EDIÇÃO PORTUGAL • Nº 60 • OUTUBRO 2017
Fátima Marques
Quando a ótica é parte da família SILMO 2017
O Silmo está de PARABÉNS!
Miguel Machado Licença para voar
ZEISS
Distribuição exclusiva a profissionais • Preço de Capa: €7,50
O Futuro Hoje
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Tarian
Fátima Marques
Zeiss
BREVES
ENTREVISTA DE CAPA
Campanha outono/inverno entre a cerâmica e as armações
Quando a ótica é parte da família
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OLHAR O MUNDO Silmo 2017
Índice | 4 |
O Silmo está de parabéns!
Tema de Capa: A Óptica do Porto tem a filosofia do seu fundador Manuel da Silva Marques e vive da energia, fidelidade e dinamismo de duas gerações comprometidas com o seu passado e futuro.
Diretora: Editora: Redação: Design e Paginação : Fotografia: E-mail: Tel: Periodicidade: Tiragem: Impressão: Preço de capa em Portugal: LookVision PortugalTM é propriedade da Parábolas e Estrelas – Edições Lda. com sede na Rua Manuel Faro Sarmento, 177, 4º esquerdo, 4470-464 Maia, Portugal. NIF: 510195865 Qualquer crítica ou sugestão deve remeter-se para: lookvision_portugal@hotmail.com
Patrícia Vieites Carla Mendes Carla Mendes, Mariana Teixeira Santos, Fernando Gonçalves Paula Craft Paula Bollinger, Miguel Silva lookvision_portugal@hotmail.com 96 232 78 90 Mensal 2000 exemplares Uniarte Gráfica, S.A 7,50 euros Depósito Legal n.º 419707/16 Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusive comerciais. Os artigos de opinião e os seus conteúdos são da total responsabilidade dos seus autores.
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EDIÇÃO PORTUGAL • Nº 60 • OUTUBRO 2017
FÁTIMA MARQUES
Quando a ótica é parte da família SILMO 2017
O Silmo está de PARABÉNS!
MIGUEL MACHADO Licença para voar
ZEISS
Distribuição exclusiva a profissionais • Preço de Capa: €7,50
O Futuro Hoje
Outono sobre o signo do futuro Editorial | 8 |
O Verão acabou e, com ele, os dias longos e as noites intermináveis que fazem sonhar com o infinito. Futuros longínquos que este outubro torna próximos. É fácil enunciar esse horizonte esquecendo o que se fez, perdendo a identidade em nome de um suposto vanguardismo. A meio desse fio de seda que une quem somos a quem queremos vir a ser está a criação. Tal como a vida, o ciclo desta edição 60 abre com a Óptica do Porto. Sentimos a força da memória na construção de uma identidade que extravasa o domínio do comercial para se assumir como fiel guardiã da história da ótica nacional. Do visionário fundador Manuel da Silva Marques, que agora se fez passado mas não ultrapassado, às novas gerações que guardam o legado fundindo-o com um futuro de abas largas em que o serviço e a qualidade da oferta ao cliente são o mote. Este desafio de pós-contemporaneidade tem continuidade no testemunho de Luís Justino e da, “sua” Proóptica e assume proporções incomensuráveis no Congresso Zeiss 2017 com aplicações que prometem revolucionar a forma como vemos e nos relacionamos com o mundo em redor. Ver melhor e com mais claridade é o mote para as campanhas de rastreio e sensibilização para as doenças do foro ocular empreendidas pelo Institutoptico e pela CECOP. Só uma visão imaculada poderá apreciar em todo o seu esplendor o fenómeno de mestiçagem estilística e material que graça na indústria do eyewear presente na edição de 2017 do Silmo. Deste fenómeno fazemos notícia, assim como notícia fazemos de uma lenda que pela cidade luz encontramos: Philippe Chevallier. Expoente máximo do vanguardismo pensado num passado não muito longínquo, esta lenda viva está de regresso aos grandes palcos pela mão da Brando Eyewear. Com ela, convosco, com todos quantos queiram embarcar na nossa “barcarola” movida a futuro.
Estatuto Editorial / Sinopse A LookVision é uma revista profissional dedicada ao setor da ótica, contando com presença integral online através da plataforma isuu.com. A LookVision tem o objetivo de cobrir os acontecimentos específicos do seu setor e retratar a informação de forma rigorosa, com toda a dedicação e competência. A LookVision traz uma abordagem íntima, atualizada e assertiva sobre o setor da ótica em Portugal, esmiuça perspetivas de outros países sobre a situação do mercado, retrata tendências em óculos, expõe dados científicos essenciais aos técnicos da área com o apoio dos oftalmologistas e optometristas e aborda de forma inédita os empresários que gerem os estabelecimentos nacionais. A LookVision compromete-se a respeitar os princípios deontológicos e a ética profissional aplicada à atividade profissional dos jornalistas, assim como a boa fé dos leitores, através do trabalho dos seus colaboradores e diretor. A LookVision é independente do poder político e de grupos económicos, sociais e religiosos.
Making Off | 10 |
A ótica também pode ser uma casa O aniversário dos 50 anos da Óptica do Porto foi o mote para o encontro com uma família que assume a missão de honrar a memória do seu fundador, Manuel da Silva Marques. O marido e pai é recordado em cada recanto deste espaço emblemático da rua de Santa Catarina, no Porto. A ótica também é memória e, nesta edição, propomos uma viagem única a três vozes. O passado e o futuro encontram-se para recordar histórias e para abrir novos caminhos. Sem medo e com o coração no sítio certo.
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Tarian
Breves | 12 |
Campanha outono/inverno entre a cerâmica e as armações Todo o detalhe e minúcia do artesão estão plasmados na nova colecção e campanha da Tarian. Pensadas e executadas pelo artista Jeremy Tarian no seu estábulo reconvertido em estúdio, as novas gamas de armações são as fiéis depositárias de um processo de criação em que a dura paisagem da província de Jura, no sopé dos Alpes, se mescla com a filigrana pormenorizadamente trabalhada do metal e do acetato com detalhes cerâmicos. Valmy, Amelot, Mericourt, Garnier, Martel, Opéra e Place des Vosges são as sete magníficas novas gamas, de base “cerâmica”, que ganham uma dimensão 3D com a campanha Mask. As imagens exploram o trabalho de Tarian em Terres Brûlées, num processo de exploração e mestiçagem da arte contemporânea com a plasticidade das novas armações.
Komono
Nova linha de armações no oásis da contemporaneidade Depois de uma participação bombástica no Silmo Paris 2016, a belga Komono está apostada em continuar na senda do sucesso com o lançamento da sua nova linha de elegantes armações que aconteceu na edição 2017 da feira parisiense. Inspirada pelo património arquitectónico da cidade de Antuérpia que lhe serve de casa, a Komono criou uma linha que preserva o momento passado mas transfere toda a vivacidade da “cidade diamante” para o oásis da contemporaneidade onde se instala e reside a nova coleção. A ultra-minimalista gama The Elementary em metal, a popular Clovis que vê a sua “família” aumentada com a adição de três novos estilos; e a recém-nascida gama Clear Demi, armações em massa que prometem ser o novo ex-libris da vibrante marca de óculos de sol iluminam a próxima temporada com a assinatura Komono.
Alain Afflelou
Novas lojas em Portugal O grupo multinacional de ótica expande a sua rede no nosso país com a abertura de duas novas lojas em Chaves e Albufeira. A Alain Afflelou, fundada em 1972 pelo ótico do mesmo nome, aumenta, deste modo, o seu portefólio de lojas em Portugal, passando das anteriores 29 para 31, número no qual se incluem cinco espaços próprios. Na génese deste investimento, e nas palavras de Wilson Gaspar, country manager da marca em Portugal, está o desejo de aprofundar a presença em duas das mais movimentadas regiões do país: Chaves como porta de entrada e Albufeira como local de férias por excelência. “São localizações privilegiadas em número de visitantes, frequentadas por muitos estrangeiros que conhecem a nossa marca”, acrescenta o responsável. Tal como a distância geográfica que os separa, estes dois novos meeting points Alain Afflelou apresentam conceitos diferentes. Enquanto a loja de Albufeira se rege pelo novíssimo conceito Afflelou Sun, cujo mote é a oferta de um serviço premium onde a moda, o design e o savoire faire andam de mãos dadas, aquela que é a primeira loja do grupo no distrito de Vila Real assenta na tradicional filosofia Afflelou Óptico.
Institutoptico
Breves | 14 |
Festejou Dia Mundial da Visão com campanha de sensibilização A 12 de Outubro celebrou-se o Dia Mundial da Visão e o grupo nacional Instituoptico honrou a ocasião, aliando a sua experiência no domínio dos problemas da visão a uma campanha de sensibilização para a importância do diagnóstico precoce. A iniciativa precorre o país de lés a lés entre 9 e 14 de Outubro. O Institutoptico convidou a população, nas suas diferentes faixas etárias, a efectuar rastreios gratuitos nas mais de 180 óticas do grupo, com enfoque particular no despiste do glaucoma, no teste da retina, no despiste da acuidade visual e no teste das cores para despiste do daltonismo. Todos os exames foram conduzidos por especialistas credenciados e visaram, para além do despiste puro e duro, promover, junto dos cidadãos e, em particular dos grupos de risco (diabéticos, hipertensos e portadores de glaucoma) uma educação e reeducação para melhores práticas e consequente melhor saúde dos olhos.
CECOP
Nova unidade móvel de rastreios visuais chega aos associados Dentro da sua filosofia de detetar e solucionar as necessidades das óticas independentes, o grupo CECOP acaba de disponibilizar aos seus associados um novo serviço móvel de rastreios visuais. Dificuldades de aprendizagem nos mais novos, degeneração macular relacionada com a idade, glaucoma e retinopatia diabética são alguns dos problemas que esta nova ferramenta quer identificar para atuar profilaticamente, evitando que as situações se agudizem transformando-se em cegueira. Esta solução permite aos associados CECOP atuarem de modo mais rápido, próximo e eficiente no reencaminhamento do doente para um técnico especializado ou, caso o paciente assim o deseje, para a ótica onde serão feitos exames mais aprofundados.
Hoya
Consolida aposta na protecção A companhia de origem japonesa Hoya continua firme no compromisso de oferecer uma melhor saúde oftálmica aos consumidores e, nesse sentido, acaba de reinvestir o seu capital de experiência no aperfeiçoamento dos tratamentos Hi-Vision LongLife, UV Control e Blue Control. Já seleccionado, anteriormente, como o melhor tratamento para Lentes Oftálmicas no ano de 2016, após rigorosos testes realizados pelo NSL Analytical Services, o Hi-Vision LongLife superou os seus concorrentes nos parâmetros de durabilidade, limpeza e resistência aos riscos. Riscos que o UV Control pretende prevenir ao impedir que os raios UV danifiquem e envelheçam os olhos prometendo uma protecção de 100% aos amantes do Sol. No domínio BlueControl, a Hoya responde à fadiga e ao desconforto visual provocados pelo uso intenso dos ecrãs dos dispositivos digitais com a redução do brilho filtrado pelas lentes oferecendo uma visão mais confortável e uma percepção mais natural da cor.
Breves | 16 |
Da KAOS nasce a luz Aqui, a normalidade não tem lugar. A transgressão, criatividade, paixão e a energia estão de volta com a nova campanha da KAOS para 2017, marca de armações da Area98 destinada a quem mantém o espírito jovem e alma fogosa. Fortemente marcada pelo desafio, a campanha assenta a sua imagem nas armações cheias de vibrantes cores que se misturam numa explosão de sensações É a estratégia da KAOS para marcar de forma indelével a face de quem utiliza as peças, conferindo-lhe uma identidade forte, pujante e empolgante. Esta explosão vai ao encontro do próprio branding da marca, “KAOS”, mas um caos que encontra organização na mistura explosiva de cores que lhe serve de expressão. Apesar de irreverente, a nova colecção KAOS assume o compromisso de não abdicar da qualidade e o estilo que, assume a liberdade de criar novas expressões sem diluir a sua identidade.
Brando Eyewear
Adquire Sunday Somewhere A subsidiária da Mondottica International e marca de luxo Brando Eyewear está a apostar forte na seu crescimento. A prova disso é a recente aquisição da marca de óculos de sol australiana Sunday Somewhere. Esta compra, em que se inclui a transferência do staff, a base de clientes e a expertise da companhia australiana para a Mondottica International, permitirá à Brando Eyewear capitalizar a forte procura que se faz sentir pelos óculos Sunday Somewhere, bem como aproveitar o serviço ao cliente já instalado. Em contrapartida, a marca australiana terá acesso a novos mercados e a uma cadeia de abastecimento que beneficia da experiência da vasta equipa que tem ao dispor na Brando Eyewear e, por extensão, na Mondottica.
GrandOptical
20 anos a celebrar a excelência A cumprir duas décadas de implantação em Portugal, a companhia preparou festejos à altura em que se incluem uma nova campanha publicitária centrada no conceito de excelência. O objetivo é reforçar o posicionamento da GrandOptical enquanto ótica de referência e a criação de um novo site (www.grandoptical.pt), Facebook (www.facebook.com/ GrandOpticalPortugal) e Instagram (@GrandOptical_pt). Os criativos exploram o conceito GrandOptical com recurso a quatro mini documentários com produção do grupo em conluio com Gato Vadio e HAVAS, em que a dedicação e paixão da bicampeã mundial de kitesurf, Inês Correia, do fundador da Maria Riding Company e criador de motas de autor Luís Correia e do alfaiate Ayres Gonçalo são entregues ao público como expressões da paixão que a GrandOptical coloca ao serviço dos seus clientes.
Entrevista de Capa | 18 |
Fátima Marques
Quando a ótica é parte da família O número é redondo e ambicioso. Este ano assinalam-se os 50 anos da Óptica do Porto, instalada em plena rua de Santa Catarina desde 1967. Numa altura de mudanças profundas no setor da ótica, fomos auscultar o segredo da longevidade e do sucesso. Encontramos uma família unida em volta do carisma e da herança de caráter do seu fundador, Manuel da Silva Marques, uma equipa motivada e uma missão de serviço e excelência na relação com o consumidor. Razões que explicam as cinco décadas de história desta casa, que se assume como referência no ramo da ótica no Porto e no país. E como “em equipa que ganha não se mexe”,Fátima Marques, a mulher que assume a liderança do negócio acompanhada pelos seus dois filhos, Manuel e Sofia Marques, assenta querer “honrar a memória do meu marido e a sua visão para a ótica”. Texto: Mariana Teixeira Santos | Fotos: Miguel Silva
50 anos de história exigem um regresso ao passado, às origens de uma ótica que é, também ela, parte da história da ótica em Portugal. O que fica da memória de Manuel da Silva Marques? Fátima Marques: O meu marido entrou na ótica muito jovem, foi colega de quase todos os óticos que iniciaram o negócio e ergueram estabelecimentos muito bem-sucedidos. Naquela altura, iniciava-se assim, começavam por ser aprendizes de outros e era assim que se inteiravam da profissão. Recordo-me dele contar que começou como funcionário de Manuel Oliveira e Sousa e posteriormente se instalou em Lamego, onde viria a abrir uma ótica. Esteve lá um ano e depois voltou para estabelecer-se em Vila Nova de Gaia. Foi assistente do oftalmologista Rufino Ribeiro, aqui precisamente na rua de Santa Catarina, e foi aí que decidiu que o melhor seria estabelecer-se no Porto e, em 1967, nasce a Óptica do Porto. A ligação ao consultório do oftalmologista Rufino Ribeiro moldou a excelência técnica que imprimiu na própria Óptica do Porto. FM: O Manuel terá sido o primeiro refracionista em Portugal. Na altura estudou refração em Barcelona e tinha uma ligação muito estreita com o doutor Rufino, que lhe passou muitos conhecimentos que ele sempre seguiu, de forma atenta e cuidadosa, na oficina da ótica. E no seu caso, a ótica surge através da ligação com Manuel da Silva Marques ou era já uma paixão antiga? FM: Tudo o que aprendi na ótica foi com ele. A Óptica do Porto foi o meu primeiro emprego na ótica e acabei por me apaixonar pelo setor.
Entrevista de Capa | 19 |
O ritmo frenético da rua de Santa Catarina acolhe uma casa que vive e respira ótica. Lá fora sucedem-se passos apressados, linguajares dos quatro cantos do mundo, olhares irrequietos e um vaivém incessante. Cá dentro o ambiente é morno, sem pressas, afinal de contas estamos em família. A Óptica do Porto é assim, uma montra aberta ao mundo com as soluções mais vanguardistas no mercado e uma equipa técnica sempre disponível, mas também cinco cadeiras que se juntam para falar do setor, das pessoas, das expetativas, do futuro e do passado. Porque o passado conta-nos, também, a história do fundador desta casa, do pai e do marido Manuel da Silva Marques, e parte importante da história da ótica nacional. Lá fora, quem passa deslumbra-se com os óculos e o espaço que convida a ver mais e melhor. Cá dentro, nós, LookVision Portugal, deixamo-nos arrebatar por esta verdadeira história de paixão.
Foi uma paixão a dobrar, pela ótica e pelo ótico… FM: Sim, é uma história muito especial, porque o meu pai e o Manuel tinham sido colegas de escola e foi o meu pai que pediu ao Manuel um emprego para mim aqui na ótica. Na altura eu trabalhava numa confeitaria em Matosinhos e tinha 20 anos. Cheguei à Óptica do Porto em 1979 e comecei como empregada de balcão e o atendimento ao cliente sempre me seduziu e, ainda hoje, nada me dá mais prazer do que contactar com o público. E foi aqui que nos apaixonámos e acabámos por casar em 1982. A verdade é que esta ligação, quase imediata, à ótica não é rara. Há muita gente que refere esse mesmo sentimento. Qual a razão desta ligação tão especial? FM: Talvez porque é uma atividade que tem um pouco de tudo, conjuga conhecimento e técnica, mas também moda, glamour. Acho que esta fusão faz com que nos sintamos mais preenchidos. Olhando de frente o futuro e a nova geração, esta é uma nova Óptica do Porto ou o projeto delineado pelo seu fundador mantém-se atual? FM: De maneira nenhuma. Depois do falecimento do meu marido, apostamos tudo na continuidade. Aliás, esta foi uma
•• “É urgente que as pessoas saibam que os óculos de sol têm que ter uma boa lente de uma ótica certificada e o que não falta são óculos à venda sem a proteção adequada, mesmo que tenham autocolantes a garantir o contrário” •• FM: Antes, o ótico tinha a primazia na informação, agora o cliente tem muitas fontes e, na maioria das vezes, chega à loja ainda mais confuso. Isso obriga-nos, a nós óticos, a saber explicar melhor, saber desmistificar. O nosso intuito permanece, queremos que o cliente se sinta sempre confiante e bem informado em todas as suas decisões de compra.
Entrevista de Capa | 20 |
E com cinco décadas de história, a renovação da imagem alterou algo na vossa forma de estar na ótica? MM: Renovamos a imagem, mas continuamos com o mesmo foco no serviço e na qualidade. Foi só uma questão de ir ao encontro das novas tendências. A Óptica do Porto é uma marca com um forte peso na cidade e foi só uma questão de atualizar. Não queremos que as pessoas sintam que entraram num sítio diferente, queremos que sintam o mesmo aconchego de sempre. FM: O meu marido sempre esteve à frente nas tendências, por isso a Óptica do Porto manteve-se atualizada, nunca parou no tempo.
promessa que ele me fez fazer, igual ou melhor. Tentamos melhorar, adaptar aos novos tempos, mas sempre atentos ao legado de excelência. Mantemos sempre o mesmo lema de sinceridade, confiança e fidelização dos clientes. O que nos garante esta liderança é a crença inabalável que um serviço de qualidade é um compromisso de honra com quem nos visita.
Pode dizer-se que a vossa história, ao longo destes 50 anos, só tem um sentido e é ascendente… FM: Sim, foi sempre em crescimento, mesmo em alturas de crise soubemos aguentar. Prova disso é abertura de um segundo espaço perto do Hospital Santo António, na rua D. Manuel II.
A perseverança na qualidade e no serviço é o segredo do vosso sucesso? FM: É uma mais-valia para todos e foi a mais-valia que o meu marido nos deixou. Manuel Marques: Apostar num serviço de qualidade não é um segredo exclusivo da ótica, mas tem que ser assim em todas as áreas, de outra forma não há condições para trabalhar com dignidade com o público.
E a nova geração, mantém esta ligação umbilical à ótica? MM: Eu nasci aqui e aqui permaneço, ainda tenho lá em cima uma proteção de escadas de quando era bebé (risos). A minha formação não é na ótica, licenciei-me em fisioterapia, estava a terminar o curso quando o meu pai faleceu e decidi juntar-me à Óptica do Porto para dar continuidade ao trabalho dele.
Mas a concorrência não dá tréguas e é cada vez mais implacável. MM: Há concorrência boa e má. A boa ajuda, a má nem por isso. Na rua de Santa Catarina há concorrência, mas há muitas óticas que abrem e fecham logo de seguida, mas a Óptica do Porto mantém-se.
Qual o seu papel atual à frente do negócio? MM: No início eu costumava dizer que era um “tapa buracos”, fazia tudo, mas agora estou mais na parte do backoffice, o
atendimento não é muito a minha praia. Também já me ocupei da parte de oficina, aliás nas férias do técnico, sou eu o responsável pela oficina. Ao longo destes 50 anos, houve ainda uma experiência no fabrico de armações nacionais. O que recorda desta aventura? FM: Sim, o Manuel ergueu uma fábrica, a Manuel da Silva Marques, Lda. em Gondomar, que fabricava armações, estojos e demais materiais, mas com a chegada do material chinês e com a crise deixamos de ter possibilidade de continuar a fabricar em Portugal. Foi uma experiência única. Aliás, o Sr. José Maria, da Sociel, foi nosso funcionário e sempre mantivemos uma relação muito próxima com a Sociel e com o Fernando, o irmão. Nunca deixamos de comprar material à Sociel, que é de uma qualidade irrepreensível. E a Sofia, como se deu a descoberta da ótica? FM: A Sofia licenciou-se em Ciências da Educação e agora está a estudar optometria na Universidade do Minho. Sofia Marques: Sim, foi uma decisão minha. Resolvi tirar o curso de optometria para prosseguir o trabalho aqui na loja. Comecei a trabalhar no atendimento ao cliente, onde aprendi muito com a experiência da minha mãe. E, aproveitando a reunião de duas gerações neste mesmo espaço, que futuro preveem para o setor? Temos, neste momento, uma onda low cost muito em voga… FM: Sim, mas penso que, quando se trata de saúde, as pessoas não estão dispostas a arriscar por um preço baixo. Os consumidores estão mais informados, de facto
De facto, a visão é um sentido precioso, mas nem sempre o consumidor compreende o que isto significa, não faltam comportamentos negligentes com a visão. Como se explica isto nos dias que correm? FM: Ainda há pouco assisti a uma reportagem em que um médico falava exatamente sobre o impacto do tratamento correto nas lentes solares. Ele explicava que quando usamos uma lente sem o devido tratamento o olho relaxa e fica ainda mais suscetível aos raios de sol, enquanto se não usarmos nada o olho está mais alerta e tem uma reação de proteção. Isto para dizer que é preferível não usar nada a optar por lentes de má qualidade. E isto é o tipo de informação que seria necessário passar junto do grande público, uma campanha promovida pela Associação Nacional dos Ópticos, por exemplo, e com impacto concreto junto do grande público. É urgente que as pessoas saibam que os óculos de sol têm que ter uma boa lente de uma ótica certificada e o que não falta são óculos à venda sem a proteção adequada, mesmo que tenham autocolantes a garantir o contrário. A verdade é que esta informação, na maioria dos casos, é enganosa, teria que haver uma auditoria séria às lojas que vendem estes produtos.
Fora da Óptica do Porto e deste espaço, quem são a Fátima ,a Sofia e o Manuel? FM: Sou mãe e avó de duas netas. E gosto muito de passear, mas a ótica envolve-me de tal maneira que acabo por passar aqui o dia todo. O que me faz brilhar é este negócio, os meus olhos reluzem quando se fala em ótica. SM: Sou trabalhadora-estudante, então a optometria também é parte dos meus tempos livres, a par com os hobbies normais de uma rapariga de 26 anos, amigos, namorado, sair e divertir-me. MM: Para além da ótica, juntamente com a minha mulher, tenho duas lojas Swarovski no Algarve. Depois, o tempo é dividido entre o trabalho e as nossas duas filhas, a Maria de sete e a Leonor com dois anos.
Entrevista de Capa | 21 |
experimentaram as soluções low cost, mas, no essencial, acabam por voltar ao comércio tradicional. E regressam porque percebem que não é bem como dizem, que as campanhas altamente anunciadas têm os seus senãos e que, no fim de contas, não é exatamente como imaginam. E, o mais importante é saber que os clientes confiam em nós quando se trata da sua visão, que é o bem mais precioso. Continuo a acreditar que quem for sério aguenta-se, tudo o resto não.
Outros Olhares | 22 |
Miguel Machado
licença para voar O percurso de Miguel Machado rumo ao cargo de optical business manager de uma Modavisão que celebra agora 25 profícuos anos começou em 2001, quando terminou o curso em Relações Internacionais. A sua vida profissional arrancou na área farmacêutica, mas num ápice passou a fazer da ótica o seu mundo, mundo este que agora o desafia a lançar a Modavisão no futuro. Foi desse futuro que se constrói no dia a dia e da responsabilidade de pilotar este “avião”que inspira a ambição de quem o quer a explorar novos céus, de que se falou. Durante a nossa conversa, Miguel Machado revelou à LookVision Portugal os novos “companheiros de viagem” da Modavisão e dos projetos já em andamento nos segmentos premium e geral que vêm refinados com toque parisiense. Criatividade, personalidade, ambição, um homem, uma empresa. Eis, Miguel Machado, um líder com licença para voar. Texto: Fernando Gonçalves | Fotos: Paula Bollinger
Como se sentiu na altura do convite de “agarrar” a Modavisão? Senti-me profundamente honrado pelo convite, consciente da grande responsabilidade que o desafio implica, mas também muito motivado e entusiasmado com a perspetiva de liderar e poder deixar marca numa empresa com a história e o prestígio da Modavisão. Durante muitos anos as marcas da Modavisão foram poucas, mas agora o panorama altera-se ao ritmo da Silhouette e não só. Porquê? A história da Modavisão confunde-se com a história da Silhouette em Portugal. A Silhouette é a referência do mercado de armações em termos de leveza, conforto, investigação e desenvolvimento, qualidade e serviço, e ajudou a moldar a nossa imagem enquanto empresa. A Silhouette é, por isso, e continuará a ser, muito importante para nós. Existe ainda assim a necessidade de construirmos um portefólio mais diversificado, de chegar a segmentos de consumidores diferentes e de oferecer nesses segmentos a excelência de produto e serviço a que a Modavisão habituou os seus clientes. Nesse sentido, começamos o processo de diversificação com a introdução da ProDesign Denmark, no início de 2014. Apesar de ser uma marca de ótica destinada a um segmento médio-alto com uma qualidade muito elevada, tem-se revelado de alta rotação no ponto de venda, pois oferece excelente value for money. Além disso, é uma marca com modelos que assentam particularmente bem na maioria dos rostos, pois usa uma metodologia de design original, sobre rostos reais. Coleções como a Danish Heritage que propõe ao cliente modelos contemporâneos de toque vintage e disponibilizados sempre
com clip solar, têm-se revelado um verdadeiro êxito. E a entrada no segmento de luxo também aconteceu mais recentemente. Sim, pela mão da Silhouette lançámos a coleção Atelier na segunda metade de 2016. Trata-se de um conjunto que proporciona artigos de alta joalharia, legalmente marcados com punção de responsabilidade pela Imprensa Nacional Casa da Moeda. É uma incursão no segmento de luxo e joalharia por parte da Silhouette através de armações em ouro incrustadas à mão por mestres artesãos da escola da Flandres, que nos veio dar acesso também a um consumidor ao qual antes não chegávamos. Ainda com o cunho da casa austríaca, começámos a distribuição na primeira metade de 2017 da neubau, uma marca nova, dirigida a millenials, que quer criar valor junto de um segmento de utilizadores muito pouco permeável à publicidade. É uma geração que responde a produtos que vão ao encontro das suas preocupações, e a neubau, muito focada na ecologia e na sustentabilidade urbana, é uma marca muito cool, com uma mensagem forte, que comunica com essa geração. É esta abordagem que permite ao ótico oferecer um produto de valor acrescentado neste segmento de consumidor e traduzi-lo em venda efetiva. E não somos só nós que o dizemos! A WGSN, uma das principais agências de tendências a nível mundial, colocou a neubau como uma das dez marcas a ter em conta nos próximos anos!
•• ”A minha m otivação é acim a de tudo, par tindo de um a bas e d e ex celência e respei t a n d o o passado, r einvent a r o presente para cons t rui r um futur o sólido pa ra a Modavisão” ••
Outra faceta central da Modavisão é a adidas. A marca dedicada ao desporto, mesmo não sendo nova, está atualmente num momento de viragem, a reposicionar-se como marca de running e outdoor, aproveitando toda a sua experiência no segmento em que se insere. Especialmente o running, uma atividade que explodiu nos últimos anos, é uma área ainda muito pouco explorada ao nível do eyewear sem grande oferta específica, e onde há, por isso, um enorme potencial de negócio adicional para nós e para os nossos clientes. E este quarto de século de trabalho traz ainda uma novidade especial… Exatamente! No mês em que assinalámos 25 anos, e demonstrando que continuamos irrequietos e com os olhos postos no futuro, começámos a distribuição oficial da Face à Face Paris em Portugal.
Outros Olhares | 23 |
O Miguel agarra este desafio numa altura de grandes alterações, nomeadamente o afastamento de André Brodheim para a Optivisão, novas marcas, e, claro, a par dos grandes desafios de um mercado dinâmico e em mutação. Que motivações o movem na direção desta casa bem experiente? O André desenvolveu um trabalho meritório nos anos em que esteve dedicado à Modavisão, e deixou na empresa uma marca profunda. Por outro lado, a Modavisão tem também, fruto da sua história e consistência ao longo dos anos, um conjunto de valores e princípios com os quais os nossos clientes nos identificam e que é fundamental respeitar. A minha motivação é acima de tudo, partindo de uma base de excelência e respeitando o passado, reinventar o presente para construir um futuro sólido para a Modavisão.
não tinha tido ainda o prazer de conhecer, o que não posso deixar de agradecer sinceramente também. O feedback franco e honesto que me passaram foi fundamental para perceber a imagem que têm da empresa, das marcas e dos produtos, e as suas necessidades e expectativas enquanto clientes. Foram, por isso, também uma parte fundamental no meu processo de integração e da construção da filosofia que queremos implementar para a Modavisão.
Outros Olhares | 24 |
Vindo do mercado das lentes, que leitura faz desta área das armações? Sente que tem armas para responder à complexidade da moda/saúde? Apesar de o canal ser o mesmo, a dinâmica da relação do ótico com os fornecedores de lentes e com os fornecedores de armações parece-me muito distinta. No primeiro caso o foco está na saúde visual, enquanto no segundo o foco está na moda e no conforto. É, portanto, natural que, até pela tecnicidade do mercado das lentes, a relação com o respetivo fornecedor seja muito intensa. No caso do mercado de armações, mesmo havendo obviamente relações de parceria e grande proximidade, existe um maior dinamismo. A expansão do nosso portefólio de produtos vem no sentido de aproveitar da melhor forma esse dinamismo que o mercado de armações oferece, apresentando soluções de armações que criam valor, que são diferenciadoras na sua singularidade, ou que colocam o foco em diferentes segmentos de consumidor ainda pouco explorados.
E que “assinatura” sonha deixar neste período de liderança da empresa? O meu objetivo último é fazer a Modavisão voar, ou seja, ajudar a empresa a crescer, ficar mais sólida e diversificada e aumentar a percepção dos óticos focados na criação de valor de que representamos um parceiro do qual não podem, nem querem, prescindir. Como está a equipa da empresa perante estas mudanças? Motivada, confiante, serena e pronta a abraçar os desafios. A Modavisão assenta numa base de mais de 60 anos de grupo Brodheim. A mudança na chefia, ainda que seja sempre um momento de alguma expectativa por parte da equipa, é algo muito bem pensado dentro do grupo, o que acaba por transmitir bastante tranquilidade à equipa. Na verdade, tive a sorte de herdar uma equipa de luxo, com profissionais dedicados e de muito alta qualidade, que souberam receber-me, e que se mostraram excelentes profissionais ao serem incansáveis no apoio que deram ao meu processo de integração. Quero, por isso, deixar aqui publicamente o meu agradecimento. E os clientes? Os clientes receberam-me todos, sem exceção, com enorme simpatia e cordialidade, tanto os que conhecia como os que
Que futuro auspicia para a sua Modavisão e que ações preveem nesta celebração dos 25 anos de trabalho? A Modavisão irá continuar a crescer com passos seguros, continuará a tornar-se um parceiro cada vez mais forte sem desvirtuar os seus valores e princípios, pois conhecemos a nossa história e temos uma visão clara para o nosso futuro. Assim, e como já foi referido, começámos por assinalar os 25 anos da Modavisão com o início da distribuição no nosso país da Face à Face Paris, uma marca do criador Pascal Jaulent que é uma pedrada no charco entre as marcas independentes premium, um segmento muito concorrido e onde a oferta é cada vez menos original. A Face à Face Paris alinha-se perfeitamente com o ADN da Modavisão e com a imagem que queremos projetar, apresentando modelos requintados, elegantes, com deliciosos toques de originalidade que fazem deles peças muito diferentes do que é atualmente oferecido no nosso mercado e ajudando assim a posicionarmo-nos onde queremos estar, como um fornecedor que oferece valor e diferenciação aos seus clientes. Estamos também a tornar-nos mais digitais. Temos um novo site e uma atividade crescente nas redes sociais, pois queremos comunicar ainda mais e estar cada vez mais próximos dos nossos clientes. Queremos também continuar a marcar a diferença no ponto de venda, e para isso trabalhamos para oferecer soluções de exposição sempre mais inovadoras. O objetivo passa por sermos vistos como parceiros, não apenas um fornecedor, e como tal reforçamos a nossa componente formativa para ajudar os clientes a potenciar a venda. E para o mercado em geral? Penso que hoje em dia é claro para todos os atores neste canal que estamos perante um mercado em profunda mudança e em processo de concentração. Ao nível do retalho, começa a ser cada vez mais clara a diferenciação em três segmentos – o de preço, o de mass market, e o de especialidade. Enquanto distribuidores, é neste último que nos posicionamos. E através dos nossos fornecedores, e muito especialmente da Silhouette, estamos a construir as armas que nos permitem defendermo-nos, a nós e aos nossos clientes, neste processo de concentração crescente. Em breve apresentaremos ao mercado novas soluções que permitirão aos profissionais uma maior diferenciação para si e para o cliente final dos óculos. Estejam atentos!
Mais e melhor visão para todos os segmentos Setembro é o mês da rentrée e a Proóptica, como já vem sendo habitual, convocou os seus clientes para conhecerem as novidades do seu vasto portefólio em Lisboa e no Porto. A LookVision Portugal esteve no Ipanema Porto Hotel para conhecer, em primeira mão, as tendências desta estação. Texto: Mariana Teixeira Santos
Define-se como uma empresa full eyewear concept, nas palavras de Luís Justino, diretor-geral da empresa, isto para dizer que a Proóptica se assume hoje como um parceiro privilegiado dos óticos, apresentando soluções para todo o ciclo de vida do negócio, desde a conceção do espaço, aos acessórios, óculos, lentes e maquinaria. Em destaque nos showrooms realizados em setembro estiveram as soluções da empresa, que se assume, em definitivo, como uma insígnia capaz de ter oferta para todos os segmentos de mercado. Marcas de primeira linha como a Jaguar continuam a evidenciar um apuro nas suas armações, recorrendo a materiais mais leves e inovadores como o Ultem, inspirado pelo novo carro da marca, o elétrico E-Pace. A Davidoff também não passou despercebida com novidades impactantes e sóbrias. Para mulheres que não temem dar nas vistas, a mais recente coleção eyewear de Laura Biagiotti ousa no cruzamento de cores e nos formatos expressivamente redondos. No segmento de luxo, a marca Gold & Wood chama a atenção com modelos solares recheados de atitude que unem a armação de madeira e detalhes em pele para uma experiência de visão total. No que toca aos modelos
de prescrição, a sobriedade impera em modelos minimais onde a fusão de cores demarca territórios. A Balmain continua a surpreender tudo e todos com modelos de forte intensidade e que se destinam a emoldurar personalidades audazes. Os modelos Vespa, que apresentam o detalhe absolutamente irresistível da aplicação na parte superior da armação, não passam indiferentes a ninguém. Referência ainda para a Nomad, que lança o seu primeiro modelo com clip e que, num único clique, se transforma num óculo de sol vintage. Atenta a todos os segmentos, a Proóptica evidencia ainda novidades na área desportiva, com os apelativos modelos da New Balance e novidades para o segmento infantil com as novidades da marca Milo & Me, que usa e abusa da cor em modelos divertidos e elaborados a partir de materiais altamente flexíveis. As marcas portuguesas João Rôlo, Dielmar e Lanidor estão, igualmente, na berlinda com novas e fervorosas peças. No plano das lentes, as soluções com o selo de qualidade Kodak continuam a conquistar óticos e consumidores e evidenciam tecnologia de ponta que garante cores mais nítidas e uma visão mais apurada.
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Proóptica
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Zeiss
O Futuro Hoje “Don’t be afraid of the Future”, uma afirmação proferida pelo especialista em future trends Nick Sohenmann e que apelou aos mais de 1500 profissionais da visão que no final de setembro se juntaram na emblemática Funkhaus Berlin, na Alemanha, para a Convenção Zeiss 2017. A LookVision Portugal esteve neste encontro onde as “portas do futuro” da ótica se abriram a convite exclusivo da Carl Zeiss Vision Portugal e conta-lhe tudo. Texto: Fernando Gonçalves
Aplicações que prometem modificar e simplificar o dia a dia dos profissionais, novos produtos, saúde visual, reinvenção de modelos de negócio e mais, muito mais estiveram em destaque ao longo de uma semana que começou com dança e música contemporâneas e acabou no futuro. Findo o espectáculo de abertura, Sven Hermann, membro Board Zeiss Vision Care, tomou a palavra para lançar o repto: “Queremos ser líderes mundiais no
setor da saúde visual nos próximos cinco anos”. Como não basta afirmar, Sven Hermann, após se deter por momentos, no caminho que levou a Zeiss da mente do seu fundador em pleno século XIX até ao ponto em que se encontra hoje, ou seja, uma das maiores empresas no domínio da saúde visual, entrou na estrada da inovação não deixando de realçar que a mesma se faz, sempre, em parceria com os óticos. Caminhar de mãos dadas com
•• “ J am ai s s e r emo s c o n c o rrên c ia a os ót i c os . P e l o c o n t rá rio , t ra b a l h a rem os di a a di a p ara n o s c o n v ert ermo s no s e u m ai or alia d o ” ••
multinacional desde o seu nascimento, Hermann passou a batuta da conferência a Nick Sohenmann. Este especialista em future trends ficou encarregado de dar o mote para o que viria a seguir, apresentando uma palestra sob o leitmotiv Um dia do Futuro, que ficou mais presente quando Rolf Herrmann, vice presidente global de marketing da Zeiss, começou a desvendar o que a multinacional germânica preparou nos seus laboratórios para oferecer ao mundo. Um desses projetos inovadores é, precisamente, o sistema operativo Zeiss VisuConsult. Este sistema propõe-se optimizar e aprofundar a relação cliente/ótica tornando-a, de certo modo, umbilical. Isto é, os dados do cliente, com a autorização deste, são compilados por este novo Zeiss VisuConsult, transformando o processo de aquisição de produtos e tratamentos muito mais rápido e confortável. Sistema multicanal, com nascimento na internet, o novo VisuConsult dá ao cliente/paciente uma panorâmica geral sobre as óticas próximas da sua residência que adaptam lentes Zeiss, mesmo antes de ele se predispor a sair de casa. Tudo isto através da aplicação http://www.zeiss.pt/perfil-da-minha-visão, naquilo a que a Zeiss denomina de piscar de olho aos millenials. O sistema tem um duplo sentido, uma vez que as
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estes profissionais é o objetivo da Zeiss na segunda década do segundo milénio como reafirmou o membro do Board, “jamais faremos concorrência aos óticos. Pelo contrário, trabalharemos dia a dia para nos convertermos no seu maior aliado”. Desde sempre na vanguarda da inovação, a Carl Zeiss Vision vai trilhando um caminho que já passou e ainda passa pela Lua (uma câmara Zeiss ainda está no satélite da Terra), por Hollywood ou pelas operações às cataratas (75 por cento delas são feitas com recurso a tecnologia Zeiss). Estas conquistas foram só possíveis de atingir com recurso aos melhores cérebros de cada época específica e atendendo às necessidades das populações de cada momento da História. Celeridade, conforto e qualidade são as preocupações diárias da equipa de investigação e desenvolvimento da Zeiss. Partindo deste pressuposto e assente nos valores que servem de base à
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óticas também têm acesso aos dados do potencial comprador, o que lhes permite poupar tempo e adaptar-se às necessidades do consumidor. Para além destas caraterísticas, a nova aplicação e os dados do cliente podem ser guardados e lidos pelo ótico mediante um QR code. Com o advento das compras online os fornecedores/lojas tiveram que “montar a tenda” no mundo virtual. Esta exigência veio de mãos dadas com uma outra necessidade: adaptar os produtos ao público-alvo, individualizando-os, customizando-os. Se o VisuConsult representa um desses produtos, o Zeiss Visufit não lhe fica atrás. Com estreia marcada para o próximo ano, este
equipamento permitirá às ópticas criarem, de raiz, lentes que se enquadrem de forma perfeita na face de cada um dos seus clientes. Este otimismo que as novas plataformas e tecnologias de compra multicanal plasmam nas expressões e palavras dos responsáveis Zeiss encontram, ainda, eco nas inovadoras lentes oftálmicas para utilizadores de lentes de contacto EnergizeMe e nas lentes oftálmicas de uso diário com benefícios para a condução DriveSafe, que já estão disponíveis no nosso mercado. Como o futuro se constrói no presente e o Congresso de Berlim reuniu todos os ingredientes para que o primeiro nasça mais forte, ainda houve tempo para outra novidade de monta: os smartglasses. Desvelado pela boca de Sven Hermann, este projeto futurista, ainda em desenvolvimento, quer combinar lentes oftálmicas inteligentes com a conetividade 5G. Nascido dentro de uma das empresas do Grupo Zeiss, este projeto parte de um protótipo de sistema ótico que se ajusta ao tamanho e à maneabilidade que os óculos inteligentes requerem. Esta tecnologia, permite ao utilizador visualizar através dos seus smartglasses toda a informação que necessite, desde aplicações a navegações pela internet, apesar de, como fez questão de sublinhar Hermann, “não se
Zeiss em discurso direto
A Carl Zeiss Vision reuniu óticos, especialistas e imprensa de vários países numa apresentação que quis ir muito além disso. O objetivo foi proporcionar uma experiência in house? A nível mundial o grupo Carl Zeiss investe cerca de 10 por cento em Investigação e Desenvolvimento (I&D), procurando sempre soluções que vão de encontro às necessidades dos nossos clientes. Ao nível da visão os desafios são cada vez maiores tendo em linha de conta, por um lado, o ritmo de vida que todos levamos e, por outro, os desenvolvimentos tecnológicos que diariamente acontecem. Mais do que a experiência, fica registada a mensagem que passamos ao mercado: iremos ser sempre parceiros e nunca seus concorrentes.
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tratar de levar um PC sobre os olhos, mas sim de projectar informação através de óculos normais”. Nem tudo, porém, foi futuro. Quando as luzes se apagaram na Funkhaus Berlin, a Zeiss tinha preparado uma série de atividades de lazer em Berlim, em que se incluiu uma visita ao fabuloso Planetário Zeiss, e uma viagem até à famosa casa de espetáculos Winter Garten. Corpo e espírito saciados, a viagem seguinte com o selo Zeiss revelou-se “caseira”. No último piso do Hotel Park Inn, que hospedou os convidados desta iniciativa, com vista para a emblemática Berliner Fernsehturm, a marca alemã preparou uma festa privada, que contou com a presença da LookVision Portugal e de toda a comitiva portuguesa e fechou a cortina sobre o Congresso Zeiss 2017.
Os ópticos portugueses estão abertos ao futuro, isto é, o mercado português está preparado para receber as inovações apresentadas durante o Congresso Zeiss de Berlim? Com a aposta forte que fazemos anualmente em I&D, desenvolvendo todos os anos novas soluções para as necessidades visuais, pretendemos continuar a cimentar a nossa posição no mercado nacional. As inovações apresentadas no nosso congresso são exemplo vivo desses factos. Acreditamos que o setor português está no caminho indicado para receber estas e muitas outras inovações, mesmo porque temos por hábito ser pioneiros na implementação de novos produtos no mercado português e sempre com sucesso, como é o caso das nossas soluções mais recentes, as lentes ZEISS EnergizeMe, concebidas para os utilizadores de lentes de contacto, e as lentes ZEISS DriveSafe individuais, estas últimas de uso diário, personalizáveis com benefícios acrescidos para a condução. Ambas as soluções estão disponíveis para todos os segmentos e faixas etárias (monofocais, digitais e progressivas).
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Proóptica
Luís Justino, a inquietude de fazer mais e melhor Convidamos Luís Justino, director-geral da Proóptica para uma conversa. O responsável discorreu sobre os grandes desafios que orientam a empresa que dirige. Do aporte de valor e diferenciação dos seus produtos até novas estratégias de venda multicanal, as metas são ambiciosas. Respira-se positividade na área e todos os sonhos são permitidos desde que pintalgados com responsabilidade e perseverança, caraterísticas que se assumem como marcas identitárias de uma empresa portuguesa full eyewear concept. E apesar da ascensão, a Proóptica não se permite descansar à sombra do alcançado nos seus 25 anos de vida. A inquietude de fazer mais e melhor pela voz e razão de Luís Justino em exclusivo para a LooKVision Portugal. Texto: Fernando Gonçalves
Já quase nas “bodas de prata” a Proóptica demonstra grande pujança no mercado da ótica português. Pode dizer-se que a equipa desta casa lusa soube ler bem o seu campo de ação? Qual o segredo? Em vez de grande pujança preferimos dizer grande humildade e respeito por um setor em profunda transformação. Esse é o nosso segredo! Para o ano fazemos 25 anos, um enorme motivo de orgulho e também uma prova de grande perseverança. Não acreditamos numa fórmula mágica para o sucesso.
A Proóptica é uma empresa que tem uma equipa polivalente, inquieta e com muita vontade de fazer mais e melhor. A adaptação ao mercado é uma constante e uma absoluta necessidade de sobrevivência. Se por um lado valorizamos os nossos clientes e procuramos uma grande proximidade e aprofundamento das relações, por outro procuramos soluções diferenciadas e inovadoras que valorizem o negócio e que vão ao encontro das necessidades dos nossos parceiros.
Alguma vez chegou a temer que esta abrangência de oferta pudesse ser menos positiva? Somos inquietos por natureza e por isso nunca temos certezas. Sempre que decidimos avançar com uma nova área de negócio temos de demonstrar competências, de evoluir e de aprender. Temos uma equipa polivalente e talentosa que é a única certeza que tudo faremos para que o nosso cliente esteja satisfeito e confiante. As quatro áreas de negócio crescem de uma forma saudável, sustentável e integrada. Qual dos segmentos que desenvolve na empresa considera mais forte? Cada vez mais procuramos que a Proóptica seja entendida como uma empresa Full Eyewear Concept, com uma integração total das quatro áreas de negócio onde cada área tem uma importância vital no desenvolvimento do projeto global. Não consigo, por isso, destacar uma unidade de negócio. As quatro áreas mantêm a empresa erguida e consistente. Os desafios do mercado acumulam-se. Quais considera mais complexos agora? Neste momento destaco dois grandes desafios: em primeiro lugar, os intervenientes do nosso setor precisam de aumentar o valor percebido da sua oferta para fazerem crescer a venda média e, acima de tudo, criarem a perceção nos consumidores de que existem produtos e serviços diferenciados que merecem esse valor acrescentado. Os nossos especialistas precisam de valorizar os artigos, para além do preço, através de uma relação de proximidade, um discurso de vendas consistente e, acima de tudo, de uma reflexão importante sobre o protocolo de vendas e a sua proposta de valor. Ter uma proposta de valor simples e transparente, que toque no coração do cliente, é fundamental. Mas o nosso consumidor precisa igualmente de entender o porquê! Ao preço do produto, teremos que adicionar funcionalidades e experiências.
Em segundo lugar, o consumidor procura a mesma experiência de loja nos diferentes canais onde se relaciona com o seu ótico. Os profissionais necessitam de preocupar-se com estratégias multicanal que permitam ao consumidor obter experiências positivas e encontrar as soluções que procuram procuram, seja na loja física, nas redes sociais, na página WEB, na loja online, 24/7. Quanto à Proóptica, esta encontra-se em velocidade cruzeiro ou têm algum projeto na manga para agitar tanto o conceito como o próprio mercado? Somos fascinados pelo crescimento sustentado e, por isso, é muito importante manter níveis elevados de serviço e satisfação nos nossos parceiros. Antes de agitar a empresa com novos projetos, estamos concentrados em fortalecer as quatro áreas e o conceito de integração durante o próximo ano. Surgirão novas oportunidades e novas ideias, mas eu diria que manter a velocidade cruzeiro sustentada é vital para garantir os próximos 25 anos. Como empreendedor, parece-lhe que esta nova conjuntura em que se move a ótica se apresenta como positiva? O contexto em que vive o nosso setor é muito complexo e instável. Exige uma gestão cuidada de todos os operadores do mercado e sobretudo um grande foco estratégico com posicionamentos muito claros. Não há conjunturas negativas, há conjunturas. Contextos com que temos
de lidar e adaptarmo-nos da melhor forma possível, aproveitando cada oportunidade que surge. Esta é uma conjuntura onde o consumidor tem poder de decisão, tem vontade, gosta de ser ouvido e cuidado e, portanto, é fundamental conhecê-lo e respeitá-lo. O discurso das empresas não pode ser míope, voltado para dentro, tem de ser um discurso orientado para o consumidor, com uma linguagem fácil, objetiva e, sobretudo, transparente. Que futuro auspicia para o setor? O setor vai crescer nos próximos anos, à semelhança do nosso país. Os players vão posicionar-se de uma forma mais clara e procurar concentrar as suas forças. Novas alianças nacionais e internacionais serão vitais para proteger as margens dos diferentes agentes e para credibilizar ainda mais a nossa indústria. E para a sua Proóptica? A Proóptica continuará inquieta, dinâmica e atenta, com uma atitude positiva e muito flexível na mudança. Continuaremos a aportar inovação ao modelo de negócio que desenhamos para o mercado, reforçaremos a gestão estratégica com uma oferta competitiva de elevada qualidade e notoriedade. Manteremos o foco na relação pessoal e de proximidade. É, de igual forma, nossa vontade continuar a crescer nos próximos anos com a ajuda de uma equipa extraordinária e de parceiros comprometidos com uma empresa 100 por cento portuguesa.
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A multidisciplinaridade da Proóptica, ou seja, o facto de abranger as várias vertentes do negócio da ótica é uma das razões para os profissionais não resistirem ao vosso conceito? A principal razão que explica um portfólio de clientes abrangente e que confiam na empresa prende-se, essencialmente, com a qualidade e a proposta de valor acrescentado inerente à nossa oferta. O facto de trabalharmos quatro áreas de negócio diferentes e a capacidade de propor projetos chave na mão 100 por cento adaptado à visão dos nossos clientes são sem dúvida mais-valias.
Essilor
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O futuro da Essilor é ao lado das necessidades dos óticos A Essilor Portugal convidou os seus clientes e os agentes do setor ótico para conhecerem as mais recentes novidades da temporada outono/inverno. O resultado reviu-se em centenas de visitas e uma digressão que uniu seis cidades do país e muitas novidades que prometem aquecer o rosto e a visão dos consumidores nacionais nesta estação. Texto: Mariana Teixeira Santos
O grande destaque destes showrooms, que decorreram entre setembro e outubro de norte a sul do país, foi a apresentação da Levi’s, que marca, em definitivo, a aposta da Essilor num novo e promissor segmento de mercado - os jovens - associando soluções de visão de qualidade superior e armações que se assumem como um must have. Em destaque ainda a Bolon, que aponta a mira aos consumidores que buscam um apurado sentido estético no eyewear, e as marcas de luxo Porsche Design e J. T. Dupont. As coleções de criança da Stepper e da Nano Vista foram outras das atrações, garantindo modelos e formatos adaptados às idades mais precoces e integrando materiais que resistem ao ritmo dos mais pequenos. O redondo está de volta! Em termos de tendências gerais, esta temporada faz regressar os formatos redondos e armações mais subtis. O castanho e o dourado marcam, a paleta de cores da estação, ligando-se e cruzando-se com outras cores. Marcas como a Bolon continuam a exibir-se como um registo de assumida leveza, patente nos materiais de
eleição e no design dos modelos. Acetatos ultra leves são também evidentes nas coleções da Porsche Design e da Stepper. A inovação tecnológica continua a garantir-nos materiais que não pesam no rosto e que estão cada vez mais em voga nos mais variados segmentos. A par das armações, as lentes Essilor, como não podia deixar de ser, estiveram em destaque nestes showrooms. Para além das soluções em termos de lentes polarizadas ou progressivos, a aposta na Eyezen, a lente desenhada para a vida digital, é o grande destaque. Pensada para o número crescente de pessoas que está exposta com regularidade à luz azul-violeta projetada pelos aparelhos eletrónicos como computadores, televisões ou telemóveis, esta lente revela-se um poderoso agente de prevenção de problemas visuais. Numa altura de mudança, a Essilor é um parceiro de confiança e, tal como refere Pedro Silva, da equipa de vendas da zona norte, à LookVision Portugal, “a nossa lógica é que o ótico encontre dentro da nossa organização um complemento geral para tudo o que necessita, sejam lentes, armações, aparelhos ou maquinaria”.
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Silmo 2017 O Silmo está de PARABÉNS! Qual fénix renascida das cinzas, Paris ergueu-se, em todo o seu esplendor, para voltar a afirmar-se como o palco da ótica mundial. Depois do decréscimo de visitantes registado no ano passado, muito devido ao impacto profundo da vaga de atentados terroristas registados em França, o Silmo regressou em 2017 mais forte do que nunca a tempo de comemorar 50 anos envoltos em forte otimismo. Texto: Mariana Teixeira Santos
De 6 a 9 de outubro, a cidade das luzes acolheu o Salão Mundial da Ótica – Silmo – que celebrou 50 anos. Meio século de história que evoca as grandes conquistas do setor. Esta foi uma edição de celebração e, como não podia deixar de ser, uma montra absolutamente imperdível para o melhor que se faz no eyewear nos dias que correm. O fausto das grandes casas, as tendências mais vanguardistas, a atualização científica e as inovações tecnológicas up-to-date em destaque num espaço que demarca o futuro do setor. Num ano marcado pela celebração dos seus 50 anos, o Silmo brilhou mais alto na já mítica gala de atribuição dos Silmo d’Or. O Grand Palais, em plena avenida dos Campos Elísios, acolheu mais de três mil convidados, entre eles a equipa da LookVision Portugal, que cantaram os parabéns ao Mundial da Ótica e brindaram ao futuro. Uma noite de festa que celebra o que de melhor se faz no setor (ver caixa). A gala coincidiu com a Noite Branca de Paris. A agitação e o fervilhar cultural pululavam por toda a capital, numa noite memorável para todos os presentes que homenageia a ótica com o charme que só Paris consegue oferecer.
Um Silmo à conquista do mundo Esta edição, os resultados não podiam ser mais positivos, mostrando, em absoluto, que o mercado ótico já ultrapassou os dias difíceis em que a crise económica o havia mergulhado. Nesta edição, o Silmo reuniu 957 expositores, 78 por cento dos quais internacionais, provenientes de 42 países. O Centro de Exposições de Villepinte recebeu ainda 154 novas empresas. No total, os quatro dias de feira acolheram 37.337 visitantes, um acréscimo de 10,5 por cento face ao ano passado. O mercado internacional continua a afirmar-se como o grande foco do salão parisiense, com 57,4 por cento dos visitantes a chegarem de 148 países diferentes. As visitas internas também assistiram a um acréscimo conside-
Silmo d’Or – E os vencedores são…
Consumidores valorizam experiências em loja A empresa de estudos de mercado GFK, em ligação com as duas grandes feiras da ótica, Silmo e Mido, voltou a apresentar as tendências no mercado, de acordo com os dados recolhidos através de questionário online de mais de seis mil consumidores de França, Itália, Reino Unido, Espanha e Alemanha. O crescimento económico pauta-se pela moderação, mas os consumidores europeus demonstram confiança face ao futuro. Entre os mais pessimistas encontram-se os britânicos, a que não é alheia a incerteza face ao Brexit. No que toca aos comportamentos de compra, os dispositivos móveis revelam-se, hoje em dia, como os principais responsáveis por uma mudança de paradigma. Os dados recolhidos demonstram que estes dispositivos desempenham um papel cada vez mais prioritário na decisão de compra. Isto introduz novos desafios no mercado e na relação dos óticos com os seus clientes, focando a atenção na personalização das ferramentas e dos serviços. O consumidor, cada vez mais hiperconectado, passa a contar com muito mais elementos que interferem diretamente no processo de compra. Contudo, quando olhamos para o mercado dos óculos de prescrição, a percentagem de vendas a retalho online
é ainda muito reduzida. Quando se trata da saúde visual, a loja física continua a ser predominante. A decisão de compra é diretamente influenciada pelo ótico, mas a opinião de amigos e conhecidos ou da família também pesa na hora de decidir. Quanto aos formatos preferidos, as tendências oscilam de acordo com o país. Os óculos wayfarer ou quadrados são os eleitos, sobretudo dos homens espanhóis, enquanto os designs mais redondos continuam a ser predominantes nas escolhas da generalidade dos cinco países analisados, Espanha, França, Reino Unido, Itália e Alemanha. No mercado dos óculos de sol, a tendência geral é de crescimento da procura, observando-se apenas uma ligeira retração no caso alemão. No essencial, a necessidade de troca de lentes ou a perda dos óculos são as razões mais evocadas para adquirir um novo par de óculos de sol, só no caso italiano os entrevistados evidenciam uma preocupação mais acentuada com a moda, o que dita uma atualização dos modelos. Neste caso concreto, as ofertas online são mais apelativas para os consumidores, sobretudo devido aos descontos online. No essencial, a pesquisa da GFK conclui que as pessoas que procuram óculos de sol elegem o preço e a qualidade do atendimento como critérios prioritários. Entre
os formatos preferidos estão os wayfarer, os redondos e o estilo aviador. Em termos gerais, os homens são mais seduzidos pelo formato aviador e as mulheres pelas peças de recortes arredondados. Através da leitura dos dados obtidos denota-se que o setor ótico encontra-se numa mudança de paradigma e a atenção deve recair numa oferta cada vez mais integrada, conjugando a experiência em loja e a oferta de uma solução de retalho adaptada ao universo mobile. Numa altura em que a experiência é altamente valorizada pelo consumidor, o foco em tecnologias multicanal, como, por exemplo, a oferta de uma experiência de realidade aumentada em loja ou dispor de tecnologias que permitam ao cliente usufruir de uma abrangência de serviços em loja são cruciais. Hoje em dia, tudo está acessível à distância de um clique e o consumidor só está disponível para visitar uma loja se isso lhe garantir uma experiência de compra assumidamente diferente daquilo que encontra no universo online. Ou seja, já se foram os tempos em que ter os óculos à disposição era quanto bastava. Inovar na experiência de loja, garantir tecnologias únicas, apostar num atendimento de excelência e na estimulação da relação com o cliente é o segredo para sair por cima no confronto com as potencialidades do online.
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rável (7,4 por cento), representando 42,6 por cento das entradas. Números que confirmam que a recuperação económica na Europa e nos EUA é uma realidade, com o mercado ótico a corresponder a um clima económico mais favorável. Prova de que o otimismo no mercado está para durar é a expansão do Silmo que, depois de Sidney e Istambul, chega, em 2018, a Banguecoque, numa ação única que quer criar as condições para a entrada das empresas parceiras no mercado em crescimento acelerado do sudeste asiático. Mas, Paris é sempre Paris e o Silmo 2018 já tem data marcada. De 28 de setembro a 1 de outubro, o mercado ótico volta a convergir na capital do romance.
Lentes – Essilor com Varilux® X series™ Lentes de contacto - Novacel com BINOVA IFLEX Equipamento/ material – Nidek TS-310 Baixa visão – AB Vision com SeeBOOST Crianças – ADCL APlus com Piwatoo 261 Armações (tendência) – Chloe com Palma CE 2134 Armações (design) – Lio com IVM 1048 Óculos de sol (tendência) – Aari.Bostroem com Metropolitan Óculos de sol (design) – Veronika Wildgruber com Arthur Desporto – SK-X Optical Inovação tecnológica em armações – Rolf com Deville Prémio “Première Classe” – Fleye Copenhagen com Fox Prémio Especial do Júri – Blackfin com Arc Prémio Especial 50º Aniversário – Enni Marco
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Momentos Silmo Entre 6 e 9 de outubro, Paris voltou a ser a capital da indústria do eyewear mundial. Como não podia deixar de ser, a LookVison Portugal esteve lá para lhe dar a conhecer o que os grandes criativos e marcas andaram a preparar para os próximos tempos. Liberdade criativa, explosão de cor, clássico e vintage, intimista ou arrojado, dicotomias que se cruzaram na buliçosa Meca do eyewear contemporâneo, o Silmo Paris.
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Phillipe Chevallier
o regresso de uma lenda
Foi ousado mas rejeitado. Desapareceu e pagaram a detetives para encontrá-lo. Agora, é tido como um ícone do eyewear contemporâneo. As suas coleções valem milhares de euros e a Brando, pela mão do seu CEO Michael Jardine, resgatou estas peças icónicas para prestar o devido tributo a um homem que ousou fazer o sonho que muitos ousaram não sonhar. Ele, o “rejeitado” mais valioso do momento é Philippe Chevallier. Desencantamo-lo nos corredores do Silmo Paris 2017, local onde, por esses dias, estava a acompanhar a sua coleção “maldita” revisitada pela Brando. Este é o testemunho desse momento e de uma vida devotada à liberdade de de criar. Na primeira pessoa e, em exclusivo, à LookVision Portugal. Texto: Fernando Gonçalves
Nas suas deambulações, Nietzsche perorava sobre o conceito de “homem póstumo”. Este homem, por ele enunciado, seria vanguardista, teria a seu lado a bravura de espírito que lhe permitiria ver mais além, seria a razão antes dela se consumar. Marca comum a todos os “homens póstumos” está a sua ausência no momento em que são valorizados. Todos até que surge “a lenda” Philippe Chevallier. Com tudo para ser “póstumo”, a sorte ou a fortuna, o destino se assim o quiserem, conjugaram-se para lhe conceder o belo estatuto de lenda viva, bem viva. Se existem vidas que merecem um filme, a de Philippe Chevallier é, certamente, uma delas. Começou como um simples joalheiro em Paris até que, no final da década de 60, decide devotar a sua criatividade ao eyewear e a fundar a sua própria marca. Uma decisão que iria mudar a sua vida para sempre. Um caminho duro e so-
litário que as palavras de Chevallier atestam bem: “trabalhar o acetato é muito difícil, nos anos 60 tive que criar as minhas próprias máquinas porque não existiam máquinas capazes de fazer o que pretendia. Tudo foi esculpido à mão”. O tom avant-garde das suas propostas fez dele o “menino bonito” dos fotógrafos (Guy Bourdain, entre outros) e designers da sua época. Em relação aos fotógrafos, Chevallier contou-nos como os convencia: “Nos anos 60, para promover o meu trabalho, colocava os meus óculos à disposição das grandes publicações, Marie Claire, Vogue. Deste modo, quando os fotógrafos chegassem à redação podiam pegar neles e fotografá-los. Eu não ia ter com eles, eles é que acabavam por ir ter comigo”. Fotógrafos que o adoravam, designers que o veneravam e, em contraponto, óticas e críticos que o rebaixavam à categoria de lixo. “Era tão avant-garde que a
“no palco” para durar. O vintage voltou a estar na moda, de acordo com Philippe Chevallier, algo que é “cíclico e lógico”. “A cada 25, 30 anos, as coisas voltam a estar na moda. A minha mulher está reformada, mas trabalhou para a Delacroix. Agora, uma coleção sua com cerca de 30 anos chegou às galerias Laffayette. Da mesma forma, o espírito, os materiais e a diferentes formas acabam por ser adaptados anos adiante e eu fico muito feliz que assim seja”. E quem sabe, caso não seja proscrito novamente, para o ano poderá haver mais Chevallier. ”Se fosse eu a redesenhá-las (peças da nova coleção), teria sido tão desafiante que ninguém a iria comprar. Esta coleção vai ser tão bem sucedida que, talvez, no próximo ano, eu possa ter um papel mais ativo no processo criativo. Sou paciente”.
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indústria da altura não conseguia lutar comigo. No entanto, as óticas deitaram tudo ao lixo”, confidencia-nos. Lixo não considerado como tal pela Lanvin, Pierre Cardin ou IVS (Ives Saint-Laurent), marcas que viram nele um produto gourmet. Apesar deste reconhecimento, o tom transgressor das suas criações batia de frente com o mercado de eyewear da altura. “Nos anos 60, o mercado de óculos funcionava com base numa ideia de gosto muito tradicional e aborrecida”, explica-nos um Chevallier para quem a revolução passava por destronar o passado, tornando a tarefa de um homem no objetivo de toda uma indústria. “Tratou-se de arriscar, de criar algo desafiante, diferente e criativo (como os grandes formatos), tratava-se de tornar o eyewear moda”. Este toque de rebeldia custar-lhe-ia as poupanças, deixando-o na falência. Apesar de tudo, não deixa de ironizar com o facto de, agora, a imprensa que o tinha acossado descreva a sua coleção como “icónica”. Meteu a criatividade na mala e os pés na estrada e seguiu novos rumos. Trabalhou até meados da década de 90 para grandes armazéns como a Bloomingdale’s criando armações para desfiles. Um dia, arrumou as suas coisas e partiu em direção ao sul de França e uma outra história, mais rocambolesca, começava: a do seu desaparecimento. Se uma reforma passada na Provence pode não parecer digno de notícia, a verdade é que, com o renascer do interesse
do público nos artigos vintage, o nome daquele obscuro e revolucionário designer do final da década 60 veio de novo à baila mas…ninguém o encontrava. Bom, nem toda a gente, um coleccionador conseguiu… “Nos anos 90 deixei de fazer trabalhos de moda e decidi retirar-me para o sul de França. Fui esquecido e fiz a minha vida. Certo dia, um colecionador veio ter comigo e disse-me que tinha comprado os meus óculos e que eles valiam muito dinheiro. Não sabia! Não sabia!”, afirma um perplexo Philippe Chevallier. Fácil para uns, difícil para outros, muito difícil para outros. Michael Jardine, CEO da Brando, tinha descoberto o vanguardismo da coleção e gostava de a trazer para a marca a que preside. Para isso, porém, tinha que encontrar Chevallier. Doze anos e três detetives privados no encalço de Chevallier depois, Jardine deu com o criador através de um amigo deste último e o que se seguiu foi mel. “Elogiou os óculos da minha coleção mais antiga (1968-1975) e queria adaptá-la, fazendo uso do metal, ao eyewear contemporâneo. O objetivo era fazer negócio e transportar para a sua marca a alma da antiga coleção, mantendo o espírito da época em que foram criados”, explica Chevallier. A partir desse momento, o antigo proscrito tornou-se consultor da Brando com o intuito de ajudar a equipa de design da marca a tornar a sua icónica coleção mais “amiga do mercado”, mas sem prejuízo da liberdade que sempre lhe esteve subjacente. “A coleção consegue manter o equilíbrio entre o criativo e o ”utilizável”. Existe muita loucura mas, por outro lado, também existe uma generosa dose de razoabilidade e usabilidade. É algo muito diferente do que fiz anteriormente, antes só existia a criatividade e nenhuma preocupação com a usabilidade dos modelos. Agora existe um bom equilíbrio”. Livre como sempre, o nome Chevallier volta às luzes da ribalta pela mão da Brando Eyewear e quem sabe…talvez esteja
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Salt
nova colecção dança entre a luz e a sombra Uma dicotomia que serviu de mote à apresentação da nova colação outono/ inverno da Salt em Paris. Oito novas linhas e a ambição de fazer da transição do estival verão para o outono um lugar mais intimista, foram o ponto de partida para a criação dos novos modelos da marca californiana. Marcada, indelevelmente, pela manipulação da luz pela mãe natureza neste período do ano, a Salt desembrulhou no Parc des Expositions de Paris Nord Villepinte uma coleção, orgânica. O mais recente
conjunto corre entre a hibridez das cores, estilos e materiais outonais e a alegria da fusão e envolvência dos conceitos estivais com os padrões dos acetatos (entre a luz e a sombra) a servirem de pedra de toque a toda esta transição. Fran, Marty, St. Hubbins, Fufkin, Bobbi, Tufnel, Hesseman e DiBergi são os nomes dos oito magníficos modelos que assimilam uma estética que redefine os limites do minimalismo, entregando aos amantes de óculos um produto sensível, confortável e diferenciado.
no centro da revolução O Silmo Paris 2017 foi o local escolhido pela dinamarquesa Ørgreen para apresentar ao mundo do eyewear o fruto do seu trabalho colaborativo com a japonesa Hoya. Desta combinação resultou a reinvenção e alargamento da futurista plataforma de impressão 3D Yuniku a novas opções de design. Texto: Fernando Gonçalves
A fasquia está altíssima. A dinamarquesa Ørgreen juntou-se à japonesa Hoya para recriar a famosa linha Yuniku, óculos 3D feitos à medida de cada rosto. Aproveitando a montra de excelência do Silmo Paris, as duas marcas apresentaram o resultado da junção entre o capital de experiência no design de armações esteticamente arrojadas da escandinava à inovadora e futurista plataforma de impressão 3D Yuniku da nipónica em cujo desenvolvimento também participou o fornecedor líder de software de impressão e serviços 3D. Se até há bem pouco tempo, a Yuniku es-
tava limitada na personalização das suas lentes e armações standard, com a entrada da Ørgreen no processo criativo, o campo de opções estetiza-se e alarga-se a “novas formas, cores, combinações, materiais, acabamentos e nuances”, como explica o fundador da empresa dinamarquesa Henrik Ørgreen. O entusiasmo com esta nova aventura 3D é de tal ordem que este responsável acredita que a impressão 3D será “a nova norma” e que a Ørgreen está onde devia estar, ou seja, no início de “um novo movimento que revolucionará completamente a indústria”.
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Ørgreen
Mykita
a sustentável leveza do minimalismo
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A passagem da berlinense Mykita por Paris 2017 não cabe numa definição singular tal a torrente plural de novidades apresentadas entre as quais se destacam os novos casuais e discretos Meri, os Luava de inspiração retro, os flutuantes Bella, os “lunares” Bloc ou o abstraccionismo geométrico dos novos Nita, estes últimos fruto da colaboração, entre a marca alemã e o designer croata Damir Doma. Referimos cinco novos modelos, mas a tarefa de os destacar revela-se ingrata dada a extensão e versatilidade da nova colecção Mykita. Com a combinação de
materiais no ADN, a sua concepção base assenta no binómio acetato-aço inoxidável. Os novos modelos da marca germânica trazem, acima de tudo, um grande arrojo a nível estético sem, contudo, perderem a elegância. Exemplo do que acabamos de referir é o novo Meri. Discreto mas cheio de personalidade, o modelo Meri está algures entre o estilo panto e o estilo aviador, apresentando uma sofisticada dupla ponte a encimar um conjunto onde a lente menta-água e as armações shiny-cooper assinam o toque de irreverência com que se finaliza esta pequena obra de arte da leveza. Leves, mas com um cheiro a Côte d’Azur 1965, assim chegam ao mercado os frescos e ultra-femininos Luava. Omnipotente em relação a qualquer tipo de face, este novo modelo tem nas laterias propositadamente alongadas e no regresso do vermelho sólido as suas máximas expressões de força. Forças que, de modo antagónico, se colam ao modelo Bella. Neste caso, a sintética leveza do conjunto, em que salta à vista o elegante conceito bicolor (superfícies metálicas combinadas com lacados mate), representa o salto
Fleye
“cozinhou” uma nova coleção Um “cozinhado” de nome Smørrebrød, nome de uma delicatessen de origem dinamarquesa em se cobre um pão escuro (rugbrød) com recheios de diverso tipo, e que pela mão da Fleye adquire, também significado no mundo das armações. Tal como o pão da metáfora gastronómica, as novas armações Smørrebrød são o fruto da combinação e recombinação de diferentes cores, texturas (acetato sólido alternado com acetato transparente) e estilos que resultam em pequenas peças de arte moderna, sofisticadas e de forte impacto visual. Se a nova criação não fosse prova suficiente de que gastronomia e design
podem casar na perfeição, a Fleye convidou o chef Rasmus Kjær a criar pequenas peças de smørrebrød a partir das cores do Outono. Todo o processo foi documentado pelo fotógrafo dinamarquês Columbus Leth, cujo resultado foi, no mínimo, original. Se a Fleye levou o “prato principal” à feira parisiense foi, por sua vez, o Silmo a servir a “sobremesa” à marca dinamarquesa com a atribuição do Silmo d’Or 2017 Premier Classe-prémio especial do júri pelo elegante e sofisticado modelo de armações Fox. Este prémio dará, à Fleye, a oportunidade de dispor de um stand, totalmente gratuito, na próxima Paris Fashion Week.
para a contemporaneidade de um Bella clássico e feminino. Feminilidade que não entra no “másculo” Bloc, um volumoso e sólido modelo que, apesar destas características, possui a “flexibilidade” dos mais leves dos modelos. Gótico na aparência, vibrante na essência, os novos e geométricos Bloc são a manifestação acabada de um look moderno e misterioso. Nascido de um solitário desenho numa também solitária folha de papel, o novo e arrojado Nita é fruto da colaboração entre a Mykita e o designer Damir Doma e representa um salto em frente no que toca a pensar o eyewear. Obra de arte por excelência, os sonhadores Nita são o exemplo acabado de como as belas-artes e o eyewear podem caminhar de mãos dadas.
Ana Hickman
voou sobre o Outono nas “asas de uma borboleta” A Ana Hickman by Go Eyewear integrou a elegância e vanguardismo reconhecidos do Silmo Paris na perfeição. Aproveitando aquela montra de excelência, a marca brasileira entusiasmou os visitantes com a apresentação da sua nova colecção outono/inverno 2017 em que o novo formato de armações “asas de borboleta” e haste Duo-Fashion foram os pratos fortes a par da presença da modelo e fundadora da marca, Ana Hickman.
Introduzido na mais recente colecção de óculos de sol, o formato “asas de borboleta” ganha, um prolongamento para a estação fria a que se junta um conceito de lentes em degradê vertical. No campo das hastes Duo-Fashion o caminho da inovação segue em frente com o sucesso estabelecido deste conceito que permite girar as hastes para combinar diferentes efeitos, padrões e texturas. Para a nova temporada, Ana Hickman preparou uma nova decoração em diamante, um reforço da utilização das formas geométricas, a que adicionou uma haste inteiramente desenhada sob o signo daquela pedra preciosa. Não menos importante que as novidades atrás descritas encontra-se o novo tipo de decoração nas peças de metal sol. Nestas últimas, a armação foi trabalhada e recortada a partir do interior de modo a criar um efeito de “padrão impresso” sobre a lente que resulta em peças pejadas de elegância e feminilidade. Estas inovações, a que se somam as hastes em sobrancelha de estilo retro, as armações de sol em ponte dupla e as armações cat eye, estão disponíveis em Portugal através da Go Eyewear.
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Texto: Fernando Gonçalves
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Andy Wolf O “calor” de uma nova coleção movida a alma White Heat é o nome do design minimalista impresso na nova coleção da Andy Wolf, cujo acetato incorporado na ponte é a principal referência, que aterrou sereno, mas decidido, no Silmo Paris 2017. Este conceito encontra significado absoluto na andrógena Soul, uma nova gama de modelos inspirados pela diversidade e pelo belo desabrochar das flores. Que, no caso desta coleção de outono, emprestam os seus tons mais outonais ao eyewear da marca onde se incluem os óculos em metal e os óculos em acetato Soul numa vasta cornucópia de tamanhos. Para além deste lançamento, a Andy Wolf levantou o véu sobre a coleção especial de Natal, coleção, onde a palete de padrões florais e modelos em estreia ultrapassará as quatro dezenas.
Serge Kirchhofer Dá à luz uma nova coleção “Into the Ligt” é o nome da nova coleção de eyewear da marca onde pontuou o designer “enfant terrible” Udo Proksch. Já sem este controverso artista nos seus quadros “físicos”, a Serge Kirchhofer apresentou-se em Paris com novas armações para óculos graduados/sol na bagagem, uma coleção em que a memória de Udo se perpetua. Dramáticas e atraentes, as novas armações XXL desafiam as convenções de estrutura, proporção e género. Nesta área destacam-se o modelo SK409, moldura de óculos de sol em acetato de Havana polido, e um ultra-sized em cristal de acetato SK410. De referir, ainda, a reinvenção dos modelos SK206, SK209 e SK210, abrilhantados pela adição de ouro de 14 quilates à sua barra superior. Os novos modelos estarão disponíveis a partir do dia 1 de novembro.
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Dzmitry Samal Continua a criar fora da caixa Quatro novos modelos, em que se inclui uma vanguardista moldura com impressões 3D nas suas orlas, oito novas e coloridas versões da pièce de résistance Leonard 2 (óculos de sol em acetato puro), um laço pixelizado em 3D a lembrar os anos 80 e um candeeiro inteiramente em acetato ajudaram a cimentar a reputação desta marca, fundada em 2012, enquanto mestre na manipulação das referências à Arte.
Frost Entra numa nova dimensão A Silmo fez 50 anos e a Frost eyewear não quis faltar à festa. Para uma grande festa, a marca alemã apresentou uma nova linha que promete fazer com que os seus consumidores entrem numa “nova dimensão”. Deixando para trás as geometrias mais usuais, a marca da designer Marion Frost aposta em molduras mais arrojadas, mantendo como identidade o jogo entre acetato e metal, nas quais merecem palavra de destaque os vanguardistas modelos Molecule e Bouquet.
Mad in Italy Em vermelho vivo Com Itália no coração e no nome, a Mad in Italy apanhou o expresso da inovação até Paris onde aproveitou o Silmo 2017 para apresentar as novas coleções relativas às suas linhas Up e Fun. Na pole position está o modelo Orlando. Apresentado pela Mad in Italy como “a revolução da linha Up”, Orlando é um combinado de leveza, design e transparência que fica gravado na memória com a sua inesquecível parte superior da moldura em vermelho vivo. “Um jardim cheio de vida e alegria”, assim é descrito o elegante e super-feminino modelo Begonia. As suas cores vivas, entre o rosa e o vermelho, fazem brilhar a sua faceta romântica, ao passo que o design cuidado lhe dá uma incontornável sensação de conforto.
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Oko A musa é “Ela” Oko e Silmo 2017, na mesma frase, são sinónimos de MyMuse, a nova coleção ultra-feminina que a marca francesa apresentou no Parc des Expositions Paris Nord Villepinte. A partir da ideia de “corpo feminino”, a Oko criou novas armações onde emoldura a silhueta da mulher. As hastes e os aros, definidos como as pernas, cobrem-se da sensualidade com “meias de rede” feitas em nylon. Toda esta estrutura leve e sedutora, alcançada através de corte químico, foi construída a partir do aço e tem no modelo feminino Jane a sua máxima expressão.
Blackfin d’ouro Depois da nomeação de 2016, a italiana Blackfin acabou a feira de Paris a degustar um Silmo d’Or. A marca de eyewear em titânio foi galardoada com o prémio especial do júri pelo seu arrojado modelo de armações ARC BF822. Assente em linhas curvilíneas e fluidas, o modelo ARC BF822 apresenta-se como um verdadeiro statement da arte contemporânea no que ao eyewear diz respeito.
ic!berlin Back to basics em Paris O princípio é simples, cria-se uma nova coleção de eyewear, onde os parafusos são dispensados e os floreados não fazem parte do cardápio, que submete as suas molduras às formas geométricas básicas caraterísticas da corrente artística que lhe sugere o nome: Suprematism. Simples, básicos e harmónicos, os novos Suprematism abriram o outono em Paris, aliando design e fisionomia.
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Jean François Rey Em terra de eyewear quem tem um Jean-François é Rey A jogar em casa, o designer Jean François-Rey aproveitou o Silmo para voltar à carga com a sua emblemática série Volte Face revista e aumentada com a adição da nova coleção voltada para o outono. Entre os modelos de armaduras apresentados encontravam-se, entre outros, o harmonioso Gipsy 9913 e o delicado Joy. Se, no primeiro caso, a harmonia se constrói com a colagem controlada de três tipos de acetato a que se junta uma palete de cores sóbrias e sofisticadas encimadas por um leve toque de glitter, no caso do Joy, a delicadeza deste modelo feminino provém do jogo de cor tons verde-esmeralda, em cada lado do topo da armadura, e que confere a todo o conjunto o brilho que ajuda a iluminar todo o look.
Veronika Wildgruber A arte da simplicidade vale ouro A arte da simplicidade, não raras vezes a mais difícil de alcançar, trouxe a Veronika Wildgruber a graça da nomeação para um Silmo d’Or na última edição da feira parisiense. Da ideia de um idioma futurista nascido da arquitetura, da arte e da vida quotidiana, a artesã criou as suas duas novas joias da coroa: a linha Suspense e a linha Inner Circle. Símbolo de uma mulher forte e independente, estas duas novas coleções experimentam, de modo desafiante, elementos individuais que consagram uma nova estética multicamada, da qual salta à vista a tridimensionalidade resultante das leves transições de cor. Se na linha Suspense, que se divide nos modelos Arthur, Ford e Dent, encontramos uma dança arriscada entre o retângulo da barra superior e os dois círculos da moldura das lentes, na linha Inner Circle, dividida pelos modelos Padme, Marlin, Dory e Lando, o jogo futurista passa para o campo do metal e da sua relação simbiótica com o acetato num delicado contraste entre volume, superfície e transparências.
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Xavier Garcia Outono nasce sobre o signo da colagem A nova coleção de armações de metal da catalã Xavier Garcia teve por base inspiracional a arte de colagem que, com as suas variantes, sobreposições e mixagem, deram ao mundo seis novos e leves originais modelos: Daniela, Debora, Dakota, Linus, Lorca e Losada. Produto de um delicado jogo de contrastes entre o metal e o acetato, cada uma destas peças assume trechos de personalidade que vão, a título de exemplo, desde uma “sedutora” Daniela até um introspetivo e cerebral Lorca.
Safilo Futuro sem esquecer o passado O Grupo Safilo apresentou-se em Paris com o seu vasto portefólio onde pontuaram as coleções das suas marcas nucleares Carrera, Polaroid, Oxydo, Safilo e Smith. As inovadoras linhas de luxo Moschino, rag&bone e Contemporary Love Moschino, com estreia marcada para janeiro do próximo ano, também estiveram em destaque. O stand do grupo assumiu-se, ainda, como a montra de excelência para a apresentação da nova gama de óculos graduados on-trend. O espaço Safilo, em Paris, foi transformado num verdadeiro atelier onde artesãos italianos estiveram a trabalhar ao vivo segundo a tradição “a mano libera”, uma tradição que remonta a 1878 e que será celebrada convenientemente em 2018, altura em que a Safilo abrirá um atelier “a mano libera” em Cadore, Dolomitas italianos, coração do grupo.
Lucas de Stäel Na senda do orgânico A premiada Lucas de Stäel aproveitou a estadia na cidade das luzes para oferecer aos milhares de visitantes que passaram pelo Parc des Expositions Paris Nord Villepinte entre os dias 6 e 9 de Outubro, um vislumbre, em alta definição, das suas novas e telúricas criações. À cabeça, surgiu a Nemus Marqueterie, gama de armações que presta tributo à arte da marchetaria com a combinação de dois tipos de madeira, ácer e nogueira, na sua conceção base a que se soma o orgânico couro de vaca no término da haste. Ligação entre madeiras e couro que se estende à gama Minotaure Hioneycomb. Neste caso, o couro tom de wishkey é “escovado” de modo a produzir, nos seus hexágonos característicos, uma perspetiva chocolate que nos remete para dias mais frios em frente à lareira com uma chávena de chocolate quente ao lado.