EDIÇÃO PORTUGAL • Nº 63 • Janeiro 2018
Maria Castro
A vontade de ir mais longe Opticalia
Celebra cinco anos mágicos em Portugal
Maui Jim
Uma nova visão inspirada no Havai
MIDO 2018
Distribuição exclusiva a profissionais • Preço de Capa: €7,50
Um mês para o deslumbramento
12
22
30
Hoya
Maria castro
Institutoptico
33
39
40
Thema Optical
MIDO 2018
A arte de ver para além do visível
BREVES
ENTREVISTA DE CAPA
Nova lente progressiva LifeStyle3
OUTROS OLHARES
Índice | 4 |
A Arte de O-six Spatialism
A vontade de ir mais longe
OLHAR O MUNDO Um mês para o deslumbramento
Tema de Capa: Da arte para a ótica, Maria Castro abre o livro da sua vida numa entrevista intimista
Diretora: Editora: Redação: Design e Paginação : Fotografia: E-mail: Tel: Periodicidade: Tiragem: Impressão: Preço de capa em Portugal: LookVision PortugalTM é propriedade da Parábolas e Estrelas – Edições Lda. com sede na Rua Manuel Faro Sarmento, 177, 4º esquerdo, 4470-464 Maia, Portugal. NIF: 510195865 Qualquer crítica ou sugestão deve remeter-se para: lookvision_portugal@hotmail.com
Patrícia Vieites Carla Mendes Carla Mendes, Mariana Teixeira Santos, Fernando Gonçalves Paula Craft Paula Bollinger, Miguel Silva lookvision_portugal@hotmail.com 96 232 78 90 Mensal 2000 exemplares Uniarte Gráfica, S.A 7,50 euros Depósito Legal n.º 419707/16 Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusive comerciais. Os artigos de opinião e os seus conteúdos são da total responsabilidade dos seus autores.
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EDIÇÃO PORTUGAL • Nº 63 • JANEIRO 2018
MARIA CASTRO
A vontade de ir mais longe OPTICALIA
Celebra cinco anos mágicos em Portugal
MAUI JIM
Uma nova visão inspirada no Havai
MIDO 2018
Distribuição exclusiva a profissionais • Preço de Capa: €7,50
Um mês para o deslumbramento
Editorial | 8 |
O que é que 2018 tem? Tem música e ótica na mesma entrevista e não estamos a dar “música”. Tem a saúde visual a tornar-se assunto de destaque em múltiplas óticas e marcas de eyewear. Tem novos produtos como as primeiras lentes oftálmicas produzidas pela Maui Jim ou as artísticas armações O-six Spatialism da Thema Optical e o nascimento de duas marcas pela mão do renomado criador Larry Sands. Estas inovações darão corpo ao mote da MIDO 2018. A feira milanesa, está à porta e nós antecipamos o que se pode esperar. No mundo português, 2018 afigura-se especialmente desafiante para a Lekar, agora com uma linha eyewear a complementar-lhe o nome. Apesar de ultrapassado 2017, ainda demos um salto a ano velho para recuperar as festas e desejos de dois dos mais importantes grupos do setor da ótica a operar em Portugal: Opticalia e Institutoptico. Passamos, ainda, por Caminha e pela inauguração da sétima loja da MultiOpticas no distrito de Viana do Castelo e voltamos ao tema da saúde visual com a IV Reunião Ibérica de Glaucoma realizada em Salamanca e patrocinada pela Sociedade Portuguesa de Oftalmologia. Para terminar um editorial que vai longo, ainda vos dizemos qual será, de acordo com os especialistas, a cor mais trendy de 2018. Este será o ano de oportunidades assim as saibamos ver, ver bem. Bom ano para todos!
Estatuto Editorial / Sinopse A LookVision é uma revista profissional dedicada ao setor da ótica, contando com presença integral online através da plataforma isuu.com. A LookVision tem o objetivo de cobrir os acontecimentos específicos do seu setor e retratar a informação de forma rigorosa, com toda a dedicação e competência. A LookVision traz uma abordagem íntima, atualizada e assertiva sobre o setor da ótica em Portugal, esmiuça perspetivas de outros países sobre a situação do mercado, retrata tendências em óculos, expõe dados científicos essenciais aos técnicos da área com o apoio dos oftalmologistas e optometristas e aborda de forma inédita os empresários que gerem os estabelecimentos nacionais. A LookVision compromete-se a respeitar os princípios deontológicos e a ética profissional aplicada à atividade profissional dos jornalistas, assim como a boa fé dos leitores, através do trabalho dos seus colaboradores e diretor. A LookVision é independente do poder político e de grupos económicos, sociais e religiosos.
Sonata para Ótica nº1
Making Off | 10 |
Texto: Fernando Gonçalves| Fotos: Miguel Silva
Nasceu na Venezuela entre sonhos de consultórios de dentista e pautas de música que desfolhava no projeto Orquestra Geração. Em Portugal, a academia viu-a formar-se em Optometria e lançar-se no mundo da ótica com a Opticalia como patrona. O que poucos viram foi Maria Castro e o seu primeiro e único violino. Desafiamos Maria a tocá-lo no Teatro Constantino Nery em Matosinhos e o resultado foi a Sonata nº 1 para Ótica.
mido.com
Milano Eyewear Show February 24, 25, 26 | 2018
Pantone
E a cor do ano de 2018 é… De acordo com a Pantone, empresa norte-americana conhecida pelo seu sistema de cores largamente utilizado na indústria gráfica, a tonalidade que pinta o ano de 2018 é o ultra-violeta. Em concreto, a cor denomina-se Pantone 18-3838 Ultra Violet e traz consigo os mistérios insondáveis do cosmos, uma intrigante cor que desperta os sentidos para aquilo que comummente denominamos de futuro. Esta cor púrpura que comunica originalidade e ingenuidade saiu da Pantone Color, pertença da Pantone, uma instituição que aconselha as marcas dos mais diversos setores sobre as tendências no domínio da cor.
Prooptica
Breves | 12 |
Jaguar e Davidoff enriquecem o portfólio A empresa portuguesa começa o ano em luxo. A partir desta data, a vasta coleção da marca fica ainda mais enriquecida com a adição das sofisticadas Jaguar e Davidoff. Seja viver intensa e apaixonadamente a vida cosmopolita com os masculinos Davidoff ou fazer nascer sentimentos único através da arrojadas armações Jaguar, o objetivo da Prooptica com estas novas “contratações” é oferecer aos clientes uma maior gama de recursos tendo em vista um serviço de excelência.
Hoya
Lança nova lente progressiva LifeStyle3 Nasce um novo ano e com ele a vontade da Hoya proporcionar aos seus clientes uma experiência de visão ainda mais completa e segura. Este ímpeto acaba de transformar-se em realidade com o lançamento das novas lentes progressivas LifeStyle3, uma nova geração de lentes pensada para se adaptar aos estilos de vida ativos dos presbitas modernos. A marca disponibiliza a LifeStyle3 nos desenhos Indoor, Urban e Outdoor que vêm, ainda, com a patenteada Tecnologia de Harmonização Binocular Premium verificada com o Binocular Eye Model. Estas ferramentas permitem personalizar as lentes às necessidades visuais do cliente numa consulta simples e confortável. Para aqueles que querem levar a personalização mais longe, a Hoya coloca à disposição a variação LifeStyle3i que tem em conta os parâmetros de uso individuais.
Silmo Istambul
Breves | 14 |
Neubau
Elegeu o seu melhor de 2017 Antes de entrar definitivamente e afirmativamente no novo ano, a Neubau Eyewear, marca pertencente ao portefólio Modavisão, elegeu sem preconceitos os seus melhores produtos do ano transato. A escolha não foi fácil mas acabou por recair nos modelos Frida e Edmund nos óculos de sol/ graduados e na dupla vintage Carla e Sigmund nos óculos, puramente, de sol. Feita a selecção e olhando para um 2018 que ainda gatinha, a Neubau faz o compromisso de honra de continuar a lutar por reduzir o desperdício no processo de produção e apoiar projetos em todo o mundo que vão ao encontro do já conhecido conceito SEE & DO GOOD.
Ørgreen
Em ascensão A quinta edição do Silmo Istambul, que teve lugar entre os passados dias 30 de novembro e 3 de dezembro no Istanbul Fair Center Yeşilköy, saldou-se por um rotundo sucesso. Suspensa entre a Europa e a Ásia, que se pretende afirmar como uma plataforma de excelência para os negócios da ótica dos dois continentes, a edição de 2017 cresceu 6,6 por cento no número total de visitantes, sendo de assinalar a acentuada subida de 24,5 por cento no número de profissionais vindos de fora das fronteiras turcas. Esta demonstração de força ficou, de igual modo, plasmada no aumento da área de exposições e nas quase 600 marcas presentes. A próxima Silmo Istambul já tem data marcada e irá acontecer entre os dias 29 de novembro e 2 de dezembro de 2018.
Celebra os mestres da arquitetura em nova coleção Uma celebração que passa pelo lançamento de uma nova coleção de óculos de sol em que os grandes mestres da arquitetura Eero Saarinen e Ludwig Mies van der Rohe são os grandes homenageados. Os designers da dinamarquesa Ørgreen oram aos arquivos da arquitetura modernista buscar as linhas com que “coseram” a sua nova coleção de óculos de sol. Dividida nos redondos e femininos Eero e nos retangulares masculinos Mies, a nova proposta da marca faz das linhas sóbrias, do design minimalista que evoca a pureza e simplicidade da grande arquitetura modernista, e de uma paleta de cores que vai do azul-marinho matizado ao ouro-mel o expoente máximo da estética ao serviço da funcionalidade.
Breves | 16 |
Parente Óptica Médica
“olha pelos outros” A ótica mais antiga de Lamego e uma das fundadoras do grupo Institutoptico deu, no passado mês de dezembro, um contributo social através de um projeto abrangente. “ Olhar pelos Outros denomina a forma como a empresa encara o seu papel social junto das regiões e comunidades onde se encontra e, por isso mesmo, este projeto propõe-se agregar todas as iniciativas de caráter social que a Parente Óptica Médica venha a desenvolver”, explica Francisco Parente, sócio gerente da companhia. Fruto deste projeto, surgiram já a iniciativa “Árvore de Natal Solidária”, destinada a oferecer presentes a utentes de instituições de solidariedade da região, e uma outra que visa entregar 1 por cento da faturação da empresa no mês de dezembro a associações de bombeiros voluntários da zona.
Monoqool
Jean François-Rey
Três novos conceitos, a elegância de sempre Aéro, Destruct e Fine Concept, três novos conceitos saídos da mente criativa do designer francês Jean François-Rey que garante um 2018 onde a técnica encontra o primor estético. Trabalho de nuances, as novas coleções e os seus modelos combinam metal e acetato numa base conceptual que ora fura o minimalismo ou a ele se entrega despudoradamente. O resultado é o mesmo em qualquer um dos onze novos modelos: linhas fluídas, sofisticadas, coloridas e originais que apontam ao coração e faces de mulheres e homens.
Impressão 3D sem limites A dinamarquesa Monoqool está a levar aos limites as potencialidades da impressão 3D aplicada ao eyewear. Este desejo de inovação acaba de ser levado à prática com o lançamento dos mais subtis óculos criados a partir de impressão 3D do mundo: a coleção Slider. Com as suas hastes de apenas quatro gramas e um design elegante arrojado e ultra-fino, os nove novos modelos da série oscilam entre as formas circulares e semi-circulares de ponte simples e dupla ponte a que as variadas e discretas cores dão energia.
Preparado para graduação. MODELO APRESENTADO: SWEPT AWAY
A vista é melhor desde aquí. A nossa leve lente PolarizedPlus2® são tão flexíveis como tu, adaptam-se às diferentes condições de luz, enquanto eliminam o brilho e realçam as cores. Experimenta um par e comprova por ti mesmo. Cor. Claridade. Detalhe.
Breves | 18 |
Shamballa Eyewear e Paradis Rye&Lye
Combinação de metal e acetato abrem as portas do futuro No encontro entre o passado e o futuro, a dupla de criadores Rye&Lye desenhou uma nova coleção em que o metal e o acetato desfilam de mãos dadas pelo passadiço da elegância e sofisticação. À combinação destes dois materiais, a marca soma a inclusão de novos materiais e tecnologias de vanguarda que fazem a ponte entre o retro dos anos ‘60 e a contemporaneidade através de armações geometricamente arrojadas. É o caso do formato pentagonal impresso no modelo feminino Angelina. Além desta imprevista geometria, este original modelo apresenta, ainda, um subtil jogo de cores nas hastes que se vai metamorfoseando com a luz e o ajuste das pontas das hastes. Angelina tem na sua cinemática cat-eye Marylin a segunda proposta desta nova coleção.
Atingem o Nirvana na MIDO 2018 Duas novas coleções, o mesmo fundador, criador e designer, Larry Sands é o homem de quem falamos. Aproveitando o palco da MIDO 2018, que se realiza entre os dias 24 e 26 de fevereiro em Milão, o multifacetado criador norte-americano vai a Itália apresentar as suas duas novas coleções. São elas Shamballa, local de paz e tranquilidade na mitologia hindu, e Paradis. Casamento perfeito entre luxo e espiritualidade, os novos modelos foram criados a pensar em pessoas que, de acordo com Larry Sands, apreciam a originalidade acima de tudo o resto como é o caso do seu fã número um, Karl Lagerfeld.
Vinyl Factory
Os pequenos também sabem rockar Sobejamente conhecida pela sua filosofia “rock and roll”, a francesa Vinyl Factory “encolheu” para criar uma nova coleção que se debruça sobre as rock stars do futuro. “Adeus armações mundanas e enfadonhas”, é o mote que a marca faz nascer com os novos modelos para criança Petit Bain e Club Soda. Desenhado a pensar em miúdas cheias de imaginação, as armações Petit Bain, cuja cor faz recordar os guaches da infância, apresentam um desenho feminino que culmina com a extremidade em forma de guitarra. Bem diferente deste modelo, surge o rockstar Club Soda que regressa às origens da insígnia com uma placa de vinil, exclusiva, em que assenta um padrão vintage, remetendo para o mundo da música.
E você?...Que
DUO é?
Duo ATIVO
Duo DIGITAL
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CooperVision
Breves | 20 |
Doa mais de 160 mil euros à Optometry Giving Sight A multinacional, levou a cabo uma campanha global de angariação de fundos para apoiar a iniciativa da Optometry Giving Sight Desafio do Dia Mundial da Visão 2017, cujo foco é a realização de exames oculares a cerca de 40 mil pessoas, e o resultado foi um recorde. Colaboradores da CooperVisipon e da empresa-mãe The Cooper Companies angariaram 164 mil euros, um valor conseguido, entre outros, através da venda das pulseiras com a marca Fight for Sight da CooperVision, uma corrida amigável de 10 quilómetros na África do Sul ou um jogo de futebol no México. Para além deste contributo, a CooperVision entregou ainda à Optometry Giving Sight cinco por cento do volume de vendas das suas lentes MiSight® 1 Day, valor para o qual os mercados português e espanhol contribuíram de forma muito significativa.
De Rigo
Torna-se no novo distribuidor Converse Eyewear A De Rigo assume a distribuição exclusiva da icónica marca norte-americana Converse para os mercados da Europa, Médio Oriente e África. Com a adição destas três zonas, a De Rigo completa o mapa mundo no âmbito da distribuição da Converse Eyewear, uma vez que, através da sucursal norte-americana Rem Eyewear, a empresa italiana já fazia a distribuição da marca na América, Oceânia e Ásia. Para além da distribuição, a entrada da Converse no portefólio De Rigo já está a surtir efeito nos designers da marca italiana. As famosas texturas e padrões do calçado Converse, a que se juntam novas abordagens à Star Chevron e ao logo Chuck Taylor, já estão a ser incorporadas nas novas propostas de eyewear De Rigo que chegam ao mercado no mês de janeiro.
Entrevista de Capa | 22 |
Maria CASTRO
A vontade de ir mais longe
Nasceu na Venezuela mas, aos 14 anos, mudou-se para Portugal com o intuito de prosseguir os estudos na terra pátria. Nesses verdes anos da adolescência o mundo da ótica estava longe de se tornar uma forma de vida. A ligação à atividade foi-lhe legada por uma amiga que a deixou a pensar que o curso de optometria até nem seria má ideia. Daí em diante o bichinho cresceu. Curso, estágio, uma ótica, duas....e eis... que a vontade de se lançar num projeto mais ambicioso aparece. Texto: Fernando Gonçalves| Fotos: Miguel Silva
Essa ambição leva-a até à Opticalia de António Alves e daí para a Avenida D. Afonso Henriques em Matosinhos onde abriu a sua loja. Eterna insatisfeita, Maria Castro decidiu dar à sua ótica um cunho diferenciador, apostando tudo no desenvolvimento tecnológico. A prova desse desiderato encontramo-lo, por exemplo, no aplicativo para demonstrar o valor acrescentado das lentes ou no pioneiro sistema de graduação em 3D, ferramentas que colhem louvores dos clientes e estimulam a curiosidade de quem não a conhece. Para além da ótica, ficamos a saber que antes de tudo isto, Maria tocou violino, que ainda guarda religiosamente, num dos projetos mais entusiasmantes da música clássica contemporânea, o
Orquestra Geração venezuelano. Eis Maria Castro em discurso direto à LookVision Portugal. Guie-nos pelo nascimento da sua ligação à ótica. Não tinha qualquer ligação a este setor. Tudo começou através do curso de optometria que tirei na Universidade do Minho. Foi daí que surgiu a paixão pelo mundo da ótica. Confesso, porém, que optometria não foi a primeira opção e que apareceu através de uma amiga que tinha integrado o curso no ano anterior. Comecei a pesquisar sobre a atividade, não a conhecia de todo até então… Entrei, então, em optometria e fui descobrindo o gosto pelos óculos, pelo atendimento ao público.
Vinda de um país como a Venezula teve facilidade em adaptar-se a Portugal? Vim para cá com 14 anos. Ainda fiz o secundário cá cá e vinha com frequência a Portugal de férias. O meu pai é português, tinha cá quase todos os meus tios, à exceção de um que se encontrava com ele na Venezuela. A adaptação não foi difícil, tive o apoio da minha prima. Estávamos as duas no mesmo ano, o que tornou tudo muito mais simples. A disciplina de francês deve ter sido a única grande dificuldade que tive na altura. Na Venezuela não é normal termos francês. Ainda lá tenho, muitos tios, familiares, mas nunca mais voltei. Talvez um dia, não digo que não, no entanto a ideia de, por exemplo, expandir o negócio para lá não me cativa, de todo! (risos)
Universidade do Minho, estágio no Jaime Oculista, MultiOpticas… Antes do estágio no Jaime Oculista, e enquanto ainda estava na universidade, passei por uma ótica onde apenas assistia às consultas de vez em quando. Depois sim, fiz o estágio no Jaime Oculista. Rodei por várias lojas dele, principalmente Famalicão, Santo Tirso e Trofa, lojas que ficavam mais perto da minha residência. Posteriormente surgiu-me a proposta de um emprego. Isto aconteceu sem que tivesse concluído o estágio no Jaime Oculista ,como era suposto. Fiz uma espécie de transferência, pedindo um novo orientador de estágio, e acabei por concluir esse estágio na MultiOpticas de Bragança. Quanto tempo esteve por Bragança? Estive cerca de um ano. As saudades começaram a apertar, mas não por ter sido uma má experiência! Aliás, acho que foi a melhor experiência profissional que tive a nível de contacto com a população. Os bragantinos são muito próximos. Estava lá sozinha e achei que me acolheram bastante bem. O mesmo se passou com os colegas de trabalho. Uma delas é hoje, curiosamente, dona de uma loja Opticalia. Fui eu que lhe incuti o gosto por se lançar sozinha. Entretanto, devido às saudades e à distância, desisti desse emprego e fui trabalhar para um grupo no Porto. É um grupo muito pequenino e não muito
Entrevista de Capa | 23 |
Se a ótica não foi aspiração desde jovem, qual era o sonho para a sua vida? Tudo o que estivesse relacionado com saúde ficava-me na retina. Dentro desta área o que mais gostava era da medicina dentária. Aliás, sempre acreditei que ia fazer este curso e ter o meu próprio consultório. Mais tarde acabei por me candidatar a cursos na área da saúde, mas nenhum foi medicina dentária. Desta forma, tracei o meu percurso em direção à optometria.
conhecido. Estive lá dois anos. Findo esse tempo, a experiência profissional já não me satisfazia o que me levou a ponderar abrir uma loja própria. Esse foi o impulso. Como é que surgiu a oportunidade de abrir a Opticalia de Matosinhos? Teve, inicialmente, a ver com uma relação de amizade com uma colega que já fazia parte do grupo. Foi ela que me falou da Opticalia. Disse-me que estava muito satisfeita e foi a partir daí que tive vontade de entrar em contacto com as pessoas responsáveis da Opticalia e tentar perceber o que era necessário para abrir uma loja. Fui recebida de braços abertos pelo António Alves. Deu-me todas as informações necessárias e, a partir daí, começámos a trabalhar no projeto. Matosinhos não era a minha primeira opção, confesso. Quando me foi apresentada a oportunidade de vir para aqui fiquei um pouco hesitante, porque é uma cidade que tem duas grandes superfícies comerciais e óticas muito antigas e de referência. Tudo isso deu-me um pouco de medo, mas como
Desde o início que apostamos neste tipo de ferramentas, como é o caso do aplicativo para demonstrar o valor acrescentado das lentes, algo que utilizamos desde a abertura da loja. O centrador pupilar, que tira as medidas de forma personalizada, é outra das ferramentas que utilizamos desde sempre. Mais recentemente, instalamos um software de gestão de ótica que é realmente fenomenal. É algo muito diferente do que existia no mercado português. De onde é que surgem estas ideias? De mim e do meu marido! Apesar dele agora não estar cá, só vem de vez em quando dar apoio informático, as ideias e a vontade de querer inovar surgem de um esforço a dois.
Entrevista de Capa | 24 |
Como é que se desenvolve todo o processo de levar as ideias à prática? Por exemplo, no caso do aplicativo para demonstrar o valor acrescentado das lentes já conhecíamos um fornecedor de lentes que trabalhava com essa ferramenta. Não a adquirimos nesse imediato mas, mais tarde, acabamos mesmo por comprá-la a expensas próprias e instalá-la aqui na loja.
acredito nas minhas capacidades e gosto de desafios decidi arriscar. O feedback que temos dos nossos clientes, que são a nossa mais-valia, tem sido muito positivo. Saber que não herdei a loja já montada, saber que construi tudo com o meu trabalho e saber que, hoje em dia, a Opticalia é uma referência aqui na cidade faz com que fique ainda mais orgulhosa do trabalho que desenvolvi. Estas grandes superfícies são uma ameaça real? Acredito que as pessoas compram cada vez mais no dito comércio tradicional, enquanto o shopping se enquadra mais numa compra de passagem, digamos assim. Acho que não fidelizam os clientes como nós o fazemos. Dedicamo-nos mais, estamos mais atentos, somos mais simpáticos. Têm um sistema de dados óticos portátil, um aplicativo que demonstra o valor acrescentado das lentes e um sistema de gestão ótica. É isso que nos faz ser referência, é o que nos diferencia aqui na cidade de Matosinhos. Somos uma ótica mais tecnológica.
Se toda esta tecnologia não fosse suficiente, a Opticalia Matosinhos é também a primeira ótica em Portugal a graduar em 3D. Como é que isto surge? Através da empresa Temática, que nos forneceu o software de ótica. É o nosso mais recente investimento e veio revolucionar um pouco o nosso consultório e até o universo da ótica em Portugal, porque acredito que, a partir de agora, muito mais óticas irão querer este sistema. Ainda hoje fiz uma consulta a um senhor já com alguma idade, 79 anos, e fiquei um pouco de pé atrás em relação a submetê-lo ao novo sistema. Podia assustá-lo tanta tecnologia. A resposta foi completamente contrária ao meu receio e o feedback que obtive do paciente foi bastante positivo! No final, para além de achar que tinha sido uma consulta muito completa, afirmou ter gostado muito da experiência com o sistema 3D. Existe sempre a opção de não utilizar o sistema 3D. Algumas pessoas não têm a estereopsia, isto é, a capacidade de ver em três dimensões e aí tenho que utilizar outro processo para realizar a consulta. Têm existido muita curiosidade à volta deste sistema. Vêm cá pessoas só com o intuito de testar a tecnologia. Como é que se desenrola o processo de graduação em 3D? O método de consulta é exatamente igual ao convencional. A grande diferenciação está no facto de a consulta se realizar a cores, ao contrário do habitual preto e branco. Acaba, também, por ser mais interativo com os pacientes, porque os pequenos testes que vamos fazendo ao longo da consulta ajudam-nos a detectar problemas que demorariam mais tempo pelo sistema tradicional. Basta colocar uma imagem em que eu estou a testar a acuidade visual/percentagem de visão e, simultaneamente, já estou a testar a sensibilidade ao contraste. Mais rápido, mais completo e mais eficaz a nível dos resultados obtidos. É um sistema que suscita maior curiosidade por parte dos pacientes e acaba por surpreendê-los no final da consulta. A parte refrativa é exatamente igual, mas ao longo da consulta podemos detectar mais elementos. Como é que lidam com a questão da concorrência? Têm um vizinho poderoso, já com muitos anos no mercado. Não, até acaba por ser uma concorrência positiva. Ao estarmos inseridos num grupo como a Opticalia, conseguimos vender o mesmo produto da nossa concorrência, com a mesma qualidade, mas a um preço mais acessível. Até é melhor do que estar perto de casas que andam sempre em guerras de preços ou que vendem produtos de marca branca.
E quem é a Maria fora das paredes da sua loja? Os meus tempos livres são muito escassos, confesso. O tempo que consigo ter disponível, aproveito para o dedicar à família, aos meus pais…para já não tenho filhos… Até vir para Portugal dedicava-me à música. Toco violino. Tocava na Venezuela? No âmbito das orquestras Geração? Chegou a conhecer o famoso maestro Gustavo Dudamel, um dos nomes mais conhecidos do projeto Orquestra Geração? Tocava sim, fiz parte da Símon Bolivar. Estive em vários concertos dele. Comecei na música aos seis anos. Aos oito tive o meu primeiro violino, peça que ainda mantenho sempre perto. Intacto! Só tive que comprar mais arcos, porque um deles se partiu. Com seis anos comecei a tocar numa orquestra, mas só como parte do coro infantil. Tocávamos sons muito simples a partir de instrumentos também eles simples, como o triângulo. Quando já estava de partida para Portugal queria começar a tocar oboé, era um instrumento que me cativava. Porque é que desistiu? Porque quando vim para cá não tinha contactos de orquestras, não sabia bem como começar. Vim, inicialmente, sem os meus pais, com o meu irmão e ir para uma escola sozinha praticar música era algo que não me cativava. Na Venezuela tinha aulas individuais, mas todos os dias existiam ensaios com a orquestra, aqui não. Como vê o futuro do setor da ótica? Acha que vai ser uma guerra de preços constante no futuro? Penso que o futuro, se continuar como o presente, não vai ser
tão risonho como se desejaria para as pessoas que não arregaçarem as mangas, não se mexerem e não tentarem inovar. Com a abertura de tantas óticas, pode passar-se algo semelhante ao boom das lojas de compra de ouro. Toda a gente queria abrir uma e agora estão todas a fechar. Acho que, hoje em dia, no setor da ótica está tudo um bocadinho assim, muitas casas low cost, muita guerra de preços. Para nós, como estamos sempre muito atentos às novas tecnologias, como estamos sempre dispostos a inovar, penso que o futuro será bom. Preocupamo-nos em ter sempre um atendimento de excelência, fazemos acompanhamento o que faz com que os nossos clientes queiram voltar. Hoje em dia, o nosso maior meio de publicidade é o boca-a-boca. E na defesa da saúde visual, o que é que a Opticalia Matosinhos faz neste sentido? É fundamental que as pessoas saibam que é importante cuidar da saúde visual. Penso que os rastreios são um dos métodos que ajuda na consciencialização da população. Fazemos vários em farmácias e em outros locais com quem temos protocolos e tentamos sempre transmitir isso. Esse é um dos métodos. Não nos interessa só vender os serviços e produtos, também tentamos colmatar as necessidades visuais dos nossos clientes e informá-los o máximo possível sobre a importância dos cuidados da visão. Uma última questão, neste caso relacionada com os optometristas e a regulação do seu estatuto profissional, bem como a vossa relação com os oftalmologistas. Como vê tudo isto? Gostava que a profissão estivesse regulamentada. Não quero dizer que as pessoas não acreditam no nosso trabalho mas, talvez, sejamos vistos com outros olhos pela população. Apesar de explicarmos, sempre, qual é a diferença entre um optometrista e um oftalmologista e darmos a indicação ao paciente para se deslocar a um oftalmologista se detetarmos algo que não seja da nossa responsabilidade, não sei se os oftalmologistas nos vêm como iguais. Agradecimento: Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery
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•• ”Som os um a ótica mais tecnológica. Desde o início que apostamos neste tipo de fer ramentas, com o é o caso do aplicativo para demonstrar o valor acrescentado das lentes, algo que utilizamos desde a aber tura da loja” ••
Olhar em Português | 26 |
Opticalia celebrA cinco anos mágicos em Portugal O arrojo arquitetónico do Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões em Matosinhos, foi o palco escolhido pela Opticalia para a celebração dos cinco anos do grupo em Portugal. Unidos num grande “obrigado!” coletivo, as equipas Opticalia de Portugal e Espanha capitaneadas por António Alves e Javier Carceller, juntaram, no passado dia 11 de dezembro, dezenas de associados portugueses para um jantar-convívio onde um passado de glórias abriu caminho a um futuro cheio de desafios. A LookVision Portugal esteve lá e conta-lhe tudo. Texto: Fernando Gonçalves
“Cinco anos provam que tudo é possível”, as palavras são de António Alves, diretor geral da Opticalia Portugal e são o eco perfeito de um jantar convívio que juntou, em dezembro, a família Opticalia Portugal no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões. Recebidos com pompa e leve circunstância, os convidados, entre os quais se encontravam a LookVision Portugal, foram recebidos com um cocktail de boas-vindas no piso térreo daquele já emblemático edifício da
cidade de Matosinhos. Após breves momentos de confraternização, a organização conduziu a comitiva ao último piso para o que seria uma viagem por um passado de conquistas, a pulso, e um futuro que foi servido a novidades e prémios. Não faltou o conhecido ilusionista Mário Daniel que juntou magia a uma noite já de si mágica. Afinal de contas, o grupo Opticalia brindou aos cinco anos de existência no nosso país. 220 lojas depois, 26 delas abertas em 2017, a
co Estrelas” atribuiu o galardão que marca a preferência dos consumidores portugueses pelos produtos e serviços no ramo da ótica à Opticalia. Voltemos ao piso térreo. À porta do elevador que nos leva a voos mais altos encontrámos António Alves. Entre botões e a espera pelo ascensor de uma glória trabalhada, atirámo-nos a balanços e o diretor geral da Opticalia Portugal responde: “Fizemos o melhor que se podia fazer. Alcançámos a liderança a que nos propusemos nas óticas associadas. Temos uma quota de mercado de 9 por cento e uma notoriedade de 71 por cento. Foram cinco anos de muito trabalho
Olhar em Português | 27 |
Opticalia Portugal quer mais. Foi esta ambição que ecoou nos primeiros momentos do jantar com as apresentações do diretor geral da Opticalia Portugal, António Alves, e do líder do grupo multinacional, Javier Carceller, coadjuvados pelas equipas de marketing e publicidade. No fim destas apresentações e dos seus balanços e desafios, apareceram na tela preparada para o efeito as novas campanhas publicitárias das marcas exclusivas Opticalia, cuja moda se junta a um olhar distinto e elegante. No cume deste percurso está o reconhecimento pelo segundo ano consecutivo da U-Scoot, promotora dos prémios “Cin-
•• ”Alcançámos a lide ra n ça a que nos pr opusem os nas óticas associada s . Tem os um a quota de m ercado de 9 por ce n t o e uma notoriedade de 7 1 por cento” ••
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e dedicação, em que conseguimos reunir um grupo de óticos maravilhoso que percebeu as mais-valias que a marca Opticalia lhes aportava. Deram à marca todo o seu empenho, dedicação e profissionalismo que nos permitiram levar a Opticalia um passo mais à frente, mais longe e hoje ser uma marca com uma proposta de valor ao mercado totalmente identificada pelo consumidor. Estamos, sem dúvida, todos de parabéns!” Passámos, entretanto, o piso 1, e as 220 lojas começam a ficar para trás. O desafio são agora as 250 lojas, passar a ser o grupo com maior número de pontos de venda, ultrapassar a barreira dos 75 por cento em notoriedade e trabalhar ativamente a área das parcerias convencionadas com as seguradoras, ouvimos-lhe. Já a sentir o vibrar do salão e a ouvir o burburinho alegre dos associados Opticalia presentes, António Alves assenta arrais nas novidades Opticalia para 2018, nomeadamente, sobre as marcas exclusivas Hackett, Pedro del Hierro e Victorio & Lucchino. ADN da marca, como nos explica, estas “são insígnias de estilistas/costureiros com um posicionamento médio/médio alto” cujo objetivo é acrescentar valor às operações “e não degradar”. “Algo que se junta ao sentimento “que dentro do nos-
so portefólio de marcas exclusivas nos faltava complementar um posicionamento mais alto e, desta forma, temos uma oferta muito mais interessante e abrangente para os diversos tipos de públicos. Daí que para o arranque de 2018 tenhamos decidido uma campanha que assenta numa oferta muito atraente para o consumidor destas marcas”, explica-nos. Neste caminho de verticalidade, de ascensão, eis-nos chegados ao patamar superior e a uma das mais arrojadas notícias da noite: a entrada do grupo Opticalia no mercado mexicano. Já rodeados de associados e entre mesas onde no final da noite se acomodariam confettis de uma festa merecida e gorda, o diretor geral falou-nos um pouco mais profundamente em que é que consiste este investimento, deixando a opção Brasil em aberto. “Sentimos que já estamos preparados para ir para um mercado com a dimensão do México”. Bons entendedores da proposta Opticalia, valorização das marcas e da moda a que se junta o fator língua, os países da América Latina apresentam-se como a escolha natural, afirma. Quanto a objetivos “o plano de expansão é ambicioso, contamos abrir 1000 lojas em três anos. Depois da consolidação deste mercado iremos certamente alargar a outros países e o Brasil poderá ser uma opção, está tudo ainda em aberto. Assim, o nosso próximo objetivo assenta nas 2000 lojas em quatro países”, refere. Celebração do êxito e uma chamada à novas conquistas, este foi o mote de uma festa total entre pessoas que se tratam por tu. A noite terminou com o ilusionismo de Mário que capturou não só os óticos como a nossa reportagem. Foi desse palco de magia montado por uma equipa em festa que se deram as despedidas de uma noite que terminou na pista de dança preparada no topo de um edifício literal que acomoda os sonhos de primazia de um grupo de conquistadores.
abriu loja em Caminha Um dos líderes do mercado ótico nacional acaba de reforçar a sua presença no distrito de Viana do Castelo com a abertura da sua sétima loja em Caminha. Texto: Fernando Gonçalves
Com uma área total de 128 m2 e uma área de venda de 62 m2, a sétima loja MultiOpticas no distrito de Viana do Castelo abriu na vila de Caminha. Susana Vieira é a franquiada responsável por um novo espaço que vai contar, de acordo com a informação que nos foi prestada pela marca portuguesa, com o conceito mais inovador em Portugal. Para além do conceito propriamente dito, o novo estabelecimento irá proporcionará à população local cuidados de saúde visual, através de consultas de optometria gratuitas, bem como uma extensa variedade de modelos com armações e óculos de sol, lentes oftálmicas e de contato. A este portfólio, que a Mul-
tiOpticas disponibiliza em toda a sua rede de lojas, junta-se a felicidade e confiança da franquiada Susana Vieira que referiu, durante a abertura do novo espaço que “a paixão pelo projeto MultiOpticas continua após mais de 15 anos de representação da marca”. Uma relação que, como a própria afirma, se deve “à partilha dos mais elevados padrões éticos e uma filosofia centrada no cliente”. Como já demos nota ao longo do texto, este é a sétima loja da MultiOpticas no distrito de Viana do Castelo e insere-se numa lógica de crescimento e preocupação com as populações locais e que levará a empresa a abrir novos estabelecimentos por todo o país.
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MultiOpticas
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Institutoptico
Um jantar de sonhos para 2018 Espírito natalício, comunhão de vontades e muitos sonhos foram o menu do jantar de Natal do Institutoptico, que teve lugar na frondosa Casa de Reguengos, em Torres Vedras, a 16 de dezembro. Com os mais recentes modelos da coleção Cierzo Eyewear e as novas lentes mensais Opticare no sapatinho dos muitos associados presentes, o grupo aproveitou a ocasião para desejar as boas festas a todos quantos contribuem para o dinamismo da empresa. Os líderes desta casa portuguesa fizeram ainda, ao microfone da LookVision Portugal, o balanço de um ano que se apressava para terminar não deixando, no entanto, de lançar a rede aos sonhos para 2018. Texto: Fernando Gonçalves
Foi entre o bacalhau, as doces rabanadas e uma dose de humor servida pelo duo Eduardo Madeira e Manuel Marques na bela Casa de Reguengos, em Torres Vedras, que o grupo Institutoptico desejou a todos os seus associados as festas felizes e um 2018 de arromba. Momento de família, momento de reconhecimento e comunhão que Vera Velosa, responsável de óticos e recursos humanos e gerente do Institutoptico, explicou à nossa revista tratar-se de “uma uma festa de família, uma grande família que não pára de crescer, onde os óticos de primeira linha
começam a passar o testemunho aos seus sucessores, que continuam a acreditar no setor da ótica e no Institutoptico e encaram este mercado com forte potencialidade de desenvolverem projetos bem-sucedidos”. Símbolo de união, o habitual jantar de Natal do Institutoptico deu-se numa altura em que a empresa acabava de anunciar o reforço da coleção Cierzo Eyewear com a adição de novos modelos e o lançamento das novas lentes mensais Opticare. Duas prendas que abrilhantaram a festa e reforçam a visão de consolidação e inovação que Vera Velosa
garantiu ser o mote para o novo ano. “As nossas marcas estão cada vez mais consolidadas no mercado e, sem dúvida, em 2018 estaremos a trabalhar para manter uma posição forte no setor da ótica. O nosso foco estará, como é habitual, no reforço do desenvolvimento de projetos que possam ser diferenciadores e que vão de encontro as necessidades do mercado, mesmo nas situações mais particulares. Continuaremos a procurar
inovação nos vários segmentos do negócio: contatologia, lentes oftálmicas, coleções de óculos aliadas a conceitos que identificam os consumidores.” As promessas de manterem o foco no comércio tradicional e continuarem a alimentar o mercado onde se posicionam com propostas inovadoras imiscuíram-se com a boa disposição de um jantar regado a momentos de humor e com os olhares de esperança num 2018 assente na mesma receita que quase 30 anos de Institutoptico trouxeram ao mercado português. “Somos um grupo forte e credível que se soube diferenciar do mercado, porque se preocupa com os seus óticos em conjunto e cada um em particular, sem desvirtuar os seus projetos locais”, sublinhou Vera Velosa. A finalizar e antes que a comida esfriasse, a responsável não deixou de realçar que o Institutoptico está pronto e mais forte para 2018.
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•• “Som os um grupo forte e cr edível que se soube diferenciar do mercado, porque se pr eocupa com os seus óticos em conjunto e cada um em par ticular, sem desvirtuar os seus pr ojetos locais” ••
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CECOP
novo plano de campanhas saúda 2018 O grupo multinacional de óticas independentes arrumou 2017 e como conquistas destaca o crescimento no âmbito do mercado português. Para brindar o novo ano, a CECOP lança um novo plano de comunicação de campanhas trimestral. Texto: Fernando Gonçalves
As óticas que fazem parte do universo CECOP irão estar ainda mais próximas da casa-mãe. Com a proximidade como ponto de honra e a necessidade a aguçar o engenho, o grupo decidiu preparar as suas campanhas de forma trimestral aumentando, deste modo, a curiosidade e o contacto com os seus associados. Para além destas valências, o plano agora gizado levará a uma maior simplificação de processos e agilidade das operações. Este novo pack trimestral inclui uma pasta onde serão colocadas, todas as campanhas programadas subdivididas entre as promocionais e as de serviços profissionais. Em paralelo, esta nova ferramenta trimestral acomodará todas as campanhas dedicadas a datas especiais e todos os elementos de comunicação a que têm acesso os associados, em diferentes formatos e de acordo com os objetivos pretendidos. As idiossincrasias e necessidades de cada ótica associada foram tidas em conta na hora de desenvolver esta nova forma de comunicação o que, de acordo com a CECOP, dará a cada associado a oportunidade de adaptar as ações de marketing e aumentar a visibilidade das respetivas lojas.
a Arte de O-six Spatialism A italiana Thema Optical decidiu prestar tributo à arte e fê-lo da melhor forma que sabe, ou seja, criando uma nova coleção de eyewear. É desta forma que surge a inovadora O-six Spatalism, uma linha que segue o movimento artístico iniciado pelo pintor e escultor argentino-italiano Lucio Fontana na pós-segunda guerra mundial e que estará em exposição na próxima MIDO 2018. Texto: Fernando Gonçalves
Depois da aquisição da O-six, o tema da arte tem sido um dos pilares da atuação da italiana Thema Optical, também presente em Portugal. A nova linha saída do seu atelier não foge à regra. O-six Spatalism é o nome de baptismo da coleção que presta tributo a Lucio Fontana, pintor escultor argentino-italiano que, no final da Segunda Guerra Mundial, inaugurou o Movimento Espacialista. Nesta tendência, o clássico era atirado para o lado e surgia a noção de espaço e profundidade, a tridimensionalidade numa definição lata. Esta afirmação de pujança é, agora, transmutada para eyewear pela Thema Optical que
deixa para trás a banalidade e monotonia da bidimensionalidade das armações tradicionais para dar origem a armações de inegável vanguarda estética e funcional. Tal como Fontana fez, nos anos ‘40, aos seus quadros, a marca italiana perfurou as armações dos modelos O-six Spatialism para criar geometrias e texturas únicas graças a tecnologia de ponta patenteada pela Thema. Feitos por encomenda, é o cliente que escolhe a cor, forma, calibre e acabamentos, a linha O-six Spatalism, que estará presente na MIDO 2018, chega ao mercado, com oito modelos base de óculos de prescrição e seis de óculos de sol.
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Thema Optical
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Essilor
terminou o ano em grande forma Depois de uma participação no último Silmo Paris em que ficou na retina o estrondoso sucesso das novas Varilux X, lentes progressivas que arrebataram o prémio Silmo d’Or na categoria Visão, a Essilor acabou 2017 entre as 100 empresas mais inovadoras do mundo numa lista elaborada pela conceituada revista Forbes. Texto: Fernando Gonçalves
Os últimos quatro meses de 2017 revelaram-se extremamente profícuos para a multinacional Essilor. Novas necessidades de visão levaram a que a companhia metesse mãos à obra e desse à luz um novo produto especialmente criado a pensar na geração X, nascida entre 1965 e 1980. Esta vontade, plasmada no mote da empresa Melhorar Vidas, Melhorando a Visão, foi levada à prática e acabou por dar origem às novas lentes progressivas Varilux X. O estilo de vida desta geração, cada vez mais dinâmico e em que muitas atividades diferentes são realizadas à distância de um braço, levou a novas necessidades de visão. Estas lentes progressivas, desenhadas para captar perfeitamente cada detalhe na visão de perto e de média distância sem necessidade de mover a cabeça para encontrar o ponto de foco, ampliam a visão ao perto de modo a facilitar as tarefas quotidianas. Em destaque no Silmo Paris 2017, as Varilux X não saíram de lá sem captar a atenção dos profissionais presentes. A nova proposta Essilor acabou com um Silmo d’Or no regaço na categoria de Visão. Para além do prémio e do sucesso que, de então para cá, as suas novas lentes têm experimentado junto dos
consumidores, a Essilor recebeu, mesmo no final do ano uma outra prenda. Os mais 200 milhões de euros gastos anualmente em investigação e inovação resultaram com a companhia a ser cotada entre as 100 empresas mais inovadoras a nível mundial numa lista que a revista Forbes publicou no final do ano.
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Modavisão
recebe Silhouette para ação de formação A Modavisão, empresa portuguesa inserida no grupo Brodheim, recebeu, no início do mês de novembro, uma delegação austríaca proveniente da Silhouette para uma sessão de formação técnica destinada aos seus colaboradores. Texto: Fernando Gonçalves
Certificada pelas suas boas práticas internas e externas com o galardão PME Líder em 2013, a lusa Modavisão está apostada em manter o nível de excelência alcançado. No início do mês de novembro, a empresa que pertence ao grupo Brodheim, empresa dedicada à importação de moda para o nosso país desde 1946, recebeu as especialistas austríacas Karin Bigel e BettinaLagler. No centro da visita esteve uma ação de formação técnica com particular enfoque nas, também austríacas, armações Silhouette, uma das quatro marcas que a Modavisão representa em Portugal. Durante esta iniciativa, os mais de cem
formandos presentes tiveram a oportunidade de aprenderem mais, num ambiente de salutar troca de ideias, sobre os diferentes tipos de charneira e inclinação, bem como familiarizarem-se e praticarem as várias técnicas de montagem e desmontagem das armações Silhouette nas variantes óculos para correcção visual e óculos de sol. Refira-se que, este tipo de ação de formação técnica decorre todos os anos e faz parte da vasta panóplia de serviços premium que a empresa proporciona aos seus parceiros para que estes continuem a servir qualidade em bandeja de ouro aos seus clientes.
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Maui Jim
Uma nova visão inspirada no Havai Ano novo, vida nova para a Maui Jim e seu respetivo portefólio. Às dezenas de propostas em óculos de sol com as famosas lentes polarizadas PolarizedPlus2, a marca havaiana arrancou com a produção da sua primeira coleção de eyewear. Ainda como projeto em calha, a marca de coração havaina anuncia a abertura do seu segundo laboratório state-of-the-art na cidade alemã de Braunschweig. Texto: Fernando Gonçalves
O novo ano promete muita e boa Maui Jim. 28 anos que dão forma a alguns dos mais intensos óculos de sol do mercado, a companhia fundada na ilha havaiana de Maui deiciu dar um salto em frente e arriscar na sua primeira coleção de eyewear oftálmico. Maui Jim Optical Collection é o nome que ostentará e estará disponível a partir de janeiro. A marca de
óculos de sol líder em vendas no mercado norte-americano pegou em todo o seu capital de experiência na criação de lentes polarizadas e derramou-o na produção de uma nova linha composta por seis lentes diferenciadas e 56 estilos de armações em que a tecnologia de ponta anda de mão dada com formas ousadas e designs delicados. Cada uma das peças,
•• “ Sempre fomos, no nosso coração, uma c o mpanhia devotada ao desenvolvimento d e l e ntes técnicas. Agor a, vim os chegada a a l t ura de pegar em toda essa ex periência e fo carm o- nos no próx im o capítulo d a n ossa história: a M aui Jim Optical C o l l e ction” ••
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que vão do acetato ao nylon injetado, é possuidora de um desenho fluído que combina com uma exacerbada atenção ao detalhe, ao conforto e à ergonomia o que acaba por dar, garantindo, a cada uma das 56 peças, um balanço equilibrado entre estrutura e estilo. Quanto às cores, a paleta escolhida vai ao encontro do mar que banha Maui. Cores cristalinas e brilhantes trabalhadas sob inspiração das mais antigas práticas artesanais havaianas. “Sempre fomos, no nosso coração, uma companhia devotada ao desenvolvimento de lentes técnicas. Agora, vimos chegada a altura de pegar em toda essa experiência e focarmo-nos no próximo capítulo da nossa história: a Maui Jim Optical Collection”, explica Craig La Manna, diretor de marketing no departamento oftálmico da marca. Realçando o equilíbrio entre a sofisticação das formas e o estilo das novas armações, LaManna explica este passo em frente da companhia com a crença “na harmonia entre arte e ciência”, balanço “que fez com que desenvolvêssemos estas lentes premium para fazerem par com as nossas belas armações Maui Jim”. Criadas num dos laboratórios totalmente automatizados da marca havaiana sob a observância de um rigoroso processo de fabrico, as novas lentes oferecem níveis de durabilidade sem precedentes, uma redução assinalável do reflexo e resistência anti-riscos CLEARSHELL. Lentes oftálmicas e de sol que terão uma nova casa na Europa em 2018. A Maui Jim vai inaugurar, este ano, o seu segundo laboratório totalmente automatizado na cidade alemã de Braunschweig. A fase de testes estender-se-á pelo primeiro trimestre do ano. Caso os testes sejam positivos, a marca arranca com a produção no segundo quarto de 2018. De acordo com a Maui Jim, o objetivo passa por centralizar todo o fornecimento de lentes oftálmicas da Europa neste novo laboratório.
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Lekar Eyewear
ver em bom português No mercado desde 2012, a portuguesa Lekar começou por se dedicar à produção e comercialização de sprays e microfibras de limpeza de lentes oftálmicas. No ano que agora começa, a empresa vai abraçar uma nova missão: a criação de óculos de sol e armações para óculos graduados. Texto: Fernando Gonçalves
Com mais de 100 clientes a nível nacional e produtos presentes nas prateleiras de lojas em Espanha, Cabo Verde e Angola, a Lekar entendeu chegar a hora de ousar e, aos sprays e microfibras de limpeza para lentes oftálmicas, juntou a vontade de entrar no mercado dos óculos de sol e armações para óculos de prescrição. Ter uma marca forte de óculos com produção nacional que possa competir com as insígnias internacionais associadas à moda foi o ponto de partida para uma coleção de eyewear que, como explica o sócio gerente da Lekar Eyewear Vítor Gomes, quer recriar “uma linha retro revestida num estilo associado às novas tendências da moda atual.” Apesar do responsável afirmar não se tratar do “design mais popu-
lar”, esta linha também não pisa a fronteira da “excentricidade” tendo a Lekar optado por “escolher um design direcionado a um tipo de cliente mais restrito”. Produzidos em Portugal, na experiente Sociel, os óculos mantêm “diversos procedimentos artesanais para garantir a qualidade do artigo final, bem como o controlo de qualidade nas várias etapas da cadeia de produção.” A venda dos novos óculos será feita pelos óticos, “as pessoas mais credenciadas e especializadas na área”, como sublinha Vítor Gomes, a que se somará um intenso trabalho de marketing para “garantir a qualidade do produto e para captar interesse por parte das óticas e, simultaneamente, gerar um aumento da procura por parte do cliente final”, finaliza.
um mês para o deslumbramento Pouco mais de um mês separam-nos da 48ª edição de uma das mais importantes feiras mundiais dedicadas ao setor do eyewear, a MIDO- Milano Eyewear Show. O relógio não pára e os dias que separam milhares de profissionais e marcas da Fieramilano já estão a ser ocupados na preparação das novas coleções que farão as delícias dos muitos visitantes esperados. Neste campo já começaram a surgir as primeiras novidades. Texto: Fernando Gonçalves
À medida que a contagem decrescente para mais uma edição da MIDO se aproxima do fim, organização e expositores preparam os últimos pormenores para cativar os milhares de profissionais esperados entre os dias 24 e 26 de fevereiro. Quarenta e oito edições e muitos visitantes depois, a organização da feira continua apostada em fazer diferente e prova disso é o mote que lhe dá forma este ano: a inovação. Dentro desta forte aposta, o certame dará abrigo à apresentação do estudo OMO-Optical Monitor, focado nos hábitos de consumo do setor do eyewear que será complementado com uma conferência sobre as tendências e conceitos mais atuais na área, liderada por Francesco Morace do Future Concept Lab. Outro
dos destaques será o espaço MIDO Tech, lugar onde os fabricantes de máquinas e ferramentas poderão mostrar os novos produtos. A MIDO Tech funcionará em simbiose com a criativa Lab Academy, ninho onde habitarão os novos e debutantes designers e start-ups. A tudo isto há, ainda, a somar os prémios Bestore e Bestand onde os profissionais e visitantes terão um papel decisivo na atribuição dos vencedores. Entre os potenciais premiados já se perfilam nomes como a Thema Optical e a nova coleção O-six Spatialism, onde a arte é rainha, e as novidades futuristas/ espirituais saídas da mente do designer Larry Sands sob os nomes de Shamaballa Eyewear e Paradis e que se estrearão na MIDO 2018.
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MIDO 2018
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A arte de ver para além do visível O lixo de uns é o tesouro de outros. E isto nunca foi tão verdade como no trabalho de Cyrus Kabiru, o artista queniano que coleciona desperdícios das ruas de Nairobi para criar molduras ousadas para o olhar. Não, não é eyewear, é um statement despudorado. Texto: Mariana Teixeira Santos
A infância de Cyrus Kabiru teve direito a uma vista privilegiada sobre a maior lixeira a céu aberto da capital do Quénia, Nairobi. “Quando acordava de manhã, a primeira coisa que via no horizonte era lixo. Costumava dizer ao meu pai que quando crescesse, queria dar ao lixo uma segunda oportunidade”, conta em entrevista à CNN. E foi exatamente aquilo que ele fez. Este escultor e pintor autodidata de Nairobi dá uma nova vida ao desperdício que encontra, diariamente, nas ruas da sua cidade-
-natal. E assim nasceu a “C-Stunners”, uma fantástica série de óculos feitos à mão que se revelam um conceito de arte de intervenção. Estas peças, feitas a partir de resíduos eletrónicos, como motherboards ou colunas de som, emolduram o rosto de histórias. Kabiru admite que sempre teve uma admiração especial por óculos, mas o seu pai nunca lhe permitiu ter uns verdadeiramente seus, disse-lhe, isso sim, que se queria ter os seus próprios óculos tinha
Junk Art: quando a arte é o seu contexto Esta ideia de que na arte não há matérias nobres está longe de ser recente. Foi nos primeiros anos do século XX, precisamente em 1915, que o movimento vanguardista Dada proclamou que a arte é o seu contexto. E o urinol que Marcel Duchamp apelidou de Fonte marca o início da Junk Art, em 1917, assumindo-se como o trabalho mais célebre do artista e, porventura, a escultura ready-made mais famosa do mundo. Foi em Paris que Duchamp iniciou o movimento ready-made, que se baseia num artigo massificado, escolhido ao acaso, geralmente proveniente do desperdício urbano, isolado da sua funcionalidade e apresentado como objeto de arte. As colagens cubistas – criadas por Pablo Picasso e Georges Braque – marcam também os primórdios deste movimento. Outros nomes importantes deste período e na definição do que, mais tarde, viria a ser apelidado de Junk Art foram Man Ray, Francis Picabia, as esculturas de Vladimir Tatlin, conhecido como o pai do construtivismo russo, assim como os trabalhos de Jean Arp e dos autores da designada Arte Povera, em Itália. Seria apenas em 1950, no rescaldo da II Grande Guerra e de enormes ruturas sociais e políticas, que a arte do lixo, a Junk Art, viria a descolar rumo ao estatuto de movimento artístico. O trabalho experimental de Robert Rauschenberg abriu a porta para o seu reconhecimento e foi, em 1961, que o crítico de arte e curador Lawrence Alloway usou o termo pela primeira vez, descrevendo o conjunto de esculturas, pinturas e demais plataformas que usavam pedaços de metal, peças de máquinas avariadas, objetos encontrados no lixo, papel usado e uma variedade de recursos desperdiçados.
César, artista francês de Marselha, é outro dos nomes de referência deste movimento com as suas esculturas feitas a partir de peças de automóveis. Na década de ’90, Damien Hirst e a sua obra “A Thousand Years”, feira a partir de uma cabeça de vaca em decomposição, vermes e moscas, reposicionou a Junk Art. Transformar aquilo que a sociedade em massa rejeita é um grito de consciência ambiental e humana. Palavras como reciclar e reutilizar encontram-se aqui, nestas mesmas telas, em busca de uma razão de ser. E, tal como na natureza, em que “nada se perde, tudo se transforma”, os objetos são muito mais do que a sua função e vão muito para além dela. Na atualidade, artistas como Vik Muniz são referências da Junk Art e a consciência ambiental tem tornado este movimento cada vez mais visível, fazendo-nos olhar para a dimensão avassaladora do desperdício e para a necessidade de reinventar o usado, abrindo a porta a novas possibilidades criativas. No Japão, Chie Hitotsuyama usa folhas de jornais e papel usado como matéria-prima para as suas incríveis esculturas de animais, muitas delas feitas em tamanho real. Em Portugal, o jovem artista Artur Bordalo aka Bordallo II faz da rua a sua tela e das paredes abandonadas o último reduto do lixo que recolhe por toda a cidade de Lisboa. Na sua obra pública, os animais são o tema de eleição, porque é “uma forma de fazer retratos da natureza, uma composição das vítimas com aquilo que as destrói”, remata em entrevista ao Observador.
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que os fazer. A sua resposta está hoje patente nestes modelos feitos de peças descartadas. As criações absolutamente intrigantes demonstram a paixão que coloca na minúcia deste trabalho de recolha e composição artística. Cada modelo é mais do que um objeto, é um grito de alerta e uma celebração da diversidade cultural. Mais do que um ato de reciclagem, a série “C-Stunners” reclama a vertigem do recomeço, da coragem de exigir uma nova chance para viver. Cyrus Kabiru molda o metal e apropria-se dos elementos para fazer de cada par de óculos um objeto único e assumidamente irrepetível. Além disso, a tradição africana, a herança tribal está presente nas suas composições e no seu modo único de ver o eyewear. O trabalho excecional de Cyrus Kabiru ultrapassa hoje as fronteiras do Quénia, granjeando um crescente reconhecimento no plano internacional. Foi orador convidado em eventos como TED2013, na Califórnia, e na Milan Fashion Week, e as suas criações estão cada vez mais presentes em capitais do mundo inteiro. Quando não está no seu estúdio em Nairobi ou nas ruas em busca de novos materiais, Kabiru visita comunidades rurais por todo o Quénia, encorajando a criatividade e despertando a consciência ecológica para alterar hábitos e proteger a natureza.
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Qual o significado da publicidade e porque é importante em 2018 A palavra publicidade perdeu relevância. É menos e menos usada ou pesquisada no Google. Uma das mais populares entradas sobre este conceito é mesmo como bloqueá-la ou saltá-la. Texto: Lorenzo Foffani | Chief Strategy Officer na empresa italiana de marketing DUDE
Portanto, a publicidade está a morrer? Antes de responder a esta questão, gostava de voltar atrás, ao ano de 1912, quando um homem definiu filosofia como” todas as proposições primitivas que são assumidas como verdadeiras sem prova pelas várias ciências.” Com isto queria dizer que não faz sentido falar sobre seja o que for que não tenha uma definição partilhada e verdadeira. Pessoas diferentes podem ter percepções distintas sobre o significado de filosofia e, portanto, como é possível sequer falar sobre o tema? Este homem era Ludwig Wittgenstein e o seu mote de trabalho lembra-me que devo deixar-me de tretas e procurar uma definição melhor para o problema antes de avançar. Ou seja, talvez a questão seja outra. De que falamos quando nos referimos à publicidade? A etimologia da palavra publicidade é público + dade, provavelmente por influência do francês publicité e significa que é caráter do que é público, do que não é mantido secreto, propriedade do que é conhecido,
conjunto de meios utilizados para tornar conhecido um produto, uma empresa industrial ou comercial. E o propósito da publicidade tem que ser claro, direcionado e mensurável, conduzido pela visão e valores da marca e a clareza das estratégias de marketing. Podemos confirmar se estamos sequer próximos dos objetivos medindo as vendas, liderança, envolvimento, conversação e muitos outros. A publicidade tem, desta forma, na sua definição, um duopólio, dominado claramente pela Google e pelo Facebook. Neste mundo, as agências criativas estão em sofrimento, enquanto as consultoras e empresas digitais florescem, pois possivelmente estas últimas constroem ferramentas mais sofisticadas para atingir o seu alvo e para apurar com maior precisão em que ponto estão. Mas não é suficiente. Quando estamos a passar à frente o anúncio ou publicidade, é porque definitivamente não gostamos da respetiva estratégia. Não nos interessamos, porque embora seja eficiente é também aborrecido.
Publicidade é também a assunção de um certo twist, de uma “curva” inesperada. Na indústria criativa nós não salvamos vidas nem criamos arquiteturas futuristas. No topo dos nossos trabalhos está esse twist. Nós não redirecionamos ideias, nós reenquadramos. Ouvir conversas não é suficiente, pois nós criamos um discurso novo e diferente. Por exemplo, antes de 2012, os Jogos Paralímpicos assentavam na ideia de deficiência. Hoje são sobre super humanos. Em 2017, falou-se muito sobre notícias falsas e, por isso, o New York Times decidiu impôr-se pela verdade. E isto é publicidade: algo a que nos queremos juntar e não passar à frente. Esta premissa encontra-se numa agência criativa todos os dias: pessoas comprometidas, loucas que perseguem esse twist que pode encontrar um caminho com maior significado, mais envolvente e relevante. Claro que também é mensurável, mas, como consequência, não como causa.
•• A n os s a r e s po n s a b il id a d e p as s a p or f a zer a p u bl i c i dade s er us a d a e f i c az m e n t e, c o m di r e ç ão m e ns urá v el , s e m p r e c ont ra p o s t a c o m u m t w i s t i n sp ira d o r. ••
Mais tarde, na sua vida, Wittgenstein declarou que às vezes nos falta uma definição, porém nem é necessária, porque mesmo sem ela conseguimos usar a palavra com sucesso. A nossa responsabilidade passa por fazer a publicidade ser usada eficazmente, com direção mensurável, sempre contraposta com um twist inspirador. Isto é exatamente o que está a acontecer nas “50 empresas em que os criativos matariam para lá trabalhar”, onde dados e direção combinam sempre com objetividade e criatividade. O duopólio desapareceu. Nesta arena, as pequenas companhias coexistem com empresas massivas na mesma demanda.
Pergunto-me se também concordam com esta definição de publicidade. O meu palpite é que talvez não. Tenho a certeza que terá uma melhor, ou, pelo menos, um ângulo diferente. No entanto, recordará provavelmente a cara de Ludwig Wittgenstein a observá-lo quando se aproximar o próximo projeto: ele questiona-se se terá uma definição melhor para o problema e porque é que isso importa. A minha resolução para 2018: correr atrás de melhores soluções, só seguir direcções estáveis e constantemente abraçar twists inesperados. Só depois medir, adaptar e voltar a tentar.
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•• ”Por ex em plo, ante s de 2 0 1 2 , os Jogos Par alím picos assent a v a m na ideia de deficiên ci a . Hoje são sobre supe r humanos” ••
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XIII CAO
Regulação do Estatuto do Optometrista foi tema de destaque A 12 e 13 de novembro, o polo de Gualtar da Universidade do Minho, em Braga, foi palco das XIII Conferências Abertas de Optometria levadas a cabo pela Associação de Profissionais Licenciados de Optometria. Temas como a regulamentação da profissão de optometrista ou a sua integração na rede de cuidados de saúde primários estiveram em destaque. A LookVision Portugal esteve lá e falou com o presidente da direção da APLO e o e presidente da comissão organizadora sobre os assuntos quentes da optometria portuguesa. Texto: Fernando Gonçalves
Cerca de 300 profissionais, de um universo de 1100, estiveram presentes nas Conferências Abertas de Optometria (CAO). A Associação de Profissionais de Licenciados de Optometria (APLO) trouxe até ao auditório A1 do polo de Gualtar nomes como o de Marta Temido, presidente do Conselho Diretivo da Administração Central de Saúde, ou de António Teixeira Rodrigues, presidente da Comissão de Barreiras aos Cuidados de Saúde do Health Parlament Portugal. A estes convidados, a organização liderada por Nuno Castro Lopes juntou a presença de três ordens profissionais ligadas à área da saúde num todo integrado que debateu temas de proeminente importância para a optometria, com a regulamentação da profissão de
optometrista e a integração da optometria no Serviço Nacional de Saúde (SNS) à cabeça. Esta última matéria mereceu uma nota de destaque por parte de Nuno Castro Lopes: “é nosso objetivo que a atividade seja implementada nos cuidados primários de saúde do SNS. Achamos que é uma lacuna muito grande não constar das fileiras do SNS, atendendo também ao facto de que somos, no que aos cuidados da visão diz respeito, a profissão com maior número de profissionais na área da prestação dos cuidados para a saúde da visão”. Uma posição secundada por Raul Alberto de Sousa, presidente da direção da APLO, que entende ser “um processo que necessita de ser discutido, a integração tem que ser resultante
de um conjunto de vontades, de consensos. Aquilo que está a ser analisado é a melhor forma para que esta integração se realize da forma mais suave e eficiente possível sempre com a promoção e defesa da saúde pública como fim.” Consensos e sinergias que podem ser alcançados através destas conferências, afirma o responsável da APLO: “Creio que estas CAO são a demonstração clara de como estamos a trabalhar de forma intensa e com resultados concretos desses consensos”. Pontes visíveis através da presença das ordens profissionais dos farmacêuticos, enfermeiros e nutricionistas e de várias personalidades de diferentes setores ligados à saúde, das quais, “todos nós necessitamos para defender a saúde visual dos nossos utentes”, sublinha Raul Alberto de Sousa. A regulamentação da profissão de optometrista e as condições de acesso à carreira são tema premente e mereceram a atenção do constitucionalista Jorge Miranda. O especialista defendeu, em parecer, o rápido reconhecimento da profissão pelo Ministério da Saúde e, de facto, este assumiu a importância do assunto e o compromisso de a analisá-lo de forma detalhada mas rápida, em comissão parlamentar. Através de uma analogia do Estado como um organismo com muitos braços mas sem pensamento
centralizado, Raúl Alberto de Sousa traça-nos o panorama atual. “Os vários braços do Estado estão a agir, reconhecem a profissão de optometrista de forma explícita e implícita em muitas vertentes diferentes. Na verdade, quase todos os braços à exceção de um que é fundamental no acesso à profissão e na regulamentação da prática profissional”. Um problema que, remata, “pode colocar em causa os direitos dos utentes a cuidados de qualidade”. Estes problemas, nas palavras dos nossos interlocutores, não existem na relação entre optometristas e oftalmologistas, duas áreas que afirmam complementar-se e onde não existem zonas cinzentas no que toca à sobreposição de tarefas e competências. Neste aspeto realçam, ainda, a forma como, muitas vezes, reencaminham os seus utentes para os médicos oftalmologistas. “A APLO exerce um papel crítico e importante ao estabelecer uma uniformização sobre aqueles que são os modelos de comunicação”, algo que foi aprofundado no dia seguinte ao fim das conferências APLO com a associação a lançar um “novo site de prescrição eletrónica que possui uma declaração optométrica para a carta de condução e modelos específicos para exames. Isto para que os canais de comunicação que existem junto de outros profissionais de saúde, e em particular da oftalmologia, seja clara, validada e permita reconhecer, sem dificuldades adicionais, com quem é que os utentes estão a lidar”, conclui Raúl Alberto de Sousa.
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•• “Os vár ios braços do Estado estão a agir, r econhecem a pr ofissão d e optom etr ista de form a ex plícita e im plícita em m uitas ver tentes diferentes. Na verdade, quase todos os br aços, à ex ceção de um que é fundam ental no acesso à pr ofissão e na r egulam entação da prática profissional”. Um pr oblema que, r em ata, “pode colocar em causa os dir eitos dos utentes a cuidados de qualidade” . ••
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Sociedade Portuguesa de Oftalmologia
IV Reunião Ibérica de Glaucoma juntou 60 especialistas em Salamanca A cidade espanhola de Salamanca foi palco da IV Reunião Ibérica de Glaucoma, a 24 e 25 de novembro. O evento juntou especialistas dos dois países no intuito de discutirem o maior flagelo mundial a nível de saúde visual. Patrocinado pelas sociedades de oftalmologia de Portugal e Espanha, o encontro reuniu à mesma mesa mais de 60 especialistas ibéricos que aproveitaram a oportunidade para partilharem os seus conhecimentos e experiências na abordagem de uma das principais causas de cegueira a nível mundial. O programa para esta quarta reunião magna incluiu a realização de quatro mesas redondas, duas conferências, um dilema e uma sessão de investigação Biomédica/Biotecnológica em glaucoma e contou,
na sua sessão de abertura, com a presença dos professores J. Salgado Borges, Maria Dolores Pinazo-Durán, Monteiro Grillo (presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia - SPO), Julián Garcia Sánches e Maria José Vinuesa Silva, esta última pertencente ao comité organizador. Entre os muitos temas em cima da mesa, sobressaiu o debate em torno dos fatores de risco no glaucoma, os avanços no tratamento cirúrgico do glaucoma e o dilema no glaucoma de ângulo estreito Iridotomia ou Faco em Cristalino Transparente. A reunião encerrou com a sessão de investigação Biomédica/Biotecnológica no Glaucoma, que tratou de temas atuais como a importância da genética e nutrição no glaucoma e o anúncio de que a V Reunião Ibérica de Glaucoma acontecerá na cidade de Guimarães em 2019.