EM FOCO A revista do negócio de lubrificantes
Nanotecnologia Uma revolução tecnológica além da nossa imaginação que, numa escala atómica, promete mudar o mundo.
Transmissões Uma aplicação crítica e tão desconhecida dos usuários
Dez 07/Jan 08 Ano I • nº 4 Publicação Bimestral R$ 10,00
Editorial O ano de 2008 chega colocando a Energia no topo das prioridades modernas! Energia limpa, barata e renovável é a meta de todos, mas o petróleo ainda permanecerá longo tempo como a principal fonte e indispensável ao desenvolvimento estratégico de um país. Embalado pela recente descoberta do campo gigante de Tupi, pela realidade acelerada do Biodiesel e antevendo investimentos crescentes no setor energético, o Brasil inicia o ano lutando por maior crescimento e autonomia com relação às fontes de energia. São enormes os desafios que ainda temos pela frente nos campos econômico, político e social, mas a necessidade de crescimento associada à capacidade de nossa indústria e à estabilidade percebida pelos investidores internacionais confere o suporte suficiente à nossa esperança de desenvolvimento do setor energético e de superação das dificuldades. O setor de lubrificantes no Brasil merece também o nosso olhar otimista, uma vez que mantém uma relação direta com o crescimento do país. O aumento do PIB e o desenvolvimento industrial aumentam as atividades das máquinas e, conseqüentemente, o consumo de lubrificantes. Vemos ainda um mercado em fase visível de amadurecimento, com novas resoluções da ANP, melhores resultados do Programa de Monitoramento da Qualidade dos Lubrificantes, aumento da fiscalização e adequação das empresas às novas realidades. O mercado se organiza, debate os principais temas e traz novas idéias de melhorias. O início de um ano nos remete sempre à esperança de melhoria em todos os setores da vida e aos anseios de um futuro promissor. Muitas vezes focamos o objetivo com visão estreita e caímos no lugar comum dos votos de felicidade, sucesso para o período que se inicia e perdemos a criatividade para tocar nos outros a nota que realmente vibra na freqüência certa. Então, nos vem à lembrança o poeta Carlos Drumond de Andrade que, diante da realidade de enfrentar os mesmos problemas e desafios a cada ano, nos convidava a olhar de forma diferente para eles, e o olhar novo traria a criatividade necessária à transformação de cada situação indesejável. A LUBES EM FOCO, que acredita no setor de lubrificantes brasileiro e na evolução desse mercado, demonstrando isso através de sua própria existência, convida todos os seus leitores e colaboradores a compartilhar de um novo olhar para o ano 2008, com o otimismo e a criatividade que trarão, com certeza, a paz e o sucesso que merecemos. Os editores
Publicado por: AGÊNCIA VIRTUAL LTDA. Rua da Glória 366 - sala 1101 CEP 20241-180 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Tel.: (5521) 2224-0625 e-mail: comercial@lubes.com.br Conselho Editorial Antonio Carlos Moésia de Carvalho Ernani Filgueiras de Carvalho Gustavo Eduardo Zamboni Pedro Nelson Abicalil Belmiro
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Sumário 6 9 10 15 16
Entrevista com Ingo Hoffmann O piloto profissional a mais tempo em atividade no Brasil fala sobre o sucesso de sua carreira e de sua paixão pelo automobilismo.
IBP renova sua marca Durante as comemorações dos 50 anos de sua fundação, o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis apresentou ao mercado sua nova logomarca.
Transmissões: tecnologia e desinformação As transmissões automotivas estão cada vez mais sofisticadas e conhecer as novas tecnologias e os óleos lubrificantes adequados evita problemas ao usuário.
O novo superintendente de abastecimento da ANP Cargo de grande importância para o mercado de lubrificantes tem novo nome
Nanotecnologia Como entender a tecnologia do futuro onde uma molécula pode revolucionar os processos de lubrificação.
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Sistemas de arrefecimento
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Influências e direções para o mercado brasileiro de lubrificantes
A importância da utilização de aditivos no sistema de refrigeração do motor de seu carro e a escolha consciente do produto adequado.
O que vai determinar as direções de tecnologia e mercado do setor brasileiro de lubrificantes.
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Opinião do leitor Lubes em Foco inaugura seção com sugestões e opiniões do mercado.
Notícias Rápidas Programação de Eventos
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Ing offmann
Determinação e amor, fórmula para o sucesso! Por Tatiana Fontenelle
Ingo Hoffmann é um dos pilotos profissionais mais bem sucedidos do automobilismo nacional. Iniciou sua carreira em 1972, e coleciona hoje, perto de completar 55 anos, mais de 100 vitórias em pistas nacionais. Ex piloto de fórmula 1e doze vezes campeão da Stock Car participou de diversas corridas de carros de turismo na América do Sul e Europa. Além disso, Ingo também nos dá exemplo de solidariedade e consciência social, e fala em entrevista exclusiva para a LUBES EM FOCO, de sua carreira e determinação nos projetos de vida. Lubes em Foco Qual o segredo para essa longa e brilhante carreira? Ingo Hoffmann Acho que o segredo para uma longa carreira é a pessoa amar aquilo que faz. Pelo fato de amar minha profissão, eu nem percebo que estou trabalhando, e conseqüentemente faço bem feito. Ou seja, eu consegui transformar meu Hobby em profissão. Lubes em Foco Fale um pouco sobre seu início de carreira. Dificuldades, vitórias, amizades etc. Ingo Hoffmann Todo início de carrerira de qualquer piloto é sempre muito difícil. Eu, contrariamente à grande maioria, não comecei no Kartismo, pois não tinha o apoio de meus pais, e nem a grana deles para tanto. Portanto,
tive que esperar completar 18 anos para poder tirar minha carteira de habilitação, e somente depois de 1 ano, já com 19, fiz minha primeira corrida em Interlagos (1972), com um Fuscão 1500. Usei esta corrida para ver se eu tinha aptidão para o esporte, e para ver se era isto mesmo que eu queria fazer. Como fiquei muito empolgado, meus Pais passaram a me apoiar. No ano seguinte meu pai me arrumou o patrocínio da empresa onde ele era diretor, e eu já me sagrei pela primeira vez Campeão Brasileiro da categoria Divisão 3. Lubes em Foco Voce também teve uma paricipação na Fórmula 1. Como foi essa experiência ? Ingo Hoffmann No ano de 1975 eu já estava correndo na Inglaterra, na Formula3, e no final deste mesmo ano fiz meu primeiro teste na F1. Como me sai muito bem nestes testes, fui contratado para correr em 1976 na F1. Infelizmente a equipe (Fittipaldi Copersucar) não teve o sucesso esperado devido basicamente a problemas técnicos, e isto acabou me prejudicando. No total, participei somente de 3 provas na F1. Não me considero um expiloto de F1, justamente devido esta curta passagem por lá. Lubes em Foco Cada corrida certamente possui diferentes significados em sua vida. Existe alguma especial, que você possa classificar como a mais emocionante?
Ingo Hoffmann É muito difícil lembrar de somente uma, pois Graças a Deus foram tantas que venci, que realmente é muito difícil. Mas acho que a primeira vitória em minha carreira, com o Fuscão foi muito importante, como foi minha primeira vitória na F3 na Inglaterra, minha primeira vitória na F2, minha primeira na Stock Car, e assim por diante. Enfim, todas as primeiras vitórias nas diversas categorias pelas quais passei foram importantes para eu ter a indicação que estava no caminho certo. Lubes em Foco Falando um pouco da Stock Car, o que é igual em todos os carros e o que pode ser diferente? Ingo Hoffmann Na Stock Car de hoje, praticamente tudo é igual. Os motores são os mesmos, o chassis é o mesmo, o câmbio, o diferencial, os pneus, os freios são os mesmos. As equipes podem trabalhar somente no acerto dos amortecedores, molas, pressão de pneus e aerofólios. Lubes em Foco Você acredita que a Stock Car é um tipo de competição onde o braço do piloto é realmente o fator mais importante ? Ingo Hoffmann Sem dúvida, em função da tremenda igualdade o piloto é muito importante, mas ele também tem que ter um carro “bem acertado” em suas mãos, pois caso contrário é impossível o piloto se destacar. Lubes em foco Após 25 anos, a Stock Car bateu o recorde como a categoria que mais sofreu transformações: conseguiu sobreviver à retirada de apoio de alguns fabricantes, passou por diversas crises econômicas, calendários pequenos, trocas de regulamento. A que se deve essa superação?
Ingo Hoffmann Creio que o grande fator que fez a categoria sobreviver por tantos anos, passando por fases muito boas, e também muito ruins no decorrer deste tempo todo, é que por muitas ocasiões, principalmente nas fases ruins, os verdadeiros amantes do esporte (pilotos, chefes de equipe) “seguraram a barra” como se diz, inclusive muitas vezes colocando dinheiro do bolso. Ou seja, como disse acima, tem que se AMAR o que esta se fazendo! Lubes em Foco Você também faz palestras para executivos e empresários. De que forma essa experiência como piloto de corridas pode ser transportada e adaptada para a área administrativa e comportamental ? Ingo Hoffmann Na realidade fica muito fácil fazer um paralelo entre a carreira de um piloto, com o dia a dia
“
de uma empresa. Costumo em minhas palestras fazer um breve relato de como comecei, por quais categorias e dificuldades que passei, até os dias de hoje. Na seqüência, abordo tópicos importantes para um piloto ter sucesso, como saber trabalhar sob forte pressão (stress), a importância do preparo físico, e o lado comercial do piloto. Na seqüência falo sobre pontos importante para uma equipe ter sucesso, como Determinação, Organização e Treinamento. Nunca esquecendo que um bom piloto sem uma boa equipe não chega a lugar nenhum e vice versa. Tudo isto sempre é ilustrado com “causos” verídicos meus, para servirem de exemplo. Lubes em Foco Engajado em Ações Sociais, você criou o Instituto Ingo Hoffman. Qual o objetivo desse projeto e como é para você fazer parte disso?
um bom piloto sem uma boa equipe não chega a lugar nenhum e vice versa
”
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Ingo Hoffmann A principal razão que me levou a criar o Instituto Ingo Hoffmann (IIH), foi o fato de eu ter conseguido transformar meu talento de guiar em profissão, ser bem sucedido nessa profissão, e ter adquirido muita credibilidade neste meio. Resolvi usar esta minha credibilidade para viabilizar o IIH, que é uma casa de apoio a Crianças com Câncer www. ingohoffmann.org.br. Lubes em Foco Como você vê o futuro do automobilismo no Brasil ? Ingo Hoffmann Creio que o automobilismo no Brasil poderá desenvolver-se mais, pela maior popularização desse esporte, pois estamos vendo o que esta acontecendo com a Stock Car
agora, depois de 27 anos de existência. Acho que outras categorias têm tudo para crescer muito ainda. Lubes em Foco O que você gostaria de acrescentar ? Ingo Hoffmann Gostaria de terminar, dizendo que o importante da vida é fazermos tudo o que nos dispomos a fazer, da melhor forma possível, ou seja, como eu costumo dizer: não existe mulher meio grávida, ou ela está, ou não está. Este é minha forma de encarar a vida, sempre fazendo tudo com paixão, amor e dedicação.
IBP Renova sua marca Na comemoração dos 50 anos da fundação Por Tatiana Fontenelle
As comemorações do Jubileu de Ouro foram bem abrangentes e diversificadas. Houve um jantar no Hotel Copacabana Palace para autoridades governamentais e convidados especiais, como o Ministo de Minas e Energia Nelson Hubner, o Secretário de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços Júlio Bueno, o Diretor Geral da ANP Haroldo Lima, o Presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli de Azevedo, entre outros. Nessa ocasião forma feitas homenagens aos ex-presidentes do IBP Paulo Cunha, Eduardo Diffini e Otto Perroni, ao diretor William Zattar e à viúva do fundador Hélio Beltrão e sua filha. Foi oferecida, também, uma festa nas dependências do
om o slogan “Muda a marca, permanece a alma”, o IBP (Instituto de Petróleo, gás e Biocombustíveis) renovou sua logomarca. O desenho, que manteve a gota do petróleo em seu interior, incorporou a folha verde dos Biocombustíveis e Responsabilidade Sócio-Ambiental e a chama azul do Gás Natural. De acordo com a assessoria do IBP, a nova gota preserva a alma do Instituto e, ao mesmo tempo, a protege e amplia.
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Prêmio Grande
50 anos
do IBP
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MAM (Museu de Arte Moderna) para os funcionários e diversos convidados. Além de todos esses eventos, um seminário técnico foi realizado no Centro de Convenções Bolsa do Rio. Lá foram apresentados temas sobre a Indústria do Petróleo, seu passado, presente e futuro. O IBP também ofereceu um coquetel de confraternização no Hipódromo da Gávea , onde foi realizado um páreo especial com prêmio oferecido pelo Instituto.
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Transmissões
Tecnologia e desinformação Uma aplicação crítica e tão desconhecida do usuário Por Gaston Spina Schweizer
stá mais do que na hora dos nossos mecânicos, técnicos e lubrificadores conhecerem mais sobre as especificações dos óleos para transmissão, sob pena de virem a ocorrer no futuro, muitos problemas pela utilização de óleos errados nos veículos de última geração, que vão desde a dificuldade de engate, patinamento, chegando até a quebra de uma transmissão moderna.
E
Ao contrário dos óleos de motor, que por serem freqüentemente inspecionados e trocados regularmente, possuem as suas especificações relativamente bem conhecidas, os óleos de transmissão, por terem períodos de troca maiores são muitas vezes esquecidos. Suas especificações são pouco conhecidas até por mecânicos e lubrificadores experientes, o que leva à utilização de óleos com viscosidades e formulações erradas.
Câmbio e Diferencial Conjugado e transversal 10
O que se ouve no mercado é que para caixa de câmbio manual deve-se utilizar um óleo “90 ou 80W”, se for carro importado o “75W”, se a caixa for automática usar o óleo “vermelho”, o mesmo da direção hidráulica e no caso dos diferenciais independentes (que fazem parte do sistema de transmissão mas que não são objeto desta matéria) deve-se utilizar o óleo “90 ou 140” !
O óleo lubrificante Conhecer um óleo de transmissão é, principalmente, entender suas propriedades, ou seja, as funções que deve exercer dentro do sistema em que opera. Em linhas gerais, essas funções indicam que um óleo deve: • Evitar o desgaste das engrenagens, rolamentos, elementos sincronizadores e garfos, • Possuir capacidade de suportar altas cargas em serviços pesados, • Promover proteção anticorrosiva e antiferrugem das peças lubrificadas, • Possuir alta estabilidade ao cisalhamento e à oxidação, • Proporcionar adequada refrigeração e limpeza ao sistema, • Possuir elevada estabilidade térmica, p/ operar em altas temperaturas sem formação de borra, • Possuir boa performance e fluidez a baixas temperaturas, • Ser compatível com os diversos materiais presentes, • Não gerar vibração e ruído e quando utilizado em sistemas de transmissão de tratores e equipamentos off-roads lubrificar e reduzir o ruído do sistema de freios úmidos, • Possuir boa filtrabilidade mesmo quando contaminado com umidade e • Promover a proteção contra o desgaste e corrosão das bombas hidráulicas de pistão e palhetas já que deve atuar como óleo hidráulico na direção e na movimentação dos implementos agrícolas.
Caixas de Câmbio veiculares Câmbios veiculares são constituídos normalmente por conjuntos
de engrenagens utilizadas para transmitir o movimento (rotação) e força (torque) produzidos pelo motor ao diferencial que os leva até às rodas tracionadas. Uma caixa de câmbio se comporta, basicamente, como um redutor, mas que oferece várias e até infinitas, no caso das CVTs, opções de relações (diferença da rotação da entrada e de saída) de acordo com o número de marchas. Isso se torna importante, na medida que os motores a combustão, tanto ciclo Otto como Diesel, devem operar sempre dentro de uma faixa de rotação ideal que lhes permita funcionar mais eficientemente e com alto torque, além da possibilidade de sua inversão para gerar a mudança de direção (marcha a ré). Hoje existem 4 tipos básicos de transmissões veiculares, são elas manuais, automatizadas, automáticas e as denominadas CVTs (Transmissão Continuamente Variável) e dentro destas existem as suas derivações, a saber: Manuais: Podem ser secas ou não sincronizadas, seqüenciais (como as encontradas em motocicletas) e sincronizadas que são as mais tradicionais e necessitam do acionamento mecânico da embreagem (pedal) para se poder realizar as mudanças de marcha. Automatizadas: Construtivamente são semelhantes às manuais, mas podem operar sem o acionador da embreagem (pedal), sendo que, no caso das semiauomáticas, o pedal é usado apenas para a operação de partida e parada do veículo. Existem ainda as portadoras de dupla embreagem, todas podendo possuir, além da alavanca tradicional, o sistema de trocas seqüenciais no volante semelhante às existentes
nos carros de Fórmula 1. Há também as denominadas Powershift, muitas vezes dotadas de conversores de torque e utilizadas em veículos pesados off-road e em alguns equipamentos agrícolas. Automáticas: Além das tradicionais, temos hoje as denominadas Tiptronic, nome registrado pela Porsche, e utilizadas pela Audi, VW e Peugeot. Outras montadoras colocam outras nomenclaturas, como por exemplo a Steptronic da BMW e a AutoStick da Chrysler etc. Elas permitem a seleção seqüencial manual das marchas. As caixas automáticas têm como vantagem não necessitarem de um sistema de embreagem externo para realizar a mudança das relações, já que ela ocorre automaticamente. Não utilizam pedal de embreagem e são muito utilizadas a mais de 60 anos nos veículos americanos, sendo que as mais simples são construídas com 3 marchas à frente, mas em virtude da sua evolução, hoje já são encontradas com até 7 marchas à frente, com alta eficiência, melhorando o desempenho e reduzindo o consumo de combustível.
ficações de desempenho do API (American Petroleum Institute). O tipo de transmissão é que vai determinar a especificação do óleo a ser utilizado. Classificação SAE J306 - Graus de Viscosidade para Óleos de Egrenagens Automotivas Grau de Viscosidade SAE
Temperatura máxima para visc. de 150.000 cP (ºC)1,2
Mínimo4
Máximo
70W
-555
4,1
-
75W
-40
4,1
-
80W
-26
7,0
-
85W
-12
11,0
-
80
-
7,0
<11,0
85
-
11,0
<13,5
90
-
13,5
<24,0
140
-
24,0
<41,0
250
-
41,0
-
Viscosidade a 100 ºC (cSt)3
1
Pelo método ASTM D-2983 Requerimentos adicionais de viscosidade a baixa temperatura, podem ser apropriados para avaliação de fluidos a serem usados em transmissões manuais sincronizadas em serviços leves. 3 Pelo método ASTM D-445 4 Limite a ser também atingido pelo teste CEC L-45-T-93, método C (20 h.) 5 A precisão do teste ASTM D-2983 não foi estabelecida para determinações realizadas a temperaturas abaixo de – 40ºC. Este fato deve ser levado em consideração em qualquer relação entre produtor e consumidor. 2
Óleos para transmissões manuais e automatizadas CVTs: Muitas vezes confundidas com as automáticas, são chamadas Transmissões Continuamente Variáveis e uitilizam um princípio há muito tempo usado em motociclos e scooters. Em carros de passeio, a CVT é dotada de duas polias de raios variáveis e uma correia de transmissão especial de aço. Há também o tipo Toroidal, que no lugar da correia utiliza corpos girantes e possui uma caixa redutora final. Essas transmissões são hoje, limitadas a veículos com motores de baixo e médio torque e possui como vantagem, maior eficiência comparada com as automáticas, além de não transmitem solavancos e serem silenciosas, pois efetivamente não existe mudança de marcha, apenas um adequamento das poilas conforme as necessidades de rotação e torque do veículo. No Brasil é encontrada atualmente no modelo Fit, da Honda, além dos importados Audi A4 e Nissan Sentra.
As Especificações A exemplo do que acontece com os óleos de motor, os óleos de transmissão apresentam também especificações de viscosidade relacionadas pela SAE (Society of Automotive Engineers), na versão J-306, e as classi12
As especificações SAE mais comuns nesses casos são 75W e 80W para carros de passeio e 90 ou 85W-140 para veículos pesados. Quanto ao desempenho, seguem a API GL (Gear Lubricant), que se inicia com GL-1 (sem aditivação antidesgaste), indicada no passado para caixas não sincronizadas, passando pelos óleos com desempenho API GL-2 e GL-3 (formulados com aditivos antidesgaste) atendidos pelos óleos de motor. Por este motivo, alguns fabricantes, tais como Eaton e Volvo indicam óleos de motor SAE 30, 40 ou 50 em suas caixas, já que possuem bom desempenho perante os tipos de sincronizadores nelas existentes. A seguir, vem a API GL-4 (formulados com aditivos EP) sendo bastante indicada para caixas leves ou pesadas. A seqüência termina com a API GL-5 que contém maior aditivação EP e é indicada para diferenciais veiculares, sendo no Brasil recomendada apenas para as caixas produzidas pela Scania. Os óleos para transmissão manual e automatizada também podem atender à especificação API MT-1 que se refere a óleos com maior resistência à oxidação, normalmente de base sintética, dando a possibilidade de extensão do período de troca em caixas pesadas e diferenciais.
Devemos lembrar que hoje, na maioria dos carros de passeio dotados de caixas manuais, muitas vezes operando em conjunto com o diferencial, o óleo da transmissão é considerado Fill-for-Life, ou seja, não existe a necessidade da sua troca seja ele mineral, base sintética ou 100% sintético. A troca do óleo somente ocorrerá se houver a necessidade de uma intervenção mecânica na transmissão (desmontagem para troca de alguma peça), por este motivo, muitas delas já não possuem bujão de dreno em sua carcaça. As caixas automatizadas do tipo Powershift também possuem especificações adicionais como Allison C-3 e C-4, Caterpillar TO-2 e TO-4, Case MS, John Deere JDM, Komatsu e outras.
Óleos para transmissões automáticas As especificações mais conhecidas para os óleos de transmissão automáica são as criadas pela GM em 1967, denominada DEXRON, e hoje estando no seu maior nível de desempenho como DEXRON-VI, passando por DEXRON II, IID, IIE, III, IIIG e IIIH . Sua antessessora, a especificação Type A Suffix A (TASA) de 1957, é até hoje encontrada no mercado. A Ford, por sua vez, criou em 1987 a chamada MERCON que hoje está no seu maior nível de desempenho MERCON-V, tendo como antessessora a Type F/G de 1967. Hoje em dia, muitos fabricantes como a ZF, Voith, Honda, Toyota, Mitsubishi etc. possuem suas próprias especificações, mas normalmente, todas são muito parecidas, já que o princípio de funcionamento destas transmissões e suas necessidades de lubrificação são muito próximas. Além disso, os fabricantes de aditivos e lubrificantes, por uma questão de redução de custos, procuram formular produtos que atendam a uma maior gama possível de especificações. Os óleos de transmissões automáticas devem operar os conversores de torque, que fazem o acoplamento entre o motor e a transmissão, e multiplicam o seu torque. Devem atuar como óleo hidráulico no sistema automático de mudança de marchas, além de lubrificar os rolamentos, os pacotes de embreagem internos e seus conjuntos de engrenagens. Acompanhando o desenvolvimento cada vez maior dos veículos, estas transmissões estão cada vez mais sofisticadas em funcionamento e desempenho, principalmente no que se refere a economia de combustível, colaborando para que os veículos possam atender a normas internacionais de consumo e emissões cada vez mais exigentes. Desta maneira os lubrificantes utilizados, denominados de “ATF’s Vermelhos” estão cada vez mais sofisticados, sendo os de última geração formulados com básicos sintéticos e com uma grande carga de aditivos para garantirem as suas propriedades de fricção, alta estabilidade térmica e oxidativa, características de viscosidade a altas e baixas temperaturas, alta proteção contra o desgaste e extensão do perí13
odo de troca. Assim, podemos concluir que estes óleos levam em sua formulação praticamente todos os aditivos anteriormente relacionados. A transmissão automática está em constante evolução e seu emprego está cada vez maior. Até a década de 90, era largamente utilizada apenas em carros de passeio, pick-ups e vans no mercado americano e australiano, mas sua utilização tem se expandido para outros mercados, como o japonês e o europeu, assim como em países de menor poder aquisitivo, como os da América Latina, incluindo o Brasil, e em toda a Ásia. O motivo desse aumento de mercado é o conforto no trânsito pesado, situação que já atinge a praticamente todos os países com grande frota. A manutenção, a troca de óleo e até a sua verificação de nível são muito mais complexas que de uma caixa manual, por isto a necessidade de um melhor acompanhamento e a utilização dos óleos corretos. Em muitas delas o nível deve ser verificado com o motor
ligado e quente e a troca deve ser realizada em uma oficina mecânica provida de equipamento para a sua total retirada e posterior abastecimento. Por esta razão, os fabricantes estão trabalhando para desenvolver lubrificantes aptos para extensão do período de troca e almejam também chegar a óleos sintéticos “Fill-for-Life”, reduzindo os custos de operação e manutenção e evitando a utilização de óleos errados que prejudicam o desempenho, podendo levar até à quebra do equipamento.
Óleos para transmissões CVTs Ainda não há uma especificação própria para óleo lubrificante que atenda às necessidades de uma transmissão CVT. Os poucos fabricantes de veículos que a utilizam indicam seus óleos originais que são muito parecidos com os de transmissão automática, mas tem em sua formulação o desafio de não permitirem o escorregamento da correia de aço contra as polias, ou seja, devem possuir a capacidade de gerar alta fricção entre metais além de alta capacidade antiespumante e de separação do ar entranhado. O redutor final acoplado normalmente utiliza óleo comum de transmissão mecânica, do tipo API GL-4, e pode ser “Fill-for-Fife”. As CVTs são transmissões ainda pouco utilizadas, mas que deverão ter grande desenvolvimento e queda de preço, já que se adaptam muito bem a carros pequenos e médios, sendo o seu comportamento e desempenho superior a de uma caixa automática, já que não existe a mudança de marcha propriamente dita, trazendo redução de consumo de combustível e conforto. Como no futuro deverão ser muito utilizadas, em breve surgirão as especificações de óleos para elas. Hoje, as CVTs ainda possuem os mesmos problemas das caixas automáticas: • O alto custo de manutenção, que deverá ser reduzido quando ela se popularizar. • A dificuldade da troca do óleo, que deve ser realizada em uma concessionária da marca com a utilização de óleos originais importados e caros.
Gaston Rogerio Spina Schweizer é consultor Transmissão CVT - Polias de raios variáveis
14
técnico de clientes estratégicos da RepsolYPF
O NOVO SUPERINTENDENTE DE ABASTECIMENTO DA ANP dson Menezes Silva assu-
vidades de produção, importação,
E
da ANP, por cerca de três anos.
Ardenghy, que foi para a Iniciativa
o novo Superintendente da ANP, já a formulação do óleo lubrificante.
Privada.
expressou disposição de adequar a
me a Superintendência de
Sabedor da oportunidade e conve- coleta e refino, tanto quanto o regra-
Abastecimento da ANP,
niência de aperfeiçoar o arcabouço regu- mento da comercialização de óleo
em substituição a Roberto
latório do setor de óleos lubrificantes, básico, matéria-prima essencial para
Silva, que é economista, gra-
evolução do mercado a normas de
duado pela Universidade Federal da
médio e longo prazo – “Será propicia-
Bahia, assessorou o governador do
do, pela equipe técnica da Agência,
Rio Grande do Sul em assuntos de
o Novo Marco Regulatório de Óleos
Regulação Econômica, entre os anos
Lubrificantes, assentados em cinco
de 1999 e 2000. E, além de ter Pós
minutas de resolução em exame na
Graduação Executiva em Petróleo e
Superintendência”.
Gás – MPB, cursado na COPPE/UFRJ,
De acordo com Silva, as minutas
chefiou o Gabinete do Diretor Geral
tratam de novas diretrizes para as ati-
Sr. Edson Menezes Silva Superintendente de abastecimento da ANP
NANOTECNOLOGIA A pequena grande inovação do futuro Por Letticia M S M Lazaro e Aldeci M de Oliveira
ara entender o que é nanotecnologia, é necessário primeiro entender o que é um nanômetro (1 nm). Imagine uma praia com 1000 km de extensão; um grão de areia de 1 mm está para a praia assim como 1 nm está para o metro. Outro exemplo: a espessura de uma folha de papel é de 0,1mm; 1 nm é 100.000 vezes menor que esta medida. Mais um: uma célula vermelha de nosso sangue mede cerca de 7.000 nm. Quando se fala em nanotecnologia, está se referindo a estruturas da ordem 0,1 a 100 nm.
P
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Pode-se construir novos materiais a partir destas pequenas estruturas. Pode-se obter materiais mais duros que o diamante ou aço e extremamente mais leves. Como o processo de fabricação ocorre a nível molecular, pode-se fazer as ligações químicas menores e os átomos ficarem mais próximos, obtendo-se grande resistência mecânica. Hoje em dia já há nanotecnologia em nosso dia a dia: nanopartículas de dióxido de titânio em bloqueadores solares, nanopartículas de óxido de zinco em cosméticos e nanopartículas de óxido de
cério como catalisador para combustíveis. As possibilidades na medicina são bastante promissoras: nanodrogas levando o componente ativo diretamente até as células doentes (tratamento de câncer) reduzindo os efeitos colaterais. Existem outras áreas interessantes: tecidos resistentes a manchas e que não amassam, raquetes de tênis mais leves, nano-cola, capaz de unir qualquer material a outro, sistemas de filtração de ar e de água, microprocessadores e equipamentos eletrônicos. No entanto, uma das descobertas mais importantes foi a dos fulerenos. Os elementos químicos possuem formas alotrópicas, que são diferentes maneiras das moléculas se agruparem, gerando materiais diferentes. Por exemplo, as formas alotrópicas do carbono mais conhecidas são grafite e diamante. Pois bem, descobriu-se que, através da condensação de vapores de carbono em gás hélio, forma-se uma nova estrutura de carbono diferente das duas já conhecidas. São os chamados fulerenos. Sua estrutura possui cerca de 60 átomos de carbono
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organizados na forma de uma bola de futebol. Podem também conter 70 átomos de carbono organizados na forma de uma bola de futebol americano. Partindo desta estrutura básica, já se consegue incluir no interior da “bola” átomos de outros elementos. Além disso, esta estrutura pode ser sintetizada na forma de nanotubos. Eles podem ser preenchidos com diferentes materiais e apresentam a vantagem de serem flexíveis e muito mais resistentes que fibra de carbono. Na área de lubrificação, estes nanotubos já foram adicionados a óleos lubrificantes como aditivos, demonstrando uma redução no desgaste nos testes de laboratório utilizados. Já existem artigos publicados que comprovam que a adição de óxido cuproso (CuO) na forma de
Richard Feynman, Um convite para uma “Viagem fantástica” Foi tal vez o mais brilhante cientista americano do século XX e, coroando sua carreira ganhou, em 1965, o prêmio Nobel de Física por sua teoria da eletrodinâmica quântica. Porém, foi no dia 28 de Dezembro de 1959, que Feynman deixou seus colegas de profissão desconcertados durante sua palestra intitulada “Há muito espaço lá no fundo”, realizada durante o Encontro Anual da Sociedade Americana de Física, na CALTECH – California Institute of Technology. Foi uma conferência visionária e até hoje muito citada onde Feynman abriu uma nova janela do conhecimento através da sua privilegiada visão do mundo. Esta, sem sombra de dúvida, pode ser considerada como a pedra fundamental da nanotecnologia em termos conceituais. Na reunião o cientista falou sobre o controle e manipulação da matéria em escala atómica e defendeu que não existiam obstáculos teóricos à construção de pequenos dispositivos compostos por pequenos elementos ou até por átomos. “Gostaria de descrever um campo no qual pouco tem sido feito, porém onde uma grande quantidade de coisas poderá vir a ser feito em princípio... O tema sobre o qual quero lhes falar é o problema da manipulação e controle de coisas de escala muito reduzida... ” disse o físico. “Ao falar isto, as pessoas imediatamente começam a falar sobre miniaturização e os avanços que já tem sido feitos. Sobre motores elétricos do tamanho de a unha e até que existe um dispositivo que permite escrever a Bíblia na cabeça de um alfinete mas isto nada é mas que o mais primitivo passo na direção que pretendo lhes mostrar. É um assombroso mundo pequeno que existe por baixo. No ano 2000, quando olhem para nossa época, se perguntarão porque ninguém até 1960, começou a caminhar nesta direção...” continuou. Durante sua exposição ele demonstrou que existia um enorme espaço para ser explorado e utilizado muito além dos nossos olhos e que na prática o tamanho das coisas podia ser diminuído. Ele questionou “Por que não poderíamos escrever os 24 volumes da Enciclopédia Britânica na cabeça de um alfinete?...ou colocar todos os livros do mundo num espaço pequeno”. Finalizando ele ressaltou “Agora, vejam que o nome desta palestra é ‘Há muito espaço lá no fundo’ e não somente ‘Há espaço no fundo’”, para fixar na platéia a extensão do campo visionário do qual tinha-se referido. Hoje, quase cinqüenta anos depois, muitos dos possíveis campos científicos, por ele antecipados, são áreas de pesquisa claramente estabelecidas. 17
Nanotubos - Um futuro promisor
C 70
nanopartículas podem reduzir o coeficiente de fricção em até 5,8% em um óleo básico ou em até 18,4% em um óleo de motor que atenda ao nível de desempenho API SF. Outros compostos em escala nanométrica foram testados, como dióxido de titânio e diamante, e também apresentaram grande redução do coeficiente de fricção. Neste trabalho, a avaliação foi realizada num equipamento com movimentos alternativos, situação mais severa para a atuação do lubrificante. Outra aplicação de nanotecnologia em lubrificação são revestimentos em superfícies de engrenagens, por exemplo. Ao invés de alterar-se o comportamento do lubrificante, se altera a estrutura da superfície metálica. Um exemplo é a reação de silicatos com o metal da superfície nos locais de maior calor e pressão (nos dentes das engrenagens, por exemplo). As novas partículas penetram nos poros e rugosidades da superfície, preenchendo estes espaços e formando uma camada nanométrica de silicatos metálicos com menor fricção e melhor formação de filme lubrificante. Este processo é realizado pela simples adição do composto ao lubrificante; conforme a lubrificação ocorre, o processo de revestimento vai acontecendo. Apesar de todas as vantagens e promissoras aplicações, os compostos em escala nano podem ser altamente tóxicos e prejudiciais aos seres humanos e ao meio ambiente, se não forem controlados adequadamente. Por apresentarem grande área superficial, eles são altamente reativos e podem formar radicais livres, principalmente os compostos derivados de fulereno. Além disso, nanocomposotos são capazes de atravessar membranas biológicas e atingir células, tecidos e órgãos que partículas maiores não podem afetar. Eles podem chegar a corrente sanguínea por inalação ou ingestão e alguns podem penetrar pela pele. Estes compostos podem flutuar no ar viajando
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O Carbono é um dos elementos do GRUPO IV da tabela periódica. Ele é encontrado em abundância na natureza e toda a vida sobre a terra é baseada nele e nos seus componentes. Até 1985, eram conhecidas seis formas cristalinas do Carbono, dois tipos de grafite, dois de diamante, a caoita e o carbono(VI), estas últimas descobertas em 1968 e 1972, respectivamente. Porém, recentemente uma nova forma alotrópica de Carbono foi descoberta o “buckminsterfullereno – C60”, a primeira forma molecular, à qual é de grande interesse para os laboratórios de pesquisa de hoje. A importância do decobrimento rendeu o Prêmio Nobel de Química de 1996 para os químicos que descobriram os fulerenos: o inglês Harold Kroto e os americanos Robert Curl e Richard Smalley. Nos seus experimentos eles perceberam que sempre aparecia uma molécula de 60 átomos de Carbono. O doutor Kroto pensou que a molécula poderia ter uma estrutura redonda como a dos domos que o arquiteto Buckminster Fuller tinha apresentado na EXPO67, em Montreal. Baseado nisto, Smalley estruturou o componente como um poliedro de 32 faces (formato de uma bola de futebol) que batizaram de buckminsterfulereno. Em setembro de 1985, enviaram um artigo relatando a descoberta à revista Nature, que o publicou no número de 14 de novembro do mesmo ano. O anúncio da descoberta dessa molécula foi recebido com um ceticismo e euforia pela comunidade científica. Mas, a partir de 1990, com o desenvolvimento da síntese de Krätschmer e Huffman, foi possível a preparação de fulerenos em quantidades macroscópicas, tornando-os objeto de uma área de pesquisa muito ativa. (a técnica leva à produção de uma mistura de fulerenos, composta de 75% de C60
por grandes distâncias. Como, na sua maioria, eles são novos compostos que não existem na natureza, os danos ainda não podem ser avaliados. É possível que eles se acumulem na cadeia alimentar da mesma forma que os metais pesados. Em resumo, a nanotecnologia pode auxiliar na solução de vários problemas e na melhoria de vários processos, mas, como toda inovação, requer, também, estudos sobre seus efeitos no meio ambiente e na saúde do ser humano.
(bola de futebol), 23% de C70 (a bola de rugby) e 2% de outros compostos). Apesar de que na ficção científica, como “Jornada nas estrelas”, as formas de vida baseadas em Silício são mortais para os seres humanos, no mundo real esta nova forma de Carbono descoberta poderá decretar uma espécie de sentença de morte para as futuras pesquisas baseadas em Silício, o principal elemento da tecnologia da Indústria Eletrônica. Tudo isto porque esta nova forma do Carbono pode vir a substituir o Silício como base dos sistemas eletrônicos, já que, ao contrario de todo o que estudamos em escolas e faculdades, pesquisadores vem descobrindo novos compostos de Carbono que são eficientes condutores elétricos. Particularmente, o nanotubo de Carbono tem se mostrado altamente promissor. Nanotubos: Fulerenos com outra estrutura Em 1991, meses após a publicação do método de síntese de Fulerenos, cientistas em todo o mundo pesquisavam diferentes aspectos dos novos componentes. Porém, o cristalógrafo japonês Sumio Iijima, especialista em ciência do Carbono, e trabalhando no Laboratório de Pesquisas Básicas da NEC (Nipon Elet.....), no Japão, se perguntava se outros tipos de moléculas poderiam ser obtidas utilizando a mesma técnica. Ao buscar respostas à sua pergunta, Iijima fez uma pequena alteração do método utilizado e além
dos Fulerenos esperados, obteve um depósito negro sobre o eletrodo negativo, que ao ser examinado no microscópio, continha o que hoje se conhece como nanotubos ou tubos cilíndricos de escala nanométrica. Estes se formam empacotados uns dentro dos outros como bonecas russas. Desta forma um novo composto de Carbono foi descoberto, trazendo novas expectativas para o setor. Após alguns anos da sua descoberta os nanotubos têm amplamente superado os buckyballs na corrida pela sua utilização no mercado de tecnologia. Os nanotubos, além de possibilitar nanoestruturas de alta resistência, permitem criar estruturas de Carbono de altíssima condutividade elétrica, abrindo assim o caminho para o mundo da tecnologia eletrônica. Adicionalmente, os nanotubos de Carbono podem ser facilmente dobrados, não reagem com a maioria das substâncias químicas e resistem ao uso diário. Os pesquisadores descobriram recentemente, que redes aleatórias de nanotubos podem realizar uma série de funções eletrônicas básicas, imitar as propriedades de metais como o Cobre ou as características semicondutoras do Silício. Além disto, os engenheiros podem construir dispositivos baseados em Carbono com métodos simples de manufatura, como dissolver os nanotubos em um líquido e posteriormente borrifar a solução, em camadas sucessivas, sobre folhas de plástico flexíveis. Poderia também ser utilizado para outras funções eletrônicas como emitir luz ao ser aplicada uma voltagem. Alguns usos diretos para estes materiais seriam: o papel eletrônico, sensores químicos ou células solares impressas sobre telhas. Mas, não será a curto prazo que os nanotubos de Carbono substituirão o Silício, apesar de todas as vantagens expostas. O principal obstáculo, para isto ocorrer, está na dificuldade de produzi-los numa escala industrial e a um custo razoável para o mercado consumidor.
Sistemas de arrefecimento Conhecendo os tipos de aditivos para flúidos de radiador e suas principais aplicações
Por Simone Hashizume
O fluido arrefecedor O consumidor tem à sua disposição em postos de serviços e lojas uma gama cada vez maior de produtos automotivos, entre eles opções para o sistema de arrefecimento. São produtos com diferentes apelos comerciais e nem sempre o consumidor conhece suas especificidades e aplicações. Entre eles, os mais encontrados são aditivos Coolants, fluidos anticorrrosivos e para limpeza do sistema. Quando o usuário desconhece os benefícios desses produtos, opta por colocar apenas água no sistema de arrefecimento, e pode comprometer o bom funcionamento do seu veículo. É preciso ficar atento porque o aumento da potência e a diminuição dos motores dos veículos tornaram necessária a utilização de aditivos Coolants no sistema de arrefecimento. Mas, como o fluido arrefecedor não é considerado um item de segurança, acaba não tendo a importância que o sistema requer. O sistema de arrefecimento vai retirar o calor da câmara de combustão, cabeçote, bloco do motor e outros. A princípio, até que o motor atinja sua temperatura normal de trabalho, esse fluido circula apenas pelas galerias do motor. Quando a temperatura de trabalho do motor é atingida (85 a 95 graus) o fluido passa a circular por todo o sistema de arrefecimento, passa pelo radiador que, em conjunto com o ventilador, resfria o motor. A água, opção de muitos consumidores para o preenchimento do radiador, não tem as mesmas propriedades do aditivo que, por exemplo, ferve sob temperaturas mais elevadas que 100ºC. As impurezas da água, como sulfatos, cloretos e bicarbonatos, tendem a aumentar a taxa de corrosão no sistema _ a corrosão, por exemplo, pode furar ou entupir o radiador. A água
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ainda tem outras impurezas, como carbonatos de cálcio e magnésio, que reduzem a troca térmica porque formam incrustações, geralmente em pontos quentes e favorecem o entupimento do radiador, o que pode levar ao superaquecimento do motor e travá-lo, o popular “fundir” o motor. Para que o consumidor possa escolher conscientemente o produto que vai usar, adequado ao motor e às suas necessidades, trouxemos nesta edição um raio-X dos principais tipos de produto à venda.
Aditivo Coolant São os produtos à base de monoetilenoglicol. Esse tipo de aditivo, usado na concentração de 50%, aumenta o ponto de fervura da água, que sob pressão passa a ferver a mais ou menos 128ºC. No outro extremo, diminui o ponto de congelamento da água. Quando a água congela, aumenta de volume, aproximadamente 9%. Por exemplo, se a água congelar no radiador ou nas mangueiras, pode furá-los. O Coolant também evita a precipitação dos sais presentes na água, que podem formar depósitos e dificultar a passagem do fluido no sistema de arrefecimento, prejudicando a troca de calor; evita a cavitação, fenômeno causado pelas diferenças de pressões e temperaturas nas quais o sistema de arrefecimento trabalha, formando bolhas de vapor que se chocam e provocam furos; serve ainda para lubrificar componentes dos sitema, como bomba d’água e válvula termostática.
COOLANTs
são aditivos que possuem em sua composição monoetilenoglicol e um pacote anticorrosivo
Funções Aumentar a temperatura de ebullição. Reduzir a temperatura de congelamento da água do sistema de refrigeração. Realizar proteção anti-corrosiva e anti-ferrugem do sistema de arrefecimento. Reduzir a formação de depósitos que dificultam a refrigeração. Evitar precipitação dos sais. Lubrificar e proteger os componentes.
inorgânico
orgânico
concentrado
diluído
concentrado
diluído
NBR 15.297
NBR 14.261
NBR 13.705
NBR 14.261
Os aditivos Coolants vão proteger todo o sistema de arrefecimento contra a corrosão causada pela água. Para isso, um pacote de aditivos anticorrosivos deve ser adicionado em sua composição. Os Coolants devem atender algumas normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) de aditivos para arrefecimento de veículos automotores rodoviários. Sua base pode ser orgânica ou inorgânica. Os aditivos de base orgânica são conhecidos pela sua longa vida ou também pelo termo long life. Os aditivos coolants de base inorgânica devem atender à norma ABNT NBR 13.705 para produtos concentrados, isso quer dizer que a água deve ser adicionada na proporção indicada pelo fabricante do veículo para formar a solução arrefecedora. Já os aditivos coolants de base orgânica devem atender à norma ABNT NBR 15.297 para produtos concentrados. A norma ABNT NBR 14.261 é para aditivos Coolants orgânicos ou inorgânicos diluídos (prontos para uso), na proporção de 50%. Para atender às normas da ABNT, os aditivos Coolants, quando submetidos a ensaios, devem atender a todos os requisitos nela especificados. Por exemplo, um dos requisitos da NBR 13.705 é que o aditivo Coolant, de base inorgânica, deve conter no máximo 5% de água, isso quer dizer, deve ter 95% de monoe-
tilenoglicol (tipo A) em sua composição. Esse é apenas um dos requisitos dessa norma, que também especifica o pH que o produto deve ter, a densidade e o ensaio de corrosão que deve ser realizado em uma diluição de 33%. As normas da ABNT, bem como o Código de Defesa do Consumido, fazem exigências para que algumas informações constem no rótulo do produto. Uma delas é a indicação da norma ABNT que o produto atende. O próprio consumidor pode identificar, analisando o rótulo, se aquele produto que ele está adquirindo atende as especificações descritas no manual do veículo, lembrando apenas que o produto quando ensaiado deve atender a todos os requisitos da norma referente, não apenas um requisito. Dica: conforme a ABNT NBR 14.844, norma de recomendações práticas para líquidos de arrefecimento para motores, para reposição do fluido arrefecedor recomenda-se utilizar 50% do aditivo Coolant com 50% de água ou utilizar a solução arrefecedora conforme ABNT NBR 14.261. Nunca utilize somente o aditivo Coolant, pois o líquido responsável pela troca de calor no sistema de arrefecimento é a água. 21
Anticorrosivos Os produtos anticorrosivos, como o próprio nome já diz, têm a função de proteger todo o sistema de arrefecimento contra a corrosão. Esses produtos podem ser concentrados ou diluídos (prontos para uso). Os produtos anticorrosivos são destinados a veículos pesados, como os caminhões, que possuem motores maiores, portanto a água circula mais e mantém melhor a refrigeração, e não precisam de aditivos coolants. A diferença de um produto anticorrosivo para um aditivo coolant é o primeiro, quando adicionado a um veículo com indicação de um aditivo coolant, não vai aumentar o ponto de ebulição da água nem diminuir o ponto de
congelamento. Lembre-se que o produto ideal é aquele indicado no manual do fabricante do veículo.
Limpeza Com o uso contínuo de produtos sem fatores anticorrosivos no sistema de arrefecimento, como a água, podem aparecer nas peças do sistema ferrugem ou outros sedimentos. Os produtos de limpeza próprios para esse sistema restauram a eficiência térmica do sistema de arrefecimento.
Anticorrosivos
Benefícios Protege contra corrosão
são flúidos com propriedades anticorrosivas
concentrado
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diluído
Programa de Proficiência Nacional em fluidos de arrefecimento automotivo Por solicitação da Comissão de Estudos ABNT CE 05:102.04, vinculada ao Comitê Brasileiro Automotivo da ABNT (CB-05), o IPT (Instituto de Pesquisas Técnicas) criou o Programa de Proficiência Nacional em fluidos de arrefecimento automotivo para verificar, através de testes de corrosão, a compatibilidade de resultados obtidos pelos laboratórios das empresas participantes da comissão. “Sabe-se que no mercado nacional é possível encontrar fluidos de ótima qualidade, e não obstante diversos produtos de má qualidade – adulterados e fora de especificação. A qualidade dos fluidos para arrefecimento automotivo disponíveis no mercado brasileiro tem sido motivo de preocupação do setor automotivo e dos usuários de veículos”, disse o Sr. Ricardo Rezende Zucchini, do IPT (Instituto de Pesquisas Técnicas), no XV Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva realizado nos dias 02, 03 e 04 de outubro de 2007, em São Paulo. “Nos primeiros testes, foi possível observar que o grupo apresentou resultados bastante coerentes, sendo que cinco dos sete participantes apresentaram todos os resultados satisfatórios e os demais já realizaram melhorias em seus processos”, comentou Zucchini.
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sintéticos e especialidades O Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) também tem um programa de análise de produtos para arrefecimento de motores. O instituto recolhe no mercado produtos por amostragem com o objetivo de averiguar se os mesmos estão em conformidade com os requisitos normalizados. Os resultados obtidos são disponibilizados no próprio site do Inmetro e, em alguns casos, veiculados por meio de televisão. Além de escolher o fluido arrefecedor de melhor aplicação para seu veículo, o consumidor precisa estar atento para a questão da regularidade do produto e sua qualidade. O fluido arrefecedor é um item importante para o bom funcionamento do veículo, levando em consideração que todos os veículos leves saem de fábrica com o aditivo coolant no reservatório e que a concentração de uso e período de troca devem ser aqueles recomendados pelo fabricante do veículo ou motor.
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Influências e direções para o mercado brasileiro de lubrificantes Por Pedro Nelson Belmiro
companhar as tendências tecnológicas de Estados Unidos e Europa no setor de lubrificantes e aditivos tem sido uma característica natural dos países emergentes, e, portanto, também pelo Brasil nos últimos anos. O descompasso que ainda existia no início da década de 90, foi se extinguindo e já assistimos a inúmeros lançamentos mundiais de categorias de óleos automotivos, disponibilizando aqui o mesmo produto lançado no primeiro mundo, muito embora os nossos consumidores não absorvam de forma imediata as mais recentes tecnologias. Vivemos, em toda a América Latina, ainda em um mercado fortemente sensível a preço, onde a qualidade é, por vezes, negligenciada em prol de uma redução do desembolso imediato, sem uma análise econômica por um período maior. Nesse aspecto, existe uma influência direta da economia do país com os devidos reflexos no consumo em geral. No caso brasileiro, podemos observar que o mercado já apresenta sinais significativos de maturidade e desenvolvimento, com crescimento real esperado com otimismo. Favorecido por um aumento da produção industrial, especificamente o bom desempenho do setor automobilístico, o mercado de lubrificantes trabalha hoje, segundo as grandes companhias, com uma expec-
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tativa de crescimento que ultrapassa a casa dos 7% no ano que passou, com possibilidades de repetir esse desempenho em 2008. Além disso, o setor tem se organizado em debates e troca de informações, o que faz com que o amadurecimento surja naturalmente, acompanhado de uma posição mais assertiva dos órgãos reguladores e maior movimentação das empresas sérias do setor em prol de uma moralização na comercialização dos produtos e orientação ao consumidor. Falar de tendências é falar dos parâmetros que constituem o conjunto de influências que vão determinar direções tecnológicas e mercadológicas a serem seguidas pelos principais agentes do mercado. No caso dos lubrificantes no Brasil, identifica-se, prontamente, os seguintes fatores primordiais: 1- Crescimento Industrial - A relação do setor de lubrificantes com o crescimento industrial do país é direta e facilmente compreensível. Mais máquinas trabalhando, mais automóveis circulando, mais lubrificantes sendo utilizados. Com base nessa premissa, podemos ficar
otimistas para este ano, pois, salvo turbulências inesperadas a projeção é de crescimento. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta uma expansão de 5% para o PIB de 2008, um pouco abaixo dos 5,3% esperado para 2007. O PIB industrial deve ter variação igual ao PIB geral, tanto neste como no próximo ano e os empresários apostam que a forte demanda interna deverá ser suficiente para continuar impulsionando o consumo, junto com o aumento na taxa de investimentos em 2008. A produção da Indústria Automobilística, que se aproximou da marca dos 3 milhões de veículos em 2007, muito colaborou para o aumento do consumo de lubrificantes, e de acordo com as perspectivas do setor, deve repetir esse bom desempenho em 2008. Esse mercado específico também tem direcionado, em grande parte, o desenvolvimento tecnológico do setor de lubrificantes como um todo. 2-Legislação restritiva para emissões - Nesse ponto, vemos a clara demonstração de prioridade ao meio ambiente pelos órgãos governamentais, e, portanto, leis sobre emissões veiculares, tanto no âmbito federal como nos estados, obrigam o desenvolvimento de tecnologias de motores, combustíveis e lubrificantes compatíveis com os limites estabelecidos. O Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores), estabelece em sua fase P-6 (veículos pesados a diesel), a partir de 1º de janeiro de 2009, uma drástica redução de 82% sobre o limite atual de material particulado (MP), e de 30% para os óxidos de nitrogênio (NOx). Para atender aos novos níveis de concentração de poluentes (MP= 0,03 g/kWh e NOx= 3,5 g/kWh), os fabricantes de motores lançarão mão de tecnologias como Catalisador de Oxidação Diesel (DOC), Filtros de partículas (DPF), Recirculação de Gases de Exaustão (EGR) e Redução Catalítica Seletiva (SCR), causando impacto direto nas formulações de lubrificantes, pois, alguns aditivos são incompatíveis com catalisadores. A redução significativa do limite para o teor de Enxofre também terá forte impacto nas formulações, incluindo a utilização quase obrigatória de óleos básicos superiores. De acordo com os principais fabricantes de aditivos, é pouco provável que a tecnologia do futuro seja uma extensão das plataformas atuais de aditivos e pode-se esperar uma fragmentação das especificações dos óleos, porque a qualidade do lubrificante estará atrelada à estratégia adotada pelos fabricantes de veículos para seus projetos de redução de emissões com as tecnologias acima mencionadas. 3- Programa de Monitoramento da Qualidade dos Lubrificantes - A ação da ANP tem sido fundamental para a moralização e regulação do mercado, e segundo fontes daquele órgão, pode-se esperar não só a continuidade do programa como também sua ampliação em termos de área geográfica. Aliada ao monitoramento da qualidade, a fiscalização vem exercendo papel de extrema importância para a credibilidade do processo. Mesmo reconhecendo que ainda há muito a fazer nessa área,
a ANP já anunciou, em seu site, a interdição de dois produtores de lubrificantes e a autuação de outros dois. A resolução nº10 da ANP publicada em 9 de março de 2007 define que, a partir de 9 de março de 2008, já não se poderá mais fabricar óleos automotivos de classificação inferior a API SF e API CF, portanto, além da esperada melhoria do nível de qualidade dos óleos no mercado, é imprescindível que a fiscalização a ANP aumente sua operação, a fim de restringir os possíveis problemas de “não conformidades” que poderão advir dessa nova situação de mercado. 4- Utilização de Biodiesel - A partir do início de 2008, tornou-se obrigatório por lei, a adição de 2% de biodiesel ao óleo diesel mineral. Fontes do governo já anunciaram a disposição de aumentar para 3% ainda este ano e antecipar para 2010 (inicialmente 2013) o percentual obrigatório de 5%. Até agora, não se publicou nenhum estudo final e completo sobre o impacto da utilização desses combustíveis no óleo lubrificante, entretanto, sabe-se que inúmeros testes de campo estão em andamento e provavelmente ainda este ano teremos alguma abordagem com respaldo técnico e experimental sobre o assunto. Há uma forte preocupação quanto ao intervalo de troca do óleo lubrificante quando se utilizar biodiesel, entretanto, estudos estão também em andamento para que a aditivação do óleo já contenha uma proteção eficiente para estes casos. Os principais pontos críticos que estão sendo analisados pelos especialistas do setor são: estabilidade à oxidação e propriedades a baixas temperaturas, além da utilização de aditivos específicos como biocidas, promotores de cetano (no caso da mamona), moderadores de acidez e dispersantes. Existe ainda, como foi mostrado no número anterior da Lubes em Foco, uma concorrência forte no mercado de ácidos graxos vegetais, utilizados na fabricação do Biodiesel, e que são insumos importantes para a fabricação de graxas, fazendo com que o preço desses produtos subam significativamente. 5- Economia de combustível - Esse é um ponto comum a todos os mercados atualmente, e tem impacto direto nas formulações de lubrificantes, uma vez que os fabricantes de equipamentos estão sempre buscando melhorar o rendimento e a durabilidade de seus motores, adequando os projetos 26
às legislações ambientais. Algumas estratégias para atendimento da legislação de emissões têm impacto negativo na economia de combustível e a durabilidade do equipamento, incluindo o sistema de pós-tratamento dos gases de escape, exigirá um valor agregado considerável à nova geração de lubrificantes. Conforme afirmou o engenheiro Antonio Cláudio Ribeiro da empresa de aditivos Lubrizol, em seminário realizado em São Paulo, pode-se esperar um crescimento da demanda por lubrificantes de mais baixa viscosidade (10W-30 e 15W-30) e conseqüentemente por óleos básicos de grupo II e III tende a aumentar, e a expectativa é de que as anunciadas expansões de fabricantes internacionais possam suprir as necessidades, o que não vem acontecendo nos últimos anos. A tendência mundial para a economia de combustíveis, pode implicar em um aumento relativo do custo dos óleos lubrificantes, por isso, não se pode esperar uma alteração muito rápida e radical no mercado brasileiro, quanto à utilização de lubrificantes de qualidade superior, entretanto, trata-se de uma tendência irreversível que também atingirá de forma decisiva o nosso mercado em futuro próximo. 6- Coleta do óleo usado ou contaminado (OLUC) Conforme já publicado na edição 03 dessa revista, os ministérios de Minas e Energia e de Meio Ambiente publicaram, em ato conjunto, a Portaria Ministerial nº464, fixando novos percentuais de coleta por região geográfica para os próximos anos. Apesar de já estarmos perto desses novos números, que indicam uma média Brasil de 35% para 2010, muito trabalho ainda precisa ser feito nas regiões Norte e Nordeste. A indústria do Rerrefino está preparada para as metas estabelecidas, mas a conscientização dos produtores e distribuidores é imprescindível para o atendimento dessa legislação que colocará o Brasil no nível de países do chamado primeiro mundo. As influências e perspectivas para o setor de lubrificantes no Brasil, em 2008, podem ser consideradas positivas sob muitos aspectos, porém, são também muito desafiadoras e requerem bastante atenção dos principais agentes desse mercado. Podemos citar, como exemplos desses desafios, o abastecimento suficiente de óleos básicos para os produtores, o possível aumento de custo das formulações mais modernas, a fiscalização efetiva, tanto da qualidade dos produtos comercializados, quanto dos níveis de coleta do óleo usado e a concorrência sadia e honesta entre as empresas distribuidoras com os níveis mínimos de qualidade exigidos.
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Confirmando nossa proposta inicial de ouvir o mercado e a ele retornar com as informações relevantes do setor de lubrificantes, estamos inaugurando, nessa edição, a página de OPINIÃO DO LEITOR. Aqui colocaremos os e-mails e cartas recebidos de nossos leitores com opiniões e sugestões sobre matérias, mercado e acontecimentos relativos ao segmento de lubrificantes. Sua opinião será muito bem vinda! Envie seu e-mail para leitores@lubes.com.br, teremos prazer em publicá-lo.
“O IBP e a Agência Virtual estão de parabéns pela excelente publicação, que além da alta qualidade editorial, tem se tornado uma referência no segmento de lubrificantes no Brasil, com importantes informações técnicas e de mercado. Ótimo veículo de divulgação que muito nos auxilia no entendimento e na regulação do setor.” Maria Antonieta Superintendente de Qualidade da ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis
“A aceitação da LUBES EM FOCO foi um sucesso já nas primeiras edições, pois com matérias excepcionais, tem contemplado desde a parte técnica até informações sobre cenários futuros, com informações precisas e importantes, muita clareza e fundamentação. A revista supriu uma carência em divulgação do setor de lubrificantes, deixandonos extremamente gratificados em participar como parceiros neste caminho de sucesso.” Luiz Carlos Trecenti Diretor do Grupo Lwart do Sindirrefino
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“Considero a revista LUBES EM FOCO uma idéia inovadora que veio preencher uma lacuna no mercado brasileiro de lubrificantes. O pioneirismo dessa iniciativa deve ser parabenizado, pois além de suprir a necessidade de informações do mercado com matérias que expandem o conhecimento, vem servindo como fonte de consulta técnica e referência para o setor.”
“Parabenizo a todos os envolvidos nesta realização! A revista ficou ótima e estará preenchendo uma lacuna importante neste mercado de profissionais apaixonados por lubrificantes !! Desejo vida longa à LUBES EM FOCO e para começar encomendei 40 assinaturas.“ Eduardo Freitas Gerente do Departamento Comercial de Lubrificantes da Ipiranga
José Vianna Diretor de vendas da Lubrizol do Brasil
“Meus cumprimentos ao IBP e à Agência Virtual pela brilhante iniciativa de lançar a revista LUBES EM FOCO. Considero uma ferramenta de comunicação de muito valor para toda a comunidade de empresas, técnicos e acadêmicos. Destaco, ainda, que o padrão apresentado nos primeiros números indica a responsabilidade e seriedade dos editores, não só com a gestão técnica e empresarial, mas também pelos aspectos de meio ambiente, que considero pilar fundamental das estratégias para a sustentabilidade.“ Nelson Paim Gerente de Comércio Interno de Lubrificantes e Parafinas da Petrobras
“Tenho satisfação em reconhecer na revista LUBES EM FOCO um meio onde as pessoas que realmente atuam e participam do setor de lubrificantes têm condições de se manifestar e até utilizar como fonte de informações. Até hoje, não havia um meio como esse, onde o mercado pudesse se expressar democraticamente e obter conhecimento.” Claudio Lopes Gerente de Vendas Brasil da Afton Chemical
“...sonhos e desejos podem se tornar realidade somente se fizermos jus e acreditarmos neles!”
A Lubes em Foco deseja a seus leitores muita sabedoria para transformarmos 2008 numa boa experiência de vida.
Carlos Drummond de Andrade
Leia na 5ª edição • A verdade sobre o combate do verniz em sistemas hidráulicos • Óleos Básicos - mercado, tecnologia e aplicações • Sintéticos - o que são e como entendê-los 29
NACIONAIS ANP INTERDITA MAIS UM PRODUTOR E AUTUA OUTROS DOIS Fiscais da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a pedido do Ministério Público de São Paulo, interditaram, no ínicio de dezembro último, um fabricante de óleos automotivos na cidade de Guarulhos e autuaram mais dois fabricantes, um em Lorena e outro na Capital, em ação para coibir o comércio irregular de lubrificantes no estado. Foram apreendidos, no total, 184,525 mil litros. Mais detalhes no site da ANP.
e registros com 17,2% de não conformidades também foram itens analisados.
QUALIDADE DOS LUBRIFICANTES VOLTA A PREOCUPAR Os últimos dados divulgados pela ANP para a qualidade dos óleos lubrificantes mostram que houve um pequeno aumento de não conformidades em relação à qualidade. O mês de novembro de 2007 apresentou 32,8% contra 20,3% de outubro. Os principais problemas continuam sendo produtos sem aditivos e viscosidade diferente da indicada. Rótulos com 15,8%
CHAMADA DE TRABALHOS PARA A RIO OIL & GAS O IBP realizará nos dias 15 a 18 de setembro de 2008, no Riocentro – Rio de Janeiro, a 14ª edição da Rio Oil & Gas Expo and Conference e o Comitê Técnico do evento está recebendo as sinopses dos trabalhos até o dia 28 de fevereiro, pelo do site www.riooilgas.com.br, de acordo com o “Sistema de Envio de Sinopses”. Este ano, a Conferência tem estimativa de participação de 4.500 congressistas.
EMPRESA INDIANA VAI FABRICAR ADITIVOS NO BRASIL Depois de adquirir o negócio de componentes para aditivos da ExxonMobil Chemical em março de 2007, a empresa indiana Dorf Ketal comprou uma área de 2 hectares no polo industrial de Camaçari, na Bahia, para a instalação de uma fábrica que produzirá aditivos para lubrificantes, combustíveis e indústria de adesivos.
INTERNACIONAIS GRUPO III TEM NOVO PROJETO EM ABU DHABI Uma “joint venture” formada pela Neste Oil (Finlandia), a OMV (Áustria) juntamente com a Takreer de Abu Dhabi planeja produzir cerca de 500 mil toneladas de óleo básico de alto índice de viscosidade e isento de enxofre (grupo III). Como um projeto dessa natureza demora normalmente em torno de 3 anos, espera-se que a produção se inicie em 2011. CHILE PLANEJA AUMENTO SIGNIFICATIVO DA PRODUÇÃO DE MOLIBDÊNIO Aguardando resultado do estudo de impacto ambiental para o início de 2008, a divisão chilena da empresa Xstrata Copper’s North pretende aumentar a produção de sua planta em Altonorte de 12 mil para 28 mil toneladas de Molibdênio, a começar no segundo semestre de 2009. O Molibdênio é usado como lubrificante só30
lido, aditivo para óleos e graxas, catalisador no refino de petróleo e na indústria de aço e seu preço foi multiplicado por dez nos últimos dois anos devido à pouca oferta no mercado. IMPACTO DO BIODIESEL NOS LUBRIFICANTES PODE NÃO SER DETECTADO EM TESTES PADRÕES A preocupação apresentada na última conferência internacional da NPRA em Houston-EUA, é de que os testes padrões relacionados a motores não detectem os reais impactos que o Biodiesel possa trazer ao lubrificante. Esses testes focam principalmente a formação de lama, corrosão de mancais, limpeza dos pistões e agarramento de anéis, enquanto as preocupações atuais estão mais voltadas aos contaminantes e seus impactos na oxidação , bombeabilidade do óleo e perda de viscosidade.
Programação de Eventos Internacionais Data
Evento
Janeiro 15 a 17
16th International Colloquium Tribology Automotive and Industrial Lubrication - www.tae.de/tribology
Janeiro 21 e 22
Diesel Engine Technology - SAE - www.sae.org
Janeiro 31
10th Lubricating Grease Conference - Aurangabad, Maharashtra, India - www.flasia.info/Events
Fevereiro 21 e 22
The 12th ICIS World Base Oils conference - The Hilton on Park Lane, London - www.icis.com
Março 5
14th Annual Fuels & Lubes Asia conference - Seoul, Korea - www.flasia.info/Events/
Abril 2 a 4
9th International Tribology Conference South African Institute of Tribology - www.tribology-abc.com
Abril 9 a 11
Friction, Wear and Wear Protection - www.tribology-abc.com/conferences/default.htm
Abril 16 e 17
Modern Fluids for Crankcase Engines: An Overview - SAE - www.sae.org
Abril 20 a 22
20th European Lubricating Grease Institute AGM - Lisbon Marriott Hotel, Portugal - www.flasia.info
Maio 5 e 6
Diesel Engine Technology - SAE - www.sae.org
Maio 8 a 10
77th NLGI Annual Conference - Williamsburg, Virginia, U.S.A - www.elgi.org/joomla
Maio 18 a 22
2008 STLE Annual Meeting - www.stle.org/annual_meeting/index.cfm
Junho 10 a 13
Nordtrib 2008 - 13th Nordic symposium on Tribology - www.tribology-abc.com/conferences/default
Junho 15 a 19
Petroleum Products and Lubricants - ASTM - Vancouver,BC CA - www.astm.org
Junho 18 e 19
NameThe 2nd ICIS Asian Base Oils & Lubricants Conference - Kuala Lumpur - www.icis.com
Junho 23 a 25
2008 SAE International Powertrains, Fuels and Lubricants Congress in China - www.confabb.com
Setembro 15 a 18
Rio Oil & Gas 2008 - Riocentro - Centro de Convenções do RJ - www.ibp.org.br
Outubro 5 a 8
The 3rd Symposium on the Assessment and Control of Metal Removal Fluid - www.ilma.org/events
Outubro 11 a 14
ILMA Annual Meeting - www.ilma.org/events/futuremtgs.cfm
Nacionais Data
Evento
Março 11 a 14
4ª Feira Ferramentaria + Modelação + Usinagem - www.abimaq.org.br/feiras
Setembro 1 a 5
23º Congresso Brasileiro de Manutenção - ABRAMAN - Santos 2008
Cursos Data
Evento
Março 6
Lubrificantes automotivos - Tecnologia e Mercado - São Paulo - AEA - www.aea.org.br
Abril 2 a 4
Curso de Lubrificantes e Lubrificação - Rio de Janeiro - IBP - www.ibp.org.br
Agosto 5
Lubrificação Automotiva - São Paulo - AEA - www.aea.org.br
Se você tem algum evento relevante na área de lubrificantes para registrar neste espaço, favor enviar detalhes para comercial@lubes.com.br, e, dentro do possível, será veiculado na próxima edição.