D

jo

r do IÁ nalBr R lab as IO or il at

ór

redacaolona@gmail.com

@jornallona

lona.redeteia.com

Curitiba, segunda-feira, 1 de outubro de 2012

io

Ano XIII - Número 755 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo

A ideologia da comunidade Doze Tribos p.4

CINEMA

Greve dos correios é encerrada com imposição do TST Os funcionários exigiam reajuste de 6,0%. Tribunal Superior de Trabalho teve de se impor para encerrar a greve. A categoria está em pleno serviço desde a última sexta-feira. p. 3

Cultura japonesa é celebrada em Curitiba Durante todo o mês de outubro, eventos por toda a cidade vão ser realizados para divulgar os costumes do país. Mostras de cinema, exposições e apresentações musicais são algumas das atrações. O Mês da Cultura Japonesa acontece entre os dias dois e trinta e um de outubro. A abertura das festividades acontece nesta terça, às 19 horas, na rua 24 Horas. p. 7

Personagem de Johnny Depp ganha destaque, mas filme deixa a desejar p.6

ENSAIO Um breve passeio pela história de uma das cidades mais antigas do mundo. Oxford, na Inglaterra. p. 8


2

Curitiba, segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Editorial

Brasil quer Pep! Uma frase dita em tom de brincadeira, se tornada realidade, pode salvar o Brasil de um fiasco na Copa do Mundo de 2014. Não é de hoje. Já faz alguns anos que a Seleção Brasileira vem apresentando um futebol decaído, que não empolga nem o mais otimista dos torcedores. No comando de Mano Menezes, a situação só piorou. A prova desse desagradável “momento” (que parece durar uma eternidade) é a posição pífia e inédita que a Seleção ocupa no ranking mundial da FIFA, 13ª colocada. Vale ressaltar que é a pior posição brasileira desde a criação da lista, em 1993. Após a derrota para o México na final dos Jogos Olímpicos em Londres, e com os fracos desempenhos de Mano à frente da Seleção, surgiram várias especulações sobre uma possível e bem-vinda mudança de técnico. O sugerido e aclamado pela população brasileira é Pep Guardiola, o fantástico ex-técnico do Barcelona, considerado em 2012 pela FIFA o melhor treinador mundial. Recentemente, Guardiola admitiu em tom de brincadeira que aceitaria o convite para treinar a Seleção pentacampeã do mundo. Sem exageros, seria uma bênção um treinador do potencial de Pep treinar a Seleção canarinho, o estilo ofensivo que sempre foi uma das principais características do Brasil voltaria a reinar, pois o treinador sempre frisou que se deve valorizar a tradição de jogo e a prática do futebol bonito e eficiente. Opções de jogadores qualificados para serem titulares e reservas não faltam, o que falta é um eficiente comandante que tenha jogo de cintura para encarar a pressão da mídia em relação às convocações, e para montar um time que tenha cara de Seleção Brasileira e não de Retranca Futebol Clube. Quem acompanha o mundo futebolístico sabe que o fantástico Pep Guardiola tem de sobra todas essas características. A nós, amantes do belo futebol e defensores do estilo ofensivo, cabe torcer para que a CBF ouça a aclamação da população e que a frase bem humorada dita por Guardiola se torne realidade, caso contrário a solução é se preparar para o “gran” fiasco na Copa do Mundo de 2014.

Expediente Reitor: José Pio Martins | Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto | Pró-Reitora Acadêmica: Marcia Sebastiani | Coordenação dos Cursos de Comunicação Social: André Tezza Consentino | Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira | Professores-orientadores: Ana Paula Mira, Elza Aparecida de Oliveira Filha e Marcelo Lima | Editores-chefes: Gustavo Panacioni, Renata Silva Pinto e Vitória Peluso | Editorial: Alessandra Becker Serpa O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 - Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba - PR. CEP: 81280-30 - Fone: (41) 33173044.

Opinião

Promessas vazias Cintia Aleixo

Todos os dias tenho ouvido e assistido a propaganda política eleitoral, que mais parece um programa de humor- para não dizer horror. São tantas promessas que nem Jesus Cristo teria poder para realizar tantos milagres. Prometem moradia, infraestrutura, saneamento básico, infinitas novas escolas e creches, calçamento para todas as ruas da cidade, mesa farta, só faltam prometer que sol aparecerá em todos os dias frios e que o dia passará a ter 30 horas. Povo do meu Brasil, prestem atenção, pare e pensem. O que foi feito até agora, será que é possível fazer muito mais que isso com a verba disponível para nossa cidade? Sim, é possível realizar muitos projetos, mas fiquem ligados, pois promessas demais não podem ser cumpridas em quatro anos. Os políticos falam o que a população quer ouvir, ou seja, que seus problemas serão resolvidos. Mas a realidade é bem mais complicada do que eles demonstram ser. A questão de moradia digna para todos os curitibanos, por exemplo, deixa muito a desejar. Famílias ficam anos a espera da aprovação de cadastro e disponibilização de casas da Cohab. Exemplo recente da falta de providências quanto a moradias foi o que aconteceu no bolsão do Sabará, na cidade Industrial de Curitiba. Cerca de 200 famílias que tem inscrições na Companhia de Habitação Popular de Curitiba ( Cohab), invadiram um terreno no Sabará em protesto a espera que já dura seis anos. A polícia Militar realizou no dia 12 a desocupação do terreno, para isto contou com 320 policiais e guardas municipais, a população não teve chance de negociação e nem retorno sobre possíveis providências e algumas pessoas ainda terminaram machucadas na ação. O terreno invadido pertence a prefeitura de Curitiba e tem 96 mil metros quadrados e de acordo com os protestantes poderia ser utilizado para construir novas moradias. Se os representantes da cidade não se importam em tomar providências para que a população tenha moradia digna e consequentemente, acesso a educação e saúde, não temos mais a quem recorrer. Por isso é importante prestar atenção nas promessas de campanha, analisar e anotar o que foi prometido elo candidato de sua preferência cobrar depois. Participe da política da sua cidade, do seu país. Se leia, se informe, discuta sobre as propostas das plataformas, pensem se tudo que prometem é possível se realizar. Os políticos erram ao se corromperem ou se absterem dos problemas das cidades, mas está em nossas mãos realizar a mudança que queremos. Vote com consciência.

Agora só se fala em greve Jéssica Rossignol A realidade dos brasileiros este ano são as greves, tudo o que podemos imaginar já esteve paralisado ou ainda está. Bancos, Correios, policiais federais, Hospital de Clínicas, motoristas e cobradores de ônibus, professores universitários, caminhoneiros e muitas outras que já prejudicaram a vida de todos. O problema vem se agravando a cada ano. Os bancos, que ficaram em greve por uma semana, param todo ano. Não sabemos bem o porquê de tanta greve acontecendo praticamente todas juntas, mas a luta é sempre pelo mesmo objetivo: reajustes salariais. Claro que todo trabalhador tem o direito de protestar contra algo que ache errado e não esteja de acordo, mas se parássemos para pensar os próprios prejudicados somos nós. Alunos que ficam sem aulas por meses e terão que terminar o ano letivo, quer dizer, o calendário acadêmico em fevereiro de 2013. Pacientes ficaram sem cirurgias e acabam agravando o caso da doença. Contas atrasaram por não ter onde pagar ou pela pessoa não ter tempo de ficar em filas e mais filas, e muitas outras consequências que estamos vivendo por causa das greves. Entrar em estado de greve até pode ser necessário, mas não prejudicando uma classe de cidadãos honestos e trabalhadores. Devemos pensar no direito de todos e não só nos nossos, pois é uma injustiça com a população pensar assim. Por mais que acordos e reajustes sejam aprovados, não estará resolvendo o problema, pois acabam amenizando, por um ano como está acontece, contudo ano que vem pode vir a acontecer novamente, esta grande desordem que estamos vivendo. O Estado não pode obrigar as pessoas a trabalharem e a população não precisa obedecer tudo o que os grevistas propõem e querem. Então uma medida para reduzir os impactos negativos que essa paralizações provoca, é o desconto dos dias parados, assim dificilmente elas teriam dias e até meses de duração. Há pessoas lá fora que precisam pagar suas contas, receber suas correspondências, estudar para garantir seu futuro e até lutar pela própria vida. Então é melhor raciocinar antes de fechar tudo e sair às ruas, pois pessoas precisam de todos os serviços funcionando normalmente para viver em sociedade.


3

Curitiba, segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Greve dos trabalhadores dos Correios termina após decisão do TST Tribunal concedeu aumento de 6,5% aos trabalhadores, que prometeram normalizar as entregas rapidamente Osmar Murbach Junior Gustavo Vaz

A greve dos trabalhadores dos Correios foi encerrada na noite de quinta-feira pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) que determinou um aumento de 6,5% para a classe, com o reajuste sendo extensivo aos benefícios sociais. Segundo a determinação, os trabalhadores eram obrigados a voltar ao trabalho já na meianoite da última sexta-feira. Com a decisão, os trabalhadores e os sindicatos dos Correios prometeram normalizar todas as entregas atrasadas pela greve rapidamente. Segundo a categoria, vários trabalhadores pretendem despachar todas as entregas que não chegaram aos seus destinatários graças à greve que durou 16 dias. Segundo material disponibilizado pelo TST à equipe do Lona, a decisão por este reajuste veio em um julgamento do entrave entre os trabalhadores e a empresa. A relatora do caso, ministra Kátia Arruda, no seu voto, declarou que “analisando os índices de inflação, cheguei à conclusão de que seria adequada a concessão de um reajuste de 6,5%, a partir de 1° de agosto de 2012”. Já a questão do aumento linear (um reajuste constante ano a ano), “somente seria possível mediante acordo coletivo”, segundo a relatora. A maioria do plenário da

sessão concordou com o aumento proposto pela relatora, e todos os juízes envolvidos no julgamento decidiram por encerrar a greve imediatamente já na última quinta (dia em que o tribunal entrou em sessão para discutir o caso). Além do reajuste salarial, foram julgados os benefícios aos trabalhadores como vale-cesta, vale-alimentação, e questões como plano de saúde. O Sindicato dos Correios do Paraná (SINTCOM-PR) acatou bem a decisão do TST. “Nós queríamos 6% de reajuste, e conseguimos 6,5%”, relatou Luiz Antônio Ribeiro de Souza, presidente do Sindicato. Entretanto, o presidente demonstrou sua indignação com o fato da questão ter que ser levada ao TST para ser resolvida. “É uma sacanagem ter que recorrer ao Tribunal, já que a empresa [Correios] se negou a negociar com seus funcionários”, reclamou. “É um absurdo e uma falta de respeito com o trabalhador dos Correios”, frisou Ribeiro de Souza. O presidente do SINTCOM informou que a negociação se arrastava desde o dia seis de julho deste ano. “Foram entre 40 e 45 dias de negociação, e a única saída foi entrar em greve no dia 19 (de setembro). Tudo isso devido a falta de vontade de negociar por parte da empresa”, completou Ri-

beiro de Souza, Entretanto, segundo informações disponibilizadas pela assessoria da Diretoria Regional dos Correios no Paraná (ECT), apenas 8% dos funcionários dos Correios aderiram à greve aqui no estado do Paraná, um total de 11.825 empregados. “Hoje, 100% dos trabalhadores dos Correios está em atividade”, foi a declaração da Diretoria Regional. Quanto às entregas, da carga de cartas e encomendas dos últimos seis dias, 90% chegaram aos seus respectivos destinatários, cerca de oito milhões de entregas. “191,3 milhões de entregas foram feitas em todo

o território brasileiro, mesmo durante o período da greve”, relatou o ECT do Paraná. A Diretoria Regional local informou ainda que um mutirão deveria ser realizado no fim-de-semana, dias 29 e 30, para que se normalize todo o fluxo de entregas de cartas e encomendas que estão estocadas nos Correios do Paraná devido à paralisação. Sobre isso, Luiz Antônio Ribeiro de Souza, no dia da entrevista ao Lona, revelou estar ocupado entrando em contato com trabalhadores dos Correios do Paraná que teriam de trabalhar no fim-de-semana para regularizar as entregas atrasadas.

“Quase não consigo atender aos pedidos da imprensa, por causa disso”, relatou. Esta foi a segunda greve dos Correios de âmbito nacional em pouco mais de um ano. A categoria já tinha cruzado os braços por 28 dias entre setembro e outubro do ano passado. Na época a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios, Telégrafos e Similares (Fentect) não havia chegado a um acordo com a empresa. Essa paralisação também havia sido encerrada pelo TST, porém o órgão não impôs um valor de reajuste na época. Osmar Murbach Junior

Sedes dos correios também voltam a funcionar normalmente


4

Curitiba, segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Especial

A vida em comunidade Giulianoa Nogara Maria Luiza de Paula

A Doze Tribos foi criada nos Estados Unidos, por um casal que buscava seguir os ensinamentos religiosos com mais afinco. Juntos eles compraram uma casa, onde abrigavam moradores de rua e mais tarde jovens. As pessoas vinham e não queriam mais sair. Abriram um restaurante para ajudar no sustento e quando se deram conta, já era um grupo formado. Os ideais pregados são os ensinamentos bíblicos de Jesus, mas eles o chamam pelo nome hebraico de Yahshua. Pregam o amor ao próximo e a vida em conjunto. Segundo Issachar, membro do grupo, tudo o que eles fazem é de acordo com o que as escrituras dizem. Entre esses jovens que formavam a comunidade estava um brasileiro. Entrou em contato com o grupo e se identificou. Depois de casado, ele e sua família foram para Fortaleza, sua terra natal, em 1988. Seu nome é Nahaliel, que hoje vive na comunidade de Londrina. Em 1992, eles rumaram para um lugar com um clima mais temperado. Chegaram em Curitiba e se depararam com a oportunidade de irem para a região perto de Antonina. Lá ficaram abrigados em uma usina abandonada. Depois seguiram até Londrina, onde abriram um res-

Maria Luiza de Paula

taurante. Mais tarde abriram uma comunidade em Campo Largo. Atualmente, além dessas duas, existe uma em Mauá da Serra, também no Paraná. Sustento e administração da comunidade Todas as comunidades seguem os mesmos ideais, porém, elas são independentes no que diz respeito à parte administrativa. Tem uma maneira própria de garantir o sustento. A de Campo Largo, por exemplo, tem uma fabrica de chás chamada Tribal Brasil. É a fonte de renda principal do grupo, que ainda vende alguns produtos como sandálias na feirinha do Largo da Ordem. Cada comunidade têm o seu próprio grupo de liderança que costuma tomar as decisões mais importantes. Issachar diz que essas decisões não são tomadas pela vontade da maioria, mas sim por consenso de todos. Essas pessoas costumam ser as que vivem mais tempo dentro do grupo. Cada uma delas faz aquilo que possuí maior aptidão.

A Doze Tribos planta boa parte dos alimentos que consome

munidade, trabalha com a parte de design e administração do site da Tribal Brasil. É o filho mais velho dos fundadores da comunidade no Brasil, Nahaliel e Havdalah. A Doze Tribos é totalmente aberta ao público, quem um dia quiser ingressar pode fazê-lo. Mas Issachar diz recomenda que antes de tomar a decisão de mudar definitivamente, é importante que a pessoa conheça a comuIngressando no grupo nidade. Segundo ele, todos são bem-vindos para passar As pessoas chegam até alguns dias lá. Entretanto, a eles de várias formas. Algu- decisão de uma mudança de mas tinham uma vida comum vida deve ser feita com cale resolveram mudar, outros ma. nasceram lá. A comunidade Cultura da Tribo de Campo Largo, conta com cerca de 70 pessoas. Uma A religião é o elemento delas é Issachar. Ele tem 29 fundamental. Muitos, poanos, nasceu dentro da co-

rém, ficam em dúvida se eles são cristãos ou judeus. Issachar explica “Por definição, nós somos cristãos, porque nós cremos no Cristo, no messias. Mas não nos associamos ao cristianismo organizado”. Já a confusão com o judaísmo vem por vários motivos: eles utilizam muitas expressões e nomes em hebraico, guardam as tradições e festas judaicas, as danças israelenses e também existem muitos judeus nas comunidades, principalmente no exterior. Porém, eles não se consideram judeus, pois estes não creem no messias. Dentro das comunidades existem escolas. Aqui no Brasil, elas recebem a permissão do MEC. Issachar diz que as crianças são educadas

dentro das comunidades para não sofrerem com os maus exemplos dados nas escolas públicas. Onde, segundo ele, predomina a imoralidade. O ensino por enquanto vai apenas até o fundamental. Eles não assistem TV, mas costumam ver documentários e alguns outros programas educativos. Eles veem apenas o que for adequado para todos. “O que não for saudável pra todos também não é saudável pra um”, afirma. E quando são exibidos filmes, é para que a comunidade inteira veja. A relação com a Internet é apenas para trabalho, mandar noticia para a família, além de manter contato com as outras comunidades. Eles gostam bastante de música, porém, afirmam ser bastante


5

Curitiba, segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Especial

seletivos. Nada de músicas comerciais. Os estilos que eles apreciam são músicas folclóricas, músicas típicas de Israel e música instrumental. Na escola elas recebem aulas e inclusive montam os seus próprios instrumentos. Futuramente pensam em ter um estúdio de gravação. Já a relação com livros é pouca. Apenas a Bíblia. Segundo afirma Issachar, os livros de ficção não costumam acrescentar muito. Eles também não costumam ler muitos jornais. Dentro de cada comunidade, é eleito alguém que se informa sobre as notícias que possam afetar a comunidade. Nada mais.

Problemas políticos Quando perguntado se eles já sofreram algum tipo de perseguição por parte dos governos, ele diz que aqui no Brasil isso nunca aconteceu, mas em comunidades no exterior, como na França e na Alemanha, já. Por vezes há alguns problemas com a imprensa, que espalha boatos mentirosos, segundo Issachar. Também sofrem intimidação de grupos religiosos, que se sentem ameaçados, segundo ele, pelo radicalismo da sua fé. Aliás, eles concordam com essa definição, mas também acham que as pessoas têm medo do que não entendem, por isso os criticam.

EXPERIENCIA PESSOAL Conheci a Doze Tribos por causa da indicação de uma professora de yoga. Entrei em contato por telefone e apesar de me tratarem com educação, percebia que tam-

bém eram muito receosos com pessoas de fora. Disseram que não gostavam de entrevistas. Pediram que eu esperasse alguns dias, para que eles pudessem decidir. Passada uma semana, eles me responderam que eu deveria visitar a comunidade antes deles tomarem alguma decisão. A sede deles fica em Campo Largo, na Rodovia BR 277 e todas as sextas-feiras eles fazem um jantar para as pessoas de fora. Aproveitei a oportunidade para conhecêlos. Chegando lá percebi que eram pessoas muito simples. Vestiam-se de maneira bastante peculiar, com roupas que lembravam os tempos antigos de Israel. Nenhuma das mulheres usava maquiagem ou pintava os cabelos e todos os homens tinham barba. Enquanto eles cantavam algumas músicas folclóricas israelenses, as crianças dançavam em um circulo. Depois da música, eles liam passagens bíblicas em circulo. Servido o jantar (que consistia em chá, salada e pão) pude conversar com alguns membros do grupo. A maioria que estava ali não havia nascido dentro da comunidade. Eles contavam como vieram morar na comunidade e como tudo aconteceu “por acaso”. Eram em sua maioria pessoas muito simples. Apesar de eles afirmarem não terem líderes definidos, era nítido que havia um grupo dominante. Enquanto a maioria das pessoas da comunidade era completamente alienada sobre o que se passava fora, o grupo dominante se comunicava com uma linguagem muito culta e tinham muito mais conheci-

Maria Luiza de Paula

Portal de entrada da comunidade Doze Tribos

Linha de produtos desenvolvida pela comunidade

mento de mundo. Após esse jantar, eles liberaram a minha entrevista. Quem me recebeu foi o filho do fundador da Doze Tribos no Brasil. Ele nasceu em uma comunidade nos Estados Unidos, mas já morava no

Brasil fazia tempo. O nome dele era Issachar e ele era formado em design. Conversamos sobre bastante e ele me contou sobre a fundação da comunidade, as características dela, a relação com a religião e tudo mais o que

envolvia aquele grupo. Após duas horas de conversa, pude entender melhor como aquilo tudo funcionava, mas ao mesmo tempo, notando que haviam grandes contradições no modo de vida que eles haviam escolhido.


6

Curitiba, segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Esporte

A fábula das zebras Era uma vez um mundo onde as zebras eram respeitadas, símbolos de confiança e que ocupavam seu reservado papel no meio da guerra entre ursos, leões, corvos, águias e tigres de bengala. Só que certa vez as zebras se recusaram a trabalhar, e outras fajutas entraram em seu lugar para mediar estas lutas ferozes e titânicas. Assim as zebras, que eram animais discretos, viraram o centro das atenções. Calma, não estou reproduzindo uma fábula de Esopo e nem perdi minha lucidez. Refiro-me a greve dos árbitros da NFL (liga de futebol americano), que por usarem roupas listradas em preto e branco são carinhosamente chamados de “zebras”. Toda a confusão começou quando o contrato destes árbitros com a liga se encerrou e novas reivindicações foram feitas. Como não houve um acordo rapidamente, a situação chegou a um pon-

to em que árbitros substitutos tiveram que ser requisitados. Neste ponto os americanos sentiram o gosto que os brasileiros sentem toda a semana com o futebol: o de ver erros crassos interferindo em jogos (e o mais odioso, estes erros terem mais destaque na mídia do que os jogos, algo já comum aqui). As “zebras”’ substitutas eram claramente despreparadas e malacostumadas com a rapidez dos jogos da liga profissional (a maioria havia apitado em jogos de ligas menores ou universitárias, que são bem mais lentos), isto levou a erros, demoras nos jogos, que já são longos, e muita revolta. Tudo isso mostra que por maior o recurso tecnológico do esporte (o futebol americano usa replays para revisar marcações duvidosas), o preparo dos árbitros é essencial para que o jogo seja conduzido de acordo com as re-

gras. Nisto, reside a moral dessa história (como toda boa fábula), e ela vai para o futebol brasileiro. Na NFL, os erros só aconteceram por causa de uma situação anormal, que exigiu uma solução “tampão”. Dificilmente se vê um erro decisivo dos árbitros tradicionais, até porque estes sabem se redimir com os replays e são preparados pela liga. No Brasil, os principais árbitros de futebol que atuam cotidianamente cometem a quantidade de erros dos despreparados e substitutos de lá. Ou seja, os principais daqui não recebem o preparo necessário para apitar uma partida de futebol, e isto tinha que ser urgentemente feito, já que o número de erros grotescos da nossa arbitragem titular é reconhecidamente vergonhoso. Com isto, o resultado é desastroso e um campeonato pode ser decidido via erros da arbitragem, algo digno de circo

Gustavo Vaz gustavosantosvaz@yahoo.com.br

e não de um esporte que mexe com os brios de quase toda a população brasileira. Nota: Ursos, leões, corvos, águias e tigres de bengala são nomes traduzidos de times da NFL.

Cinema

Barnabas Collins é a nova maquiagem de Johnny Depp Depois da decepcionante, porém bilionariamente bem sucedida, adaptação do clássico Alice no País das Maravilhas, Tim Burton chama novamente seu querido Johnny Depp para as telonas. O filme da vez é Sombras da Noite, que estreou este ano, baseado na novela homônima (Dark Shadows) que passou nos Estados Unidos entre 1966 e 1971. O filme conta a história de Barnabas Collins (Depp), um sujeito que, por não dar atenção a bruxa Angelique Bouchard (Eva Green), é condenado a viver a eternidade como vampiro. Além disso, a bruxa o prende em um caixão por 200 anos e dedica toda sua ira a família Collins por várias gerações. Barnabas é desenterrado nos anos 70 e decide ajudar sua família a combater os danos causados pela fúria de Angelique.

Resumida assim, é uma história simples. E é ao sair dessa simplicidade que o filme comete seu maior erro. A novela que originou o filme teve 1225 episódios de 30 minutos exibidos no decorrer de 6 temporadas. E o filme pareceu tentar resumir tudo isso em menos de duas horas. Explicando melhor, todos os personagens do filme possuem uma pequena trama específica que se desenvolvem durante o longa. Estas, porém, se desenrolaram com pouco destaque e muitas informações pareceram ter sido jogadas aleatoriamente no filme e alguns personagens foram completamente desnecessários não desenvolvendo o drama pretendido. A própria Helena Bonham Carter deu vida a uma personagem que só terá alguma importância se uma sequência do filme for produzida. Mas o filme não foi todo um gran-

de erro. Por mais que alguns cinemas classifiquem Sombras da Noite sob o gênero terror ou suspense, é a comédia o principal atrativo. Na verdade, os personagem de Depp e Green (os únicos que tiveram um desenvolvimento bem planejado) conseguem dar uma graça única ao filme. Misturando humor ao tema sombrio do filme, Barnabas Collins diverte o público com seu linguajar antiquado e visual cadavérico (diferente dos vampiros brilhantes que estão em alta nos dias de hoje). E a bruxa Angelique faz o mesmo com seu jeito dominante e amor possessivo pelo vampiro. Tim Burton disse ao site collider. com que, apesar do gancho no final, não pretende fazer uma sequência, o que é uma pena. Seria muito legal ver Barnabas Collins em um novo filme com um roteiro mais bem arrumado

Julio Rocha juliorocha_p5@hotmail.com e cercado de personagens melhores desenvolvidos. E para deixar o filme ainda melhor, Chloë Grace Moretz, que interpreta uma Collins adolescente e rebelde, poderia tentar uma atuação mais caprichada .


7

Curitiba, segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Cultura

Curitiba e suas expressões culturais Durante o todo o mês de outubro os curitibanos poderão conhecem um pouco dos costumes e tradições japonesas Vitoria Peluso

O Consulado Geral do Japão em Curitiba promove a partir de amanhã diversas atrações para comemorar o Mês da Cultura Japonesa. Do dia dois ao dia 31 de outubro serão realizadas mostras de cinema, apresentações musicais e exposições baseadas nas tradições e costumes do país. Os eventos serão realizados em diferentes pontos da capital. A abertura do mês dedicado à cultura japonesa é realizada nesta terça-feira, às 19h, no palco interno da rua 24 Horas com entrada gratuita. Para dar início à festividade acontece uma cerimônia chamada de Kagami-Biraki com barril de saquê, uma bebida típica da gastronomia japonesa. Segundo a vice-cônsul Nana Kawamoto, esse cerimonial trata-se de um costume, normalmente, realizado para iniciar um evento. “É feito em comemorações, casamentos, abertura de empresas e negócios”, exemplifica. Após aberto o evento, vai ocorrer uma apresentação instrumental do grupo taikô Wakaba,

com tambores japoneses. Segundo Nana, a principal atração do mês acontece na sexta-feira, dia cinco de outubro, quando será realizado o show musical chamado Infinity – Impressões do Japão um concerto de koto e shamisen, instrumentos tradicionais do país. A apresentação será feita pelas musicistas japonesas Reikano Kimura e Sumie Kaneko radicadas em Nova York. O evento acontece no teatro da Reitoria da Universidade Federal do Paraná. Além de toda programação cultural, dos dias 15 a 21 de outubro será promovida uma mostra de cinema japonês pela Fundação Cultural de Curitiba e Fundação Japão de São Paulo. De acordo com a vice-cônsul, os filmes foram concedidos para fundação paulista. Ao todo serão exibidos 15 filmes japoneses produzidos entre de 1992 e 2011. As seções acontecem diariamente na Cinemateca de Curitiba, a partir das 15h. Entre os dias 23 e 31, acontece a exposição Dreamaland – uma pequena viagem entre o animê e o mangá também realizada na rua 24 Horas. Nana Wakamoto acredita que o mês será repleto de atrações culturais

e artísticas para todas as idades tendo como objetivo divulgar a cultura japonesa aos curitibanos. “Curitiba tem muitos descentes de japoneses, mas na cidade e no Brasil nossa cultura é pouco conhecida”, alega a vice-cônsul. Nana Wakamoto conta que além do mês dedicado a cultura, o Consulado Geral do Japão promove por mês cerca de dez eventos por ano em Curitiba. De acordo com o cônsul-geral Noboru Yamaguchi alguns desses eventos são populares, principalmente, entre os jovens curitibanos como o Imin Matsuri, o Hana Matsuri e o Haru Matsuri. Este último que aconteceu no fim de semana dos dias 22 e 23 de setembro para comemorar a chegada primavera. Para Yamaguchi, apresentar a cultura japonesa à população é um papel importante do Consulado Geral. “Queremos mostrar que a cultura japonesa é diversificada e vai além da gastronomia, temos muitas coisas para mostrar”. O cônsul afirma ainda que realizar esses eventos e outras atrações voltadas aos curitibanos é um modo de retribuir a hospitalidade da capital ao receber os descendentes.

Programação 2 de outubro – Abertura Local: Rua 24 Horas (palco interno) /Horário: 19h 5 de outubro – Show Musical Infinity – Impressões do Japão Local: Teatro da Reitoria UFPR/ Horário: 20h 2 a 21 de outubro – Exposição de Ikebana (arranjos florais) Local: Rua 24 Horas /Horário: das 9 às 22h Apresentações – Rua 24 horas Taikô Fuurinkazan Data e hora: 6 de outubro, 16h. Apresentação de tambores japoneses pelo grupo de Taikô Fuurinkazan de Ponta Grossa Yosakoi e Moti-tsuki (Wakaba – Curitiba) Data e hora: 13 de outubro, 10h30. Apresentação do Yosakoi – dança típica do Japão, pelo Grupo de Yosakoi Wakaba de Curitiba. Moti-Tsuki (preparo do bolinho de arroz ou bolinho da prosperidade, com posterior distribuição para degustação). Taikô Ryukyu-koku Matsuri Daiko – Curitiba Data e hora: 31 de outubro, às 12h30. Apresentação do grupo curitibano Ryukyu-koku Matsuri Daiko, estilo okinawano (província de Okinawa, Japão) de tocar tambores 15 a 21 - Mostra de Cinema Japonês Local: Cinemateca de Curitiba /Horário: 15h 28 - Concurso de Oratória em comemoração ao centenário da UFPR Local: UFPR – Campus Reitoria /Horário: 9h 25 a 28 - GIBICON 23 a 31 - Exposição: Dreamland – uma pequena viagem ao animê e mangá Local: Rua 24 Horas/ Horário: das 9 às 22h


8

ENSAIO

Oxford : Cidade pequena e cheia de história Renata Silva Pinto

Para atravessar de uma ponta a outra a cidade de Oxford, Reino Unido, não leva 20 minutos de carro, mas sua história vai além dos séculos, pois como muitas cidades europeias, não possui data de fundação. Conhecida por ser o local de uma das mais antigas universidades do mundo, a Universidade de Oxford, a cidade exala história em todo canto, com suas construições de séculos atrás. Histórias da fundação da Universidade e datas variam muito. A cidade é cheia de cultura com artistas de rua (primeira foto da esquerda) e a centenária feira de St. Giles, por exemplo.

Curitiba, segunda-feira, 1 de outubro de 2012


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.