LookVision Portugal 73

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EDIÇÃO PORTUGAL • Nº 73 • DEZEMBRO 2018

Francisco Pamplona

Quando a ótica se expressa na juventude OPTICALIA

Seis anos depois, a mesma pujança

TENDÊNCIAS

Estratégias “de amor” no retalho

XIV CAO’s

Distribuição exclusiva a profissionais • Preço de Capa: €7,50

Optometria combativa e em crescendo




18

30

31

CECOP

Novaóptica

Jorge de Melo

40

43

46

Christophe Morcamp

XIV CAO’s

Estratégias de “amor” no retalho

BREVES

OLHAR EM PORTUGUÊS

Novas alianças

Em busca de um futuro brilhante

OLHAR O MUNDO

Optometria

Índice | 4 |

Um amor que se desenha ao ritmo da liberdade

Optometria combativa e em crescendo

Tema de Capa: Francisco Pamplona tem em si uma grande força de vontade e uma visão acutilante sobre os negócios e sobre a ótica

Diretora: Editora: Redação: Design e Paginação : Fotografia: E-mail: Tel: Periodicidade: Tiragem: Impressão: Preço de capa em Portugal: LookVision é publicada em Portugal pela Parábolas e Estrelas – Edições Lda. com sede na Rua Manuel Faro Sarmento, 177, 4º esquerdo, 4470-464 Maia, Portugal, com autorização da Mundipress Comunicación. NIF: 510195865 Qualquer crítica ou sugestão deve remeter-se para: lookvision_portugal@hotmail.com

Patrícia Vieites Carla Mendes Carla Mendes, Mariana Teixeira Santos Paula Craft Paula Bollinger, Miguel Silva, Hugo Macedo lookvision_portugal@hotmail.com 96 232 78 90 Mensal 2000 exemplares Uniarte Gráfica, S.A 7,50 euros Depósito Legal n.º 419707/16 Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusive comerciais. Os artigos de opinião e os seus conteúdos são da total responsabilidade dos seus autores.

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TENDÊNCIAS


ZEISS Vision Care Cuidar está no nosso nome. Na ZEISS temos consciência da nossa responsabilidade social e ambiental, não apenas no interior da empresa, mas também para com o mundo à nossa volta. Esta obrigação está firmemente consagrada, há mais de 100 anos, nos estatutos da Fundação Carl Zeiss que, ano após ano, apoia centenas de projectos de desenvolvimento social e de promoção do progresso sustentado. Mas não nos esquecemos de si, que confia na nossa marca, e é o verdadeiro suporte destas iniciativas. O nosso sincero agradecimento e votos de

Boas Festas e um Feliz Natal

[care] - Verbo intransitivo: ter ou mostrar cuidado ou interesse; importar-se; gostar; tratar.




EDIÇÃO PORTUGAL • Nº 73 • DEZEMBRO 2018

FRANCISCO PAMPLONA

OPTICALIA

Seis anos depois, a mesma pujança

TENDÊNCIAS

Estratégias “de amor” no retalho

XIV CAO’S

Optometria combativa e em crescendo

Distribuição exclusiva a profissionais • Preço de Capa: €7,50

Quando a ótica se expressa na juventude

Editorial | 8 |

Que grande ano! A última edição do ano tem sempre um “sabor” a nostalgia. Ainda na ebulição do trabalho, começa-se já a olhar para trás, em busca das conquistas feitas. Para nós, 2018 foi ano de esperança, de confirmação e, essencialmente de futuro! Em 11 edições registámos ad eternum uma ótica poderosa de língua portuguesa, que não se redime, que se transforma e que cresce. Somos o suporte privilegiado desta história. E em cada nova entrevista e a cada viagem para feiras e eventos temos o abraço quente de quem acredita no nosso desempenho. Vivemos e trabalhamos para este sentimento de afirmação e empatia. Agora já estamos apontados para 2019 e sonhamos com novos empreendimentos, precisamente inspirados nestes empresários da ótica que nos ensinam e incentivam. Renovamos o nosso compromisso com o setor da ótica português de eternizá-lo com rigor e paixão, de levá-lo além fronteiras com toda a dignidade e excelência que contém. Somos e queremos a continuar a ser ótica! E com isto no coração, fechamos as capas de 2018 com um homem especial que nos conquistou pela inquietude, pela juventude, pelo sorriso aberto e por não se deter por nada. Francisco Pamplona é a bandeira de todos os nossos anseios. Ou seja, a personificação de que o trabalho duro e os objetivos bem descritos trazem sonhos concretizados. Temos assim atrevimento em dezembro. Mas não só na capa! A inauguração de mais uma Novaóptica de Filomena Barbosa e Clara Monteiro são mesmo espelho dessa inquietação transversal a todo o mercado da ótico português. Adoramos celebrações e, por isso, também brindámos em dezembro ao sexto aniversário da Opticalia, outro exemplo de diferenciação e intrepidez. E porque adoramos o mundo dos óculos em todas as línguas, conversámos em francês com um maravilhoso Christophe Morcamp, o artista da marca Plein Les Mirettes. Fica aqui uma nova abordagem à criatividade eyewear. Num período em que a optometria está na fase mais combativa de sempre e está também sob ataque de profissionais ligados a outras atividades da saúde visual, estivemos nas Conferências Abertas de Optometria. A iniciativa da Associação de Profissionais Licenciados de Optometria evidenciou a maturidade de uma classe que está mais determinada que nunca em provocar uma mudança. E porque queremos que os nossos óticos prosperem em 2019, passamos um artigo que desenvolve estratégias para um retalho sempre mais próximo ao seu consumidor, com ideias práticas para surpreender e conquistar clientes. Vire a página, entre na última LookVision Portugal de 2018 e inteire-se da verdadeira ótica, com a promessa de uma entrada enérgica em 2019, com todo o sucesso do mundo! Obrigada por estar connosco e vamos juntos para mais um desafio.

Estatuto Editorial / Sinopse A LookVision é uma revista profissional dedicada ao setor da ótica, contando com presença integral online através da plataforma isuu.com. A LookVision tem o objetivo de cobrir os acontecimentos específicos do seu setor e retratar a informação de forma rigorosa, com toda a dedicação e competência. A LookVision traz uma abordagem íntima, atualizada e assertiva sobre o setor da ótica em Portugal, esmiuça perspetivas de outros países sobre a situação do mercado, retrata tendências em óculos, expõe dados científicos essenciais aos técnicos da área com o apoio dos oftalmologistas e optometristas e aborda de forma inédita os empresários que gerem os estabelecimentos nacionais. A LookVision compromete-se a respeitar os princípios deontológicos e a ética profissional aplicada à atividade profissional dos jornalistas, assim como a boa fé dos leitores, através do trabalho dos seus colaboradores e diretor. A LookVision é independente do poder político e de grupos económicos, sociais e religiosos.


mido.com

Milano Eyewear Show February 23, 24, 25 | 2019


Making Off | 10 |

A segurança dos 20 anos Francisco Pamplona fez questão de ser captado no local que o faz sentir poderoso...mas com muita humildade. É ali, no meio de um sem número de óculos que sabe que fez a escolha certa para a sua vida quando decidiu com 24 anos abrir portas da primeira ótica. Optometrista de formação, marinheiro de alma e conquistador nos negócios, eterniza a nossa última capa de 2018 com uma mensagem de esperança: muito trabalho e sonhos juntos resultam em sucesso!


O CONFORTO É DE FAMÍLIA

NOVO

NOVO

A nova família AIR OPTIX® plus HydraGlyde® aporta um conforto excecional, tal como quando veste os seus jeans favoritos. A tecnologia SmartShield™ diminui a acumulação de depósitos durante todo o mês.1,2* A HydraGlyde® Moisture Matrix conserva a lente humectada ao longo de todo o dia.3,4 Agora Disponível para pacientes com astigmatismo e presbiopia.

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*Baseado em estudos clínicos com as lentes de contacto esféricas AIR OPTIX® AQUA. **Pode ser necessário efetuar um exame ocular. Poderão ser aplicados honorários. AIR OPTIX®, AIR OPTIX® plus HydraGlyde®, HydraGlyde®, SmartShield™ e o logótipo da Alcon são marcas comerciais da Novartis. Referências: 1. Nash W, Gabriel M. Ex vivo analysis of cholesterol deposition for commercially available silicone hydrogel contact lenses using a fluorometric enzymatic assay. Eye Contact Lens. 2014;40(5):277-282. 2. Nash W, Gabriel M, Mowrey-Mckee M. A comparison of various silicone hydrogel lenses; lipid and protein deposition as a result of daily wear. Optom Vis Sci. 2010;87:E-abstract 105110. 3. In vitro study over 16 hours to measure wetting substantivity; Alcon data on file, 2015. 4. Lemp J, Kern J. On-eye performance of lotrafilcon B lenses packaged with a substantive wetting agent. Poster presented at Optometry’s Meeting, the Annual Meeting of the American Optometric Association; June 21-25, 2017; Washington, D.C. 5. Lemp J, Kern J. A comparison of real time and recall comfort assessments. Optom Vis Sci. 2016;93:E-abstract 165256. As lentes de contacto AIR OPTIX® plus HydraGlyde são dispositivos médicos para correção de miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia. Para uso e substituição como determinado por um profissional da visão. Podem surgir efeitos secundários como desconforto, ardor ligeiro ou picadas. Leia cuidadosamente a rotulagem e as instruções de utilização disponíveis junto do seu profissional da visão. Revisto em 09/2018 Alcon Portugal-Produtos e Equipamentos Oftalmológicos, Lda. NIPC.501 251 685. Código AP3 I11809887992


Komono

Breves | 12 |

Proporções elementares Os novos óculos de sol da linha Elementary redesenham-se ao ritmo de formatos clássicos, afirmando-se em novas dimensões exageradas. São seis modelos em colorações apaixonantes que afirmam o poder do design nos óculos. De destacar o desenho Alec, um aviador estreitado a uma proporção única e que se destina, em definitivo, a espíritos inquietos.

Oko By Oko Paris

Regresso ao passado O desenho mais em voga de óculos pelo seu estilo retro e elegante é o panthos, repescando do passado um formato universal que se adapta a tantos rostos diferentes. A Oko by Oko Paris dá assim as boas vinda à sua versão deste design vencedor. Brad homenageia outros tempos com linhas serenas, desenhadas num acetato brilhante que se desdobra em várias tonalidades, acentuando o look vintage. Este conluio de moda e estilo completa-se nas hastes elegantes em metal, nos detalhes extra, tais como os pins nas charneiras e na ponte com o formato de fechadura, que garantem a intemporalidade do modelo.



Breves | 14 |

Fleye

Vence German Design Award O design inovador da produtora eyewear dinamarquesa valeu-lhe a conquista da Menção Especial nos German Design Award for Excellent Product Design, na categoria Lifestyle e Moda. O modelo Fox da Fleye Copenhagen foi um dos mais de 5400 produtos apresentados ao júri destes prestigiados prémios, destacando-se pelas três camadas visíveis de acetato sólido e transparente, com uma folha de beta-titânio, num estilo elegante e feminino. “Estamos mais que felizes por ganhar este galardão, especialmente porque trabalhamos muito nas nossas coleções. O German Design Award confirmou os nossos esforços para sermos sempre melhores e sentimo-lo como uma verdadeira “palmada nas costas”, o que só nos encoraja a perseguir o próximo nível”, declarou Annette Estø, fundadora e chefe de design da Fleye. Os prémios alemães dedicados ao design estão entre os mais prestigiados do mundo e as Menções Especiais são atribuídas a trabalhos que incluem soluções e particularidades de sucesso, honrando o compromisso de empresas e designers.

Ultra Limited

Andy Wolf

“Figura de proa” afasta-se A líder e fundadora da Andy Wolf Eyewear, Katharina Schlager, anunciou recentemente a sua retirada da frente da empresa que ajudou a transformar numa multinacional. A alta intensidade com que se entregou à companhia e a necessidade de parar para se dedicar à sua família e também à criatividade são apontadas como razões para o afastamento. A designer continua, porém, como acionista e maior fã da equipa que a apoiou no percurso de edificação da Andy Wolf.

Óculos no centro das atenções A fabricante italiana lançou a nova campanha com imagens frescas e descomplicadas em que o produto “fala” por si. A narrativa desta comunicação assenta, essencialmente, na edição Profili, a linha mais popular da Ultra Limited. Os óculos exibem um bloco monocolor aplicado ao centro dos frontais e coordenado com as hastes, combinando com as extremidades laterias, essas sim, com o mix distintivo de cores da marca. Atrás dos modelos vislumbram-se linhas verticais de tonalidades variadas, num contraste intenso com o fundo branco e ao mesmo tempo destacando a essência dos produtos.



Alain Afflelou

Breves | 16 |

Novos Smart Tonic O grupo de óticas apresenta adições especiais à sua linha exclusiva Smart Tonic. Os Smart 19 e 21 foram desenhados para se adaptarem ao estilo de vida moderna, com um design funcional e clips magnéticos que rapidamente transformam o modelo de prescrição para solar, com múltiplas possibilidades de cor. No feminino, Smart 21 exibe um desenho oval de linhas suaves e simples que o tornam um companheiro perfeito para a agitação diária do quotidiano. Já o Smart 19 aponta a homens seguros, com um frontal retangular e arestas vincadas.

Blackfin

O titânio ao melhor nível A casa transalpina apresenta ao mercado novidades em prescrição da sua gama muito especial, Black Edition. O tratamento exclusivo e patenteado Blackfin NanoPlating permite um acabamento de exceção e garante que todas estas novidades, independentemente da cor, brilhem em pleno. É que o tratamento inovador baseia-se na vaporização de partículas de metal em vácuo, induzindo sublimação que permite às partículas depositarem-se átomo por átomo na superfície da armações. Ou seja, o resultado está em superfícies incrivelmente apelativas em que a cor ganha novo dinamismo. Além da estética única, este Blackfin Nano-Plating assegura maior resistência aos modelos, mesmo nos utilizadores mais enérgicos.



Coopervision

Novas lentes, mais possibilidades A empresa de lentes de contacto lançou uma novidade que aponta aos jovens adultos. As Diárias Silicone garantem todos os benefícios do silicone-hidrogel com uma boa relação qualidade/preço, conforto e flexibilidade, alargando o segmento de usuários que acedem a este material inovador. As novas lentes incorporam a tecnologia exclusiva AquaGen da Coopervision, que dispensa tratamentos de superfície, porque atrai e retém naturalmente as moléculas de água na superfície da lente. A empresa baseou-se nas evidências demonstradas em vários estudos que indicam que mais de um terço dos usuários de lentes de contacto diárias excedem as dez horas de uso por jornada. Destes, 50 por cento admite que adormece com as lentes o que reforça a necessidade de um produto confortável com uma experiência de uso saudável a um preço acessível. As lentes Diária Silicone estão disponíveis em potências de +8.00 a -10.00.

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17/12/18

15:58

Breves | 18 |

AF_Campanha Natal 2018_V1sc.pdf

CECOP

Optivisão

Promoção abrangente A Optivisão aliou-se à cadeia de lojas de informática Phone House Portugal para melhorar o Natal dos seus clientes e dinamizar as vendas da época natalícia. Entre 23 de novembro e 25 de dezembro de 2018, em compras superiores a 120 euros nas lojas dos dois grupos recebeu-se um vale de 20 euros para usufruir em compras nas lojas aderentes de ambos os parceiros. A promoção cruzada foi válida para descontar em compras superiores a 120 euros aos clientes que apresentaram a app mobile Optivisão por OjOli instalada ou que efetuassem o pagamento das suas compras com o cartão Credivisão.

PROGRAMA Novas alianças A PERSONALIZADO CECOP reforça a sua PARA MELHORAR A GESTÃO DA SUA ÓTICA posição no mercado ao assinar contrato PREPARADO? com a marca ESTÁ francesa de eyewear Morel. O grupo multinacional garante vantagens aos seus associados, que passam a proporcionar aos clientes mais uma marca de prestígio e qualidade. Esta marca francesa criou recentemente com a distribuidora nacional DMDI a filial Morel Portugal e permitiu uma maior proximidade e várias vantagens para o mercado luso. A Morel distingue-se no mercado pela criatividade na concepção dos óculos e no fabrico com a mais alta tecnologia. A produtora desenvolve várias marcas conhecidas, entre as quais Marius Morel, Morel 1880, Oga. Koali, Lightec e Nomad.


Essence Mod. 5523 GT 3535 Rose Spirit / © Silhouette


Philippe V

Atualizações de luxo A marca de coração internacional desafia o mercado com novos modelos surpreendentes. Destacamos a peça 15 L que se revela num formato aviador pleno de design requintado e tecnologia. O titânio materializa os óculos e os detalhes exclusivos, como as pedras preciosas e a mítica caveira que define a excentricidade desta Philippe V, garantem um resultado intenso, confortável e leve. As novidades vêm já dotadas das mais recentes lentes Essilor NXT Varia de caraterísticas superiores graças ao bloqueador azul fotocromático, que permite que se use as armações em todas as alturas do dia.

Safilo

Breves | 20 |

Transformação digital A multinacional de origem italiana aposta na sua presença na web ao contratar o experiente Andrea Bulgarelli para a posição de diretor de transformação digital. O especialista vai liderar o programa de comércio digital da Safilo, como parte da estratégia corporativa Direto ao Consumidor. “O digital está no centro do nosso crescimento e estratégia de desenvolvimento, estamos por isso muito felizes que o Andrea se tenha juntado à empresa. Com a sua liderança podemos finalmente acelerar a área de comércio digital. A sua vasta experiência na indústria da moda, focada no retalho multicanal, identidade digital da marca e evangelização digital, coloca-nos no caminho certo para implementarmos a nossa estratégia digital, um pilar chave do plano 2020”, explicou Trocchia. De facto, Andrea Bulgarelli liderou o processo digital para a criação dos websites internacionais de comércio digital do grupo Max Mara. Mais recentemente, na Benetton, restruturou a direção de todos os pontos de contacto ao consumidor, desenvolvendo este projeto num digital hub.

Ørgreen

A febre dos festivais A Ørgreen apresenta a sua coleção Festival Fever que traz para os dias frios o calor da lembrança dos festivais de verão. Os criativos desta casa dinamarquesa batizaram os novos modelos através dos seus festivais culturais preferidos, dandos-lhe ainda a sobriedade, elegância e resistência do titânio. Portanto, Coachella, Way Out West e Lowlands recortam-se em desenhos lineares que “cantam” tonalidades e atrevimento na leveza e funcionalidade.



Entrevista de Capa | 22 |

Francisco Pamplona

Quando a ótica se expressa na juventude Na última edição de 2018, deixámo-nos encantar pela bravura do mais jovem franquiado da MultiOpticas: Francisco Pamplona. Filho de um oficial da Marinha e de uma professora, habituou-se a viver em “vários” portos, e usou isso a seu favor. Cresceu em experiências e conhecimento e absorveu a coragem paterna. Quando teve que decidir que caminho empreender na vida, “calculou” que a optometria era a resposta para os seus anseios. Ou seja, ter o calor humano sempre por perto e com portas abertas para a possibilidade ser chefe de si próprio. Fotos: Timothy Francisco Lima


Sem laços no setor, instalou-se em Braga, mais especificamente na Universidade do Minho, para cumprir com a primeira fase do seu plano. A MultiOpticas foi a sua casa inaugural, após o ensino superior, e foram precisos apenas dois meses para perceber que estava preparado para se atrever... com 22 anos! O grupo que o ajudou a cimentar a experiência profissional propôs dois anos de trabalho nas suas lojas, para se assegurar que Francisco era a força da natureza que parecia ser. Assim foi, aos 24 anos já tinha distribuído charme entre Trás-os-Montes e Leiria e confirmado à MultiOpticas que era o homem certo para vestir a camisola da empresa. Porquê os Açores? Porque até um cidadão de tantas cidades tem o coração numa só. A ilha Terceira é casa dos avós, onde também viveu em jovem e onde estão os pais. Claro que o potencial e negócio ali também era incrível, numa altura em que nenhuma multinacional ainda tinha chegado a Angra do Heroísmo. A aposta da MultiOpticas na juventude de Francisco foi imediatamente ganha. O volume de negócios revelou-se avassalador, de tal forma que o apenas empossado empresário teve que recorrer ao apoio da figura que o tornou tão audacioso: o pai. Também se apoiou na sua incansável vontade de proporcionar mais saúde aos habitantes da cidade que ama e na sua invejável capacidade física, que o permitiram fazer jornadas de 12/13 horas de trabalho incessante. Cansado? Não, obstinado! Três anos após a abertura em Angra, cortou a fita da segunda loja na Praia da Vitória. Não vimos os olhos dele nesta conversa transatlântica, mas supomos que brilhem focados em conquistas, também elas, para além do oceano, rumo a outros “portos” que o tenham encantado durante as suas quase atuais três décadas de vida. Apesar desta descrição conquistadora, Francisco Pamplona não é empreendedor desgarrado. Apoia-se sempre na sabedoria do pai e num instinto protetor dos seus funcionários que, apesar da tenra idade do seu líder, o seguem sem medo e com admiração.

Entrevista de Capa | 23 |

•• “H oj e já c o n t o c o m du as ót i c a s e s o mo s n o t ot al n o v e p es s o a s a t r abal h ar d ia ria men t e, c om af i nc o , en erg ia e p r ofis s io n a l is mo ” ••

E perceber o homem para além do ótico nem sempre é fácil, mas Francisco tem em si “toda a juventude do mundo”. Adora pessoas e apesar de ter vivido em muito sítios diferentes, não dispensa a paixão das amizades, do convívio e das gargalhadas sinceras. O seu sorriso é aberto e revela a inquietude de quem abraça desafios sem medo, mas com toda a simpatia e uma boa dose de humor. De resto, é na pesca submarina que relaxa e ao “volante” da sua paixão por carros clássicos. Francisco Pamplona está na ótica de coração aberto, para surpreender e conquistar durante muito e muitos anos! Antes de nos debruçarmos sobre as Ópticas Pamplona, a MultiOpticas e os negócios, fale-nos das especificidades do mercado açoriano da ótica. Consegue delinear as grandes diferenças em relação ao continental, se as há? O mercado açoriano não difere muito do mercado continental. O mercado regional já apresenta os grandes grupos da ótica e tem lojas com alguns anos de tradição nesta área. E como descreve o consumidor açoreano? O consumidor açoriano é especial! É um cliente bastante exigente e sabe bem aquilo que quer. Contudo, sabe dar oportunidade e reconhecer o valor de quem quer fazer algo diferente e melhor.


Entrevista de Capa | 24 |

Confia no seu ótico e é fiel à sua loja de eleição! Para mim, o melhor cliente do mundo!

•• “ O merc a d o es t á cada v ez ma is c o mp et itivo e c a d a v ez ex ige ma io r d iferen c ia ção e a d a p t a ção” ••

Ao decidir aderir a um grupo, porque elegeu a MultiOpticas? A escolha do grupo MultiOpticas foi muito fácil! É um grupo muito bem organizado com maior notoriedade em Portugal e líder de mercado. Adicionalmente, está ligado ao maior grupo mundial do retalho de óticas. Existe uma forte aposta na formação contínua, na organização de loja, no que diz respeito aos layouts, e na inovação. Isto aliado a condições de compra muito apelativas. Diria que a MultiOpticas marca o passo do retalho no segmento da ótica em Portugal e foi, certamente, uma escolha acertada! Fale-nos do seu percurso na ótica, desde a decisão de assumir a optometria até à gestão do seu próprio negócio. Entrei no mundo da optometria por acaso. Como a maioria dos jovens, não tinha, na altura, uma profissão com que sonhasse. Decidi enveredar por algo que envolvesse saúde e relacionamento humano e que tivesse saída profissional. Posteriormente, quando comecei a trabalhar, logo ao fim de 6 meses já sa-


A sua intervenção na ilha Terceira tem ido além dos negócios, dando apoio a quem necessita. Porquê a aposta em estratégias de responsabilidade social? Nós temos presente a importância da sociedade para o nosso negócio e, como tal, nos últimos anos fizemos várias ações de solidariedade e de responsabilidade social, juntamente com a Cáritas e e com a Comissãos de Protecção de Crianças e Jovens. Foi uma forma de agradecimento por nos terem acolhido tão bem e terem confiado em nós. Que leitura tem do mercado da ótica nacional, global e açoriano em específico? Eu diria que não existem vários mercados, mas sim uma mercado global. Esta globalização traz conhecimento ao consumidor final, e maior acessibilidade aos produtos. Os óticos têm de acompanhar o mercado, atualizando-se com o que acontece no mundo, e ter uma boa oferta a um bom preço. O mercado está cada vez mais competitivo e cada vez exige maior diferenciação e adaptação. Nos

Açores também se verifica isto, apesar de estarmos isolados. Contudo, nota-se que os clientes preferem adquirir os produtos localmente, porque a oferta é abrangente e existe uma proximidade maior entre o cliente e a ótica. Acha que o futuro é promissor para esta vertente do retalho, considerando as grandes modificações que foram acontecendo na última década e que forçaram muitos empresários a saírem de uma zona confortável? Será promissor para quem se adaptar e evoluir! Eu acho que no futuro haverá uma forte ligação ao mundo digital, com uma presença de negócio muito acentuada no mercado online, como já se tem vindo a verificar. Esta competição pela oferta ao melhor preço também fará com que quem não tenha um modelo de negócio bem definido e estruturado não consiga acompanhar a evolução. Acho que num futuro próximo começarão a fechar algumas óticas e a presença dos grupos irá intensificar-se ainda mais. E para a sua MultiOpticas? Que sonhos tem? Para nós, será consolidar e fortalecer a nossa presença na ilha Terceira e manter a liderança de mercado. Quem sabe, futuramente, abrir mais pontos de venda pelos Açores e juntarmos a parte de clínica como parceiro de negócio.

•• “Eu acho que no fut uro haverá um a forte li g a çã o ao m undo digital, com uma pr esença de negócio muito acentuada no m erca d o online, com o já se t e m vindo a ver ificar ” ••

Entrevista de Capa | 25 |

bia que o futuro passaria por abrir o meu próprio negócio. Depois foi o tempo de provar a mim próprio e, neste caso, à MultiOpticas que tinha capacidades para tal. Hoje já conto com duas óticas e somos no total nove pessoas a trabalhar diariamente, com afinco, energia e profissionalismo.


Opticalia

Olhar em Português | 26 |

Seis anos depois, a mesma pujança! A história deste grupo multinacional iniciou-se sob grande expectativa, no poderoso auditório da Fundação Champalimaud, em 2012. Seis anos depois os objetivos foram cumpridos e novos desafios se estabelecem para a Opticalia. Com uma notoriedade de 71 por cento junto dos consumidores e impondo-se como o terceiro maior investidor de publicidade do setor, a marca entra em 2019 com força. António Alves, o líder português, com a sua fiel e empenhada equipa, reuniu os parceiros da imprensa para marcar a data. Em modo de experiência culinária e de festa, mesmo à imagem de uma Opticalia que ditou um novo paradigma no setor da ótica português, a LookVision Portugal aproveitou para captar aspirações para o futuro próximo, pela voz de António Alves. “Olhamos para trás e verificamos que já temos a nossa marca no mercado.” É assim que o diretor geral do grupo começa o balanço de um trabalho intenso. 234 lojas, fruto de um grande trabalho de equipa, é um número que fala por si. Muitos iniciaram o seu percurso na ótica com a Opticalia e, garante António Alves, são hoje uma referência nas zonas onde se instalaram. Paralelamente conquistou-se profissionais com muita experiência e ainda outros que mudaram de grupo em busca de novas formas de trabalhar.

Registaram-se mais entradas em shoppings, algumas localizações de rua importantes e, acima de tudo, a incorporação de grandes profissionais na rede. “Em seis anos já temos muitas histórias para contar… e muitas delas de sucesso e reconhecimento de que a Opticalia é a opção certa!”, reforçou António Alves. A equipa sob a égide do grupo multinacional está agora apontada em chegar a mais praças importantes do país, expandindo um novo paradigma de mercado. E as mudanças já começam a avistar-se.


cado ronda os nove por cento e somos líderes em número de óticos associados. Queremos chegar mais longe e para o ano apontamos às cerca de 250 lojas. Os óticos têm que estar com a Opticalia para tornar o seu mercado mais poderoso”, apelou o diretor geral. A empreitada da Opticalia está, por isso, assente em apoiar o ótico tradicional a ter ferramentas para estar no mercado de igual para igual com as grandes empresas globais, ainda por cima num período de fusão vertical de fornecedores. António Alves referiu mesmo que a análise

•• “A Opticalia veio pa ra o setor par a ser líde r e essa é a m issão que temos desde o prime i ro m omento. A nossa q uot a de m ercado ronda os nove por cento e som os líder es em número d e óticos associados” ••

Olhar em Português | 27 |

Se por um lado, a Opticalia está prestes a anunciar a incorporação de um nome importante nas suas fileiras, por outro, um associado que já aderiu há dois anos ao grupo adquiriu um líder de mercado impressionante. Ainda se constata que as novas gerações destes óticos tradicionais entendem a mensagem da Opticalia e identificam-se. Quando lhes cabe a eles tomarem decisões, procuram a inovação e querem integrar o grupo. “A Opticalia veio para o setor para ser líder e essa é a missão que temos desde o primeiro momento. A nossa quota de mer-


Olhar em Português | 28 |

•• “ Nós f e l i z men t e s o mo s o gr u p o q ue ma is t em c r e s c i do. Ac red it a mo s n a c om un ic a ç ã o , n a f or m aç ão, n a t ec n o l o g ia de i n f or m aç ã o e en t re ou t r os fa t o res , n a p r e p ar a ç ã o p a ra a g es t ã o ” ••

aos últimos quatro anos de mercado revela que o ótico tradicional tem perdido terreno. “Nós felizmente somos o grupo que mais tem crescido. Acreditamos na comunicação, na formação, na tecnologia de informação e entre outros fatores, na preparação para a gestão.” E não foi só nesta frente que a Opticalia brilhou nestes últimos anos. Exemplo disso são a atribuição do Prémio 5 Estrelas pelo quinto ano consecutivo, as novas parcerias estabelecidas com seguradoras de renome, e a excelente recetividade dos consumidores relativamente às novas marcas exclusivas Hackett, Victorio & Lucchino e Pedro del Hierro. Para 2019, novos desafios se impõem a uma Opticalia destemida e preparada para fazer face às exigências do mercado. Rumo às 250 lojas também se prevê o aumento do portefólio de marcas e ainda o lançamento de uma coleção ECO. António Alves terminou assinalando, “sabemos o que nos diferencia. Não entramos na guerra de preços, as nossas marcas exclusivas são reconhecidas e que orgulhosamente comunicamos. A nossa comunicação continua a destacar-se e a surpreender e sabemos onde estar para alcançar o nosso público, tocando as diferentes gerações.”


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MultiOpticas

No terreno pela visão e em nome da solidariedade social

Olhar em Português | 30 |

O grupo de óticas e a Guarda Nacional Republicana realizaram uma iniciativa de sensibilização rodoviária, nas portagens de Carcavelos, sentido Cascais - Lisboa, em prol da saúde visual da população nacional. Num modo mais humanitário, a MultiOpticas deu alegria e mais conforto a crianças dos Açores.

A MultiOpticas intensifica, desta forma, a sua missão de proporcionar os melhores cuidados óticos o maior tempo possível, saindo para o terreno com a GNR. O apoio das forças de segurança serviu para alertar os condutores para a importância de manter uma acuidade visual compatível com a condução. No centro desta iniciativa esteve o foco sobre as consequências do encadeamento com a luz do sol, o que potencia a ocorrência de acidentes de viação. Durante a jornada de intervenção rodoviária realizaram-se rastreios através do teste Snellen, numa unidade móvel.

MultiOpticas apoia crianças nos Açores Ainda sob a missão social que o grupo encara de forma muito séria, a MultiOpticas e o sei ótico Paulo Matos a representar a franquia dos Açores, uniram-se a diversas instituições e empresas para dar mais luz à vida das crianças da Casa de Infância de Santo António. Este apoio essencial decorreu através de uma iniciativa dividida em dois dias. Ou seja, a 16 e 17 de novembro decorreram uma palestra motivacional pelo atleta paralímpico Jorge Pina, um lanche, vários rastreios visuais e eventos desportivos, inseridos no âmbito da inauguração do Centro Municipal de Marcha e Corrida da Ilha do Faial. Equipados a rigor, Jorge Pina e Ricardo Guedes animaram a caminhada de cinco quilómetros entre os diferentes participantes, usufruindo de uma magnífica paisagem. A Comitiva Oficial presente nestes dois dias foi composta pelo presidente da Câmara Municipal da Horta, José Leonardo Goulart da Silva, Rui Borges, CEO da GrandVision Portugal, Paulo Matos, franquiado da MultiOpticas no Faial e Francisco Cunha, diretor do Continente da Horta. “A caminho dos dois anos de atividade da MultiOpticas na ilha do Faial entendemos ser a altura de darmos um pouco mais de nós a esta sociedade, que desde o primeiro dia, de forma tão acolhedora, nos recebeu. Foi com esta consciência, e em estreita colaboração com o Masterfranchising, que nos propusemos remodelar três quartos do Lar de Crianças e Jovens da Casa de Infância de Santo António, que alberga hoje dez jovens adolescentes. Esta é uma instituição que conta com mais de século e meio de existência, de enorme relevância no contexto local e regional”, realçou Paulo Matos.



Novaóptica

Em busca de um futuro brilhante

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Filomena Barbosa e Clara Monteiro ousaram ir mais longe no seu já bem sucedido negócio e abriram uma Novaóptica na freguesia de Landim, em Vila Nova de Famalicão. À LookVision Portugal, as empresárias falaram da vontade de expandir o negócio e de um êxito que se desenha em torno das pessoas que dão vida à Novaóptica. A amizade está na base desta empresa nortenha construída e redesenhada com coragem pelas óticas Filomena Barbosa e Clara Monteiro. Nascida em 2007 em Riba D’Ave, a Novaóptica cresceu anos mais tarde para abrir um espaço surpreendente em plena Guimarães. Aliás, foi alvo dos prémios da internacionalíssima MIDO em 2015, no galardão Bestore! E não é só beleza esta Novaóptica. A loja arrebatou um lugar importante no mercado pelo atendimento terreno da equipa, que conquista clientes de forma crescente. 2018 marca o ano em que Filomena e Clara agarraram a oportunidade de ficar com a loja de Landim, um projeto de amigos que precisava de um novo fôlego. À sua imagem e com o apoio do arquiteto que tornou o espaço de Guimarães um ponto de luz e sucesso, o mais recente projeto desta casa abriu portas a 1 de dezembro.

“É um trabalho efetuado pelo arquiteto que nos acompanha ao longo destes anos, António Costa, que não tem medo de arrojar. Só lhe pedimos para dar a cada loja uma identidade própria, com um ponto de referência entre elas, claro. Não gostamos de repetir a mesma imagem, mesmo sendo o mesmo grupo. Sendo lojas com imagens diferentes, criamos experiências diversas para públicos distintos”, explicou Clara Monteiro. De facto, a exposição de óculos da nova loja em Landim faz-se em socalcos luminosos, que contrastam com o verde carregado da parede e dos azulejos, num resultado de grande sentido estético. Para esta ótica as expectativas são altas, “de um futuro ascendente, visto situar-se numa zona industrial em franco crescimento”, acrescentou Filomena Barbosa.


Outros Olhares | 33 |

Estes dois rostos que já “pintaram” a nossa capa 33, têm ainda uma grande química e admiração mútua. Quando questionadas sobre como estes sentimentos influenciam a vida da Novaóptica, ambas são peremptórias: “O nosso crescimento a nível de empresa deve-se, sem dúvida, ao respeito entre nós, a Maria Filomena é a parte principal no contacto humano perante os colaboradores e os nosso clientes, algo que só um ser humano excecional como ela o sabe fazer”, afirmou Clara. Filomena, por sua vez, admitiu que a capacidade superior da sócia para a organização, para a parte mecânica das compras e do stock e a paixão arrebatadora pelos óculos mantêm o rumo da Novaóptica. “Mas este crescimento só é possível, porque ambas as partes aceitam as qualidades e defeitos de cada uma”, acrescentou Filomena. Quanto ao futuro, não há dúvidas. Apesar do receio natural à luz de um investimento, dos fracos não conta a história e temos que ganhar terreno com mais força, precaução e com estudos dos mercados que nos rodeiam. A aquisição de novos conhecimentos, de novas formações e várias ações no terremo, podem levar esta Novaóptica em frente!”, terminou Clara Monteiro.

•• “ ( ...) dos fracos não conta a histór ia e t emos que ganhar ter reno com m ais fo rç a, precaução e com estudos dos mercados que nos rodeiam” ••


Prooptica

Outros Olhares | 34 |

O luxo ao serviço dos óticos A Prooptica afirma a sua missão de apoiar os profissionais da ótica com dois produtos topo de gama, em áreas diferentes. Bionic Thumb garante novas possibilidades na oficina, com a garantia da construção alemã. Na área da moda eyewear, a empresa mais multidisciplinar do mercado propõe uma exímia ZILLI, plena de sofisticação e requinte.

Bionic Thumb Esta ferramenta é tão simples quanto útil. O Bionic Thumb permite moldar as diferentes peças dos óculos de forma segura e profissional. Construído em aço inoxidável raspado, para evitar a oxidação, tem uma proteção suave nas zonas de contacto com a armação, que garante a idoneidade do trabalho. A peça tem ainda a qualidade da construção alemã como garantia de resistência e perfeição.

ZILLI A insígnia representa o mais puro luxo, expresso em detalhes singulares e em materiais topo de gama. Produzida integralmente em França, a ZILLI dedica uma atenção ao pormenor ao nível do que se encontra na joalharia. Em cada peça pode encontrar-se a nobreza do titânio tratado com ouro, paládio ou ruténio, em combinação com o acetato de celulose japonês de elevadíssima qualidade. Este conluio de matérias torna esta coleção de armações e óculos de sol num verdadeiro exemplo de requinte. Nos óculos de sol, as lentes são minerais, polarizadas e com tratamento antirreflexo, anti-estático e oleofóbico, para garantir a máxima proteção e conforto. Em destaque nas imagens pode consultar-se o modelo ZI60000, nomeado para os SILMO d’Or em 2017 e os óculos de sol ZI65003.


Tudo a postos para o grande evento mundial A 49ª edição da grande feira de ótica de Milão está apenas a dois meses de acontecer. De 23 a 25 de fevereiro renova-se o desafio de ultrapassar recordes e de dar à indústria ligada à saúde visual o melhor certame em aprendizagens, negócios e inspiração. “O nosso compromisso nos últimos anos tem tido duas vertentes: reforçar e promover negócios na feira e garantir aos expositores e visitantes ferramentas úteis para analisar a performance da indústria e dos mercados, facilitando encontros e vendas”, expôs o homem forte da organização da MIDO, Giovanni Vitaloni. O sucesso da última edição, que levou ao complexo de Rho Pero, em Milão, 58 mil visitantes e 1305 empresas, em oito áreas distintas aportadas nos sete pavilhões dedicados à ótica, confirma a posição da feira italiana como um dos líderes em tamanho e representação do universo eyewear. Em 2019, renova-se este vigor, com a garantia da presença dos maiores players globais, das mais atrevidas start-ups, dos líderes em lentes e na maquinaria e ainda os produtores asiáticos. A força da MIDO está também na presença de compradores, jornalistas e influencers de todo o globo que transmitem a

energia que se vive “no terreno” da feira. Adicionalmente, os resultados da terceira edição da MIDO Outlook, um observatório que questiona milhares de intervenientes internacionais do setor sobre as suas expectativas para o próximo triénio, será revelado em 2019! A par destas informações, a apresentação da análise da indústria feita em parceria com a SILMO e a GFK, o Optical Monitor, vai providenciar um olhar atento e fundamentado sobre o estado de mercados essenciais como o russo, chinês, japonês e norte-americano. Também na agenda estão as habituais conferências, seminários e encontros acolhidos no Otticlub, que decorre no centro de convenções no pavilhão 3. Todas as informações e as mais recentes novidades estão disponíveis em www. mido.com, onde também já se podem submeter as mais surpreendentes óticas de todo o mundo ao mítico prémio Bestore. Pronto para viver as maravilhas do setor?

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MIDO


Outros Olhares | 36 |

Jorge de Melo Portal Visual: ao lado dos óticos em direção ao futuro A plataforma de compras Portal-Visual.com para os profissionais do setor da ótica está mais forte e determinada em transformar-se no parceiro indispensável ao desenvolvimento dos negócios. Jorge de Melo revelou as vantagens de integrar esta ferramenta transversal de produtos, assente em marcas exclusivas, estratégia e muita qualidade. O Portal-Visual vai mais longe, porque mais do que um fornecedor, apresenta-se como um parceiro próximo, que junto do ótico quer garantir mais vendas, mais clientes, maior rentabilidade e fazer parte do rejuvenescimento das lojas de ótica em Portugal. A relação que o Portal Visual tem estabelecido com os seus clientes é diferente. Consideramos que o Portal Visual é hoje um “companheiro” imprescindível dos óticos, com perspectivas de futuro ainda melhores, graças às alterações que vamos introduzir já em 2019. É que para além de vendermos produtos, estamos para introduzir um programa de dinamização das quatro categorias que disponibilizamos

no Portal-Visual, ou seja, lentes oftálmicas, lentes de contacto, armações, óculos de sol e líquidos. Significa que querem ir além do simples fornecedor. Entre os nossos clientes, temos esta relação de apoio incondicional e proximidade quase como se fossemos um grupo com quota zero. Temos um conceito um pouco


individualizadas ou em venda cruzada. Isto é uma singularidade e uma visão global de 360 graus que ajuda o ótico a dinamizar a venda destas categorias ao criar sinergias entre elas. Afinal nós só podemos crescer se os nossos clientes crescerem! E em que consiste exatamente este programa de apoio à venda? Lançaremos em 2019 campanhas periódicas durante o ano, em que promovemos as várias categorias junto de públicos distintos, que são o target de cada uma delas. É isto que também nos diferenciará. E tudo numa relação de liberdade! O compromisso é só connosco e com os objetivos finais, numa perfeita relação win/win. Temos o core junto dos óticos independentes, embora, como referi, estejamos abertos aos grupos com muito respeito pela respetiva instituição em primeiro lugar.

E não existe mesmo nenhum vínculo contratual? Não existe obrigatoriedade por parte do ótico, só a de ter vantagens. Aliás, estamos juntos enquanto é interessante para ambas as partes e quando algo corre mal, sentamo-nos para perceber o porquê disso e melhoramos continuamente. Esta relação que desenvolvemos com os nossos clientes, fez-nos crescer de forma exponencial este ano, de tal forma que estamos aflitos com os nossos recursos internos. Tivemos que restruturar toda a equipa para otimizar a equipa para aumentar os nossos níveis de eficiência. E como ajudam os óticos em específico? Através de marketing, estratégia e produtos exclusivos. Como referi, vamos ativar ações e campanhas já em 2019 que dinamizem as vendas de todos os produtos que se compram no Portal-Visual. As campanhas são distintas e segmentadas e incidem sobre as várias categorias, passando ainda a filosofia basilar do nosso trabalho: somos um caminho que se pode empreender quando se quer dar futuro ao negócio. Sabemos que muitas das óticas nacionais são muito mais que uma simples

empresa. Têm uma história, são uma família, representam a vida de muitas pessoas e queremos ser uma Via para os ajudar no caminho do sucesso. E o Portal-Visual está convicto de que pode ajudar a manter estas histórias? Sem dúvida, estas casas históricas arrancaram num período em que a forma de trabalhar não se aplica na atualidade. De hoje para o futuro tudo será diferente. Este continua a ser um negócio muito bom e a prova disso é o interesse de grandes grupos económicos em entrar neste segmento. É, por isso, importante ter um novo olhar, mais empresarial e menos instintivo. Respeitamos muito os óticos que escolhem os grupos para se unirem e tornarem-se competitivos, porque escolheram um caminho e significa que querem evoluir, mas nós de forma transversal temos todas as ferramentas e experiência para ajudar todos os profissionais, valorizando a sua história e ajudando a garantir o futuro. Mas como são quase como um grupo, não trabalham com grupos? Sim trabalhamos. Somos fornecedores acima de tudo, porém com os óticos independentes temos uma grande proximidade e introduzimo-nos de tal forma no seu negócio que funcionamos como parceiros. Não é propositado, mas uma consequência da nossa forma de trabalhar. E porque se consideram especiais em relação aos restantes fornecedores? Porque temos à disposição do ótico produtos transversais exclusivos e, no topo de toda esta oferta temos um programa de apoio à venda de todas estas categorias

Não pensam tornar-se efetivamente um grupo? Não queremos, porque isso implicaria desenvolver as relações que temos com os óticos de outra maneira. Temos a pretensão de ser transversais a todo o mercado. E de que forma nasceu o Portal-Visual? Nasce de uma ideia interna, fruto da experiência de mais de 30 anos neste setor, e da posição estratégica que temos e que nos permite vislumbrar uma via de sucesso que queremos trilhar com os nossos clientes. O nosso investidor espanhol comprou o site original, que era um negócio online e funcionava num sentido totalmente diferente do atual. Transformámo-lo num projeto consolidado, que no último ano ganhou expressão e coerência. Como se desenvolve o trabalho com o site em si? Através de apenas uma janela na internet pode ver-se todos os produtos disponíveis, comprar just in time, ou seja, adquire-se hoje e tem-se disponível amanhã, e pode escolher-se entre cerca de 50 mil referências. Temos dois milhões de euros em stock de produtos! De resto, tudo é feito através da plataforma, mesmo o que diz respeito à faturação e parte administrativa e ainda os contornos logísticos, com os nossos parceiros de distribuição, também in real time, tornando o processo simples, claro e imediato. Em Espanha somos os únicos com estas características, em que a relação comercial faz-se exclusivamente através do ecrã. Isto exige ao nosso backoffice uma integração de gestão com tracking ao armazém, ao parceiro logístico e tudo integrado. O Portal-Visual é moderno e está à frente do seu tempo.

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híbrido, em que incluímos vários serviços e muita proximidade, que é em certa medida e em determinadas circunstâncias, melhor que um grupo, porque não há contratos nem quotas. Estamos comprometidos em ajudar os óticos com produtos e serviços. Portanto, a grande diferença do Portal-Visual para um qualquer outro fornecedor é que há um serviço adicional em que assumimos parte da responsabilidade na venda e destacamos os nossos clientes em relação à concorrência.


implementar com o grupo Essilor, que fabrica a nossa marca de lentes oftálmicas, Humanity Eyes, um biselado remoto de maneira a permitir a entrega das lentes em três maneiras diferentes: na forma clássica, para o ótico biselar na sua oficina, já biseladas através de um leitor de forma que existe junto do ótico ou já montadas nos óculos, porque se a armação for das nossas marcas, mandamos uma nova já pronta, e mantendo um sempre na ótica para mostruário. Há recetividade no mercado português? Sim, prova disso mesmo é o crescimento que tivemos em 2018 em relação a 2017 e estamos neste momento com alguns acordos comercias fechados com óticos importantes, que nos permitem antecipar o crescimento em 2019.

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As marcas exclusivas são uma garantia de diferenciação para os vossos óticos. Um exemplo de sucesso das nossas marcas próprios é o António Miro Eyewear que venceu nas passarelas da 22ª 080 Barcelona Fashion, decorrida em junho de 2018, o prémio nacional de melhor coleção, nas propostas para o verão de 2019. Há toda uma estratégia de segmentação em todas as nossas marcas onde salientamos a Miro Jens, Monsine e Alternative Barcelona.

E trabalham com todas as marcas? Em Portugal neste momento trabalhamos só com as nossas marcas exclusivas e em parcerias estratégicas com produtos exclusivos de marcas líderes de mercado. Entre o nosso portefólio encontra-se uma oferta ampla e bem destacada. Entre elas estão Antonio Miro, de estilo vanguardista, Montesine, de caráter mediterrâneo, Miro Jeans, dedicado aos jovens, Be Happy, com excelente relação qualidade/preço, Alternative, assente na inovação, Estefano Di Vari, para todos os segmentos e Helly Hensen, a insígnia mais internacional e desportivo. Portal-Visual é então pura tecnologia. Sim, prova disso é que em Espanha vamos agora introduzir em 2019 a radiofrequência, em que cada produto está identificado por um código e que pode ser seguido automaticamente enquanto está no processo de distribuição e venda. Quando o cliente o leva, conseguimos, em tempo real enviar um substituto para que não haja quebras de produto. Em Portugal será em 2020, o que significa maior agilidade. Também em 2019 vamos

Que futuro desenha para o setor? Temos hoje uma questão global que lhe chamamos de “comparação agravada dos preços”. Isto é, o ótico vende uma marca que é líder de mercado aos seus clientes mas, nesta sociedade sempre mais informada, facilmente é comparável com outros pontos de venda e quase de certeza que se encontra mais barato. Neste cenário o ótico sai prejudicado e corre riscos de perder o cliente. Por isso, para nós, a marca que deve ser trabalhada em primeira instância é a marca do ótico. Essa deve prevalecer em cima de todas as outras. Ainda por cima estamos prestes a assistir à introdução da tecnologia 5G que vai agravar esta comparação, porque será sempre mais global e mais rápida e efetiva esta comparação. É a isto que chamamos a atenção aos nossos óticos, principalmente os independentes. Queremos e acreditamos que no futuro se mantenha o modelo familiar e tradicional do setor. Claro que, as nossas campanhas e produtos exclusivos, apoiam este objetivo. Aliás queremos ser a marca dos óticos independentes, queremos aportar modernização, dinamismo, eficiência e rentabilidade. Para isso, e como parte da parceria, temos um plano de formação para os óticos, para perceberem a conjuntura mais do ponto de vista empresarial e científico e menos do ponto de vista intuitivo.


O uso intensivo de dispositivos digitais está a provocar stress visual Computadores, tablets e smartphones passaram a ser uma parte essencial das nossas vidas. De facto, é difícil imaginar a vida sem eles. Cerca de 90% dos adultos utilizam estes dispositivos pelo menos durante 2 horas por dia*.

O futuro do exame visual Passar longos períodos perante ecrãs digitais a uma curta distância, normalmente de 20-30 cm está a provocar uma série de queixas astenópicas, como dor de cabeça, dor de pescoço e costas, sensibilidade à luz e dificuldade para alternar entre a visão de perto e longe. Muitas queixas astenópicas são atribuídas à disparidade de fixação.

Como detetar a disparidade de fixação?

Visão binocular ideal Sem disparidade de fixação

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Disparidade de fixação corrigida EXO-Disparidade de fixação

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Christophe Morcamp Um amor que se desenha ao ritmo da liberdade

Como é que começou a relação com o eyewear? Foi nesse momento que percebeu que podia dar novos conceitos ao mercado? Sou ortoptista de formação, apaixonado por moda e desenho. Depois de ter trabalhado mais de 15 anos em óticas, quis criar lojas próprias. Passei anos ocupado em compras, trazendo mais e mais marcas que coincidissem com os meus gostos e com as expectativas dos clientes das minhas óticas. Depressa percebi que as marcas do design e as atípicas exigiam grandes encomendas para a “implementação”...e cada uma delas tinha um estilo muito próprio, claro, mas que só correspondia a uma parte da minha clientela. Isto forçava-me a encomendar a várias insígnias, para corresponder a todos os gostos, aumentando-me os stocks e a respetiva imobilização financeira que isso acarreta. Surgiu-me então a ideia de uma coleção com vários estilos, que renovasse as cores a cada temporada em séries limitadas, sem impor aos óticos quantidades astronómicas. Ou seja, chegava a todas as mulheres com uma única marca e dava a oportunidade aos óticos de serem divertidos com menor custo. A história das instalações de fabrico dos óculos Plein Les Mirettes é muito longa, dos anos ’60. De facto, a fábrica da Normandia é muito antiga e fabrica óculos para grandes nomes da moda eyewear desde esses longínquos anos ’60 que referiu. Os primeiros óculos da Rikiel, da Yves Saint Laurent e até da Théo vieram da Normandia! Apenas a partir de 2012, a data de criação da Plein Les Mirettes é que solicitámos a sua mestria. Desde essa altura, o desenvolvimento da nossa atividade ganhou contornos mundiais, o que nos levou a também usar os serviços de outras fábricas renomadas e ainda mais antigas na região francesa de Jura.

Damos asas à filosofia de vida de Christophe Morcamp. O fundador, criador e designer da francesa Plein Les Mirettes inunda o mercado da ótica com uma originalidade incontornável e única desde 2012, depois de uma vida dedicado ao retalho de óculos. Defensor da mestria de artesãos experientes, da qualidade sem compromissos e da busca de mais e melhor design, o artista leva hoje, ao lado do seu companheiro e diretor de exportação, Pascal Guidice, a marca a todo o mundo. Admite mesmo que está a viver um sonho e que o futuro assenta nas premissas que aplica em cada criação: a busca dos desejos dos amantes de óculos e produtos perfeitos!

E nunca pensaram em ter uma fábrica própria? Tivemos a oportunidade de ter a produção sob nossa alçada em 2014...mas considerámos que produzir é um trabalho totalmente diferente daquele para o qual temos aptidão. As diferentes equipas dos espaços de fabrico têm décadas de experiência, porquê arriscar fazer mal ou pior o que outros fazem com tanta perícia? Por outro lado, ajudámos amplamente a manter e desenvolver a atividade destes espaços históricos com mais e mais produções importantes. Digo sempre: “Podemos ser bons no design, mas não ter alma para chefe de fábrica!!” (risos)


E antes de todo este processo de materialização, onde busca a inspiração para os desenhos que conquistam tantos seguidores? O que me inspira? Muheres, alta costura, tanto quanto o pronto a vestir, viagens... na realidade tudo me inspira. Um pequeno prato colorido num pequeno restaurante em Hong Kong, a roupa a secar nas janelas das ruas italianas, o por do sol numa praia da Normandia, a minha mãe que, confesso, é tão, mas tão importante... de origem cigana...ela adora cores, festas e a vida!! Isso influenciou-me na minha juventude.

Desde a fundação da Plein Les Mirettes até aos dias de hoje muito mudou no setor eyewear. Existem tantas marcas a fazer trabalhos diferenciadores. Isto influencia ou pressiona a sua forma de trabalhar? Como em todos os setores de atividade, há cada vez mais e mais competição, mas existem muitas marcas que “atiram às estrelas”...eu explico-me: como em tudo, algumas pessoas pensam que isto é fácil e que está ao alcance de todos. Pois eu penso que não! Cada profissão exige aptidões especiais e muito trabalho duro, isto quando se quer fazer bem e ser bem sucedido. Os meus pais sempre foram comerciantes e retive duas aprendizagens essenciais da sua visão do comércio:

•• “Surgiu- me então a ideia de uma coleçã o com vários estilos, q ue r enovasse as cor es a cada tempor ada em séries lim itadas , sem impor aos óticos quantidades astr onóm icas” ••

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Os desenhos Plein Les Mirettes são únicos. A mestria das equipas dos locais de produção permitem ir mais longe em termos de criatividade? Não ponho barreiras, nem no que diz respeito ao design nem na área das cores – por isso temos tantas cores específicas feitas pela Mazzucchelli Italy, os únicos que me permitem realmente criar as minhas cores de acordo com os meus desejos! Claro que a fábrica sabe executar muitas coisas, mas por vezes as máquinas mais antigas atrasam-me um pouco as coleções. É por esta razão que também usamos os locais de Jura (por vezes ainda mais antigos, no entanto maiores e com um parque de máquinas mais atual). Precisei de quase cinco anos para encontrar estes espaços produtivos que englobassem modernidade e “receitas ancestrais”, no entanto, permitem-me crescer em termos de coleções e manter os mesmos padrões de qualidade da Normandia.


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•• “ A P l e i n Les Miret t es e s c ol h e q ua l id a d e, di s t r i bu i ç ã o s el et iv a , s é r i e s l imit a d a s e de s i g n as s ert iv o . Sã o p on t os q u e , n o fun d o , c or r e s p o n d em à s e x p e t at i v as d o s n o s s o s clie n t e s ót i c os d e t o d o o mun d o ” ••

a competição é boa porque nos força a avançar e a melhorar e confiar apenas no sucesso próprio vai causar perdas. Com a Plein Les Mirettes, eu e o Pascal tentamos aplicar isto todos os dias. Seguimos a moda e os desejos dos consumidores (em termos de cores e design), adaptamos a comunicação e estratégias de marketing, sem nunca abdicar da nossa filosofia basilar. Ou seja, mantermos a qualidade de sempre, sem negociações neste campo, enquanto tentamos alargar o conceito a mais consumiodores. É assim que regularmente propomos novos modelos e decidimos, há cerca de um ano, lançar a coleção híbrida com partes em metal. Se isto me coloca sob pressão? Nem por isso, ou pelo menos eu não o sinto assim, porque adoro todo este envolvimento! Como descreve o mercado atual? Excitante, porque temos quase oito anos, ou seja, ainda estamos nos nossos primórdios, e também preocupante mas enérgico, no sentido de que não há um mercado, mas vários, o que só pode ser positivo. Os tempos de hoje impõem escolhas e posi-

ções. Ou se adota um segmento baixo ou o de alta qualidade, o retalho de massa ou o seletivo. A Plein Les Mirettes escolhe qualidade, distribuição seletiva, séries limitadas e design assertivo. São pontos que, no fundo, correspondem às expetativas dos nossos clientes óticos de todo o mundo, verdadeiros amantes da profissão e que têm gosto por produtos bonitos e bem feitos e um sentido apurado de serviço ao cliente. E que futuro se espera deste setor? A qualidade dos produtos, a maneira intrínseca como são colocados na produção, a qualidade dos serviços, a customização, serão o passe vital que permitirá aos independentes de amanhã manterem-se à tona da água. A mediocridade tem os dias contados. As produções de baixa qualidade, muitas vezes de origens distantes, vão conseguir manter-se mas só porque são baratas e estarão disponíveis apenas nas lojas low cost. Os pequenos negócios, os capitães dos seus quarteirões, no sentido afetivo, manterão a saúde se estiverem atentos ao desenvolvimento dos serviços, à qualidade e aos seus clientes. As pessoas irão eventualmente reconhecer isto, pois o preço apelativo não é, certamente, a melhor escolha. As pessoas estão sempre em busca de afirmação, de singularização e os produtos de designer respondem a essa filosofia. Tende-se a procurar objetos que perdurem e que respeitem o ambiente e, os produtos de qualidade enquadram-se nestas premissas. Finalmente, diga-nos quais os sonhos para a Plein Les Mirette. Os meus sonhos? Simplesmente continuar!! É um sonho que vivo todos os dias, não posso querer mais nem melhor...


XIV CAO’s Optometria combativa e em crescendo

O encontro de 2018 aconteceu de 10 a 11 de novembro no imponente auditório da Ordem dos Contabilistas Certificados, enviando, desde logo, a mensagem de que a Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO) se integra perfeitamente nos valores e exigências de uma verdadeira ordem profissional. E a cerimónia de abertura destas Conferências Abertas de Optometria (CAO’s) tiveram um discurso combativo, próprio de uma classe que está na luta pelo seu lugar entre os profissionais dedicados à saúde. Aguardava-se ansiosamente a presença do oftalmologista Augusto Magalhães, o homem que representava o Ministério da Saúde e que liderou a equipa para definir a estratégia para a saúde da visão, da qual se excluiu os optometristas. O médico avisou na noite anterior a sua indisponibilidade, mas a mensagem que lhe era dirigida foi exposta aos presentes pela voz do presidente da APLO, Raúl Sousa. “A 30 de outubro a APLO reuniu com a diretora geral de saúde e com o presidente da comissão para a estratégia nacional para a saúde da visão com o propósito de abordar em que medida foi tido em conta o contributo da APLO. Reporto-vos duas conclusões: a primeira foi que a apresentação de outros contributos

que visaram interesse económico invocando defender o interesse dos optometristas prejudicou em muito a percepção e a compreensão do verdadeiro contributo da APLO e dos optometristas. A segunda conclusão é que os recursos humanos disponíveis e que foram considerados para a elaboração da estratégia nacional pelos vistos não inclui os optometristas pelo motivo da inexistência da sua regulamentação.” Estas ilações fizeram o líder da APLO sublinhar a sua veemente oposição a estratégias nacionais que não considerem as documentações internacionais e não respeitem as melhores práticas de saúde. Adicionalmente, Raúl Sousa frisou que o plano de ação aprovado está longe de aproveitar os recursos humanos disponíveis, não integrando o melhor conhecimento científico atual. O aplauso final dos seus colegas de profissão confirmou o apoio dos optometristas presentes na conferência. A cerimónia de abertura contou também com a deputada grupo parlamentar do PCP, Carla Cruz. A representante do partido comunista frisou que a regulamentação “devia estar nas mãos do governo e não nas da Assembleia da República, onde não há competência para o fazer. São os organismos da saúde que a têm.”

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Num período de grande exposição mediática para a atividade, a Associação de Profissionais Licenciados de Optometria desafiou os especialistas a fazerem um “retiro” de estudo, partilha e discussão científica, em plena cidade Invicta. A 14ª edição das Conferências Abertas de Optometria aconteceram assentes na multidisciplinaridade, na interação com outras classes ligadas à saúde visual e em prol de mais e melhor optometria.


•• “Se de facto a optom etr ia é um pr oblema de saúde pública, porque ainda não foi r esolvido?” ••

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Apresentações ricas e abrangentes Corroborando as declarações do presidente da APLO, Alexandre Lourenço, membro do Health Initiative, Nova School of Business and Economics, Universidade Nova de Lisboa, lançou o Estudo Económico-Social dos Cuidados para a Saúde da Visão. Nesta primeira apresentação, o palestrante referiu que 50 por cento dos problemas do foro da saúde visual são refrativos. “Existem poucos oftalmologistas, mas mesmo contratando mais implicaria que existissem cuidados primários, que não estão assegurados.” Alexandre Lourenço foi aplaudido pela defesa da profissão optometrista na linha da frente desta problemática. “Se de facto a optometria é um problema de saúde pública, porque ainda não foi resolvido?”, alvitrou. Nas mensagens finais, o presidente da APAH referiu que o custo da integração dos optometristas no modelo de cuidados do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é uma fração dos custos económicos do não tratamento e do custo dos cuidados secundários, “e falamos só de custos financeiros e não dos custos para a vida humana, resultantes do não acesso a cuidados de saúde com qualidade.” As palestras prosseguiram durante as restantes duas jornadas, já com um teor menos político e muito focadas nas temáticas que mexem com a atualidade da optometria. Foram envolvidos especialistas e estudiosos da área e vários médicos e uma enfermeira. No auditório portuense ecoaram experiências humanitárias, a questão do consentimento informado, a tecnologia e o tratamento da ambliopia, a aplicação das lentes de contacto em diferentes problemas do olho, a formação em optometria e ainda as vozes de quem se propôs ao escrutínio dos presentes sobre a qualidade do seu trabalho. Para completar este encontro anual, a APLO organizou momentos de convívio entre as intensivas jornadas de partilha, para que houvesse a oportunidade de uma troca de ideias mais intimista e que fomentasse a união de uma classe que está “debaixo de fogo” por parte dos colegas da mesma área de cuidados de saúde.


A optometria está em definitivo na “praça pública” tanto pela presença intensa do presidente nos meios de comunicação generalistas, mas também porque outros profissionais de outras atividades relacionadas com a visão a referem com veemência. A nossa presença nos meios da comunicação é sempre em prol do utente, da saúde pública e dos direitos dos utentes. É essa a nossa intervenção. Se isso implicar que os optometristas sejam chamados a desempenhar algumas tarefas ao nível dos cuidados de saúde primários da saúde visual, pois assim seja. A Organização Mundial de Saúde tem esse entendimento, que é assim que deve ser feito e nós só temos mesmo que concordar, porque a avaliação científica é suficiente, é clara e justificada. A APLO no seu conjunto, porque não é o presidente que decide o que os optometristas pretendem, entendeu que tinham que justificar uma estratégia que conseguisse consciencializar o público para os cuidados da saúde da visão e é isso que queremos com uma presença mais frequente nos média. Obviamente que queremos também ter um papel mais ativo e fazer cumprir um dos principais objetivos da missão dos optometristas que é ajudar a população a melhorar a literacia para a saúde, promover a prevenção da saúde visual e preservar a saúde visual, quando se está já na fase do consultório. Ainda há muito a fazer neste âmbito entre a população portuguesa? Sim, o que queremos neste momento é que a população portuguesa tenha acesso a bastante informação, porque afinal estamos num país desenvolvido, mas com a ineficácia de cuidados de saúde da visão que é caraterística de um país não desenvolvido. Vivemos no século XXI das tecnologias mas no século XIX das práticas de saúde para a saúde da visão, no que diz respeito ao SNS. São duas frentes importantes para mudar. Quanto às CAO’s, há mais optometristas a assistir? Temos uma boa assistência, superior à do ano passado, com 270 participantes inscritos.

Os temas aqui abordados são multidisciplinares. É um sinal dos tempos! Desde que esta direção atual e a anterior, de onde transitaram alguns elementos, tomaram posse, as CAO’s sempre foram concebidas dentro daquilo que é o espírito do próprio tempo em que vivemos. Há uma procura de diálogo transdisciplinar que é interprofissional. Há também a procura de uma integração com a sociedade, perceber o que tem para nos oferecer, porque temos muito a aprender com ela e temos muito também a ensinar. Trazemos, por isso, novas perspetivas, novas formas de olhar para a saúde da visão e perceber onde podemos encontrar os pontos comuns e quais as experiências e lições que podemos apreender. Estas CAO’s e as outras duas anteriores refletem claramente isso com a presença, por exemplo, de várias ordens profissionais, de várias figuras distintas da sociedade, de variados setores, como por exemplo, a ética na saúde, a definição de prática económica para a saúde, experiências de prestação de cuidados para a saúde da visão em países lusófonos e, obviamente, o estado de arte no que diz respeito à investigação em optometria e ciências da visão, que também é feita em Portugal.

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Raúl Sousa em discurso direto

Num sítio ainda por cima maravilhoso! A direção escolheu este local, porque tem as condições condignas para uma associação da dimensão da APLO que é tão representativa no que diz respeito à saúde para a visão. Somos a maior classe de prestadores de cuidados neste segmento! Também porque apesar de na prática a APLO não ser uma ordem, é essa a nossa função, a nossa estratégia, a nossa posição ao definir um nível mínimo para acesso à profissão e ao regular a forma como essa profissão deve continuar a ser exercida. O exemplo perfeito disso é a formação contínua obrigatória para que alguém permaneça como membro da APLO. Desta forma, também garantimos que os utentes têm sempre mais e melhores cuidados para a saúde visual.


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Estratégias “de amor” no retalho Os retalhistas estão a fomentar a confiança e a espalhar gentileza com estratégias amáveis e que levam a ligações mais profundas com os consumidores. Como imbuir a sua marca com este sentimento? A plataforma de estudos e análises das tendências de mercado, WGSN, explora o tema com exemplos riquíssimos. ANÁLISE Os consumidores de hoje em dia estão mais solitários e desligados do que nunca. Com pouco tempo, stress e desconfiança crescente do mundo que os rodeia, eles procuram momentos que remetam para uma ligação e os ajude a sentir-se mais humanos. À medida que os consumidores colocam mais importância nos valores das marcas, os retalhistas estão a implementar estratégias que levam em consideração as premências e os sentimentos dos seus clientes, numa perspetiva atenciosa e em espaços mais intimistas para os envolver de forma emocional e pessoal. Tudo isto na mesma medida em que se investe na inteligência artificial e nas experiências digitais, pois a importância da vertente humana no negócio é o fator diferenciador. Em vez lançar-se em ativismos políticos ou na tomada de posições, esta tendência nas vendas destaca uma mudança subtil que surge como resposta ao turbilhão crescente em que o mundo se encontra. Os retalhistas devem trabalhar com gentileza e consideração, encorajando os consumidores a agir da mesma maneira. Um design de loja que envolve e convida, estratégias atenciosas

de marketing e pequenos gestos cheios de significado ajudarão a construir confiança e a criar um ambiente de retalho mais amistoso e inclusivo.

INTEGRAÇÃO DA “GENTILEZA” NO DESIGN DA LOJA Os retalhistas podem “cozinhar” gentileza no espaço físico da loja com recursos ou instalações especiais que criam uma experiência de compra mais sentimental. Os clientes com uma ligação emocional ao vendedor despendem muito mais, segundo um estudo de 2018 da empresa de prognóstico inteligente, Motista. O website inglês Not on the High Street abriu uma loja pop-up na estação ferroviária e de metropolitano London Water Loo que celebra a reflexão em torno das ofertas


•• De a cor do com o inquér ito sobre o Fut uro da Ex per iência de Consum o 2018 da consultora inter nacional P w C , 5 9 por cento dos consumidores s en t e m que as em presas per deram o c o n t acto com o elemento humano da exp eriência de compra. ••

GESTOS COM SIGNIFICADO Pequenas atitudes com significado são a base para criar experiências mais humanas e pessoais, que aprofundam a ligação entre a marca e o consumidor. De acordo com o inquérito sobre o Futuro da Experiência de Consumo 2018 da consultora internacional PwC, 59 por cento dos consumidores sentem que as empresas perderam o contacto com o elemento humano da experiência de compra. Contra esta tendência a marca de cosmética inglesa Lush introduziu a ação Atos Aleatórios de Bondade nas lojas de todo o mundo, em que os colaboradores podem dar um presente por semana. Não precisam de autorização superior e podem escolher oferecer um produto grátis a quem sintam que precisa de ânimo, a quem celebra uma ocasião especial ou com quem consigam uma ligação especial. Estas iniciativas fazem os compradores sentirem-se valorizados e mais próximos da marca, que conquista assim um regresso. O espaço recém aberto da luxuosa da moda Matches Townhouse, em Londres, dá um almoço grátis a um cliente todos os dias, mesmo que este não compre nada. A marca de whisky Craigellachie, detida pela Bacardi, anunciou em outubro de 2018 que vai lançar a sua mais antiga bebida até à data e oferecê-la! O licor com 51 anos foi dividido em garrafas para ser doado em eventos aleatórios no Reino Unido, África do Sul, Austrália e EUA. “Quisemos fazer o impensável e dar ao máximo de pessoas possível a oportunidade de provar este whisky incrível”, decalrou Georgie Bell, o embaixador global da Bacardi. O supermercado do britânico Morrisons tem orgulho no seu pessoal que contribui para a comunidade local. Cada loja tem o seu próprio Campeão da Comunidade que trabalha para unir a sua área com as vizinhas através de campanhas de angariação. Entre elas está o programa Comida Não Vendida, que é oferecida a instituições locais e o voluntariado. Estes exemplos são perfeitos para ilustrar atitudes e gestos que fazem toda a diferença no atual panorama sobrelotado do retalho. Assegurar que os funcionários são amáveis e informados e, sempre que possível, equacionar ofertas para surpreender e deliciar os clientes são pontos fulcrais.

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do Natal de 2018. Os compradores podem pressionar o botão da Máquina de Pensamentos Profundos que oferece uma pequena nota atenciosa para levar consigo ou para passar a uma pessoa importante. A marca de moda Diesel colaborou com o artista londrino Andy Leek no Dia Mundial da Saúde Mental, em outubro, com uma instalação que provocava a reflexão, na sua loja da rua Carnaby. O artista, conhecido por deixar notas positivas por toda a capital inglesa para estranhos que passam por um momento difícil, pendurou algumas dessas mensagens escritas à mão em folhas coloridas em todo o espaço, para levantar o ânimo dos clientes. A loja nova-iorquina Carbon 38 oferece aos compradores uma pausa enquanto os faz sentir melhor consigo próprios. Isto inclui cabines de prova com luz mais serena e uma experiência de compra fluída. Inaugurada em setembro de 2018, a nova Ba&sh de Nova Iorque inclui espelhos feitos de propósito para a realização de selfies em grupo com aquilo a que a marca chama de “comentários que uma melhor amiga faria”. Entre eles está: “estás maravilhosa!” A boutique Cuyana’s também da Big Apple norte-americana quer dar vida à sua filosofia de “comprar melhor” com detalhes de design atenciosos. Por exemplo, pontos especiais dispostos estrategicamente pela loja permitem à clientes pousar as suas malas facilmente enquanto experimentam os produtos. De facto, um design atencioso garante uma experiência em loja mais compensadora. Integrar mensagens positivas em todo o lado ou fazer experiências com acessórios ou instalações vai arrancar um sorriso aos clientes. Até pequenos gestos, como um provador bem iluminado ou mais espaço de qualidade entre a mobília vai ser melhor e mais confortável para os compradores mais tensos.


•• Assegur ar que os funcionários são am áveis e infor m ados e, sempre que possível, equacionar ofer tas par a surpreender e deliciar os clientes sã o pontos fulcr ais. ••

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MARCAS QUE CUIDAM A filantropia não é nada de novo no retalho, com marcas como a TOMS shoes – que doa um par de sapatos a crianças carenciadas por cada par vendido – a liderar o processo há já muitos anos. Porém, as estratégias de caridade estão a tornar-se convencionais à medida que os retalhistas procuram fazer melhor e parecer melhor aos olhos dos consumidores. E estes querem mesmo marcas que pareçam mais humanas. Como tal, a resposta dá-se em forma de iniciativas preocupadas que apoiam quem necessita. Para o natal de 2018, a H&M lançou um cartão presente que dá de volta, ou seja, a rede de lojas doa cinco por cento da quantia do cartão ao Fundo de Saúde das Crianças. A L’Oréal Paris propôs também um novo esquema de fidelidade baseado na filantropia. O programa Worth It Rewards permite aos respetivos usuários colecionar pontos e depois dá-los (como dinheiro) a instituições apoiadas pelas Mulheres de Honra da L’Oréal. Esta iniciativa reconhece dez mulheres todos os anos que fazem a diferença na sua comunidade. A IKEA ofereceu aos seus clientes envolvidos num enorme acidente rodoviário acontecido nas imediações da sua loja de Thurrock, Essex, no Reino Unido, camas, sofás e comida. Mais de 200 pessoas procuraram refúgio na loja sueca de mobiliário. A plataforma Airbnb proporcionou estadias grátis a quem foi afetado pelos fogos descontrolados de novembro, na Califórnia, EUA, incluindo os profissionais envolvidos nos primeiros socorros. A marca de pronto a vestir Sézane abriu uma boutique de caridade ao lado da sua loja parisiense, onde acumulam peças Sézane usadas, protótipos e amostras. Tudo o que se vende ali apoia a iniciativa social Sézane denominada DEMAIN. O objetivo é angariar um milhão de euros em 2018 para ajudar crianças carenciadas de todo o mundo. Ações como esta não precisam de custar muito dinheiro ou requerer grandes infraestruturas, mas vão longe no que diz respeito à conquistas de clientes. Em tempos de necessidade, pense em como

pode usar o espaço da sua loja para ajudar a população local. Não subestime o poder da caridade – tanto para angariar dinheiro, como para propagar a consciência da marca sob uma luz positiva.

AUMENTAR A CONFIANÇA No horizonte da pós-verdade de 2018, os consumidores são confrontados com ataques constantes de notícias falsas e factos alternativos – tanto que torna-se difícil de saber que informação é real. Com isto em mente, aumentar a confiança nos consumidores e agindo com um espírito de generosidade é a forma de construir a segurança e posicionar a marca sob uma ideia positiva. A insígnia de bebidas nova-iorquina Dirty Lemon inaugurou uma loja de checkout grátis em Tribeca, chamada Drug Store, onde os clientes podem servir-se, ir embora e depois pagar remotamente, mediante a sua conveniência. No local lê-se: “Leve o que quer, mande-nos uma mensagem com o que levou, e siga a sua vida.” Ou melhor, aos visitantes pede-se para mandarem por mensagem o número que obtiveram na loja quando pegaram na bebida e que custa cerca de nove euros. A equipa de serviço ao cliente, disponível 24 horas por dia, responde em cinco minutos com um link para os usuários inserirem os detalhes bancários, assim como uma mensagem amigável e confirmação de pagamento. Enquanto muitos retalhistas encaram as devoluções como um ponto de dor, a loja online Zappos vê isso como uma oportunidade para alargar a confiança e construir melhores relações com os seus clientes. A Zappos tem uma política de devolução de 365 dias, com portes de envio e retorno grátis. Ba&sh diz que quer ganhar amigos no seu novo local em Nova Iorque. Desenhado para elevar a experiência em loja, tem um closet cheio de roupas de coleções passadas que os clientes podem levar emprestada, desde que devolvidas numa determinada data. “É baseada na generosidade e na amizade”, explicou Sarah Benady, a CEO da América do Norte. Desenhada para ser inclusiva e acessível, a Ba&sh também encoraja mulheres a fazer novos amigos e a aprender novas aptidões ao subsidiar aulas de francês na loja em 75 por cento, com oferta de pequeno almoço. Sempre que possível, pense em esquemas de aluguer grátis ou um esquema de compre agora, pague depois para construir confiança. Dê aos consumidores a oportunidade de ter controlo da relação, ou assegure o seu conforto e reconhecimento em


Tornar a vida mais fácil aos consumidores com famílias é uma estratégia chave para criar uma experiência de compra mais atenciosa. Os retalhistas devem ter em consideração que por vezes os pais querem um pouco de tempo livre para fazer compras sem os filhos e devem integrar atividades ou jogos na loja. Outra opção é proporcionar experiências que todos possam fazer juntos. Nos espaços já dedicados a produtos infantis, apostar num design divertido, interativo e que torna o momento melhor para ambos os jovens e respetivos pais, que sabem que os filhos se estão a divertir. Por exemplo, para pais com carrinho de bebé pode apostar-se em mobiliário movível para criar mais espaço. Use os dados sobre consumo para perceber quando é mais provável os pais irem fazer compras e implemente flexibilidade em torno dessas horas do dia.

tempos de necessidade. Quando a loja Supreme’s London foi vandalizada em setembro de 2018, o gerente prometeu um logo a quem identificasse o vândalo.

Os pais que fazem compras com as suas crianças terão uma melhor experiência se os filhos estiverem ocupados ou entretidos de alguma forma. Algumas marcas de luxo já reconheceram o valor de melhorar a experiência em loja para as crianças, aumentando, desta forma, o tempo e o dinheiro despendido. Na loja flagship de Londres da Stella MacCartney’s, uma enorme piscina de bolas e uma parede de escalada mantém os mais pequenos distraídos enquanto os pais fazem compras. À semelhança deste exemplo, uma área de brincadeiras para as crianças na nova Ba&sh de Nova Iorque enche-se com livros para colorir, para que os progenitores comprem em paz. A loja de Abu Dhabi Tryano também tem uma zona infantil de jogos interativos, completados com estruturas para escalar e móveis em forma de castelos, mesmo atrás do departamento de cosmética feminina, encorajando as mães a testar perfumes e maquilhagem enquanto os filhos brincam. O supermercado parisiense Le Bon Marché remodelou a sua área infantil em novembro de 2018 com acessórios que entretêm as crianças e evocam nostalgia aos pais. Os miúdos podem entrar numa pequena réplica de um BMW e um modelo de autocarro enquanto as famílias tiram fotografias num photobooth de madeira, que disponibiliza as imagens de forma gratuita online.

Os retalhistas estão a contar contagiar os consumidores através de campanhas com uma mensagem de caridade ou de carinho, nestas festas de 2018. Em novembro, por exemplo, a Diesel revelou a sua campanha Natal Atencioso, na loja da rua Carnaby, em Londres. Criada em colaboração com o Studio XAG, o design envolveu a solução Diesel para a loucura desta época: oferecer um pensamento. Com qualquer peça comprada da atual coleção Diesel até ao Natal, os clientes recebem um “bolha de pensamento” onde podem escrever uma mensagem e oferecer a quem amam. O conceito é materializado em bolhas de fibra de vidro que decoram a parte da frente da loja com pensamentos amáveis. A Diesel lançou ainda outra campanha anti-bullying poderosa para a temporada outono/inverno de 2018. Celebridades que sofreram ataques virtuais, entre os quais Nicki Minaji e Bella Thorne encabeçam a Hate Couture usando itens provocadores com as mensagens odiosas que receberam. O tema de Natal de 2018 da loja de moda Barneys de Nova Iorque é Fazer a Diferença, em parceria com a Save the Children. Com a mensagem de que mesmo a mais pequena doação pode ter um enorme impacto, a vitrina exibe cêntimos envolvidos por mantas de caxemira, em frente a mensagens como Faz a diferença e a Mudança é Importante. Experiências imersivas em loja incluem felicitações aos consumidores para doarem dinheiro, enquanto o hashtag #centiments encoraja os compradores a publicarem os seus próprios sentimentos inspiracionais da época festiva. Por cada publicação com @barneysny, a Fundação Barneys Nova Iorque doa cinco dólares à instituição Save the Children, até 1 de janeiro de 2019. O retalhista britânico Debenhams também lançou uma campanha baseada no carinho pelos outros neste Natal. Denominada Do a Bit of Debenhams, recompensa os compradores de prendas atenciosas, com uma pintura do momento de júbilo de encontrar e dar o presente perfeito.

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COMPRAS COM CRIANÇAS CAMPANHAS ATENCIOSAS


•• (. . . ) as pequenas m ar cas podem r etaliar o espírito da B lack Fr iday totalmente ou incentivando um sistema filantrópico de um por um, ou seja, compra um dá outro. ••

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GIVE BACK FRIDAY A Black Friday ficou conhecida pelos descontos massivos e promoções encorajadoras do consumo. Como contraponto, alguns retalhistas apostam em estratégias mais corteses, com apoio a causas solidárias ou que encoraje os consumidores a pensar além de si próprios. Giving Tuesday (terça generosa em português) que acontece depois da Cyber Monday (segunda cibernética) está a ganhar expressão no Reino Unido, como o dia de fazer algo bom para a caridade, no despertar do consumo desenfreado. Este ano, mais de duas mil companhias alinharam neste espírito, encorajando os seus clientes a fazer o mesmo. A marca de joias Missoma aliou-se à rede da sustentabilidade da liderança no feminino TreeSisters para a Cyber Week 2018. Para cada encomenda feita na Black Friday até à Cyber Monday, plantou-se uma árvore em florestas e plantações do Quénia, Madagascar, Brasil e Índia. A marca londrina de interiores House of Hackney está a deturpar o espírito da Black Friday ao doar dez por cento de cada compra feita nesse dia diretamente a instituições locais e globais de caridade. Para retalhistas de massa, abdicar da Black Friday não é uma opção viável, mas um esquema de doação para amenizar esse espírito pode causar boa impressão nos clientes durante este período de consumismo exacerbado. Já as pequenas marcas podem retaliar o espírito da Black Friday totalmente ou incentivando um sistema filantrópico de um por um, ou seja, compra um dá outro.

PONTOS DE AÇÃO • Gestos atenciosos e pequenas e significativas interações são parte de uma estratégia a longo prazo que podem aprofundar a ligação emocional entre as marcas e os consumidores sempre mais desconfiados, socialmente conscienciosos e stressados. • Elementos de apoio no design da loja podem aumentar o valor da experiência de compra que ultrapassa a mera transação comercial. Considere-se a luz amena, um layout dos móveis fluído e mensagens de positividade para garantir que os consumidores têm uma visita à loja memorável. Isto leva à fidelização e mais investimento. • Iniciativas filantrópicas e atenciosas vão espalhar a mensagem de que a sua marca se preocupa, alicerçando a confiança e levando a relações mais intensas. No entanto, lembre-se que os factos falam mais alto que as palavras e as Gerações Z e os Millennials valorizam autenticidade e conseguem identificar fraudes. • Os retalhistas devem focar-se mais em dar do que em vencer. A longo termo, atos de bondade podem levar a estratégias vencedores e a elevar a marca.



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