LV89

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Distribuição exclusiva a profissionais • Preço de Capa: €7,50

EDIÇÃO PORTUGAL • Nº 89 • MAIO 2020

Visão Partilhada

Juntos somos mais fortes

Zachary Tipton

Vinylize: A música aos guerreiros da linha da frente

Consumidor pós-covid?

As compras moldadas pelo medo e pelo positivismo


Este é o momento certo para a mudança! O projeto LookVision Portugal nasceu há oito anos, sempre independente e à imagem de quem o fez nascer, Patrícia Vieites e Carla Mendes. Em 2012, associámo-nos à marca espanhola que nos apoiou, mas que também fizemos crescer. Chegadas a 2020, temos as condições exatas para nos tornarmos, também na marca, independentes. Sonhámos e desenhámos um projeto, nos últimos anos, sobre esta ambição. Perante a situação atual, urge tornarmo-nos, sem sombra de dúvidas, portugueses, em tudo o que nos compõe. Ou seja, vamos despedir-nos do nome LookVision e abraçar a ambição da nova marca lusa Millioneyes, registada, desenhada e construída em Portugal, pelas nossas mãos e ideais. Somos as mesmas personalidades que desenvolveram o projeto central desde 2012, mas com o orgulho de sermos mais nós na insígnia. Millioneyes: bem vinda à luz da ótica!



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MultiOpticas

Visão Partilhada

LookVision Portugal

A luta conjunta do setor pela continuidade

A esperança na ação

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Essilor

Zachary Tipton

Consumidor pós-covid

BREVES

CAPA

A proteger heróis

OUTROS OLHARES

OLHAR O MUNDO

A crise revelou como a saúde visual está no ADN das óticas.

Vinylize: A música aos guerreiros da linha da frente

Solidariedade

Ponto de Vista As compras moldadas pelo medo e pelo positivismo

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OPTOMETRIA Henrique Nascimento Índice | 4 |

Covid-19 e a atividade de optometria em Portugal

Diretora: Editora: Redação: Design e Paginação: Fotografia: Fotografia de capa: E-mail: Tel: Periodicidade: Tiragem: Impressão: Preço de capa em Portugal: LookVision é publicada em Portugal pela Parábolas e Estrelas – Edições Lda. com sede na Rua Manuel Faro Sarmento, 177, 4º esquerdo, 4470-464 Maia, Portugal NIF: 510195865 Qualquer crítica ou sugestão deve remeter-se para: lookvision_portugal@hotmail.com

Patrícia Vieites Carla Mendes Carla Mendes, Mariana Teixeira Santos Paula Craft Paula Bollinger, Miguel Silva, Hugo Macedo Fauxels from Pexels lookvision_portugal@hotmail.com 96 232 78 90 Mensal 2000 exemplares Uniarte Gráfica, S.A 7,50 euros Depósito Legal n.º 419707/16 Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusive comerciais. Os artigos de opinião e os seus conteúdos são da total responsabilidade dos seus autores. Registo na ERC n.º 126933

Foto: Fauxels from Pexels

Tema de Capa: Em maio de 2020, destacámos o movimento nascido no setor da ótica para lutar contra a crise provocada pela pandemia por covid-19. Visão Partilhada é sinónimo de altruísmo, sentido comunitário e e de uma união sem precedentes no mercado português.




UNIDOS SOMOS MELHORES Nos momentos difíceis é quando mais se necessita da ajuda dos outros. É O MOMENTO DE FICARMOS UNIDOS. Contamos consigo?

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Distribuição exclusiva a profissionais • Preço de Capa: €7,50

EDIÇÃO PORTUGAL • Nº 89 • MAIO 2020

VISÃO PARTILHADA

Juntos somos mais fortes

ZACHARY TIPTON

Vinylize: A música aos guerreiros da linha da frente

CONSUMIDOR PÓS-COVID?

As compras moldadas pelo medo e pelo positivismo

Editorial | 8 |

Vamos vencer e renascer! Há danos, há perdas, há angústia, mas acima de tudo está o poder de personalidades do nosso setor que não se resignam. A mensagem é de perseverança, de sacrifício e vitória. Em plena “tempestade” económica e social provocada pela pandemia pelo novo corona vírus nasceu um movimento provocado por mentes empreendedoras do setor. As empresas “assinaram” a sua confiança na visão criada em prol do setor e da sua subsistência e a Associação Nacional dos Ópticos empreendeu o papel de levar e elevar o projeto entre as instituições mais altas do país. Por isso, damos a nossa capa a esta Visão Partilhada. Feita de pessoas, de investimento vocacionado para a compreensão apurada do que acontece à nossa volta, sem intermediários enviesados, de muita pujança e, claro, esperança. A ótica está unida e é a certeza que precisamos para declarar que vai, de facto, correr tudo bem! E porque neste pós–covid as palavras de ordem são superação e conhecimento, atualizámos o relatório sobre consumo lançado pela empresa de estudos de mercado WGSN. O consumidor mudou, os motivos que o levam a comprar também, porém as suas necessidades persistem. Temos aqui um guia essencial para convencer o seu público-alvo a recorrer aos seus serviços e aos seus produtos. Abrimos ainda espaço a Zachary Tipton, o designer húngaro que perante a pandemia decidiu oferecer todo o seu stock de óculos de prescrição aos “combatentes” pela vida do seu país natal. A Vinylize ofereceu os modelos com lentes de prescrição aos profissionais de saúde e de emergência médica, porque a maioria precisa e, simplesmente, porque merecem! Também a LookVision Portugal foi para o terreno levar as doações que nos chegaram a propósito da nossa campanha em prol da luta contra o covid-19. Ganhámos nova perspetiva sobre as estruturas que estão na primeira linha, emocionámo-nos e ajudámos quem nos salva. A ciência e os cientistas têm lugar assente na nossa publicação e, desta feita, temos o contributo essencial do presidente da União Profissional de Ópticos e Optometristas Portugueses, Henrique Nascimento, para este período excecional. É no número 89 que damos uma passo de gigante na nossa existência, enquanto revista especializada. Vamos ser independentes e portugueses a 100 por cento. Este é o momento certo! Faltava-nos apenas termos uma marca lusa e isso vai acontecer. Temos maturidade, temos experiência, somos muito mais que a própria marca alguma vez foi e, portanto, renascemos para darmos continuidade ao nosso trabalho, como Millioneyes. Um novo nome e uma nova Portugalidade entre o setor da ótica português. Claro que a certeza é de que a ótica está sempre aqui!

Estatuto Editorial / Sinopse A LookVision é uma revista profissional dedicada ao setor da ótica, contando com presença integral online através da plataforma isuu.com. A LookVision tem o objetivo de cobrir os acontecimentos específicos do seu setor e retratar a informação de forma rigorosa, com toda a dedicação e competência. A LookVision traz uma abordagem íntima, atualizada e assertiva sobre o setor da ótica em Portugal, esmiuça perspetivas de outros países sobre a situação do mercado, retrata tendências em óculos, expõe dados científicos essenciais aos técnicos da área com o apoio dos oftalmologistas e optometristas e aborda de forma inédita os empresários que gerem os estabelecimentos nacionais. A LookVision compromete-se a respeitar os princípios deontológicos e a ética profissional aplicada à atividade profissional dos jornalistas, assim como a boa fé dos leitores, através do trabalho dos seus colaboradores e diretor. A LookVision é independente do poder político e de grupos económicos, sociais e religiosos.


neubau-eyewear.com


Götti

Um Diogo Morgado em pleno O ator português integra o elenco de luxo da nova série da televisão pública, A Espia, como Siegfried, um engenheiro alemão frio e calculista. O look de Diogo Morgado é rematado de forma elegante e intemporal com o modelo Adan da suíça Götti. Os óculos redondos materializam-se num titânio ligeiro e têm a particularidade de não terem plaquetas, destacando o purismo das linhas e o design nostálgico.

Breves | 10 |

Institutoptico

Fysh

A essência feminina em tom tropical A nova campanha da Fysh espelha suavidade e a paz num ambiente contrastante de exotismo. Inspiradas nas villas espanholas, as imagens mostram a folhagem frondosa dos trópicos, pontilhada pelas cores luxuriantes das flores e ainda pelo luxo arquitetural subtilmente “colocado” no fundo. Os óculos flutuam neste compasso tranquilo através de desenhos rasgados, formatos generosos e cores energéticas.

E Calema apoiam famílias carenciadas O grupo nacional avançou com um projeto de ajuda às famílias portuguesas que se encontram num situação vulnerável, através da música do grupo Calema. O Institutoptico promoveu um concerto solidário online, a 18 de abril, para angariar fundos destinados à Rede de Emergência Alimentar. Esta plataforma foi criada para combater a situação provocada pela pandemia e é promovida pela Entrajuda, em parceria com os Bancos Alimentares. É que, de acordo com o Banco Alimentar, em mais de 20 anos, esta é a pior situação em termos de necessidades essenciais em Portugal. Todos os dias aumenta o número de famílias carenciadas, numa média de mil novos casos por dia, sendo que nos últimos três dias registaram-se nove mil pedidos de ajuda. “A nossa forma de estar no mercado tem muito a ver com a ligação próxima que temos com os nossos clientes e as suas famílias e a missão de promover a qualidade de vida. Cabe a todos fazer um pouco mais para que as famílias possam reestabelecer-se e viver condignamente. A Rede de Emergência Alimentar é um projeto prioritário e deixamos o apelo para empresas e particulares colaborarem”, referiu Vera Velosa gerente do Institutoptico.



Breves | 12 |

Okia

Novos materiais, novas possibilidades A marca de Hong Kong coloca no mercado uma nova coleção de óculos ultraligeiros, fabricados a partir do novo Suflexium, uma liga de alumínio e magnésio. Este lançamento reflete anos de contínua pesquisa das equipas de especialistas da Okia, o que dá à empresa uma posição de destaque em termos de tecnologia e manuseamento destas matérias chave. O Suflexium é mais resistente e leve que outras ligas de metal, permitindo designs mais espessos e complexos com peso reduzido e uma durabilidade impressionante. Esta é a imagem das novidades que combinam tecnologia estado de arte e uma criatividade que provém tanto da mestria como do coração.

neubau

Coblens

“Sem ti é um par de óculos, contigo uma coroa” Com esta declaração, a Coblens espelha o seu espírito em cada modelo que cria, a pensar em amantes de óculos muito especiais. Destacamos os óculos de prescrição Flugplan, com a sua bem delineada dupla ponte e que assenta na perfeição em homens e mulheres. Tudo graças ao design especial e às proporções equilibradas na perfeição.

Côte Du Soleil A nova coleção Côte Du Soleil é um tributo a um verão infindável, retratado no filme do francês Jacques Deray, La Piscine, gravado no cenário impressionante da Côte d’Azur. Os artistas Romy Schneider, Alain Delon e Maurice Ronet interpretam as personagens que dinamizam a história e que buscam liberdade, conduzidos por emoções e uma sensualidade instintiva. E são eles, aliás, que inspiram o “batismo” das novidades solares da neubau, que se cobrem de cultura clássica e da beleza que surge quando coragem e liberdade se unem. São impressos em 3D com matérias de base natural e que garantem sustentabilidade. Tudo junto já valeu à neubau o Prémio Red Dot 2020 para o Design do Produto na categoria Óculos.


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WWW.SILMOPARIS.COM


Moscot

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Regresso ao passado Com 105 anos de trabalho em prol da criatividade eyewear, a Moscot lança-se à primavera/verão de 2020 com novos estilos que transcendem as décadas. A campanha ilustra, precisamente, essa presença perpétua do ADN do centro nevrálgico da icónica cidade de Nova Iorque e uma enorme sensibilidade no design. Aliás, a Moscot entende que a retrospetiva é previsão pura, e “é assim o nosso 2020”.

Zeiss

A melhor fotografia de 2020 é... A grande multinacional de origem alemã fomenta a arte através do apoio ao prémio da Organização Mundial de Fotografia, pelo quinto ano consecutivo. Em 2020, a vencedora do Zeiss Photography Award foi a sul-coreana KyeongJun Yang. Sob o tema Seeing Beyond – Discoveries, a fotógrafa captou a série Metamorphosis, sob a luz das experiências dos imigrantes nos EUA. “Ganhar este prémio foi como um sonho concretizado para mim e estou feliz, não só porque venci, mas também porque agora sei que não sou a única a gostar das minhas fotografias. Estou satisfeita por saber que podem ser usufruídas por outros e, de alguma forma, não parecerem tão solitárias”, declarou KyeongJun Yang. Esta artista pode continuar a fotografar com a melhor qualidade graças ao prémio de 12 mil euros em lentes Zeiss para câmaras e ainda aos três mil euros que cobrem o próximo projeto de captação.


Lacoste

De volta aos anos ‘80 A icónica marca do crocodilo faz uma viagem aos seus arquivos e relança o modelo aviador L101, dos anos ’80. Reinventados na sua essência, os óculos de sol surgem em 2020 com um novo desenho adaptado com detalhes contemporâneos e, ao mesmo tempo, eternos. A Lacoste propõe ainda o modelo L222S, numa versão unissexo numa variedade de acabamentos elegantes e lentes em degradê. Todas as novidades têm a assinatura de René Lacoste na lente e o famoso logótipo, numa garantia de originalidade e prestígio.

Evatik

Celebrar o homem moderno A insígnia dedicada ao eyewear masculino celebra a diversidade, o estilo individual e os prazeres mundanos na nova campanha 2020. Aproveitar uma noite com amigos em torno de um jogo de póquer ou a atirar dardos são as premissas das imagens captadas num cenário verdadeiramente masculino, onde os óculos afirmam personalidades e mistério.


Breves | 16 |

F3M

INVU

Soluções protetoras A marca inserida no Swiss Eyewear Group colocou a sua equipa a trabalhar em prol do combate à pandemia pelo covid-19. A INVU produziu e distribuiu centenas de milhares de óculos protetores de alta qualidade a organizações que precisavam de proteção extra, nomeadamente hospitais, socorristas, empresas de transportes públicos e entidades de solidariedade social. Agora que já se antevê a reabertura das lojas e um regresso paulatino à normalidade, as necessidades de proteção estão ao rubro e podem ser os óticos a responder aos seus consumidores com óculos de segurança. “Durante estes tempos difíceis, o Swiss Eyewear Group quer apoiar os óticos e o público em geral, proporcionando óculos de proteção de qualidade, dentro dos parâmetros exigidos pela União Europeia e com controlo de qualidade exigente. Os preços são apelativos e as encomendas rápidas”, explicou Jerry Dreifuss, CEO da empresa suíça.

Garante evolução tecnológica à ótica Perante a situação atual do mercado, provocada pela pandemia por covid-19, a F3M apoia as óticas e os respetivos profissionais na adoção de novos métodos de trabalho, com recurso a soluções 100 por cento web based, teletrabalho, formação e atividades digitais. O objetivo da especialista em tecnologias de informação é que as empresas possam manter o nível da sua qualidade de resposta às premências dos clientes e parceiros. A criação e gestão de lojas online, que permitem disponibilizar aos clientes catálogos em formato digital, tem sido uma das maiores solicitações das óticas. Com este serviço, que a F3M implementa há vários anos, as empresas podem divulgar, comercializar e escoar os seus produtos para qualquer parte do mundo. É também possível criar promoções, gerir vouchers e toda a atividade relacionada com o consumidor. A F3M apoia ainda as empresas a migrarem e a implementarem soluções tecnológicas 100 por cento web based, que facilitam e garantem a gestão das lojas em qualquer lugar e momento. Através de ferramentas, como o Prisma, desenvolvido especificamente pela F3M para este mercado, as empresas podem gerir, com segurança e de uma forma simples e intuitiva, os vários serviços, bem como artigos, stocks, faturação e documentação, incluindo transferências entre lojas e armazéns. Ainda a nível digital, e em resposta aos desafios impostos pelo novo coronavírus, a F3M tem apoiado os profissionais de todo o país a adaptarem-se ao teletrabalho, garantindo, entre outros aspetos, a análise da infraestrutura tecnológica, a configuração de ligações remotas e o apoio aos colaboradores, em termos de formação e manutenção da ligação à distância. Tem também vindo a realizar inúmeras sessões de esclarecimento ligadas a temas como o processo de venda e assistência pós-venda, a gestão do negócio, controlo da agenda clínica e gestão de comparticipações e faturação para seguradoras.



Mais, a ANO sabe que esta empresa também não está a respeitar a lei em vigor, pois, diariamente, e em especial na loja do Cacém, a Fábrica dos Óculos tem demasiados clientes dentro do estabelecimento sem cumprir o distanciamento mínimo estabelecido, conforme fotos:

Breves | 18 |

ANO

Acusa, Fábrica de Ótica do Cacém defende-se A Associação Nacional dos Ópticos (ANO) lançou um comunicado onde condenou o facto da Fabrióptica, detentora das lojas Fábrica de Óculos do Cacém e Chiado Eyeglass Factory, enviar mensagens publicitárias por SMS, onde incitavam as pessoas a visitar as suas lojas, com a promessa de um desconto, caso apresentassem a respetiva mensagem. A ANO considerou ainda que, segundo imagens captadas dentro das lojas, não se estava a respeitar a distância mínima de segurança. Tudo isto num momento em que o estado de emergência constringia a convivência social e apelava à permanência em casa. Questionámos a Fabrióptica sobre esta questão, que se defendeu, dizendo que as lojas da empresa estiveram abertas seguindo as recomendações da Direção Geral de Saúde. “Mais informamos que já recebemos quatro visitas das autoridades para se certificarem de que estava tudo em conformidade. Após recebermos vários contactos de clientes a solicitarem os nossos serviços, mas com receio de saírem de casa devido ao correto controlo policial na circulação das pessoas na via pública, elaborámos um SMS (que tem caracteres limitados) com a intenção de tranquilizar os clientes, em como podem deslocar-se até às nossas instalações para tratarem da sua visão e fazerem a sua consulta.” Quanto à questão do desconto, a Fabrióptica alega que é o apoio possível aos seus clientes, num momento de instabilidade económica.

Optivisão

MultiOpticas

Protege heróis O grupo de óticas ofereceu 500 viseiras ao Hospital das Caldas da Rainha. “Numa altura tão difícil como a que estamos a viver, a MultiOpticas não podia deixar de dar a sua contribuição para quem está na linha da frente, os milhares de médicos e profissionais de saúde que vestem todos os dias a capa de super-heróis, colocando a sua própria vida em risco para salvar muitas outras vidas. Não podemos ficar indiferentes sem contribuir de alguma forma para garantir a segurança e conforto destas pessoas fantásticas!”, afirmou em comunicado Ana Portugal, responsável pela área de Responsabilidade Social da MultiOpticas. O grupo decidiu abordar diretamente a Ordem dos Médicos, no sentido de perceber que tipo de ajuda era necessária no terreno. A resposta veio rápida, e imediatamente foi colocada em prática a aquisição de 500 viseiras para doar à instituição hospitalar das Caldas da Rainha.

Apoia profissionais de saúde A Optivisão avançou com a iniciativa de doação de sprays de limpeza e gotas humidificantes Hydra Total Optilight, para ajudar os profissionais de saúde que estão na linha da frente no combate à pandemia do covid-19. Doaram-se cerca de cinco mil sprays de limpeza, para desinfetar óculos e viseiras de proteção utilizados pelos profissionais de saúde e gotas humidificantes para auxiliar o cansaço visual. Esta ação teve o seu primeiro donativo direcionado ao Hospital São João no Porto, Hospital Santa Maria e Hospital Amadora Sintra em Lisboa, onde mais de 2200 profissionais de saúde, médicos, enfermeiros e técnicos de saúde estão no combate ao covid-19 e também, ao INEM - Instituto Nacional de Emergência Médica que conta com mais de 300 profissionais envolvidos no transporte de doentes infetados.


Fassamano

Breves | 19 |

Enquadrar o rosto num gesto A marca italiana exala elegância nos seus óculos de leitura. Usam-se como um colar, uma joia, e colocam-se nos olhos num gesto elegante. A ideia nasceu de Cristiana, designer/arquiteto, Carlo, fotógrafo e realizador e Giovanni UX Designer, que reformularam o conceito de óculos de leitura para tarefas instantâneas, com um olhar arquitetural e glamoroso. A originalidade desta Fassamano já valeu o ‘A Design Award and Competition 2019 na categoria Joias, Eyewear e Design de Relógios, um galardão internacional de referência.

Komono

Um momento com... Num incentivo à união pela criatividade em tempos de confinamento forçado, a Komono propôs a todos os amantes da arte e do design o desafio A Moment With. Durante este período de pandemia pelo novo corona vírus, a marca publicou nos seus canais digitais um trabalho criativo por dia, provenientes de jovens artistas. Desde ilustradores, criadores de filtros até artistas de vídeo e do 3D, todos trouxeram uma mensagem positiva aos meios da Komono. A campanha arrancou com a coleção cápsula Light Blue e alguns dos mais icónicos estilos.


Foto: Renato Abati from Pexels

Tema de Capa | 20 |

Visão Partilhada

A luta conjunta do setor pela continuidade A ótica já tem resposta contra a crise. Um grupo de mentes brilhantes e diligentes juntaram esforços para pensar numa forma de emancipar o setor do buraco social e económico provocado pela pandemia global por covid-19. Sob alçada da Associação Nacional dos Ópticos, nasceu o movimento Visão Partilhada, a partir de um grupo de trabalho que reúne grupos de ótica, óticos independentes e indústria. Mais harmonizados que nunca, os delegados do mercado luso de ótica já iniciaram o trabalho em torno de um plano pragmático, para garantir que toda a rede de valor do setor esteja segura e salutar. A missão é a de continuidade!


“mediu o impacto da Covid-19 no setor da ótica a retalho. Tais resultados sustentaram um conjunto de medidas concretas de apoio setorial que este grupo já discutiu com as entidades governamentais, em concreto, com o Ministro dos Assuntos Fiscais e com o Secretário de Estado para o Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor”, adiantou-nos Fernando Tomaz, presidente da ANO.

Foto: Pixabay from Pexels

Como premissas a esta atuação estão resultados indubitáveis que demonstram que o setor deverá perder cerca de metade da sua faturação em 2020, com os meses de confinamento forçado como os mais significativos para este balanço. Por outro lado, o estudo revelou que o mercado da ótica estava bastante sólido antes da crise, em termos financeiros, muito graças à energia dos intervenientes e à gestão de tesouraria muito característica. “Essa dinâmica estava já estabilizada, o que assegurava um equilíbrio no mesmo setor, sem entradas ou saídas expressivas de empresas. A crise veio provocar uma perturbação significativa com a retração generalizada da procura. Precisamente do lado desta procura retraída, é urgente tomar medidas que tornem evidente à população em geral que estes dias de confinamento são/foram dias que pioraram a saúde visual de todos e que a rápida atenção a esta questão é uma forma de retomar a normalidade, sem perdas de produtividade que agravem uma crise económica que já é sem precedente. O papel dos óticos torna-se assim muito importante e pode ser determinante”, refere o estudo. Este é um entreabrir do primeiro grande contributo da Visão Partilhada. Há muito mais a preparar-se em nome da ótica.

•• “A crise vem provocar uma perturbação significativa com a retração generalizada da procura. Precisamente do lado desta procura retraída, é urgente tomar medidas que tornem evidente à população em geral que estes dias de confinamento são/foram dias que pioraram a saúde visual de todos” ••

O nascimento de um sentido comum O confinamento forçado pelo estado de emergência gerou danos profundos e transversais no retalho. Embora a ótica tenha sido considerada essencial, mantendo parte da sua estrutura de lojas aberta por todo o país e tenha conseguido elevar-se no esforço dos serviços à distância e digitais, as vendas caíram de forma danosa. “Nestes terríveis momentos, as dúvidas e os receios que a todos atormentam e arriscaria afirmar sem exceção, teriam proporções incomensuráveis se ao atravessarmos este deserto provocado pela covid-19, o fizéssemos solitariamente. O pilar que alicerça a sociedade foi profundamente abalado e o impacto do que está para vir será transversal ao setor e não exclusivamente do retalho. Este é o tempo de olharmos para além do nosso quintal e de partilharmos recursos. A pandemia deu origem a uma rutura social e económica sem precedentes e expôs as fragilidades do sistema. Se alguma lição daqui poderemos reter será a de que na vida nada está definitivamente assegurado. Nos contactos que se seguiram para garantir a total sintonia e consistência do projeto sentimos uma enorme corrente solidária”, é a imagem clara transmitida por Rui Motty, responsável pelas lojas Optocentro, que define na perfeição o motor da Visão Partilhada. Este representante da ótica independente acercou-se de outros empresários e compreendeu que o sentimento, era de facto, generalizado. Impunha-se ação assinada e apoiada pela instituição representativa da ótica em Portugal. A ANO foi chamada para o centro desta “tertúlia” para que materializasse a vontade em atos oficiais e com impacto ao nível das políticas centrais do país. “A ANO é a única entidade que representa as empresas a retalho do setor da ótica em Portugal. Logo, iremos sempre ser centrais na luta pelos interesses de quem representamos junto de quem decide e pode, de facto, aprovar medidas que possam dinamizar as empresas de todo o setor”, reforçou o presidente Fernando Tomaz à nossa reportagem.

Tema de Capa | 21 |

O primeiro grande passo dado pelo projeto Visão Partilhada já tem números e respostas comprovadas. Antes de empreender qualquer ação, o grupo liderado pela Associação Nacional dos Ópticos (ANO) encomendou um trabalho fulcral à Universidade Católica Portuguesa para se munir de dados e que envolveu mais de 500 óticos. Através da interpretação de um inquérito e de outros fatores, esta produção


Tema de Capa | 22 |

Rui Motty referiu ainda que não há registos na história da ótica de uma corrente solidária como a que nasceu sob a Visão Partilhada, “espontânea, consistente, com o apoio da indústria, dos grupos, dos independentes e da ANO. (...) O governo tem-se mostrado empenhado em apresentar algumas soluções como o regime do lay off simplificado, mas que face à dimensão desta crise são manifestamente insuficientes. Pretende-se evitar o colapso de muitas empresas no retalho da ótica através da criação de instrumentos fiscais e financeiros para o suporte da retoma da economia quando o estado de calamidade. É um pacote ambicioso, mas assente na lógica de outras medidas setoriais que o governo tem vindo a criar em áreas como o turismo, a restauração e as start-ups. Não será demais voltar a relembrar o significativo papel do setor da ótica na pirâmide dos cuidados primários de saúde visual.” Outra figura que “assina” este movimento é Gonçalo Barral, diretor geral da Essilor Portugal, e que foi dos primeiros a afirmar “que alguma coisa tem que ser feita”. No lado da indústria, este líder explicou que “a importância da Visão Partilhada para a Essilor é a mesma que para qualquer outro player do mercado, seja da parte do retalho seja da parte da indústria. Estamos todos no mesmo barco e esta é uma mensagem que achámos que é importantíssima entender. Com esta redução drástica da procura, a grande cadeia de valor que é a ótica, aquele ecossistema, eu diria, quase fechado está a ser afetado na totalidade. Este movimento liderado pela ANO teve um grande apoio da indústria, tal como da Essilor, e não só das lentes oftálmicas, doutras áreas também, nomeadamente das armações, das lentes de contacto, entre outros. Temos que ter a consciência de que juntos somos mais fortes. Estamos com fé que vamos ter resultados muito positivos por parte deste movimento.”

A fábrica de óculos Sociel também apoia este desafio lançado pelo espírito empreendedor do setor. A unidade sediada em Gondomar sentiu as dificuldades geradas pela falta de clientes nas óticas nacionais e internacionais e, portanto, faz sentido lutar pela sustentabilidade de todo um mercado. “Na Sociel estamos, como sempre estivemos, disponíveis para colaborar e estamos preparados para continuar a trabalhar de forma sustentável. Acredito sinceramente que mais do que nunca temos de valorizar o que é nosso, o que tem qualidade e o que é orgulhosamente fabricado em Portugal”. declarou o dirigente da fábrica lusa, José Maria Rodrigues. Fomos em busca de mais declarações por parte da indústria, no entanto, e devido aos momentos excecionais que vivemos, não obtivemos mais respostas. O sentido associativo que extravasa das palavras de quem nos comunicou pode perfeitamente abranger qualquer um dos representantes dos segmentos. Quando questionámos Rui Motty sobre a robustez desta Visão Partilhada, a resposta foi firme: “Na sua génese, o movimento, Visão Partilhada, nasceu espontaneamente em torno de um sentimento de insegurança e emergência coletiva que se instalou. Diz o ditado, “a necessidade faz o engenho”. Ainda que as suas origens não surjam da iniciativa associativa, a ANO foi a plataforma suporte para a expansão e abrangência do projeto, o rosto institucional. Saber se isoladamente teria um papel mobilizador do setor será ficção. Este momento difícil em que o mundo se encontra e no qual a ótica não é exceção, poderá ser o momento de afirmação da ANO como o elemento moderador interno e o grande interlocutor para a sociedade. Substanciar a sua força para os associados com uma estratégia bem definida e uma dinâmica e inovadora. A lógica do aforro já lá vai, é urgente comunicar a essência da missão da ótica como um serviço de saúde visual e de utilidade pública. Os recursos deverão ser aplicados quando a necessidade o impõe. A liderança institucional consiste num fator agregador através de projetos objetivos e transparentes. A promoção das viagens de grupo são um doce aos associados e, por si só não acrescentam valor social às instituições, a menos que sejam imbuídas de caráter educativo, científico ou técnico. As associações têm a missão de contribuir para o fim a que se propuseram, promover e desenvolver as competências dos seus setores.”


“Antes de mais, queremos deixar uma mensagem de agradecimento a todos os óticos que mantiveram as suas empresas em funcionamento durante o estado de emergência, ajudando, não só a manter o acesso aos cuidados de visão e produtos óticos às suas comunidades, mas também a reforçar o papel da ótica e dos seus profissionais em prol da saúde pública. Depois, queremos passar a mensagem de força e de coragem a todos os que sentiram mais dificuldades nos últimos meses, garantindo que estamos a trabalhar para minimizar tal impacto nos seus negócios. Por fim, uma mensagem de esperança. Acreditamos realmente que “Vai ficar tudo bem”, até porque conhecemos o nosso setor e o ADN dos empresários e profissionais que representamos. Sabemos que irão lutar diariamente pelo sucesso dos seus negócios, tal como nós, pelo triunfo de um sector.” A ANO, paralelamente ao apoio e incentivo desta Visão Partilhada, tem estado no

“terreno” político, na luta contra as adversidades provocadas pela pandemia. Prova disso foi a criação do Manual de Procedimentos e Boas Práticas na Retoma da Atividade das Empresas de Ótica e para os Gabinetes de Optometria, em parceria com a União Profissional dos Ópticos e Optometristas Portugueses e que foi validado pela Direcção-Geral da Saúde a 2 de Maio. É um sinal de confiança e, acima de tudo, segurança para trabalhadores e consumidores, que passam a sentir-se tranquilos nos estabelecimentos de ótica. A ANO também sublinhou a importância que o mercado ligado à saúde visual tem para o governo, ao ser publicada informação sobre as óticas associadas da ANO na plataforma digital do Governo Open4Business. A promoção de formações online com especialistas de várias áreas reúne os profissionais em torno do conhecimento e é a melhor forma da ANO ajudar os seus associados a estarem ativos e confiantes.

Tema de Capa | 23 |

Foto: Italo Melo from Pexels

A ANO, na voz do presidente, fala aos seus óticos com esperança

•• “ Ac reditamos r ealmente que “Vai ficar t ud o bem”, até porque conhecem os o n o s s o setor e o ADN dos em presár ios e p rofissionais que representam os. Sa b emos que ir ão lutar diariam ente p el o sucesso dos seus negócios, tal c o mo nós, pelo tr iunfo de um sector” ••


LookVision Portugal

A esperança na ação A pandemia provocada pelo covid-19 mexeu com as infraestruturas da nossa sociedade, mas despertou ainda mais o sentido coletivo. Certas premências tiveram que ser respondidas, sem esperar pelas longas burocracias do nosso sistema. Como imprensa especializada que somos, constituímo-nos de uma estrutura pequena, mas com a capacidade de nos fazermos ouvir. Lançámos, por isso, o desafio ao setor da ótica para ajudar as nossas forças de segurança, os nossos profissionais de saúde e de emergência médica e os nossos valiosos voluntários, que não podem esperar por decretos nem encomendas quando se trata de auxiliar a população. Aplaudimos de pé a quem respondeu a este repto exigente. Lusíadas e Milenar Art Graphic deram-nos a oportunidade de ir para o terreno com materiais essenciais e lutar contra este vírus inesperado. O nosso muito obrigado pela valentia!

Solidariedade | 24 |

““Para o bem de todos, o melhor de cada um” A Milenar Art Graphic foi a primeira empresa a dizer sim. Puseram à nossa disposição 20 viseiras fabricadas pela própria equipa da gráfica de Castelo de Paiva, material este que tem oferecido por todo o país, diretamente ou através de parcerias semelhantes à nossa. “Para o bem de todos, o melhor de cada um”, foi o lema que criaram com carinho e nos entregaram, pedindo que fosse disseminado por quem recebesse as preciosas viseiras. Por trás desta ideia estiveram Maria do Carmo Bernardes, Flávio Lopes, Catarina Gonçalves, Daniela Moreira, Ilídia Magalhães, Manuel Lopes e Fernanda Moreira, familiares e cúmplices e que têm espalhado esperança por onde passam.

•• Nes t e p erío d o t o d as as a jud a s s ã o p o uc as e, mes mo em d et rimento d a emp res a , s ã o v itais ••

Uma empresa da ótica abre coração ao país A Lusíadas também deu um passo em frente perante a nossa iniciativa. A empresa portuguesa ligada à moda eyewear e aos materiais para consultórios de optometria sediada em Matosinhos ofereceu logo no primeiro contacto 100 máscaras de proteção. Porém, Sérgio Ramos, diretor geral da empresa, surpreendeu-nos com 1000 máscaras no dia em que fomos levantar a doação, porque neste período todas as ajudas são poucas e, mesmo em detrimento da empresa, são vitais. Em busca de quem luta por nós O trabalho que se seguiu foi apurar as organizações que estavam envolvidas no combate à pandemia e que precisavam destes materiais de proteção individual. Descobrimos que há muitas falhas, infelizmente, em muitas instituições de extrema importância. Foi compensador colmatar, ainda que parcialmente, estas necessidades. As viseiras da Milenar Art Graphic foram distribuídas, com carinho e esperança, nos Bombeiros Voluntários do Porto, nos Bombeiros Voluntários de Ermesinde e na PSP do Porto. As máscaras de proteção ajudaram a nobre atividade quotidiana da Legião da Boa Vontade, da Porta Solidária, do Banco Alimentar Contra a Fome e da CASA, Centro de Apoio aos Sem-Abrigo, que distribuem alimentos e bens necessários a pessoas em situação precária.


CECOP Programas alinhados com o regresso à “normalidade”

O esterilizador UV foi disponibilizado logo no início do mês de abril aos associados da CECOP, para garantir a segurança dos clientes dentro das lojas. O objetivo deste aparelho é permitir a prova das armações, que posteriormente se inserem no esterilizador e, em apenas cinco minutos, estão limpas e livres de qualquer vírus. Também em abril foi lançada a plataforma Smart Academy, que assegura formações em streaming e, desta forma, edifica os conhecimentos dos óticos. Entre as vantagens deste programa estão o facto de qualquer ótico poder aceder aos conteúdos, sendo associado do grupo ou não, e estarem ainda disponíveis webinars dos fornecedores protocolados que se realizem ao longo deste período. Pode aceder-se à plataforma sempre e quando se queira através de www.cecop.pt/smartacademy_pt/. A reabertura das óticas é ainda apoiada pela CECOP com o Pack Be Safe, que inclui máscaras cirúrgicas e FPT2 e viseiras. Evoluir com inteligência Já no final de abril, saiu à luz o Smart Business Plan, o programa online personalizado inserido no projeto Evolution. Esta consultoria digital com provas dadas de sucesso é delineada à medida das necessidades dos óticos e entregue em duas semanas. O objetivo primordial assenta no aumento da produtividade comercial e está alinhado com as tendências atuais dos mercados que se movem entre o “analógico” e o digital. Aliás, O Smart Business Plan está 100 por cento alinhado com o setor da ótica e ajuda os empresários a compreender a situação real do seu negócio. O revolucionário programa virtual promove a eficiência dos processos para se conseguir melhores resultados e recuperar o investimento e perdas que decorreram durante o período de confinamento geral.

Outros Olhares | 25 |

O grupo dos óticos independentes tem a sua equipa a trabalhar incansavelmente para colocar ao serviço dos profissionais ferramentas essenciais, neste período extraordinário. Smart Business Plan, Smart Academy, esterilizador UV e Pack Be Safe são as propostas que facilitam o regresso do setor da ótica aos negócios.

Com base na experiência de uma das consultoras espanholas de maior prestígio, a Kiriom, este programa tem a metodologia Smart Growth baseada na visão abrangente de negócios, na análise de dados, nos recursos humanos e na experiência do cliente e no digital. O ótico tem acesso a informações em tempo real sobre a sua evolução e um painel de controlo que lhes dará a oportunidade de ver a evolução de seus negócios nos objetivos definidos no início do programa. O Smart Business Plan tem três fases de implementação: análise da situação, aquisição de clientes e eficácia e eficiência dos negócios. Há informações detalhadas em https://cecop.pt/smartbusinessplan_pt/. O objetivo da CECOP com todo este esforço é que o setor recupere em pouco tempo o que, devido ao seu compromisso social, teve que perder durante esse período.


Essilor

Outros Olhares | 26 |

A crise reforça como a saúde visual está no ADN das óticas Em poucas semanas o mundo mudou e dois factos destacam-se no setor: a proximidade ganhou força e os consumidores vão voltar a procurar as lojas de ótica a pensar na saúde visual. “As pessoas vão centrar-se no essencial, na nossa razão de existir, e menos no acessório, e vão recomeçar a ir às óticas por razões de saúde visual”, assinala Gonçalo Barral, diretor geral da Essilor Portugal. Para responder a esta procura, é fundamental conseguir que as lojas possam “garantir a segurança e a proteção da saúde pública, com atenção aos clientes, lojistas, mas também às famílias e à comunidade”, destaca o líder da fabricante de lentes.

Gonçalo Barral assinala a importância de o Governo ter classificado as óticas como um serviço essencial à população, no diploma que reconheceu o estado de emergência. Este reconhecimento valoriza os profissionais do setor, que também os responsabiliza enquanto promotores e zeladores da saúde pública. Paralelamente, o pós-covid “será mais difícil para os modelos de negócio que não estiverem assentes na especialização e na saúde visual”, adverte Gonçalo Barral: “Num negócio em que os custos fixos são muito relevantes, as empresas devem tomar, e muitas já o fazem, medidas clássicas de boa gestão: controlo de tesouraria, autonomia financeira, situação patrimonial sólida, custos controlados, investimento em tecnologia e inovação e serviço de excelência.”

Os novos tempos vão também implicar um reforço da comunicação digital, com o reforço da acessibilidade local, aliada à especialização e forte componente profissional e à capacidade de resolver problemas de modo personalizado. A profunda crise económica e social que se avizinha, vai obrigar as óticas a pensar na melhor forma de responder às necessidades dos seus clientes, sem ameaçar a capacidade de criar valor. Gonçalo Barral deixa um desafio: “Se, por um lado, estão criadas as condições para a procura de ‘soluções de valor acrescentado’, por outro, há uma franja significativa da população que foi afetada economicamente, o que deverá levar a que cada ótica esteja preparada para efetuar uma correta segmentação por tipologia de cliente, sem comprometer nunca a saúde visual e a qualidade.”


Patricia Calvário: regresso aos “básicos” da gestão de recursos humanos “Não tendo dúvidas de que a gestão emocional das equipas está a ser o maior desafio nesta crise”, revela Patrícia Calvário, diretora de Recursos Humanos da Essilor, que salienta ainda que a resposta está na proximidade às pessoas, traduzida em confiança, transparência e positivismo. A responsável destaca também que foi a capacidade de antecipação que permitiu que logo em fevereiro tenham sido implementadas medidas para garantir a segurança dos 400 trabalhadores, com a entrega de kits com equipamentos de segurança e a criação de um canal de chat interno, o “HR direto”, para responder a questões essenciais sobre a segurança e saúde das pessoas e a operacionalidade da unidade.

Ricardo Cadete: “O importante agora é retomar a confiança” Ricardo Cadete, diretor comercial da Essilor salienta que a empresa está a investir no “recomeço” da atividade das óticas, com ações de formação e sensibilização para a importância da saúde pública e a segurança dos clientes e de quem trabalha nas lojas. O apoio às óticas inclui “protocolos de visitas e de consulta, packs de segurança desenvolvidos para os profissionais, e outras ferramentas para apoiar o negócio neste momento crítico de retoma.”

Daniel Ferreira: atenção à incerteza no regresso à normalidade O regresso à “normalidade” na Essilor está a ter em atenção a “elevada incerteza” desta fase e a ser feito de acordo com “decisões, suportadas pela força das equipas, a sua capacidade de rápida adaptação e agilidade”, salienta Daniel Ferreira, diretor de Operações da empresa. Apesar do confinamento, com a redução drástica das encomendas, Daniel Ferreira salienta que nesse período a unidade manteve sempre um serviço mínimo dedicado aos clientes para responder a pedidos urgentes.

Luís Rio: “Nos próximos tempos as mensagens sobre saúde visual vão ter ainda mais impacto no consumidor, o que abrirá novas oportunidades” É a ideia na ordem do dia segundo Luís Rio, diretor de Marketing da Essilor, que antecipa que no futuro teremos que ter uma “comunicação cada vez mais personalizada e precisa (em oposição a estratégias passadas de massificação).” Agora, após o fim do estado de emergência, o objetivo é recuperar o negócio no setor, e para isso é necessário “restabelecer a confiança dos consumidores em como podem visitar as óticas em segurança”. Nesse sentido, a Essilor está a disponibilizar aos parceiros “um conjunto de recomendações de segurança” bem como “materiais de ponto de venda para serem utilizados e kits de comunicação digital”. Para além disso, lançou uma campanha nas redes sociais, dirigida aos consumidores.

Margarida Barata: resposta a emergência e apoio aos profissionais de saúde Durante o confinamento, a fundação Essilor, Vision For Life “esteve ativa no fornecimento de equipamento de proteção individual, nomeadamente óculos de proteção, a hospitais, clínicas e consultórios, que se mantiveram em funcionamento, contribuindo para a proteção dos profissionais de saúde”, resume Margarida Barata, diretora de Marketing Inclusive Business and Philanthropy Europe da Essilor. Paralelamente, neste período “a atuação quotidiana da área da filantropia da Essilor Portugal ficou reduzida à substituição de óculos partidos/riscados para pessoas carenciadas.”

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Alberto Silva: prioridade esteve na resposta às solicitações e mensagens de Saúde Visual O diretor de Saúde Visual da Essilor Portugal, Alberto Silva, conta que durante o período de confinamento o departamento respondeu a solicitações dos parceiros do setor, nomeadamente a Associação Nacional dos Ópticos e a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO)/SPO Jovem, com webinars sobre áreas como “a saúde pública numa sociedade covid-19”, ou “como servir em tempos de difíceis”. Paralelamente, salienta, houve “solicitações ao nível da necessidade de apoio formativo online e da equipa de delegados”, sobre soluções óticas para o embaciamento (tratamento Optifog), ou dos prescritores que necessitavam de apoio.”


Olhar o Mundo | 28 |

Zachary Tipton

Vinylize: A música aos guerreiros da linha da frente

A marca nascida na Hungria transformou a sua génese neste período excecional, provocado pelo covid-19. As armações criadas a partir de discos de vinil passaram a sair da empresa para serem oferecidas aos profissionais de saúde do país. À missão de garantir que estes trabalhadores da linha da frente contra a pandemia pelo novo corona vírus tinham óculos bem adaptados e de qualidade, o fundador da Vinylize chamou Glasses for Heroes. Zachary Titpton proporcionou-nos uma visão exclusiva sobre este projeto e sobre a forma como o seu sonho de ver o vinil ser parte do rosto de quem ama óculos alcançou a alegria de muitas pessoas. Foi precisa muita coragem para desenvolver o projeto Glasses for Heroes. Prejudicou a empresa em termos económicos? Acho que teria sido mais assustador não ter feito nada. Nós já estávamos a ser prejudicados economicamente. Três feiras foram canceladas, as vendas “evaporaram” e tínhamos disponível bastante produto. Já tinha dado a alguns colaboradores o aviso de despedimento.

Como se desenvolveu a ideia e como a puseram em prática? Fomos inspirados pelos restaurantes que alimentavam os desempregados e pensámos de que forma poderíamos nós ajudar na luta contra o vírus. Da experiência anterior com as organizações médicas locais, lembrei-me que muitos dos trabalhadores dedicados aos cuidados de saúde tinham apenas um par de óculos.


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Dadas as circunstâncias dramáticas que vivemos na Vinylize, agimos rapidamente para doar o nosso inventário a um pequeno, mas muito importante, grupo de pessoas. E porque os óculos sem lentes de prescrição não são muito úteis, contactámos a Zeiss para perceber se podiam ajudar. A diretora para a Europa Oriental, Rosa Gergely, respondeu-nos: não só ofereceriam 100 pares de lentes corretivas, mas também fariam o trabalho de laboratório. Criámos um questionário online onde os interessados na doação deviam fazer prova do seu trabalho, partilhar a prescrição, mandar-nos uma foto e a morada de entrega. Desenvolvemos um comunicado de imprensa e publicitamo-lo no nosso blog, no Instagram e enviámo-lo para o máximo de publicações que conseguimos. Depois das solicitações terem disparado, cedo percebemos que 100 pares de lentes não seriam suficientes – estávamos preparados para doar 800 óculos. Contactámos então a Essilor, a Hoya e a Noptiker. Todos doaram 100 pares de lentes também, mas não faziam o trabalho de laboratório, o que nos levou a pedir apoio aos óticos e laboratórios locais. Estão neste momento a trabalhar nos 300 pares de lentes que restam entregar. Simultaneamente, arrancámos com uma campanha de cupões para as pessoas que ouviram falar sobre a nossa iniciativa e que queriam apoiar-nos. Esta ação foi incrivelmente bem sucedida!

•• “ Da ex per iência anter ior com as organizações méd icas locais, lembrei- m e que muitos dos t ra b alhadores dedicados aos cuidados de s a úd e tinham apenas um par de óculos” ••

Portanto, as empresas de lentes oftálmicas envolveram-se sem receio. Sim, simplesmente telefonei e todos demonstraram, desde logo, disponibilidade, capacidade e muita vontade de participar. E que números destaca neste Glasses for Heroes? Os números ainda não estão fechados, porque ainda temos pedidos a chegar. Neste momento, contabilizamos 853 candidaturas e doámos 350 óculos com lentes corretivas num total de cerca de 155 mil euros. O nosso objetivo é chegar aos 800 óculos distribuídos, com lentes, que atingirá um total de 352 mil euros, aproximadamente. E qual é o sentimento quando se vê estes importantes profissionais “equipados” com armações Vinylize? É incrível! Foi um fator que aumentou muito a moral dos nossos colegas. Eles estão literalmente a trabalhar horas extra para responder aos pedidos e escolher a


•• “Cada ar m ação foi selecionada especialmente para cada candidato, tendo sempre em considera çã o a respetiva prescrição, caraterísticas do r osto e pr ofissão” ••

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melhor armação. Recebemos cartas de agradecimento e fotografias dos profissionais de saúde com os nossos modelos e no seu local de trabalho diário. Sobre a pandemia devido ao covid-19, em que estágio está a Hungria? E a ótica do país está a sofrer? A Hungria está a ultrapassar muito bem a situação, com taxas de infeção e mortalidade muito baixas. As lojas, incluindo as de ótica, abriram a 4 de maio, depois de estarem encerradas, pelo menos, seis semanas. O setor da ótica está a sofrer um golpe profundo e muitas das lojas escolheram mesmo fechar portas, por falta total de receitas e não porque não fossem essenciais. Sobre a Vinylize, já pensou sobre o futuro da marca e como lutar contra este desafio económico que se apresenta agora? Nunca parámos de trabalhar e pensar sobre o futuro da Vinylize! Estamos a reestruturar a empresa e a oferta de produtos. Vamo-nos focar no mercado local, nomeadamente no nosso showroom. Assumindo que doaram grande parte da vossa coleção, haverá falta de Vinylize no mercado em geral? Cada armação foi selecionada especialmente para cada candidato, tendo sempre em consideração a respetiva prescrição, caraterísticas do rosto e profissão. Alguns receberam modelos da nossa nova coleção, mas os nossos bestsellers provaram ser mais populares e continuamos a ter alguns em stock, também! Vamos assegurar que os nossos seguidores possam usufruir da qualidade, conforto e estilo que a Vinylize proporciona. Reduziram a produção, porém. Sim, em cerca de 90 por cento. Redirecionamos os nossos esforços para desenvolver óculos melhores e tornar a nossa empresa mais eficiente. Já sonham com a próxima coleção? Temos já alguns projetos em andamento, a questão agora é quando lançar. Penso que os próximos anos vão ser duros e estamos a criar novas coleções sob essa mesma premissa.



Quem é o consumidor pós-covid?

As compras moldadas pelo medo e pelo positivismo

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Ponto de Vista | 32 |

Texto: retirado do webinar por Andrea Bell, diretora de Insight, na WGSN

O relatório anual sobre o consumidor do futuro da empresa internacional de estudos de mercado WGSN foi produzido em janeiro antes do novo corona vírus se tornar uma pandemia global. E por causa destes tempos extraordinários, algumas estratégias chave foram aceleradas. É exponencial o crescimento do com commerce para pessoas que dão prioridade à estabilidade, como reação ao medo, o aparecimento de plataformas de comércio local fervoroso, desenhadas para manter as comunidades locais motivadas e o dinheiro local na região e o aumento de grupos de serviços e promoções focados num e-commerce por bundle buys, ou compras em grupo para maiores descontos e que são mais fortes hoje e continuam a ser uma prioridade para o consumidor até 2022.


No início de janeiro a WGSN previu que 2022, apesar da nossa aliança à conetividade digital, vamos precisar de contacto humano e agora, mais que nunca, isso irá delinear as nossas vidas. Este artigo de atualização sobre os consumidores e o consumo destaca como unir esta diferença. Aqui desenvolve-se três sentimentos dos consumidores, que criam verdadeiro impacto na forma de comprar – Medo, sociedade dessincronizada e otimismo radical. Isto é o que verdadeiramente motiva os diferentes tipos de consumidores, segmentos, pessoas ou tribos, aquilo que cada empresa escolhe para designar o seu público, e que se divide entre: os conservadores, os novos otimistas, os conservadores.

Sentimentos dos consumidores

Medo

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Basta passar um olhar rápido pelo feed de notícias para se receber uma dose de instabilidade política, crise ambiental e economias instáveis. Não é surpresa, por isso, que o medo aumente globalmente, resultando em altos níveis de depressão e ansiedade. De facto, na pesquisa de trabalho para este trabalho, o medo foi um sentimento dominante nas análises das nossas 13 equipas regionais. E o que mudou foi que o medo não é só um unificador global. Tornou-se também um fator com diferenças demográficas. As manifestações de medo são diferentes por várias razões, mas existem fatores comuns que causam impacto em todas as idades: geração do Transtorno do Stress Pós-traumático, ansiedade ecológica, incerteza financeira e contágio emocional – “inundação do medo”. Foto: Pixabay from Pexels

• Geração do Transtorno do Stress Pós-traumático

• Ansiedade ecológica

As pessoas reagem a situações mediante eventos passados. As novas gerações são as que sofrem mais deste problema. Nos EUA, por exemplo, 57 por cento dos adolescentes tem medo que haja um tiroteio na sua escola. E isto até levou a uma nova tendência no design, chamada, precisamente, Design do Transtorno do Stress Pós-traumático. O mais chocante é que o produto mais vendido é a mochila à prova de balas, que cresceu mais de 300 por cento de 2018 para 2019. E já se vê este design a dar provas de sucesso na reação das pessoas ao novo corona vírus. O arquiteto chinês Sun Dayong criou um design conceptual de um escudo que envolve a parte superior do corpo na totalidade e usa a luz UV para se auto esterilizar, apontando a uma eventual crise climática. Porém, devido ao vírus, as pessoas adotaram-no para se protegerem. Chama-se Be a Batman e está indicado para “pessoas em situações perigosas”.

Esta é preocupação que se define na ansiedade crónica provocada pelo impacto do aquecimento global. Está a crescer e não é só um sentimento ocidental. Aliás, um estudo de 2019 da WGSN sobre o clima desvendou que 90 por cento dos inquiridos admite que o pensamento de uma crise climática fá-los sentir-se inseguros acerca do seu próprio futuro. O mais interessante é que este medo resulta em ações. O exemplo está no que aconteceu em setembro de 2019 quando centenas de milhares de adolescentes, globalmente, faltaram à escola para exigir ação governamental sobre o aquecimento global. E em regiões onde os jovens manifestantes foram impetuosos contra o governo, foram empreendidas ações positivas como a plantação de árvores e limpeza das ruas. Haui Ui, de 16 anos, da China disse que “Protestar exige muita coragem, mas plantar é algo que podemos fazer. Este foi um momento de mudança para mim em que me tornei um “fazedor” em vez de apenas um observador”. É a citação diz muito sobre os sentimentos da geração Z.


Foto: creativeart / Freepik

• Incerteza financeira Este é um medo que se instala de forma assustadora. Embora já tenha passado praticamente uma década sobre a grande crise global económica, as repercussões ainda se sentem. E embora se registe um forte crescimento económico em muitos países, 2019 teve uma onda crescente de medo relacionado com dinheiro. De realçar que, estes temores foram mais significativos em 2019 que em 2010 ou 2016. 54 por cento dos americanos dizem ser incerta a sua segurança financeira, assim como a da respetiva família. De acordo com o relatório da Reserva Federal dos EUA, 40 por cento dos adultos admitiam que não podiam cobrir uma despesa inesperada de 400 dólares. E sublinhamos que isto se tornou um sentimento global. De acordo com um estudo de 2020 publicada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico sobre 14 nações, os millenials estão a cair da classe média, resultando no colapso da prosperidade. Porquê que mesmo em regiões com dados económicos estáveis estes medos aumentam? E a resposta resumida é: contágio emocional.

• Contágio Emocional – “Inundações de medo” As pessoas mimetizam os sentimentos de quem as rodeia. E graças à era digital, rapidamente se transmitem estes sentimentos a um nível global. Certas emoções espalham-se mais rapidamente e mais longe que outras. Desde 2008, surgiram imensas plataformas de social media e também aparelhos digitais. Até 2022 existirão 20,4 biliões de aparelhos ligados globalmente, o que representa três vezes a população mundial. O contágio emocional digital é mais intenso do que o físico e cria as tais “inundações de medo” nas regiões mais estáveis. Em tempos de medo e incerteza as pessoas anseiam pela estabilidade e, mesmo numa época em que a tecnologia oferece imensas soluções de conveniência, ao nível de entregas e respetiva rapidez, soluções de trabalho facilitadoras, entre outras tudo isto resulta numa sociedade dessincronizada.

Trata-se de uma sociedade em que podem fazer muitas das mesmas coisas mas já não as fazem ao mesmo tempo que outros. Essencialmente, o conceito de tempo e espaço como indivíduos é mais variável e disperso. O exemplo primário é que, ainda lemos e vemos as notícias, mas já não o fazemos às 19, depois do trabalho ou em frente à televisão. Trabalhamos hoje mais e durante mais tempo do que alguma vez fizemos, no entanto o típico das “9 às 6” já perdeu o seu domínio. A verdadeira desfragmentação da sociedade dessincronizada está no desaparecimento das realidades comunitárias que antigamente eram interativas e com contacto humano. Situações simples como trocas, ir aos correios, tempo de ginásio, compras de bens essenciais aconteciam em comunidade e com horas definidas, onde se falava com os vizinhos, os pares e os colegas. Tudo isto desapareceu a um passo acelerado. Uma sociedade dessincronizada tem dois grandes momentos: aceleração social e insegurança demográfica.

• Aceleração social A aceleração social é a sensação de que a sociedade se move rapidamente, deixando as pessoas com a ideia de que não a acompanham. A pesquisa mostra que, o facto das pessoas sentirem que não têm tempo depende da relação entre o tempo de inatividade e o tempo que precisam para cumprir tarefas. Há uma crescente disparidade entre estes dois tempos e para se fazer tudo o que se deseja, fica a sensação de que é preciso mais tempo. Na realidade, o período é sempre o mesmo, mas opta-se por preenchê-lo com muitas outras coisas. O que é fascinante é que estas mudanças de ritmo mudaram efetivamente o compasso das sociedades. Muitos países ocidentais têm populações envelhecidas. Isto tem muitas consequências, como a fricção entre gerações, em que os mais jovens lutam para manter o ritmo e o apoio às gerações mais avançadas. Nos EUA, por exemplo, sentiu-se a mais baixa taxa de natalidade em 32 anos. Esperava-se uma diminuição desta magnitude em 2030. E enquanto os países ocidentais e a Ásia viram a aceleração social abrandar a natalidade, este tipo de aceleração tecnológica e social permitiu a muito países evoluí-

Foto: Jeffrey Czum from Pexels

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Sociedade dessincronizada

rem e dar novos rendimentos a classes baixas, permitindo que mais pessoas em regiões como a Índia, a África ou o sudeste asiático avançassem para a classe média e até mais, com recordes ao nível das taxas de natalidade. Em teoria, uma população jovem fomenta o crescimento económico, porém os fenómenos de baby boom podem causar instabilidade civil, principalmente se os governos forem pouco responsivos a conceitos mais progressivos. Portanto, uma população jovem numa estrutura pouco progressiva pode provocar aquilo que é designado pelos especialistas como insegurança demográfica. O que é que isto significa para os consumidores de 2022? Em regiões ocidentais e em partes da Ásia-Pacífico, gerações mais velhas estão a redefinir o processo de envelhecimento e a força laboral, em busca de novas oportunidades e até novas comunidades. E em regiões com o surgimento de populações jovens, as políticas de continuidade e procedimentos estão a ser desafiadas por jovens ativistas para se modernizarem as orientações governamentais.


Otimismo Radical Parece estranho, porque em 2020 parece haver mais razões para estar chateado do que otimista. Os títulos que bombardeiam 24 horas por dia e os feeds das redes sociais sempre mais antissociais parecem mostrar que o mundo tem falta de esperança. Porém, há uma mudança a decorrer. Até 2022 o otimismo radical vai empurrar os sentimentos negativos e trazer felicidade e prazer. Há que frisar que o otimismo não é algo foleiro. É rebelde e em tempos de incerteza é uma escolha corajosa. Os três motivadores para o Otimismo Radical são: Tudo está mesmo a melhorar, estamos no meio de uma crise epistémica, precisamos de agir positivamente.

Sem descartar nenhum dos desafios económicos, sociais e políticos globais, a situação está mesmo a melhorar, há progresso e ainda há bondade no mundo. Steve Pinker no seu Enlightenment Know: The Case for Reason, Science, Humanism and Progress concluiu através de diferentes estudos em diferentes pessoas de todo o globo, que prevalece a crença de que o mundo está a piorar. No entanto, o autor apresenta vários factos para se acreditar no contrário: a redução drástica da morte maternal e infantil, o aumento dos rendimentos e haver menos pessoas abaixo da linha de pobreza. Claro que, prevalecem pontos negativos globalmente, mas há margem para melhorar para as gerações futuras. Nada está perdido. O que se está a perder é a capacidade de perceber o que é real e o que é fantasia.

Crise epistémica Neste momento a sociedade atravessa uma crise epistemológica, em que não se consegue desvendar as fake news. Aliás, há uma proliferação de “opinização” que leva a uma catástrofe. Está-se constantemente a citar o que está errado e é mau. Até os media se tornaram mais negativos, alimentando a crise epistémica. A publicação online de pesquisa, baseada na Universidade de Oxford, Our World in Data, tem agregado que o mundo está a melhorar todos os anos. “O número de pessoas a viver em pobreza extrema diminuiu de dois biliões, em 1990, para 0,7 biliões em 2015”, apuraram estes estudiosos. Em tempos de crise epistémica há que focar o que é verdadeiro e não o que vende.

Foto: Andrea Piacquadio from Pexels

Tipos de consumidores Trata-se de um grupo que exige estabilidade em todos os aspetos das suas vidas, como reação à dessincronização e sentimentos crónicos de incerteza. As motivações principais deste grupo são: Otimização exagerada e Aceitação radical.

Os conservadores • Otimização exagerada A dessincronização está a aumentar os níveis de burnout na sociedade. Vemo-lo em todo lado e resulta nos altos níveis de depressão e ansiedade. A reação crescente contra isto é a otimização. As questões comuns são: como posso otimizar a minha vida, o meu corpo, etc. E isto está a estimular grandes negócios. De acordo com estudos de mercado, o setor da “melhoria de desempenho” valeu 9,9 biliões em 2016 e estima-se crescer até aos 13, 2 biliões em 2022. Esse mesmo estudo concluiu que a área mais proeminente é a de Life coach, arrebatando 1000 dólares por hora e com a perspetiva de crescer até 1,3 biliões em 2022. Ou seja, vale a pena a profissão de life coachs! Deve frisar-se que esta necessidade de auto-otimização não está a ser adaptada de forma transversal em todo o lado e por todos. De acordo com a lista de tendências de 2018 da Apple, as aplicações de mindfullness e otimização foram líderes com 32 milhões de

dólares de compras. E se pensarmos que em média, uma aplicação custa um dólar, esta otimização está mesmo em alta. Claro que, a auto-otimização não é má, no entanto, a maioria da sociedade está a cair no síndrome do bem-estar e que, no fundo, como obsessão que é, tem exatamente o efeito oposto. Vendem-se métricas que indicam progressos ou falhas que diminuem a autoestima e nos fazem sentir desenquadrados. Por isso, qual é o antídoto para este fenómeno? Aceitação radical!

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• Tudo está a melhorar


• Aceitação Radical Os conservadores em 2022 procuram esta aceitação radical. Trata-se da vontade de viver a vida tal como ela é, segundo três componentes: ver a realidade, aceitá-la e avançar. A vantagem desta forma de viver é que permite às pessoas focarem-se naquilo que de facto querem melhorar. Se uma pessoa é saudável e come de forma saudável, talvez não precise de experimentar nenhuma dieta especial. Se é ativa no quotidiano, talvez não precise de ir a todas as aulas do ginásio. Deve talvez ser uma forma de vida mais direcionada ao indivíduo em si e aquilo que melhor funciona para si. Foto: energepic.com from Pexels

Como conquistar e interagir com os conservadores? Passa por focar a simplicidade, promover o “comércio calmo” que vai crescer até 2022 e para quem está a pensar em unificar os tipos de comércio, não deve de, forma alguma, deixar de fora a agregação das comunicações. E como se preparam as empresas para um grupo incerto sobre o futuro e estão ansiosos pela otimização?

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• Simplicidade A maior motivação para a fidelidade dos clientes ou seguirem o conselho na compra de determinado produto é mesmo a simplicidade do processo, por vezes até acima do preço ou do valor. Conseguem encontrá-lo e rápido? Por exemplo, se for ao Google e pesquisar “vestido preto para sair” surgirão biliões de resultados que provocam angústia no consumidor. Portanto, um ambiente simples e intuitivo promove a venda e a fidelidade. Um caso de estudo fantástico é a Aldi que duplicou o número de lojas nos EUA na última década e ocupa o terceiro lugar no país como maior loja do país. E não tem nada a ver com preço, mas com a aposta num desenho de loja simples e com menos sortido de produtos. E este modelo tem previsões de crescimento maiores enquanto os tradicionais ficam atrás.

• “Comércio calmo” Estamos a seguir, desde 2016, o aumento do comércio dedicado ao estado de espírito. Trata-se de serviços e produtos que se desenvolvem em torno do que as pessoas sentem. É uma solução de compra com potencial, por isso, vale a pena apostar num design de produto e de loja que alivie o stress e a ansiedade. Seguimos o exemplo espanhol do supermercado Consum, que inventou um conceito de loja, do chão ao teto, com o com commerce em mente. Tem um piso especial que mitiga o som e onde colocam os sinais indicadores das secções, em vez de pendurados no teto. As prateleiras são mais curtas e baixas para não sobrecarregar o cliente. Também o setor financeiro se esforça neste sentido, tanto nas apps que são mais “amigáveis” e tornam os números e resultados mais apelativos, como nas respetivas repartições. O Higo Bank, em Tóquio, por exemplo, transformou o típico estabelecimento bancário frio num santuário com matérias recicláveis e maravilhosos espaços de espera. Não se sabe se de facto isto retira o stress dos pedidos de empréstimo e das dívidas, mas é um passo na direção certa. Em termos de produtos também há exemplos incríveis, porém destacam-se as marcas Top Shop e Top Man’s e na parceria que estabeleceram com a instituição de apoio à saúde mental Calm. Juntos fizeram a “Campanha Contra Viver Miseravelmente”, com a criação de uma linha de apoio da Calm, para quem está mal. Isto alinha-se na perfeição com a geração Z, porque, para aumentarem as vendas, foram além de um logótipo numa t-shirt ou de uma doação para uma instituição local.

• Agregação das comunicações Sabemos que até ao final de 2020, 80 por cento dos retalhistas globais estão focados em agregar as suas vendas, o que significa que até 2022 os clientes já sentirão o benefício desta união. Pensem que a loja presente no online, no telemóvel e noutros aparelhos permite uma visibilidade através de múltiplos sistemas e os retalhistas podem seguir o que acontece nos seus negócios em tempo real. Mas enquanto estas empresas se focam em agregar as vendas também têm que assegurar que as comunicações estão unificadas. Para este grupo de consumo, os conservadores em particular, as mensagens constantes são perturbadoras, e resultam na desconexão. Por isso, até 2022 as marcas precisam de comunicações diretas e alinhadas. Os três conselhos da WGSN para lidar com os conservadores passam por investir na publicidade onde realmente está o público alvo, investir num loop de feedback - os clientes podem e devem escolher quantas vezes querem ser abordados e que ofertas querem ouvir. A terceira é que, quando se comunica se faça sobre um produto chave e as suas caraterísticas mais importantes e não quarenta de uma só vez.


Novos Otimistas São de longe o grupo mais positivo e vão desde a geração Z até aos Boomers mas apesar desta amplitude demográfica têm imensas psicografias unificadoras, sendo a mais importante a enorme vontade de sentir alegria. Os fatores que contribuem para este perfil de consumidor: Ativistas felizes, Geração renascida e a Economia da celebração.

Desde manifestantes pelo clima até aos defensores pela igualdade de direitos, os ativistas são transversais a todas as gerações. De facto, nos estudos em jovens de todo o mundo aparece frenquentemente que o ativismo é mais importante do que nunca. No entanto, a preocupação com algumas destas questões mostrou ser um peso que muitos jovens não conseguem lidar. Existe mesmo o burnout provocado pelo ativismo. Observámos que a geração Z tem uma abordagem mais feliz neste campo e mesmo assim tem impacto. Dizem que não precisam de estar zangados para se fazerem ouvir. Têm que ser ativos. A Generation Now constitui-se por um grupo da geração Z global que luta pelo clima e que está a reescrever o conceito em torno do ativismo. Não se zangam para serem autênticos. De acordo com uma declaração do grupo, “é realmente importante que re-imaginemos a ideia em torno de quem e o que é um ativista.” Estes novos otimistas gravitam entre marcas que promovem a interação entre as comunidades em prol do combate às alterações climáticas. Assinala-se que não se trata apenas de doar para uma causa, é sobre dar espaço no retalho, deixá-los usar o espaço para que as suas vozes possam ser ouvidas. O grupo de retalho Outdoor Voices é um ótimo exemplo. Conquistaram afinidade para a marca ao fecharem todas as suas lojas durante os protestos pelas alterações climáticas e abrirem apenas para workshops em como fazer cartazes. A Lush Cosmetics é outro exemplo, também fecharam as lojas em todo o mundo e o CEO admitiu mesmo que, desta forma, os milhares de colaboradores podiam aumentar a voz do protesto. Mas não são só os jovens que querem encontrar a felicidade.

• Geração Renascida Os mais “crescidos” também querem ser felizes e mudam o conceito de envelhecimento para “mais habilitados”. As empresas inteligentes estão a investir na força de trabalho “cinzenta”. Significa que há cinco gerações que trabalham lado a lado e os modelos das equipas têm que ser redefinidos. Os novos otimistas estão ansiosos por definir o que é isto, particularmente em desafiar a juventude culta. Todos querem uma representação do seu grupo e é fascinante, porque as gerações mais novas alinham-se melhor com a geração X e com os Boomers. É que já experimentaram o impacto negativo de estereótipos visuais e exigem qualidade para todos. Trata-se do grupo que cresceu com as redes sociais, onde foram “atacados” e, por isso, dão importância à qualidade da imagem. Numa cultura de obsessão pela juventude, as marcas devem atualizar o seu portefólio para mudar o diálogo e celebrar todas as idades.

Foto: Andrea Piacquadio from Pexels

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• Ativistas felizes

• Economia da Celebração E por falar em celebrar, é disto que se trata a tendência atual que celebra o positivismo com experiências especiais, festivais culturais e tantos outras maneiras. Como é que isto se diferencia da economia de experiência? Para os novos otimistas não se trata de fazer para mostrar nas redes. É mesmo uma experiência de ligação íntima com os amigos e a família. É a economia de experiência envolvida em gratidão. E como se devem preparar as marcas e lojas para este grupo que espera alegria e celebração? Ter produtos e serviços que vão ao encontro deste estilo de vida. Focar na entrega local e aceder ao poder do pack.

Foto: PhotoMIX Ltd. from Pexels


Estratégias de compromisso com os Novos Otimistas

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Foto: cottonbro from Pexels

Para estes otimistas o livestreaming é vital, porque permite a interação e compra em qualquer lugar. Este comércio digital de diálogo tem muita importância na China e na zona APAC, gerando 4,4 biliões em vendas na região. O caso de estudo da Estée Lauder é incrível, porque ao organizar um livestream de bem estar diário, em outubro de 2019, as pré-vendas daí originárias atingiram os 70 milhões de dólares nos primeiros 25 minutos, ultrapassando as vendas diárias totais de 2018. Importante é mesmo apanhar o consumidor alvo na altura certa. Um exemplo perfeito disso é, para quem aponta à geração Z com produtos de beleza, o melhor é aplicarem o livestream entre 16 até às 18, que é quando se desligam do trabalho ou da escola, têm tempo e os telefones na mão. Para quem está na mira de mães ou pais recentes recomendamos as “horas dos vampiros”, durante a noite até às 6 da manhã que é quando acordam por causa dos bebés e têm algum tempo para compras.

• Compras em Realidade Virtual e Aumentada: de propaganda para conveniente De acordo com uma pesquisa de 2018 da empresa de consultoria Gartner, 100 milhões de consumidores a nível global irão comprar, até ao fim de 2020, através da realidade aumentada ou virtual. Como os novos otimistas gostam de compras instantâneas, esta plataforma permite experimentar de forma conveniente. E não é só a juventude que usa estas ferramentas. Uma fração entre os 35 e 45 anos utilizam-na para experimentar. “Uso a realidade virtual para experimentar acessórios quando estou no meu carro, a caminho do aeroporto ou depois de por os miúdos a dormir. É assim que compro os meus óculos de sol há anos. Já não me lembro de ir a uma ótica”, inquirida de 42 anos de um grupo de foco da WGSN. O que é fascinate é que, com esta ferramenta os compradores também podem usar o seu feed das redes sociais e partilhar com os amigos os produtos para ter um feedback imediato. Há ainda o sentido sustentável desta ferramenta, ao garantir que as pessoas compram produtos que de facto usam. Outra plataforma que temos seguido é a da roupa digital. Carlings é a companhia por detrás deste conceito. A última afirmação em camisolas digitais permite aos utilizadores partilhar-se a si próprios nas redes sociais, vestindo novos modelos com designs distintos sem nunca os ter vestido na realidade.

• Evolução do On-demand Uma das chaves para a economia da celebração é que os novos otimistas estão sempre prontos para uma aventura. Por isso, os retalhistas que apostaram nas aplicações para encomendar e entregar sentem agora uma maior conversão. Sublinha-se, no entanto, que uma app deve ter poucos passos para promover mais vendas e ser de entrega rápida. Um exemplo é o supermercado Checkers, na África do Sul, que lançou a aplicação Sixty60, através da qual se encomenda produtos de casa em apenas 60 segundos e com entrega até 60 minutos. Graças à geolocalização, esteja o cliente onde estiver, em casa, ou num parque, a entrega é garantida naquele período. E agora com os novos serviços da Uber é fácil dar este passo e agradar a este tipo de consumidor. Exemplo também no Brasil da Nespresso e da marca de moda Amaro que têm uma parceria com a Courrieros, um serviço de entregas em bicicleta, que lhes permite entregar em qualquer localização com tempos abaixo das duas horas. Este serviço é muito útil em cidades com muito tráfego.

Foto: Julia M Cameron from Pexels

Livestream


Foto: ready made from Pexels

A mentalidade celebrativa dos novos otimistas significa que têm alta propensão para espalhar alegria e isto está ligado às promoções e poupanças. Daí o grande interesse em negócios de grupo e bundle buys. Ou seja, aderem à oferta em grupo e querem partilhar com os seus amigos. Assim, além das numerosas afiliações a grupos em redes sociais, do qual é exemplo as Amazon Moms, que tem cerca de 4000 membros, procuram-se pessoas e outras plataformas que partilhem isto. Pinduoduo, baseado na China, é uma plataforma de comércio social que permite compras em grupo com preços reduzidos. Funciona sobre um programa de chat e para cada produto à venda, quanto mais se conseguir que os amigos ajudem a regatear, mais barato é. A plataforma Paddler é semelhante, com reduções nos produtos mais procurados, mas permite chegar a descontos de 55 por cento, um grande apelo à compra.

• Comércio social híper-localizado Esta tendência tem crescimento contínuo em todos os três grupos de consumidores e, por isso, é ideal para rematar o artigo. Tem a ver com o apoio aos membros da comunidade e fomentar o que se tem chamado como a nova economia circular. Porquê? Porque em tempos de instabilidade política e medo as pessoas querem manter o dinheiro local na região e querem apoiar os vizinhos, a família e os amigos. Ao optarem por comprar diretamente dos seus pares, as pessoas podem ver o resultado direto que o seu investimento teve na comunidade. Queremos destacar que a economia baseada neste “de mim para ti” vai crescer e arrebatar quota de mercado até 2022. Mesmo as companhias de consumo direto estão a observar este tipo de comércio e a trabalhar para se protegerem dele. Um exemplo em destaque na WGSN é o Storr. Esta é a chave de comércio de Peer-to-Peer que falámos para 2021 mas que entretanto reuniu 30 mil vendedores adicionais e incluiu 170 marcas, desde a adidas to Alex and Ani. O que a faz única? Essencialmente, qualquer um pode fazer uma loja em três passos simples. Se tem um telemóvel pode montar uma loja, pode escolher a própria seleção entre as 170 marcas e criar o processo de compra próprio, são eles que tratam de toda a logística e o vendedor arca com 30 por cento da venda de comissão e pode doar uma percentagem a uma organização social à escolha. O que foi fascinante sobre isto é que quando perguntámos às pessoas nos nossos grupos de foco porque compravam através desta plataforma e não diretamente ao retalhista, a resposta mais marcante foi “eu sei que se comprar os sapatos à minha babysitter a estou a ajudar a pagar a universidade.”, isto em vez de se dar a comissão à Amazon ou ao Instagram, por exemplo.

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Pontos de ação a reter nesta fase importante:

A importância da simplicidade

Realidade aumentada e virtual passa a conveniente

Unificação das comunicações

Evolução do on-demand

Living in livestream

O poder (e poupança) do The Pack

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• O poder (e poupança) do The Pack


COVID-19 e a atividade de optometria em Portugal A União Profissional dos Ópticos e Optometristas Portugueses realizou um estudo para perceber de que forma as mudanças provocadas pela pandemia por covid-19 influencia a atividade da optometria, em Portugal. O presidente da associação, Henrique Nascimento deixa aqui o resultado do trabalho para “melhorar o nosso futuro profissional, enfrentando os desafios que se avizinham, em conjunto.” Texto: Henrique Nascimento, MSc. OD. UPOOP – União Profissional dos Ópticos e Optometristas Portugueses

Optometria | 40 |

O SARS-CoV-2 é um vírus ARN de cadeia simples positiva e pertence a uma grande família denominada coronavírus. Os coronavírus causam várias infeções respiratórias em seres humanos, desde simples constipações até doenças mais graves como a síndrome respiratória do Médio Oriente (MERS) ou a síndrome respiratória aguda grave (SARS). O SARS-CoV-2 é o sétimo coronavírus conhecido a poder infetar seres humanos. O SARS-CoV-2 foi identificado pela primeira vez em seres humanos em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, na China e rapidamente se espalhou por todo o Mundo. (fig.1)

Figura 1 – Mapa do surto do coronavírus de 2019–2020 (em 22 de abril de 2020):

A 2 de março, foi confirmado o primeiro caso em Portugal, um médico de 60 anos, regressado de Itália. Posteriormente, um segundo caso foi confirmado, sendo um homem de 33 anos que esteve a trabalhar em Espanha. (1) A 4 de março, estavam confirmados cinco casos. (2) A 7 de março, a Saúde (DGS) divulgou que o número de infetados por COVID-19 em Portugal subiu para 21. (3) A 8 de março número de casos ascende a 25. (4) Em 10 de março registavam-se 41 casos. (5) Em 12 de março de 2020, o primeiro-ministro português António Costa decretou o fecho de todos os estabelecimentos de ensino públicos e privados a partir de 16 de março até ao final de abril. (6) A gravidade dos sintomas desta doença varia, desde ligeiros semelhantes à constipação até pneumonia viral grave com insuficiência respiratória potencialmente fatal. (7) Em muitos casos de

infeção não se manifestam sintomas. Nos casos positivos, os sintomas mais comuns são febre, tosse e dificuldade em respirar. (8,9,10) Entre outros possíveis sintomas menos frequentes estão garganta inflamada, corrimento nasal, espirros ou diarreia. (11) Entre as possíveis complicações estão pneumonia grave, falência de vários órgãos e morte. (12,13) Entre os sinais de emergência que indicam a necessidade de procurar imediatamente cuidados médicos estão a dificuldade em respirar ou falta de ar, dor persistente ou pressão no peito, confusão, ou tom azul na pele dos lábios ou da cara. (8) O período de incubação entre a exposição ao vírus e o início dos sintomas é, em média, de cinco dias, embora possa variar entre dois e 14 dias. (14,8) A doença é contagiosa durante o período de incubação, pelo que uma pessoa infetada pode contagiar outras antes de começar a manifestar sintomas. Existem várias estratégias para controlar um surto: contenção, mitigação e supressão. As medidas de contenção são realizadas nas primeiras fases do surto e têm por objetivo localizar e isolar os casos de infeção, além de vacinação e outras medidas para controlar a infeção para impedir que a doença se propague para o resto da população. Quando deixa de ser possível conter a propagação da doença, as medidas passam a estar focadas em atrasar e mitigar os seus efeitos na sociedade e no sistema de saúde. É possível que medidas de contenção e mitigação sejam realizadas em simultâneo. (15) As medidas de supressão requerem que sejam tomadas medidas mais extremas para reverter a pandemia ao diminuir o número reprodutivo para menos de 1. (16) Parte da gestão do surto de uma doença infeciosa consiste em tentar diminuir o pico epidemiológico, um processo denominado


Material e métodos Foi elaborado um inquérito e enviado a optometristas, via plataforma Google, com divulgação através de e-mail e redes sociais. Responderam 127 optometristas, o que corresponde a 15 por cento dos optometristas associados da UPOOP. Resultados do inquérito:

Se acumula a atividade de optometrista com a de empresário/a de ótica? A sua loja tem estado aberta neste período de emergência?

34,6%

sim não

Partindo do pressuposto que o material de proteção que usa tem sido o mais adequado, a sua consulta manteve-se igual à que efetuava antes da pandemia?

88,2% 10,6%

65,4%

Se a ótica onde exerce optometria tem estado aberta ao público, ela tem estado em horário mais reduzido que o habitual?

20,7%

sim não

sim não a consulta é feita prescindindo de alguns procedimentos

A sua perspetiva para o pós pandemia é que a atividade de optometria vai voltar aos níveis anteriores?

sim não

63,3%

36,7%

79,3%

Se é também empresário/a de ótica, tem ou teve optometristas em casa sem poderem trabalhar ou em lay off ?

14,9%

Na qualidade de profissional independente, acha que vai ter dificuldade em retomar a sua atividade nos mesmos locais onde exercia anteriormente?

sim não 43,8%

sim não

85,1%

Que tipo de vínculo de trabalho tem como optometrista?

56,2%

Em termos de proteção relacionada com o risco de infeção, acha que ela tem sido a mais adequada? 16,3% 19,5%

61,8%

dependente 100% dependente <100% independente a recibos verdes empresário em nome individual

Desde o começo da pandemia, em termos percentuais, em que mediada é que a sua atividade de optometria se viu reduzida? 10,6% 8,1%

80,5%

em 100% em 50% em 30% não foi afetada

28,7%

70,3%

sim não não é a mais adequada em função das diretrizes da DGS

Se acha que a sua proteção não tem sido adequada, este facto a que se deve?

90,3%

f alta de material de proteção à venda sem possibilidades financeiras para comprar material de proteção não sei que material usar

Tem estado a receber algum apoio do estado português relacionado com estado de emergência?

61,6%

37,5%

sim não não estou a receber qualquer tipo de apoio

As associações do setor têm-lhe prestado o apoio que acha necessário neste período de emergência?

40,5%

59,5%

sim não

Optometria | 41 |

“achatar a curva epidemiológica”. (17) Isto diminui o risco de sobrelotação dos serviços de saúde e dá mais tempo para que possam ser desenvolvidas novas vacinas e tratamentos. (17) Entre as intervenções não farmacológicas que permitem controlar o surto estão medidas de prevenção pessoais, como lavar as mãos, utilizar máscaras faciais e quarentena voluntária, e medidas de prevenção comunitárias, como encerrar escolas e cancelar eventos que reúnam um grande número de pessoas; medidas ambientais, como limpeza e desinfeção de superfícies; e medidas que promovam a adesão social nestas intervenções. (18) Por tudo isto tornou-se fundamental, se já não o era, a atividade do optometrista que ao manter-se no ativo permitiu uma redução de pacientes no SNS, mas dentro das diretrizes emanadas pela DGS e Governo. Neste sentido achei que seria útil fazer um estudo sobre o modo como os optometristas encararam esta nova situação e, mais concretamente, o modo como a estavam a viver profissionalmente.


Neste período de confinamento e de menor fluxo de trabalho estaria recetivo/a a receber formação online?

17,9%

s im não talvez

•• “ Muit o s dos que são tr abalhadores in d ep endentes tem em , mesm o, perder o s s eus postos de trabalho” ••

Optometria | 42 |

78,9%

Questionário de opinião: Relativamente ao facto ou factos relacionados com associação profissional a que pertencem, as opiniões foram bastante heterogéneas sendo que a maioria destas recaiu sobre a necessidade da promoção de formações online, com alguma regularidade, a par das que se fazem presencialmente. A necessidade de criação de manuais de regras, não só ao nível das que se devem ter neste momento, mas também para o futuro. A necessidade de uma maior união entre profissionais, com mais partilha para que possamos estar mais bem preparados para o futuro. A necessidade de uma fiscalização ao que se passa nas óticas e consultórios de optometria com vista a um controle das regras, não só de higiene como de cumprimento dos procedimentos optométricos. Continuar a fazer pressão junto das entidades governamentais no sentido de uma regulamentação. É uma necessidade, segundo os questionados, a modernização da comunicação entre associação e associados, assim como uma maior divulgação das ações em curso, tanto de relações com outras associações como com outros organismos, nacionais e estrangeiros. Sendo aceite por todos que uma grande crise económica virá para ficar nos próximos tempos, ainda assim, em relação ao estado de espírito dos questionados, apraz-me dizer que a par de alguma frustração e impotência existe uma grande esperança na recuperação de uma atividade que ao longo dos anos tem dado mostras de estar à altura dos desafios que lhe são colocados. Que foi necessário uma pandemia para o governo, finalmente, ter admitido a importância desta atividade para a saúde visual dos portugueses e para o bom funcionamento do SNS, em virtude da libertação deste para casos que são normalmente, e bem, resolvidos pelos óticos-optometristas portugueses. Sendo um momento para o qual nenhum setor de atividade da nossa sociedade estava preparado, devemos responder atempadamente e de acordo com as indicações fornecidas pelas associações, com base nas

orientações da DGS e a Organização Mundial de Saúde . Maior parte dos inquiridos acredita que nada será como antes, mas a nossa atividade de optometria seguirá o seu caminho, alicerçada e orientada pela ciência. Conclusões: Em resumo, e fazendo um balanço deste período de confinamento de mês e meio, cerca de 76 por cento dos optometristas questionado é trabalhador contratado, dos quais 62 por cento a tempo integral. A optometria portuguesa viu a sua atividade reduzida a cerca de 80 por cento, mais devido à falta de procura do que da oferta de serviços, uma vez que 65 por cento dos optometristas mantiveram os seus locais de trabalho em funcionamento. Em função disto cerca de 80 por cento da atividade viu os seus rendimentos baixarem consideravelmente. Independentemente dos problemas causados por esta pandemia, os optometristas consideraram que sempre se sentiram, minimamente protegidos no seu local de trabalho. Dos cerca de 30 por cento de optometristas que não se sentirem adequadamente protegidos, dão como razão a escassez de materiais de proteção disponíveis no mercado. De salientar, também, que os optometristas auto-limitaram, conscientemente, alguns dos procedimentos habituais na sua consulta, em função do grau de perigosidade destes para o risco de contágio, tanto seu como do paciente. Em relação ao futuro, os optometristas temem que a nossa atividade vá demorar bastante tempo a atingir os níveis anteriores aos que se verificavam antes da pandemia. Muitos dos que são trabalhadores independentes temem, mesmo, perder os seus postos de trabalho, pensado assim cerca de 60 por cento dos inquiridos. Por fim, salientar o facto de os profissionais acharem, maioritariamente, adequada a atuação da sua associação profissional e terem recetividade para receber formação online. Muito obrigado a todos os que contribuíram para a realização deste questionário.

Bibliografia 1 - https://zap.aeiou.pt/quatro-novos-casosnumero-infetados-portugal-sobe-25-312613 2 - https://www.dn.pt/pais/coronavirus-11895079.html 3 - https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/ governo-decreta-encerramento-de-todas-asescolas-a-partir-de-segunda-feira-558533 4, 5 - https://observador.pt/2020/02/21/ coronavirus-alguns-portugueses-saem-estasexta-feira-do-diamond-princess-mais-de-500infetados-em-prisoes-na-china/ 5, 6- https://www.publico.pt/2020/02/16/ sociedade/noticia/sindicato-inem-versoescontraditorias-proteccao-coronavirus-1904364 7 - https://bestpractice.bmj.com/topics/engb/3000168/pdf/3000168/COVID-19.pdf 8 - https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/ symptoms-testing/symptoms.html 9 - Chen, Nanshan; Zhou, Min; Dong, Xuan; Qu, Jieming; Gong, Fengyun; Han, Yang; Qiu, Yang; Wang, Jingli; Liu, Ying; Wei, Yuan; Xia, Jia’an (30 de janeiro de 2020). «Epidemiological and clinical characteristics of 99 cases of 2019 novel coronavirus pneumonia in Wuhan, China: a descriptive study». The Lancet (em English). 0. ISSN 0140-6736. PMID 32007143. doi:10.1016/S0140-6736(20)30211-7 10 - Hessen, Margaret Trexler (27 de janeiro de 2020). «Novel Coronavirus Information Center: Expert guidance and commentary». Elsevier Connect. Consultado em 31 de janeiro de 2020 11 - Huang, Chaolin; Wang, Yeming; Li, Xingwang; Ren, Lili; Zhao, Jianping; Hu, Yi; Zhang, Li; Fan, Guohui; Xu, Jiuyang; Gu, Xiaoying; Cheng, Zhenshun (15 de fevereiro de 2020). «Clinical features of patients infected with 2019 novel coronavirus in Wuhan, China». Lancet. 395 (10223): 497-506. ISSN 0140-6736. 12 - https://www.who.int/news-room/q-a-detail/qa-coronaviruses 13 - Hui, David S.; Azhar, Esam EI; Madani, Tariq A.; Ntoumi, Francine; Kock, Richard; Dar, Osman; Ippolito, Giuseppe; Mchugh, Timothy D.; Memish, Ziad A.; Drosten, Christian; Zumla, Alimuddin (14 de janeiro de 2020). «The continuing epidemic threat of novel coronaviruses to global health - the latest novel coronavirus outbreak in Wuhan, China». International Journal of Infectious Diseases (em inglês). 0 (0). ISSN 1201-9712. doi:10.1016/j.ijid.2020.01.009 14 - World Health Organization (2020). Novel Coronavirus (‎‎‎2019-nCoV)‎‎‎: situation report, 6 (Relatório). World Health Organization. hdl:10665/330770 15 - «Community Mitigation Guidelines to Prevent Pandemic Influenza – United States, 2017». Recommendations and Reports. 16 - https://www.nytimes.com/2020/03/07/world/ asia/china-coronavirus-cost.html 17 - Bangkok, Justin McCurry Rebecca Ratcliffe in; Kong, Helen Davidson in Hong (11 de março de 2020). «Mass testing, alerts and big fines: the strategies used in Asia to slow coronavirus». The Guardian 18 - https://www.scmp.com/news/hong-kong/ health-environment/article/3046634/wuhanpneumonia-hong-kong-widens-net-suspected




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