Revista (EN)CINE DIREITO | Ed. 03 | Tema: Direito e Educação | Sociedade dos Poetas Mortos

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REVISTA (EN)CINE DIREITO edição 03 - abril

SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS DIREITO E EDUCAÇÃO


Reitora Ângela Maria Paiva Cruz Vice-reitor José Daniel Diniz Melo Reitora de Extensão Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes Editor científico Prof. Dr. Oswaldo Pereira de Lima Junior Editora Executiva Luana Cristina da Silva Dantas Conselho Editorial Prof. Ms. André Melo Gomes Pereira Prof. Dr. Carlos Francisco do Nascimento Prof. Dr. Dimitre Braga Soares de Carvalhos Prof. Dr. Elias Jacob de Menezes Neto Prof. Dr. Fabrício Germano Alves Prof.ª Ms. Lidianne Araújo Aleixo de Carvalho Prof.ª Dra. Lidyane Maria Ferreira de Souza Prof. Ms. Marcus Vinicius Pereira Junior Prof. Mário Trajano da Silva Junior Prof. Dr. Orione Dantas de Medeiros Prof. Dr Oswaldo Pereira de Lima Junior Prof. Dr. Rodrigo Costa Ferreira Prof. Ms. Rogério de Araújo Lima Prof.ª Esp. Mayara Gomes Dantas Prof. Esp. Winston de Araújo Teixeira Comissão Executiva Arthur Jordão Douglas Relva de Brito Gabriela Sousa de Medeiros Luana Cristina da Silva Dantas Victória Layze Silva Fausto


REVISTA EN(CINE) DIREITO ABRIL , 2 0 1 8 . E D . 0 3

Uma produção do Curso de Direito de Caicó - Ceres da Universidade Federal do Rio Grande do Norte R. Joaquim Gregório, s/n Penedo, Caicó - RN, 59300-000 (84) 3342-2238


ao leitor

Revista En(Cine) Direito ed. 03 | abril 2018

"só em seus sonhos os homens podem ser livres. sempre foi assim e sempre será." - Sociedade dos Poetas Mortos (1989)

carpe diem

colhe o dia

podem ver?


RIO GRANDE DO NORTE | ABRIL | 2018

“Sociedade dos Poetas Mortos”, filme americano de 1989, dirigido por Peter Weir, foi a película escolhida para concluir o circuito de debates em torno do Direito e da Educação pelo projeto de Extensão “En(Cine) Direito, realizado por alunos do curso de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – CERES, coordenados pelo Prof. Dr. Oswaldo Pereira de Lima Junior e o vice coordenador, o Professor Dr. Carlos Francisco. O enredo da Película é bastante conhecido. Em curtas linhas, traz em seu arcabouço o embate entre o establishment, representado pelo uso da educação como modo institucional de treinar futuras peças de encaixe no sistema socioeconômico dominante, e aquilo que, pensa-se, seja o verdadeiro espírito liberal, tal como a modernidade iluminista sonhou: o espírito intelectual livre. Este encenado pelo professor que se rebela e incita a rebelião dos alunos contra essa mesma ordem estabelecida, mantendo visível conexão com o último filme discutido, A onda. O levante gêmeo desta revista é provocar questionamentos, inquietações. É indispensável ao ambiente acadêmico o perene pensamento reflexivo. Nessa ordem de ideias, a pesquisa surge como uma das principais responsáveis pelo processo de catalisação da reflexão sistemática e científica, sobretudo na Ciência do Direito, numa época em que tenta-se convertê-lo em mera técnica de aplicar leis, sem que seus operadores conheçam a própria substância que corporifica e dá vida aos preceitos, princípios, regramentos e ordenamentos jurídicos. BOA LEITURA! EQUIPE EN(CINE) DIREITO.


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breviários

carpe diem

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direito e educação

resenhas

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crônicas de uma equipe: momento enCine


CARPE DIEM LÁIRA LIANNE DA SILVA PONTES - POETA E ESTUDANTE DO CURSO DE HISTÓRIA - UFRN

O PROBLEMA DOS HOMENS DO NOSSO TEMPO É A CEGUEIRA QUE RONDA O HOJE. OS SEUS ERROS DO PASSADO OS ACOMPANHAM, OS SEGUEM, OS CEGAM E OS MATAM. NÓS ESTAMOS FADADOS A SER BESTAS AMBICIOSAS COMPLETAMENTE RACIONAIS E DESTRUTIVAS. CHEIAS DE MEDO. DA DESISTÊNCIA, DA FALHA, DA MORTE.... E É ENTÃO NO ÁPICE DA CRISE QUEM SABE ATÉ DOS 30 ANOS, QUE O FUTURO NOS MALTRATA. QUANTOS FORAM OS DIAS QUE VOCÊ FOI DORMIR TRANQUILO? TENDO UMA BREVE LEVEZA, PRA NÃO DIZER CERTEZA DE QUE AMANHÃ TUDO ESTARIA BEM. FOMOS CEGADOS PELA HISTÓRIA, FADADOS A QUERER AS MELHORES MEMÓRIAS, MESMO NÃO TENDO O PLENO DIREITO DE ALI ESTAR. ONDE É AQUELE TAL LUGAR NO MUNDO, ONDE OS SONHOS SÃO VERDADES, NÃO EXISTEM VAIDADES, E NEM VONTADE DE CHORAR? NÃO SEI. NOS ENCONTRAMOS QUEM SABE NAS PRÓXIMAS VIDAS. POIS O AGORA PASSOU NUM INSTANTE... SUA VIDA FOI TÃO RÁPIDA QUE NEM VOCÊ VIU. ME DIGA VOCÊ AINDA É A MESMA PESSOA QUE COMEÇOU ESSA POESIA?

"CARPE DIEM. APROVEITEM O DIA, GAROTOS. FAÇAM SUAS VIDAS SEREM EXTRAORDINÁRIAS."

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A

SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS (1989) Jaécia Bezerra de Brito - Poeta, mestre em educação e Professora

A Sociedade Dos Poetas Mortos (1989) ganhou vida a partir de uma direção primorosa de Peter Lindsay Weir, que nasceu em Sydney, em 21 de agosto de 1944. O diretor concluiu os estudos em Arte e Direito na Universidade de Sydney e ingressa na televisão em 1967 com filmes que tiveram grande sucesso. Em 1971 participou de um filme de três episódios intitulado Three to go. A partir de 1974 passou a dirigir longasmetragens; neste ano “The Cars That Ate Paris” e, em 1975, o famoso “Picnic at Hanging Rock”. O seu primeiro filme nos Estados Unidos foi “A Testemunha”, em 1985.

O roteiro de Tom Schulman prediz o veemente esforço de permanência da educação tradicionalista da década de 50, em que se preza pela tradição, honra, disciplina e excelência. O drama tem como cenário um tradicionalíssimo internato, Welton Academy, nos Estados Unidos de 1959. John Keating (Robin Williams), ex-aluno brilhante, é o atual professor de Língua Materna de uma turma de adolescentes empolgados (Robert Sean Leonard como Neil Perry, Gale Hansen como Charlie "Nuwanda" Dalton, James Waterston como Gerard Pitts, Ethan Hawke como Todd Anderson, Dylan Kussman como Richard Cameron, Allelon Ruggiero como Steven Meeks, Josh Charles como Knox Overstreet), os quais são impelidos a seguirem, além dos princípios da escola, as idealizações de seus pais. É nesse contexto, que se trava a difícil convivência entre liberdade e disciplina, contradições mais do que presentes nos nossos dias.

Analisar um filme como A Sociedade Dos Poetas Mortos tendo como viés a educação atual e a liberdade é uma tarefa, deveras instigante, haja vista termos a obrigação de olharmos as relações interpessoais por uma nova ótica, sem perder de vista a velha e boa ética educacional, que deve se sustentar na busca pelo conhecimento, diálogo, responsabilidade e construção social; pilares, estes, que esquadrinham a liberdade individual e o equilíbrio coletivo. São estes pontos que nortearão a análise e trarão para o atual momento a importância de uma discussão baseada nessa obra.

A construção dessa narrativa é lenta, como pede um drama que nos faça mergulhar em indagações transcendentais como as vividas por John Keating; este professor, ao aceitar lecionar no internato, sabe que ficará entre o conteudismo preparatório para a

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universidade e o transcendentalismo tão instigante para a adolescência, ambos, presentes em nosso contexto escolar atual. Neste sentido, refletir sobre verdades a partir da poesia desencadeia reações, as mais variadas, que devem ser conjecturadas, o que se vê no filme, como a quebra de paradigmas das relações familiares, como também a relação entre liberdade e disciplina no ato de estudar. Nota-se que os jovens permanecem responsáveis. O autor mostra para a assistência que, naquele contexto, ultrapassar a tradição nada mais é que permitir, no ambiente educacional, novas metodologias educacionais, que levem os jovens ao aprendizado.

Hoje, quebrar a tradição é analisar se essas novas metodologias cumprem com a tarefa de alcançar os objetivos de um conhecimento pragmático que torne a sociedade melhor. As lentes cinematográficas captam a visão da sociedade sobre honra e excelência, o que, nem de longe se aproxima do equilíbrio que pode existir entre liberdade e disciplina, um extremo perigoso.

Para além das instituições, professores e alunos da contemporaneidade podem transformar o processo de ensino e aprendizagem num ato de responsabilidade social. Os jovens com liberdade para questionarem e professores aptos a contraargumentarem em favor do aprendizado, e, por conseguinte, das benesses provindas dele.

O suicídio de um dos personagens é uma atitude extrema, particular, mas nos faz refletir sobre a busca exagerada de certas “verdades” pelas instituições de base, que priorizam, na caminhada escolar, o status social, a excelência do cargo que será ocupado em detrimento da função social do indivíduo quanto à participação no coletivo.

A grande e melhor verdade do filme é o Carpem diem, transcender, agora, na felicidade e no equilíbrio, e proporcionar felicidade pela responsabilidade de se pensar no próximo. Produção cinematográfica que ultrapassa tempo, espaço, vieses e faixa etária, uma obra a ser questionada, refletida e divulgada.

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“Eu fui à floresta porque queria viver livre. Eu queria viver profundamente, e sugar a própria essência da vida… expurgar tudo o que não fosse vida; e não descobrir, ao morrer, que não havia vivido.” - Henry David Thoreau -

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direito e educação

sapere aude

por Oswaldo Pereira de Lima Junior Doutor em Direito e professor Adjunto I do Curso de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

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ociedade dos Poetas Mortos, filme americano de 1989, dirigido por Peter Weir, encerra de maneira especial o ciclo de

debates envolvendo o Direito e a Educação. Seu enredo é bastante conhecido. Trava embate entre o establishment, representado pelo uso da educação como modo institucional de treinar futuras peças de encaixe no sistema socioeconômico dominante, e aquilo que, pensa-se, seja o verdadeiro espírito liberal, tal como a modernidade iluminista sonhou: o espírito intelectual livre. Este encenado pelo professor que se rebela e incita a rebelião dos alunos contra essa mesma ordem estabelecida. - 14 -

Há, ainda, uma sutil conexão entre as películas que foram escolhidas para ilustrar a temática geral do evento (Direito e Educação). A exemplo do filme anterior, “A Onda”, percebe-se também aqui o professor como figura central no processo de condução da educação do aluno, formando mentes e ditando o modo pelo qual boa parte dos discentes deverão orientar suas ações na vida após o ciclo escolar. São películas belas, mas duras, difíceis de serem assimiladas


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sem uma dose de percepção crítica a respeito do papel do educador. Apenas tecendo uma leve comparação entre ambas, percebe-se que começam cheias de boas intenções, e há uma crescente expectativa de condução positiva do processo de educação pelos docentes e de influência e deslumbramento por parte dos alunos. Na primeira, esse crescente logo foge ao controle do educador e desatina numa sequência, agora já negativa, de erros que arrebatam propositadamente o espectador ao espiral claustrofóbico do movimento que cria vida própria e se separa de seu fundador. Na segunda, esse mesmo crescente positivo se mostra presente praticamente do começo ao fim do filme, muito em razão da capacidade intelectual e inteligência emocional de John Keating, protagonista muito bem interpretado pelo ator Robin Williams. Contudo, a seriedade e a responsabilidade que permeiam o ofício do educador apresentam-se novamente como fator composição da tensão negativa, eis que, mal compreendido e traído pela confraria conservadora que institucionalmente o cerca, tem contra si imputada a culpa pela morte de um de seus alunos.

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E é nesse ponto que esta resenha pretende se debruçar: a liberdade de cátedra do professor. Para tanto, depara-se, pois, igualmente, com os artigos 205 e 206 da Constituição Federal e com o filósofo, diplomata e fundador da Universidade de Berlin, Wilhelm von Humboldt. Seguindo sua estirpe racionalista liberal, Humboldt considerara como máxima de orientação pessoal a premissa de que “Saber é poder, quem se educa é livre”. Fundando o modelo de educação superior tal como ainda o compreendemos, Humboldt desenhou a universidade como um centro de pesquisa e ensino integrativo. Um local onde o conhecimento seria produzido (pesquisa) e propagado (ensino), com vistas à formação de espíritos livres. Para a perfeita harmonização desses fatores, e para a constituição sólida desse projeto pedagógico, é necessária uma universidade que tenha autonomia no mais afinado grau de solidez. Essa autonomia vai além do espaço administrativo, alcançando também e principalmente a independência ideológica que naturalmente caracteriza a liberdade de ensino. Com esteio nessas ideias a Constituição Federal brasileira estabeleceu como princípio, através do inciso II de seu

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seu art. 206, a liberdade de cátedra ou, em suas palavras, “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber”. A liberdade de cátedra consolida, portanto, uma garantia de independência do ensino e do docente. Concretiza a garantia constitucional de que o espaço de pesquisa e de ensino não será conduzido por outras premissas que não aquelas que professam seus próprios cultores. As universidades clamam para si o importantíssimo papel de auxiliares na construção da cidadania, constituindo relevante quinhão do estofo social, pessoal e trabalhador dos indivíduos. Esse papel somente pode ser efetivado com a liberdade de ensino e com a garantia de que as instituições e seus mestres possam, sem desmandos ou injustiças, atuar seu mister com independência e autonomia, protegidos da ingerência externa no sagrado seio de seu labor. “Sociedade dos poetas mortos” é, então, um desses filmes magistrais, que se apresentam poliedricamente. Várias são as mensagens, os dilemas, a filosofia, a moral e a poesia que estão contidas nessa belíssima película. Mas o contexto mais candente parece ser a relação entre professor aluno, quase paternal, e professor e instituição,

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quase tirânica. A liberdade de cátedra se insere no entremeio dessas complexas interações. Atua como instrumento apto a permitir a liberdade do professor face suas convicções, protegendo-o, bem como aos seus tutelados, contra a potestatividade institucional. Contudo, essa mesma liberdade traz consigo as naturais consequências da maioridade que lhe é implícita: a responsabilidade por aquilo que se diz, pelo modo como se diz, pelo momento em que se diz e pela própria decisão de se dizer. Isso não significa que o professor deve estar amordaçado, tal como a universidade do filme pretendia fazer com Keating, mas que cada um de nós deve estar ciente que as palavras e os textos, uma vez ditos, encontram-se desagrilhoados de seus produtores e podem – e devem – fazer-se constituir de novos sentidos e novas interpretações. Essas interpretações são pessoais e coletivas, acessam um mundo que é nosso e é do outro também. E haverão de conformar aquilo que será a alma, ou o caráter, da pessoa. Daí a importância de serem ditas, bem como de haver garantias legais – do Direito – de que poderão ser livre mas responsavelmente pronunciadas.


Embora sofra as consequências de sua cátedra, Keating não se vê como um docente que falhou em seu mister. E nem deve ser compreendido desta maneira. Ensinou seus alunos a pensarem de modo autêntico. A lutarem por seus ideais, por suas crenças, a serem espíritos livres! Como diria Kant, parafraseando Horácio, instigouos a sair da menoridade intelectual: atrevam-se a conhecer! As consequências dessa liberdade não podem e nem devem ser auscultadas por quem quer que seja. Fazem parte do inefável, do mistério profundo e grandioso que é ser Humano. Assim deve-se compreender a grandeza dessa película; ou desse seu viés poderoso, mas não único, certamente um dos mais belos e relevantes em toda a história da humanidade.

É, por fim, uma ode à liberdade, ao espírito conhecedor, às relações entre mestres e alunos, pais e filhos, confrontando-se destemidamente com o desespero existencial liricamente cunhando por Sartre, cujas palavras parecem proféticas: “O homem está condenado a ser livre, condenado porque ele não criou a si, e ainda assim é livre. Pois tão logo é atirado ao mundo, torna-se responsável por tudo que faz”. Abracemos, pois, com destemor, como o fez Keating, Perry, Todd e demais alunos, a nossa própria liberdade. Ela é terrível, mas é o que nós somos! Sapere aude!

"Duas estradas se divergiam na floresta e eu, eu tomei o caminho menos percorrido, e isso fez toda a diferença" — A sociedade dos poetas mortos, 1989

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NĂŁo importa o que dizem a vocĂŞ, palavras e idĂŠias podem mudar o mundo - A sociedade dos poetas mortos, 1989

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"A LUZ DO CONHECIMENTO" POR DIMITRE SOARES - DOUTOR EM DIREITO, PROFESSOR E ADVOGADO FAMILIARISTA.

"Sociedade dos Poetas Mortos é um filme que fala sobre alunos, sobre professores, e sobre alunos e professores juntos. Esta interação profunda que une mestres e discípulos tem força incalculável: pode gerar efeitos improváveis, descobertas incríveis e mundos surpreendentes"

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REVISTA EN(CINE) DIREITO | ABRIL 2018

H

á livros de cabeceira, assim como há filmes estruturais.

Tais quais os textos prediletos, voltamos aos filmes especiais com maior ou menor frequência ao longo do tempo, mas deles não nos afastamos em definitivo. São filmes que nos marcam na memória e no coração e que, não raras vezes, mudam nossa personalidade. Sociedade dos Poetas Mortos é um desses. Com o passar dos anos, já não consigo distinguir se me emociono com o filme pelo fato de ser professor ou se me tornei professor influenciado pela estória que assisti na tela do antigo Cine Babilônia, em Campina Grande, no começo da década de 1990. Sociedade dos Poetas Mortos é um filme que fala sobre alunos, sobre professores, e sobre alunos e professores juntos. Esta interação profunda que une mestres e discípulos tem força incalculável: pode gerar efeitos improváveis, descobertas incríveis e mundos surpreendentes. A sugestão ao pensamento livre é, decerto, o maior mérito do filme, que cresce na medida em que os alunos, por influencia do novo professor de literatura, vão se desprendendo de comportamentos e perspectivas tradicionais, e se permitem provar a vertiginosa experiência do conhecimento através da construção da noção de emancipação intelectual.

Professores medíocres e desmotivados, alunos deslocados e sem identificação com o ensino, ou até mesmo com o curso escolhido, com as propostas curriculares e com as metodologias educativas em transição.

Dentre as várias possibilidades interpretativas que o longa nos oferece, reconheço-me, sobremodo, com a análise da função e do lugar ocupado por discentes e mestres na contemporaneidade. Ser professor não é tarefa fácil nos nossos dias. Ser aluno é quase O filme é emblemático para a época insuportável. Tenho me perguntado, com frequência, se ainda precisamos em que vivemos, tempo da apatia generalizada e recíproca nas salas de das escolas/universidades nos moldes em que ainda hoje existem e aula. - 20 -

funcionam. Decerto, somente os professores realmente emblemáticos são capazes de transformar a letargia Mais especificamente na ótica do ensino do direito, Keating encanta por trazer uma mensagem tão pouco comum nas nossas escolas jurídicas: o pensar criticamente. Ensinar direito não é uma tarefa fácil. Algo mudou no nosso ensino jurídico, ou ainda somos doutrinados? Não é à toa que a expressão latina Carpe Diem, em português “aproveite o dia”, se popularizou tanto após o boom do filme. As lições de Keating ultrapassam o ensino. Cheio de citações profundas que exaltam o viver livremente, o longa metragem traz o existencialismo libertador de Sartre para patamares práticos e de fácil compreensão.


VOLUME 23 ISSUE 1

Oh Captain, my Captain - Walt Withman Ó capitão! Meu capitão! terminou a

O meu capitão não responde, os seus

nossa terrível viagem,

lábios estão pálidos e imóveis,

O navio resistiu a todas as

O meu pai não sente o meu braço,

tormentas, o prêmio que

não tem pulso nem vontade,

buscávamos está ganho,

O navio ancorou são e salvo, a

O porto está próximo, ouço os sinos,

viagem terminou e está concluída,

toda a gente está exultante,

O navio vitorioso chega da terrível

Enquanto segue com os olhos a firme

viagem com o objetivo ganho:

quilha, o ameaçador e

Exultai, ó praias, e tocai, ó sinos!

temerário navio;

Mas eu com um passo desolado,

Mas, oh coração! coração! coração!

Caminho no convés onde jaz o meu

Oh as gotas vermelhas e sangrentas,

capitão,

Onde no convés o meu capitão jaz,

Tombado, frio e morto.

Tombado, frio e morto. Whitman, W. 2006. Folhas de relva. Ó capitão! meu capitão! ergue-te e

SP, Martin Claret. Poema publicado

ouve os sinos;

em livro em 1867.

Ergue-te – a bandeira agita-se por

(tradução livre).

ti, o cornetim vibra por ti; Para ti ramos de flores e grinaldas guarnecidas com fitas – para ti as multidões nas praias, Chamam por ti, as massas, agitamse, os seus rostos ansiosos voltamse; Aqui capitão! querido pai! Passo o braço por baixo da tua cabeça! Não passa de um sonho que, no convés, Tenhas tombado frio e morto.

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PARALELAS QUE SE ENCONTRAM “O Captain! My Captain” foi escrito por Walt Whitman em 1865. No tear de tais versos, o escritor imprime, sobretudo, a morte de Abraham Lincoln, presidente dos Estados Unidos. O “navio” representa os Estados Unidos, sua “viagem terrível”, remetendo-se a tortuosa Guerra Civil Americana. O personagem principal, infere-se, é o próprio Abraham Lincoln, cujo governo foi marcado pela Guerra Civil e pela abolição da escravidão. O Captain! My Captain tem uma métrica convencional e esquema de rimas, recurso pouco usado por Whitman, que reitera a dor do eulírico, “O navio vitorioso chega da terrível viagem com o objetivo ganho: Exultai, ó praias, e tocai, ó sinos!- 21 Mas eu com um passo desolado, Caminho no convés onde jaz o meu capitão, Tombado, frio e morto.” Trata-se do único poema antológico da obra de Whitman.

manuscrito do poema


Ó CAPITÃO, MEU CAPITÃO... POR GABRIELA SOUSA DE MEDEIROS - ESTUDANTE DO CURSO DE DIREITO - UFRN QUANDO VOCÊ PENSA QUE CONHECE ALGUMA COISA, VOCÊ TEM QUE OLHAR DE OUTRA FORMA. MESMO QUE PAREÇA BOBO OU ERRADO, VOCÊ DEVE TENTAR!

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T

radição. Disciplina. Honra. Excelência. Estes eram os pilares que provavelmente regiam toda a rotina do colégio Welton, um tradicional colégio secundarista dos Estados Unidos que objetivava preparar seus alunos para o ensino superior, sobretudo para os cursos que, em seu entendimento, eram os mais prestigiados. Naquele ano, chega para ensinar no colégio o novo professor de inglês Sr. Keating, o qual utiliza de uma metodologia inesperada e nada convencional – aulas ao ar livre, capítulos de livros inteiramente rasgados,

No decorrer do filme, um grupo de

composição de poesias - para lecionar suas aulas. Ele apresenta a seus alunos o Carpe Diem – expressão em latim que pode ser livremente traduzida como

alunos do recém-chegado professor encontra o anuário deste, datado de quando ele ainda era aluno da escola Welton, ficando imediatamente intrigados sobre

“aproveite a vida” ou “curta o

uma determinada Sociedade dos

momento”. Keating acaba por

Poetas Mortos, mencionada na

ganhar automaticamente a simpatia de seus novos discentes, embora, por outro lado, gere

descrição pessoal do Sr. Keating. Este, por sua vez, lhes explica que a tal sociedade consistia em uma

desconfiança entre seus colegas

turma de colegas seus que se

de trabalho.

reuniam na caverna que ali existia, logo após o riacho, e liam poesias. - 24 REVISTA EN(CINE) DIREITO | ED 03, 2018


DIREITO - UFRN - CERES

A partir daí, os meninos decidem reativar a velha sociedade, lendo poesia de autores como Thoreau, Byron, dentro outros autores, afeiçoando-se desde então ao novo hobby. Com o passar do tempo, Neil, Todd, Steven, Charles (ou Nuwanda, como resolveu que seria seu novo nome), Knox e Pitts passam a observar a vida por um novo e diferente ângulo, que lhes permite descobrir suas próprias vontades, desnudas, alheias à pressão que suas famílias ou a sociedade lhes impuseram. Nem sempre existe um final feliz no decorrer de suas novas descobertas, mas não se pode dizer que eles não entenderam o sentido de Carpe Diem que seu Capitão – como carinhosamente chamavam o professor Keating – lhes mostrara. Em diversos aspectos, a Sociedade dos Poetas Mortos nos entrega um choque de realidade. Faznos sentir entusiasmo, receio, empatia, medo, coragem. Nos mostra que devemos a cada nova aurora e a qualquer idade, sobretudo quando somos jovens e temos nosso futuro a construir, nos colocarmos em posições variadas, para que tenhamos uma visão diferente daquilo que está diante de nós. Trata-se de uma luta contra o conformismo, principalmente contra aquilo que o sistema nos impõe como padrão universal e imutável. E existem consequências, boas ou não, a quem não se encaixa, a quem transcende o comum e encontra sua própria natureza. A diferença é que o inconformismo te dá coragem o suficiente para que seu destino possa ser desvendado, em - 25 -


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oposição ao comodismo, que te oferece apenas o previsível, preservando eternamente o medo de ousar. A Sociedade dos Poetas Mortos é uma obra americana de ficção lançada em 1989, maravilhosamente dirigida por Peter Weir. Recebeu indicações ao prêmio máximo de cinema, o Oscar, nas categorias de melhor filme, melhor diretor, melhor ator e melhor roteiro original, levando a estatueta nesta última. Como diz Oswaldo Montenegro, em um trecho de seu poema Metade, “que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba, e que ninguém a tente complicar, porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer [...]”. Dead Poets Society, traduzido para o português como Sociedade dos Poetas Mortos, trata-se de uma película sobre evolução. Um filme sobre poesia, cumplicidade e descobertas. Uma obra de arte, versando sobre evolução e a luta diária contra nossos inimigos imaginários.

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A SÉTIMA ARTE – CADA DIA É UMA VIDA

Dead Poets Society - Sociedade dos Poetas Mortos na tradução brasileira – foi lançado em 1989, dirigido por Peter Weir, insigne diretor americano conhecido por suas incursões no gênero drama. A película conta a história de um professor de poesia que, logo nos primeiros retalhos do filme, já demostra pouca – ou quase nenhuma – ortodoxia. Seu nome é John Keating (interpretado pelo genial Robin Williams). Que começa a lecionar em uma escola preparatória para jovens, a Academia Welton, em que há valores a serem seguidos bem definidos, com uma metodologia de ensino vertical, tradicional e conservadora. Na primeira cena do filme esses valores são bem expostos. Os alunos são recebidos por uma chama que simboliza “a luz do conhecimento”. Essa luz é acompanhada por flâmulas que trazem os lemas da Academia, ou os quatro pilares sobre os quais soergue-se a Instituição. Tradição, honra, disciplina e excelência. Já nesse momento o professor John Keating é apresentado.

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Ex-aluno da Academia John Keating, com currículo incólume e primoroso. Keating, já na primeira aula, rompe com o tradicional espaço de transmissão do conhecimento. Leva-os para o memorial em que estão expostos os alunos que os precederam. Ali está a vida. “Carpe diem. Aproveitem o dia, meninos. Façam de suas vidas uma coisa extraordinária”. Com o seu encanto e sabedoria, Keating inspira os seus alunos a perseguir as suas paixões individuais e tornar as suas vidas extraordinárias. A película é um poema em si. Um chamamento para a vida. Cada dia é um infinito [...] Ele leva para seus alunos a verdadeira “chama do conhecimento”. Aquela que nos prepara para a vida, em todas as suas nuances. Deixa a lição de que devemos amar o nosso caminho, não nos importando tanto em “chegar a algum lugar”. A busca é necessária. Aprender um ofício é uma aventura fascinante... Mas importante mesmo é o âmago, o tutano, a beleza dessas experiências e tudo que as circundam... a “vida” em cada dia que vivemos.


Extrair essa poesia das nossas escolhas, dos nossos atos, do outro. Talvez aqui resida cada salvação. O filme traz uma poética visual e uma iluminação de literatos: David Thoreau, Walt Whitman e Byron {...} Válido salientar que seu roteiro, acredita-se, baseou-se na obra O Despertar da Primavera, de Frank Wedekind, cujo enredo é construído com jovens vivendo numa escola alemã no final do século XIX.

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COLHA O DIA COMO SE FOSSE UM FRUTO MADURO QUE AMANHÃ ESTARÁ PODRE. A VIDA NÃO PODE SER ECONOMIZADA PARA AMANHÃ. ACONTECE SEMPRE NO PRESENTE

POR LUANA CRISTINA ESTUDANTE DO CURSO DE DIREITO - UFRN

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Uma flor nasceu na rua! Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego. Uma flor ainda desbotada ilude a polícia, rompe o asfalto. Façam completo silêncio, paralisem os negócios, garanto que uma flor nasceu. Sua cor não se percebe. Suas pétalas não se abrem. Seu nome não está nos livros. É feia. Mas é realmente uma flor. Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde e lentamente passo a mão nessa forma insegura. Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se. Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico. É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio. - Carlos Drummond de Andrade, Antologia Poética.

Sempre que releio o poema “a Flor e náusea” de Drummond avisto-me naquela sala de aula. A lembrança é límpida e forte! Reescuto uma voz abraçando aquelas palavras e soltando-as, como quem liberta algo seu para o mundo. Naquele dia, segurei firme na ponta da carteira e não chorei por fora, mas dentro de mim sentia a pungência de um golpeio. Era o verbo se fazendo carne. Era essa força misteriosa, de densidade e pesos tão individuais, porém humanos, porém comum a todos, sendo sentida em um contexto novo, contexto de injustiças. E o cenário era uma escola pública, uma professora de Língua Portuguesa afinando vozes poesia.

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Faço lembrança, ainda, de uma outra professora, professora de História. E de um outro poema. “Tal qual dizia minha professora, é terrível a existência de duas retas paralelas porque elas nunca se cruzam e elas apenas se encontram no infinito.” Não consigo lembrar-me do motivo pelo qual minha professora destacou aquela página, uma noite antes, e iniciou a recitação de um poema de Matilde Campilho... Ela sorria e algo me dizia que havia naquelas palavras um significado que nos era oculto, seu. Significado, porém, que ela pretendia revelar. Lembro-me, também, - comovida e nostálgica - da pilha de livros e revistas que essa mesma professora levava todos os dias para a sala de aula. Já tinha certa idade. Estava muito próxima de deixar o ambiente escolar. Todas as manhãs, todavia, demostrava o mesmo amor e encanto pelo ofício de ensinar, de partejar-encorajar voos. Muito mais do que isso, ela se re-encantava com o conhecimento enquanto folheava aquelas páginas com cuidado, no ínterim de uma explicação ou outra. Alguns desses materiais chegou a me emprestar. “São tesouros”, dizia. “Tenha zelo”. – “terei”, respondia. Duas revistas me dera de presente no meu último ano.

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Na escola pública a injustiça, desassistência e apatia do Estado eram palpáveis, tangíveis. Mas lá aprendi uma lição que entrou para o meu coração e não mais saiu. Como dizia o meu querido Rubem Alves, há sistemas educacionais que são asas. Há sistemas educacionais que são gaiolas. Nas salas do curso de direito, por exemplo,

Um fenômeno que incide sobre todos os

há uma tendência de conversão da ciência

valores humanos, sobre a persecução da

humana-social, da potência libertária e

justiça, sobre as necessidades sociais,

emancipadora da linguagem jurídica, em

culturais, políticas. Eis o carpe diem do

mera técnica de aplicar-operar leis, em mero

direito.

instrumento para aquisição financeira. A emancipação financeira, obviamente, é uma

De uma maneira geral, notamos um

parte do caminho. Uma parte importante.

esvaziamento do sentido que deve

Mas, nessa verticalidade somente, perdemos

substanciar a formação estudantil-

uma grande (e bela) “paisagem do percurso”.

acadêmica, em que prega-se um sistema de

Percebamos que o direito opera sobre vidas.

ensino condenado a uma existência

Todos os dias lidamos com vidas humanas.

vertical, sem horizontes.

Pessoas que depositam suas dores, seus conflitos, suas expectativas, direitos que lhes são negados... Um socorro. No cerne do

Sociedade dos poetas mortos remete a uma

labor jurídico encontramos um dos maiores

vasta mensagem. Professores que passam...

instrumentais de dignificação da vida

preocupados em despertar o que há de

humana.

melhor em seus alunos, encorajá-los em seus voos e auxiliá-los no diálogo com a existência, nesse contínuo-constante “partejar” da vida. Lutemos, pois, pelo conhecimento que liberta! Por esse processo de aquisição em seu escopo humanizador, transformador, emancipatório, de autoconhecimento e consciência do outro [...], que alimenta nosso “olhar”, nosso “ser” para que vejamos/sintamos/sejamos melhor a vida. Lutemos por uma educação não subordinada às ambições materiais, ao método dos negócios e do capital, por uma educação que não enfileire, ou gradeie o conhecimento e, por conseguinte, seus conhecedores. [...]

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ESCOLAS QUE SÃO ASAS NÃO AMAM PÁSSAROS ENGAIOLADOS. O QUE ELAS AMAM SÃO OS PÁSSAROS EM VÔO. EXISTEM PARA DAR AOS PÁSSAROS CORAGEM PARA VOAR. ENSINAR O VÔO, ISSO ELAS NÃO PODEM FAZER, PORQUE O VÔO JÁ NASCE DENTRO DOS PÁSSAROS. O VÔO NÃO PODE SER ENSINADO. SÓ PODE SER ENCORAJADO.

– RUBEM ALVES, CRÔNICA “GAIOLAS E ASAS”. OPINIÃO/FOLHA DE S.PAULO, 5 DE DEZEMBRO DE 2001.

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CRÔNICAS DE UMA EQUIPE:

momento EnCine

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Na tarde do dia dois de maio, a exibição fílmica da película "Sociedade dos poetas mortos" concluiu o terceiro encontro do projeto de extensão (En)cine Direito. Além do professor Dimitre Soares, Láira Lianne, aluna da UFRN, e a professora Jaécia Brito, representante da comunidade, compuseram a mesa redonda. A discussão iniciou-se com a declamação do poema "Ó Capitão, meu Capitão...", referência do filme, proferido pela Prof. Jaécia Bezerra de Brito. Logo em seguida, as falas dos compositores da mesa versaram sobre a importância do sistema educacional enquanto instrumento de emancipação e desenvolvimentoflorescimento humano. Discutiu-se as nuances e problemáticas concernentes ao sistema de transmissão de conhecimento em todas as esperas. Assim percorrendo, o significado maior do filme, aquele que evoca o colher da beleza da vida, ficou por elementar a conclusão do proveitoso debate. Contribuições valiosas, dessa forma, foram fornecidas e mais conhecimento foi construído por meio da arte.

encinedireito.blogspot.com

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- FLORBELA ESPANCA -

S U G E S T Ã O D E F I L M E E L I V R O R E L A C I O N A D O S A O T E M A : "D I R E I T O E EDUCAÇÃO"

O Sorriso de Mona Lisa, 2003 Direção: Mike Newell

A arte de ensinar, 2007 editora: CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA Autor: Jay Parini

Escritores da Liberdade, 2007 Direção: Richard LaGravenese

A alegria de ensinar, 2000 editora: PAPIRUS Autor: Rubem Alves - 37 -


- FLOR: MIMOSA

Projeto de Extensão da UFRN (EN)CINE DIREITO Apresentou o filme "SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS" discutindo o tema "Direito e Educação"

WWW.ENCINEDIREITO.BLOGSPOT.COM.BR.PARAENTRAREM CONTATOCONOSCO,ENVIE-NOSUME-MAILPARAOENDEREÇO ENCINEDIREITO@OUTLOOK.COM ilustrações: https://br.pinterest.com/search/pins/? q=sociedade%20dos%20poetas%20mortos&rs=rs&eq=&etslf=1822&term_meta[]=sociedade%7Crecentsearch%7C0&term_meta[]=dos%7Crecentsearch%7C0&term_meta[]=poetas%7Crecentsearch%7C0&term_meta[]=mortos%7Crecen tsearch%7C0

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