Revista lubes em foco edicao02

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Ago/Set 2007 Ano I • nº 2 Publicação Bimestral R$ 10,00

A revista do negócio de lubrificantes

O Desafio das embalagens plásticas

O papel de cada um dos agentes no processo de reciclagem de embalagens plásticas.

Rerrefino: um enfoque ecológico

Estudos recentes mostraram que apenas um litro de óleo é capaz de contaminar um milhão de litros de água.



Editorial Há mais de 56 anos dedico-me à indústria do Petróleo, com um carinho muito grande pelo setor de “downstream”, no qual desenvolvi grande parte de minha carreira. Os lubrificantes, em especial, sempre me chamaram a atenção, pelo alto nível de tecnologia envolvida e pela alta especialização dos técnicos do setor. O desenvolvimento de uma nova categoria API, para óleos de motor, pode exigir investimentos de cerca de dois milhões de dólares e, por vezes, em dois ou três anos eles já estão obsoletos. Os ensaios de laboratório são cada vez mais sofisticados, com tecnologias de ponta em delicados aparelhos. Os lubrificantes acompanham o desenvolvimento econômico e social de um país, estando diretamente relacionados ao seu parque industrial e, principalmente, à indústria automobilística, que exige cada vez mais qualidade para seus equipamentos, tanto dos óleos básicos como dos aditivos. Os volumes envolvidos são muito menores que os de combustíveis, e nem sempre, estão nas manchetes, ou mesmo ocupam lugar de destaque nos principais relatórios financeiros das grandes empresas de petróleo. Entretanto, sua importância no custo de manutenção industrial e na vida útil dos equipamentos, empresta aos lubrificantes, o “status” de um produto sofisticado e imprescindível. Se nos permitíssemos uma comparação poética com o “glamour” de uma bebida, diríamos que o lubrificante se compararia a um licor, que deve ser servido em cálice de cristal, em pequena quantidade, e ser saboreado lentamente para seu melhor proveito. Como diretor e um dos fundadores do IBP, fiquei muito orgulhoso em podermos participar de uma revista como a LUBES EM FOCO, que consegue transmitir com clareza toda essa percepção que tenho desse setor. O sucesso do primeiro número nos mostrou que estamos no caminho certo, com os parceiros certos! No ano em que o IBP completa 50 anos de existência, quero fazer um brinde com todos os colaboradores, anunciantes, conselho editorial e leitores, usando o licor da amizade e lubrificando os caminhos do sucesso.

William Zattar Diretor do IBP

Publicado por: AGÊNCIA VIRTUAL LTDA. Rua da Glória 366 - sala 1101 CEP 20241-180 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Tel.: (5521) 2224-0625 e-mail: comercial@lubes.com.br Conselho Editorial Antonio Carlos Moésia de Carvalho Ernani Filgueiras de Carvalho Gustavo Eduardo Zamboni Pedro Nelson Abicalil Belmiro

Diretor de Arte Gustavo Eduardo Zamboni Capa Gustavo Eduardo Zamboni

Publicidade e Assinaturas Antonio Carlos Moésia de Carvalho (5521) 2224-0625 R 22 comercial@lubes.com.br

Revisão Angela Belmiro

Tiragem 4.000 exemplares

Layout e Editoração Agência Virtual Ltda. Nina Vecchi José Joaquim de Barros

E-mail dos leitores comercial@lubes.com.br

Diretor Comercial Antonio Carlos Moésia de Carvalho

Redatores Tatiana Fontenelle

Jornalista Responsável Marcia Lauriodo Zamboni - reg. 17118-78-45

Impressão SOL Gráfica

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Sumário 6 8 12 14 O2

Luz

Um litro de óleo contamina um milhão de litros de água, criando uma fina camada que cobre mil m², e bloqueia a passagem de ar e luz, impedindo a respiração e a fotossíntese

21 23 25 28 30 31

Lubes em Foco Lançamento reúne diversos players do mercado de lubrificantes. O Desafio das Embalagens Plásticas Todo óleo usado ou contaminado e suas embalagens, devem ser retornados a um posto de serviço ou de coleta autorizado. Novas Regras do Jogo A ANP revisa as regras do mercado de lubrificantes. Rerrefino: um Enfoque Ecológico Estudos recentes mostraram que apenas um litro de óleo é capaz de contaminar um milhão de litros de água. A Visão Holística da Lubrificação Biodiesel: Como se Adequar à Nova Realidade? Extrato Aromático Matéria-prima ou resíduo perigoso? Biodegradáveis no Compasso da Natureza Notícias Rápidas Programação de Eventos

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Lubes em Foco

A revi

sta do

Jun/J ul Ano I 2007 • Publi nº 1 ca Bimes ção R$ 10 tral ,00

negó

cio de

lubrifi

cantes

Lançamento reúne diversos players do mercado de lubrificantes

por Tatiana Fontenelle Areia

O mês de julho foi marcado pelo lançamento da revista Lubes em Foco, uma parceria entre o IBP - Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis e a Agência Virtual. Nomes importantes do mercado de Lubrificantes, tais

Conselho Editorial: Pedro Belmiro (esquerda), Ernani, Moésia e Zamboni.

Abertura do evento por João Carlos De Luca (direita), Presidente do IBP

Diretoria do IBP: William Zattar (direita), Álvaro Teixeira e José Luiz Orlandi

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como o Presidente do IBP, João Carlos de Luca, a Superintendente de Qualidade da ANP, Maria Antonieta Andrade de Souza, foram presenças garantidas no evento. O encontro, que teve um coquetel em comemoração a 1ª edição, também contou com a participação da assessora Tatiana Petricorena, representando o Superintendente de Abastecimento da ANP, Roberto Ardenghy e de Marcelo Mafra, substituindo o Superintendente de Fiscalização da ANP, Jefferson Paranhos. João Carlos de Luca elogiou a iniciativa, considerando a revista uma resposta às necessidades do mercado e agradeceu a colaboração de todos os envolvidos. “Essa revista é um marco e me senti honrada por ter feito parte desta 1ª edição” – declarou Maria Antonieta. Para Gustavo Zamboni, dono da Agência Virtual, esta revista vem com a proposta de ser uma publicação isenta e fonte de referência para todos os agentes desse mercado: “Ao idealizar essa publicação juntamente com meu sócio e diretor comercial da revista, Antonio Carlos Moésia, vimos o IBP como o parceiro certo para a realização desse sonho, o que se confirmou com o empenho do secretário-geral Álvaro Teixeira e o apoio da diretoria.” O coordenador da Comissão de Lubrificantes e Lubrificação do IBP, Pedro Belmiro, declarou que a Comissão vem sonhando

Pesqu s dos is d desert as mostram eserto os so bre os o impact s à esp o da r equipa Prog mento s tempest eita ad s nas r a Qua ma de Amér es de arei icas. a dos Mon Progr lidade it ama la d nçado e Lub orame nto d rif pela A NP ap icant a e resent a os pr s imeiro s resu ltados.

com uma publicação especializada há bastante tempo, e que a parceria com a Virtual tornou-se um “casamento perfeito”. Junto com o evento, foi realizado um painel com o tema: “Lubrificantes, um mercado em transformação”. Foram debatidos assuntos importantes, como a Revisão das Portarias 125, 126, 127 e 128. Segundo a Assessora, Tatiana Petricorena, algumas novidades deverão ser introduzidas com o objetivo de separar as regras para a produção e importação de óleos lubrificantes: “As exigências irão aumentar para a entrada de novos agentes no mercado. A idéia da ANP é a política de inclusão, mas que tenhamos um ambiente bom para todos.” Já Marcelo Mafra, representando Jefferson Paranhos, priorizou a questão da ação em campo no mercado de Lubrificantes: “É necessário ter um grupo preparado para estar em campo. Para isso montamos uma equipe multidisciplinar, que tem como atribuição a fiscalização, verificando se as instalações estão atendendo às normas, se de fato está com autorização regularizada, se aquilo que o indivíduo compra é realmente o que estão oferecendo. O mais importante é que essa filosofia veio para ficar, não só em relação aos Lubrificantes, mas a qualquer outro segmento regulado pela ANP”.



O desafio das embalagens plásticas por Eduardo Freitas

PRODUTO E EMBALAGEM RECICLÁVEIS: Todo óleo usado ou contaminado deve ser retornado a um posto de serviço ou ponto de coleta autorizado.

E

sta orientação, presente em todas as embalagens de lubrificantes, gerou ações diferentes em relação a cada um dos resíduos citados: o óleo usado e as embalagens.

• Cedo foi percebido o alto valor econômico do óleo usado, o que propiciou o desenvolvimento de uma indústria forte que se estruturou para reciclá-lo através do rerrefino, abrangendo desde a coleta até a comercialização do óleo básico rerrefinado. Hoje, o óleo rerrefinado representa mais de 15% do óleo básico utilizado no mercado brasileiro, e espera-se que esse percentual continue crescendo em ritmo maior que o do mercado. • As embalagens metálicas e de papelão, da mesma forma, possuem historicamente altos índices de reciclagem, propiciados, talvez, pela facilidade com que se reintegram ao processo produtivo sem 8


necessidade de tratamento dife-

pequenas quantidades de em-

renciado de maior complexidade.

balagens aos postos de serviços pelos consumidores, assim como

• Já as embalagens plásticas

a definição do limite para essas

custaram a ter seu valor percebido,

quantidades, sob pena de se inibir

em parte pela necessidade de es-

a devolução delas, que irão parar

truturar um processo independente

no lixo doméstico misturadas à in-

para sua reciclagem, mas também pelo relativo pouco tempo em que

finidade de embalagens plásticas Engenheiro Eduardo Freitas

o plástico passou a fazer parte, de

“semelhantes” que geramos diariamente em grande quantidade

praticamente todas as atividades

deia de comercialização de lubrifi-

da vida moderna.

cantes, envolvendo fornecedores,

em nossas residências.

Hoje o maior entrave à recicla-

produtores e revendedores, em

gem dessas embalagens, é o seu

parceria com os órgãos governa-

processo de coleta e separação.

mentais, principalmente da área

Realizar a troca de óleo sem-

Poucas empresas, públicas ou pri-

de meio ambiente, precisarão am-

pre no ponto de venda eliminaria o

vadas, responsáveis pelo recolhi-

pliar os esforços de orientação ao

problema de o consumidor ter que

mento dos resíduos sólidos ou lixo

consumidor, pessoa jurídica (in-

separar e devolver a embalagem e

urbano, praticam a coleta seletiva

dústrias, empresas de transportes,

o óleo usados, mas isso nem sem-

ou mesmo a triagem de recicláveis

etc.) para que este destine essas

pre é possível embora deva ser in-

pós-coleta, destinando todos os

embalagens a empresas licencia-

centivado.

resíduos coletados a aterros sani-

das para a reciclagem. No caso

Nos casos em que o consumi-

tários controlados ou, em sua maio-

do consumidor, pessoa física, que

dor precise levar o óleo para aplica-

ria, a lixões não estruturados. Essa

compra um litro de óleo para com-

ções remotas, como, por exemplo,

triagem certamente geraria impor-

pletar o nível ou mesmo trocar o

o caminhoneiro que precisa com-

tante receita com a comercializa-

óleo em casa, deverá também ser

pletar o nível do óleo ao longo da

ção dos materiais recicláveis.

orientado para que retorne, tanto

viagem ou o fazendeiro que utiliza

A reciclagem de plásticos no

com a embalagem quanto com o

o óleo em seu trator na lavoura, o

Brasil, alcançou em 2006, o pa-

óleo usado, para qualquer um dos

revendedor precisaria estar prepa-

tamar de 20% sobre o total das

pontos de coleta, estabelecimento

rado para receber de volta o óleo

embalagens plásticas usadas pe-

comercial ou posto de serviço, co-

usado e as embalagens vazias. É

la indústria, segundo dados da

mo descrito na embalagem, evitan-

Plastivida - Instituto Sócio Ambiental

do descartá-lo juntamente com o

dos Plásticos, que se propõe a in-

lixo doméstico.

centivar a reciclagem, monitorando

Nesse ponto surge um impas-

o setor e gerando informações pa-

se que precisa ser equacionado

ra orientar a atuação de todos os

pela regulamentação. A embala-

agentes envolvidos.

gem usada tende a ser considera-

O papel do revendedor

da um resíduo perigoso, o que imO papel do consumidor

põe restrições ao seu transporte, envolvendo toda uma legislação

Com o objetivo de contribuir

específica. É preciso ficar clara

para melhorar esses índices, a ca-

a possibilidade de devolução de

Despejo irregular de embalagens plásticas usadas em córrego

9


Processo de Reciclagem

Resíduos

Embalagem usada

Triturar e Lavar

Matéria-Prima Reciclada + resíduos Matéria-Prima Reciclada

importante lembrar que as embalagens deverão ser

Embalagens recicladas

O papel dos produtores

transportadas sempre fechadas, para evitar o escoamento das sobras de óleo retidas nas paredes.

Localizar empresas licenciadas pelos órgãos am-

Estar preparado significa armazenar esses resí-

bientais para o recebimento e reciclagem das emba-

duos temporariamente de forma adequada até a des-

lagens plásticas e estruturar parcerias com elas, têm

tinação final para uma empresa licenciada pelo órgão

sido o desafio maior dos produtores de óleos lubrifi-

ambiental de cada estado.

cantes. Como visto anteriormente, esta é uma indústria

A forma adequada de armazenagem temporária desses resíduos considerados perigosos, está previs-

incipiente e muitas vezes ainda trabalhando no lado informal da economia.

ta na Norma Brasileira NBR-12235 da ABNT, que prevê

Fomentar sua estruturação, investindo na capaci-

a utilização, para pequenas quantidades, de um tam-

tação e organização dessas empresas, permitirá que

bor localizado sobre piso concretado e com uma bacia

as mesmas atendam à demanda crescente pela desti-

de contenção proporcional.

nação adequada dessas embalagens.

Essa instalação atenderia a um posto de servi-

É o caso do projeto realizado no Rio Grande do

ço típico que realizasse, por exemplo, cinco trocas de

Sul, onde, devido à inexistência de uma empresa licen-

óleo por dia ou 150 trocas em um mês. Essa opera-

ciada, foi necessário identificar um parceiro que se dis-

ção poderia gerar 450 embalagens vazias de 1 litro.

pusesse a criar uma nova empresa, partindo do zero,

Considerando que cada embalagem vazia e tampada

que hoje recebe cerca de 50 mil quilos de embalagens

pesa cerca de 65 gramas, precisamos de 15 embala-

usadas por mês, entregues por aproximadamente 2.500

gens para acumular aproximadamente 1 quilo. Assim

revendedores.

sendo, este posto de serviço típico, geraria por mês cerca de 30 kg de embalagens plásticas usadas.

Para enfrentar na prática esse grande desafio, o Sindicom criou em 2003, no Rio de Janeiro, o Programa

Esta seria a quantidade a ser destinada pelo re-

Jogue Limpo e iniciou uma parceria com a Riocoop, uma

vendedor a empresas licenciadas pelos órgãos de

cooperativa da cidade do Rio, e a antiga Metalúrgica

meio ambiente, juntamente com os demais resíduos

Barra do Piraí, hoje Mauser. A Riocoop recebe de cerca

gerados no seu ponto de venda, de forma a manter

de 600 revendedores as embalagens plásticas, prensa-

válida sua licença de operação.

as, separando o óleo lubrificante, que é enviado para o

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rerrefino, e as acondiciona em fardos enviados para a

ram legislações genéricas (para todas as embalagens)

Mauser, que recicla o plástico e o reutiliza nas próprias

ou abrangentes em excesso (resíduos de uma forma

embalagens de lubrificantes.

geral) conseguiram priorizar alguns segmentos da in-

Em 2005, esse programa foi estendido para o Rio Grande do Sul, em parceria com a MB Engenharia, e

dústria e, dessa forma, acelerar o processo de implantação de coletas seletivas e reciclagem de materiais.

atualmente, 2500 revendedores entregam suas embala-

Seja através de câmaras ambientais setoriais ou legis-

gens, gerando cerca de 50 toneladas por mês, que tam-

lação específica definindo claramente as responsabilidades

bém são encaminhadas para a reciclagem na Mauser.

de cada agente, a priorização gera o envolvimento de todos

Para 2007, está sendo planejada a implantação do pro-

os agentes, comprometendo-os com o sucesso da implan-

grama no estado do Paraná.

tação, facilitando o controle dos resultados e da fiscalização e, permitindo, inclusive a revisão das normas e instrumentos

O papel dos fornecedores de embalagens

legais que possibilitam o aperfeiçoamento e a evolução dos programas, como está acontecendo no estado do Rio de

À medida que cresce o percentual de embala-

Janeiro. Nesse estado a revisão do Decreto-Lei n° 40.880

gens usadas coletadas, acelera-se também a utiliza-

de 3 de agosto de 2007 (que alterou o Decreto-Lei n° 31.819

ção de matéria-prima reciclada na produção de no-

de 9 de setembro de 2002, que regulamentou a Lei n° 3.369

vas embalagens de óleo lubrificante. Estima-se que

de 7 de janeiro de 2000) permitirá superar alguns gargalos

cada nova emba-

e, certamente propi-

lagem de óleo pro-

ciará o aumento dos

duzida atualmente,

volumes reciclados.

utiliza 20% de plás-

À medida que

tico reciclado.

esses papéis forem

Aperfeiçoar os processos

ficando mais claros

tecno-

e consensados nos

lógicos de recicla-

fóruns que têm sido

gem,

aumentando

criados pelos órgãos

a qualidade do ma-

estaduais de meio

terial reciclado e,

ambiente, mais ra-

conseqüentemente,

pidamente essa ati-

ampliando a gama

vidade tende a atrair

de aplicações pos-

o interesse de mais

síveis, tem sido o

empresas que terão

papel dos fornece-

uma demanda asse-

dores de embala-

gurada para realizar

gem,

os investimentos ne-

incentivados

pelos produtores de óleo lubrificante.

cessários à adequa-

Programa de Reciclagem do SINDICOM

ção dessa atividade

Esse envolvimento no processo, tem leva-

aos requisitos técnicos e legais exigidos. Ampliando,

do inclusive os principais fornecedores a inves-

dessa forma, os volumes reciclados e contribuindo pa-

tir em unidades próprias de reciclagem, como forma

ra uma melhor utilização desses recursos derivados

de acelerar o processo de desenvolvimento tecnoló-

do petróleo, que gradativamente se tornarão mais es-

gico e garantir a qualidade.

cassos e caros.

O papel dos órgãos governamentais Os órgãos estaduais de meio ambiente que evita-

Eduardo Freitas é Engenheiro Mecânico e Gerente do Departamento Comercial de Lubrificantes da Ipiranga.

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Novas Regras do Jogo A ANP revisa as regras do mercado de lubrificantes por Tatiana Fontenelle

A regulação do mercado brasileiro de lubrificantes é um processo bastante dinâmico, que necessita de conhecimento técnico e atualização periódica para acompanhar a evolução das atividades. A ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis, atenta a essa necessidade, se prepara para a publicação de 5 novos atos normativos, que não apenas fazem uma revisão das portarias do setor, mas também introduzem novos aspectos para avaliação dos agentes econômicos envolvidos. Em entrevista à Lubes em Foco, o Superintendente de Abastecimento da ANP, Roberto Furian Ardenghy, explica a posição da agência com relação a essas novas resoluções e os motivos que levaram a essa revisão de regulamentação. Lubes em Foco - A Superintendência de Abastecimento está efetuando uma grande revisão das portarias da ANP relativas ao setor de lubrificantes. O Sr. poderia nos dizer quais são essas portarias e a que

se referem? Roberto Ardenghy - O arcabouço legal do setor de lubrificantes contempla as Portarias ANP nº 125 a 130 de 1999 e a Resolução ANP nº 10 de 2007. A Superintendência de Abastecimento está revisando as Portarias ANP nº 125 a 128 de 1999 que tratam da autorização de produtores e importadores de óleo lubrificante acabado, bem como da autorização de coletores e rerrefinadores de óleo lubrificante usado ou contaminado. Lubes em Foco - A ANP  já indicou, em algumas ocasiões, que uma das formas de se regular o mercado de lubrificantes é restringir a entrada de novos agentes. Isso será atingido com essa revisão? Que pontos serão restringidos? Roberto Ardenghy - Uma revisão da regulamentação de um determinado setor sempre é necessária quando percebemos que a regulamentação em vigor não retrata a realidade do mercado. No caso da revisão das portarias de lubrificantes, houve um amadurecimento   não só do setor como da própria ANP como órgão regulador ao longo desses últimos oito anos. O objetivo principal dessa revisão é aprimorarmos os mecanismos de controle estabelecidos em 1999, através da criação de novos critérios diferentes dos implementados na época. É importante ressaltar que não pretendemos restringir a entrada de novos agentes no mercado e sim promover  um ambiente concorrencial saudável. Lubes em Foco - O que levou a ANP


a promover uma revisão tão abrangente nesse momento? Roberto Ardenghy - Não se trata de promover uma revisão tão abrangente, a questão da revisão  de todas as portarias em um só momento envolve a forma como foram elaboradas e a estrutura criada em 1999. O objetivo é conservar essa estrutura melhorando-a sob alguns aspectos.

balho como esse, que envolve várias áreas de ação, como técnica, comercial, operacional, financeira etc. Roberto Ardenghy - Trabalhamos sempre de modo integrado, seja com as demais Superintendências, seja com a área jurídica. Também realizamos várias consultas ao mercado para analisar com os agentes a necessidade e as características das Resoluções que estejam em discussão.

Lubes em Foco - Quais as mudanças mais significativas que o mercado encontrará nessa reLubes em Foco - Quais as etavisão? Alguma nova resolução pas do processo de revisão e será implantada? publicação de uma resolução Roberto Ardenghy - A ANP preda ANP? tende publicar 5 atos normatiRoberto Ardenghy - A elaboRoberto Furian Ardenghy, o Superintendente de Abastecimento da ANP, vos. As atividades de produção, ração de uma proposta de reviimportação, coleta e rerrefino serão tratadas em re- são de regulamentação envolve uma série de etapas. soluções distintas e a concessão de autorização se- Inicialmente detectamos a necessidade de revisão na rá analisada mediante aspectos de ordem jurídica e nossa rotina de trabalho observando as necessidades econômico–financeira. Ademais, o projeto da empre- do mercado. Em seguida nos reunimos com os  agentes sa será avaliado e suas instalações vistoriadas. regulados para discutir sobre as possíveis propostas de alteração. Uma vez realizada esta etapa, a equipe Lubes em Foco - O mercado brasileiro de lubrificantes técnica elabora uma proposta de alteração da regulaainda sofre hoje com certa dificuldade de consolidação mentação, o texto então é  submetido à Procuradoria de números de produção, importação, venda por tipo Geral da ANP, à Diretoria Colegiada, e, se aprovado, de óleo, coleta, óleos básicos etc. A ANP recebe dos segue para Consulta e Audiência Pública, onde todos agentes todas as informações necessárias?  Existe os interessados se manifestam. A ANP avalia as novas alguma intenção em divulgar os dados de mercado sugestões, volta a submeter as novas alterações à em seu site na Internet? Procuradoria Geral da ANP e à Diretoria Colegiada. Roberto Ardenghy - A consolidação dos dados do Após a aprovação a nova regulamentação é publicada mercado de lubrificantes tem se mostrado um trabalho no Diário Oficial da União. árduo, pois, de forma distinta dos demais derivados de petróleo, o lubrificante é utilizado em diversas aplica- Lubes em Foco - Que outras considerações o Sr. gostações. A fim de atendermos a esse propósito será im- ria de fazer para complementar esse assunto? plantado um novo mecanismo para tratamento, envio Roberto Ardenghy - Gostaria de agradecer o inestie controle dos dados dos óleos básicos. Atualmente mável apoio das entidades representativas do setor na apenas os dados do óleo lubrificante acabado, do óleo discussão deste novo marco regulatório. Elas  têm sido básico rerrefinado e do óleo lubrificante usado ou con- parceiras valiosas nesse importante trabalho. Finalmente, taminado são encaminhados à ANP Quando os dados uma palavra de apoio ao empresário que desenvolve estiverem consolidados e fidedignos, providenciare- suas atividades nesse setor e nossa esperança que este mos sua disponibilização na internet. trabalho que estamos desenvolvendo em parceria  traga estabilidade e regras claras para as atividades comerLubes em Foco - De que forma a ANP realiza um tra- ciais de todos os agentes. 13


Rerrefino: um Enfoque Ecológico por Tatiana Fontenelle

Estudos recentes mostraram que apenas um litro de óleo é capaz de contaminar um milhão de litros de água

O

que se chama popu- minado (OLUC)” e deve seguir o dora de 40.000 habitantes. Apenas larmente de “óleo quei- mesmo direcionamento. um litro de óleo é capaz de contamado”, que muitos não Para se ter uma idéia, embora minar um milhão de litros de água, se preocupam como o óleo lubrificante represente uma formando, em poucos dias, uma e onde descartar, ou até mesmo porcentagem ínfima do lixo total, o fina camada sobre uma superfície aproveitam para de 1.000 m², o utilizar em outras que bloqueia a Carga poluidora da população de aplicações, é na passagem de ar Campos do Jordão (SP) verdade, um ree luz, impedin49.512 habitantes síduo perigoso, do a respiração tóxico e altamene a fotossíntese. 1 tonelada de óleo despejada em um corpo de água te poluidor. Para De acordo com efeito de legislainformações do ção, não apenas SINDIRREFINO o óleo de motor, (Sindicado Naciomas todo óleo nal da Indústria lubrificante utilizado em máquinas impacto ambiental de uma tonelada do Rerrefino de Óleos Minerais), o industriais também se enquadra na de óleo despejado em corpos de óleo usado ou contaminado é rescategoria de “óleo usado ou conta- água é equivalente à carga polui- ponsável por 10% da contamina-

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O2

Luz

Um litro de óleo contamina um milhão de litros de água, criando uma fina camada que cobre mil m², e bloqueia a passagem de ar e luz, impedindo a respiração e a fotossíntese

ção dos oceanos. Dez litros, se queimados, liberariam não afete negativamente o meio ambiente e propicie a 20g de metais pesados, como chumbo, cádmio, cro- máxima recuperação dos constituintes nele contidos, mo, mercúrio e níquel, potencialmente cancerígenos. na forma prevista nesta Resolução”. Dessa forma, o rerrefino passou a ser o destino Esses contaminantes são proDe acordo com a nova portaria do venientes do desgaste do motor governo, o percentual de coleta exigido mais apropriado para os óleos (limalhas), aditivos e borras que usados, e também é definido no Brasil até 2011 deverá atingir pela resolução 362, como uma se formam devido às altas temuma média de 35,9% do peraturas de trabalho, em con“categoria de processos industotal de óleo comercializado dições oxidantes. triais de remoção de contamiDiante dessas constatações, é essencial o com- nantes, produtos de degradação e aditivos dos óleos bate ao desperdício, prolongando a vida do lubrificante lubrificantes usados ou contaminados, conferindo a em uso e preservando assim o meio ambiente, lembran- eles características de óleos básicos, conforme legisdo que as conseqüências globais da não-reciclagem lação específica”. desses óleos são desastrosas. De acordo com o Art. 1 da Resolução 362 do Crime Ambiental CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que Os crimes ambientais são um exemplo de ato ilícito substituiu a portaria 09/93 do mesmo órgão, “Todo óleo lubrificante usado ou contaminado deverá ser re- que gera a responsabilização penal e também a civil, concolhido, coletado e ter destinação final, de modo que forme previsto na Lei de Crimes Ambientais nº 9.605/98.

15


Participação de Mercado

de 10/15 m³, são empregados 85 veículos e 40 carretas com capacidade de 30/35 m³ para transferência do óleo coletado dos postos avançados até as unidades de pro-

51% 8% 7% 4%

5%

5% 6%

7%

7%

Lubrasil Lwart Prolub Tasa Ind. Petroquímica do Sul Fênix Petrolub Proluminas Outras

cessamento”. Vale lembrar que nem todo óleo pode ser coletado após o uso. De acordo com o artigo 10 da resolução 362 do Conama, são dispensados de coleta, e por tanto, não integram a base de cálculo da quantidade de óleo a ser coletada, os lubrificantes destinados às seguintes aplicações: pulverização agrícola, correntes de

A legislação ambiental nacional, adotou a res-

moto-serra, industriais que integram o produto final, es-

ponsabilidade civil objetiva, de modo que não se exi-

tampagem, motores de dois tempos, sistemas selados,

ge culpa para fixação da responsabilidade, bastando

que não exijam troca ou que impliquem em perda total

que haja um nexo de causalidade entre o ato e o re-

do óleo, solúveis, fabricados a base de asfalto, des-

sultado danoso. Significa, que qualquer empresa que

tinados à exportação e todo óleo básico ou acabado

descartar óleo usado no meio ambiente, mesmo que

comercializado entre empresas produtoras ou importa-

sem culpa, será responsável pela reparação do dano,

doras devidamente autorizadas pela ANP.

sujeita à sanção administrativa, mediante pagamento

Conforme o último levantamento efetuado pela

de multa, podendo sofrer uma ação penal movimenta-

ANP e o Sindirrefino (2005), o volume total coletado está

da pelo Ministério Público.

na casa de 33,47%, e ainda existe uma expectativa de que esse percentual venha a ser elevado para 35,0%,

Coleta: O Ponto Crítico

porquanto a legislação já prevê o incremento da atividade industrial.

A coleta do óleo usado ou contaminado, é de res-

Entretanto, segundo Walter Françolin, ainda exis-

ponsabilidade do produtor/ importador, que é obrigado

te defasagem de coleta nas regiões Norte e Nordeste,

a ter um contrato com um coletor, autorizado pela ANP

onde o percentual alcançado está em torno de 20,0%.

para essa atividade. O percentual de coleta exigido ho-

Contudo, em algumas regiões, como o Sudeste, a coleta

je, no Brasil, é de 30% do total de óleo comercializado,

já superou a marca de 40,0% do volume comercializado.

com exceção para a cidade de São Paulo que, por for-

Nos últimos anos, a evolução da coleta apresenta

ça da lei municipal n° 14.040 de 27 de julho de 2005,

o seguinte gráfico:

estabelece o percentual mínimo de coleta em 50%, o que já é objeto de estudo em outras cidades do país. Como a legislação ambiental prevê que todo óleo lubrificante usado deva ser recolhido e coletado, é necessário que a atividade de coleta seja estendida a todos os municípios do Brasil. Apesar dessa eficiência ainda não ter sido alcançada, o setor de coleta está hoje cobrindo 4.300 municípios e todas as capitais dos Estados. Segundo o secretário executivo do

%

Sindirrefino, Walter Françolin, “para alcançar essa marca, o setor conta com 29 centros de coleta avançados sendo 02 na Região Norte, 03 na Região Nordeste, 06 na Região Centro-Oeste, 10 na Região Sudeste e 08 na Região Sul. São empregados para a coleta num raio de 250 km, 470 veículos com capacidade de até 5 m³. Para coleta em rota determinada, efetuada por veículos 16

Anos


24

25


O quadro a seguir aponta esses números no pe-

A Qualidade do Óleo Rerrefinado

ríodo 2003/ 2005, bem como a meta mínima de coleta para cada um desses anos e o volume efetivamente coletado.

As especificações técnicas para o óleo básico de primeiro refino, nacional ou importado, estão fixadas no Regulamento Técnico 004/99 anexo à Portaria ANP nº

Volumes m³

2003

2004

2005

129/99. Enquanto isso, o Regulamento Técnico 005/99

Comercializado

937.989

1.134.756

1.014.356

anexo à Portaria ANP nº 130/99 fixa as características

Dispensado de Coleta

213.942

266.889

202.896

Base de Cálculo

724.047

867.867

811.460

Coleta Total Realizada

239.286

278.458

271.236 FONTE ANP

para as diversas espécies de óleo básico rerrefinado, produzido no país. Na grande maioria das aplicações, não há qualquer restrição ao uso de básicos rerrefinados. Entretanto, a fabricação de óleos automotivos com

Ainda segundo o Sindirrefino, o Brasil está na van-

registro de marca no API (Instituto Americano de

guarda da América Latina quanto à legislação sobre a

Petróleo) precisa utilizar básicos da mesma procedên-

coleta e o destino dos óleos lubrificantes usados. Nos

cia do referido registro. As empresas produtoras de

países desenvolvidos, a venda de lubrificantes em su-

lubrificantes normalmente segregam em seus tanques

permercados e a troca de óleo em domicílio são muito

de armazenagem os básicos chamados de primeiro

difundidas, exigindo que sejam criados programas de

refino para utilização em aplicações específicas.

coleta de óleos usados voltados para o consumidor.

O engenheiro químico Manoel Honorato, da em-

A Europa e os EUA recolhem 35% do seu óleo em re-

presa Ingrax Lubrificantes, comenta que “também de-

lação ao consumo geral, e estima-se que, em todo o

veríamos estender algumas especificações comple-

mundo anualmente, 40/50% do lubrificante comercia-

mentares aos rerrefinados, conforme os óleos básicos

lizado resultam em resíduo pós-consumo e têm condi-

de primeiro refino. Com isso os formuladores poderiam

ções de serem reaproveitados.

ampliar ainda mais a utilização desses básicos”.

Walter Françolin explica que os dados relativos

Aparentemente, ainda existe alguma falta de en-

ao ano de 2005 revelam que a coleta nesse ano foi de

tendimento do mercado consumidor quanto à qua-

271 milhões de litros, em torno, portanto, de 33,37%

lidade dos básicos rerrefinados, provavelmente por

sobre a base de cálculo do volume de óleo passível

desconhecimento técnico do assunto. O engenheiro

de coleta. Contudo, o diferencial aproximado de 100

Honorato lembra que temos exemplos de empresas

milhões de litros/ ano tem ainda destino incerto e de

que, sem qualquer base técnica, fazem restrições ex-

algum modo pode estar comprometendo a qualidade

plícitas quanto ao uso desses básicos, inclusive órgãos

do meio ambiente.

de governo que colocam essas restrições em editais

Para os próximos anos, os ministérios de Minas e

de suas licitações. “Penso que devemos ampliar tecni-

Energia e Meio Ambiente, em ato conjunto, publicaram,

camente a questão de análises, conforme já iniciamos

em 30 de agosto de 2007, a Portaria Interministerial n°

na Comissão de Lubrificantes e Lubrificação do IBP,

464, fixando novos percentuais de coleta por região

que é um fórum eminentemente técnico com represen-

geográfica, conforme tabela abaixo:

tantes de praticamente todos os agentes do mercado de lubrificantes”, complementa Manoel Honorato.

Ano

18

Regiões Nordeste

Brasil

Com relação à viscosidade do óleo produzido na indústria do rerrefino, esta depende da natureza

Norte Centro-Oeste Sudeste

Sul

2008

19%

17%

27%

33,4%

do óleo usado que ingressou na indústria. De acor-

2009

21%

20%

29%

42% 42%

33% 34%

34,2%

do com informações das empresas rerrefinadoras, os

2010

23%

23%

31%

42%

35%

35%

25%

24%

31%

42%

35%

35,9%

óleos lubrificantes automotivos representam 55/60%

2011

do consumo de óleo lubrificante do país, e entre esses


Dê ao óleo lubrificante usado o destino previsto em lei Cumpra a Resolução

CONAMA 362/2005

SINDIRREFINO SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DO RERREFINO DE ÓLEOS MINERAIS Avenida Paulista, 1313 • 8º andar • conj. 811 • FIESP • CEP 01311-923 • São Paulo • SP Fone/Fax (0xx11) 3285-5498 www.sindirrefino.org.br 27


Volume óleo reciclado x Volume total comercializado 1200 1100 1000 900

mil m³

800 700 600 500 400 300 200 100 0 91

92

93

00

01

02

03

04

05

Ano

ainda predomina o consumo de óleo monograu, ou se-

Segundo um estudo recente entregue ao ministé-

ja, óleo lubrificante acabado, formulado principalmente

rio de Minas e Energia, a capacidade de rerrefino ho-

com óleo básico Neutro Pesado. Como o óleo básico

je instalada no Brasil é da ordem de 335.000 m³/ano,

rerrefinado é o resultado do óleo usado que ingressa

estando já em fase de implantação, a ser concluída

no sistema, a maioria dos rerrefinadores produz o óleo

em março de 2008, o aumento da capacidade de pro-

básico rerrefinado contra-tipo do óleo básico Neutro

cessamento em mais 26.500 m³/ano, o que elevará a

Pesado de primeiro refino.

capacidade total para 361.500 m³/ano.

Contudo, já se percebe um nítido avanço no con-

Quanto à questão de possíveis resíduos gerados

sumo de óleos multigrau, formulados com óleo Neutro

pela atividade, Walter Françolin explica: “As empresas

Leve/Médio e Neutro Pesado/Bright Stock, cuja for-

rerrefinadoras filiadas ao Sindirrefino possuem tecno-

mulação tem influência direta no tipo de óleo básico

logia avançada e o outrora resíduo borra ácida, gera-

rerrefinado que será obtido a partir do óleo usado ge-

do na atividade, deixou de ser problema, pois todas

rado pelo consumo dos óleos multigrau.

adotam o princípio de geração mínima de resíduo, sendo que, atualmente, o resíduo da atividade está

A Indústria A indústria do Rerrefino tem se preparado para atender às necessidades do mercado. A maioria dos OLUCs já é reciclável via processo de rerrefino, porém

sendo encaminhado para co-processamento em fornos de cimento”. Parque de rerrefino localizado no eixo Sul-Sudeste

alguns sintéticos, principalmente à base de ésteres, dificultam algumas fases do processo e reduzem o percentual de rendimento. As graxas lubrificantes não são recicláveis através do processo de rerrefino. Estão filiadas ao Sindirrefino onze empresas de Rerrefino, sendo duas em MG, uma no RJ, uma no RS,

2 unidades

seis em SP e uma na BA. As empresas filiadas ao Sindirrefino são responsá-

2 unidades

veis por 95% de todo o óleo usado coletado. Oferecem mais ou menos 1.500 empregos diretos, praticamente 70% na coleta, já que a atividade de rerrefino detém

1 unidade 8 unidades 1 unidade

uma excelente tecnologia, com emprego de pouca mão-de-obra. 20

2 unidades


A Visão Holística da Lubrificação por Pedro Nelson Belmiro

Os estudos científicos mais recentes sobre nosso planeta mostram que, em alguns anos mais, a Terra poderá entrar em colapso por falta de energia, matéria-prima, água pura, terra para plantio etc. A menos que haja uma mudança radical de hábitos, todo o planeta estará sendo levado a condições extremas de vida e de seus recursos naturais. Acredita-se, portanto, que a tendência de itens consumíveis de curto prazo deverá mudar, afetando consideravelmente a visão industrial. A reciclagem de materiais e a utilização de energia renovável, já são realidades e respostas importantes às necessidades urgentes da humanidade. No universo industrial, reparar os equipamentos ou ampliar sua vida útil gasta muito menos recursos do planeta do que a simples substituição

por novos, além das vantagens econômicas que os procedimentos de reparacão representam para as empresas. Nos últimos anos, o serviço de Manutenção tem experimentado uma evolução bastante significativa em suas estratégias e tende a ocupar uma posição de maior destaque do que a atual na vida de uma empresa. A Lubrificação, inserida como item fundamental nesse contexto, crescerá conseqüentemente de importância, estendendo os períodos de troca e a vida do equipamento. A Visão Holística (do grego Holos = Todo) da Lubrificação, como o próprio nome já indica, deve considerar todos os aspectos diretos e indiretos relacionados com sua atividade: da extração do petróleo e obtenção de matéria-prima ao descarte do produto usado; de sua in-

fluência na produtividade industrial até sua contribuição no faturamento da empresa. Cada etapa de cada processo precisa ser observada sob a ótica de um desenvolvimento sustentável, e suas interações devem produzir um resultado final coerente com as necessidades globais. As evoluções tecnológicas, trazendo novos produtos e processos, bem como as alterações e adequações de mercados a um novo contexto globalizado, só estarão sintonizadas com as necessidades de sustentação do planeta, quando as pessoas que lidam diretamente com a tecnologia, em todos os setores, também estiverem, como seres humanos, conscientizados de sua importância como agentes transformadores e preparados para as mudanças que estão chegando.


Lançamento

Tecnologia de aditivos para Biodiesel

Maximize oportunidades em Biodiesel com os novos aditivos de alta performance da Lubrizol O uso de Biodiesel está crescendo rapidamente devido às suas vantagens ambientais. Entretanto, o Biodiesel tem duas importantes limitações causadas por sua composição biológica. A primeira é a sua degradação, primariamente devida à oxidação e hidrólise, que pode diminuir o tempo de estocagem e tornar o combustível instável. A segunda é a sua performance em baixas temperaturas, que causa o “congelamento” ou solidificação do combustível à temperaturas mais altas do que o diesel normal. A Lubrizol desenvolveu dois tipos de aditivos altamente efetivos que atendem estas duas necessidades.

B100 Antioxidante/Estabilizador

Lubrizol 8417U é formulado especificamente para promover a estabilidade do biodiesel puro (B100) produzido a partir de diferentes matérias primas. O uso de Lubrizol 8417U proporciona aos produtores e distribuidores de B100 meios para controlar a estabilidade do produto após a fase de produção na planta. Para os consumidores finais este aditivo pode estender o tempo de estocagem do biodiesel e reduzir os riscos operacionais ao ponto de serem similares aos do óleo diesel normal.

B100 Cold Flow Improvers

A série Lubrizol FloZol® 500 previne o congelamento do combustível em baixas temperaturas através do abaixamento do CFPP (Cold Filter Plugging Point) e Pour Point de B100 produzido a partir diferentes matérias primas. Estes aditivos para B100 foram aprovados no programa www.bioqualified. com da Lubrizol, assegurando assim efetiva performance, compatibilidade com biocombustíveis, qualidade consistente com os padrões industriais reconhecidos e facilidade de utilização através de instruções claras de aplicação. Todos os benefícios são aqueles que você espera da Lubrizol. Para mais informações sobre como os aditivos da Lubrizol podem vencer os desafios enfrentados hoje pelos produtores e distribuidores de biodiesel, entre em contato conosco através do e-mail biodiesel.brasil@lubrizol.com ou (21) 22767000.


BIODIESEL: como se adequar à nova realidade? por Gustavo Eduardo Zamboni

O biodiesel já é uma realidade no Brasil! Quimicamente falando, o biodiesel é um éster de ácido graxo (cadeia longa), obtido por um processo chamado transesterificação (reação química entre um álcool e um éster), que também produz glicerina, uma presença indesejável no combustível. É atóxico, biodegradável, livre de compostos aromáticos, com baixo teor de enxofre e obtido de fonte renovável. As principais fontes dos ésteres de ácidos graxos para a produção do biodiesel são os óleos vegetais de

plantas oleaginosas como a soja, a mamona, a colza, o girassol etc., além de gorduras animais como o sebo. Já quanto ao álcool, embora o etanol venha a ser uma boa opção, principalmente no Brasil, a tecnologia pela rota metanol é a mais utilizada mundialmente, principalmente devido a um melhor rendimento do processo. As percentagens de adição desses ésteres ao óleo diesel comum, refinado a partir do petróleo, formam os produtos que vemos no mercado, chamados B2 (2%), B5 (5%) etc. No Brasil, a mistura B2 será obrigatória a partir de 2008, e B5 a partir de 2013. Na Europa o diesel padrão pode conter até 5% de ésteres, com testes e pesquisas sendo feitos até com B100, e nos Estados Unidos já existem muitas frotas utilizando misturas B20.

Qual será o impacto dessa nova realidade na vida dos lubrificantes? Muito pouco se sabe hoje sobre os efeitos do biodiesel nos óleos de motor e muitas perguntas estão sendo formuladas sobre o assunto. De acordo com o gerente de vendas da Lubrizol José Viana, misturas até B5 serão plenamente aceitáveis pelos fabricantes de motores, mas acima disso é necessário o suporte de pesquisas e testes mais específicos; em parte, pela diversidade de oleaginosas e gorduras animais, viáveis para a obtenção do B100, no Brasil. “Consequentemente, ainda não existem elementos suficientes para se estabelecerem os parâmetros ideais de pesquisa, mas os primeiros passos já foram 23


dados e várias parcerias já estão em “gestação” - complementa Viana. No Brasil, a política para o biodiesel estimula a utilização de plantas próprias de cada região, numa agricultura de subsistência familiar, o que proporciona a produção de uma grande diversi1000 dade de produtos de litros características pecugordura animal liares. Esse fato difiou óleo vegetal culta a elaboração de um padrão único de especificação técnica para o país, principalmente no tocante a resistência à oxidação. A principal preocupação com relação ao lubrificante em um motor queimando biodiesel reside na possibilidade de diluição por combustível (“blow-by”), principalmente em motores mais antigos de injeção direta, onde os espaços entre anéis e cilindro não são tão justos quanto as máquinas mais modernas. Entretanto, ainda nos motores

mais modernos equipados com filtros para material particulado, pode haver uma preocupação de que porções de combustível não queimado acabem atingindo o cár-

Processo de Transesterificação

+

100 litros

1000 litros catalisador

álcool

+

biodiesel

ter, devido a uma possível redução de eficiência do filtro causada pela formação de borra e espessamento do lubrificante. Segundo técnicos da empresa de aditivos Infineum, vários testes de campo estão em andamento e a maioria dos fabricantes de veículos recomenda um monitoramento adicional do óleo lubrificante. Alguns têm sugerido a redução do intervalo de troca pela metade, quando se usam misturas elevadas de bio-

diesel. Espera-se que, em pouco tempo, os fabricantes atualizarão suas posições, referentes ao tempo de troca, para misturas até B20 na Europa e Estados Unidos, onde as origens do biodiesel são mais restritas e as especificações mais uniformes. José Viana lem100 bra ainda que os aditilitros vos antioxidantes poglicerina derão desempenhar papel muito importante no futuro das formulações para lubrificantes em motores queimando biodiesel, e poderão contribuir de forma significativa para a proteção do motor. A tendência esperada é a de um aumento gradativo da concentração de biodiesel no combustível, e o desafio dos formuladores é adequar o lubrificante a essa nova realidade. E a pergunta que fica é: Haverá necessidade de um óleo específico para motores queimando biodiesel?


Extrato Aromático por Gustavo Eduardo Zamboni

Matéria-prima ou resíduo perigoso?

A

lguns criticam o seu uso, outros não vêem problemas em utilizá-lo, desde que em aplicações restritas e com o devido cuidado no manuseio. Na prática do mercado, desvios acontecem e a tentação do preço mais barato do que o óleo básico neutro causa preocupação e discussões tanto no campo técnico como no comercial. A utilização ou não desse produto na fabricação de graxas lubrificantes deve ser analisada por dois aspectos. O primeiro refere-se à qualidade do produto final e o segundo, ao potencial dano à saúde de trabalhadores. Para algumas empresas fabricantes de graxa, é possível fazer graxa de boa qualidade utilizando o Extrato Aromático. Entretanto,

algumas grandes empresas têm restrições a esse uso. De acordo com o engenheiro Vitor Ferreira, da Ipiranga, a decisão de usar ou não o Extrato Aromático deve ser de cada empresa: “Sabemos que esse produto, devido ao seu baixo custo, substitui parte do óleo básico utilizado na mistura com o espessante (sabão), que atribui a característica de lubricidade do produto acabado, além de se atingir a consistência especificada pela NLGI (National Lubricating Grease Institute). Porém, o produto apresenta uma baixa resistência oxidativa e um péssimo comportamento à variação de temperatura, que poderão contribuir negativamente no desempenho da graxa em determinadas aplicações”.

Outra preocupação é a de o produto ser ou não cancerígeno. Estima-se entre 3 e 4 milhões de toneladas/ano em utilização mundial de Extratos Aromáticos na indústria de borracha. Para o consultor de negócios do Setor de Abastecimento da Petrobras, Sidney Gouvêa, apesar da grande utilização não existem evidências, sejam internacionais ou nacionais, de problemas de saúde ocupacional decorrentes do uso e exposição a esses produtos. “Os Extratos Aromáticos comercializados pela Petrobras possuem elevadas viscosidades, elevados pesos moleculares médios e baixa volatilidade, fazendo com que tenham uma reduzida absorção cutânea, em contatos eventuais, e baixa emissão de fumos, mesmo a temperaturas re25


lativamente elevadas”, complementa Gouvêa. Já para o engenheiro Vitor Ferreira, da Ipiranga, esse aspecto deve ser avaliado com mais profundidade. Segundo ele, o Extrato Aromático possui um teor de poliaromáticos bem superior aos óleos básicos normalmente utilizados nas fabricações de graxas lubrificantes, e as responsabilidades das empresas perante seus clientes não se limitam somente ao fornecimento de um produto com qualidade, mas inclui também ter, cada vez mais, produtos não agressivos ao Meio Ambiente e ao trabalhador. Existem alguns critérios para a classificação de um óleo mineral como potencialmente cancerígeno ou não. Os critérios mais aceitos são os seguintes: • Critério Europeu – por recomendação do CONCAWE (Conservation of Clean Air and Water in Europe), óleos minerais com 3% ou mais de substâncias (compostos poliaromáticos) extraídas por dimetil sulfóxido (DMSO), método IP 346, devem ser considerados como potencialmente cancerígenos; • Critério americano – a prova definitiva para se aceitar um produto como não carcinogênico é o teste em cobaias. No entanto, o teste AMES (ASTM E1687) tem

26

uma boa aceitação para a aprovação ou não de um produto. Óleos com IM (Índice de Mutagenicidade) superior a 1 são classificados como mutagênicos e potencialmente carcinogênicos. De acordo com o consultor de negócios Sidney Gouvêa, os extratos aromáticos ora comercializados pela Petrobras, em ambos os critérios, são considerados como potencialmente carcinogênicos: “Os resultados dos testes realizados são comunicados a nossos clientes através de relatório de caracterização toxicológica e nas fichas de segurança de produtos, disponibilizados em nosso canal de relacionamento eletrônico”. Ainda segundo Gouvêa, testes de Dose Letal (DL50), oral e dérmica em ratos, realizados no Instituto de Tecnologia do Paraná (TECPAR), constataram que os resultados obtidos para o Extrato Aromático NPA foram comparáveis aos dos óleos básicos lubrificantes (parafínicos e naftênicos), classificados como não-carcinogênicos. Na Europa, objetivando a redução do lançamento ao meio ambiente de substâncias com maior potencial de danos, desde o ano 2000 já se estuda a substituição de extratos aromáticos, como óleos extensores, na indústria de pneus por óleos com teores de


O que é Extrato Aromático? Os Extratos Aromáticos são retirados dos óleos lubrificantes, de forma a melhorar (aumentar) seus índices de viscosidade (propriedade adimensional que indica o grau de variação de viscosidade do produto com a temperatura), assim como suas características de estabilidade termo-oxidativa. Os Extratos Aromáticos dessa forma são misturas de hidrocarbonetos minerais, contendo elevados teores de compostos aromáticos. Cada óleo básico produzido gera um tipo específico de extrato aromático. Assim, temos o Extrato Aromático do Spindle (60 e 70), dos Neutros Leve, médio e pesado, dos básicos Turbina Leve e Pesado e do Bright Stock (produto obtido a partir da desasfaltação a propano de Resíduo de Vácuo). O produto tradicionalmente comercializado pela PETROBRAS (de forma direta ou através de revendedores) – o Extrato Aromático NPA (Neutro Pesado) é utilizado nas seguintes principais aplicações industriais: • Fabricação de borrachas (SBR), pneus/pneumáticos, pisos e diversas aplicações automotivas e industriais; • Fabricação de graxas lubrificantes; • Asfaltos, mantas asfálticas e selantes; • Tintas e adesivos. compostos poliaromáticos dentro dos limites considerados satisfatórios. A Primeira Diretiva da Comunidade Européia sobre esse assunto estabeleceu, como prazo, o ano de 2006 para que a indústria se adequasse a essa exigência. Mas, devido à não-existência de produtos em quantidade e qualidade adequadas para essa aplicação, a Diretiva do Conselho e do Parlamento Europeu postergou a obrigatoriedade dessas medidas para 1° de janeiro de 2010. Atualmente, os produtos potencialmente substitutos que estão sendo avaliados pela indústria mundial de borrachas SBR e fabricante de pneus são os seguintes: • Óleos naftênicos pesados; • MES (Mild Extraction Solvate): óleo mineral de natureza parafínica, porém contendo teor de aromáticos bastante superior ao de um óleo lubrificante básico similar do Grupo I API; • TDAE (Treated Distilated Aromatic Extract): Extratos aromáticos provenientes da produção de óleos lubrificantes básicos parafínicos neutros (rota solvente – API Grupo I), tratados (hidrogenados ou re-extraídos em aromáticos); • RAE (Residual Aromatic Extract): Extratos aromáticos residuais, obtidos a partir da desaromatização de óleos básicos que passaram por desasfaltação; • TRAE (Treated Residual Aromatic Extract): ERA submetido a adicional processo de tratamento para a redução dos teores de poliaromáticos. De acordo com Sidney Gouvêa, devido à predominância da rota solvente de processamentos de óleos lubrificantes básicos na Europa, acredita-se que os

produtos substitutos mais competitivos em relação à quantidade, qualidade e preço, sejam os TDAE e MES. Já nos Estados Unidos, onde a rota por hidrorrefino prevalece, os óleos naftênicos poderão ganhar uma maior participação no mercado. No Brasil, a Petrobras e a Petroflex, há mais de 5 anos, vêm desenvolvendo estudos conjuntos, visando à qualificação de produtos para esse importante segmento da indústria nacional. Em relação a uma possível produção de óleos naftênicos pesados pela Lubnor com a finalidade de substituir o Extrato Aromático nas aplicações da indústria de borracha, o consultor da Petrobras declarou que apesar de ser tecnicamente viável, limitações relativas à quantidade produzida e à demanda de mercado, logística de fornecimento e condições de preço frente a alternativas de produção de óleos naftênicos para outros segmentos de mercado, tornariam tal produto pouco competitivo. Ainda não existe uma legislação específica que proíba ou regulamente o uso do Extrato Aromático na produção de graxas. Entretanto, é sabido que sua utilização em qualquer tipo de óleo com finalidade de lubrificação industrial ou automotiva é totalmente inaceitável. Com relação às graxas lubrificantes, fica a recomendação dos especialistas do setor para que os produtos que contenham o Extrato Aromático devam ter sua fabricação efetuada com precauções especiais quanto à manipulação e descarte. No site da Petrobras Distribuidora, podemos ler: “Seu manuseio requer os cuidados que se aplicam a todos os solventes petroquímicos, portanto, deve-se evitar inalação de seus vapores e um contato prolongado com a pele quando o produto é aquecido”. 27


Biodegradáveis no Compasso da Natureza por Pedro Nelson Belmiro

Com as preocupações ambientais cada vez maiores, a classe dos lubrificantes biodegradáveis terá um espaço garantido em futuro próximo. Entretanto, ainda não é muito clara essa classificação, e nem a metodologia mais adequada para medi-la.

U

m primeiro olhar sobre o assunto mostra

1970, a partir da preocupação de técnicos europeus

uma situação simples, em consonância

com os motores de popa de 2 tempos, que utilizavam

com o grande apelo atual pela preservação

lubrificante misturado ao combustível, ocasionando po-

da Natureza. O próprio nome já define: bio-

luição de lagos e lugares de onde se recolhia água para

degradável é o produto que se desintegra naturalmente

consumo humano. Esse tipo de preocupação levou a

pela ação de mircroorganismos existentes na Natureza.

que em 1977 se desse início, em Zurique, a uma série de

Com os lubrificantes não seria diferente. Sendo basi-

sessões de trabalho com a participação de especialis-

camente formado por cadeias de Carbono (70 a 90%

tas de diversas companhias de lubrificantes da Europa e

em média são óleo básico), sua degradação seria a

dos Estados Unidos e de representantes de alguns go-

transformação dos produtos originais em Dióxido de

vernos, a fim de estudar o problema em profundidade.

Carbono (CO2) e água (H2O).

Em 1982, o Conselho Europeu de Coordenação

Seria simples, se não surgissem as perguntas ób-

(CEC) para o desenvolvimento e ensaio de lubrifican-

vias, quando é necessária uma padronização de medi-

tes e combustíveis para motores adotou um método,

das: o quanto é transformado e em quanto tempo? Que

em regime transitório, que ficou denominado CEC L-

metodologia deve ser usada para fazer essa medida?

33-T-82. Basicamente, compara o produto em teste

Em que meio deve ser efetuado o teste? A partir daí,

com fluido padrão, ambos inoculados com mircroorga-

surge uma considerável variedade de métodos e cri-

nismos específicos e analisados através de espectro-

térios, que pode constituir uma grande confusão para

metria de Infravermelho (I.R.) durante o período de 28

quem não está habituado com esse assunto.

dias. Esse método passou então a ser reconhecido pe-

Parece que tudo começou no final da década de 28

las companhias de lubrificantes européias. Alterações


foram necessárias no decorrer dos anos e vieram as

Development;

denominações CEC L-33-A-93 e finalmente CEC L-33-

• EPA 560/6-82-003 - Shake Flask Test, adaptado pela

A-94, que adotou um período de 21 dias para que 80%

Agência de Proteção Ambiental americana (EPA).

da amostra tenha sido convertida, sempre com base

No Brasil, alguns estudos já foram publicados,

na observação das ligações CH3 –CH2 através do I.R.,

considerando uma metodologia experimental basea-

ou seja, do desaparecimento do produto em teste. Até

da no uso do respirômetro de Bartha & Pramer, que

hoje, alguns ainda se referem ao primeiro teste como

permite quantificar a percentagem de biodegradação

base para estudo.

medida através da formação de CO2 da respiração

Fluido de Teste

CEC L- 33-A-94

Óleo mineral

0 a 30%

Óleo vegetal

100%

Polialfaolefinas

10 a 50%

Diésteres

70 a 100%

Poliolésteres

70 a 100%

O conceito muda, quando a American Society for Testing Materials (ASTM) passou a observar a quanti-

bacteriana aeróbica. Diante de tanta variedade e diferenças de metodologia, os resultados certamente não podem ser uniformes, e quando se busca na literatura resultados obtidos para um lubrificante de base mineral, podemos encontrar o seguinte quadro: Método de Teste

Resultado para Óleo Mineral

Fonte de Pesquisa Universidade de Liege

CEC L-33-T-82

70% (mesmo após 40 dias)

CEC L-33-A-94

0 a 30% (21 dias)

Anderol Inc.

EPA 560/6-82-003

42 a 49% (28 dias)

Army Corp of Engineers

OECD 301B Sturm Test

28% (28 dias)

CONCAWE - USA

dade de CO2 produzida no teste, determinando o grau de biodegradabilidade pela taxa de conversão do lubri-

O importante aqui é perceber que todos os mé-

ficante em Dióxido de Carbono. O método é realizado

todos utilizados indicam que o óleo de base mineral

em meio aquoso e passou a chamar-se D-5864, consi-

não pode ser considerado biodegradável. Além dos

derando um lubrificante biodegradável quando 60% do

óleos vegetais, alguns diésteres e polióis são geral-

material em teste é convertido a CO2 em 28 dias.

mente as matérias-primas mais escolhidas para a fabricação de lubrificantes que possam ser chamados

CEC L - 33 - A - 94

Lubrificante Biodegradável = 80% convertido em CO2 em 21 dias

de biodegradáveis. Denominações com adjetivos para o termo biodegradabilidade aparecem para tentar definir melhor cada situação apresentada pelos diversos testes, ou mesmo restringir o campo de interpretação de resultados. Assim, poderemos ver definições de “imediata ou rápida”, “primária”, “completa”, “inerente”. O mais importante é saber o que se quer apresentar e como foram obtidos os resultados. Com relação aos lubrificantes, muitos testes e métodos têm sido desenvolvidos tanto na Europa como nos Estados Unidos, e recomendações como o “Blue Angel”

Outras organizações passaram a aceitar o concei-

da Alemanha, “California Advertising Statute” nos EUA,

to de observação da quantidade de CO2 produzida e

a Universidade de “Liege” na França, “Conservation of

a desenvolver métodos para a determinação da biode-

Clean Air and Water – Europe (CONCAWE)”, “Organization

gradabilidade aeróbica aquática de lubrificantes, todos

for Economic Cooperation and Development (OECD)” e

considerando 28 dias o tempo padrão.

a “Environmental Protection Agency (EPA)” nos EUA são

Assim, surgiram os métodos :

consideradas como as referências mundiais na questão

• OECD 301B Modified Sturm, desenvolvido pe-

da biodegradabilidade e podem ser consultadas para

la Organization for Economic Cooperation and

mais detalhes sobre o assunto. 29


NACIONAIS RECORDE DE PRODUÇÃO DE ÓLEOS BÁSICOS RERREFINADOS EM 2007 A indústria do rerrefino espera bater, este ano, o recorde de produção de óleos básicos rerrefinados, acompanhando o recorde também esperado para o volume de óleo usado ou contaminado coletado no Brasil. Espera-se certamente superar os 244 milhões de litros coletados em 2006, uma vez que, até 30 de junho último, a coleta ultrapassou os 131 milhões de litros. DIRETORIA DO SINDICOM ELEITA PARA O TRIÊNIO 2007/2010 Leonardo Gatotti Filho, Diretor de Suprimentos e Distribuição da Esso, assumiu a presidência do Sindicom – Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes, em substituição a João Pedro Gouvêa Vieira Filho. As vice-presidências ficam ocupadas por Maurício Borges Campos, Leocádio de Almeida Antunes Filho, João Carlos França De Luca e Reinaldo José Belotti Vargas. SIMEPETRO ALERTA ASSOCIADOS O Simepetro comunica a todos os produtores que os óleos de classificação API SE, CE, CC e CD estarão proibidos de serem comercializados, a partir de 01 de

março de 2008, conforme Artigo 4° - parágrafo único, da Resolução ANP n° 10 de 09.03.2007. ANP PREPARA ENVIO DE RESOLUÇÕES PARA CONSULTA PÚBLICA EM SETEMBRO A Superintendência de Abastecimento da ANP se prepara para enviar para consulta pública, na primeira quinzena de setembro deste ano, as novas resoluções do setor que fazem a revisão das Portarias ANP nº. 125 a 128 de 1999 que tratam da autorização de produtores e importadores de óleo lubrificante acabado, bem como da autorização de coletores e rerrefinadores de óleo lubrificante usado ou contaminado. SINDILUB COMEMORA 15 ANOS PROMOVENDO O 1º ENCONTRO DOS REVENDEDORES No último dia 14 de agosto, o Sindilub – Sindicato Interestadual do Comércio de Lubrificantes realizou um encontro com a presença de 258 participantes, com palestras de representantes de diversos segmentos do mercado de lubrificantes, incluindo a ANP. Na oportunidade foi discutida proposta para regulamentação da atividade de Revendedor Atacadista, a revisão da legislação do setor de lubrificantes e outros temas importantes tais como o rerrefino e legislações ambientais.

INTERNACIONAIS CAMPOS MAGNÉTICOS TRANSFORMAM LÍQUIDO EM SÓLIDO Uma nova tecnologia já está sendo utilizada para óleos de amortecedores, com micro partículas de ferro em suspensão. Chamado de fluido Magneto-Reológico (MR), este óleo, quando submetido a um campo magnético, tornase praticamente sólido, devido a formação de cadeias de ferro no interior do fluido, voltando ao estado líquido pelo mesmo sistema. Alguns veículos como Corvette, Ferrari, Audi e Toyota já estão usando essa tecnologia e espera-se uma maior utilização do fluido MR para os próximos anos. PROJETO DE GTL DA CHEVRON DO QATAR É SUSPENSO O projeto Sasol Chevron para a produção de óleo básico GTL (Gas To Liquid) na refinaria de Oryx no Qatar foi 30

suspenso e não mais terá sua partida em 2009, como fora planejado inicialmente. Considerando a desistência da ExxonMobil de seu projeto no Qatar em fevereiro deste ano, o único projeto específico para a produção de básicos GTL que ainda está em curso é o da Shell com a Qatar Petroleum, que tem uma capacidade de produção de 4,8 milhões de litros/dia, com início previsto em dois estágios, em 2010 e 2011. ESPECIFICAÇÕES ACEA 2007 SERÃO OBRIGATÓRIAS A PARTIR DE FEVEREIRO DE 2008 A Associação dos Construtores Europeus de Automóveis informa que, até 28 de fevereiro de 2008, os óleos automotivos ainda podem se reportar às especificações estabelecidas em 2004. A partir daí, os óleos terão que atender às seqüências da versão 2007.


Programação de Eventos Internacionais Data

Evento

Setembro 18 e 19 Modern Fluids for Crankcase Engines - Troy, Michigan - SAE - www.sae.org Setembro 19 a 21 China Inter Lubric - The 8th China International Lubricant Oil, Grease and Refining Technology Exhibition - Houstreet, Dongguan - China - besway@gmail.com Setembro 19 a 21 Annual Cambridge Tribology Course - Cambridge, UK - ifm-enquires@eng.cam.ac.uk Outubro 13 a 17

ILMA Annual Meeting - Carlsbad - USA - ILMA - www.ilma.org

Outubro 15 a 17

10th International Conference on Lubrication Engineering in Theory and Practice - Prague, Czech Republic - strojspol@csvts.cz

Outubro 23 a 25

STLE/ASME Int’l Joint Tribology Conference - Texas - USA - STLE - www.stle.org

Outubro 23 a 25

2nd Asia-Pacific Base Oil Conference - Beijing, China - FLASIA - www.flasia.info

29/10 a 01/11

2007 Powertrain & Fluid Systems Conference - Chicago - USA - SAE - www.sae.org

Novembro 1 e 2

2007 International Lubricants & Waxes Meeting - Houston - ELGI - www.elgi.org/joomla

Novembro 29 e 30 3rd International Conference Lubricants - Russia - ELGI - www.elgi.org/joomla Novembro 29 e 30 The 3rd ICIS Pan-American Base Oil and Lubricants - New York, US - ICIS - www.icis.com Dezembro 2 a 6

ASTM Com. D02 on Petroleum prod. & Lubric. - Phoenix - USA - ASTM - www.astm.org

Dezembro 13 e 14 Modern Fluids for Crankcase Engines - Troy, Michigan - SAE - www.sae.org

Nacionais Data

Evento

Setembro 19

Work. Lubrif. Sólidos e suas aplicações tribológicas - S. José dos Campos - INPE - www.inpe.com.br

Setembro 17 a 21

22º Congresso Brasileiro de Manutenção - Florianópolis - SC

Setembro 26 e 27 SIMEA - Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva - AEA - www.aea.org.br Outubro 18

Seminário de Lubrificantes e Aditivos - AEA - www.aea.org.br

Cursos Data Agosto 30

Evento Lubrificação Automotiva - Além do Motor - São Paulo - AEA - www.aea.org.br

Setembro 24 a 26 Curso de Lubrificantes e Lubrificação - São Paulo - IBP - www.ibp.org.br Se você tem algum evento relevante na área de lubrificantes para registrar neste espaço, favor enviar detalhes para comercial@lubes.com.br, e dentro do possível será veiculado na próxima edição.



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