LOOK VISION EDIÇÃO PORTUGAL • Nº 52 • JANEIRO 2017
João Abel Dias
Distribuição exclusiva a profissionais • Preço de Capa: € 7,50
O poder da perseverança
Inquérito
2016: Um ano desafiante
Nicola Del Din e Corrado Rosson Blackfin: uma história bem contada
TM
Francisco Brardo
Novos horizontes na investigação em optometria
Janeiro de 2017 • Nº 52
18 | BREVES
Índice LUXOTTICA E ESSILOR Uma fusão de gigantes
20 | CAPA
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JOÃO ABEL DIAS
O poder da perseverança
24 | PONTO DE VISTA
INQUÉRITO
2016: um ano desafiante
30 | OLHAR EM PORTUGUÊS 35 | OUTROS OLHARES
Nova coleção Maybach na Olhar de Prata
JAGUAR
Tecnologia ao serviço do design
36 | OLHAR O MUNDO
NICOLA DEL DiIN e CORRADO ROSSON Blackfin: uma história bem contada
40 | OPTOMETRIA
FRANCISCO BRARDO
Novos horizontes na investigação em optometria
42 | OFTALMOLOGIA
REUNIÃO MULTIDISCIPLINAR
Saúde visual unida a outras especialidades
Tema de Capa: João Abel Dias mostrou-nos os valores que o movem e os desafios que o inquietam numa entrevista absorvente.
Diretora: Editora: Redação: Consultor e Diretor Artístico : Paginação : Fotografia: E-mail: Tel: Periodicidade: Tiragem: Impressão: Preço de capa em Portugal: LookVision PortugalTM é propriedade da Parábolas e Estrelas – Edições Lda. com sede na Rua Manuel Faro Sarmento, 177, 4º esquerdo, 4470-464 Maia, Portugal. NIF: 510195865 Qualquer crítica ou sugestão deve remeter-se para: lookvision_portugal@hotmail.com
Patrícia Vieites Carla Mendes Carla Mendes, Mariana Teixeira Santos Emanuel Barbosa Paula Craft Paula Bollinger, Miguel Silva lookvision_portugal@hotmail.com 96 232 78 90 Mensal 2000 exemplares Uniarte Gráfica, S.A 7,50 euros Depósito Legal n.º 419707/16 Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusive comerciais. Os artigos de opinião e os seus conteúdos são da total responsabilidade dos seus autores. Isenta de registo na ERC ao abrigo do Decreto Regulamentar 8/99, de 9 de Junho, Artigo 12º, nº 1, a)
Editorial 4
LOOK VISION EDIÇÃO PORTUGAL • Nº 52 • JANEIRO 2017
INQUÉRITO
2016: Um ano desafiante
NICOLA DEL DIN E CORRADO ROSSON Blackfin: uma história bem contada
TM
FRANCISCO BRARDO
Novos horizontes na investigação em optometria
JOÃO ABEL DIAS
Distribuição exclusiva a profissionais • Preço de Capa: € 7,50
O poder da perseverança
Estamos de partida para 2017 Ainda com o sabor da despedida de um 2016 de desafios, abraçámos o novo ano já com as malas na mão. De Lisboa ao Porto cobrimos a dinâmica da ótica nacional com admiração e rigor. Os óticos continuam empurrar o abrandamento do consumo com ações que apelam a uma experiência de compra primorosa, acompanhando as mais avançadas tendências. E porque são estes profissionais que encaram os consumidores, damos-lhe a voz que sempre ecoa na nossa linha editorial num artigo que revê o ano passado, para apurarmos estratégias para 2017. Desta forma, não podíamos começar mais um ciclo sem uma capa positiva. João Abel Dias é o homem que nos apelou ao romantismo, à força de vontade, aos valores mais dignos e ao humor. Dirige a Feiróptica sob a marca MultiOpticas há 14 anos com sucesso, de sorriso aberto e com a sua companheira da vida e negócios Cristina Fernandes. Uma experiência primorosa! E porque temos na pele o mundo, conseguimos mais uma conversa maravilhosa com quem faz do desenho de óculos a sua vida. Diretamente de Itália, Nicola Del Din e Corrado Rosson falaram-nos da transformação do “velho” em novo, de reinvenção, de paixões e conquistas. A Blackfin nasceu da tradicional Pramaor para salvar uma história de rigor e dedicação ao made in Italy. O nosso fascínio pelo desenvolvimento das ciências da saúde materializa-se nas páginas dedicadas a quem trabalha com esse mesmo objetivo. Celebramos o primeiro ano de atividade do centro clínico de investigação UBI Medical com uma entrevista ao professor Francisco Brardo da Universidade da Beira Interior, o seu líder e grande impulsionador. Sentámo-nos ainda em mais uma conferência potenciada pelo dinâmico oftalmologista José Salgado Borges. De resto, estamos já de partida para o primeiro grande evento internacional do ano, a Opti de Munique. Esperam-se grandes momentos de inovação e dinamismo. Temos também já na mira a feira de Milão e tantas outras etapas, necessárias para auscultar o mercado e trazê-lo até si. Vire esta página e saiba mais sobre a nossa especialidade editorial. A ótica está aqui!
Hรก duas formas de ver a vida
A ESCOLHA ร SUA
outra forma de ver a vida
Tel: 218 550 980 www.opticalia.pt
MAKING OFF
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Em busca do topo do mundo João Abel Dias é um homem de paixões, mas daquelas exigem paciência e trabalho. A ótica e a relação com as pessoas que a envolvem é uma delas, no entanto descobrimos a sua outra predileção fora da empresa. Embora a nossa camâra fotográfica o tenha enquadrado dentro de uma box de Crossfit, na realidade as suas aspirações estão bem longe dali, de Braga e até de Portugal. Com o sonho de subir grandes montanhas, sendo que tem já o Kilimanjaro na sua lista de coisas a fazer em 2018, os pesos, os pneus, o suor e o treino todos os dias bem cedo servem para o preparar para “subir o mundo”!
mido.com
Milano Eyewear Show 25, 26, 27 fevereiro | 2017
Breves 10
Mykita All the Wild Things A apresentação das novidades da casa alemão evidencia-se numa campanha captada pelo artista Mark Borthwick, na cidade norte-americana de Los Angeles. As imagens ganham vida através dos rostos recrutados no local para usar as mais recentes criações Mykita. Com apenas luz natural, um fundo branco e a câmara de 25 anos Leica, Borthwick captou o carisma e encanto de cada indivíduo.
FLEYE Exploração de cores e texturas A marca eyewear dinamarquesa desvenda a coleção para os dias quentes, inspirada no trabalho do designer de interiores Zoë Mowat. O criador canadiano de mobiliário privilegia o contraste que surge da exploração intuitiva das tonalidades e padrões e a FLEYE reproduz este espírito na perfeição. As armações de linhas delicadas englobam diferentes matérias e texturas e ganham intensidade em cores contrastantes desde as densas e profundas até às ligeiras e transparentes. A estas características junta-se um look muito minimalista e um toque supremo de Modern Bauhaus à nova coleção.
Monoqool O domínio do 3D Os óculos fabricadas a partir da impressão 3D não só são cool como também englobam várias vantagens. Esta é a garantia do trabalho Monoqool, a casa dinamarquesa que se lançou no design de armações ligeiras, de apenas seis a dez gramas, sem as complicações dos parafusos e que não escorregam. No topo de tudo isto está a mestria no desenho eyewear que esta casa já tinha provado com uma patente muito original de charneira sem parafusos.
Breves 12
World Optometry 2017 Convite aos profissionais da visão A comissão organizadora do Congresso Mundial de Optometria lança o repto para a participação no evento de 2017 a todos os optometristas, oftalmologistas, psiquiatras, investigadores, professores e empresários. As conferências acontecem de 17 a 19 de julho, em Chicago, nos EUA, como uma plataforma de interação de excelência entre especialistas de todo o mundo. Os envolvidos na organização estão comprometidos com o incentivo às descobertas científicas e às grandes conquistas na área da optometria e ciências da visão. As palestras focam-se no tema Reforçar o Diagnóstico e Remédios para a Visão da Vida. Para efetuar a sua inscrição, pode contactar-se os emails worldoptometry@ ophthalmologyconferences. com e worldoptometry2017@ gmail.com. O programa científico está já aberto a consultas em http://optometry. conferenceseries.com/america/ scientific-program.
Lucas de Staël Transformação surpreendente Este artesão e designer parisiense sonhou em transformar matéria em arte e assim nasceu uma marca de óculos que combina, de forma experimental, materiais inesperados. Metal com madeira, pele ou pedra delineiam armações sublimes, com desenhos originais e texturas irresistíveis, numa ode à elegância e rigor estético.
Jérémy Tarian+HEAD Genève Nasce Eva O designer francês desenvolve desde 2012 um workshop para estudantes selecionados na HEAD-Genève (Universidade de Arte e Design de Genebra), como parte do bacharelato em arte e design. No último ano letivo, o tema da formação focou a reinterpretação do padrão tartaruga usado pela produtora italiana de actetato, Mazzuchelli. O conceito vencedor teve a mão de Eva Gaumé, candidata ao bacharelato em design de jóias e acessórios. A estudante envolveu o padrão tartaruga com acetato transparente, evocando uma construção ilusória. Nasce, assim, a armação Eva, limitada a 100 peças em todo o mundo e sob a marca Tarian +.
Breves 14
copenhagen specs 2017 Uma exposição de óculos intimista De 4 a 5 de março abre porta a quarta edição da feira internacional copenhagen specs, fiel ao seu conceito de stands convidativos e de uma atmosfera familiar. Em 2017, o certame conta com 87 expositores que revelam as novidades de mais de 140 marcas, um número superior ao do ano transato. O fundador e CEO da copenhagen specs declarou que “ o interesse em exibir na feira tem sido imenso. Por isso mesmo, expandimos a área de exposição para apresentar mais marcas aos visitantes, que podem, desde já, contar com a inspiração de uma seleção de insígnias fantástica.” A copenhagen specs criou ainda uma visita turística pela cidade que lhe dá o nome em colaboração com o The Eyewear Forum e o Centro de Arquitetura Dinamarquesa. Nesta viagem, os visitantes podem consultar as melhores lojas de ótica locais.
Essilor e o Carro do Ano 2017 A marca de lentes oftálmicas uniu esforços com a SIC Notícias e o jornal Expresso para nomear o Carro do Ano 2017/Troféu Volante de Cristal. A Essilor marcou, desta forma, a sua posição no território da condução e da prevenção rodoviária, alertando a população para o mote “Ver Bem para Chegar em Segurança”. De 13 a 15 de janeiro, o evento abrangeu o público em geral no Centro Comercial Dolce Vita Tejo, onde foram expostos os 15 carros candidatos de 11 construtores, de entre os quais o público teve a oportunidade de voto, apurando os sete finalistas. A Essilor proporcionou um espaço dedicado aos rastreios de acuidade visual e informação e um espaço de diversão para a família. A votação final decorre logo no início de fevereiro na Essilor Portugal, enquanto a cerimónia de entrega de prémios está agendada para a última semana do mesmo mês.
Cione comuniK 2017 A cooperativa ibérica potencia um primoroso serviço de comunicação para os seus óticos independentes. comuniK 2017 possibilita aos profissionais associados da Cione decidir as ações de comunicação e marketing que melhor se adequam ao seu negócio. A nova ferramenta “veste” a filosofia da cooperativa: “quando queres, como queres e tanto quanto queres!”. O plano arranca em janeiro de 2017 e inclui 18 campanhas para o ponto de venda, num serviço que respeita a identidade das empresas e realça o seu potencial.
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WooDone em aventuras na neve As conquistas geladas ganham nova dimensão com o modelo SC405 da WooDone. A marca dedicada à madeira decidiu aventurar-se numa vertente eyewear diferente, ensaiando com esta peça o futuro das máscaras de esqui em madeira, que estão já a ser congeminadas. Entretanto a segurança visual na neve está salvaguarda com esta peça que traz duas lentes que se adequam às diferentes condições meteorológicas. O corte horizontal na parte superior da máscara cria um sistema de ventilação para um conforto acrescido, enquanto o tratamento antinevoeiro previne a condensação causada pela diferença entre as temperaturas da cabeça e do rosto e a do exterior.
Barberini e os reflexos do céu A edição especial deste Voyager com formato aviador é o protagonista das novas propostas da italiana Barberini, inspiradas nos reflexos do céu. Os óculos de sol em versão totalmente negra enfatizam as lentes especiais fabricadas com o patenteado vidro Platinum Glass. Este material inovador acresce-se de elementos preciosos e proteção UV400. Os óculos apresentam-se com um cordão em pele para que a peça acompanhe os aventureiros em todas as ocasiões.
Kypers Versatilidade também na prescrição A jovem marca de Barcelona prossegue a conquista do mercado, graças à sua identidade atrevida e ao conceito de mudança de hastes que permite adequar os óculos de sol à ligação pulsante da moda. E porque a Kypers tem a cor no seu âmago, alargou a coleção para as armações de prescrição, abrangendo desta forma mais consumidores. A imagem da Kypers e todas as suas criações têm a energia e dinamismo dos seus proprietários, Piqué e Shakira, e usufruem ainda da notoriedade da imagem dos seus embaixadores, entre eles Iker Casillas e Dani Alves. You are your Style é o lema que conduz as criações da Kypers que se completa na perfeição nas embalagens atrevidas e coloridas.
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Freakshow Filmes presos no olhar Os óculos desta casa francesa são um autêntico filme. Desenham-se em torno de personagens e histórias que “pintaram” os grandes ecrãs. Para aquecer o inverno, a Freakshow sugere os modelos Scotch Brit e Château Brutal. O primeiro tem a candura da típica adolescente apaixonada pelos cantores do ano 2000, que adora o amor e desenhase em cores apetecíveis e linhas que dá vontade de saborear. Já o segundo, remete para o herói à moda antiga que exibem a guitarra ou a pistola, diretamente importado dos anos ’70. Com um look impossível de passar despercebido, estes óculos de sol nascem da inspiração do Freakshow nas histórias radicais e descomprometidas.
MultiOpticas solidária com Associação Jorge Pina A loja da MultiOpticas no Centro Comercial Amoreiras foi palco da entrega de um donativo solidário de 5500 euros à Associação Jorge Pina. Rui Borges, o líder da MultiOpticas em Portugal, entregou este apoio em mão ao atleta paraolímpico que encabeça a organização. Esta iniciativa surge no seguimento do apoio à Escola de Atletismo Adaptado da Associação Jorge Pina, iniciado com a 1ª Corrida da Associação Jorge Pina powered by MultiOpticas, e onde contribuíram também outras entidades. A instituição visa proporcionar a prática e a formação desportiva gratuita na área do atletismo a qualquer criança ou jovem com necessidades de saúde especiais. A escola conta com cerca de uma centena de jovens desportistas, tendo-se sagrado campeã nacional de atletismo adaptado e vice-campeã distrital de Lisboa. “Nós somos uma associação sem fins lucrativos que precisa de apoio das instituições e é de um elevado grau de importância poder contar com esta ajuda da MultiOpticas para conseguir que a Escola de Atletismo Adaptado possa avançar. Temos cada vez mais jovens a procurar-nos, pelo que continuamos à procura de mais auxílios para conseguir ajudar estas crianças, com e sem deficiência, a praticar uma atividade desportiva,” referiu o atleta paralímpico Jorge Pina. Rui Borges acrescentou ainda que “tendo em conta o que representa o atleta paraolímpico Jorge Pina, com a sua enorme capacidade de superação de obstáculos, o seu crer e a sua vontade, é um sentimento de bem-estar e de uma grande felicidade poder colaborar e ajudar a Associação Jorge Pina.”
Ministério da Saúde Rastreios infantis alargados no norte do país O projeto piloto lançado no segundo semestre de 2016, na área metropolitana do Porto, que incluía rastreios da ambliopia, vai ser alargado a oito agrupamentos de centros de saúde e a quatro hospitais em 2017, apontando a 13500 crianças de dois anos. Esta ação inclui exames feitos ao nível dos cuidados primários da saúde visual, analisados posteriormente por oftalmologistas do Centro Hospitalar de São João. Os resultados positivos são encaminhados para acompanhamento numa consulta da especialidade no próprio hospital, havendo uma intervenção pronta em prol da saúde infantil. Paralelamente a este rastreio, o Ministério da Saúde promove também outro à degenerescência macular da idade em utentes diabéticos, que ainda está na primeira fase e tem fim previsto em junho de 2017.
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Luxottica e Essilor transformam-se num só As duas empresas multinacionais gigantes acordaram uma fusão que faz nascer a EssilorLuxottica. A nova entidade acumula receitas que excedem os 15 biliões de euros, emprega mais de 140 mil pessoas, tem presença em cerca de 150 países e quer usufruir da empatia natural dos produtos em que ambos são líderes: óculos e lentes oftálmicas. Numa análise preliminar, espera-se que a EssilorLuxottica progrida nas receitas e na sinergias de custos de 400 milhões de euros para 600 a médio prazo, acelerando a longo termo. Também se esperam benefícios ao nível do balanço contabilístico e de uma capacidade de tesouraria em caixa superior, permitindo uma flexibilidade financeira em investimentos futuros, internos e externos. “O nosso projeto tem uma motivação simples: melhorar a resposta às necessidades de uma imensa população global na correção e proteção visual, unindo duas grandes companhias (…)”, justificou Hubert Sagnières, presidente e CEO da Essilor. Também o líder da Luxottica, Leonardo Del Vecchio, declarou que “com este acordo, o meu sonho de criar um imenso player global na indústria da ótica, totalmente integrado e excelente em todas as suas facetas, tornou-se realidade. Já há algum tempo que sabíamos que esta era a decisão correta, mas só agora tínhamos as condições para a concretizar.”
Thema Optical Lançamento de O-Six em Portugal A casa italiana precisa de um agente comercial luso com experiência no setor para lançar a sua linha mais artística em Portugal, a O-Six. Os interessados devem enviar o currículo para mdebernardin@ thema-optical.com com a perspetiva de representarem a marca que renasceu a partir das mãos de jovens artistas. É que a Thema Optical lançou um concurso entre designers para apurar o futuro design desta insígnia e do qual nasceram formatos completamente originais.
Open Day
Biseladoras NIDEK Tem trabalhos difícies? Os seus acabamentos são toscos?
Nós fazemos!
A sua furação sai torcida? Altas bases são um problema? A Optometron vai fazer um open day onde se propõe a fazer todos os seus trabalhos mais bicudos. 10 e 11 de Março em Vilamoura 7 e 8 de Abril no Porto 5, 6 e 7 de Maio no Congresso Nacional da Optica Ocular CONTACTE-NOS! OPTOMETRON - Distribuidor exclusivo da Nidek em Portugal
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João Abel Dias
O poder da perseverança Fotografia: Miguel Silva
São 7:30 da manhã em Braga e faça frio ou não, João Abel Dias é fiel à sua determinação: estar equipado em frente ao Bracara Crossfit, para desafiar os seus limites. Este ótico vive de reptos e já estabeleceu o próximo. Quer enfrentar algumas montanhas para em 2018 estar preparado a subir o mítico Kilimanjaro. Para isso, todos os dias enfrenta o Crossfit com a sua companheira da vida e dos negócios, Cristina Fernandes, para defrontarem os seus limites e estarem preparados para enfrentar a vida quotidiana, confiantes e felizes.
Descobrimos este ótico bracarense porque tem um coração gigante. Ou seja, sempre que pode apoia quem precisa, desde as juntas de freguesia onde tem as lojas, passando pelo desporto infantil até às famílias em verdadeiras dificuldades. Foi, porém, a conversa fluída que mantém que nos conquistou. Simpático por natureza, divertido e extremamente positivo são os adjetivos que justificam o sucesso da sua empresa, que compreende hoje quatro lojas sob alçada da marca que o ajudou a edificar-se no mundo da ótica, a MultiOpticas. João Abel Dias e Cristina Fernandes são o casal que investiu a juventude na criação do seu negócio, à medida das suas personalidades, embora seja João que assuma o rosto da casa diariamente. Com 14 anos de atividade a solo, o optometrista recorda a construção da sua Feiróptica baseada no trabalho, “de sol a sol” e com muita energia. Considera-se um homem fácil de acompanhar no dia a dia e a prova disso é que as colaboradoras que estiveram com ele no início da sua primeira ótica, ainda hoje o apoiam incondicionalmente. Quatro lojas depois, sentámo-nos perante um homem sorridente, enérgico, que nos falou da sua juventude como optometrista na GrandVision com saudade. Aliás, criou uma sinergia tão intensa com o grupo, que garante que lhe será fiel sempre. As consultas, a formação a outros colegas da área, a mudança de lojas e, principalmente, a relação com as pessoas envolvidas na organização apaixonaram-no de tal forma, que definiram a sua vida. Claro que toda a sua forma de ser, entre o romântico, o
“Fiz muitas coisas de que me orgulho nos meus tempos de MultiOpticas, inclusive os dois primeiros reality shows da TVI, Big Brother, programas patrocinados pelo grupo. Fiz exames visuais aos concorrentes e apareci na televisão”
sonhador, o bon vivant, o pai dedicado e empresário trabalhador foi, essencialmente, moldada pela família que o apoiou sempre. Recordou emocionado o pai, um homem muito exigente, antigo chefe da polícia em Braga, que deixava na esquadra a rigidez para em casa ser um doce. “. Quem mandava era a minha mãe!”. Ensinou-o a ser trabalhador e mesmo no leito da morte incentivava-o a construir a sua carreira profissional com dedicação, sem parar, nem para chorar a sua partida. Ainda hoje tem “na pele” estes valores e a vontade de, à semelhança do seu pai, deixar um legado de perseverança aos seus dois filhos. Como se inteirou do setor da ótica? Começou com várias situações engraçadas. Em primeiro lugar era um aluno descontraído (risos) e tive que entrar num curso que não conhecia muito bem, que era Física Aplicada – Ramo Optometria. Inicialmente integrei a Universidade da Beira Interior e depois transferi-me para Braga, porque é a minha terra natal. Tirei o curso com calma (risos) e depois foi uma questão natural.
Alguns amigos já trabalhavam na MultiOpticas, em Lisboa, e um desafiou-me a candidatarme. Fui para Lisboa e eu sempre gostei da capital. Aliás já lá tinha feito a tropa. Entrosou-se com os métodos da MultiOpticas? A MultiOpticas tinha outros contornos, na época. Era mais familiar e envolvia menos lojas. Havia um espírito de equipa fabuloso, que ainda hoje mantemos mas noutro registo. Digamos que eu não era o melhor optometrista, mas era desenrascado e
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apenas seis meses, num local que conheço bem e que está no coração do cruzamento entre Porto, Gondomar, Maia e Matosinhos. O facto é que a GrandVision ainda protege muito os seus franquiados e, portanto, as aberturas são feitas de forma a preservar o mercado de cada profissional.
seguia o ritmo da empresa. Ambientei-me na perfeição ao ambiente da MultiOpticas e por consequência também tive muita receptividade da direção, tive sorte. Fui muito cedo gerente de loja, dava formação e exercia, ao mesmo tempo, a optometria. A determinado ponto, era gerente no Rossio e pensei, “esta é a vida que eu quero!” e então fazia sentido continuar com a MultiOpticas, mas como franquiado. A morte do meu pai antecipou a minha vinda para o norte. Há 14 anos abri a minha primeira franquia em Santa Maria da Feira. Fiz muitas coisas de que me orgulho nos meus tempos de MultiOpticas, inclusive os dois primeiros reality shows da TVI, Big Brother, programas patrocinados pelo grupo. Fiz exames visuais aos concorrentes e apareci na televisão. E por ter aparecido com gravata e camisa branca na televisão, o líder da MultiOpticas na altura, o Juan Antonio Rodriguez Corral, instituiu que era assim que se deveriam vestir os optometristas (risos). A MultiOpticas mudou bastante desde então. Houve mudanças, mas a transição tinha que ser feita. Mesmo assim, mantenho a proximidade com as pessoas da equipa central da MultiOpticas. Ainda hoje quando vou ao Rossio cumprimento as pessoas daqueles andares todos! É-me natural. Tenho muito orgulho em fazer parte do grupo. E aos jovens optometristas digo sempre que mais vale aprender numa grande empresa como uma boa base para o futuro. A GrandVision é uma escola e é a maior empregadora de optometristas do país.
Agora assume a retaguarda do negócio. Gosta? Foi uma progressão natural. Comecei em Santa Maria da Feira e fiz daquela loja um espaço fabuloso. É a minha melhor loja! Depois fiz uma saída progressiva, porque era a cara da loja. Vivia muito aquela zona, fazia compras ali e as pessoas conheciam-me. Numa fase em que ainda estávamos três, eu, a Susana Teixeira e a Rosa Maria, que agora está comigo aqui em Rio Tinto, conhecemos um crescimento acelerado da loja, em apenas dois anos. Contratámos a Sofia, uma jovem que nos veio ajudar e que, nunca esqueço, meteu logo férias na primeira semana de trabalho (risos) que ainda hoje uso isso “contra” ela na brincadeira. Portanto, fui empurrando a Susana, o meu braço direito na empresa, para a frente da loja e eu assumi outras tarefas do backoffice. E porquê Santa Maria da Feira para começar o negócio próprio? Também foi um acaso. Abraço tudo o que a vida me dá e sou um romântico, um sonhador, e às vezes também sofro com isso. Havia várias localidades e depois de análise cuidada, aquela pareceu-me melhor. Havia de facto outras mais perto de Braga. Mas a aposta confirmou-se vencedora! E isso levou a mais aventuras? Diria antes que surgiram outras oportunidades. Em janeiro de 2011 surgiu Paços de Ferreira, porque a praça estava vazia há algum tempo, ou melhor, não havia nenhuma MultiOpticas lá. Oliveira de Azeméis foi a terceira loja, porque é próxima de Santa Maria da Feira e portanto fazia sentido. Foi uma excelente aposta. A de Rio Tinto também representou uma oportunidade, há
Como é ser um profissional de saúde e gestor ao mesmo tempo? Eu sempre gostei de exercer a optometria e dava-me prazer relacionar-me com as pessoas. Quando comecei a dar formação descobri a minha paixão. Este contacto humano é que me empolgava. E dava-me gozo transmitir os ideais da empresa. Fazia isso bem. Quando me propuseram ser responsável de loja em Cascais, desde logo confessei que não estava contente,
“Nós, MultiOpticas, durante muitos anos dominámos o espaço publicitário no nosso ramo e hoje já existem outros que investem na mesma estratégia. Os óticos individuais também se modernizaram imenso e há lojas lindíssimas no país, que provam a modernização e investimento dos nossos profissionais. Tudo isto porque lidamos hoje com conceitos como o low cost e os grandes grupos económicos”
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porque era da optometria e dos recursos humanos que eu realmente gostava. Claro que assumi as funções e acabei por gostar, mas deu-me força para abrir a minha empresa. E o que é preciso para trabalhar com o João? É fácil trabalhar comigo (risos)! Quando começo as entrevistas aviso logo que sei fazer tudo na ótica: consultas, vendas, montar óculos e a partir daqui as pessoas entendem o que se exige delas. Hoje somos 17 pessoas na minha pequena organização e gosto de gerir as pessoas e elas gostam de mim. O que leva um empresário a juntar-se a causas solidárias? Sempre o fiz, já nos primórdios da lojas de Santa Maria da Feira. Apoiava e apoio as freguesias com mais dificuldades e nunca senti vontade, ao contrário de outros empresários, de apoiar a equipa de futebol principal da terra. Os meus apoios desportivos são sempre para crianças, porque sempre fiz desporto e ainda faço. E estes apoios são transversais a todas as lojas. E quanto à ação da Cáritas? Foi diferente, porque a GrandVision fez pelo país todo e contactaram-me a mim para tomar a dianteira da iniciativa no Porto. Foi muito gratificante, gostei muito. Levei os meus filhos à festa de Natal e eles ficaram sensibilizados com a realidade destas famílias. Contactámos com as pessoas que ajudámos, oferecemos-lhe cabazes e brinquedos para os miúdos. E o grupo contava com três famílias sírias. A minha esposa fartou-se de chorar, porque nos abordou uma senhora que queria muito agradecer a ajuda. Sentir que fizemos a diferença, nem que por muito pouco que seja, é sempre gratificante. 14 anos como empresário, aos quais junta a experiência na GrandVision, fizeram-no assistir às alterações profundas do setor. Como viveu isto? Aconteceu tudo muito rápido e a partir de agora será ainda mais rápido. Nós, MultiOpticas, durante muitos anos dominámos o espaço publicitário no nosso ramo e hoje já existem outros que investem na mesma estratégia. Os óticos individuais também se modernizaram imenso e há lojas lindíssimas no país, que provam a modernização e investimento dos nossos profissionais. Tudo isto porque lidamos hoje com conceitos como o low cost e os grandes grupos económicos. Temos que respeitá-los e aprender a lidar com a nova realidade. Devemos preocuparmo-nos com o nosso trabalho e temos que olhar para dentro. Ou seja, hoje temos que trabalhar mais e sermos sempre mais profissionais. Quem se mantiver fiel a estes princípios terá território garantido. Os mais fortes irão sobreviver. Mas acha que a ótica como a conhecemos hoje prevalece? Sim, claro. As óticas independentes terão sempre o seu nicho de mercado, sempre mais adstrito. As low cost também terão o seu espaço com produtos a preços apetecíveis e que se adequam às pessoas que por alguma questão financeira não podem recorrer a outra ótica, nem que seja só por um breve período. É que há 20 anos os óculos eram mais caros do que são agora. Lembro-me dos
meus pais irem comprar óculos e ia um subsídio de férias. Agora existem outras hipóteses. Mas é como digo, há sempre nichos ou então momentos da vida que fazem as pessoas, principalmente os novos usuários, cederem ao low cost. Esperemos que mantenham sempre os parâmetros de qualidade. E o futuro da sua empresa passa por onde? Quero consolidar a companhia. Foram dois anos com duas aberturas muito próximas e preciso focar-me de novo: dedicar-me mais à minha equipa, conversar com eles, estar mais próximo, trabalhar mais as lojas ao nível de recursos humanos. Sentiu que 2016 foi um ano complexo no consumo? Sim senti. Houve uma quebra mas também instabilidade. Temos que perceber melhor estas mudanças no consumo.
PONTO DE VISTA
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2016
Um ano desafiante Depois de 2015 ter trazido a certeza de que a situação económica dos mercados estava mais amena, eis que 2016 vem desafiar de novo os agentes de mercado. A procura interna abrandou e os sinais foram claros com menos consumidores a comprar nas óticas. Esta conjuntura já tinha sido adiantada pelos dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística, que alertou para a baixa de consumo de bens correntes no último trimestre de 2015. A boa notícia é que esta tendência foi inversa nos últimos três meses de 2016. O que terá melhorado a confiança de quem compra? Talvez a recuperação por parte dos funcionários públicos dos cortes lançados sobre os salários em 2011, o aumento das pensões e outras decisões políticas que trazem a denominada paz social, mas também maior confiança. Por outro lado, a inconstância política internacional faz tremer o cidadão mais atento. Brexit em Inglaterra, fecho de fronteiras e promessas de protecionismo nos EUA e, a par disto, o terrorismo. Mas voltando a Portugal, interessa contextualizar esta diminuição de consumo generalizado. Em primeira instância, e segundo dados do Banco de Portugal e a projeção do Eurosistema
publicado recentemente pelo Banco Central Europeu, a economia portuguesa cresceu menos que o previsto, embora se mantenha numa trajetória de recuperação moderada, que se manterá até 2019. Esta subida lenta da economia, ainda assim, não nos refaz das “mazelas” impostas pela crise entre 2010 e 2013.
O nosso país continua desfasado em relação ao resto da Europa. O que justifica isto são os constrangimentos estruturais ao crescimento da economia portuguesa, nomeadamente o alto endividamento dos sectores público e privado, a evolução demográfica desfavorável, o desemprego e a ineficiência no mercado do produto. Ainda há muito trabalho a fazer no que diz respeito reformas estruturais. Em 2017 prevê-se a reconquista do dinamismo da procura externa em relação ao período transato e também um maior investimento empresarial. Por seu turno, o consumo privado deverá desacelerar face ao observado nos anos mais recentes, crescendo em linha com as expectativas de evolução tendencial da economia. O forte dinamismo do consumo nos últimos anos esteve associado à despesa em bens duradouros, resultante em parte da concretização de decisões adiadas durante a recessão de 2011-2013. A compra de carros esteve no topo destas compras. Novembro trouxe renovada esperança ao mercado com o Instituto Nacional de Estatística (INE) a revelar que até dezembro o indicador de atividade económica e o de clima económico estabilizaram. O consumo privado aumentou devido ao contributo mais elevado da componente de consumo corrente. Ou seja, o INE comunicou um aumento do indicador de confiança dos consumidores nos últimos quatro meses, até dezembro, a atingindo o valor máximo desde agosto de 2000.
Novembro trouxe renovada esperança ao mercado com o INE a revelar que até dezembro o indicador de atividade económica e o de clima económico estabilizaram. O consumo privado aumentou devido ao contributo mais elevado da componente de consumo corrente
Os sentimentos no terreno Rafael Silva, presidente dos Conselheiros da Visão “Temos também essa perspetiva de que 2016 foi desafiante, se bem que o Grupo Conselheiros da Visão, devido a uma gestão muito equilibrada, a uma dinâmica diferenciada e a uma maior adesão de cooperadores, no seu todo, acabou por ter um ano bastante animador. Mas é notório que a ótica de proximidade está a ter várias dificuldades, essencialmente, em manter o ticket médio por cada venda realizada.
De cada ano que se inicia… esperamos sempre tudo e em 2017 ainda mais. Vamos começar as nossas atividades com a realização da nossa gala solidária, temos uma direção recentemente eleita, com novos elementos, em alguns cargos chave, costuma--se dizer “com sangue novo” e isso todas as empresas precisam. Estamos bem cientes das dificuldades que se nos deparam, a velocidade que aos dias de hoje as coisas acontecem exige uma adaptação/reação demasiado rápida para algumas das empresas do sector e não somente do nosso grupo. Há
que mudar o “chip”, devido à alteração de paradigmas na atuação dos grossistas, mas também dos retalhistas (que cada vez mais se confundem num só, quer de forma direta, quer em participações que detêm). Jamais a ótica voltará a ser o que já foi, não quer dizer que esteja pior, somente está diferente, para muitos ficou fora da sua zona de conforto e não adianta reclamar por um passado que já não volta. O caminho é mesmo o da aglutinação de vontades, olhar mais para o colectivo e menos para o individual, é essa a nossa luta e a nossa estratégia.” Jorge Rubio, CEO da CECOP
“A CECOP conta já com 14 anos de experiência no mercado português e o facto de haver uma quebra no consumo nas óticas não nos assusta, já que o mesmo está em constante mutação. O facto de existirem cada vez mais grupos e de a maioria deles apostarem em preços baixos, dá a possibilidade ao consumidor de ter acesso a produtos de baixo preço, mas consequentemente de inferior qualidade. No entanto, pouco a pouco, verificamos uma alteração comportamental do consumidor, dando primazia a produtos de qualidade e serviço
personalizado com capacidades técnicas acima da média. O ano de 2016, contrariamente à tendência do mercado no setor, foi um ano não só de várias mudanças, mas de crescimento em vários segmentos. Isto também devido à forte pressão sobre os preços provocada pela quebra do consumo e o difícil acesso ao financiamento externo que impulsionaram a integração de óticas independentes em centrais de compras, de modo a aumentar o poder de negociação com os fornecedores. O ano de 2017 será um ano de consolidação estratégica iniciada em 2016, que passa pelo reforço das nossas equipas de marketing e comercial a fim de continuarmos o plano de diferenciação e estarmos mais presentes junto dos nossos associados e fornecedores estratégicos com um serviço de excelência. Os objectivos são claros: abertura de novos associados, maior destaque aos parceiros de óticas independentes e aos associados, foco na comercialização das marcas próprias e sobretudo nos planos de fidelização únicos e exclusivos no mercado que só o grupo CECOP dispõe.” Tiago Alves, Olhar de Prata, Lisboa “A ótica é um setor onde os clientes em média teriam que renovar os seus óculos de dois em dois anos. Com a crise esse prazo foi-se alargando e a abertura de muitas óticas nos últimos anos, quase todas a praticar preços cada vez mais baixos, fez com que o mercado ficasse saturado e que grande parte dos clientes estejam servidos. Felizmente a Olhar de Prata continua a crescer por trabalhar com um nicho de mercado, mas sabemos que não é isso que se passa
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no sector em geral. 2016, para nós, teve um balanço positivo. Alcançámos os objetivos que propusemos às equipas, o que, tendo em conta a situação do setor, é bastante satisfatório. O produto mais vendido centrouse nos óculos de sol. Espero continuar a crescer, mantendo o bom trabalho realizado até agora e melhorando aquilo que é possível melhorar pois acho que podemos fazer sempre mais e melhor.
Rui Borges, CEO da GrandVision “Pese embora a não existência de dados oficiais do mercado de ótica em Portugal ou mesmo sequer “oficiosos” minimamente confiáveis, não temos a percepção de que 2016 tenha sido um ano com quebra de consumo na ótica portuguesa.
Em primeira instância, e segundo dados do Banco de Portugal e a projeção do Eurosistema publicado recentemente pelo Banco Central Europeu, a economia portuguesa cresceu menos que o previsto, embora se mantenha numa trajetória de recuperação moderada, que se manterá até 2019
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Podemos sim dizer, que o ano transacto foi de fato desafiador, talvez por alguma cautela do consumidor em categorias de maior investimento no consumo, mas devo dizer que a GrandVision Portugal desenvolveu a sua atividade de forma positiva. Apesar dos desafios, terminámos o ano de 2016 com a nossa posição de liderança reforçada. Contudo, sem dúvida que o nosso mercado está a mexer de uma forma estrutural e as “águas estão agitadas” não só com a entrada de novos operadores com uma perspectiva de curto prazo, onde a variável preço é a única que têm para oferecer, bem como pelo forte investimento de outros, sobretudo baseados em estratégias empresariais que extravasam o próprio setor. Estes movimentos causam obviamente dano e o setor de retalho de ótica em Portugal irá mudar para sempre como aliás já aconteceu com movimentos semelhantes em outros países e em outros setores do comércio. A estratégia da GrandVision em Portugal é de longo prazo para qualquer uma das suas três marcas que representa. O nosso foco é o cliente, oferecendo produtos de elevada qualidade a preços justos e competitivos. Preocupanos o futuro, o crescimento sustentável, a ligação às comunidades que procuramos cimentar cada vez mais com a nossa política de responsabilidade social, bem como o bem-estar e sucesso de todos os nossos profissionais e franquiados. Daí que investimos continuamente na formação, em melhores ambientes de loja, na inovação das nossas campanhas e em tornar a experiência de compra em algo que crie laços de lealdade para o futuro e permita às
nossas equipas comerciais, aos nossos optometristas, a todo o staff da empresa e aos nossos franquiados olhar para o futuro com a humildade de quem tem sempre algo a aprender e a melhorar, mas também com a forte convicção que sabemos o caminho que trilhamos, com o suporte da GrandVision a nível global e a sua presença em 44 países do mundo com mais de 6500 lojas.”
Manuela Resende, Óptica Morais, São João da Madeira “O ano de 2016 foi, sem sombra de dúvida, um ano de quebra de consumo. Essa quebra poderá dever-se à proliferação desenfreada de lojas low cost, mas também ao agravamento da falta de poder de compra dos portugueses. Não se prevê uma melhoria, pelo menos significativa, para 2017. A nossa intenção será lançar algumas campanhas e fazer alguns evento in loja para poder atrair novos clientes e fazer a manutenção dos já existentes.” Vera Velosa, responsável pela área de óticos e recursos humanos e gerente do Institutoptico “No que respeita ao Institutoptico foi um ano de desafios. Conseguimos aumentar as nossas receitas,
alavancadas nos múltiplos projetos que desenvolvemos durante o ano. Sentimos que para nos mantermos temos que ser cada vez mais eficazes na estratégia que delineamos. Neste momento há sinais de que algo está a mudar para melhor, embora de uma forma muito modesta. Em termos de quebras sabemos há vários anos que o consumidor troca de aros menos vezes e que muitas pessoas deixaram de ter seguro para óculos graduados como tinham há dez anos. Ou seja, não há menos pessoas a usar óculos, pelo contrário, as pessoas não compram é tão regularmente como o faziam anteriormente. Estes dois fatores, entre outros, são impulsionadores pela diminuição no consumo de ótica em Portugal. O que me parece é que o mercado da ótica está em grande transformação de há uns dez anos a esta parte e todos nós vamos sendo espectadores deste fenómeno. Desde 2013, entraram para o Institutoptico mais 13 óticos aderentes, portanto continuamos a crescer. Proativamente os óticos têm vindo à procura do Institutoptico. E vêm com conhecimento de causa, conhecem os nossos projetos
e estratégia. Terá ajudado, com certeza, a nossa comunicação que tem estado voltada para o crescimento da rede. Mas temos muito que trabalhar, empreender, fazer, para atrair clientes. Existem demasiadas óticas para o número de potenciais consumidores de artigos óticos. Ficarão os que realmente souberem adaptar-se às necessidades do mercado. A profissionalização dos cuidados de saúde visual pode fazer a diferença, bem como a adoção de competências nas outras áreas da empresa. Atualmente quem dirige uma ótica, mesmo as mais pequenas, tem que saber liderar todas as outras áreas da empresa.” Wilson Gaspar, Country Manager da Alain Afflelou “Na Alain Afflelou Portugal 2016 foi um ano de forte crescimento, o que reflete o aumento da procura dos consumidores pelas nossas soluções comerciais. Este facto deve-se à aposta e lançamento constante
de inovações, quer em produtos quer em serviços, e de uma antecipação persistente das tendências de consumo em ótica. Foi um excelente ano para o grupo, quer a nível nacional quer a nível internacional onde nos consolidámos como franquia nº1 em ótica a nível
mundial, abrindo lojas nos cinco continentes e contando com mais de 1400 lojas e mais de 500 franquiados. Em termos de volume de faturação o grupo superou 1100 milhões de euros. 2017 será o ano da Alain Afflelou em Portugal, ou seja, será um ano de investimento no mercado português. Temos atualmente 30 lojas e o objetivo é atingir as 100 nos próximos anos, sendo Portugal um país estratégico e prioritário a nível de desenvolvimento para o grupo. No alinhamento dessa estratégia, acabámos de lançar o Projeto Avançar, um programa de financiamento para apoiar empreendedores e franquiados na abertura de novas lojas. Funcionando como uma linha de crédito, este novo modelo comercial assenta na criação de uma parceria entre a empresa e o profissional, na qual a primeira assume a maior fatia de investimento e o segundo pagará posteriormente este investimento com os resultados do seu negócio, tendo desde o primeiro dia uma percentagem no negócio e que investir apenas um capital social mínimo para a constituição da sociedade.” Marco Bilimória, Mb Óptica, Águas de Moura “Conseguimos atingir os objectivos definidos para 2016, sabendo de antemão que o mercado tradicional está com quebra nas vendas. Sentimos que alguns clientes não optaram por produtos que antigamente adquiriam, optando por artigos mais económicos que temos disponíveis. Sentimos que o cliente procura novas óticas ou novos conceitos e, por isso, rapidamente tivemos de mudar a estratégia e adaptarmo-nos a esta nova realidade. Estamos a conseguir corresponder
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a essas necessidades. O fenómeno de “preço baixo” está para ficar. Tudo isto se deve à comunicação na televisão, rádio, redes sociais e jornais. O consumidor está bem informado dos preços, mas baralhado no que compra. Confesso que esperava um ano 2016 arrasador mas comecei janeiro com muita cautela e dedicação. Ou seja, cautela porque investimos com moderação e fomos objetivos nas nossas decisões e dedicação porque criamos com o departamento de marketing do grupo uma estratégia bem definida para a nossa empresa. O produto mais vendido foi baseado em campanhas. O ano de 2017 vai ser como um jogo de xadrez: estratégia e tática! Temos de ser inteligentes, estarmos atentos, antecipar uma decisão e ir sem medo. Não adianta apontar o dedo. Para 2017 queremos aperfeiçoar a comunicação investindo numa nova imagem de marketing!” António Alves, diretor geral da Opticalia Portugal “Felizmente o nosso grupo, nas informações que nos foram passadas pelos nossos associados, não sofreu da retração do setor. E porquê? Porque a Opticalia está claramente direccionada para o valor acrescentado do serviço
ótico e não para a guerra do preço puro e duro. 2016 foi um ano desafiante onde há uma maior profissionalização do sector e onde não há espaço para não fazer acontecer. O que quero dizer é que o mercado está muito competitivo, há muita informação a circular e muita comunicação. Os clientes estão mais atentos e as óticas que ficam “paradas” acabam naturalmente por sentir um impacto mais forte e/ou mesmo por desaparecer. Se analisarmos o comportamento nos últimos anos é exactamente nos óticos mais tradicionais que se nota mais dificuldades. Em 2015 abrimos 38 lojas, em 2016 abrimos 19 e em 2017 queremos abrir 35. Estivemos nos anos de 2013, 2014 e 2015 em angariação e alargamento da rede de forma a conseguirmos ter uma capilaridade de rede a nível nacional que fosse interessante. 2016 foi o ano de consolidação interna das nossas lojas e da nossa estratégia para agora em 2017 voltarmos em força à captação de associados e de locais emblemáticos para consolidar a nossa marca.” Paula Pinho, Adão Oculista, Porto “Felizmente, e a rebentar de orgulho da equipa que
tenho a honra de liderar, este ano, na nossa empresa, não houve quebra no consumo. Inacreditável não é? Mas é verdade. Conseguimos ultrapassar o ano anterior graças a um esforço titânico e na crença até ao último dia do ano que íamos superar o ano anterior. Com tantas contrariedades, com tantos low cost, com tantas inibições e bloqueios de venda impostas pelos seguros de saúde, com tantos colegas a “dar” a única coisa que podemos e devemos vender, tenho de assumir que estive quase a acreditar que ia “morrer na praia”. O produto mais vendido em 2016 foram as lentes oftálmicas graduadas. Acreditamos há muitos anos nas vendas cruzadas. Sublinhe-se vendas!!! Para 2017? Todos os dias mudamos qualquer coisa. Este ano será mais um ano de mudança assente num item que não mudaremos nunca: servir. Ajustaremos a segmentação por ponto de venda, soluções à medida de cada realidade, faremos mudança de visual em alguns pontos de venda e iremos também mudar um bocadinho a imagem da nossa equipa...no dia 13 de Março, vamos entrar no 55º ano da nossa (Adão Oculista) vida, todos bonitos!!! 2017 , vai ser um ano em grande!”
OLHAR EM PORTUGUÊS
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Institutoptico
Cierzo preparada para o S. Valentim O grupo nacional de óticas propõe aos associados embelezarem os seus espaços com dois modelos perfeitos para a época comercial do amor que se aproxima. Berlengas e Bairro Alto casam-se na perfeição na época de S. Valentim.
O Institutoptico quer chamar a atenção dos consumidores para este conjunto de óculos de prescrição irresistíveis. Berlengas e Bairro Alto são opostos no conceito. Enquanto o primeiro exala paixão no contraste atrevido de cores e padrões e ainda num formato guloso, o segundo assume-se no classicismo e na sobriedade. Ou seja, são perfeitos um para o outro. Integrados na coleção Lugares de Portugal, Berlengas e Bairro Alto prosseguem a homenagem do Institutoptico ao nosso país, desta feita, relembrando a beleza magnética de ambos os locais homónimos, perfeitos para uma incursão romântica. Claro que, para além das sugestões em destaque, o grupo português alarga o seu “roteiro” amoroso a outras paragens como Piódão, Sintra, Lagoa do Fogo, Monchique, Serra da Estrela, entre
muitos outros modelos, todos disponíveis nas lojas Institutoptico de norte a sul do país. Cierzo para todos Com um posicionamento acessível, a Cierzo disponibiliza modelos com design adaptado a diferentes segmentos. Confortáveis e leves, os óculos permitem uma maior adaptação ao rosto, acentuando a marca de identidade de quem os usa. Adicionalmente, com este conjunto especial, a Cierzo tornou-se na primeira marca de óculos no mundo a incluir o inovador ColorADD nas suas armações. Este código de cores elaborado para daltónicos foi criado pelo designer português Miguel Neiva e permite a inclusão deste grupo de pessoas na sociedade.
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CECOP
Fab Glasses com novos modelos O grupo internacional de óticas garante a exclusividade e atratividade dos seus associados com a marca de moda Fab Glasses. Na entrada do novo ano, a marca renova a sua linha Capri em dez modelos de prescrição, elevando o interesse já instalado entre bloggers e influencers. São agora 32 os óculos que compõem a coleção Capri, renovando o seu posicionamento entre os mais icónicos acessórios de moda, conseguido através da colaboração com especialistas do meio. Aliás, esta conjugação de trabalhos, entre designers e adictos da moda, resulta em peças que prometem enaltecer rostos femininos, através de detalhes tentadores e linhas envolventes que se desenham nos formatos mais em voga. Adicionalmente, a coleção Capri da Fab Glasses consegue dimensão e importância graças à ampla exposição demográfica que tem. Está disponível para 170 óticas embaixadoras da insígnia em Espanha e 90 entre Itália e Portugal. São números que comprovam o alcance de uma marca que, desde o seu
lançamento, tem resultados extraordinários e quer conquistar um espaço no setor como uma ferramenta de diferenciação para as óticas que apostam numa marca original e exclusiva. Os novos modelos Baia, Maiori, Ercolano, Diva e Dolcevita “regressam” à paradisíaca ilha de Capri, que inspirou todo o conjunto. A localidade napolitana reflete-se nas cores que dominam as peças desenhos que as materializam. Com dez quilómetros quadrados, este recanto especial é inesquecível, graças ao atrativo verde-esmeralda do mar Tirreno e à particularidade de ter um aroma maravilhoso em todas as ruas. Tudo culpa das duas fábricas de perfume que produzem odores especiais a partir das flores da ilha.
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Maybach eyewear
Novos olhares exclusivos Texto: Mariana Teixeira Santos
Exclusividade de acesso, exclusividade para olhares absolutamente avassaladores. A razão: o elogio do trabalho de artesão aliado às técnicas de produção mais avançadas e aos materiais mais exclusivos concretizam óculos que definem identidades. Renda-se a este luxo chamado Maybach!
Maybach é sinónimo de luxo e precisão técnica desde 1886. Parte do desenvolvimento natural de uma marca em expansão, a casa alemã criou uma gama de acessórios de classe superior, aos quais se juntou o eyewear em 2010. O luxo desta insígnia já não desfila apenas no asfalto, rendeu-se, isso sim, às passarelas, assumindose não só como uma marca, mas como um estilo de vida. O dinamismo da Maybach comprova-se na nova coleção. Única e exalando exclusividade e glamour, teve como palco de apresentação a loja Olhar de Prata, em Lisboa, representante em Portugal da linha de óculos do fabricante de carros de luxo germânico, subsidiária da Daimler AG. Um evento de luxo Merche Romero foi uma das convidadas em destaque no evento de apresentação da nova coleção Maybach Eyewear.
A apresentadora desfilou com alguns dos modelos da marca, evidenciando contornos sinuosos, mas, igualmente, linhas disruptivas, traços acentuados e descontinuidades que demarcam personalidades sem pudor. O evento contou ainda com a presença de nomes conhecidos do grande público, que reforçaram o impacto das novidades em Portugal, como Filomena Cautela, atriz e apresentadora, o ator Tiago Januário, o manequim Valter Carvalho ou o ator Ricardo Carriço. Detalhes que fazem a diferença A aposta no desenho de óculos desta marca concretiza a apresentação de um estilo de vida. Maybach assume-se, na sua génese, como bem mais do uma fabricante de carros, é a escolha de uma forma única e exclusiva de viver ao volante. Os modelos desta coleção ostentam esta unicidade.
Os pormenores acentuam cada modelo, seja de sol como de prescrição, com um toque único. Pontes duplas, armações com recortes bem definidos e oversized, o clássico aviador dominado por hastes omnipotentes pintadas de tonalidades intensas, dourados e negros que se intercalam
Os pormenores acentuam cada modelo, seja de sol como de prescrição, com um toque único. Pontes duplas, armações com recortes bem definidos e oversized, o clássico aviador dominado por hastes omnipotentes pintadas de tonalidades intensas, dourados e negros que se intercalam. A elegância de mão dada com a irreverência em peças que definem identidades que não temem dar nas vistas, que existem para ser vividas. Cada uma das peças é totalmente elaborada à mão, uma homenagem ao trabalho de artesão que
transforma cada par de óculos num objeto de arte. Os materiais utilizados destacam a exclusividade da Maybach. As madeiras mais refinadas, o genuíno corno de búfalo, detalhes de luxo envolvidos pelas melhores peles do mercado, puro titânio e ouro de 18 quilates que apimenta o luxo em cada uma das peças e diamantes incrustados atingem o auge na qualidade de visão irrepreensível através das lentes Zeiss. Um cocktail de luxo e elegância mais que exclusivo para acompanhar as mais altas rotações. E…faça-se à estrada!
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Alejandro Sanz vem juntar-se à fileira de artistas de renome que a Opticalia atrai para as suas campanhas desde o início, entre eles Ricky Martin e António Banderas
Alejandro Sanz vê a vida através da Opticalia O reconhecido músico latino é o mais recente embaixador da marca multinacional de óticas. A Opticalia ganha nova dimensão pela voz e imagem de Alejandro Sanz que integra a marca nas suas convicções num vídeo publicitário intenso. Este spot tem no centro aquele que é considerado um dos maiores compositores e intérpretes da música latina. Alejandro Sanz é cotado, aliás, como o cantor espanhol mais bem sucedido fora do seu país, com mais de 21 milhões de álbuns vendidos e com 20 Grammy’s latinos arrebatados. Os seus 11 álbuns conquistaram, sem exceção, a platina. Títulos como La Fuerza del Corazón ou Corazón Partido extravasaram fronteiras de todos os continentes.
No arranque de 2017, em Portugal e Espanha, a fama de Alejandro Sanz está ao serviço da Opticalia numa campanha televisiva dirigida por Víctor Gonzalo, diretor criativo e de marketing do grupo. O artista reflete sobre “outra forma de ver a vida”, o mote que dá título à atual iniciativa publicitária. Tal como sempre defendeu nas letras da sua música, Alejandro Sanz fala, com a sua voz característica do sonho, da vontade de viver, da sinceridade e da justiça, valores que associa à Opticalia. Alejandro Sanz vem juntar-se à fileira de artistas de renome que a Opticalia atrai para as suas campanhas desde o início, entre eles Ricky Martin e António Banderas. Às figuras de destaque juntam-se marcas exclusivas que fortalecem o portfólio como Mango, Pepe Jeans, Pull & Bear, Custo Barcelona, Amichi entre outras, às quais se juntarão mais. 2X1 em óculos de marca Para além do poderoso vídeo em que Alejandro Sanz surge com uma armação intemporal, multiplicam-se os cartazes que anunciam a campanha de óculos graduados: 2X1 em óculos de marca e 2X1 em óculos progressivos de marca. Esta promoção está ativa até 31 de março de 2017 e inclui as marcas Mango e Pepe Jeans na seleção do segundo par de óculos.
OUTROS OLHARES
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Hoya compra 3M A empresa de lentes oftálmicas anunciou a aquisição da empresa de óculos de segurança graduados da 3M. Desta forma, a Hoya Vision Care acede a um novo de mercado.
A 3M é das mais importantes empresas no setor de óculos de segurança graduados, graças aos seus 90 anos de experiência, a partir dos EUA. A Hoya, ao anunciar o acordo de aquisição desta casa norte-americana, acede a uma abrangente linha de armações, óculos graduados, opções especiais de revestimento e soluções à medida de um segmento especial. Tudo distribuído por uma forte rede de profissionais de ótica e oftalmologia. A presença da 3M na América do Norte é significativa, sendo que também fornece óculos de segurança graduados e armações na América Latina, Europa e Ásia. E a Hoya tem agora a vantagem de proporcionar aos seus clientes de negócio
industriais, bem como aos consumidores em geral, uma poderosa solução global em óculos de segurança graduados. “A aquisição por parte da Hoya da reconhecida empresa de óculos de segurança graduados 3M expande o nosso alcance a mais clientes e dá acesso a um novo e importante segmento do mercado ótico nos EUA e no mundo inteiro”, declarou Girts Cimermans, CEO da Hoya Vision Care. A Hoya adquire apenas a parte de óculos de segurança graduados dessa empresa pertencente à 3M, empregando cerca de 140 pessoas e incluindo um laboratório em Plymouth, Indiana, EUA. A transação está prevista concluir-se durante o primeiro trimestre de 2017, sujeita a condições habituais processuais.
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Mido
Óculos: desenvolvimento apaixonante A feira milanesa está prestes a abrir portas e lança mais razões para não deixar escapar este evento incontornável da ótica mundial. The Glasses Hype - Advertising & Eyewear prenuncia uma rubrica histórica que conta o percurso das lentes e dos óculos pelos “olhos” da publicidade.
De dispositivo médico a ícone de moda, a Mido propõe-se deslindar o caminho percorrido pelo eyewear desde o início dos anos de 1900. A exposição The Glasses Hype - Advertising & Eyewear estará localizada no espaço More!, o pavilhão de sucesso inaugurado em 2016 e que regressa em 2017. “Pedimos a todas as companhias que participam na Mido para nos enviarem imagens, posters, filmes, brochuras e as próprias publicidades e materiais de marketing. Desta forma, teremos em plena Mido uma iniciativa com um forte caráter emocional através de imagens, informação e entretenimento. É uma coleção extraordinária que nos permite ilustrar um século de eyewear: desde o dispositivo de correção e proteção até ao objeto de culto e autêntica declaração de moda. Mas atenção que esta iniciativa não pretende ser somente uma exposição. Queremos inspirar os operadores do setor que vêm à Mido a refletir todos os anos e discutir sobre o futuro da comunicação na nossa área”, declarou o presidente da Mido, Cirillo Marcolin.
E muito mais na Mido 2017… A 47ª edição do certame italiano inclui a esperada apresentação dos prémios internacionais Bestore e Bestand, que homenageiam as melhores lojas propostas a concurso e o melhor stand da Mido 2017. No caso do primeiro galardão, um júri internacional avalia os espaços comerciais segundo determinados critérios de avaliação, tais como o design de interiores, a exposição do produto, a interação com os clientes e o material publicitário. Também está confirmado o Comboio para a Mido dedicado aos visitantes italianos. Três comboios completam a viagem a partir de Roma, Veneza e Bolonha gratuitamente para os óticos que vão consultar a Mido. As maravilhas da ótica esperam todos no Complexo de Exposições de Rho Pero, de 25 a 27 de fevereiro.
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JU 1022 De linhas geométricas e tonalidades terrenas, esta peça Jaguar em acetato destaca-se nos elementos em metal brilhante nas hastes. Sofisticado e masculino, o modelo remete para o interior dos automóveis da marca britânica e compromete-se com um look clássico e profissional.
Jaguar
Tecnologia ao serviço do design Numa simbiose perfeita com as características que tornam os seus carros vencedores, a Jaguar Eyewear apresenta óculos que focam o detalhe, a elevada qualidade e uma elegância primorosa, tudo no masculino. A Proóptica, representante da marca em Portugal, garante aos mais exigentes consumidores uma experiência de luxo e performance, diretamente de uma insígnia britânica poderosa. O alto desempenho, a perfeição e o conforto são as vantagens trazidas pela Jaguar ao universo eyewear. Os desenhos são clássicos e reforçam a intensidade do rosto masculino. Já a performance e o conforto são garantidos através de materiais primorosos que despertam os sentidos ao toque e se completam num design funcional e bem delineado. A coleção divide-se em quatro linhas que apontam a todos os estilos de homens com os nomes Classic, Spirit, Performance e Ultimate.
JU7117 Os óculos de sol pertencem à linha Classic da Jaguar, no entanto exalam um estilo moderno e versátil. Materializa-se num acetato que exibe um padrão inspirado nos estofos em pele dos carros homónimos. É a ligação perfeita para o requinte e glamour da Jaguar.
JU1507 Com um design dinâmico e com a interpretação moderna do interior, da cor e da configuração dos automóveis Jaguar, este modelo reflete a essência da linha Spirit. As hastes são produzidas numa estrutura 3D de carbono, garantindo o sentimento Jaguar, mesmo fora do carro. Representa a escolha perfeita para homens desportivos e de estilo casual.
OLHAR O MUNDO
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Nicola Del Din e Corrado Rosson
Blackfin: uma história bem contada “Somos italianos de coração, pelo local de produção e pela determinação, somos japoneses nos materiais e equipamentos e ainda escandinavos na organização”, descreveu assim Nicola Del Din à LookVision Portugal a natureza da sua Blackfin. O CEO da casa transalpina juntou-se em 2008 ao designer Corrado Rosson para fazer a marca própria da fabricante Pramaor. A empresa que herdou cedo dos pais tinha todo o know-how para criar óculos de luxo, mas faltava-lhe uma história. Hoje representam uma das marcas com maior visibilidade e reconhecimento no mercado, com uma linha fashion apetecível e uma história maravilhosa. As mais recentes criações da Blackfin inovam no desenho. Corrado Rosson: Somos uma empresa que sempre esteve dedicada aos óculos para lentes de prescrição e agora estamos a explorar uma faceta mais fashion. Através dos óculos de sol e mesmo das armações propomos peças adaptadas à moda e às tendências.
Foi uma exigência dos consumidores? CR: Foi de facto uma exigência, mas também uma necessidade da empresa que está em franco crescimento e que tem que acompanhar esta evangelização da moda. E ainda porque introduzir óculos de sol é um desenvolvimento natural para quem se dedica aos óculos como nós. Estamos a assistir a um
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grande crescimento da marca e faz todo o sentido dar aos amantes de óculos um modelo com todo o conforto de uma armação de prescrição. A sua criação e produção é exigente e nós podemos aplicar estes requisitos para criar óculos de sol primorosos e no topo da inovação. E a inovação é mesmo a bandeira da Blackfin. CR: A linha tem cerca de oito anos de existência e nasce da empresa Pramaor, reconhecida mundialmente pela produção de óculos para marcas famosas. A Blackfin surge sobretudo para dotar o uso de óculos de conforto, graças ao titânio e ao beta titânio. Depois destes oito anos podemos afirmar que o nosso produto já foi repetido pelos consumidores, o que confirma que quem acreditou em nós na primeira vez percebeu que já não passa sem os seus Blackfin. E foi o Corrado que esteve sempre na frente do desenho destas linhas, inclusive as primeiras? CR: Sim, as primeiras mais geométricas e simples e com arcos harmoniosos e linhas afiadas. Claro que, uma companhia como a nossa vive do mercado e das suas flutuações e, portanto, este espírito inicial mudou ao sabor da moda e dos consumidores. E foi preciso haver mudança também dentro de si enquanto artista? CR: Não sou propriamente um artista. Sou um designer industrial e portanto, embora haja uma faceta artística naquilo que faço, no centro do meu pensamento o design industrial é mais completo que a arte. Conjuga,
precisamente, essa faceta com a realidade empresarial e ainda as necessidades dos consumidores. Além de tudo isto, o produto nasce do que eu faço, mas também do que diz o departamento de marketing e outros departamentos que funcionam numa simbiose perfeita. E os resultados, de facto, já se fazem ver na conquista do mercado. A direção que escolhemos é certa. Ou seja, ao início havia entusiasmo e hoje acrescentamos-lhe a certeza. Pode dizer-se que a Blackfin nasceu das suas convicções? CR: Sim, foi uma criação muito minha e isso começou com o logótipo que talvez seja a parte mais artística de todo o meu trabalho e tem muitas explicações (risos). A oficial é que somos parte de um território italiano, que é Belluno, montanhoso e talvez dos mais belos do mundo. Temos as Dolomite que são rosa e compõe-se de uma rocha única no mundo que vem de uma barreira coral antiguíssima e onde se encontram fósseis de peixe e outros seres. E desta forma, o logo reúne as caraterísticas atuais e antigas da região, assim como nós que somos “antigos” mas ao mesmo tempo inovadores.
Nicola Del Din: Ou seja, num sítio que foi mar e agora é montanha nasceu a Blackfin que também operava de uma forma antes e hoje está renovada. Claro que, adoro contar isto de uma forma mais americanizada, imaginando que eu e o Corrado estávamos a caminhar pelas montanhas e nos deparámos com o fóssil de um peixe. E esta é a busca oficial pela pedra sagrada da Blackfin (risos). E qual a versão verdadeira (risos)? CR: Na realidade, o desenho nasceu como um olho que deixa escapar luz (risos). Ainda temos mais duas, três ou quatro explicações, mas estas são suficientes (risos). Este ano estiveram em destaque no Silmo D’Or. Como se consegue chegar aqui? CR: Penso que o segredo passa por criar estrutura com simplicidade. Quando se cria alguma coisa que é fabulosa mas simples, como as bolas de sabão, por exemplo (risos), penso que se atingiu o objetivo daquilo que é o âmago do design industrial. O ano passado ganhamos o Silmo D’Or com nada mais do que um sistema composto por uma lâmina de titânio que se encastra com um duplo dente e que remete para as armações do século XIX. Este ano voltamos a chamar a atenção com uma criação também simples que em vez de ser um sistema para fechar é para abrir.
“Quando se cria alguma coisa que é fabulosa mas simples, como as bolas de sabão, por exemplo, penso que se atingiu o objetivo daquilo que é o âmago do design industrial”
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tornou a situação económica complexa e estivemos para fechar. Então decidi experimentar um produto próprio. Sabemos fazer óculos de forma suprema, mas não estávamos bem organizados nem sabíamos contar histórias. Em 2008 nasceu a Blackfin como produto físico e em 2012 como produto com alma. Quer dizer que teve dois “nascimentos”? NDD: No início faltou a filosofia da marca e trabalhamos isso durante muito tempo com o nosso fotógrafo, que é também o do Andrea Bocelli que, aliás, acredita no nosso projeto. Depois planeámos a imagem e nisso incluímos o stand das feiras e os nossos escritórios. E os resultados apareceram! Agora trabalhamos porque temos a sensação que o futuro da Blackfin pode ir além da bela firma que executa belos óculos em titânio. Podemos também ser uma marca em voga num alto nível mas estamos a estudar como conseguir chegar aí. Uma das estratégias são as colaborações com artistas como Andrea Bocelli e muito mais. E qual a história da Blackfin? NDD: A empresa nasceu em 1971 pelas mãos da minha mãe, Maria Pramaor, uma mulher atípica para a época, muito empreendedora e dinâmica. Esteve no lançamento da Luxottica como colaboradora número 18. O pai de Corrado foi o 22. Trabalhou dentro da grande produtora italiana nove anos e depois continuou a colaborar, mas como produtora externa, com a sua própria empresa. Porém, a Luxottica começou a internacionalizar os seus trabalhos e para não ficar sem trabalho a minha mãe organizou-se com o meu pai, que deixou o seu trabalho de diretor numa grande fábrica de móveis, para organizar a empresa. Começaram a diversificar a produção e a fazer óculos em metal e cedo começaram a fazer as armações de casas como De Rigo ou Marcolin. Nos anos ‘90 o meu pai começou a pensar em produzir algo diferente. Naquele período todos faziam óculos, mesmo na garagem, na cave (risos), piores que os chineses sem uma estratégia clara e uma organização por trás. Portanto, era necessário fazer algo mais complexo e apostámos no titânio. Compramos o material necessário, mandámos duas pessoas durante um mês para o Japão para aprenderem, embora a única coisa que trouxeram foi que era difícil trabalhar o titânio e que a cerveja lá era caríssima (risos). Foram precisos muitos anos e necessário deslindar os pequenos segredos que envolvem esta produção. Aliás, a minha mãe esteve três anos a fazer só testes. E foi assim que veio à luz a Blackfin? NDD: Não imediatamente. Começámos a trabalhar com bons distribuidores alemães que usavam a nossa produção para as suas marcas. Com a morte do meu pai, tive que assumir grandes responsabilidades com apenas 22 anos, numa época em que a maioria dos nossos clientes deslocavam os seus trabalhos para a China. Foi difícil, um verdadeiro desafio. Mas entretanto fomos apurando a nossa qualidade e começamos, de novo, a trabalhar com os grandes como a Luxottica, Safilo, Marcolin, nas suas linhas mais exclusivas. Porém, a pressão para baixarmos os preços
E o conceito neomade in Italy? NDD: Infelizmente a expressão made in Italy perdeu força e por isso reinventámo-la. Queremos ser mais profundos no que fazemos, mas com o core nas nossas montanhas e na nossa forma de viver.
Uma parceria
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oPTOMETRIA
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Centro Clínico e Experimental em Ciências da Visão
Novos horizontes na investigação em optometria Texto: Mariana Teixeira Santos
Formação, investigação e serviço à comunidade são os três pilares do Centro Clínico e Experimental em Ciências da Visão. Inaugurado a 21 de janeiro de 2016, Francisco Brardo, diretor da instituição, faz o balanço do primeiro ano de atividade em entrevista exclusiva à LookVision Portugal. Rumo ao futuro, este assume-se como um projeto charneira que irá marcar o exercício da optometria em Portugal.
Este mês celebra-se o primeiro aniversário do Centro Clínico e Experimental em Ciências da Visão (CCECV) da Universidade da Beira Interior (UBI). Pode dizer-se que o percurso até aqui foi a concretização de um sonho? Sem dúvida! Um sonho concretizado. O CCECV da Faculdade de Ciências da Saúde da UBI é fruto de uma tomada de consciência e de uma necessidade premente no incremento da componente prática, em situações reais, junto dos alunos do 1º e 2º ciclos de estudos em Optometria e Ciências da Visão. A formação dos nossos alunos saiu reforçada, integrando agora a prática clínica, mas também a investigação no âmbito das ciências da visão. São, assim, três os eixos que fundamentam este projeto: formação, investigação e serviço à comunidade através da promoção dos cuidados primários em saúde visual das populações. Os objetivos lançados há um ano, nomeadamente o serviço à comunidade, à universidade e à investigação foram mantidos em 12 meses de atividade? Claramente! Naturalmente que foi necessário estabelecer um conjunto de prioridades na fase inicial da implementação do centro, dado que as áreas de intervenção são dependentes entre si. No entanto, há a registar o apoio direto ao ensino,
nomeadamente ao 2º ciclo de estudos, o auxílio e colaboração em sete projetos de investigação e na cooperação com a comunidade através da realização de aproximadamente 350 prestações diretas de cuidados primários de saúde visual. De que forma este centro fez crescer o ensino de optometria na UBI? Já sente diferenças? Considerando a tenra idade do centro, ainda é prematuro avaliar o impacto direto no ensino da optometria. Contudo, é importante referir a elevada expetativa dos alunos em relação à formação centrada em situações reais, muitas delas com diferentes graus de complexidade. Esta oportunidade tem contribuído para incentivar a formação académica, mas igualmente a formação humana dos alunos, tão importante e necessária na formação de agentes dedicados à prevenção e promoção de cuidados de saúde visual. E na comunidade? Já observou benefícios? Olhando para o volume da procura dos utentes da região, até ao momento tem sido bastante positivo. Contudo, deve salientar-se a partilha de benefícios, uma vez que a integração da comunidade, como membro ativo no processo de formação pedagógica dos
estudantes, traduz-se, de forma direta e indireta, na promoção e prestação de cuidados primários visuais junto da comunidade. No que se refere à integração dos estudantes. Como se processa esta interação? A integração dos alunos dos dois ciclos de estudos está prevista nos próprios objetivos que regulam o centro. As interações com as atividades do CCECV são planificadas nas várias unidades curriculares da área científica de optometria. Estes planos contemplam a aquisição de conhecimentos de base e competências clínicas definidas de acordo com o ano curricular em que se insere a unidade curricular. Deste modo, é assegurado ao aluno, desde o primeiro momento, uma participação e um contacto direto com situações reais. Agora saltando para o curso de optometria em si, são os primeiros na UBI a assumir um plano de estudos integrado com a União Europeia. O que foi necessário e o que mudou? Recentemente, o ciclo de estudos foi alvo de uma reestruturação curricular no sentido de reforçar a componente de prática clínica e aproximar as vertentes pedagógica e científica aos padrões europeus através da inclusão das competências clínicas expressas no diploma europeu de optometria da European Council of Optometry and Optics (ECOO). Esta reestruturação é resultado das recomendações finais sugeridas pela Comissão de Avaliação Externa durante o processo de avaliação aos ciclos de estudos promovida pela Agência
de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES). Esta mudança de paradigma possibilitou que a UBI, mais concretamente a Faculdade de Ciências da Saúde, pudesse ministrar ciclos de estudos em Optometria e Ciências da Visão cujos planos curriculares cumprem, na íntegra, todos requisitos exigidos pela ECOO. Quais as vantagens desta integração para os futuros optometristas? Existem imensas vantagens, mas creio ser importante enfatizar aquela que me parece ser a principal mais-valia desta mudança: a formação ministrada. Passou-se de um ensino maioritariamente teórico-prático para um ensino em que são fornecidas competências clínicas. Com esta mudança não se deixaram de abordar os conhecimentos de base, mas acrescentaram-se um conjunto de competências clínicas através do saber fazer em contextos estritamente reais. Atualmente, assiste-se a uma tentativa de uniformização do ensino da optometria em todo o espaço europeu. Esta uniformização passa seguramente por aplicar os padrões teóricos e práticos que se encontram vertidos no diploma europeu. Se associarmos estas duas condições, ensino eminentemente prático e uniformizado com os padrões europeus, acreditamos que qualquer estudante que opte por um programa de estudos que cumpra estes requisitos esteja preparado, no final do seu percurso formativo, para prestar cuidados primários de saúde visual com elevada competência, rigor e excelência em qualquer parte da Europa.
“Esta oportunidade tem contribuído para incentivar a formação académica, mas igualmente a formação humana dos alunos, tão importante e necessária na formação de agentes dedicados à prevenção e promoção de cuidados de saúde visual”
Tudo isto faz com que a UBI seja mais apelativa para os futuros optometristas? Já constatou isso neste ano letivo? Acreditamos que sim. Aliás, foi para isso que toda a equipa trabalhou e continua a trabalhar. É nossa convicção que esta mudança tornou os ciclos de estudo em optometria na UBI muito mais apelativos. Apesar do novo elenco curricular ter entrado em funcionamento neste ano letivo, a sua divulgação acabou por ser já bastante tardia. Esta situação fez com que os novos alunos concorressem sem conhecimento desta nova oferta formativa. Contudo, já estão planeadas ações concretas para divulgação dos dois ciclos de estudos junto de populações alvo. O investimento inicial contou com o apoio de fundos como o QREN. Rumo ao futuro, como antevê a sustentabilidade do projeto? Uma parte substancial do investimento inicial foi assegurado através de um projeto submetido ao Programa Operacional Regional do Centro (maisCentro) do Quadro de Referência Estratégico Nacional – QREN - e do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional – FEDER. De salientar, a participação ativa da UBI nesta vontade comum que assegurou a comparticipação da outra parte do investimento. Relativamente à sua sustentabilidade, permita-me falar em viabilidade. Mais do que a questão custo/benefício, muitas vezes associada à sustentabilidade, a viabilidade de um projeto deverá ser analisada tendo em conta não só o alcance como o cumprimento dos objetivos para o qual foi idealizado. Neste contexto, é forte a convicção da equipa que o atual projeto tem toda a viabilidade para que, paulatinamente, se torne numa referência na formação de futuros optometristas. Como será 2017 para o CCECV? Acreditamos que 2017 será o ano de consolidação, mas também de crescimento. Será um ano de consolidação dos processos e dos objetivos inicialmente traçados para o centro e um ano de crescimento, pois pretendemos incrementar o número de projetos de investigação, assim como aumentar a oferta formativa na área da optometria dirigida para o exterior.
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Oftalmologia
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Reunião multidisciplinar junta saúde visual a outras especialidades O Hospital Privado da Boa Nova, em Matosinhos, abriu as portas do seu auditório para um encontro de partilha científica. No centro da discussão, a forma como determinadas condições oculares podem indiciar doenças graves ou como algumas patologias afetam o olho, nas quais urge uma intervenção multidisciplinar. A dinamização destas palestras teve como figura central o oftalmologista José Salgado Borges. A sala repleta de profissionais da saúde, a 14 de janeiro, revelou logo pela manhã o sucesso da reunião multidisciplinar que contou com o apoio da administração do grupo Trofa Saúde e do Hospital Privado da Boa Hora, em particular, e do respetivo departamento de marketing. A qualidade do evento e a presença de nomes importantes em cima do palanque valeram-se também do apoio de alguns laboratórios de empresas. À LookVision Portugal, José Salgado Borges confirmou a presença de cerca de 100 participantes, que ouviram os conceitos mais avançados nas áreas abordadas e trocaram experiências e ideias. Especialidades diferentes mas complementares “trocaram galhardetes” sobre doenças comuns. “A rosácea tem em 20 por cento das vezes as primeiras manifestações a nível ocular e 58 por cento em simultâneo. É um número mais baixo do que os sinais da pele, mas acontece e é uma situação alerta para a outra e, portanto, é importante a interação entre especialidades que se auto alertam”, explicou o prestigiado dermatologista António Massa durante a sua apresentação. Em destaque esteve também o especialista em oculoplástica espanhol, José Perez Moreiras, que desenvolve tratamentos inovadores na área da orbitopatia tiroideia, sendo o primeiro a aplicar terapias biológicas com inibidores de citocinas. “Cerca de uma em 2500 a 3000 mulheres do mundo civilizado sofrem desta doença e a gravidade deste problema é que 20 por cento tem a visão afetada,
a córnea e os olhos inflamados e é o momento ideal para fazer o diagnóstico precoce por parte do oftalmologista e do endocrinologista.”, acrescentou o cientista. No topo das discussões esteve ainda a questão dos tumores palpebrais através da experiência avançada do oftalmologista João Cabral, completada pelos procedimentos aplicados pelo cirurgião plástico João Lima, no Brasil. José Salgado Borges “em direto” “Estas reuniões são fundamentais para o intercâmbio entre profissionais e para a troca de experiências de cada uma das áreas, o que é fundamental para transmissão
de conhecimentos, para a progressão e contínua aprendizagem das áreas a que cada um se dedica, que embora sejam diferentes complementam-se. Ativamos uma presença fundamental dos oftalmologistas, através dos quais foi feita uma revisão da anatomia da pálpebra. Eu falei do olho vermelho, do desconforto ocular e alergias e também se abordou as patologias das lágrimas, as infeções das vias lacrimais, pelo Dr. Ricardo Dias. Tivemos, de facto, a possibilidade de ter uma referência a nível mundial. O Dr. Perez Moreira e a sua colaboradora Dr. Consuelo Prada são dois especialistas na área da orbitopatia tiroideia e trouxeram-nos um importante contributo do conhecimento nesta área.”