Notícia Antiga No dia 10 de outubro de 1979, a empresa Namco Bandai começava a comercializar o clássico jogo Pac-Man
Edição 845
Curitiba, 09 de outubro de 2013
lona.redeteia.com
Custódia preventiva contra ex-presidente URBS Divulgação
O presidente da Comissão de Inquérito Parlamentar da Urbs, Jorge Bernardi, disse que ex-presidente da Urbs Marcos Isfer e o ex-diretor de Transportes, Fernando Ghignone estariam “ameaçando os trabalhos da CPI”. Na sextafeira uma reunião no Ministério Público será realizada onde o assunto será discutido: “responder a altura a ameaça que eles estão fazendo a CPI”.
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Isabelle Kolb
Bienal Internacional de Curitiba completa 20 anos nesta edição Diferente das outras bienais, essa edição não tem um tema definido. São obras de 150 artistas dos cinco continentes, dispostas em mais de 100 locais da cidade. Performances artísticas e a arte urbana ganham destaque. O evento teve sua abertura no dia 31 de agosto e permanecerá em Curitiba até o dia 1º de dezembro.
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Opinião Editorial
Perfeição
Por onde anda?
“Esse tipo de comportamento faz com que muitos homens acreditem que podem se apropriar das mulheres da forma que bem entenderem.”
“Em uma sociedade que impõe rígidos padrões de beleza e repetidamente os relaciona com a representação de felicidade e sucesso, é até compreensível que muita gente acabe se deixando levar pelo caminho aparentemente mais rápido [...],” Graziela Fioreze.
O que fazem os estudantes de jornalismo depois de formados? Saiba por onde anda o ex-aluna Flávia Kulka.
Colunistas
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Música “Atualmente as novas expoentes do samba brasileiro, como Nilze Carvalho, Roberta Sá, Mariene de Castro, Teresa Cristina, entre outras, levantam a bandeira do samba com muito orgulho e responsabilidade. Lembrando que a maioria dessas cantoras contemporâneas não são exaltadas pela grande mídia, porém continuam lutando para que a nossa maior preciosidade não seja esquecida,” Halanna Aguiar.
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Editorial
Opressão também é violência A campanha “Chega de Fiu-Fiu” idealizada pela jornalista Juliana de Faria tem atingido um enorme público na internet. Sejam mulheres indignadas com situações desagradáveis (assédio) que já vivenciaram, ou homens que simplesmente resolveram abraçar a iniciativa por concordarem com os tópicos questionados. O importante é que a pesquisa realizada tem desempenhado um papel de extrema importância na sociedade. Esse levantamento de dados es-
timula a reflexão com relação aos costumes já impostos por uma sociedade machista, e que tradicionalmente acredita que cantadas são atitudes cotidianas, e que não afetam de forma negativa as mulheres as quais foram direcionadas. O blog Think Olga realizou uma pesquisa que revela dados alarmantes com relação ao assédio, seja ele moral ou físico, é importante ressaltar que essa é a primeira pesquisa do gênero feito no Brasil. Diversas mulheres de diferentes idades re-
Por Onde Anda?
sponderam questões relacionadas as cantadas que já receberam. Esse levantamento permitiu identificar a porcentagem de mulheres que se sente desconfortável com esse tipo de abordagem, e reflete uma realidade que divide opiniões e garante horas de discussão. As entrevistas aplicadas por meio de formulários na internet foram respondidas por cerca de 7,7 mil mulheres em todo o território nacional, onde 83% afirmou não gostar de receber cantadas. É importante destacar
que 82% das mulheres já foram assediadas e 90% delas já trocaram de roupa por medo de assédio. Esse tipo de “contato”, seja com colegas de trabalho, desconhecidos na rua ou na balada, alimenta um tipo de medo que tolhe a liberdade das mulheres, que saem de casa na maioria dos casos com medo de serem estupradas ou no mínimo assediadas. Esse ciclo vicioso que é visto por muitos como algo inofensivo, começa muitas vezes com uma “simples cantada” que pode
A busca exagerada pelo ideal de perfeição
Expediente
víduo. O problema se concentra no comportamento de muitas pessoas que frequentam o local. Inúmeras vezes, fica difícil distinguir a academia de um desfile de moda. Mesmo sabendo que vão suar, ficar descabeladas, algumas mulheres insistentemente se produzem. Uma maquiagem aqui, outra ali. Não importa se não dá para respirar direito, mas é válido usar aquele macacão coladinho, não é mesmo? É como se aquela sala de exercício físico fosse a vitrine da
tenderem. Além dessas atitudes intimidarem, estas também acaba humilhando e reduzindo as mulheres a meros objetos. É essencial para a sociedade que assuntos como a igualdade de gêneros e o assédio, seja ele moral ou físico, sejam discutidos dentro das casas e escolas. Só assim, crianças e jovens aprenderão que as “cantadas” na rua não são consideradas elogios, e sim uma forma de degradação da imagem da mulher.
Flávia Kulka Muitos medos passam pela cabeça de uma recém-formada como eu. O final de 2012 me trouxe muitas dúvidas em relação ao meu futuro profissional, mas no início deste ano fui efetivada no estágio que iniciei quando ainda estava no quinto período da faculdade, em um jornal da cidade de Campo Largo. Apesar de ter me es-
É impressão minha ou a academia se tornou um dos lugares com mais pessoas fúteis por metro quadrado? Não que a atividade física seja uma futilidade, porque, de fato, não é. O Brasil hoje atinge um alto nível de sedentarismo, alcançando 80% da população brasileira - um dos níveis mais preocupantes da América Latina – segundo uma pesquisa realizada pelo IBGE. Definitivamente, ir para a academia não significa ser fútil, pois só tende a trazer benefícios para o indi-
terminar em violência sexual. O assédio enfrentado no dia a dia deve ser levado a sério e nunca deve ser banalizado. A sociedade mesmo que tenha conseguido avançar no quesito igualdade, ainda sofre com características predominantemente machistas. Não é atoa que os casos de estupro tem se mostrado mais rotineiros do que nunca. Esse tipo de comportamento, faz com que muitos homens acreditem que podem se apropriar das mulheres da forma que bem en-
esperança para as encalhadas. O ambiente descolado da academia se tornou o novo ponto de encontro dos amigos, o “banheiro” da fofoca feminina. A palavra “academia” só não entra no trending topics do Twitter todos os dias porque ainda tem muita gente que nem usa a rede. A questão central é: até que ponto o interesse primordial dos frequentadores de academia é a saúde? Ou será que a preocupação é com a estética e status social? Até onde o indivíduo está
tabilizado logo, acredito que todo desafio deve ser aceito e nos últimos meses passei a atuar também como assessora de imprensa e repórter em um programa de televisão. Essa área nunca me despertou grande interesse, mas confesso que no pouco tempo que fiquei lá, aprendi muito. Foram dois meses trabalhando em dois
lugares completamente diferentes, o aprendizado foi grande, mas a canseira acabou me vencendo. A redação de um jornal continua sendo meu ponto forte e hoje me dedico totalmente a esta área. Ainda assim, desafios serão sempre bem vindos em minha carreira profissional.
Graziela Fioreze disposto a ir para alcançar a satisfação com seu corpo? Chega a ser irônico o fato de a maioria das pessoas procurar a academia por uma questão de saúde. No fim, muitas acabam se disvirtuando e seguindo o atalho mais fácil: o caminho dos suplementos e esteróides anabolizantes que, ingeridos de forma independente sem a instrução de um profissional especializado, podem afetar seriamente a saúde de quem os consome. Infelizmente, para as pessoas que se subme-
tem a esse tipo de recurso, a preocupação com o bem -estar está longe de ser um empecilho. Busca-se o resultado, a todo custo, o mais rápido possível. Os homens idealizam um modelo de corpo musculoso e aparente, enquanto as mulheres sonham com um corpo magro e escultural. E assim, a obsessão pela beleza vai ultrapassando os limites da razão. Em uma sociedade que impõe rígidos padrões de beleza e repetidamente os relaciona com a re-
Reitor: José Pio Martins Professora-orientadora: Ana Paula Mira Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto Editores: Júlio Rocha, Lucas de Lavor e Marina Geronazzo Pró-Reitora Acadêmica Marcia Sebastiani Editorial: Da Redação Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira
presentação de felicidade e sucesso, é até compreensível que muita gente acabe se deixando levar pelo caminho aparentemente mais rápido, porém ilusório, da busca pela boa aparência. A mídia, como motivadora desse ideal de perfeição, acaba sendo um instrumento de incentivo aos esforços cada vez mais desesperadores pela estética tão desejada. E assim, a saúde fica em segundo plano. O mesmo vale para o amor próprio.
Notícias do Dia
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Presidente da CPI da Urbs pretende pedir custódia preventiva contra ex-dirigentes Na segunda-feira Jorge Bernardi, presidente da CPI da Urbs, foi alvo de Marcos Isfer, ex-presidente da Urbs, e o ex-diretor de Transporte que entraram na justiça. Bernardi diz que eles estariam “tentando intimidar a CPI” Lucas de Lavor
O vereador Jorge Bernardi, presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do transporte coletivo, pretende pedir a custódia preventiva contra o ex-presidente da Urbs Marcos Isfer e o ex-diretor de Transportes, Fernando Ghignone. “Ambos estão ameaçando os trabalhos da CPI” declarou o vereador nessa quinta-feira (10). Os ex-dirigentes da empresa entraram
na justiça contra Bernardi na última segunda-feira por se sentirem lesados com as afirmações feitas durante a CPI. Em defesa, Bernardi disse que o gesto demonstra uma tentativa de constranger o andamento das investigações feitas pela comissão. Nessa sexta-feira Jorge Bernardi terá uma reunião preparatória às 10h no Ministério Público onde o assunto será debatido. “Nessa re-
união com o Ministério Público vamos responder a altura a ameaça que eles estão fazendo a CPI. Eles estão achando que a CPI é brincadeira, mas é coisa séria, estamos falando de 23 milhões de reais”. O depoimento de Cássia Aragão, ex-presidente da Comissão Permanente de Licitações da Urbs, foi ouvido nessa manhã, quando Bernardi lembrou que tem direito de livre expressão
de acordo com o artigo 29 da Constituição Federal. De acordo com a assessoria da Câmara, Jorge teria dito que a ação representa “crime contra a CPI”: “Eles entraram com uma ação contra mim como presidente da CPI, tentando intimidar a CPI e falando que estamos indo contra a honra. Em função disso os advogados da procuradoria da Câmara”, explica Bernardi, que completa fa-
lando que o pedido será formalizado semana que vem. Como reforço, Bernardi cita a cidade de Fortaleza como exemplo. “Na cidade de Fortaleza, onde tem a mesma frota de Curitiba, a passagem é R$2,20. Aqui, onde o sistema é mais compacto e eficiente com um sistema bem melhor, é praticamente R$3,00, o desconto de R$0,30 que é subsídio do governo”.
Subsídio Curitiba e os 13 municípios da Região Metropolitana podem ficar sem o subsídio do governo que paga 40 dos 68 milhões de custo de déficit causado pelo serviço da região metropolitana. O governo estadual visa apenas R$ 11 milhões, valor que cobre os gastos apenas até fevereiro.
Mudanças radicais no jornalismo André Barros, projeto Além Mar A Internet impôs ao jornalismo mudanças na busca, no processamento e na difusão de informação, impôs também a necessidade de aprendizagem, por parte dos profissionais, de novas ferramentas bem mais complexas do que a simples edição do audiovisual, é necessário saber construir ferramentas que produzam conteúdos interactivos interessantes. O ensino nas universidades precisa assim de se moldar a estas novas exigências com vista a munir os almejantes a jornalistas de uma capacidade que o diferencie num mercado cada vez mais competitivo. “Já não falamos de competências ao nível do audiovisual, essas já vêm de um paradigma de certo modo anterior.”No entanto, o ensino da teoria não deve de forma alguma deixar-se abrandar pela prática, para Rui Torres, professor doutorado da Universidade Fernando Pessoa,
tudo é um equilíbrio e considera que “não há uma prática sem uma sustentação teórica”. O fenómeno da Mundialização tem, hoje, grande impacto na actividade jornalística. Houve, nas últimas décadas, um fugaz desenvolvimento das tecnologias, da sociedade em si, dos meios de comunicação, das indústrias e da economia. Agora chegamos a um limite. Estamos em crise. O jornalismo está em crise e, para a doutoranda em comunicação, Nair Silva, o problema é “a crise do jornalismo está camuflada por outra crise, a económica.” Estamos perante uma fase em que as redes sociais ocupam um lugar de destaque no jornalismo como meios de divulgação de conteúdos, onde por exemplo, o facebook é hoje em dia o “jornal” que mais agrada a todos, porque além das notícias do dia temos também a vida alheia, tornan-
do-se assim, para a maior parte das pessoas o “jornal” de eleição para o café matinal. Mas, os problemas que desta tendência advêm são muitos, para Nair Silva, o problema está mesmo nesta reprodutibilidade de conteúdos, onde tanta informação acaba por desinformar, “nunca como hoje as pessoas tiveram acesso a tanta informação, e o excesso de informação
desinforma… é estranhíssimo, as pessoas ficam mais desinformadas com quanto mais informação absorvem”. É então aqui que o papel do jornalista assume um lugar de extrema relevância como fonte de credibilização de conteúdos, “o mesmo acontece com o e-learning onde o papel do professor não é posto em causa, bem pelo contrário, torna-o mais exigente e mais ne-
cessário”, assegura Rui Torres. Para o docente, existe hoje uma clara “deturpação daquilo em que são os canais de informação” e que tudo deveria ser “uma questão de complementaridade”. “Depois ainda temos de pensar nas outras consequências que vêm daí”, continua Nair Silva. No centro de muitas questões tem estado também a total substituição, ou não, do papel pelo online. Rui Tor-
res não acredita no total desaparecimento de nenhum desses veículos de informação, “as coisas complementam-se mais do que se substituem ou anulam”, aliás como Nair Silva nos diz, “tantos outros teóricos disseram que era o fim dos jornais quando a rádio apareceu, que era o fim da televisão quando a rádio apareceu, uma tecnologia matava sempre a outra”, no entanto, todas têm sobrevivido adaptando-se ao novo paradigma.
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Geral
Bienal Internacional de Curitiba está exposta em mais de 100 espaços da cidade As performances e exposições do evento começaram no dia 31 de agosto e vão até o dia 1º de dezembro
Isabelle Kolb
Obras de exposição da artista Efigênia Rolim Isabelle Kolb
“Não ter título, é falar de tudo”, conclui. A artista Luzia Simons é brasileira, mas atualmente vive em Berlim, onde mora há 28 anos. Sua obra é um trabalho autobiográfico que retrata sua relação com diferentes culturas e consequentemente, sua relação com diversas legislações. Dispostas em 32 páginas em formato de passaporte decoradas com arabescos, a artista faz uma composição das experiências de vida, dos lugares diferentes em que vivia e trabalhava com números, arabescos. “A minha expectativa é que as pessoas viagem nesses fragmentos e compreendam o que significa ser indivíduo e o que significa ser administrado por burocracias de cada estado, de cada país.”, explica Luzia. Um dos locais que abriga diversas exposições da bienal é o Museu Oscar Niemayer. A artista e diretora de arte do MON, Estela Sandrini comenta que essa edição tem diversas novidades. “O diferencial dessa bienal para as outras é que ela ficou mais internacional. A exposição conta com obras mais diversas e em maior quantidade”, explica Estela. Os presidentes da Fundação Cultura de Curitiba Paulo Viapiana e Marcos Cordiolli falam sobre a importância do evento para a
Isabelle Kolb
Nesta edição, a Bienal Internacional de Curitiba completa 20 anos e dá atenção especial para as performances artísticas e a arte urbana. Esse ano, a curadoria (composta pelos críticos de arte Teixeira Coelho e Ticio Escobar) propôs um formato diferente das outras bienais. Ao invés de determinar um tema e escolher obras que se encaixem a ele, a seleção foi feita de acordo com a qualidade e a contemporaneidade das obras, ou seja, de uma forma mais livre, sem necessariamente adequar-se a um título pré-definido. Entre os curadores dessa edição estão Adriana Almada, Tereza de Arruda, Maria Amélia Bulhões, Fernando Ribeiro, Ricardo Corona, Tom Lisboa, Stephanie Dahn Batista, Angelo Luz, Debora Santiago, Kamilla Nunes e Renan Araujo. A curadora Debora Santiago conta que o processo de seleção teve partes fáceis e partes difíceis. “Nós estávamos livres para escolher o tema, mas também era uma dificuldade saber a partir do que nós iríamos trabalhar. Por sermos um grupo de curadores, foi um pouco mais fácil, pois cada um tem sua visão de mundo”, explica Debora. Para ela, essa bienal é muito diversa e reuniu obras de todos os tipos.
Obras de exposição da artista Jonathan Meese
cidade. “A bienal é importante por que ela constitui um evento que marca a atividade artística na capital e no estado do Paraná”, explica Viapiana. “As artes visuais a cada dia ganham uma amplitude e uma variação muito grande. Para que as pessoas compreendam efetivamente a arte, é necessário que haja
uma bienal desse tamanho”, conta Cordiolli. Para ele, há duas vertentes positivas nesse evento. “A primeira é que a bienal fornece uma expressão significativa das artes visuais no mundo todo, e a população curitibana pode usufruir disso. E a segunda é que ela foi bem desconcentrada e descentralizada, então as pessoas
que nunca tiveram acesso há uma exposição dessa dimensão, terão uma primeira oportunidade”, comenta. Exposições de quadros, pinturas, esculturas, interações tecnológicas, de vídeos e música, web, literatura e performances artísticas estão espalhadas pela cidade em mais de 100 espaços. Caixa Cultural, Canal
da Música, Centro Cultural Teatro Guaíra, FNAC do Park Shopping Barigui, Memorial de Curitiba, Sesc Água Verde e Centro, Teatro Paiol, entre outros. Para obter mais informações, o site www.bienaldecuritiba.com.br possui explicações sobre a bienal, programações, opções de trajetos para ônibus, etc.
Colunistas
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Halanna Aguiar Samba, choro e afins O samba é de moça Quem disse que mulher não sabe fazer samba? As rodas de samba que antigamente eram frequentadas em sua maioria por homens, atualmente recebem a presença feminina, que abrilhantam as mesmas comandando instrumentos de percussão, harmonia, sopro e até mesmo com as suas vozes. Relembrando das nossas majestosas damas do samba, Jovelina Pérola Negra, Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus, Nara Leão, Clara Nunes, entre outras, que mostraram o poder das mulheres no samba. Quem não conhece a história da saudosa Tia Ciata, famosa mãe de santo? Foi lá, no quintal dessa baiana que o samba carioca nasceu. Na década de 20, negros vindos da Bahia faziam suas rodas de samba junto com grandes nomes da música brasileira como
Donga, Pixinguinha e João da Baiana, de tal modo que o primeiro samba da história do Brasil foi gravado, “Pelo Telefone”, por Donga e Mauro de Almeida, no quintal da baiana. Além de ser uma grande partideira, Tia Ciata era uma grande cozinheira, assim diziam os bambas, que não perdiam nenhum pagode em sua casa que era situado na Praça Onze, parada obrigatória para qualquer sambista. Logo depois, ou melhor, muito tempo depois vieram outras grandes sambistas como, Cristina Buarque, Leci Brandão, Alcione e Beth Carvalho, que revolucionaram a história do samba. Atualmente as novas expoentes do samba brasileiro, como Nilze Carvalho, Roberta Sá, Mariene de Castro, Teresa Cristina, entre outras, levantam a bandeira do samba com muito orgulho e responsabi-
lidade. Lembrando que a maioria dessas cantoras contemporâneas não são exaltadas pela grande mídia, porém continuam lutando para que a nossa maior preciosidade não seja esquecida. Há alguns anos atrás, por intermédio de conhecidos, descobri uma jovem cantora e compositora curitibana. Jô Nunes, conceituada musicalmente na capital paranaense, possui composições autorais além de interpretar majestosamente grandes nomes da música popular brasileira, lembrando que recentemente ela prestou uma homenagem ao Ary Barroso, um grande compositor da música brasileira. Com sua voz suave, encantadora e envolvente, o som da Jô Nunes é no mínimo apaixonante. Fica a dica! Depois de iniciar uma longa pesquisa sobre cantoras e ou grupos curiti-
Na foto, Ary Barroso.
banos formados somente por mulheres, me deparei com o “Samba de Saia”, composto por seis mulheres. Com o passar do tempo passei a assistir vídeos do grupo e as músicas que estavam disponíveis no site, passando a admirar constantemente o som delas. Certo dia eu resolvi ouvir o grupo pessoalmente em um bar em que as mesmas se apresentavam semanalmente, e incrivelmente, não consegui mais parar de contemplar a banda. Depois da primeira experiência, toda semana marco presença para apreciar esse
som extraordinário. Samba de Saia, magníficas, simpaticíssimas e tal e nto s í s s i m a s , que nos encantam com toda a energia boa atribuída na hora de tocar, fazendo nos relembrar sambas de Vinícius de Moraes, clássicos dos Novos Baianos, Zeca Pagodinho, além de composições próprias. Ressalto aqui uma das cantoras e compositoras do grupo, Luana Godinho que além de possuir uma bela voz é dona de composições belíssimas, como 23’45’’ e Meu Bem é da Lua. C on fe ss o - l he s que senti uma alegria imen-
sa ao perceber que ainda existem compositores de altíssima qualidade. Há muito tempo que eu não escuto canções me surpreendessem tanto. Uma das percussionistas do grupo, Karin Oliveira, que além de arrebentar na percussão, também se arrisca na caneta. A percussionista compôs a música “Samba Minha Benção”, e, diga-se de passagem, dom ela tem, e de sobra. De nada adianta ficar aqui tentando descrever algo que é indescritível, vocês só vão acreditar vendo e ouvindo.
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NOTÍCI ANTIGA Um dos personagens mais icônico da história dos videogames chegou as lojas japonesas pela primeira vez no dia 10 de outubro de 1979. O faminto Pac-Man, aquela bolinha amarela que come tem uma dieta a base de frutinhas e fantasmas, foi criado por Tohru Iwatani para a
empresa Namco (também famosa pela série de luta Tekken). Sendo distribuído no ocidente em máquinas de Arcade pela empresa Midway Games, o jogo logo dominou o mercado e se consolidou como um dos jogos mais populares de todos os tempos. O sucesso do bo-
nequinho amarelo garantiu que o jogo se transformasse em uma franquia de sucesso, cujos jogos são produzidos até hoje. Ainda que as versões tridimensionais não tenham causado o mesmo impacto que a velha versão plana e de poucas cores do game.
O que fazer em Curitiba? Galeria Teix De 5 a 30 de setembro, na Galeria Teix (Rua Vicente Machado, 666), fica a exposição “Quanto um Chapéu de Palha”, e reúne 11 obras inéditas em tecido, bordadas e pintadas à mão do artista Alexandre Linhares. Informações: (41) 3018-2732. Exposição “Consciente do Inconsciente” no MASAC De 8 de agosto a 3 de novembro, no Masac – Museu de Arte Sacra da Arquidiocese de Curitiba (Largo da Ordem - Setor Histórico), tem a exposição São Francisco de Assis – O Homem Atemporal, com esculturas da artista plástica Nilva Rossi. Memorial de Curitiba Até dia 3 de novembro, no Memorial de Curitiba (R. Claudino dos Santos, 79 – Setor Histórico) fica a exposição “Curitiba Protesta”. As recentes manifestações populares que tomaram conta das ruas de todo o país são tema da exposição Curitiba Protesta. Integram a mostra 60 imagens feitas por fotojornalistas que acompanharam as manifestações, apresentando um recorte visual dos principais momentos dos atos que lotaram ruas e avenidas do centro da capital. Entrada franca. Informações: (41) 3321-3328.