Distribuição exclusiva a profissionais • Preço de Capa: €7,50
EDIÇÃO PORTUGAL • Nº 88 • abril 2020
Especial covid-19
Somos ótica, somos saúde! Covid Positivo
Reinventarmo-nos em tempos de crise
Blaz Oberc
Laibach & York: da Eslovénia para os sonhos
8
20
28
Especial covid-19
Oscar Mamooi
Covid Positivo
A natureza cantada por Bjork
Reinventarmo-nos em tempos de crise
31
32
38
CECOP
Blaz Oberc
Pedro Fraga
Capa
BREVES
Somos ótica, somos saúde!
OUTROS OLHARES Unida aos associados e não só!
OLHAR O MUNDO Laibach & York: diretamente da Eslovénia para os sonhos
OLHAR EM PORTUGUÊS
Ponto de Vista Vai ser difícil mas também virão oportunidades. Para todos.
40
Oftalmologia José Salgado Borges Índice | 3 |
De olhos postos no covid-19
Tema de Capa: A nossa equipa dedica esta capa aos tempos excecionais que o mercado da ótica vive, no sentido de iluminar um caminho nunca percorrido e de termos a união como mote.
Diretora: Editora: Redação: Design e Paginação: Fotografia: Fotografia de capa: E-mail: Tel: Periodicidade: Tiragem: Impressão: Preço de capa em Portugal: LookVision é publicada em Portugal pela Parábolas e Estrelas – Edições Lda. com sede na Rua Manuel Faro Sarmento, 177, 4º esquerdo, 4470-464 Maia, Portugal NIF: 510195865 Qualquer crítica ou sugestão deve remeter-se para: lookvision_portugal@hotmail.com
Patrícia Vieites Carla Mendes Carla Mendes, Mariana Teixeira Santos Paula Craft Paula Bollinger, Miguel Silva, Hugo Macedo Francesco Ungaro from Pexels lookvision_portugal@hotmail.com 96 232 78 90 Mensal 2000 exemplares Uniarte Gráfica, S.A 7,50 euros Depósito Legal n.º 419707/16 Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusive comerciais. Os artigos de opinião e os seus conteúdos são da total responsabilidade dos seus autores. Registo na ERC n.º 126933
Editorial | 4 |
Distribuição exclusiva a profissionais • Preço de Capa: €7,50
EDIÇÃO PORTUGAL • Nº 88 • ABRIL 2020
ESPECIAL COVID-19
Somos 1
Somos ótica, somos saúde! COVID POSITIVO
Reinventarmo-nos em tempos de crise
BLAZ OBERC
Laibach & York: da Eslovénia para os sonhos
Iniciámos esta revista que tem em mãos com medo. Em torno de todos havia muitas incertezas e estávamos perante um ataque à nossa forma de vida e à nossa saúde. Enquanto retirávamos os miúdos da escola, mesmo antes delas fecharem, nos fechávamos em casa, como gesto protetor, vimos os nossos óticos fazerem o mesmo. Nesta espécie de clausura solitária, a nossa equipa manteve-se unida e abrimos este ciclo especial a muitos dos óticos, empresários, optometristas e associativistas que tornam a nossa atividade colorida e plena. Iniciámos assim um ciclo de comunicação, juntámo-nos em torno de um obstáculo coletivo. Pensámos em uníssono. A nossa função foi dar expressão às perdas, às críticas, às sugestões construtivas e aos sentimentos. Nesta edição muito especial, delineámos de forma rigorosa um setor envolto num cenário excecional de pandemia, num país de parcos recursos governamentais, mas que demonstra perseverança, objetividade e energia para, mais uma vez, dar a volta por cima da adversidade. Nem todos prevalecerão...mas os melhores estarão garantidos. É certo que este é um período dramático e nós os jornalistas temos por defeito de formação ver o cenário da perspetiva negra. Contrariando isso, mudámos a “lente” que cobriu esta pandemia causada pelo covid-19. Virámo-nos para o lado filantrópico, em direção às pessoas que decidiram pôr em pausa os seus negócios e a forma como ganham dinheiro para interferir a favor da luta contra a doença. Covid Positivo é a expressão que ouvimos frequentemente a médica Graça Freitas, diretora da Direção Geral de Saúde, usar para quem foi afetado pela doença. Nós usamo-la pela positiva, com algum sarcasmo e como resposta a um vírus que não nos vai vencer. Demos ainda espaço à opinião pela vertente da economia, por um lado, e do marketing, por outro, a duas personalidades que vivem estes aspetos diariamente. Pedro Fraga e Vânia Guerreio deram-nos uma visão de futuro sobre o que será a vida depois do covid-19. O consagrado e dinâmico oftalmologista José Salgado Borges também dá o seu contributo para um número especial e construído num literal estado de emergência. São conselhos que podemos reter na nossa vida diária e passá-los aos nossos familiares e clientes, a partir de uma autoridade na matéria. Claro que, a essência da ótica ainda prevalece em cada peça que se constrói, em cada tecnologia que se desenvolve e não está suspensa de forma alguma! Nós mantemo-la viva. Se, por norma, declaramos que a ótica está na sua LookVision Portugal, hoje reforçamos ainda mais esse conceito mas com a variável de que a revista também está na ótica e com a ótica. Lado a lado, mais do que nunca a contribuir para iluminar este caminho incerto, com informação atualizada e dando voz ao setor. Vire a página e inicie a leitura da história da ótica registada em tempo real. Somos todos 1!
Estatuto Editorial / Sinopse A LookVision é uma revista profissional dedicada ao setor da ótica, contando com presença integral online através da plataforma isuu.com. A LookVision tem o objetivo de cobrir os acontecimentos específicos do seu setor e retratar a informação de forma rigorosa, com toda a dedicação e competência. A LookVision traz uma abordagem íntima, atualizada e assertiva sobre o setor da ótica em Portugal, esmiuça perspetivas de outros países sobre a situação do mercado, retrata tendências em óculos, expõe dados científicos essenciais aos técnicos da área com o apoio dos oftalmologistas e optometristas e aborda de forma inédita os empresários que gerem os estabelecimentos nacionais. A LookVision compromete-se a respeitar os princípios deontológicos e a ética profissional aplicada à atividade profissional dos jornalistas, assim como a boa fé dos leitores, através do trabalho dos seus colaboradores e diretor. A LookVision é independente do poder político e de grupos económicos, sociais e religiosos.
UNIDOS SOMOS MELHORES Nos momentos difíceis é quando mais se necessita da ajuda dos outros. É O MOMENTO DE FICARMOS UNIDOS. Contamos consigo?
Tel. 218 550 980
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Especial covid-19
Somos ótica, somos saúde!
Foto: Francesco Ungaro from Pexels
Tema de Capa | 8 |
Nota do editor: Estamos a escrever este artigo a 8 de abril, fechados em casa, seguros e mantendo os outros em segurança.
O desafio que se impõe hoje ao país está longe da presença na memória dos vivos. Uma pandemia com contornos mundiais que força os governos nacionais a tomar medidas extraordinárias. Em Portugal, enquanto assistimos à “queda” dos sistemas de saúde de outros países e nos enclausuramos para não perdermos, à semelhança do que acontece no globo, os nossos entes queridos, somos catalogados pela perseverança que demonstramos: arriscamos as nossas vidas profissionais, o nosso sustento, para cuidar de todos. Contamse, hoje, 1.431375 pessoas infetadas e 82145 mortos pelo covid-19, em todo o mundo. Portugal contribui para estas contas com 380 mortos e 13141 infetados. Estamos motivados para continuar confinados e salvar o máximo de portugueses. O setor da ótica mexeu-se desde cedo. Sem esperar que o governo decretasse medidas restritivas, muitos empresários decidiram proteger, no imediato, os seus colaboradores e clientes e encerraram/limitaram os espaços. A LookVision Portugal “saiu à rua” de uma forma bem diferente da normal, mas no mesmo registo de proximidade que gostamos de ter com os profissionais da ótica. Demos tempo de reflexão às pessoas, para numa fase ainda preliminar adiantarem perdas e estratégias. Absorvemos as comunicações da Direção Geral de Saúde em relação aos negócios como o das óticas, que por ser essencial pode manter-se ativo. Assentámos os apoios previstos para as empresas, o que a Europa tem em mente para os membros e o que será o futuro económico para Portugal. Estamos apreensivos em comunidade, mas também temos aqui no topo das nossas notas jornalísticas que ninguém parou a pensar no prejuízo ainda. Os telefones das óticas estão dinâmicos, as equipas estão a abrir portas, com um suspiro fundo no peito e a máscara e respetivo material de proteção individual para encarar quem precisa. Os projetos digitais estão a pulsar de dinamismo crescente e há esperança.. esperança na faceta que interpretamos na sociedade, que é a de garantir visão de qualidade. Em breve tudo vai ficar bem!
Inquérito Nacio n a l
20% 50% 30%
Abertas sem marcação Abertas só com marcação Fechadas
Tema de Capa | 9 |
Enquanto o mercado da ótica sofria o primeiro embate, ao ver fechar os espaços primordiais de vendas dos seus produtos, a nossa equipa abriu a linha de comunicação. Pedimos aos óticos, à indústria, aos distribuidores e às associações que nos falassem dos problemas que estavam a enfrentar. Durante este período fomos avaliando as movimentações do setor. Inicialmente houve uma vontade massiva de fechar lojas, mas que depois foi reestudada mediante a categorização das óticas como local de venda de produtos essenciais. Ou seja, a ótica assumiu um papel central em momento de estado de emergência e quem precisa de correção visual entende bem esta orientação. Ver é o centro da sociedade! A ótica é o centro da sociedade. Porém, trabalhar num loja de ótica e num gabinete de optometria implica proximidade e toque. Paulatinamente, registámos, numa pesquisa feita in house onde indagámos junto de 100 óticas aleatórias de norte a sul do país o que decidiram fazer durante o estado de emergência. Os estabelecimentos foram abrindo com restrições, nalguns casos com redução de horário e de número de clientes permitidos na loja, noutros por marcação em exclusivo. A forma de operar dentro das lojas mudou drasticamente. Mesmo com apenas uma pessoa a ser atendida, impõe-se distância e o uso de material de proteção individual para o colaborador, com máscara, luvas e a desinfeção de todos os produtos envolvidos no atendimento. Em perguntas que colocamos diretamente aos óticos, obtivemos um panorama geral do que acontece nas empresas nesta altura. Houve quem decidisse propor férias antecipadas aos colaboradores, isto porque reduzir horários força à redução das equipas. Há quem tenha apenas um colaborador e consiga gerir a sua permanência em casa, sem sobressaltos. Houve ainda quem declarasse um lay off simplificado, com promessa de regresso quando tudo normalizar. “A CECOP implementou o teletrabalho para proteger todos os colaboradores e associados, foi eliminada a cobrança de quotas dos nossos associados e criamos um canal direto de comunicação com o associado. (...) Tornamo-nos o canal de informações dos óticos, acima de todo o ruído informativo que acontece, liderando as informações do setor. Também estamos a fazer grandes esforços para aliviar as consequências do vírus e fazer um plano de ativação para o setor ótico”, explicou-nos David Carvalho, country manager.
Perdas de negócio A questão mais delicada diz respeito às perdas. Na altura desta recolha de informações as constatações eram duras. Entre quebras mínimas de 40 por cento ao máximo de 100 por cento, o cenário de parte do mês de março é negro. Sónia Almeida, representante das Óptica Pita, de Setúbal, Grândola e Sines, teve uma abordagem incisiva: “Ter cinco lojas encerradas gera inevitavelmente danos drásticos na faturação. No entanto, estamos mais concentrados em estudar soluções para colmatar esses danos do que em contabilizá-los.” Da Optivisão chega-nos uma leitura com previsão dos meses subsequentes a março. “Em março já sentimos uma enorme perda, embora os resultados se tenham degradado gravemente a partir de meados do mês. Fechámos com uma quebra superior a 40 por cento e em Abril contamos mais do que duplicar esse percentual. O mercado está totalmente parado e assim ficará até, pelo menos, final de Maio pelas nossas estimativas.”
Foto: Anna Shvets from Pexels
O grupo Ergovisão declarou a “diminuição de clientes e de consultas o que leva a perda de receitas. Estamos a entregar os serviços anteriormente faturados. A quebra é assustadora, vai demorar a recuperar a confiança do consumidor. Nas lojas praticamente estamos sem vendas, os clientes optam pelo online. (...) Será necessário o apoio dos fornecedores de ótica, principalmente os que possam garantir crédito e moratória da dívida, para que as empresas consigam recompor a sua tesouraria.”
Foto: Lukas from Pexels
Tema de Capa | 10 |
Um futuro que se antecipa Nesta linha de conversação que procuramos estabelecer com os óticos, quisemos ainda um cenário de futuro por quem tem as “mãos no terreno”.
Pedro Soares, representante da Optitorres/Opticaldas, com estabelecimentos em Torres Vedras e Caldas da Rainha, e que também preside aos Conselheiros da Visão, falou-nos em perdas superiores a 50 por cento, pois a decisão tomada foi a de fechar as suas lojas desde 16 de março. “A primeira preocupação, são os custos, rendas e ordenados. Iremos utilizar os apoios disponibilizados pelo Estado e só o futuro ditará que outras medidas terão que ser tomadas. Naturalmente que, as medidas apresentadas até agora pelo governo são insuficientes, não compensam de forma alguma o que se deixou de faturar. O desejável era que o apoio, compensasse a despesa que fica a descoberto com a falta de receita. Sabemos que o Estado não estará em condições de o fazer. Esta situação tão nova e imprevisível, não deu tempo para pensar, e portanto todos deram o seu melhor em função das circunstâncias. As medidas que foram tomadas pelas associações ligadas ao setor, foram, na minha opinião, as mais corretas, tanto na ótica como na optometria, tendo em conta as informações das entidades oficiais e competentes.
“Uma vez passada a “tempestade” entraremos, seguramente, no início de uma grande crise económica em que apenas podemos continuar a trabalhar com as ferramentas que já tínhamos: resiliência e profissionalismo. Para que haja manutenção de postos de trabalho no setor é importante um apoio através da redução temporária de contribuições para a segurança social” alvitrou Gonçalo Rodrigues, da Oculista da Vila, em Lisboa.
De facto, Elsa Muacho, da CM Óptica, de Campo Maior, defende que “concordo com ajuda ao apoio a pessoal que tenha que ficar em casa. No futuro e prevendo que esta situação irá durar mais algum tempo deverão pensar em outros tipos de ajuda a fundo perdido ou isenção pura e simplesmente de taxas.” Helder Oliveira, líder do Grupótico, sediado na Póvoa de Varzim, fala ainda de apoios que não satisfazem e não apoiam um futuro próximo. “Pelo que conheço até à data (25/03/20) parece-me que o acesso ao lay off simplificado é ainda muito restrito. Numa empresa com vários estabelecimentos e em que alguns estão abertos e outros encerrados, ter que aguardar atingir uma diminuição de 40 por cento nas vendas, acumulando prejuízos diariamente, é muito complicado. A nossa principal preocupação é a manutenção dos recursos humanos, mas para isso ser possível precisamos de apoios. Penso que estão previstos novos apoios para os setores que foram obrigados a encerrar ao abrigo da declaração de Estado de Emergência, mas não sei se abrangerão a ótica, que faz parte dos considerados serviços primários. Podemos chegar a um ponto que teremos mesmo que encerrar as portas para ter condições de recorrer ao lay off, quando me parece que o objetivo seria conceder condições aos serviços primários para continuarem a laborar.”
António Alves, diretor geral da Opticalia contribuiu para esta discussão com a previsão de que dez por cento das lojas de ótica poderão entrar num processo de insustentabilidade. “Claro que, quando este recolhimento imposto terminar, as pessoas voltarão, com as devidas reservas, pelo menos no início, a consumir. O problema é saber se os negócios se aguentarão entretanto e a forma como a nossa economia se erguerá. No entretanto, há o negócio online a ponderar para determinadas áreas, que se tem vindo a mostrar como um canal de vendas muito interessante, se bem que para a ótica ainda não me parece que seja uma alternativa, a não ser para trabalhar a área das lentes de contacto e dos óculos de sol, que era algo que ainda não era convenientemente explorado por muitos intervenientes.” Quanto aos apoios, o líder português da Opticalia adianta que, “no caso do comércio urge o apoio à tesouraria das empresas de uma forma imediata. Não há um simplex célere de ajuda à tesouraria. Como qualquer pessoa conseguirá imaginar, a maioria das empresas de tamanho pequeno ou médio não conseguem aguentar durante 60 dias os pagamentos dos seus compromissos para depois conseguirem ser abrangidas pela possibilidade de lay off. Reforço, a dificuldade maior é no imediato, é a tesouraria e até ao momento não vi nenhuma proposta que faça face a este problema.”
Tema de Capa | 11 |
“Esta crise, contrariamente à última crise económica de 2008, tem o guarda-chuva do sistema financeiro. A rutura está nos sistemas de produção, a mão de obra deixou de produzir. É impossível que os Estados consigam suportar integralmente os efeitos dessa quebra na cadeia produtiva. Teremos que compreender que, para a saúde das instituições e da sociedade em geral, teremos todos que abdicar dos nossos direitos a favor de um bem comum. A restruturação do sistema económico é fundamental para a defesa do equilíbrio da sociedade. A questão essencial das medidas tomadas pelo governo deverá estar para além da retórica. É saber se a praticabilidade dessas medidas não será envolta em burocracia que, inevitavelmente, aumentará a agonia e a morte do tecido empresarial português. As PME’s, muito embora sejam o grande contributo para o Produto Interno Bruto, não deixam de ser pequenas peças num tabuleiro, em que o domínio continua a ser das grandes organizações. O desafio que nos está a ser colocado é sabermos se temos a capacidade de mudar.”
Foto: Anna Shvets from Pexels
Rui Motty, responsável pela Optocentro, com lojas no Porto e em Lisboa, previu ainda um futuro menos favorável para empresas que não estão bem estruturadas e não tomam partido, devidamente, da sua vertente ligada à saúde.
Numa perspetiva mais pragmática, Hugo Cortez Marques contribuiu com a nossa “tertúlia”, do que efetivamente mudará no trabalho diário. “Há medidas de higienização que hoje tomamos como providentes que poderão provavelmente ficar instituídas. Nomeadamente a receção e esterilização de todo o serviço em tabuleiros específicos, para além da distância, o uso de luvas, máscara e obviamente as nossas batas.”
Tema de Capa | 12 |
Foto: Anna Shvets from Pexels
Espaço aos fornecedores da ótica Enquanto para a maioria se impõe o regime de teletrabalho, quem tem espaços de produção tem que apertar regras, separar equipas no espaço das fábricas, restringindo o respetivo convívio nos espaços comuns e garantir medidas de proteção e higienização acrescidas. Há também quem tenha limitado as viagens dos colaboradores, para evitar aeroportos e disseminação do contágio, tanto na empresa como nas respetivas famílias.
Luís Góis, diretor geral das Óticas OCT, de Torres Vedras, ajudou às antevisões através de uma leitura muito terrena da situação. “Assim como na crise financeira de 2008, julgo que as pessoas irão tornar-se mais aforradoras e racionais nas suas decisões. Também a oferta terá que adaptar-se a essa circunstância. Por outro lado esta crise leva a que muitos empresários procurem melhorar a forma como chegam aos clientes. Alguns investimentos que estavam latentes em comunicação, redes sociais, comércio online, CRM podem acelerar. Julgo que também existe a oportunidade de melhorar a organização interna. Neste momento muitas empresas, senão todas, estão a desenvolver procedimentos internos para responderem à crise. Tem que ser muito claro, tanto para clientes como para colaboradores, a forma como estamos a trabalhar. Provavelmente haverá tempo para a construção de procedimentos e protocolos em áreas que agora não são tão prioritárias mas que são muito importantes em momentos de normalidade. Também estaremos mais sensíveis à informação interna, seja financeira seja comercial. Temos a oportunidade de desenvolver indicadores de gestão que permitam seguir e melhorar o nosso negócio. Por último julgo que estaremos mais unidos.”
Da Zeiss em Portugal, pela voz de Tiago Almeida, diretor comercial, o testemunho foi de antecipação. “Antes do surto do covid-19 chegar a Portugal, foram adotadas medidas de segurança e proteção dos nossos colaboradores, de modo a garantir a qualidade dos nossos serviços, seguindo as recomendações das instituições e autoridades competentes para minimizar os riscos para a saúde dos nossos trabalhadores, clientes e fornecedores. Garantimos a continuidade dos postos de trabalho, a maioria dos nossos colaboradores está em regime de teletrabalho(...) Mantemos o serviço de fornecimento garantido, uma vez que dispomos de fábricas em diferentes países, a produção de lentes está a adequar-se para atender às necessidades que podem surgir durante este período. Todos os colaboradores da nossa fábrica em Setúbal utilizam luvas e máscaras na manipulação dos materiais, assim como gel de hidro álcool de forma sistemática. A mudança de turnos realiza-se igualmente, evitando a coincidência de colaboradores. Para além dos pontos acima referidos, e face à necessidade atual de isolamento social iniciamos sessões de formação online através da Zeiss Academy Vision Care para óticos e respetivas equipas, com temas que são do interesse da comunidade, cuja adesão está a superar as nossas expectativas. Mantemos uma proximidade virtual, pois continuamos a ter segurança comercial e confiança no futuro.”
o número de presenças em simultâneo nos espaços sociais (ex.: cantina), por aumentar o distanciamento entre postos de trabalho, na sensibilização para não utilização de transportes públicos e no incremento do nível de desinfeção dos espaços. Em paralelo, desenvolvemos as condições para a realização de alguns webinars para os nossos parceiros Vision Leaders, sobre temas realmente importantes nesta época (medidas estatais no âmbito Fiscal, Financeiro e Laboral, bem como negociação de moratórias e linhas de crédito com a Banca).
A FIBO, fabricante portuguesa de lentes oftálmicas, falou sobre a sua posição junto dos seus parceiros óticos: “Foi garantida a laboração da fábrica, apesar das condições difíceis enunciadas, apoiando as situações de urgência e criticidade das óticas abertas, conforme o Plano de Emergência Nacional.”
Do grupo Grupo Brodheim, nas palavras do optical business manager da Modavisão, Miguel Machado, chegou-nos a informação de que “foi decidido acionar o regime de lay off para todos os seus colaboradores durante o mês de abril, o que incluiu obviamente a Modavisão. No entanto, tomámos todas as medidas para assegurar aos nossos clientes a assistência e o nível de serviço a que a Modavisão já os habituou.” Na Essilor Portugal, a contingência descreveu-se de forma assertiva e com início muito antes da escalada de infeções em Portugal, como nos demonstrou Gonçalo Barral, responsável máximo da Essilor Portugal. “Ainda no início de Março, subimos o nível de Segurança e Alerta para Nível 2, que já englobou, por exemplo, um plano para proteger de imediato os colaboradores em grupos de risco (pessoas com histórico oncológico, grávidas, diabéticos, etc.) sempre em colaboração com as rigorosas diretivas da equipa de Medicina do Trabalho. Além disso, o plano passou por colocar o maior número de pessoas possível em teletrabalho (para as funções que o podiam fazer), por limitar
Tema de Capa | 13 |
A Maui Jim, empresa multinacional de óculos e lentes, na voz de Martijn van Eerde, diretor de marketing sénior, contribuiu para este artigo explicando que “mantemos totalmente operacional as expedições de encomendas aos óticos, reencaminhando as funções necessárias de um país para outro. Estamos a usar apoios governamentais em alguns países para temporariamente desativar funcionários e manter os respetivos salários intactos. Entretanto os nossos escritórios da China já abriram e o país começa a retomar a sua vida o que representa uma luz no fim do túnel”.
Foto: Julia M Cameron from Pexels
E foi interessante ainda conversar e ouvir de empresas internacionais as suas estratégias em prol do respetivo negócio e funcionários. Diretamente da Áustria, Jürgen Pomberger, CEO da produtora de óculos Pomberger Goisern esclareceu: “tanto quanto possível, temos colaboradores a trabalhar em teletrabalho. 50 por cento dos colaboradores da área de produção também foram para casa. Desde 1 de Abril diminuímos a produção para um mínimo possível, mas continuaremos a garantir a entrega dos nossos produtos. Adotámos medidas rígidas para todos os colaboradores que permanecem na empresa (um metro de distância entre pessoas e desinfetante em todas as salas). Reuniões e comunicação com mais de dois colaboradores ao mesmo tempo são organizadas via videoconferência Zoom e grupos no WhatsApp”.
Baixas na produção equivalem a perdas consideráveis Quanto a perdas e apoios os discursos diferem, seriamente, mediante o país da empresa. Se Jürgen Pomberger, por exemplo, exalta a Áustria no apoio às empresas, Hugo Oliveira, líder da portuguesa WayLife, declara que, “os políticos ainda estão a brincar à política e não estão a fazer nada pelas PME’s. Todos os dias há contradições e, sobre os apoios à empresas não se vê nada em concreto. Linhas de crédito? Isso são apoios? O governo tem que injetar capital diretamente nas empresas (consoante avaliação de performance das mesmas) para estas terem liquidez para manter os colaboradores e não passar o dinheiro para a banca para esta vender créditos.” Da Modavisão a voz também é de insatisfação, como demonstra Miguel Machado. “Não querendo entrar em polémicas, penso que se olharmos aos pacotes de medidas de apoio às empresas e famílias que estão a ser anunciados noutros países europeus, as medidas anunciadas pelo governo português até ao momento são, no mínimo, bastante tímidas…”
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Tema de Capa | 14 |
Posteridade de otimismo e oportunidades Da boca destes líderes ouvimos ainda falar de um futuro complexo, bem “desenhado” e pensado sobre números e prospeção de cenários diversos. “A curto prazo muito mudará. Não iremos ter um regresso à normalidade imediato, dependendo do tempo em que as pessoas estiveram fechadas e ao que aconteceu às suas economias particulares. Claro que, poderá haver boas oportunidades. Espero que as pessoas saiam disto, em alguns casos, sem terem perdido os seus salários, e terem gastado menos por estarem confinadas. Não vão sair a comprar carros, mas vão precisar de uma compensação e um par de óculos de sol pode ser a resposta. Mas será que as pessoas irão de férias? Os europeus vão viajar? E que impacto isto terá na venda de óculos, no Mediterrâneo, por exemplo? Ainda temos que esperar para ver. No longo prazo, vejo alguns factos, em primeiro lugar as compras através do e-commerce a acelerar (...) Espero ainda que, como humanos tenhamos aprendido algo disto, como valorizar o que de facto importa na vida e esperemos que quando voltarmos às compras e à nossa vida nos foquemos mais na qualidade. E no que diz respeito aos óculos de sol, foquemo-nos mais na qualidade daquilo que efetivamente pomos diante dos olhos do que na marca”, declarou um esperançoso Martijn van Eerde.
Também Jürgen Pomberger admite que “iremos incrementar o esforço nas vendas depois da crise para voltarmos ao sucesso que tivemos antes. Não haverá cortes no número de colaboradores e planeamos aumentar a nossa estrutura depois da crise. Empresas saudáveis como a nossa irão sobreviver e manter-se-ão estáveis depois de tudo isto. Tem sido assim connosco nos últimos 36 anos.” Claro que, mesmo entre estes otimistas existe a certeza de um período de fracas vendas. Afinal houve uma paragem na produção e a falta de escoamento de produtos. Gonçalo Barral, da Essilor Portugal deixa um testemunho essencial: “O mundo mudou completamente e este período que passámos não será apenas um parêntesis na nossa atividade. E não falamos obviamente apenas do setor da ótica, mas de toda a sociedade e economia em geral. Sem termos uma bola de cristal nem querendo fazer futurologia, há pelo menos uma coisa que prevemos que aconteça: o back-to-basics. Nestes tempos de incerteza, a nossa essência (a nossa origem e razão de existir) volta a ganhar ainda mais valor. (...) Numa fase inicial as empresas terão de se preocupar mais com o retomar da atividade comercial e no fazer face aos desafios sociais e económicos (que serão muitos), mas, como diria o poeta “o mundo pula e avança” e novas oportunidades irão surgir. No caso do setor da ótica, pensamos que os consumidores irão voltar a valorizar muito mais o principal motivo da existência das óticas: a saúde visual. E nós, players desta indústria e deste mercado, vamos com certeza responder, em uníssono, a esta demanda de uma forma expedita, assertiva e muito coerente com os nossos valores e princípios. Também a Alcon está neste processo “criativo” de pensar o futuro, com a “mão na massa”, como nos descreveu Sergio Aguilar.
“Globalmente, sociedade e empresas estão a fazer frente a um cenário sem precedentes que terá consequências devastadoras. (...) Atualmente, a Alcon tem planos de continuidade da atividade e estamos a acompanhar de perto cada uma das áreas implicadas no processo, de forma a continuar a evoluir da maneira mais efetiva e sempre segundo as orientações das autoridades.”
“Estamos em permanente contacto com o Ministério da Economia e com a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, além de bastante atentos aos diplomas legais, que vão sendo publicados e comunicados a todos os associados. Estes contactos com as entidades competentes e a permanente atualização da informação veiculada permitem que nos preparemos melhor para os próximos tempos e que ajudemos melhor quem representamos no setor. Não obstante, estamos a trabalhar na criação de linhas especiais de apoio ao ótico junto da Banca e da tutela, assim como na criação de períodos de extensão para o setor (fornecedores e óticos). Estamos preocupados com todos os agentes deste setor. E temos a perfeita noção de que uma guerra não se vence em dois dias e não se reergue em quatro anos! Esta fase é uma verdadeira batalha contra uma epidemia e uma verdadeira batalha económica. Como tal, é preciso injetar urgentemente dinheiro nas empresas, porque sabemos que muitas não vão ter o cash-flow suficiente para pagar os ordenados de Abril, mesmo com todas as ajudas de lay off e outras tantas! Por isso, neste momento de especial dificuldade que o sector atravessa, decidimos proceder ao adiantamento de 50 por cento do valor das comparticipações do lote de Dezembro/2019 da entidade SAMS Quadros, mesmo ainda não tendo a entidade regularizado qualquer valor desse mesmo lote.” A optometria assume a sua verdadeira faceta de saúde As duas associações estão alinhadas com os seus optometristas, atendendo às dúvidas deste período sem igual. Raúl de Sousa, na frente da Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO) e Henrique Nascimento, líder da União Profissional dos Ópticos e Optometristas Portugueses (UPOOP) deixaram as suas considerações sobre um futuro que exige mais profissionalismo dos seus membros e ainda palavras de esperança, porque afinal a saúde é o tema quente da sociedade. “(...)A APLO também presta serviço público relevante com esclarecimentos à sociedade sobre os cuidados a adotar para promover o bem-estar, combater as notícias falsas, esclarecendo sobre os cuidados para com a saúde da visão e tranquilizando a população. O apoio que a APLO sempre disponibilizou aos seus membros mantém-se tal como é o caso do apoio jurídico, seguro de responsabilidade civil, entre outros. Nos contactos regulares que tem mantido com as autoridades de saúde, como representante dos optometristas em Portugal, já fez saber ao Ministério da Saúde que os optometristas estão totalmente disponíveis para desempenhar todas as tarefas que entenda necessárias, no contexto da pandemia
atual. Em resposta às necessidades evidenciadas à situação atual no Serviço Nacional de Saúde, a APLO tem atuado como veículo de incentivo à disponibilização de equipamentos de proteção individual que possam estar na posse de optometristas. (...)Da parte dos optometristas, temos de expressar o nosso agradecimento público pelos contatos de apoio e resposta de atuação responsável e competente, no superior interesse da saúde pública e da população. Esta é a oportunidade para os optometristas demonstrarem que entendem qual o seu papel como profissionais de saúde e quais são os princípios que norteiam a sua atuação. A resposta coletiva fala por si. A pandemia irá passar e a humanidade irá prevalecer, os optometristas também!”, sublinhou Raúl de Sousa à LookVision Portugal.
•• “Estamos pr eocupados com todos os agentes deste setor . E temos a per feita noção de que um a guerra não se vence em dois dias e não s e r eergue em quatr o anos! ” ••
Henrique Nascimento fez o exercício de pensar no futuro da atividade e acredita que “não mudará mais nem menos que o resto das atividades que lidam com a proximidade entre pessoas. Devo lembrar que a nosso código de atuação já previa o uso de luvas e separadores acrílicos em alguns aparelhos que implicam maior proximidade assim como a desinfecção de apoios de queixo e testa nos instrumentos que a isso obrigam. Será portanto uma prática a generalizar e sensibilizar mais, todos os que a não praticavam e tendo sempre em conta as diretrizes da DGS.(...) É na adversidade que a união entre as pessoas se evidencia, espero que esta promova uma maior união entre todos os optometristas da UPOOP, da nossa parte iremos fazer alterações, algumas das quais já estavam em curso antes da pandemia, no sentido de nos unirmos mais em torno de um objetivo comum. Uma delas no sentido de descentralizar as formações e nalguns casos o seu modo e o acesso a congressos de grande impacto público, outra no sentido de apoiar os nossos associados neste momento difícil, ajudando nas suas decisões tendo sempre em conta as diretrizes do nosso Estado.”
Tema de Capa | 15 |
E agora a voz às associações É tempo de união e das associações do setor se colocarem entre as instituições governamentais e os seus associados. No geral, empresas e óticos, quando questionados sobre a forma como a Associação Nacional dos Óticos (ANO) atuou neste momento de incerteza, a organização que maior peso tem para o setor, a resposta foi positiva. Poucos se mostraram insatisfeitos e a maioria enalteceu o serviço informativo prestado e a luta pela posição do mercado. Fernando Tomaz declarou à LookVision Portugal:
Foto: Victor Freitas from Pexels
Tema de Capa | 16 |
“Se queremos ganhar a liberdade em maio, temos de a conquistar em abril” A declaração do Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, ao país, aquando da renovação do estado de emergência a 2 de abril, serve de esperança aos portugueses. A vida parou já a 19 de março, em Portugal, e as vidas, o ensino, as carreiras profissionais, as empresas e, claro, a economia sofreram uma travagem preocupante. As medidas de contenção aplicadas parecem estar a trazer alguma esperança e parece já ver-se o tão desejado planalto na curva portuguesa da pandemia. No entanto, as previsões apontam para um panorama de alerta. De diversos estudos que os especialistas na área de economia lançam a partir dos diferentes estabelecimentos de ensino superiores, os cenários contam com a quebra do Produto Interno Bruto (PIB) entre o mais positivo de 2,9 por cento, do investigador Nuno Fernandes, docente na Universidade de Navarra, Espanha, até ao mais negro de 20 por cento, pelos estudiosos da Universidade Católica. A Síntese da Conjuntura Económica do Grupo de Análise Económica do ISEG, da Universidade de Lisboa avançou também diferentes panoramas com quebras entre os quatro e oito por cento do PIB. As projeções mais recentes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) avança mesmo com Portugal no 11º lugar entre os 47 países mais prejudicados pela paragem radical da economia. A Avaliação do Impacto Inicial das Medidas de Contenção Covid-19 na Atividade Económica expõe mesmo e que em apensas três meses de paragem, o PIB pode baixar entre quatro a seis pontos percentuais. “Mudanças desta magnitude irão ultrapassar de longe tudo o que já foi vivido na crise financeira global em 2008-2009”, sublinham os representantes da OCDE. Todos consideraram o impacto que as diferentes políticas adotadas no decurso do alastramento do contágio por covid-19, assim como as medidas de apoio por parte do governo e bancos centrais, as incertezas do tempo que durará o período excecional que vivemos e ainda as possíveis formas de saída do estado de emergência atual. A Universidade Católica apurou que as administrações públicas, e tudo o que delas depende, e os setores de abastecimento de bens e serviços essenciais estarão mais protegidos quanto a
emprego e salários. No entanto, poderá sofrer da contração generalizada das atividades, pois a procura produzida pode não ter escoamento ou pagamento por dificuldades de tesouraria dos clientes diretos. Já Nuno Fernandes acredita que os efeitos negativos na procura e na oferta agravam-se por fatores ligados à natureza altamente integrada da economia global de hoje e o papel fundamental da China, epicentro do surto. O ISEG avança que as indicações de Sentimento Económico e de Confiança do Eurostat e do Instituto Nacional de Estatística (INE) falam de que “a atividade da construção poderá ter sido pouco afectada em março, enquanto os setores da indústria e do comércio a retalho foram moderadamente afectados e o sector dos serviços foi fortemente afectado”. Os mercados financeiros contraem-se ao ritmo do que acontece em termos políticos no mundo, demonstrando grande volatilidade mediante os avanços e recuos da doença nos países. Na semana em que escrevemos este artigo os indicadores eram ligeiramente mais positivos, fruto da evolução positiva na luta contra o covid-19 em muitas regiões. Abrimos este parágrafo sobre o provável estado da economia portuguesa daqui a uns meses com um positivo Marcelo Rebelo de Sousa e fechamos com uma poderosa Angela Merkel: “A Europa está a enfrentar o maior teste desde a Segunda Guerra Mundial. É do interesse de todos os Estados-membros, e também da Alemanha, que a Europa saia mais forte deste teste.”
Capote
Breves | 18 |
O efeito do som na matéria A nova coleção desta casa inspirada no sol e no calor da espanhola Ibiza, lança a coleção Cymatic, batizada a partir da ciência que observa os efeitos do som e da frequência na matéria. A partir desta premissa nascem peças poderosas em que as linhas se desviam e encontram a cada aresta e o contraste entre as cores da armação e das lentes é magnético. De realçar a aplicação de abas em alguns dos modelos, recuperando os óculos desenhados para situações extremas e que acentuam o mistério de quem olha através destas criações Capote.
VAVA
Por um mundo melhor Em tempos de inquietação pela viabilidade dos nossos ecossistemas, a VAVA cria em nome de um futuro consciencioso e de um mundo com soluções em alta tecnologia que nivelam todas as possibilidades para atingir o “desperdício zero”. É todo um mundo de tecno-artesanato à disposição dos amantes de óculos com formatos icónicos do criador Pedro Silva, e toda a assinatura de luxo da VAVA.
Silhouette
Futura regressa do passado A produtora premium austríaca dá nova vida ao modelo Futura de 1970, com um twist de atrevimento e tecnologia. As famosas hastes sem charneira ligam-se de forma simples aos frontais oversize, rodeados por aros da “era espacial” e delineados pelo corte em forma de U em cima da ponte. Estes óculos unissexo são uma verdadeira afirmação de estilo e podem ser customizados com as lentes próprias da casa, as Silhouette Vision Sensation.
neubau-eyewear.com
Salvatore Ferragamo
Mãos que perpetuam óculos Esta casa italiana consegue parar o tempo através da sua criatividade. Os novos óculos Salvatore Ferragamo têm um encanto vintage, conseguido através da experiência de meticulosos artesãos e matérias firmes. Detalhes luminosos, combinações inesperadas e acabamentos contrastantes comprovam a capacidade da Maison Ferragamo de surpreender os seus seguidores, temporada após temporada.
VÆRK
Breves | 20 |
Emoções em dinamarquês A marca escandinava reúne na perfeição capacidade artesã, tecnologia avançada e o tradicional design dinamarquês para compor óculos de exceção. As propostas mais recentes têm o atrevimento de linhas modernas e sólidas que se impõem nas matérias de qualidade e sublinham a charneira estado de arte, interligando frontal e hastes de forma engenhosa e dispensando parafusos.
Snob Milano As novidades da marca nascida em Itália há seis anos jogam com o plástico, o material base do fabricante, para recriar um estilo clássico e, ao mesmo tempo, transversal. Volumes generosos e de muito caráter definem os dois novos modelos Milano e Sfintizia, que revelam ainda uma linguagem irónica e irreverente, mesmo ao ritmo da Snob. A insígnia aposta de forma mais abrangente na aplicação das lentes Zeiss, o parceiro exclusivo em todas as peças clip da Snob e que agora ganha mais expressão também nos restantes modelos. Desta maneira, garante-se estilo inconfundível e qualidade exímia.
Os seus olhos e o seu bem estar são a nossa prioridade
Somos um Centro especializado preferencialmente no diagnóstico e tratamento de uma variedade de doenças oculares. Dedicamo-nos preferencialmente às Cirurgia da Catarata e Refrativa. O Ceratocone, Olho Seco, Glaucoma e Diabetes Ocular são igualmente áreas importantes diagnosticadas e tratadas na nossa Clínica. Com a incorporação recente da Cirurgia Estética e Reconstrutiva pretendemos continuar a oferecer um Serviço Global Integrado e de Qualidade.
Marque a sua consulta 22 202 6669 Av. Rodrigues de Freitas 407-409 PORTO | geral@clinsbortes.pt | www.clinsborges.pt
Covrt Project
Breves | 22 |
Mission One A proposta para a próxima temporada da arrojada Covrt Project foi concebida através do desenho de uma única viseira, sobre a mais alta tecnologia e focada em construções de qualidade em aço fresado ou acetato Mazzucchelli. O desafio de criar uma coleção plena de impacto provocou Marcello Martino, o diretor criativo da marca, a pensar um modelo que servisse os espíritos inquietos com quem se identifica. A novidade vem envolvida numa bolsa utilitária super versátil e plena de estilo.
Blackfin
A celebração do sol Para o verão que se antevê, a marca transalpina desenhou dois modelos que personificam a identidade Blackfin. A densidade do material destaca a qualidade superior do titânio japonês, enquanto a ponte em beta titânio assinala o compromisso da insígnia com a investigação em design. As estrelas dos dias quentes são, no masculino, o geométrico Rockville, que desfila linhas esculturais envolvidas numa paleta viva de cores, e no feminino, o curvilíneo e sensual Zelda, no mesmo registo espesso e marcante.
Em tempos difíceis é ainda mais importante ajudar e nós, na LookVision Portugal, queremos dar a quem todos os dias se compromete em nome de um bem maior. Inspirados pela nossa parceira de imprensa europeia, a revista 2020, decidimos promover a doação de material de proteção aos operacionais no terreno que mais precisem. Dessa forma ofereceremos publicidade na LookVision Portugal às empresas que possam doar estes valiosos produtos e faremos questão de os fazer chegar a bom porto.
#vaificartudobem
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OrCam
Breves | 24 |
Gratuita em Itália em período covid-19 A empresa com sede em Israel, em colaboração com a distribuidora para a Italia Vision Dept, decidiu implementar um programa que prevê a distribuição dos dispositivos OrCam MyEye 2, a quem os requisite, durante um mês. Trata-se de um diminuto aparelho de tecnologia usável baseada na inteligência artificial, e que pode apoiar a leitura de textos em tempo real. Desta forma, os italianos que precisem podem garantir autonomia, num momento de quarentena obrigatória, na obtenção de informações fulcrais, na leitura de uma bula de medicamento sem erros ou até na escolha do que comer, sem apoio de terceiros.
KLiiK
Um novo futuro A marca dinamarquesa atreve-se a lançar um novo olhar sobre as suas criações e propõe aos seus seguidores um novo flair em óculos. A partir dos seus fundamentos de linearidade e simplicidade baseados no design escandinavo, a mais recente coleção ganha ritmo em cores arrojadas e elementos surpreendentes. Tudo reunido para estar a par das tendências que conquistem os seguidores da moda em todo o mundo, sem abdicar do sentido clean que carateriza os desenhos KLiiK desde sempre.
Cione
Medidas em prol dos associados O grupo ibérico de óticas apoia os seus óticos em período de constrangimentos por causa do vírus covid-19 com formação remota e medidas que aliviam o peso económico deste período. A Cione propõe aos sócios facilidades de pagamento ou a possibilidade de trocar os respetivos Euros Ciones, que se obtêm a partir do volume de compras através da cooperativa, por qualquer produto ou serviço. O grupo tem também disponível a entrega de produtos ao domicílio dos clientes das óticas, para garantir a resposta dos profissionais às urgências dos seus consumidores. Quanto à formação, a Cione tem disponível assessoria financeira e laboral e consultoria através de webinars, acessíveis a partir da Cione University, no site do grupo. São especialistas espanhóis em direito que esclarecem os óticos, neste caso mais focado aos sócios daquele país.
Vamos renascer na liberdade. Vêm aí novidades!
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Breves | 26 |
Kate Hill x Zoobug
Marni
Blocos de cor e amor A marca italiana eleva o seu icónico conceito de color blocking com uma abordagem inovadora ao design. Cortes arrojados e uma fusão fresca de tonalidades exprimem a originalidade e energia da Marni. Os frontais da mais recente peça combinam diferentes blocos de acetato, materializando um cat eye geométrico pleno de impacto gráfico de estilo retro. As lentes compõe-se num desenho oval e as hastes são afuniladas e monocromáticas, para fechar o conjunto em grande estilo. Todos os elementos que compõem esta ode à arte unem-se num processo que a Marni se orgulha, pelo detalhe que exige na produção e os conhecimentos avançados.
Oscar Mamooi
A natureza cantada por Bjork O criativo italiano lança-se numa coleção que desafia modelos pré-estabelecidos. Iceland é feita de sete peças de design intrépido, que quase parecem ter emergido de águas gélidas, de formatos assimétricos e imprevisíveis. Cada um dos óculos de sol tem o nome de uma música da cantora islandesa Bjork, ligando cada modelo à artista no ritmo e na dissonância de cores.
Brilha como uma estrela! A criadora dedicada à moda jovem, Kate Hill, colabora com a marca de óculos infantis Zoobug, numa linha super exclusiva, a Las Estrellas. São óculos de sol que refletem um novo mood na mais elitista festa de chá, com uma injeção de cores, bolos e vibrações plenas de glamour. Os três modelos que compõem a coleção especial combinam os desenhos consagrados pela Zoobug ao longo dos anos com a declaração icónica da Kate Hill num resultado cheio de impacto. “LAs Estrellas dá aos mais pequenos o sentimento de poder quando usam óculos. Há demasiada pressão da sociedade sobre as crianças, na medida em que queremos que acreditem que podem realizar qualquer coisa que desejem muito. Todos são especiais à sua maneira e queremos que sintam a sensação de estrelato. Estamos ansiosos por ver Las Estrellas nos vossos olhos. Vai ser pura magia, por isso preparem-se, pois estão a caminho...”, declarou Kate Hill.
Freakshow
Breves | 27 |
Monica Belluci e novidades irresistíveis Existem nomes que nos fazem parar e “derreter” e Monica Belluci é sem dúvida um dos principais. A marca que assenta a criatividade no cinema e nas suas estrelas teve o modelo Levitt no rosto desta sensual estrela italiana do grande ecrã. Para continuar a conquistar o pódio das preferências, a Freakshow renova a sua linha criativa com dois modelos inspirados em personagens icónicas. O primeiro, Crasset, busca na designer homónima que tem contribuído para a experiência da visualização de cinema com o seu dom a fonte para um acetato “volumoso” e combinações de cores férteis. Já Kimura, reflete a intensidade da atriz japonesa com o mesmo nome, numa mistura de matérias, transparências e relevo, tudo isto em torno de encantadoras lentes polarizadas.
Fleye
Luzes que vêm do norte Como continuação do conjunto de sucesso Nordic Light, a nova linha Signature da Fleye define-se nas silhuetas modernas e uma paleta de tonalidades única. São 40 novos óculos de sol e armações de prescrição que exploram contrastes, reflexos de rara beleza e uma inesquecível luz escandinava. A coleção Nordic Light é a reinvenção moderna dos Pintores de Skagen, um renomado coletivo de artistas reunidos naquela área escandinava que se eternizaram nos enleios da arte pela composição única das cores e da luz.
Boas iniciativas | 28 |
#vaificartudobem
Covid Positivo Reinventarmo-nos em tempos de crise A humanidade tem meios para garantir a sua sobrevivência. O ritmo da vida moderna retira-nos a perspetiva sobre a empatia pelo próximo, mas perante um evento catastrófico ninguém foge ao sentido de pertença. Em mãos com uma nova doença, extremamente contagiosa, sub-reptícia e de difícil controlo, a generosidade voltou a brilhar em tantos sentidos. E ao longo desta quarentena registámos com orgulho as iniciativas que se multiplicaram no setor da ótica. Vêm de quem é admirável, de quem abre o coração aos colegas, ao mundo e à fração da sociedade que neste momento responde com o corpo ao desafio imposto pelo novo corona vírus. São prova de que, seja qual for a magnitude da queda que sofreremos, tanto a nível económico, como social, vamo-nos reerguer apoiados uns nos outros. #vaificartudobem Ligámos o nosso microfone na direção do sentido fraterno que, normalmente, desenha-se a contornos extraordinários em alturas de crise. Descobrimos exemplos de compaixão, de dádiva, de reinvenção inspiradores que merecem ser eternizados na história da ótica e nos arquivos da LookVision Portugal. Compreendemos ainda, neste momento histórico para as gerações atuais, o papel central deste mercado na vida da sociedade, por isso, de uma forma ou de outra as óticas não podem parar. Sem óticos, não vemos. Aqui fica em destaque o que conseguimos descobrir sobre o melhor de nós!
Guimarães O estado de emergência em Portugal foi estabelecido a 19 de março de 2020, no entanto, antes dessa data, grande parte dos portugueses já tinham, de forma exemplar, assumido um comportamento contido. A ótica foi um modelo com os seus empresários a interprenderem medidas drásticas, mesmo em desfavor dos seus negócios, para proteger clientes e colaboradores. De forma inédita, e enquanto em todo o país as empresas se organizaram “a solo”, Sandra Soares da Visão+, de Guimarães, interpelou os seus colegas de profissão para que trabalhassem em “equipa”. Ou seja, para minorar a exposição ao covid-19, as óticas vimaranenses aceitaram disponibilizar aos seus clientes um horário por escalamento. Em cada dia do período do primeiro estado de emergência, uma única ótica abriria portas para satisfazer as necessidades de quem precisasse dos respetivos serviços. “A ideia partiu de
•• “ Es t amos a tr abalhar em serviços mín imos. De 2 5 , ficam os r eduz idos a o it o e chegam . . . infelizm ente. Os ó c ul os não se com em , não são papel h ig ié nico, não são desinfetantes, m as, c o mo dizia o meu pai, primeir o é Ver. Só n ão sabe o valor dos óculos quem n ã o pr ecisa deles par a ver” •• Nesse mesmo dia ajudou uma desconhecida na rua, estrangeira em lágrimas, perdida sem ter para onde ir no meio de um estado de emergência. Deu-lhe guarida, sem querer nada em troca. E já há uns dias antes tinha levado uma japonesa ao aeroporto, a quem lhe tinham recusado transporte com medo da transmissão do corona vírus. Acima do medo, esteve no seu coração a saudade de quem tem longe e a humanidade de se colocar na posição dos outros. Paula Pinho é para todos um exemplo em tempos de crise e a certeza de que temos pessoas no setor capazes de se elevarem. Obrigada Paula!
Paula Pinho A icónica mulher da ótica sempre demonstrou assertividade nas decisões que toma. Herdeira, juntamente com a família, de um verdadeiro “império” da ótica portuense, o Adão Oculista, Paula Pinho mantém em equipa uma empresa sólida, plena de valores. Emocionou-nos, neste período, com o seu olhar sobre esta crise sanitária e social e comprovou ser uma escritora exímia. Deixamos eternizado um excerto maravilhoso que partilhou no Facebook. “Saí às cinco. Estamos a trabalhar em serviços mínimos. De 25, ficamos reduzidos a oito e chegam… infelizmente. Os óculos não se comem, não são papel higiénico, não são desinfetantes, mas, como dizia o meu pai, primeiro é Ver. Só não sabe o valor dos óculos quem não precisa deles para ver. É por isso que me recuso a ficar em casa. Tenho de estar lá quando os meus clientes e os clientes dos meu colegas que estão fechados, precisarem de mim. Atendo-os indiscriminadamente.”
Einstoffen A marca de eyewear, roupa e relógios nascida na suíça decidiu apoiar os óticos que vendem os seus produtos. Por cada venda efetuada na sua loja online neste período excecional de restrições, a Einstoffen doa 50 por cento do lucro para a loja da área de onde foi feita a encomenda. É uma iniciativa que quer amenizar os efeitos da pandemia mundial por covid-19. “São tempos desafiantes para todos nós! Esperemos que estejam todos bem e se mantenham saudáveis. É também o momento de nos unirmos, especialmente o retalho que está a sofrer. Nós apoiamos os nossos óticos e lojas parceiras que estão fechados”, declararam os representantes da marca.
Essedue Como agradecimento e apoio ao trabalho das equipas de saúde do seu país natal na luta em curso contra o vírus covid-19, a produtora italiana de óculos, Essedue, contribuiu com um monitor multiparamétrico de última geração. Este valioso Axcent permite vigiar a dose farmacológica, a oxigenação e a ventilação dos doentes. A doação visou o Hospital Sant’Ottone Frangipane, em Ariano Irpino, no sul de Itália. Boas iniciativas | 29 |
mim, pois não fazia muito sentido estarem tantas óticas abertas diariamente. Então liguei para todas as lojas de Guimarães (lojas de rua) e falei com os responsáveis. Positivamente responderam os da escala. Posso dizer-lhes que não conheço pessoalmente nenhum deles e nunca tinha falado com nenhum. No entanto, não me arrependo de o ter feito”, declarou à LookVision Portugal uma corajosa Sandra Soares. Com a renovação do período de restrições, a proposta voltou a subir junto dos óticos de Guimarães, mas para já estão quatro óticas a favor. “Como sabe não é fácil reunir consenso entre óticos, infelizmente.”, concluiu a profissional. Parabéns Sandra!
IACLE A Associação Internacional dos Educadores em Lentes de Contacto(IACLE na sigla em inglês) oferece aos profissionais docentes de contactologia de todo o mundo os seus recursos de formação remota online, durante o período de pandemia por covid-19. Basta aceder a www-iacle.org na área Free Resources. “Enquanto muitos países enfrentam a a situação de imobilização e muitas das respetivas universidades estão fechadas, é importante garantir que os estudantes não perdem o ano académico. A IACLE disponibiliza excelentes conteúdos virtuais para todos os educadores partilharem com os alunos nestas circunstâncias globais de emergência”, declarou Shehzad Naroo, presidente da associação.
Boas iniciativas | 30 |
•• “ Não f i c a remo s em ca s a s e n t ado s s em fa zer na da. F ar e m os t ud o p a ra a p oi ar q u e m es t á n a l in h a da f r e n t e , mes mo q ue i s s o t e n h a um imp a c t o n e gat i v o n o n o s s o ne g óc i o. A l iá s , a c red it o q u e t odos d ev ería mo s f az e r o q ue p o d emo s “ ••
Milenar Art Graphic De Castelo de Paiva para o país: “Para o bem de todos, o melhor de cada um”. Foi assim que Maria do Carmo Bernardes, Flávio Lopes, Catarina Gonçalves, Daniela Moreira, Ilídia Magalhães, Manuel Lopes e Fernanda Moreira, familiares e cúmplices, denominaram a iniciativa que oferece viseiras aos profissionais de saúde, de emergência médica e de segurança pública que precisem. No centro está a gráfica Milenar Art Graphic, de Flávio Lopes, que desafiado pela prima Daniela Moreira, enfermeira de formação, criou um protótipo que foi estudado por profissionais e corrigido. Seguiu-se a união de esforços entre cidadãos, empresas e a autarquia da região em torno da ajuda aos “guerreiros” na luta contra o covid-19. Hoje estas viseiras e outros materiais de proteção, que entretanto variaram mediante a reunião de outras empresas com novas valências, já chegaram a hospitais, corporações de bombeiros, forças de segurança pública de todo o país. Por que os ressalvamos na LookVision Portugal? Porque sob a nossa vontade de angariar material para distribuir na linha da frente do combate à atual pandemia, foram os primeiros a responder sim, com 20 viseiras. Obrigado pelo dinamismo e pela generosidade! Laybach & York Num movimento criativo pleno de humor e assinado pelo bem-disposto designer eslovaco , Blaz Oberc, a marca Laibach & York lançou a armação TP Washington, numa edição ultra limitada. O modelo TP, para toilet paper ou papel higiénico, eterniza
um estado de emergência, provocado pela propagação do vírus covid-19, que levou tantas pessoas, em todo o mundo, à corrida por bens essenciais...e papel higiénico. Porquê Washington? Porque foi o primeiro epicentro da pandemia nos EUA e onde este produto chegou mesmo a ter estatuto de precioso, tão intensa foi a corrida aos supermercados. A peça constrói-se em três camadas laminadas num acetato cristalino e com verdadeiro papel higiénico, inserido manualmente na armação. Claro que, acima da vertente divertida desta ideia está a vontade de Blaz em reverter o valor total deste TP Washington numa causa, em qualquer parte do globo, associada aos combate à pandemia por covid-19.
Safilens A fabricante italiana decidiu oferecer lentes de contacto diárias para, pelo menos dois meses, aos profissionais de saúde e de segurança conterrâneos, que todos os dias trabalham em prol dos doentes, neste período delicado de pandemia. A Safilens comunicou esta vontade aos seus clientes óticos, que serviram de valiosos intermediários e, desta forma, aligeiraram os efeitos das máscaras e óculos especiais de proteção no rosto, a quem, sob tudo isto, precisa de correção visual. À plataforma transalpina de informação de ótica, b2eyes, o diretor geral da Safilens, Daniele Bazzocchi, declarou que “a iniciativa é limitada a lentes de contacto diárias, esféricas, tóricas e para presbiopia, pois é a forma mais segura de substituição, diminuindo os riscos inerentes a uma manipulação excessiva. Os nossos parceiros profissionais identificaram os destinatários da oferta.”
Tipton Eyeworks A produtora eyewear de Budapeste, Hungria, ligada às marcas Vinylize e Caliber, deixou-se levar pelo seu natural espírito inquieto e mover-se no apoio à luta contra o covid-19, no seu país, sob a bandeira de Glasses For Our Heroes (Óculos para os nossos heróis). “Não ficaremos em casa sentados sem fazer nada. Faremos tudo para apoiar quem está na linha da frente, mesmo que isso tenha um impacto negativo no nosso negócio. Aliás, acredito que todos deveríamos fazer o que podemos, porque ganhar é um esforço de equipa”, declarou Zachary Tipton, o fundador. Toda a produção de 2020 da Vinylize e Caliber será doada com lentes de prescrição da Zeiss, a mais firme apoiante da iniciativa, da Noptiker, da Hoya e da Essilor. Há um mínimo de 800 armações disponíveis e vão garantir a eficiência dos trabalhadores ligados à saúde e que, mesmo os que não podem por norma, tenham as melhores lentes e óculos possíveis.
Lusíadas A empresa portuguesa ligada à moda eyewear com as marcas dos estilistas Fátima Lopes, Miguel Vieira e Ana Sousa e ainda distribuidores de equipamentos aderiu ao desafio lançado pela LookVision Portugal. Sérgio Ramos, diretor geral da Lusíadas, declarou oferecer 100 máscaras para a linha da frente de combate ao novo corona vírus. Obrigada Sérgio!
CECOP Consigo:
O grupo das óticas independentes adaptou a sua atuação ao período excecional do mercado, por causa da pandemia pelo covid-19, e anunciou medidas de apoio aos negócios. A comunicação entre a CECOP e os seus associados também é mais próxima e regular através do projeto CECOP Consigo O objetivo é ajudar o setor a ultrapassar este desafio, e a CECOP Consigo lança informações assentes na atualidade e que apoiam a tomada de decisões dos empresários. O grupo envia comunicações quase diariamente por e-mail a todos os óticos, sejam associados ou não, para que possam estar na frente da situação. Desta forma, podem optar por estratégias conscientes e sólidas que aliviam parcialmente os problemas que o estado de emergência e as medidas inerentes provocam. A par de uma maior ligação com os óticos e para gerar um ambiente de colaboração e apoio no grupo, a direção da CECOP decidiu por unanimidade eliminar a cota de todos os associados, atenuando o esforço dos óticos. O grupo decidiu ainda antecipar o pagamento da Fórmula Remunerada CECOP, um sistema de devolução de um determinado valor das compras realizadas aos fornecedores preferenciais do grupo, para que os óticos possam compensar as suas faturas de uma maneira mais fácil. Estas são apenas algumas das ações elaboradas pelo grupo que comprovam o pragmatismo dos valores defendido como ética, colaboração, flexibilidade e compromisso. A mensagem que prevalece é que todos os envolvidos estão a trabalhar juntos e que agora, mais do que nunca, estão unidos. A CECOP reforça a missão de ajudar a comunidade a atingir os seus objetivos, com soluções de valor. A organização mantém
a visão de ser a comunidade global escolhida por dar soluções para necessidades de gestão estratégica e operacional, liderando a transformação do setor. CECOP Manifesto O grupo criou um manifesto para expressar o seu compromisso com os óticos e a sua posição diante desta crise: “Desde que a crise do Covid-19 começou no nosso país, a CECOP deixou totalmente clara a sua posição em relação às recomendações para o setor ótico. Sempre colocou a pessoa em primeiro plano contra qualquer decisão económica, promovendo o interesse geral contra qualquer individualismo. Por esse motivo, diante da atual situação do país, recomendamos que os nossos associados mantenham um serviço de emergência por telefone. E sugerimos um serviço de entrega de pedidos por correio. No que diz respeito à consultoria na área económica e financeira, a CECOP também tem sido sempre clara para tentar minimizar os custos fixos. Após os últimos eventos, permanece na mesma posição e, além disso, decidiu criar o seu próprio canal de comunicação a CECOP Consigo, onde as últimas notícias relacionadas às medidas implementadas pelo governo em questões laborais, fiscais ou outras informações de interesse dos associados, serão divulgadas sempre que considerarmos importantes.
Outros Olhares | 31 |
Unida aos associados e não só!
Olhar o Mundo | 32 |
BlaZ OberC
Laibach & York: diretamente da EslovĂŠnia para os sonhos
Em período de estado de emergência descobrimos este designer eslovaco provocador com a sua armação TP Frame, uma ode ao pânico pelo papel higiénico! Descobrimos também uma personalidade encantadora. A mãe médica e professora de oftalmologia fê-lo viver perto da correção visual de perto desde sempre. Apesar disso, estudou design industrial com o sonho de ter uma marca de “alguma coisa” sua. Claro que na hora da escolha voltou às origens, estudando mais quatro anos no curso de Técnico de Ótica. Desenhou óculos, procurou quem lhe fizesse as peças, em Itália, e foi rejeitado mais de 50 vezes. Tinha pouca quantidade. Solução? Fazê-los à mão. Falhou vezes sem conta, como recordou, até encontrar alguém pouco conhecido na indústria, que estava na Eslovénia, com um parque de máquinas impressionante e que produzia para marcas muito conhecidas de todo mundo. Ofereceu-lhe os designs para que lhe produzisse as armações e assim se iniciou a Laibach & York, em 2013. Foi amor à primeira vista de um público especial. Isso motivou-o a montar a própria fábrica. Ao longo de dois anos, juntou paulatinamente maquinaria que recuperou devagar e com amor e depois, tudo veio do coração, inspirado no seu pequeno país e na sua vida. Laibach é aliás o nome antigo da capital da Eslovénia, Liubliana, e York o nome antigo da cidade de Toronto, cidade onde viveu e estudou. É fiel à sustentabilidade e, acima de tudo, à sua personalidade divertida que torna tudo em torno desta marca leve e colorido. Apresentamos Blazž Obercč na primeira pessoa e em exclusivo.
Olhar o Mundo | 33 |
A história da marca é um exemplo de persistência, porque não atingiu desde logo as condições com que sonhava. Pode contar-nos este percurso? Para mim, a Laibach & York tem vindo a transformar-se numa necessidade. Durante anos vi a indústria adoptar a abordagem barata da produção em massa. Creio que os profissionais de ótica aperceberam-se, finalmente, que estão a sofrer o descrédito dos consumidores, por apostarem num produto que foi excessivamente cotado no mercado. Eu redesenhei a minha coleção vezes e vezes sem conta, recusei que uma peça que não fosse perfeita entrasse no mercado, em todos os sentidos. E é muito difícil desenhar uma armação minimalista e intemporal. Como resultado deste esforço incansável, cheguei a esta coleção incrivelmente versátil, que conquistou com sucesso o mercado eyewear. No processo de construção da marca, houve algum momento em que pensou em desistir? É difícil ser um produtor independente de óculos? Desistir nunca foi uma opção! Vão haver sempre obstáculos que dificultam o acesso de uma marca nova ao mercado, mas, no fim, a perseverança leva sempre a melhor!
Produz todas as armações in house atualmente. Sim, a Laibach & York não trabalha com serviços externos em nada. Estamos diretamente ligados aos óticos independentes e conseguimos que o melhor mestre artesão do país integrasse a nossa equipa.
E sobre o design das suas coleções, é o Blaz que assume a responsabilidade de todo o processo? Onde alcança a inspiração? Todas as peças no portefólio são desenhadas e projetadas por mim e pela minha equipa de artesãos. A minha inspiração foi a intemporalidade. Queria criar uma coleção que pudesse ser usada através dos anos.
Existem tantas marcas independentes no mercado. Como destacar-se nesta competição? Resumidamente, a maior parte das empresas produzem fast fashion, ou como eu lhes chamo, de estilo e qualidade descartáveis. A Laibach & York é tão única que o consumidor pode ter uma peça por um preço bem inferior ao que deveríamos cobrar, e ainda assim usá-la durante anos sem comprometer a atualidade do estilo!
Olhar o Mundo | 34 |
Está feliz com a posição da marca no mercado? Era isto que imaginava? Sem dúvida! Estamos no caminho certo para nos tornamos uma marca de luxo importante, com um crescimento sustentado. Vemos uma procura enorme nos mercados luxuosos de rua das maiores cidades. E isto foi algo que não previmos! Mas é incrível que esses espaços de elite escolham “usar” Laibach & York . E agora sobre a situação do mercado provocada pelo novo covid-19, o Blaz lançou uma armação ultra limitada para aligeirar o problema. Fale-nos da TP Washington. E como não fazê-lo?! Sempre quisemos ajudar a nossa comunidade ótica e neste momento ela está sobre uma pressão enorme. A TP Frame foi desenhada para aliviar a situação com um pouco de comédia e para retribuir aos profissionais.
•• “Sempre quisem os ajudar a nossa com unidade ótica e neste m omento ela está sobr e uma pr essão enor m e . A TP Fr ame foi desenhada par a aliviar a situação com um pouco de com édia e para r etr ibuir aos profissionais” ••
Vamos leiloar as peças aos maiores licitantes e doar 100 por cento do lucro para causas e organizações de solidariedade social ligadas ao setor ótico. Agora, mais que nunca, precisamos de estar juntos para ultrapassar esta pandemia. pandemia. A peça constrói-se em três camadas laminadas num acetato cristalino e com verdadeiro papel higiénico, inserido manualmente na armação. E tudo isto está muito em linha com a sua personalidade divertida, certo? É isso que as pessoas dizem? (risos) Muitas organizações são demasiado sérias. Quando temos a nossa própria marca e a nossa própria empresa podemos dar-nos ao luxo de nos divertirmos um pouco também. Como prevê o futuro das marcas independentes depois da pandemia estar controlada? Penso que houve um empurrão para este nicho de eyewear de qualidade produzido à mão há já algum tempo. Penso que as lojas irão usar esta oportunidade para repensar a sua direção. Vamos recuperar, vamos ultrapassar isto. Podemos e devemos rir-nos um pouco ao longo do caminho.
A organização da icónica feira de Milão aponta agora esforços para a celebração dos seus 50 anos, para 2021. A pandemia pelo covid-19 atingiu de forma feroz a Itália e todos os respetivos sectores de atividade, levando à difícil decisão de cancelar as datas lançadas de 5 a 7 de julho de 2020. “Estamos ansiosos por vê-lo em fevereiro 6,7 e 8 de 2021. Cuide-se!” O vírus que afetou todo o globo ainda não deixa antever a normalização desta crise em que se encontram os vários países afetados. “Isto forçou-nos a tomar a dolorosa decisão, mas crucial, de salvaguardar expositores e visitantes, compradores e acionistas, equipa e todos os envolvidos na organização, gestão e operações da feira. A edição do 50º aniversário acontece em 2021 e estamos convencidos que trará um novo ânimo à indústria eyewear em Itália e em todo o mundo. O nosso foco, e de todos os profissionais do mercado, é injetar nova vitalidade num sistema económico saudável que, apesar de desacelerado pela crise de saúde pública, nunca perdeu a sua força motora”, declarou o presidente da MIDO, Giovanni Vitaloni. A MIDO número 50 acontece três semanas antes do usual, de sábado a segunda, nas datas de 6 a 8 de fevereiro no local do costume, a Fiera Milano Rho. É a estratégia encontrada pela organização do certame para dar energia extra ao negócio do setor eyewear global e, em particular, ao italiano. “Durante estes tempos inesperados, num cenário de constantes diminuições de lucros e aumento de cus-
tos, as empresas de dentro e fora de Itália lutam para encontrar equilíbrio entre a necessidade de continuar a trabalhar e a tarefa fulcral de garantir a segurança dos seus colaboradores. É por isto que temos de assegurar, uma vez que a pandemia atinja o seu pico, que as companhias saibam que podem contar com a MIDO para divulgar as suas coleções, a maquinaria, as inovações oftálmicas e tecnológicas e, cada uma na sua área de especializaçãoo, para voltar aos negócios. Ao acolher uma aliança entre expositores e visitantes, num clima de confiança restaurada, a MIDO desempenha um papel central na recuperação”; acrescentou o líder da feira italiana. E enquanto se espera pela MIDO 2021, a plataforma digital MIDO4U é uma ferramenta chave para unir empresas aos seus compradores internacionais. Claro que, não substitui a verdadeira feira, onde pessoas podem encontrar-se e trocar experiências e negócios, mas é um meio acessível de verdadeira interação virtual que assegura que a indústria tem uma forma viável de prosseguir as suas relações profissionais. Marque na agenda que o encontro volta a estar vivo nessa eterna Milão, para fevereiro de 2021.
Olhar o Mundo | 35 |
MIDO Novo episódio da feira italiana em 2021
Foto: Dominika Roseclay from Pexels
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“The future is not the past repeated” Quarantelli (1996)
Nesta crise, o comportamento da marca terá impactos futuros, na decisão de compra dos consumidores Primavera de 2020. As campanhas habituais do setor estão congeladas. Os consumidores estão fechados em casa e à data de hoje, 18 por cento dos departamentos de marketing das empresas já tiveram o seu orçamento reduzido a zero, enquanto outros 14 por cento decidiu parar, por iniciativa própria, com todas as suas ações de comunicação. Texto: Vânia Guerreiro – Diretora de Marketing e Comunicação da iServices
Estes são os números avançados pelo Barómetro da Associação Portuguesa dos Profissionais de Marketing, para medir o impacto da pandemia Covid-19. Ora quem, neste momento, está à frente dos departamentos de marketing e comunicação no setor ótico nacional, tem certamente três dúvidas principais: (1) o que dizer? (2) como dizer? (3) a quem dizer?
seu posicionamento, a sua capacidade de liderança e, sobretudo, o sentimento de confiança junto dos seus consumidores. A confiança é o elo crucial na conexão que as marcas e empresas estabelecem com os seus públicos-alvo neste período.
Sobre...o que dizer? No The Edelman Trust Barometer 2020 Special Report on Brand Trust and the Coronavirus Pandemic – um estudo realizado entre os dias 6 e 10 de março, com entrevistas realizadas a 12.000 pessoas, em dez países: África do Sul, Alemanha, Brasil, Canadá, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido - é analisado o papel que as empresas devem desempenhar enquanto fonte de informações confiáveis e oportunas. A mensagem foi consistente em todos os mercados. E, por esta razão, este estudo deixa uma importante mensagem, uma vez que conclui que as marcas que atuarem na efetiva proteção dos seus colaboradores, clientes, parceiros e sociedade em geral irão reforçar o
Howard Schultz defendia que “as marcas mais poderosas e duradoras são as que ficam no coração das pessoas”. Também, de acordo com o Barómetro da Edelman, os consumidores esperam que os desafios socioeconómicos e políticos colocados por esta crise sejam enfrentados, não apenas pelos dirigentes governamentais, mas também pelas empresas. Por esta razão, as marcas têm de garantir que as suas mensagens, no decorrer deste período sejam factuais e compassivas.
Sobre... como dizer? As mensagens devem ser concentradas em soluções e não em vendas. No Barómetro da Edelman, 77 por cento dos inquiridos dizem que querem que as marcas falem sobre os seus produtos demonstrando que estão cientes da crise e do impacto desta na vida das pessoas. 57 por cento não aprova mensagens humorísticas na comunicação das marcas nesta altura e 54 por cento dos entrevistados afirmam que não estão a prestar atenção a “novos produtos”, a menos que estes sejam projetados especificamente para lidar com os desafios da pandemia. A esmagadora maioria dos entrevistados (84 por cento) afirma que pretendem que as marcas sejam, por agora, uma fonte de notícias confiável. Adicionalmente, os consumidores estão sedentos para ouvir especialistas de saúde. 78 por cento dos inquiridos deste estudo classifica os médicos como porta-vozes absolutamente credíveis. As marcas de ótica podem e devem, nesta altura, procurar comunicar através dos seus especialistas de saúde: oftalmologistas, optometristas e outros profissionais e técnicos de saúde podem tornar-se, neste período, os principais influenciadores. E, neste momento de crise sem precedentes, os consumidores preferem uma abordagem mais tradicional à comunicação. 45 por cento afirmam dar mais relevância quando as marcas comunicam através dos canais mais tradicionais, ou por e-mail (42 por cento), em detrimento das redes sociais (19 por cento). Sobre... a quem dizer? O Edelman Barometer indica que o “empregador” é, por estes dias, a instituição mais confiável como fonte de informação sobre o coronavírus. O Estudo conclui que
“a fonte de maior credibilidade é a comunicação do empregador”. Ou seja, os principais aliados nesta fase são os colaboradores que, ao confiarem naquilo que é dito pelas suas empresas, vão sentir e retransmitir o sentimento de confiança aos consumidores e à sociedade em geral. São nas plataformas digitais que os colaboradores e consumidores estão presentes, interagindo, trocando ideias, depositando as suas frustrações com algumas marcas e empresas, bem como os elogios e as ações que valorizam. Assegurar uma comunicação de excelência com os colaboradores, fazendo uso das ferramentas digitais e assentar todas as mensagens numa estratégia de relacionamento, irá otimizar a experiência dos próprios colaboradores, fazendo com que os mesmos divulguem a marca positivamente, por iniciativa própria. A fórmula? Humanizar. Com o tsunami de acontecimentos que nos têm impactado, em todas as dimensões, no decorrer desta crise global, a comunicação estratégica das marcas – que já estava a ser alvo de forte transformação no decorrer da última década, pelos efeitos da revolução digital – vai, seguramente, marcar a literatura das ciências da comunicação e da comunicação de marketing, como um marco revolucionário. Por enquanto, a solução para responsáveis de marketing e de comunicação é agarrar a oportunidade emergente para aprofundar a humanização de todos os contactos com todos os interlocutores. Portanto, há que aproveitar o momento para elevar, humanizar e fortalecer o relacionamento com os seus clientes, colaboradores, fornecedores, parceiros, entidades governamentais e não governamentais. As marcas que forem verdadeiramente úteis na vida das pessoas não serão esquecidas. Esta é a visão de longo prazo. A única possível para benefícios futuros, porque uma coisa é certa: ao longo desta crise, todo o comportamento da marca terá impactos futuros na decisão de compra dos seus consumidores.
Referências: Vos, M., Van der Molen, I., & Mykkänen, M. (2017). Communication in turbulent times: exploring issue arenas and crisis communication to enhance organisational resilience. Reports from the School of Business and Economics, (40). Weick, K.E. and Sutcliffe, K. (2007), Managing the unexpected: Resilient performance in an age of uncertainty. Wiley, San Francisco. Zinn, J.O. (2008), “Introduction: The contribution of sociology to the discourse on risk and uncertainty” in Zinn, J.O. (Ed.), Social Theories of Risk and Uncertainty: An Introduction, Blackwell Publishing, Oxford.
•• “As mar cas de ótica podem e devem, nesta altur a, procura r comunicar através d os seus especialistas d e saúde: oftalmologist a s , optometr istas e outr os pr ofissionai s e técnicos de saúde podem tornar - se, n e s t e período, os pr incipa i s influenciador es” ••
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No mesmo estudo, os consumidores enfatizam a importância das marcas na luta contra a pandemia e, neste período, esperam que as marcas façam tudo o que estiver ao seu alcance para proteger o bem-estar e a segurança das suas equipas e colaboradores. 89 por cento dos inquiridos quer que as empresas transfiram os seus recursos para fabricar produtos que possam ser úteis aos desafios atuais (a produção e oferta de viseiras e máscaras de proteção individual, é um exemplo). 90 por cento dos entrevistados afirmam também que querem que as empresas ajam para preencher as lacunas deixadas pelas respostas dos governos à crise provocada pela corona vírus e esperam que as marcas sejam totalmente transparentes sobre aquilo que estão a fazer e as medidas que estão a tomar, para manter as pessoas totalmente seguras e protegidas da pandemia.
Foto: Edward Jenner from Pexels
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O Coronavírus veio questionar a humanidade e exigir que mudemos em meses o que demoraria décadas
Vai ser difícil mas também virão oportunidades. Para todos. É consensual. Ninguém estava preparado para uma pandemia com esta gravidade. Nem as pessoas, nem as empresas, nem os governos ou mesmo os países do mundo inteiro. Enfrentámos antes outras pandemias, mas nunca uma que levasse as estruturas da sociedade moderna quase à rutura, a um ponto em que tudo tem de ser questionado: a forma como vivemos, nos relacionamos e trabalhamos, os circuitos de produção e distribuição, as políticas dos governos, as prioridades sociais que estão na base da comunidade, os sistemas que estão na base da economia e muito, muito mais. Texto: Pedro Fraga - CEO F3M
É, por isso, muito difícil avançar com cenários e antever o que se irá passar ao nível económico, empresarial, social e pessoal. Uma coisa é certa. As empresas que se robusteceram ao longo da última década - através da gestão eficiente, do reinvestimento dos seus resultados financeiros, da aposta em recursos humanos qualificados e empenhados no comprometimento pessoal e profissional, da fidelização do seu mercado apresentan-
do-se não como mero fornecedor mas como parceiro de negócio, do constante investimento na inovação e na relação com as pessoas - estarão melhor preparadas. Algumas delas até podem vir a perceber que esta situação terá um ângulo de abordagem empresarial positivo, pois, se estão melhor preparadas, eventualmente terão mais capacidade de prevalecer e até de inovar perante uma crise mundial sem precedentes.
Além do Home Office, prevê-se um incremento no número de reuniões realizadas por vídeo conferência, mais formação à distância, mais compras online e uma maior digitalização de processos e documentos. As empresas irão ser chamadas pelos seus diferentes stakeholders, desde investidores a clientes e colaboradores, a reforçarem a sua capacidade e resposta tecnológica. Bem como surgirão muitas oportunidades nesta nova realidade mundial e que só agora, com a pandemia, se começam a identificar. Outras oportunidades já estariam identificadas, mas a cultura de trabalho e as metodologias das organizações não permitiam, até agora, a sua viabilidade porque o mercado não as valorizava. Veja-se, por exemplo, como pequenos negócios locais, segmento em que muitas óticas estão inseridas, tentam enfrentar a presente crise abrindo lojas online, procurando vender os seus produtos quer aos seus clientes habituais, quer a novos públicos, em lojas próprias ou plataformas conjuntas que foram surgindo como resposta ao necessário fecho dos seus espaços físicos. Na verdade, as organizações rapidamente, porque obrigadas, encontram formas eficientes e colaborativas de trabalho remoto, sem perder a agilidade e a produtividade. E esse é o futuro. Com todas as vantagens que existem ao nível de tempo despendido em viagens casa-empresa-casa ou até mesmo empresa-cliente-empresa, bem como ao nível dos custos de transporte, manutenção, infraestruturas, etc. Num momento em que ainda não nos é possível perceber, seguramente, o que o futuro nos reserva, sabemos que o mundo ao qual iremos, lentamente dizem os especialistas, regressar, vai ser muito diferente do que deixámos quando nos vimos forçados ao distanciamento social. Tudo será diferente e todos vamos ter que mudar: cidadãos, empresas, entidades, governos. Vamos conseguir? Já antes enfrentámos grandes desafios e optámos por novos caminhos. E vendo os obstáculos ultrapassados ao longo de mais de 800 anos de história, pensamos que “Portugal consegue sempre.
•• Está a ser pedido à s empresas um esfor ço br utal ao nível dos encargos financeiros e da m anutenção de empregos. M uitas n ã o irão resistir . Outras i rã o ficar descapitaliz ada s , mas vão encontrar novam ente o seu cam inho, sendo que a s pessoas são o seu ma i s valioso ativo. •• Ponto de Vista | 39 |
No entanto, mesmo com mais de 30 anos de experiência como empresário e líder de uma empresa que tem crescido de forma sólida e sustentada na área das novas tecnologias, não ouso fazer uma previsão, tantas as incertezas e variáveis que existem e que ainda desconhecemos. Sei apenas: - que vai ser muito difícil e que nada será como antes. Serão tempos em que a capacidade de resistência, de inovação e de valorização do que é mais importante numa família e numa empresa – as pessoas - se sobrepõe à grandes teorias económicas; - que o universo empresarial e da economia nacional e internacional vai mudar radicalmente. A começar pela forma como trabalhamos, com um já previsível reforço do Home Office. A tecnologia irá ter ainda mais importância nas nossas vidas profissionais e pessoais. Se antes, a comunicação digital aproximava sobretudo quem estava longe, agora une também os que estão geograficamente perto. E antevê-se que algumas destas práticas, necessárias neste momento, irão manter-se assim que as medidas restritivas sejam aliviadas. São já conhecidos alguns dos instrumentos de apoio às empresas e à economia, lançados pela União Europeia e pelo governo Português, mas pouco se sabe sobre a sua eficácia e se serão suficientes. Mesmo com estas medidas, está a ser pedido às empresas um esforço brutal ao nível dos encargos financeiros e da manutenção de empregos. Muitas não irão resistir. Outras irão ficar descapitalizadas, mas vão encontrar novamente o seu caminho, sendo que as pessoas são o seu mais valioso ativo.
Foto: Andrea Piacquadio from Pexels
•• Um a c oi s a é c ert a . A s e m p r e s a s q ue s e r obu s t e c e r a m a o l o n g o da ú l t i m a dé c a d a es t a rã o m e l h or p r e pa ra d a s . A l g u m as de l a s a t é p ode m v i r a p erc eb er q u e e s t a s i t ua ç ã o te r á u m ân g ul o d e a b or dag e m emp res a ria l p os i t i v o, p ois , s e es t ã o m e l h or p r e pa ra d a s , e v e n t u al m e n t e t erã o m ai s c ap ac i d a d e d e p r e v al e c e r e a t é d e i n ov ar p e r an t e uma cr i s e m u n dia l s em p r e c e de n t e s . ••
•• As or ganizações r apidamente, por que obrigadas, encontra m form as eficientes e colaborativas de trabalho r em oto, se m per der a agilidade e a pr odutividade. E ess e é o futuro. ••
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De olhos postos no Covid 19 Os vírus sempre foram uma ameaça à saúde pública. O que tem este vírus de diferente? Qual o papel da oftalmologia no combate ao novo coronavírus? Texto: J. Salgado Borges, MD, PhD, FEBO www.salgadoborges.pt
Foram várias as epidemias que marcaram a história da humanidade. Segundo muitos epidemiologistas, durante os próximos tempos não vamos escapar a vírus, bactérias e outros microrganismos. Estudos científicos, como o do Journal of Medical Virology, assinalam que o contacto com a lágrima e a superfície externa do olho são potenciais vias de contágio. O Covid 19 dispensa apresentações. Dia após dia aprendemos mais sobre ele. Mas nunca é demais reforçar o perigo que representa! Antes de falarmos sobre o caos que este vírus instalou na nossa economia e sociedade e, de assinalarmos a importância dos cuidados oftalmológicos para o combate à pandemia é indispensável recordar que este é um grande desafio global para a humanidade. A velocidade de propagação abrupta despoletou um número exponencial de casos suspeitos de infeção e morte pelo novo coronavírus no mundo. Vivemos tempos incertos à espera que as notícias anunciem a tão desejada vacina. Contudo, esta realidade parece cada vez mais distante, o que acaba por desencadear ansiedade em muitos e desespero noutros. Acredito que esta doença veio testar a nossa capacidade de resposta e união como nação, já que este é o inimigo comum.
Para evitar o avanço do contágio e a rutura dos serviços de saúde foram aplicadas medidas de prevenção e de etiqueta respiratória. Mesmo tendo sido feitas inúmeras comparações entre Portugal e outros países como Itália e Macau e, de sabermos de antemão que muitos doentes eram assintomáticos e, até os principais portadores do vírus, assistimos de perto a alguma resistência às medidas de prevenção. Como é de conhecimento público, a evolução dos casos de infeção e morte por Covid 19 exigiu a adoção de medidas extremas para impedir o crescimento descontrolado da magnitude do problema. Assim, foram justificadas a suspensão de muitas atividades empresariais, o isolamento social e a quarentena. A única vacina disponível é a informação! E, só com a colaboração de todos os cidadãos é possível conter o avanço da infeção. Podemos sim regressar à normalidade e salvar muitas vidas se todos agirmos com prudência e, respeitarmos com rigor todas as medidas preventivas contra o surto epidemiológico. Enquanto médico oftalmológico apelo mais uma vez que todos podemos ser agentes de saúde pública e, temos a responsabilidade e o dever cívico de zelar pela segurança de todos e, em particular pelos grupos de risco.
Também os médicos oftalmológicos estão na linha da frente para o combate ao vírus. Os olhos são potenciais fontes de transmissão! Mesmo dentro da nossa casa, o perigo assombra familiares que convivem com doentes em isolamento domiciliário. De todas as precauções com a higiene, uma das grandes apreensões é relativa ao uso de aparelhos digitais e, em particular o telemóvel. Agora que passamos mais tempo online e, em constante contacto com o telemóvel é crucial redobrar os cuidados com a visão. A missão, enquanto especialista em doenças oculares, é a de alertar para os riscos associados ao Covid 19.
A doença do Olho Seco tem cada vez mais incidência, por isso é essencial reconhecer os principais sintomas de fadiga visual digital, como olhos vermelhos e secos. A maioria desconhece como o uso excessivo de aparelhos digitais pode comprometer seriamente a qualidade de visão. A secura ocular deve-se à diminuição do pestanejo durante o período em que os olhos são expostos aos ecrãs e, resulta em alterações na película lacrimal normal. A adoção de uma postura correta durante a utilização destes aparelhos e o uso de lágrimas artificiais são importantes. Mas, o ideal é respeitar a regra dos 20-20-20! Após 20 minutos em frente ao ecrã deve parar e focar um objetivo localizado a 20 metros e, pestanejar durante 20 segundos. É normal que durante o período de isolamento social despenda mais tempo nos aparelhos digitais, mas a curto prazo estes podem ser aliados do vírus! Todos fomos alertados que o vírus pode resistir durante horas e, inclusive dias, em diversas superfícies. Se nalguma circunstância, não tiver um lenço de papel e tossir ou espirar deve cobrir a boca e o nariz com o braço ou antebraço, para evitar contacto direto com superfícies contaminadas. Nestas situações, o uso de máscara é muito importante. Mesmo que não se aperceba toca diversas vezes no rosto por dia. Muito facilmente colocamos o telemóvel em contacto com alguma superfície contaminada e, de seguida, aproximamos do rosto ou da boca para realizar uma chamada. São estes hábitos que fazem do telemóvel um potencial veículo de transmissão e, como tal, devemos ter a precaução de o desinfetar, de modo adequado e frequente.
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É urgente reforçar que atravessamos uma fase que exige prudência e não alarmismo, de ciência e de factos. Estamos exaustos de saber que a doença silenciosa se transmite por contacto físico, superfícies e objetos contaminados. As gotículas libertadas pelo nariz ou boca quando tosse ou espirra podem contaminar quem estiver próximo de si. Por isso, é premente reforçar os cuidados básicos de higienização como lavar frequentemente as mãos e usar sistematicamente uma máscara. Podemos reduzir a exposição e transmissão da doença ao cumprir a distância de segurança e restringindo as deslocações ao estritamente necessário.
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A correta desinfeção dos ecrãs é fundamental para garantir a segurança de todos, uma vez que existe a tendência de partilhar objetos ou mesmo permitir que outras pessoas toquem no nosso telemóvel. Recomendo que desligue o telemóvel e, em vez de pensar em aplicar qualquer substância, recorra a um pano húmido ou a álcool isopropílico. Naturalmente, quem usa óculos ou lentes de contacto corre um maior risco de contrair o vírus! Para minimizar o perigo de infeção por Covid 19 deve deixar de esfregar os olhos. Se sentir desconforto nos olhos ou precisar de ajustar os óculos deve ter a precaução de usar um lenço de papel, em vez da mão ou dedos. Os usuários de lentes de contacto devem utilizá-las o menos tempo possível e aumentar os cuidados com a sua desinfeção. Tenha o cuidado de lavar as mãos com frequência antes de retirar ou colocar as lentes. Os óculos devem ser lavados com água e sabão várias vezes ao dia e, limpos com a microfibra para não danificar a armação ou mesmo a lente. Tenha ainda a precaução de desinfetar todas as superfícies onde decidir colocar o estojo das lentes ou os óculos. Em coerência com o estado crítico atual e, visando a redução do contágio, muitas foram as clínicas oftalmológicas que encerraram. Decerto, não imaginaríamos que este vírus iria gerar tamanho impacto em todos os setores de negócio. Esta crise que vivemos incentivou muitas empresas a encarar a tecnologia como um grande aliado no combate à pandemia. A transformação digital exigiu mais disciplina e uma mudança de paradigma na performance de muitos funcionários e empresas. A terapia online, o Home office e o ensino à distância fazem agora parte das nossas rotinas. Ainda assistimos a uma revolução silenciosa no campo da telemedicina.
As plataformas e ferramentas digitais viabilizaram continuar a atender todas as necessidades médicas e terapêuticas dos pacientes. As origens da telemedicina remontam à Grécia Antiga, porém esta crise veio reforçar a importância desta técnica para o futuro da saúde. A telemedicina é a solução que desafia todas as barreiras físicas e dá resposta aos desafios atuais e, à consequente procura por serviços de assistência médica. Precisamente por lidarmos com uma doença respiratória os cuidados oftalmológicos são nestes tempos imprescindíveis! Quem for infetado com o novo coronavírus pode revelar sintomas oculares. Assinalo que a conjuntivite é uma inflamação da membrana que cobre todo o globo ocular. E, para o nosso azar, manifesta-se através de olhos irritados, vermelhos e lacrimejantes. Nunca foi tão premente ter acesso a informação transparente e esclarecedora! A conjuntivite viral pode ser uma das primeiras manifestações do vírus, podendo revelar infeções respiratórias das vias aéreas superiores. A Clínica Oftalmológica CLINSBORGES está, por isso, apta a realizar teleconsultas e telemonitorização para consultas de rotina e de urgência oftalmológica.
Continuamos a analisar o quadro clínico e a orientar os pacientes para o tratamento oftalmológico adequado. As ferramentas digitais já permitem enviar uma simples prescrição de medicamento ou óculos e, avaliar a evolução dos sintomas dos pacientes. As teleconsultas que disponibilizamos são gratuitas, mas requerem marcação prévia obrigatória. Por fim, o meu último apelo é que consigamos abstrairmo-nos do filme apocalíptico que enfrentamos e, que todas as nossas energias sejam canalizadas em força e união para vencermos mais uma grande batalha. Lutamos todos pela mesma causa. Acredito que esta será mais uma dura batalha que a humanidade vai vencer. Mas, mais do que nunca, precisamos da ajuda de todos! Covid estamos de olho em ti!
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