LV 87

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EDIÇÃO PORTUGAL • Nº 87 • MARÇO 2020

Vera Alves e Rui Pacheco

Distribuição exclusiva a profissionais • Preço de Capa: €7,50

Uma nova forma de ótica

Nora Cabrera e Fabio Ferracane

MITA : Uma nova relação entre moda e sustentabilidade

1º Encontro Internacional da Visão e Desporto

A importância dos optometristas no desporto

Essilor

Transitions: Nova geração imbatível




16

20

26

CECOP

Vera Alves e Rui Pacheco

Pedro Soares

Uma nova forma de ótica

Uma nova vida nos Conselheiros da Visão

28

32

38

Essilor

Nora Cabrera e Fabio Ferracane

Adaptação de lentes de contacto em 2019

BREVES

ENTREVISTA DE CAPA

Parceria com Grupo Universal

OUTROS OLHARES

OLHAR O MUNDO

Transitions: Nova geração imbatível

MITA : Uma nova relação entre moda e sustentabilidade

42

PONTO DE VISTA Raúl Sousa Índice | 4 |

Nova conduta, os mesmos cuidados da visão

Tema de Capa: Antes do início destes tempos desafiantes, captámos uma forma jovem e apelativa de fazer ótica, através dos arrojados Vera e Rui.

Diretora: Editora: Redação: Design e Paginação : Fotografia: E-mail: Tel: Periodicidade: Tiragem: Impressão: Preço de capa em Portugal: LookVision é publicada em Portugal pela Parábolas e Estrelas – Edições Lda. com sede na Rua Manuel Faro Sarmento, 177, 4º esquerdo, 4470-464 Maia, Portugal NIF: 510195865 Qualquer crítica ou sugestão deve remeter-se para: lookvision_portugal@hotmail.com

Patrícia Vieites Carla Mendes Carla Mendes, Mariana Teixeira Santos Paula Craft Paula Bollinger, Miguel Silva, Hugo Macedo lookvision_portugal@hotmail.com 96 232 78 90 Mensal 2000 exemplares Uniarte Gráfica, S.A 7,50 euros Depósito Legal n.º 419707/16 Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusive comerciais. Os artigos de opinião e os seus conteúdos são da total responsabilidade dos seus autores. Registo na ERC n.º 126933

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2020 pode ser o seu ano Mais de 1100 ópticas associadas em Portugal, Espanha, Colômbia e no México tornam-nos, pelo segundo ano consecutivo, num dos grupos ópticos mais importantes do mundo. 2020 pode ser o ano ideal para nos escolher. Contamos consigo?

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Editorial | 8 |

Vamos resistir! Quando começamos a produzir esta edição éramos livres. Saímos à rua em busca das novidades, no meio da multidão, entrámos nas óticas, abraçamos os nossos profissionais sem restrições, aplaudimos novas tecnologias entre pessoas de todo o país, e ouvimos atentamente, numa sala repleta, os cientistas e as suas vitórias. Sentimos a intensidade deste contacto humano que nos faz um meio de comunicação sempre vivo e, acima de tudo, feliz. Hoje estamos fechados, isolados, em luta. Parece o fim de uma era aos olhos de quem sempre viveu em liberdade. No entanto, como profissionais do contacto humano, das conversas próximas, dos segredos revelados e dos olhares eternizados sabemos que esta é a maior libertação de sempre. Perceber que há na massa crítica do setor a coragem de nos elevarmos acima da crise, seja ela qual for. Estamos seguros de que neste desafio que o novo corona vírus nos lançou, o Covid-19, o abalo vai voltar a ser também a determinação. Garantimos, por isso, que vamos manter os laços que nos unem, nas nossas páginas seguras. Palavras sem toque, mas plenas de informação que mantêm fornecedores, óticos e players em ação... mesmo sem o calor daquele abraço que precede o texto escrito. Nas nossas palavras está a presença do seu negócio, as estratégias que levarão o setor de novo para o topo do mundo. Vamos resistir, sempre! Claro que, enquanto olhamos o mundo a partir de nossa casa, ou dentro de uma ótica limitada às recomendações das entidades de saúde, ou de um outro qualquer posto de trabalho essencial à qualidade de vida da população, recomendamos demorar-se na LookVision Portugal que tem na mão. É o último fôlego de liberdade antes da luta e vive dessa inocência e alegria. A nossa capa, que nos ensinou a viver os óculos com uma paixão fresca e honesta. A nova fase dos Conselheiros da Visão, ao assumirem novos contornos e vantagens diferenciadoras. A mais recente da famosa tecnologia Transitions, sob assinatura da Essilor. As palavras de incentivo a um planeta melhor da nova marca global MITA. A optometria que se reforça no desporto e as conclusões sobre estudos incansáveis e incisivos dos cientistas da Universidade do Minho na área da contactologia. Entretanto é altura ideal para anunciar que a LookVision Portugal também vai renascer desta fase com uma nova vida, baseada no tal sonho de liberdade e de independência. Estamos ansiosos. Esteja connosco, não saia da segurança, porque lhe vamos trazer toda a ótica que interessa, sem perigo e com a certeza de contribuir para a edificação de um setor mais forte. A ótica está aqui!

Estatuto Editorial / Sinopse A LookVision é uma revista profissional dedicada ao setor da ótica, contando com presença integral online através da plataforma isuu.com. A LookVision tem o objetivo de cobrir os acontecimentos específicos do seu setor e retratar a informação de forma rigorosa, com toda a dedicação e competência. A LookVision traz uma abordagem íntima, atualizada e assertiva sobre o setor da ótica em Portugal, esmiuça perspetivas de outros países sobre a situação do mercado, retrata tendências em óculos, expõe dados científicos essenciais aos técnicos da área com o apoio dos oftalmologistas e optometristas e aborda de forma inédita os empresários que gerem os estabelecimentos nacionais. A LookVision compromete-se a respeitar os princípios deontológicos e a ética profissional aplicada à atividade profissional dos jornalistas, assim como a boa fé dos leitores, através do trabalho dos seus colaboradores e diretor. A LookVision é independente do poder político e de grupos económicos, sociais e religiosos.


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Alcon e o logo da Alcon são marcas registadas da Alcon. ©2020 Material revisto em fevereiro 2020 - PT-INC-2000001


Making Off | 10 |

A vida baseada em óculos especiais Fotos: Miguel Silva

Vera Alves e Rui Pacheco são a perfeita imagem dos óculos que defendem. Bonitos, com bom gosto, informais e encantadores. Encontram na forma de viver o retalho eyewear a eterna fonte de juventude, que os mantém motivados, criativos e de olhar brilhante. Ao assumirem a complexa tarefa de levar os designers independentes à população de Guimarães e ao mundo, ganharam novo fôlego e têm a certeza que este é o caminho de uma ótica que merece ser elevada a arte.


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VAVA

Breves | 12 |

De Portugal para todo o lado A marca de coração português tem registo do seu sucesso patente nos rostos de algumas das mais famosas personalidades do planeta. O design único de cada criação de Pedro Silva ganhou espaço nas predileções de quem anda sempre nas “bocas do mundo” espalhando a notoriedade da VAVA. Cristiano Ronaldo é o grande destaque deste rol de talentos.

MIDO

Acontece em julho! A Mido Exhibition acaba de lançar as novas datas da edição do seu 50º aniversário. A feira de Milão realiza-se entre 5 e 7 de julho, ou seja, de domingo a terça-feira. “Depois da decisão de adiar a MIDO, cuja assertividade foi confirmada com a escalada de emergência que aconteceu nos últimos dias e as respetivas precauções adotadas pelo governo italiano, trabalhámos sem parar nas últimas 72 horas para definir as novas datas de acordo com as necessidades do setor. Graças à colaboração de toda a equipa e da própria Fiera Milano, conseguimos estabelecer-nos no calendário. Adicionalmente, com o apoio das mais importantes empresas, reunimos durante este período com expositores, compradores e acionistas, porque a MIDO é um ponto de referência para o setor e, acima de tudo neste momento delicado, é o reflexo do eyewear italiano e internacional, um recurso único reconhecido globalmente como um importante segmento económico para o nosso país”, esclareceu Giovanni Vitaloni, presidente do certame.

Komono

Relíquias que reavivam memórias A Relics Collection da Komono reconquista de forma “deliciosa” os óculos oversized. Um registo de elegância e atrevimento desenha os estilos redondo da Janis, os cat eye da Liz e da Ellis e o retangular do modelo Sue. A palete de cores assegura o impacto destes designs incontornáveis, que se pautam pelo ritmo do hit de Led Zeppelin, Whole Lotta Love, a inspiração dos criativos Komono.



Breves | 14 |

Mykita/Leica

Um conluio altamente tecnológico A marca de óculos de Berlim, Mykita, e a casa dedicada às máquinas fotográficas e mais recentemente às lentes oftálmicas, Leica, unem o melhor das suas qualidades de engenharia e design made in Germany para criar uma coleção de alta alta performance. A manufatura reconhecida da insígnia eyewear compactua de forma brilhante com as lentes Leica Eyecare num resultado de extrema precisão, linhas cativantes e pleno de detalhes astuciosos.

Lara D’

Obras de arte para enquadrar os olhos Para os dias quentes de 2020, a marca italiana desenvolvida pela designer Lara D’Alpaos propõe contrastes e combinações em óculos de estilo único e de atitude artística. A nova coleção Combi trabalha acetato e metal em formatos angulares bem definidos e ainda uma vasta e rica mistura de tonalidades que circunscrevem modelos criativos e frescos. “O novo conjunto traz uma direção moderna para a primavera/verão de 2020. A minha ideia foi transformar cada peça em arte para o rosto e produzir uma variedade de cores e combinações suficientes para transformar as armações num acessório verdadeiramente cativante, apontadas a uma audiência ampla com um desejo específico: usar óculos que emancipam e destacam com estilo, beleza e caráter...”, explicou Lara D’Alpaos.

GrandOptical

Cliente de Excelência by Raquel Strada A GrandOptical Portugal apresenta a comunicadora Raquel Strada como protagonista de dois filmes de sessenta segundos, que querem elevar a perceção do que é ser um Cliente de Excelência. As filmagens aconteceram na loja da GrandOptical do Oeiras Parque, uma das mais recentes da marca. Diretamente na ótica, Raquel Strada revela o centro de visão de tecnologia avançada, com o qual as lojas do grupo premium estão equipadas e preparadas, e a variedade de marcas disponíveis. Os conteúdos serão transmitidos em exclusivo nos canais da FOX, a partir de março.


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Breves | 16 |

Vision Expo

Anuncia evento conjunto em Las Vegas A feira norte-americana decidiu cancelar o evento de Nova Iorque, previsto de 26 a 29 de março, e uni-lo ao certame de Las Vegas, de 23 a 26 de setembro. Ou seja, Vision Expo East e West consolidam-se numa só e criam novas formas para a comunidade da ótica se conetar até setembro. A decisão baseia-se na monitorização ativa e próxima dos desenvolvimentos relacionados com o vírus Covid-19, nos relatórios recentes das organizações oficiais de saúde, na consulta dos parceiros da Vision Expo no Vision Council, o organizador da feira, e na comunidade global dos cuidados da visão. A estratégia está então delineada para que, durante março, a Vision Expo fomente encontros digitais entre os expositores e os visitantes pré-registados. A organização da feira norte-americana vai ainda trabalhar na criação de serviços customizados para os participantes de forma a maximizar resultados de sucesso na próxima Vision Expo West. “Foi uma decisão difícil para a nossa organização, mas em última instância, o painel de diretores do Vision Council acredita que a segurança e bem-estar dos nossos membros, expositores, visitantes e equipa tem que vir primeiro. Adicionalmente, queremos ser solidários com os expositores e visitantes que não poderiam viajar para a Vision Expo East, em Nova Iorque, devido às restrições aéreas”, declarou Ashley Mills, CEO do Vision Council.

CECOP

Parceria com Grupo Universal A comunidade global de ótica absorveu o Grupo Universal, um grupo espanhol com cerca de 100 óticas concentradas maioritariamente na Catalunha, para garantir um serviço a 360 graus a todos os associados. Com esta parceria estratégica, o núcleo formado pela CECOP e pelo Grupo Universal torna-se mais preponderante no mercado da ótica em Espanha e consolida o relacionamento com os fornecedores de ambas as empresas. A CECOP continua, desta forma, a fazer crescer a visão de contínuo crescimento, transformando o setor e consolidando sua posição internacional.

Götti

Back from the future A Götti Switzerland não abranda o ritmo criativo e propõe este estilo “extraterreno” em óculos de sol, ou melhor, de uma outra dimensão! A linha Dimension ganha uma máscara arrojada que se eleva na cor dos frontais em poliamida e na inovadora charneira sem parafusos, reconhecida como assinatura da marca suíça. É a forma perfeita para realçar estilos e personalidades e, acima de tudo, manter as ideias nas nuvens.


Preparado para graduação MODELO APRESENTADO: ALELELE BRIDGE

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Okia

Breves | 18 |

Nova forma ao planeta Em busca de um futuro mais sustentável e para ajudar na atual crise de plásticos no planeta, a Okia lançou, em 2019, a coleção Reshape, que transforma cinco garrafas num modelo eyewear duradouro, flexível e amigo do planeta. Como novidade desta linha “verde”, a marca de Hong Kong anunciou o desenvolvimento de um plástico biodegradável, criado a partir de garrafas recuperadas. Este aperfeiçoamento da Reshape pode, em última instância, transformar-se em dióxido de carbono, água e biomassa num processo de cinco anos de degradação. E não é só a armação, mas também as lentes que são totalmente biodegradáveis, tudo envolvido num pano de limpeza e estojo feitos em matérias recicladas. É altura de fazer a diferença!

MultiOpticas

é Marca de Confiança O grupo de óticas arrecadou, pelo oitavo ano consecutivo, o prémio que atesta a confiança dos consumidores portugueses na marca. A Marca de Confiança na categoria de ótica pertence à MultiOpticas desde que foi instituída esta classe. A revista Selecções Reader’s Digest assume a responsabilidade pelo estudo e pela atribuição dos prémios, onde o grupo surge no topo da tabela. São 59.6 por cento dos inquiridos a escolherem a ótica como Marca de Confiança. Atributos como qualidade, relação qualidade/preço e serviço ao cliente são os fatores chave para que a MultiOpticas conquiste o galardão. O selo Marca de Confiança foi o primeiro do género realizado em Portugal e tem conquistado um lugar de destaque, com as marcas vencedoras a usarem o selo como símbolo de reconhecimento e qualidade. O questionário enviado aos leitores da revista é de resposta aberta e imediata e não existe qualquer tipo de sugestão/inscrição das marcas no estudo, sendo os próprios leitores da publicação que ditam o vencedor.

Safilo

E Isabel Marant anunciam parceria A produtora eyewear italiana assinou um acordo de dez anos com a influente marca francesa de moda que, desta forma, se inicia no design de óculos. A primeira coleção Isabel Marant lança-se em 2021, no calor da primavera/verão. “Estamos felizes por incluir no nosso portefólio uma das insígnias francesas mais cool, cuja expressão única e estilo icónico assegura o seu destaque no segmento de design de luxo. “Este posicionamento entre o contemporâneo e o luxo tradicional permite às marcas focados no design e ditadoras de tendências, como a Isabel Marant, cativar e envolver as gerações Z e os millenials com a sua originalidade, reconhecimento e autenticidade”, declarou Angelo Trocchia, CEO do grupo Safilo. Por sua vez, a criativa Isabel Marant expressou que “com a Safilo partilhamos a mesma energia criativa e entusiasmo pela experimentação e temos a certeza que juntos iremos maravilhar os nossos clientes em todo o mundo.”



Kyme

Breves | 20 |

Uma história que se conta com óculos A casa nascida no sul de Itália renova-se na nova campanha de 2020. Os criativos da Kyme inspiraram-se no contexto histórico da revolução da década de ’60 e produziram desenhos em torno de conceitos de variedade e identidade. As novas peças eyewear são vigorosas e vanguardistas e destaca-se nos detalhes primorosos em metal nas charneiras e nas cores sólidas e apelativas.

Opticalia

Novas lojas auspiciam ano de recordes O grupo multinacional fechou 2019 com novos associados em Celorico da Beira, São João do Campo e Celeirós, mas abriu 2020 ainda melhor. Os primeiros meses do ano trouxeram à Opticalia o grupo Brancóptica, com os seus 18 pontos de venda disseminados por Almeirim, Cartaxo, Marinhais, Rio Maior, Santarém, Aveiras de Cima, São Domingos, Samora Correia, Quinta da Cabreira, Amadora, São Martinho do Porto, Queluz, Vila Franca de Xira, Coruche, Peniche, Nazaré, Alcântara e Infante Santo. Ou seja, a contagem da marca azul alarga-se agora às 256 óticas. “O ano de 2020 está a começar da melhor maneira, com a revalidação do Prémio Cinco Estrelas em Serviços Óticos, pelo 6º ano consecutivo, e com a integração de um player forte e reconhecido como a Brancóptica no nosso grupo. Estamos entusiasmados e focados na orientação a dar à nossa marca nesta sua fase de consolidação no mercado português”, celebrou António Alves, diretor da Opticalia em Portugal.

Optivisão

50 anos de Oculista da Pontinha A ótica associada do grupo português celebrou, a 14 de fevereiro com os seus clientes e amigos, meio século de trabalho. O Oculista da Pontinha, situado na avenida de S. Pedro, em Lisboa, proporcionou, a partir das 15 horas, uma festa alargada a mais de 80 clientes que brindaram e conviveram com os dinamizadores do negócio aniversariante. Esta casa está enraizada há 50 anos naquela área, contribuindo ativamente para a melhoria da saúde visual dos clientes locais, através de profissionais exímios e produtos de qualidade.


Vamos renascer na liberdade. Vêm aí novidades!

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Vera Alves e Rui Pacheco

Entrevista de Capa | 22 |

Uma nova forma de ótica No verão de 2019, a nossa equipa foi atraída a Guimarães para a celebração da independência. Ou melhor, uma ótica e uma marca eyewear independentes saíram à rua e celebraram a arte e a beleza em óculos. Ficámos fascinados com o brilho da Ótica do Bairro Concept Store e com a leveza dos seus dinamizadores, Vera Alves e Rui Pacheco. Jovens, ela pneumologista de formação e ótica durante quase uma década, ele do marketing. Sentiram o apelo pelos óculos numa visita à MIDO e à famosa loja italiana Punto Ottico Humaneyes. Nasceu um reduto de paixão pela ótica em plena cidade fundadora do nosso país. Nas paredes desta casa só desfilam peças feitas por apaixonados do design, e claro, o atendimento premium de quem as escolheu. Vera e Rui são uma equipa dentro e fora da ótica e têm uma cumplicidade que justifica o sucesso em crescendo no mercado. Têm uma visão simples, mas virada para um futuro que já se desenvolve perante os olhos de quem está no setor do retalho eyewear. Aliás, a par da fundação da loja da alameda São Dâmaso, nasceu desde logo o website e o e-commerce que flui a favor da marca vimaranense e a leva na atual viagem global que o consumo clama. Fotos: Miguel Silva


•• “ Sempre sonhei faz er algo difer ente. Algo meu e único, senão ser ia m ais uma” ••

Entrevista de Capa | 23 |

E como é que dois jovens aparentemente com outros objetivos de vida se juntaram à nossa “família” da ótica? Vera Alves aparenta paz na forma como se expressa e posiciona, mas é inquieta em todo o seu ser. Foi a ótica que lhe abriu portas a uma carreira profissional estável, porque antes de assentar neste mercado trabalhou sem reservas em muitos mesteres. A provocação do design eyewear foi mais forte, depois de ter vivido a polvorosa de uma incrível MIDO! Rui Pacheco é a extensão da sua vida, nas ideias, nos investimentos e no amor. Juntos descobriram um mundo onde podiam partilhar paixões e conhecimentos. Na difícil tarefa de se definirem como pessoas fora das fronteiras da Ótica do Bairro, olharam-se cúmplices confessando que não têm hobbies, nem paixões que justifiquem uma foto de capa com determinada direção. Mas enganam-se. Deixam transparecer o gosto que têm nas descobertas pelo exercício intelectual. Nas suas palavras descobrem-se dois empreendedores metódicos e informados, imparáveis e vocacionados aos grandes desafios. E parece que atraem a si um mundo que quer partilhar desta inquietude. Claro que, quando desligam este modo de “luta” vivem o melhor que a vida tem, nas viagens, nas experiências de bien vivre e no abraço da família que os motiva e os impele a crescer na direção certa: a sua! Sob este espírito, sentimos a inspiração de quem observa da primeira linha o desenvolvimento de um setor que continua a atrair as melhores pessoas para as suas fileiras. Vida longa à ótica! Já esta entrosada na ótica há muito tempo? Vera Alves: Antes de ter o meu negócio trabalhei no setor oito anos. Mas houve algo no mercado que a fez sonhar a Ótica do Bairro. VA: Sim, sempre sonhei fazer algo diferente. Algo meu e único, senão seria mais uma. Aliás, com as colegas da ótica onde trabalhava, costumávamos brincar que deveríamos ter uma loja nossa. No sítio onde estava já não era feliz e foi o incentivo para começar a pensar a sério nesse assunto. Mas porque se quis distanciar do que se faz na ótica? VA: A questão centrava-se mesmo na vontade de proporcionar algo distinto, algo com que nos identificássemos, não porque houvesse algo no setor que não concordássemos. Fomos à MIDO daquele ano e vimos tantos produtos originais que ficámos fascinados. Falámos com a comercial, da VAVA, e ela levantou-nos o véu sobre imensas marcas alternativas e ainda a ideia de irmos visitar a loja Punto Ottico

Humaneyes. Apaixonamo-nos pelo conceito. E desta forma definimos o que queríamos para nós. Ou seja, queriam algo que vos fizesse felizes todos os dias. VA: Sim, e ficamos, também pelo cliente que nos entra pela porta, que embora seja mais exigente, identifica-se connosco. Já proliferam marcas alternativas incríveis, mas como é que a população de Guimarães absorve estes ideais? VA: É um processo moroso e temos mais facilidade em passá-los aos turistas, não só os estrangeiros, que absorvem logo detalhes como a qualidade superior, se é feito à mão e adoram o conceito. Até se queixam de não terem uma ótica do género perto de casa. A comunidade local ainda “desconfia”.


Entrevista de Capa | 24 |

No entanto circula a ideia de que esta filosofia de venda de óculos tem mais adesão dos profissionais no norte do que no sul. Acho que tem a ver com o facto de que a população do norte precisa de ter mais ideias para ter o sucesso que, por exemplo, em Lisboa, em qualquer área de negócio. Até costumo dar o exemplo dos eventos paralelos da Moda Lisboa e do Portugal Fashion, no Porto, que forçou os organizadores do acontecimento nortenho a fazer “trinta por uma linha” para singrar. Sendo que na capital a afluência tem mais garantia, enquanto o mesmo evento na Invicta exige mais investimento para se atingir o mesmo número de seguidores.

E não têm essa vontade, de levar a Ótica do Bairro para outras paragens? VA: Vou ser sincera, já pensamos nisso! Aliás, já pensámos em tudo, porque a empresa arrancou lentamente. E não é só pelos óculos diferentes, também pela loja e fomos alertados para isso, de sermos associados a um espaço caro. Rui Pacheco: E na realidade a diferença entre nós e outra ótica qualquer não é tanta, a não ser que não temos um marketing agressivo como alguns grupos. No fundo os preços são os mesmos. Mas estão localizados aqui numa linha de lojas que é para um segmento alto. VA: Sim, mas esta alameda, assim como está, é recente. E sim, é uma rua de lojas de um segmento mais alto, mas porque era aqui que havia mais disponibilidade de lojas e daí este fenómeno e desenvolvimento. O comércio está mais concentrado no largo do Toural e na rua de Santo António, onde, aliás, estão as óticas mais antigas. Mesmo assim ainda demorámos um ano a encontrar este espaço e tivemos que o bloquear no dia em que o descobrimos. E sobre a concorrência, de que forma a encaram? RP: Antes de nos estabelecermos aqui, estudámos todas as regiões adjacentes e não há local que não tenha imensas óticas. Até Famalicão, que não tem shopping, tem muitas lojas, ou Fafe onde proliferam tantas lojas de ótica numa densidade populacional mais pequena. Dá para todos, porque ninguém fecha. Embora Guimarães tenha imensa população flutuante. VA: Sim, trabalhamos com muito turismo, e, desde que Guimarães foi capital da cultura, a cidade evoluiu bastante e nós também usufruímos disso. É preciso ter coragem para se atreverem, a contrariar o que o mercado vai fazendo. É um trabalho de reeducação do consumidor? VA: Os fornecedores usam sempre uma expressão que é “partir pedra”, para aquilo que fazemos. RP: No nosso círculo de amigos até dizem que se calhar abrimos isto cedo demais (risos).

Na altura que estivemos aqui na apresentação da VAVA, a Vera estava com algum receio da conjuntura que rodeava o negócio. Como se desenvolveu esta matéria entretanto? VA: Houve mais sucesso no negócio, mas também já estamos quase a terminar o segundo ano e naquela altura estávamos na viragem para o tempo quente e tudo melhorou imediatamente. E o próprio evento também ajudou a dar notoriedade à nossa marca e ao nosso conceito. No entanto, e quase dois anos depois da abertura, ainda temos quem venha aqui e seja da terra e não ouviu falar de nós. E o que outros esforços empreenderam para se fazerem ver? VA: Participamos nos jornais e revistas locais, nas redes sociais, fizemos um evento num bar conhecido cá, o Século XIX, com os óculos expostos, temos o site e temos a participação no Just Happy Days, uma plataforma online de comércio de lojas de rua. Uma espécie de Farfetch que divulga o comércio local. Estamos também a ponderar integrar a Dott, que já tem dimensão nacional. As concept store são ainda residuais no nosso país, principalmente ligadas à ótica. Será que é este o futuro do setor, considerando que há grandes mudanças a acontecer? RP: Na realidade a ideia de concept store enquanto lojas com múltiplos produtos recupera a “vida” das primeiras óticas, que vendiam joias e óculos, por exemplo. E voltamos a esse conceito? VA: No nosso caso, no início foi para fundamentar as marcas distintivas, mas pensando que no futuro podíamos introduzir algo diferente. Entretanto já tivemos joalharia de autor e cerâmica. E vamos pesquisando. RP: Acredito que vai haver estas duas versões do retalho da ótica no futuro, em que de um lado mantêm-se os independentes


e do outro os grupos que vão criando climas de monopólio. Há leis que deveriam ser aplicadas nestes casos, porque vão acabar por tentar travar o crescimento dos independentes. VA: E quem quiser manter-se no mercado e independente terá que batalhar e distinguir-se precisamente nesse nível, vocacionados a clientes que não querem o que todos querem.

E vocês, em particular, estão bem lançados no projeto online. RP: Sim, aliás, até ditamos uma tendência entre os nossos colegas, que quando perceberam que estávamos a desenvolver a presença online e nas redes sociais também começaram a fazê-lo. Quem era a Vera antes desta ótica? Era este um sonho de sempre? VA: Não, de todo, mas adoro. A vida levou-me neste sentido. Sempre gostei da área da saúde, aliás sou licenciada em Cardiopneumologia, mas não tive oportunidade de exercer. Sou muito ativa e quando acabei o curso não queria esperar por uma oportunidade profissional nem trabalhar de graça, coisa que a maioria dos meus colegas faziam. Então trabalhei em muitas áreas e aportei na ótica. Foi a MIDO e a Punto Ottico Humaneyes que me mudaram a vida e que me levaram a entrar nos meandros das marcas independentes e na filosofia de concept store. Claro que nos lançamos com vontade de fazer o nosso trabalho e sermos reconhecido por isso, com ética e responsabilidade. Ponderei enveredar pela optometria, para conhecer a fundo os meandros das consultas e ainda não está posta de parte. Neste momento, estou ligada à gestão e dou a cara no atendimento. E têm todos os serviços tradicionais das óticas? VA: Sim, porque acredito que se fugíssemos desse padrão, os níveis de desconfiança

E o Rui, de onde vem? RP: A minha área é o marketing e, portanto, quando nos propusemos nesta aventura tratei de desenvolver o site e o e-commerce através de especialistas informáticos, claro, mas com essa visão de presença alargada e global. Faz sentido, apesar de que dá imenso trabalho e tem ritmo alucinante.

São uma equipa dentro e fora da Ótica do Bairro. RP: Sim, tentamos ser (risos). Felizmente temos as mesmas ideias e tentamos convergir no mesmo sentido. A aprendizagem e a descoberta foi comum neste conceito e depois no nosso dia a dia aplicamos isso mesmo. Adorava fazer muito mais ter mais investimento no marketing, porque é um mundo que custa muito dinheiro, mas vou contornando na forma como posso para chegar a um público mais abrangente para a Ótica do Bairro.

E esta questão do online ainda não faz bem parte da rotina dos consumidores de óculos, pois não? Desde que temos o site vendemos 0 para Portugal, no entanto já recebemos encomendas dos EUA, México, Hong Kong, Alemanha, Itália, França, entre outros. Temos ainda um chat online que interage com os consumidores no momento da compra e registámos que os clientes estrangeiros demoram cerca de cinco minutos, entre a pesquisa, alguma dúvida, escolha e pagamento. VA: Houve uma vez uma que uma cliente me perguntou se lhe ficariam bem, mas damos todas as garantias de troca e devolução.

Que futuro sonham para a vossa empresa? RP: O futuro que sonhamos é muito fácil: que funcione sempre bem e que os clientes que nos procurem saiam, como já acontece, sempre felizes. Aliás, às vezes conversamos sobre como é possível determinado modelo que adoramos ainda não se ter vendido! Portanto o ideal era encontrar mais pessoas como nós (risos). VA: Sim, seria fácil. Ou seja, adoramos comprar as coleções e queríamos encontrar pessoas que partilham dessa paixão. Há quem diga que estaríamos melhor se tivéssemos duas ou três óticas. Mas não, quero que esta seja o nosso espelho: intimista e uma referência para quem goste de óculos.

ainda seriam piores. (risos) Temos um optometrista que garante um atendimento mais abrangente aos nossos clientes.

Entrevista de Capa | 25 |

E está a nascer um novo tipo de consumidor. VA: Isso está, consumidores que se querem diferenciar e que estudam os produtos. RP: E para os independentes, esse será o caminho. Os grupos continuarão a apostar no mass market que bombardeia as pessoas diariamente. E vai demorar muito tempo até que se imponha uma mudança mais transversal, décadas até. Somos um país envelhecido, sim, mas com uma esperança de vida em crescendo e as comunicações massivas ainda influenciam muito estas pessoas. Os mais novos já pesquisam online e analisam alternativas àquilo que veem nas comunicações de massa.


O que o motiva na assunção da presidência do grupo Conselheiros da Visão? A responsabilidade foi-me conferida por uma maioria esmagadora de associados aos quais eu não poderia negar-me. Esta escolha é consequência do meu entendimento e dedicação à ótica em todas as suas vertentes: no trabalho em loja, na relação com o público, na gestão do negócio com sucesso e na ótima relação com os colegas. Foi um percurso natural. Desde que a Optitorres e a Opticaldas integraram o grupo Conselheiros da Visão (GCV), que me envolvi, e participei na sua atividade. Fiz parte de grupos de reflexão e discussão, assumi o cargo de secretário da mesa da assembleia geral e, por último, integrei durante nove anos a direção, desempenhando as funções de diretor responsável pelos recursos humanos e depois de diretor financeiro. Tem sido uma dedicação levada ao limite, para retirar o menor tempo possível à minha empresa, da qual sou sócio com mais duas pessoas com quem divido a gestão. Assumi esta responsabilidade com a intenção de, conjuntamente com um grupo de diretores unidos e empenhados, alcançarmos novas ideias e soluções para o desafio dos próximos tempos.

Olhar em Português | 26 |

Na entrada de uma nova direção dos Conselheiros da Visão vai existir uma cisão com o que tem sido feito até agora? A mudança é necessária, mas sem cisões. É natural que, sendo a direção composta por pessoas diferentes, haja também ideias diferentes. O GCV é uma cooperativa e por esse motivo todos são chamados a contribuir para a grandeza da instituição. É um desafio interessante, possível, e nunca fez tanto sentido como agora, com os óticos cada vez mais focados no seu negócio, à espera de ideias e apoios que lhes permitam alcançar mais sucesso.

Pedro Soares

Uma nova vida nos Conselheiros da Visão A LookVision Portugal quis registar a mudança que os Conselheiros da Visão estão a dinamizar. Pedro Soares é o rosto de uma nova fase do grupo, assumindo a presidência desta marca nacional com uma postura focada na inovação, num mercado que renasce sobre si mesmo e, principalmente, nas pessoas que o desenvolvem. Por tudo isto, espera-se um novo fôlego dos Conselheiros da Visão, com imagem renovada, novas diretrizes e nova esperança.

Quem são os novos corpos sociais? Os órgãos sociais são compostos por pessoas que representam cada empresa associada: uma direção com cinco elementos, uma mesa da assembleia geral com três elementos, um conselho fiscal também com três elementos e um conselho consultivo composto de 23 elementos. É, portanto, um grupo que permite uma grande representação dos seus associados e onde é possível participarem ativamente na dinâmica da cooperativa. Mais especificamente, a direcção recentemente eleita é composta por: Pedro Soares, presidente em representação da Optitorres e Opticaldas, em Torres Vedras e Caldas da Rainha, António Neves Pedro, vice-presidente, em representação do Atelier Óptico, em Mirandela, Sílvia Oliveira, como diretora financeira e em nome da Vieira &


Ramos, de Fátima e Nazaré, André Horta, diretor operacional, em representação do Centro Óptico, de Beja, e Bruno Carloto, diretor comercial em representação da Óptica Visão Clínica em Samorra Correia e no Entroncamento.

Quantas óticas acumulam sob a vossa “bandeira” e qual o número que sonham atingir? Neste momento o GCV tem perto de 200 lojas. Temos como objetivo aumentar o número dos óticos associados e, para que isso seja possível, estamos a preparar novas regras simples, bem definidas, claras e atrativas. Vamos, por certo, colher frutos. Gostaria que os óticos em geral estivessem atentos às mudanças que estamos a operar. Está motivado para assumir este desafio? Como disse anteriormente, o meu envolvimento com o GCV vem desde o dia em que a Optitorres e a Opticaldas, aderiram à cooperativa. Tive sempre uma postura construtiva, o meu contributo foi sempre nesse sentido. A minha personalidade é reservada, preocupada, atenta àquilo que se passa dentro e fora do GCV. Penso que as dificuldades dos óticos que fazem parte da cooperativa são as mesmas que os óticos de outros grupos e dos independentes. Acredito que a solução para ultrapassar estas complicações passa pela sua organização em grupo. Comprar o melhor possível, contribuir para a formação, promover as vendas e gerir com rigor cada loja são as premissas do caminho para o sucesso. É este o desafio que entendo que temos pela frente. Acredito que o GCV será cada vez mais uma boa ferramenta para gerar negócio.

De que forma acha que os Conselheiros mudaram o panorama nacional da ótica? Somos a única e mais antiga organização de capital exclusivamente nacional, o maior grupo de lojas de proximidade e, por isso, constituímos um marco no setor da ótica. Somos altamente considerados pelos nossos fornecedores, que nos vêm como parceiros. Acrescentamos valor aos nossos associados, proporcionamos ferramentas para utilizarem no dia a dia do seu negócio com autonomia, aproveitando todas as potencialidades que o GCV lhes oferece. E de que forma podem contribuir para a nova era da ótica enquanto organização? Há, neste momento, a tendência para que grandes grupos dominem o negócio da ótica em Portugal. O nosso desafio é fazer com que o GCV, através duma capacidade de negociação cada vez maior, de uma boa relação e partilha de objetivos com os fornecedores protocolados e inovando, consiga dar uma competitividade acrescida aos sócios e fazer chegar ao público consumidor uma mensagem de proximidade e de competência apetecida, provocando a procura das lojas Conselheiros da Visão para satisfazerem as suas necessidades visuais. Sem dúvida que, quanto maior for a dimensão do grupo, mais fácil será comprar e comunicar bem. A qualidade do nosso trabalho é igualmente muito importante. Temos um forte investimento em formação, também em parceria com os nossos fornecedores protocolados. E quanto ao seu percurso individual? O meu percurso individual começou com a frequência do curso de Técnico de Ótica Ocular, feito na escola secundária de Benfica, prosseguiu com um estágio profissional no Oculista Central da Graça e depois com três anos a trabalhar na Óptica

Conde de Redondo. A estas pessoas tenho que prestar o meu reconhecimento, pela forma como sempre nos relacionamos, para além da relação profissional e de aprendizagem, uma relação de respeito, admiração e amizade, que ainda perdura. A partir de 1996, a par com as minhas sócias, a Adelaide e a Conceição, iniciámos o projeto da Optitorres e Opticaldas, que me deu a oportunidade de ter chegado a este momento de responsabilidade e contributo no GCV. Em jeito de mensagem, que vantagens garantem os Conselheiros de Visão aos óticos que ponderem filiar-se a um grupo. Vou dizer de uma forma muito breve que pertencer ao GCV é fazer parte de uma família que partilha as mesmas preocupações, que beneficia de forma direta de toda a capacidade de negociação e envolvimento com os fornecedores protocolados, de preços mais competitivos e de uma maior capacidade de comunicação com o cliente, sem perder a sua identidade e capacidade de comunicar com os mesmos. Não há nenhum grupo ótico em que um associado possa participar tão ativamente na sua gestão. Todos têm a possibilidade de serem dirigentes, com quotas iguais e um voto por cada associado. Que sonhos tem para os Conselheiros da Visão? Um grande sonho…fazer do GCV uma ferramenta inovadora reconhecida por todos os óticos, para ser utilizada no dia a dia, permitindo que o negócio dos seus sócios seja economicamente rentável e de sucesso e contribuindo ainda para que aqueles que fazem parte do grupo, tenham a sustentabilidade necessária e suficiente para os seus negócios e as suas vidas. O nosso foco tem que ser sempre a pessoa humana e uma sociedade mais rica e mais justa.

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Considerando que já assumiram os destinos em agosto, que planos estão já traçados para o curto prazo? E objetivos? Foi nosso plano fazer um levantamento de toda a situação da Cooperóptica, conhecer melhor os nossos óticos cooperadores, as suas preocupações e dificuldades e respetivas necessidades. Temos como objetivo dotar este grupo com ferramentas que sirvam os profissionais de forma a tornar o grupo mais competitivo e uma referência para o consumidor. Para isso, estamos a trabalhar uma nova imagem de forma cuidadosa e a melhorar os aspetos operacionais e a relação com os sócios, que passará pela aprovação de novos estatutos e regulamento interno. Estamos ainda a procurar parceiros com o propósito de potenciar o número de clientes nas nossas lojas. O nosso grande objetivo é que o grupo seja visto pelos óticos e pelo consumidor como uma referência no mercado.

•• “Som os a única e ma i s antiga organização d e capital ex clusivame n t e nacional, o maior g rup o de lojas de prox im i d a d e e, por isso, constitu í m os um m ar co no setor d a ótica” ••


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Essilor Transitions: Nova geração imbatível A romântica Estufa Fria, em Lisboa, foi o cenário de um novo episódio para as lentes fotocromáticas Transitions, a 14 de fevereiro. O upgrade assinado pela Essilor acontece após cinco anos de intensivas pesquisas e vem alterar o paradigma da marca. Maior rapidez na ativação e desativação e cores frescas são os novos apelos à Transitions Signature Gen 8. “Temos um plano de comunicação forte e direcionado para as gerações mais jovens e é isso que comunicamos aos óticos aqui. Vamos fazer com que esta categoria possa ter um crescimento mais rápido do que tem tido até agora”, explicou à LookVision Portugal o novo diretor de marketing da Essilor, Luís Leite Rio. Fotos: Rui Vaz Franco

A Estufa Fria encheu-se de óticos de todo o país, que não quiseram perder mais um lançamento inovador da parceira Essilor. Gonçalo Barral, diretor geral da Essilor Portugal, subiu ao palco das apresentações para dar as boas vindas aos profissionais e imprensa presentes, porque “para nós faz todo o sentido quando alcançamos estas inovações, nas quais investimos e que traçam o caminho da ótica, que sejam partilhadas em primeira mão com os nossos parceiros. Os óticos fazem parte integral da cadeia de valor de uma lente. Aliás, a melhor lente do mundo não pode fazer a sua função se não tiver pessoas como vós na cadeia de valor”, realçou Gonçalo Barral. Transitions Siganture Gen 8 acima de tudo o que foi feito Para desenvolver o tema que levou à confraternização, Alberto Silva, diretor de Saúde Visual na Essilor, tomou o centro das atenções e colocou a nova Transitions Gen 8 sob as luzes da ribalta. Trata-se da oitava geração de um produto que revolucionou o mercado, aquando do seu aparecimento.

“Estamos a falar de uma matriz completamente nova que vai fazer com que os pigmentos funcionem de forma diferente e com desempenho acima da média: mais rápidos a atuar, tanto na ativação como na desativação. As Transitions Signature Gen 8 são muito mais claras no interior, e mais escuras no exterior em comparação com a geração anterior. Revelam-se 30 vezes mais rápidas na ativação e 40 por cento mais velozes na desativação, apresentou Alberto Silva. No decurso das pesquisas efetuadas pela equipa da Essilor, em primeiro lugar auscultaram-se os consumidores e as suas premências, para depois perceberem que tecnologia é preciso desenvolver e, finalmente, confirmar se corresponde ao que as pessoas precisam.


Uma geração que aponta a mais gerações Luís Leite Rio foi a voz que divulgou o plano de comunicação da nova Transitions. “Queremos ter a certeza que chegamos a públicos mais jovens e que estes nos ouvem. Sabemos que são mais exigentes, mas também temos a certeza que o nosso produto está melhor que nunca e que respondemos a essas reivindicações. Para além disso, apresentamos mais estilos, com cores mais modernas do que as que tínhamos no passado e servimos a saúde visual”, realçou o responsável. Ou seja, a equipa de marketing quer levar a Transitions mais longe e está garantido disponibilizar-se todo o material publicitário para as óticas. O objetivo é atrair os consumidores às lojas para experimentarem e certificarem a sua superioridade. Os media são um alvo primordial e está prevista uma campanha poderosa na televisão. “Vamos estar pelo terceiro ano consecutivo no canal Fox, durante o verão, pois serve perfeitamente o nosso target e passa bem a nossa mensagem, criando notoriedade. Vamos ser das poucas marcas a patrocinar os Sunset das Fox e vamos conseguir criar conteúdo para estar continuamente a falar com o consumidor e, aí sim, nas redes sociais, nomeadamente Facebook, Instagram e Youtube,

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O diretor de Saúde Visual da marca expôs resultados reveladores de como a luz, nas mais variadas formas, influencia a qualidade de vida. Aliás, apurou-se que nove em cada dez pessoas são sensíveis à luz e todos admitiram que gostavam de saber qual o impacto é que isso tem no seu dia a dia a partir do seu especialista de confiança. “É isto que nos traz aqui hoje. Temos uma solução para esta necessidade na perspetiva de inovação e saúde visual”, reforçou Alberto Silva. E o que disseram os inquiridos sobre o que valorizam neste tipo de lentes dinâmicas? • 21 por cento quer que a lente escureça • 24 por cento quer uma rápida adaptação da lente • Nove por cento espera qualidade duradoura • 12 por cento quer que as lentes fiquem claras no interior • 34 por cento admite que quer tudo o que foi referido em cima, mas com a salvaguarda da saúde. Proteção UV e da luz azul têm que estar na base no desenvolvimento de qualquer tipo de produto. Resposta: Transitions Signature Gen 8. Os testes preliminares em utilizadores revelaram uma grande adesão ao novo produto, admitindo a sua superioridade em relação ao anterior.


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•• “ A n os s a a mb iç ã o é t r az e r n ot o ried a d e à m ar c a, p or q u e q ueremo s que o c on s u mid o r q ue já é con s u m i dor Tra n s it io n s pa s s e p e l as v os s a s ó t ic a s a t r aí do p e l as in o v a ç õ es e q ue p erg un t e, e x p e r i m e n te e c o mp re. ••

que estão próxima dos jovens”. A grande novidade deste plano de comunicação é a introdução de uma influencer nas fileiras da Transitions, a eleita blogger número um em 2019 na categoria beleza e bem estar, Helena Coelho. “Queremos falar à gerações mais novas, porque as outras já nos conhecem. Para interpelar os millenials precisamos de alguém que lhes fale diretamente e que refira não só a saúde visual mas também o bem estar, beleza e moda. A Helena Coelho é perfeita para nos levar a este público urbano. A parceria envolve a presença no respetivo Instagram, no canal de Youtube e, desta forma, aparecer organicamente junto do consumidor, aliando-se esta faceta social à comunicação televisiva. A nossa ambição é trazer notoriedade à marca, porque queremos que o consumidor que já é consumidor Transitions passe pelas vossas óticas atraído pelas inovações e que pergunte, experimente e compre. Também queremos recrutar novos consumidores e que também se rendam, para criarmos valor. Uma Essilor que se afirma sempre mais No capítulo Essilor, foi Ricardo Cadete, diretor comercial da Essilor, que se dirigiu aos óticos, na Estufa Fria. “A nossa missão expressa-se numa frase muito simples: Melhorar vidas melhorando a visão. Trabalhamos a pensar, não só nos nossos consumidores e nos nossos clientes para entregar o melhor produto, mas também

na mudança da ideia da visão. Se há 10/15 anos vender uma lente oftálmica era, essencialmente, procurar uma correção para uma ametropia, hoje em dia é diferente e nós temos obrigação de mudar o paradigma e inovar.” E assim se justifica o investimento na nova geração Transitions, mas também no inovador Vision-R 800, o novo foróptero da Essilor , que revoluciona a refração ao seu ponto mais alto. A Varilux também está sempre presente no dia a dia dos portugueses acrescentando valor a todo um setor. Ou seja, “somos também inovadores neste sentido, na forma como encaramos o mercado. E temos uma equipa especializada em comunicar saúde visual aos consumidores com projetos avançados. Somos parceiros do Carro do Ano, relacionado com a prevenção rodoviária. Estamos ligados ao Salta à Vista, através do qual sensibilizamos professores, pais e as crianças sobre a importância de uma boa correção para evitar insucesso escolar. No mês da visão, em outubro, temos prevista uma campanha para alertar os consumidores a fazerem rastreios para uma vida melhor, no seguimento das estatísticas que apontam para o aumento exponencial da miopia em todo o mundo”, nomeou Ricardo Cadete. A assertividade da estratégia da Essilor em território luso está comprovada no sucesso inerente aos seus produtos, mas também nos prémios que arrecada. Só em 2020 já garantiu o Prémio Cinco Estrelas, a Escolha de Consumidor e Marca de Confiança.


Crescimento eleva a liderança interna A marca independente de eyewear continua a gerar incrementos consideráveis no mercado. Para garantir a expansão bem sucedida em todos os segmentos prioritários, a Maui Jim decidiu promover figuras chave da sua equipa de marketing. Aliás, tem sido a abordagem estratégica integrada nesta área global da insígnia de coração havaiano a ditar o sucesso retumbante. Desde o lançamento da linha de armações de prescrição, em 2018, a Maui Jim teve um acréscimo de vendas em muitos países. Por isso mesmo, este segmento vai expandir-se através de três novas regiões em 2020, incluindo Itália, Grécia e Bélgica. Está ainda planeado lançar-se 30 novos desenhos na coleção oftálmica. A suportar este sucesso em crescendo, a Maui Jim promoveu Jay Black a diretor de vendas e marketing. Esta movimentação em conjunto com uma série de outras promoções da equipa de marketing, vai amplificar as estratégias internacionais para a expansão das categorias de prescrição e sol e aumentar a notoriedade desta casa dedicada à tecnologia em óculos e lentes. Ainda Diego Castro, que passa a diretor de marketing e gestão da marca, com a responsabilidade de supervisionar a respetiva estratégia na prescrição e sol a nível global. Julie Barton

está há 23 anos neste departamento da marca e viveu os grandes êxitos do marketing e assume agora a posição de diretora sénior de marketing para o continente americano, o mais importante desta casa. A fechar este conjunto de sucesso está o incontornável Martijn van Eerde, dedicado há 13 anos ao mercado europeu, para a marca, dá agora a sua capacidade visionária para fortalecer a posição da Maui Jim na Europa, Médio Oriente e Ásia-Pacífico como diretor de marketing sénior. “O sucesso da Maui Jim na área dos óculos de prescrição deve-se à dedicação e assertividade da nossa equipa em fazer crescer a presença da marca. Ao pormos as pessoas certas, nas funções certas, vamos ser capazes de continuar a expandir, fazendo-nos sempre mais uma grande companhia”, explicou Mike Dalton, diretor executivo da Maui Jim.

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Maui Jim


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Nora Cabrera e Fabio Ferracane

MITA: Uma nova relação entre moda e sustentabilidade

O setor da ótica vive hoje a expansão de um movimento em prol da vida e do planeta. MITA é sinónimo disso mesmo. Nasce da experiência de duas mentes envolvidas com o setor há décadas, Nora Cabrera e Fabio Ferracane, que vislumbraram nesta tendência uma oportunidade de ouro...ou de plástico. É que as armações da MITA são trazidas à “vida” através de cinco garrafas de plástico, a maioria recuperada entre o lixo dos oceanos, em conluio com organizações especializadas neste trabalho e ainda associações ambientalistas internacionais. Cada peça é alinhada com um design primoroso e apresentada aos consumidores mais conscienciosos a preços aprazíveis, para que não hajam desculpas para não estar a par da sustentabilidade. E não se ficam por aqui. As lentes de demonstração são biodegradáveis, assim como as embalagens indexadas e o próprio estojo de proteção e transporte. A Coleção 1 tem 17 armações de prescrição e 14 de sol e deveria ter sido lançada à experiência dos profissionais na MIDO de 2020. Claro que, a LookVision Portugal não quis perder este novo avanço da ótica e trazemos, em exclusivo, uma entrevista aos mentores deste projeto verde.


E por falar em materiais, como é que surge a ideia de usar garrafas recicladas e alumínio? NC: Nós sabíamos que, quando estivéssemos prontos para lançar uma marca, queríamos desenhar uma coleção que fosse diferente de tudo o que a indústria propunha. Ambicionávamos uma verdadeira marca sustentável. Acreditamos piamente no principio de que a moda eyewear não deve ser um peso para o ambiente. Somos apaixonadamente devotos a redefinir a relação entre moda e sustentabilidade. Para produzir estas peças especiais, quem é que recolhe as matérias e como as transformam? NC: Trabalhamos com diversas organizações que fazem a recolha e depois limpam e processam. O processo de transformação também é amigo do ambiente e mais simples que o tradicional? NC: A MITA trabalha para dar um novo propósito e reciclar ou reutilizar materiais durante todo o ciclo de vida do produto, encorajando uma abordagem de 360 graus na sustentabilidade, sem sacrificar a qualidade, o design e o preço. Até a embalagem é feita de materiais reciclados. Quem decide os desenhos a materializar e de que forma estas matérias condicionam ou interferem no processo criativo? NC: O processo de design é um esforço de grupo liderado por mim. Fazemos uma extensiva pesquisa de mercado, bem como um trabalho com agências de tendências, tais como a WGSN. Infelizmente temos algumas limitações nas cores, bem como nos acabamentos, dependendo dos materiais. E o nome da marca tem uma ligação a Miami e Itália. Porquê? Fabio Ferracane: MITA é o nome que define o espírito da marca: Mi, como as iniciais da sempre em mutação, cidade mágica de Miami, onde a Vision of Tomorrow está sediada, e Ita de Itália, que define a perícia de todos os designs e a minha pátria.

Fale-nos da Visiono of Tomorrow. FF: A Visiono of Tomorrow ou VOT Eyewear é um fornecedor de serviços integrados, especializado em eyewear. A VOT aconselha e apoia marcas, produtores, distribuidores e cadeias de lojas nas suas atividades. Ou seja, na nossa dinâmica diária analisamos as mudanças de mercado e do comportamento de consumo para definir uma estratégia inspiradora e um posicionamento em linha com as tendências de mercado. A VOT proporciona um serviço personalizado para apoiar os nossos clientes em cada passo do seu negócio. Focamo-nos em ajudá-los desde o pensamento estratégico até à criação do produto e respetivo posicionamento, desde o lançamento comercial até às vendas, incluindo o marketing e comunicação. A VOT interpreta e analisa ainda as tendências emergentes em mercados eyewear internacionais e depois recomenda quais se adaptam ao público-alvo do nosso cliente.

•• “Acreditamos piame n t e no principio de que a m oda eyewear nã o deve ser um peso pa ra o ambiente. Somos apaix onadamente devotos a redefinir a r elação entre m oda e sustentabilidade” ••

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A MITA é prova viva de que um excelente design já não é suficiente em óculos? Nora Cabrera: Hoje em dia vender óculos não é suficiente, é preciso vender a história por trás da marca e conectar-se às emoções dos consumidores. Nós achamos que a MITA tem todos os elementos de sucesso para tal, desde a paixão que pomos nos designs até aos materiais não convencionais que usamos.


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E quem foram a Nora e o Fabio antes da MITA Eyewear e até da VOT? Qual é o vosso passado profissional e como é que os óculos se entranharam na vossa vida? NC: Estou envolvida com a indústria da ótica há 25 anos. Trabalhei com alguns dos nomes mais importantes do setor e, de forma transversal, desde óculos de sol a armações de prescrição e até de leitura. A minha especialidade assenta na definição do que é preciso para criar coleções de sucesso, mas também criar produtos que falem com o consumidor final e com as marcas que eles representam. FF: Há mais de 15 anos que estou envolvido no setor eyewear. Antes disto, trabalhei como responsável de vendas de óculos de luxo e de moda nos mercados latinos. O crescimento e o desenvolvimento destes mercados desafiantes, que incluem o México e o Brasil, deram-me as ferramentas necessárias para implementar e desenvolver novos negócios e modelos de vendas que vão ao encontro destes segmentos únicos, tendo sempre em consideração a situação económica, social e política de cada país, bem como as tendências atuais para garantir que estratégia de negócio certa é posta em prática.

É muito corajoso lançar uma marca nos dias que correm, considerando a enorme concorrência no mercado ótico e ainda os novos hábitos de consumo. Qual a vossa estratégia de sucesso? FF: Estamos conscientes que há muita competição na indústria, mas a visão que temos para a MITA é diferente. Queremos que seja mais do que uma marca, queremos que seja um movimento. Não pretendemos apenas vender óculos, mas também ligarmo-nos ao consumidor para que ele possa ser parte da solução para salvar o planeta. Adicionalmente, ser “verde” ajusta-se à mudança demográfica do negócio. Na ótica, os 77 milhões de baby boomers, nascidos entre 1946 e 1964 e que conduziram muitas das vendas de eyewear premium, serão eclipsados por 82 milhões de millennials, nascidos entre ‘77 e ‘97. Os millennials tem um forte interesse na saúde e estão centrados no seu próprio bem estar e no ambiente que os envolve. Até onde querem levar esta MITA Eyewear? NC: O nosso sonho é que a MITA se torne uma marca global. Isso permitir-nos-á manter milhões de garrafas fora dos nossos oceanos e rios. Observando o mercado e tendo em consideração a ampla experiência que ambos usufruem, como descrevem a ótica de hoje em dia? FF: A indústria é agora, mais do que nunca, um organismos em transformação. Os consumidores são hoje mais conhecedores das marcas, dos materiais, mais sensíveis à saúde e à qualidade, ou seja, querem o melhor possível pelo preço que pagam. E aqui estamos nós, a MITA, que garante o melhor da moda, preço e design. Que futuro esperar para o eyewear? NC: Penso que podemos esperar mais e mais compradores educados e informados. O conhecimento está na ponta dos nossos dedos e por isso a transparência é uma premissa essencial.


Durante dois dias a Cidade do Futebol, em Oeiras, foi palco do 1º Encontro Internacional da Visão e Desporto e da realização do XXIII Congresso de Optometria. Uma iniciativa levada a cabo pela União Profissional dos Ópticos e Optometristas Portugueses que contou com o contributo e participação de vários portugueses e espanhóis especialistas na área. “Era um sonho já com dez anos”, confessa Henrique Nasimento, presidente da União Profissional dos Ópticos e Optometristas Portugueses (UPOOP) e responsável pela realização do 1º Encontro Internacional da Visão e Desporto, que aconteceu a 6 e 7 de março na Cidade do Futebol, em Oeiras. A iniciativa, cuja temática se centrou em evidências na otimização dos resultados desportivos, fez parceria com o XXIII Congresso de Optmetria, subordinado ao tema Optometria Clínica, Contactologia e Superfície Ocular. Durante dois dias, o auditório 1 da também sede da Federação Portuguesa de Futebol foi palco de várias palestras. “Pensámos fazer só um dia sobre desporto, mas depois também achámos que aproveitando o espaço e a vinda das pessoas, que um dia seria curto e então ampliámos para dois, fazendo uma segunda parte que já é um congresso de

optometria normal. É um dois em um”, explica Henrique Nascimento, também professor do Instituto Superior de Educação e Ciências (ISEC) e da Escola Portuguesa e Óptica Ocular (EPOO) e primeiro orador da iniciativa. “A expetativa é que os optometristas em primeiro lugar, porque é para eles que isto está virado, aproveitem algumas coisas que são ditas aqui. Estão aqui pessoas ligadas à optometria e ao desporto, e é uma área que pode ser muito explorada em Portugal”, exalta o mentor deste encontro onde foram muitos os temas apresentados. Profissão do futuro: Optometrista especializado em visão desportiva Logo nas primeiras horas, ainda antes da primeira pausa para o café, o professor universitário e investigador do Instituto de Trânsito e Segurança Rodoviária

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A importância dos optometristas no desporto


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(INTRAS), Andrés Gené-Sampedro, realçou a relação da visão com a prática da atividade desportiva. Para este investigador espanhol da Universidade de Valência, o papel da optometria no desporto é mesmo fundamental. “Teremos desportistas mais eficientes. Os optometristas podem ajudar a otimizar o sistema visual. O papel da optometria no desporto é fundamental, assim como a colaboração do optometrista com o preparador físico”, defende o espanhol salientando que o perfil visual pode potenciar os desportistas em geral. “O optometrista especializado em visão desportiva é uma profissão do futuro”, garantiu o orador para uma sala preparada para receber perto de 200 pessoas, mas que àquela hora ainda

estava pela metade. Com três universidades a lecionar em Portugal o curso de Optometria, o presidente da UPOOP, no seu segundo mandato, confirmou à Lookvision Portugal que “é um curso que tem uma margem de empregabilidade muito alta, com mais de 90 por cento”. E deixou o alerta: “Por isso também é dificil as pessoas saírem dali e pensarem em ir fazer outra coisa que não seja ir para dentro de um gabinete. Por um lado é bom, mas por outro também limita o envolvimento noutras áreas, neste caso no desporto. Os clubes também ainda não estão muito recetivos.” Por isso, a escolha do local para este primeiro encontro não foi deixada ao acaso, pretendendo mesmo ser um despertar para o assunto.


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Um segundo encontro mais internacional e a aposta na formação Com a presença de especialistas na área da Optometria, também a Estomatologia, a Ortopedia e Oftalmologia estiveram representadas com a intervenção de vários oradores. “O passo seguinte será fazermos um segundo encontro mais internacional do que este, porque em 2020 tivemos as condicionantes que sabemos”, reconheceu Henrique Nascimento referindo-se a pessoas “com responsabilidades grandes que foram aconselhadas a não viajar” por causa do vírus Covid-19 e, portanto, não puderam marcar presença. No entanto, nem esse facto fez a afluência dos congressistas sair diminuída. Além de próximos congressos há também o desejo de investir em mais formação na área e fazer os clubes despertarem para os benefícios da optometria nos resultados desportivos. “Queremos incentivar as pessoas e sei que algumas têm-se interessado muito sobre essas áreas e já estão a ir ao estrangeiro para fazer formação”, adianta Henrique Nasimento, revelando que há já atletas que, de forma individual, procuram este tipo de mais valia. “Com a ajuda do ISEC construí um centro de alto rendimento em visão desportiva e treino lá muitos atletas individualmente”, revelou. Com especial atenção neste 1º Encontro Internacional da Visão e Desporto, de referir que o segundo dia, dedicado ao XXIII Congesso de Optometria, levou ao palco outros oradores da Península Ibérica com assuntos como a visão na população infantil, nos doentes diabéticos e os riscos perante o uso de tecnologia digital.


Adaptação de lentes de contacto em 2019

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Como acontece todos os anos desde 2007, Portugal participou em 2019 no inquérito global de adaptação de lentes de contacto. Este projeto é coordenado pela Universidade de Manchester e tem na Universidade do Minho o seu ponto de ligação com o nosso país. Representa uma excelente oportunidade para analisar a evolução na adaptação de lentes de contacto a nível global. Este artigo resume alguns dos principais resultados dos últimos 13 anos consecutivos (2007-2019) em 11 países (europeus e de outros continentes), permitindo fazer uma comparação e demonstrar possíveis assimetrias na prescrição destes dispositivos para a correção visual em diferentes países. Confirma-se que em Portugal a prescrição de lentes de contacto acompanha ou até excede aquilo que se faz de melhor a nível global, no que diz respeito aos materiais (silicone hidrogel), geometrias das lentes (lentes multifocais e lentes tóricas mesmo para pacientes com astigmatismo moderado) e regimes de substituição (crescente aposta nas lentes descartáveis diárias). Texto: José M. González-Méijome, Rute J. Macedo-de-Araújo, Phil B. Morgan e colaboradores(*) Laboratório de Investigação em Optometria Clínica e Experimental (CEORLab) – Departamento de Centro de Física, Universidade do Minho (*) Colaboradores em 2019 que autorizaram a sua identificação: Adriano C. Gonçalo, Oculista Campanhã, Porto; António Carlos Mateus, Nacional Óptica, Odivelas; Cláudia Vieira, Óptica Queiros, Póvoa de Lanhoso; Eduardo Ínsua Pereira, Visionlab S.A., Porto; Sónia Marques, Óptica Pita Lda, Setúbal.

Foram publicados em janeiro de 2019 na revista Contact Lens Spectrum(1) os resultados do inquérito internacional de adaptação de lentes de contacto. Este inquérito é aplicado anualmente desde o ano 2000, e consiste em compilar as primeiras dez adaptações consecutivas que cada profissional envia para uma base de dados centralizada pela Universidade de Manchester e que conta atualmente com mais de 383 mil adaptações. Os dados relativos a 2019 incluíram resultados de 24 países que reportaram dados de 100 ou mais adaptações, abrangendo Portugal. Apenas em 2019, foram reportados dados relativos a 20.746 adaptações. Portugal participa neste inquérito desde 2007,(2-13) e a Universidade do Minho obtém dados regulares sobre o padrão de prescrição e uso de lentes de contacto desde 2006.(14) À semelhança dos anos anteriores, foi feita uma atualização destes parâmetros na 15ª Jornada Técnico-científica de Contactologia, CONTACTUM, na Universidade do Minho no dia 4 de fevereiro de 2020 em que se reuniram mais de 275 profissionais e estudantes. (15) No relatório anual são apresentados os resultados para aqueles países que reportem pelo menos 100 adaptações, sendo que a análise detalhada às lentes de con-

tacto rígidas permeáveis aos gases requer que pelo menos tenham sido reportadas 35 adaptações; não sendo o caso de Portugal. Portanto, este relatório foca-se nos dados longitudinais da prescrição de lentes de contacto hidrofílicas. Na figura 1 mostra-se a distribuição geográfica dos 11 países analisados neste artigo. Os critérios para a seleção destes países foi ter um seguimento mínimo de dez anos consecutivos e uma distribuição diversificada na Europa e no Mundo. Foram selecionados os seguintes: Austrália (AUS); Bulgária (BG); Canadá (CA); Espanha (ES); Japão (JP); Holanda (NL); Noruega (NO); Portugal (PT); Taiwan (TW); Reino Unido (UK); Estados Unidos da América (USA). A tabela 1 mostra os resultados para os 11 países analisados e a média para os 24 países incluidos no relatório de 2019.

Figura 1 – Para além de Portugal foram selecionados mais 10 países para comparar as tendências na adaptação de diferentes tipos de lentes de contacto. AUS: Austrália; BG: Bulgária; CA: Canadá; ES: Espanha; JP: Japão; NL: Holanda; NO: Noruega; PT: Portugal; TW: Taiwan; UK: Reino Unido; USA: Estados Unidos da América


Tabela 1 – Distribuição da adaptação de lentes de contacto hidrofílicas em 11 países e média global dos 24 países

DADOS 2019

AU

BG

CA

ES

JP

NL

NO

PT

TW

UK

US

ADAPTAÇÕES REPORTADAS

Média

502

430

2745

553

3711

488

534

114

600

1036

198

Novas adaptações LCH

90%

86%

94%

81%

96%

52%

90%

100%

82%

99%

66%

87%

Readaptações de LCH

87%

91%

96%

87%

81%

61%

87%

93%

96%

90%

89%

87%

Baixo teor de água (<40%)

1%

0%

2%

1%

8%

4%

8%

0%

60%

2%

0%

4%

Médio teor de água (40-60%)

15%

17%

10%

8%

8%

15%

11%

18%

1%

5%

8%

9%

Alto teor de água (>60%)

5%

1%

13%

18%

31%

4%

22%

4%

27%

11%

6%

16%

Silicone hidrogel

78%

82%

76%

73%

53%

77%

59%

78%

11%

81%

85%

72%

Esférico

36%

68%

41%

41%

76%

36%

40%

35%

33%

39%

52%

51%

Tórico

22%

15%

32%

31%

17%

23%

37%

35%

25%

30%

27%

28%

Tinte cosmético

0%

0%

1%

0%

2%

0%

0%

0%

37%

1%

1%

2%

Multifocal

21%

17%

16%

20%

4%

26%

18%

29%

5%

22%

15%

13%

Monovisão

12%

0%

8%

1%

1%

13%

2%

1%

0%

8%

4%

4%

Controlo miopia

8%

0%

2%

6%

0%

1%

3%

0%

0%

1%

0%

1%

Outros

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

1%

0%

Diária

58%

12%

48%

38%

59%

31%

62%

32%

44%

62%

53%

45%

1-2 semanas

11%

7%

8%

5%

39%

2%

3%

2%

7%

4%

17%

13%

Mensal

29%

76%

39%

52%

1%

48%

34%

66%

45%

33%

30%

39%

3-6 meses

1%

3%

4%

5%

0%

17%

0%

0%

4%

0%

0%

3%

Anual

0%

3%

2%

0%

0%

1%

0%

0%

0%

0%

0%

1%

Não programada

1%

0%

0%

0%

1%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

Uso prolongado (UP)

6%

5%

4%

5%

0%

1%

21%

1%

1%

1%

1%

9%

UP com silicone hidrogel

100%

83%

80%

71%

100%

100%

89%

100%

40%

95%

100%

82%

Soluções multipropósito

98%

92%

85%

88%

80%

78%

78%

96%

98%

96%

94%

89%

41%/24%

55%/0%

42%/20%

70%/4%

24%/2%

51%/21%

47%/6%

59%/3%

10%/0%

Presbíopes multifocal/ monovisão

48%/18% 31%/13% 44%/14%

*publicado em Morgan P, Woods CA, Tranoudis I, Efron N, Jones L. et al. International contact lens prescribing in 2019. Contact Lens Spectrum. 2020; January: 26-31. Média respeitante aos 24 países incluídos no relatório de 2019, totalizando 20.746 adaptações.

Em 2019 observou-se a consolidação das tendências observadas nos últimos anos. Quanto aos materiais de lentes hidrofílicas, o silicone hidrogel continua a sua tendência ascendente na média global, com tendência para a estabilização entre os 60 e os 90 por cento das lentes hidrofílicas adaptadas. Portugal alcançou em 2019 o seu valor mais elevado de adaptação de lentes de silicone hidrogel desde que há registos, com perto de 80 por cento do total de lentes hidrofílicas adaptadas (figura 2). Globalmente quando se consideram os mais de 30 países incluídos em cada edição ainda se asiste a um aumento significativo nos últimos três anos, resultado da adopção destes materiais por parte de países onde ainda representavam uma quota de adaptação baixa. Tendência similar seguem as lentes descartáveis diárias que oscilam nos últimos anos entre os 30 e os 50 por cento do total de lentes hidrofílicas adaptadas (figura 3). Como seria de esperar, esta tendência tem sido acompanhada de uma diminuição progressiva das adaptações de lentes de contacto descartáveis mensais. Apesar desta diminuição nos últimos anos, o regime de substituição mensal continua a ser o predominante, contemplando cerca de 50 a 70 por cento do total de adaptações de lentes hidrofílicas em Portugal (figura 4). No entanto, este regime tem vindo a perder terreno à medida que as lentes

descartáveis diárias se tornam mais populares. Este aumento de popularidade é resultado do alargamento de parâmetros de adaptação, diversidade de materiais e desenhos ópticos.

Figura 2 – Percentagem de lentes de contacto de silicone hidrogel adaptadas em Portugal e em outros dez países entre 2007 e 2019. A linha tracejada vermelha representa a média global dos mais de 20 países considerados em cada ano. A linha reta verde representa a tendência de regressão linear para Portugal entre 2007 e 2019.

Optometria | 39 |

Substituição

Desenho

Materiais

analisados no relatório do ano 2019.


Figura 3 – Percentagem de lentes de contacto hidrofílicas descartáveis diárias adaptadas em Portugal e em outros dez países entre 2007 e 2019. A linha tracejada vermelha representa a média global dos mais de 20 países considerados em cada ano. A linha reta verde representa a tendência de regressão linear para Portugal entre 2007 e 2019.

Figura 5 – Percentagem de lentes de contacto hidrofílicas tóricas adaptadas em Portugal e em outros dez países entre 2007 e 2019. A linha tracejada vermelha representa a média global dos mais de 20 países considerados em cada ano. A linha reta verde representa a tendência de regressão linear para Portugal entre 2007 e 2019.

Optometria | 40 |

Outro segmento em destaque é a evolução da adaptação de lentes de contacto para a compensação da presbiopia. Neste domínio, Portugal tem assistido a um aumento significativo, desde menos de 10% até 2010 para perto de 30% em 2019. Este aumento está em linha com os países líderes nesse segmento como Noruega ou Austrália que se aproximam dos 40% das lentes hidrofílicas adaptadas nos últimos anos (figura 6). Para além dos dados e tendência francamente favorável observada na figura, na última linha da tabela 1 pode observar-se que em Portugal praticamente a totalidade das lentes adaptadas a esses pacientes são lentes multifocais ou bifocais, enquanto que a monovisão ainda representa uma fração importante das adaptações em países como Austrália, Noruega ou Estados Unidos.

Figura 4 – Percentagem de lentes de contacto hidrofílicas de substituição mensal adaptadas em Portugal e em outros dez países entre 2007 e 2019. A linha tracejada vermelha representa a média global dos mais de 20 países considerados em cada ano. A linha reta verde representa a tendência de regressão linear para Portugal entre 2007 e 2019.

Um outro aspeto a destacar é a adaptação de lentes de contacto tóricas. Portugal tem sido um caso de referência internacional habitual, uma vez que a adaptação de lentes tóricas contempla cerca de 40 por cento do total de adaptações de lentes de contacto hidrofílicas. Embora se tenha observado nos últimos dois anos uma diminuição na adaptação deste tipo de lentes (figura 5), este ano observou-se uma estabilização perto dos 35 por cento. Estes dados consolidam Portugal entre os países que proporcionalmente adaptam mais lentes tóricas. A percentagem média de adaptação de lentes tóricas está em consonância com o que se espera se considerarmos que numa população de usuários de lentes de contacto que cerca de 40 por cento dos usuários apresente astigmatismo igual ou superior a 0,75D. Globalmente tem-se também observado um aumento da percentagem de adaptações de lentes tóricas desde 2015, tendo sido esta de 28 por cento em 2019.

Figura 6 – Percentagem de lentes de contacto hidrofílicas utilizadas para a compensação da presbiopia adaptadas em Portugal e em outros 10 países entre 2007 e 2019. A linha tracejada representa a média global dos mais de 20 países considerados em cada ano. A linha reta verde representa a tendência de regressão linear para Portugal entre 2007 e 2019.

Esta realidade também é bem patente quando se analisa o perfil de idade dos usuários de lentes de contacto. Nos países mencionados, a média de idade dos pacientes adaptados ronda os 40 anos, enquanto que em Portugal a idade dos utilizadores tem vindo a aumentar nos últimos anos (figura 7). Este aumento pode dever-se ao aumento de uso de LC na população presbita (tipicamente acima dos 40-45 anos). Um aumento de adaptações em usuários mais jovens ou aumento das adaptações com o propósito de controlar a progressão da miopia em crianças e adolescentes poderá ajudar Portugal a manter a idade média dos usuários em níveis mais baixos (tal como outros países como Reino Unido, Holanda, Noruega, Canadá ou Estados Unidos) apesar do evidente aumento de adaptações em presbitas (tabela 1).


10. Morgan

Este tipo de estudos tem limitações importantes, uma vez que as adaptações analisadas são um número reduzido e que não se pode considerar representativo da globalidade das lentes adaptadas no país. No entanto, uma vez que esta metodologia é replicada anualmente de igual modo, a série de dados obtidos ao longo do tempo (13 anos consecutivos no caso de Portugal), permitem observar as tendências cronológicas e delas tirar as conclusões apresentadas. Contudo, Portugal tem vindo a reduzir o número de adaptações reportadas. Por isso apela-se a todos os profissionais que adaptam lentes de contacto a participar neste projeto. Para isso, basta que submetam as suas dez próximas adaptações consecutivas de lentes de contacto. Apenas deste modo se conseguirá aumentar a expressividade dos dados recolhidos em Portugal e que estes representem mais fielmente a realidade clínica da prescrição de lentes de contacto no nosso país. Para colaborar podem destacar a página da revista LookVision Portugal onde está o formulário a preencher ou visitar a web http://ceorlab. wixsite.com/ceorlab/services.(16) Em resumo, a adaptação de lentes de contacto em Portugal como no resto do mundo está dominada pelas lentes hidrofílicas, das quais mais de 60 por cento são de material silicone hidrogel e perto de 50 por cento são lentes descartáveis diárias. As lentes tóricas representam perto de 40 por cento das adaptações realizadas em Portugal, a compensação da presbiopia ainda não dá resposta à expectável procura decorrente do aumento de usuários de lentes de contacto acima dos 45 anos. Por último, começa a notar-se um aumento expressivo das lentes de contacto adaptadas com propósitos de retenção da progressão da miopia. Referências: 1. Morgan P, Woods CA, Tranoudis I, et al. International contact lens prescribing in 2019. Contact Lens Spectrum. 2020; January: 26-31. 2. Morgan P, Woods CA, Jones L, et al. International contact lens prescribing in 2007. Contact Lens Spectrum. 2008; January: 36-41. 3. Morgan P, Woods CA, Jones D, et al. International contact lens prescribing in 2008. Contact Lens Spectrum. 2009; February: 28-32. 4. Morgan P, Woods CA, Tranoudis I, et al. International contact lens prescribing in 2009. Contact Lens Spectrum. 2010; February: 30-36 5. Morgan P, Woods CA, Tranoudis I, et al. International contact lens prescribing in 2010. Contact Lens Spectrum. 2011; January: 30-35. 6. Morgan P, Woods CA, Tranoudis I, et al. International contact lens prescribing in 2011. Contact Lens Spectrum. 2012; January: 26-31. 7. Morgan P, Woods CA, Tranoudis I, et al. International contact lens prescribing in 2012. Contact Lens Spectrum. 2013; January: 26-31. 8. Morgan P, Woods CA, Tranoudis I, et al. International contact lens prescribing in 2013. Contact Lens Spectrum. 2014; January: 30-35. 9. Morgan P, Woods CA, Tranoudis I, et al. International contact lens prescribing in 2014. Contact Lens Spectrum. 2015; January: 30-35.

Inquérito sobre a adaptação de lentes de contacto (LC) 2020 Por favor, partilhe o inquérito com outros profissionais a quem possa interessar Por favor, responda às perguntas, e posteriormente anote os resultados das primeiras 10 adaptações de LC

País

Data de receção do inquérito?

PT

Habilitações __: Optometrista __: Oftalmologista __: Outro (______________)

Marque apenas uma

Informação Geral1 Data

Idade

Sexo

Lentes rígidas e RPG

Nova Readap adaptaç Escleral PMMA -tação ão

RPG Dk <40

RPG Dk 40-90

RPG Dk >90

Há quantos anos ...? Se formou:____ Adapta LC:____

Em que tipo de empresa exerce a atividade? (marque a correcta) Consultório/centro Independente Grupo Grupo (1 – 9 centros) (10 – 49 centros) (> 50 centros)

Marque apenas uma

Marque várias se for preciso

Lentes moles2

Desenho da Lente3

OrtoK Multifoc Monovis Cosméti Hidrogel Hidrogel Hidrogel Silicone Controlo Esférica Tórica Outra Stan<40% 40-60% >60% hidrogel miopia al ão ca/Cor dard

Marque apenas uma

Marque uma

Marque apenas uma

Vezes Modalidade que usa Sistema Manutenção as de Uso5 lentes Não Prolong por 12 Multiuso PeróNenhu progra- semana Diurno ado (Dia Outro meses /única xido m 4 e noite) mado

Substituição 1-2 Diário semana s

1 mês

3-6 meses

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Notas explicativas 1.

2. 3. 4. 5.

Novas adaptações e readaptações. Uma “nova adaptação” é aquela em que o paciente nunca utilizou LC antes, ou que não o tenha feito durante vários anos. Uma “readaptação” é aquela em que o paciente vai à consulta para ser adaptado com um tipo diferente de LC ou regime de uso. Isto pode dever-se outros entre motivos, a que as suas necessidades visuais se tenham alterado (por ex: esférico para tórico, hidrogel para RPG, hidrogel para Si-Hi…ou vice-versa) ou que tenha algum problema com as suas lentes actuais (hipoxia, secura ocular,…) ou simplesmente pretende experimentar outro tipo de LC. Em adaptações diferentes em ambos olhos dum mesmo paciente, considerar apenas o olho direito. Lentes moles. Estão divididas em “lentes de hidrogel” e “hidrogel de silicone”. As lentes de hidrogel por sua vez estão divididas segundo o teor de água. Desenho. Se uma mesma LC poder ser enquadrada em vários desenhos (por ex: cosmética de cor com correcção esférica) deve apenas indicar-se qual o propósito principal que motiva a adaptação (selecionar apenas um desenho). OrtoK Standard: refere-se a ortoqueratologia para correção refrativa; Controlo miopia: inclui ortoqueratologia para controlo da miopia ou LC especiais usadas para diminuir a progressão da miopia. Dias de uso por semana. No caso do “uso diário”, indicar os dias por semana; no caso de “uso prolongado”, indicar o número de noites por semana que o paciente dorme com as lentes. Valor máximo=7. Modalidade. Os pacientes que ocasionalmente dormem com as LC, também devem ser considerados como “(uso prolongado / dia e noite)”.

Envie o inquérito preenchido ou uma fotografia do mesmo até 30 de julho de 2020 (mesmo que não tenha preenchido todos os casos) para: e-mail: jgmeijome@fisica.uminho.pt ou pelo correio para José M. González-Méijome – Universidade do Minho Escola de Ciências – 4710-057 Braga.

Pode descarregar a versão Word ou PDF bem como os relatórios de anos anteriores em: http://ceorlab.wixsite.com/ceorlab/services.

Optometria | 41 |

Figura 7 – Idade média dos usuários de lentes de contacto em Portugal e em outros dez países entre 2007 e 2019. A linha tracejada representa a média global dos mais de 20 países considerados em cada ano. A linha reta verde representa a tendência de regressão linear para Portugal entre 2007 e 2019.

P, Woods CA, Tranoudis I, et al. International contact lens prescribing in 2015. Contact Lens Spectrum. 2016; January: 28-33. 11. Morgan P, Woods CA, Tranoudis I, et al. International contact lens prescribing in 2016. Contact Lens Spectrum. 2017; January: 28-32. 12. Morgan P, Woods CA, Tranoudis I, et al. International contact lens prescribing in 2017. Contact Lens Spectrum. 2018; January: 28-32. 13. Morgan P, Woods CA, Tranoudis I, et al. International contact lens prescribing in 2018. Contact Lens Spectrum. 2019; January: 27-31. 14. González-Méijome JM, Jorge J, Almeida JB, Parafita MA. Contact lens fitting profile in Portugal 2005: strategies for first fits and refits. Eye & Contact Lens Science & Clinical Practice. 2007;33:8188. 15. 15ª Jornada Científico-técnica de Contactologia CONTACTUM2020. Universidade do Minho. Disponível em: http://ceorlab.wixsite.com/ceorlab/ formulrio. Acesso em 6 de março 2020. 16. Inquérito à prescrição de lentes de contacto. Disponível em: http://ceorlab.wixsite.com/ceorlab/ services. Acesso em 6 de março de 2020.


Ponto de Vista | 42 |

Há 30 anos que os optometristas exercem a sua profissão em Portugal. A procura em exercer a sua atividade com o único objetivo de garantir a melhor saúde da visão de cada paciente, esteve, está e estará sempre presente na prática profissional. Apesar da classificação na área da saúde dos planos de estudos universitários de Optometria pela DireçãoGeral do Ensino Superior e da sua acreditação pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, apesar da importância realçada pela Organização Mundial da Saúde e pela Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira com definição completa das competências profissionais dos optometristas, a profissão permanece sem regulamentação que defina as habilitações mínimas de acesso e exercício. Texto: Artigo de Opinião de Raúl Sousa, presidente da Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO)

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Nova conduta, os mesmos cuidados da visão

A luta intensiva da Associação de Profissionais Licenciados de Optometria em tornar evidente e transparente ao público as balizas deontológicas que norteiam e limitam a atuação dos optometristas como profissionais de saúde, levou a que fosse materializado um novo código de conduta. Atualmente, são 1232 optometristas que se regem, na vertente deontológica, pelas práticas da APLO. São eles que prescrevem, por exemplo, mais de 70 por cento do uso de óculos e lentes de contacto, em Portugal. O exercício desta profissão sempre seguiu os princípios deontológicos inerentes a esta prática profissional. Apenas se tornou essencial, para a APLO, encontrar uma forma simples, direta e clara de se apresentar ao público os princípios, valores e atitudes consagrados nos documentos internos da associação. Não é apenas para os optometristas que este código de conduta se dirige. Além de ser uma orientação dos princípios da profissão, trata-se também de uma manifestação positiva dos Optometristas para a sociedade. Dos 12 pontos que estão referenciados no código de conduta, podemos retirar vantagens do conhecimento geral deste documento, como por exemplo, a forma de reconhecer um Optometrista quando estiver a ser atendido por um. Nesse sentido, também se torna mais fácil entender o que esperar e o que se deve exigirdo dos cuidados prestados por um optometrista.

É importante também perceber que o novo código de conduta não surge com um propósito punitivo. Todo o conteúdo do documento constitui uma declaração livre e assumida pelo optometrista. Concretiza a sua visão de um mundo onde há acesso universal aos cuidados para a saúde da visão e a sua missão de prestar Mais e Melhores Cuidados para a Saúde da Visão. Os optometristas acreditam que é possível atingir estes objetivos maiores e o código de conduta espelha os valores, e atitudes e que espelham as bases para concretizar a sua visão e missão. Do ponto de vista regulador, a APLO tem um organismo disciplinar, que sempre atuou em conformidade com regulamentos internos da associação. Eles contemplam de forma detalhada as penalizações e sanções adequadas às más práticas que sejam identificadas. Neste sentido, qualquer penalização ou sanção que ocorra, como um aviso ou até mesmo a expulsão, deve-se ao trabalho diário do Conselho Disciplinar da APLO, sempre com o intuito de garantir os melhores cuidados para a saúde da visão com qualidade e segurança, para os portugueses. Sobre a APLO A Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO) representa os Optometristas, a maior classe profissional de prestadores de cuidados para a saúde da visão, em Portugal. Atualmente conta com cerca de 1.232 membros. A APLO é membro Fundador da Academia Europeia de Optometria e Ótica, membro do Conselho Europeu de Optometria e Ótica e membro do Conselho Mundial de Optometria. Para mais informações, consulte: www.aplo.pt



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