EM FOCO
Dez/Jan 09 Ano II • nº 10 Publicação Bimestral R$ 12,00
A revista do negócio de lubrificantes
Evolução do buraco na camada de Ozônio
NASA Goddard Space Flight Center (NASA-GSFC)
Óleos para refrigeração Lubrificação e impacto na camada de ozônio.
Flushing em redutores A excelência de um flushing periódico bem feito não está na sua complexidade e sim nos seus detalhes e nos seus resultados tangíveis.
A revista brasileira focada, com exclusividade, nos temas de interesse do mercado de lubrificantes.
Envie um e-mail para comercial@lubes.com.br, faça a sua inscrição gratuita para a newsletter da Lubes em Foco e receba em casa dados e notícias atualizadas do mercado brasileiro de lubrificantes.
Editorial Apesar dos sombrios prognósticos para a economia em 2009 e de não haver clareza quanto à estrada que está a nossa frente, podemos esperar ainda muita atividade no setor de lubrificantes brasileiro, principalmente no tocante à qualidade, organização e disseminação de informações. Para isso, a ANP terá um papel fundamental junto aos principais agentes do mercado e terá, com certeza, a colaboração de todos. Um pacote de novas resoluções está pronto e a regulação das atividades de cadastramento de produtores e importadores de óleo básico, de produção de óleo acabado, importação de óleo acabado, coleta de óleo usado ou contaminado e rerrefino de lubrificante usado ou contaminado trará uma seriedade ao mercado, com mais exigências de qualidade e atuação responsável. A isso, juntem-se o movimento de alguns setores para um aumento dos níveis mínimos de qualidade dos óleos lubrificantes automotivos, uma grande renovação já ocorrida da frota nacional de veículos e a necessidade de economia e maior controle de manutenção, e podemos afirmar, sem medo de errar, que, mesmo sem a expectativa de grandes resultados financeiros para este ano, a necessidade de aumentar, consolidar e disseminar o conhecimento e a capacitação profissional será sempre crescente. Muitas empresas aproveitam o ciclo de baixa produção para investir em treinamento, organização interna e desenvolvimento de profissionais, através de cursos de preparação específica, outras podem simplesmente cortar os custos diretos com demissões e diminuição da produção. Então, ao final do ciclo e início da retomada do crescimento, poderá ser medido com facilidade o potencial de recuperação de quem tem melhor estrutura e colaboradores mais bem preparados. O Instituto Brasileiro de Petróleo Gás e Biocombustíveis – IBP tem atuado intensamente na disponibilização de cursos de pós-graduação, cursos técnicos, publicações técnicas e revistas especializadas, além de proporcionar os debates mais importantes dos setores de suas atividades, através de palestras e de suas comissões técnicas. Dessa forma, a Lubes em Foco se sente orgulhosa em participar desse movimento, dinamizando o seu site na Internet e iniciando este ano a divulgação das mais recentes informações do setor em sua nova Newsletter.
Os Editores
Publicado por: AGÊNCIA VIRTUAL LTDA. Rua da Glória 366 - sala 1101 CEP 20241-180 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Tel.: (5521) 2224-0625 e-mail: comercial@lubes.com.br Conselho Editorial Antonio Carlos Moésia de Carvalho Ernani Filgueiras de Carvalho Gustavo Eduardo Zamboni Pedro Nelson Abicalil Belmiro Diretor Comercial Antonio Carlos Moésia de Carvalho Jornalista Responsável Marcia Lauriodo Zamboni - reg. 17118-78-45
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Tiragem 4.000 exemplares
Layout e Editoração Alexandre Paula Pessoa Armando Pereira Alves de Souza
E-mail dos leitores e site leitores@lubes.com.br www.lubes.com.br
Redação Tatiana Fontenelle Impressão SOL Gráfica
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Sumário 6
A
B
C
A B C
Dentro do refrigerador Compressor Valvula de expansão
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Entrevista com Mónica Vazques A executiva da RepsolYPF fala sobre o mercado argentino, o Mercosul e a crise mundial.
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Reserva alcalina de óleo
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Gestão da saúde na produção de lubrificantes
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Óleos para refrigeração
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Flushing em redutores
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Em busca de fluidos mais seguros
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Mercado em foco
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A capacidade do óleo lubrificante de neutralizar os ácidos formados na combustão.
Toda empresa é tão mais competitiva quanto mais saudáveis e produtivos forem seus empregados.
Nos sistemas de refrigeração modernos, os lubrificantes desempenham um papel de vital importância.
Os redutores de engrenagens, precisam ser limpos por flushing, periodicamente e compulsoriamente.
Partículas ultrafinas geradas em processos metalúrgicos podem causar sérios danos à saúde.
Veja os números do mercado brasileiro de lubrificantes no fechamento de 2008.
Notícias Rápidas Atualidades do mercado de lubrificantes.
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MÓNICA
VAZQUEZ Por: Tatiana Fontenelle
Engenheira Química, casada e mãe de dois filhos, Mónica Vazquez ocupa o cargo de principal executivo no Instituto Argentino de Normalização e Certificação (IRAM) e tem dedicado mais de 29 anos de experiência ao setor de petróleo, principalmente lubrificantes, combustíveis e especialidades. Atualmente gerencia o Departamento de Serviços Técnicos de Marketing da RepsolYPF na Argentina, cobrindo as áreas de Desenvolvimento de Produtos, Assistência Técnica ao setor de pós-venda, Ligações com a Indústria e Qualidade Assegurada para a divisão de Marketing da empresa.
Mónica fala com exclusividade para a revista LUBES EM FOCO sobre o mercado argentino, sua proposta para o Mercosul e a crise mundial e seus efeitos no mercado de lubrificantes. Lubes em foco - Temos informação de que o mercado argentino de lubrificantes vem apresentando um grande crescimento nos últimos anos. Qual o tamanho desse mercado e quais os principais fatores que o impulsionam? Mónica Vazquez - O mercado argentino de lubrificantes tem tido um crescimento importante desde o ano de 2002. Em janeiro daquele ano, como consequência da crise econômica gerada pela alteração da conversão cambial, a Argentina entrou na crise político-institucional mais séria dos últimos 50 anos, o que afetou profundamente o cenário de demanda industrial e varejista. O mercado de lubrificantes está diretamente relacionado com essa demanda e no ano de 2002 alcançou o valor de 216.000 m3, o mais baixo desde a desregulamentação da indústria petroleira ocorrida em 1990. A partir desse momento, começou a reativação econômica do país, que trouxe como conseqüência a reforma do parque automotivo e o crescimento industrial impulsio6
nado justamente pelas empresas desse segmento. Ao mesmo tempo, a alta do preço das commodities propiciou também um incremento muito importante da atividade agropecuária, que impactou positivamente o mercado de lubrificantes, não só pela maior demanda do segmento, como também pelo crescimento do transporte. Essas foram as duas forças propulsoras que fizeram com que o mercado de lubrificantes e graxas tenha crescido 50% no período de 2002 a 2007. Lubes em foco - Qual o principal perfil da indústria automotiva argentina, considerando os diversos tipos de combustíveis existentes? Mónica Vazquez - Na Argentina, podemos dizer que 50% do parque automotivo de veículos de passageiros utilizam gasolina como combustível. Os 50% restantes utilizam diesel (22%) e gás natural (27%). Diferentemente do Brasil, não utilizamos o álcool como combustível. No caso dos veículos de transporte (ônibus e caminhões) o combustível utilizado é o óleo diesel. Os fabricantes de veículos são majoritariamente europeus e mesmo os americanos como a Ford e a GM utilizam modelos europeus de automóveis.
Lubes em foco - E quanto aos níveis de qualidade dos lubrificantes automotivos? Existe na Argentina alguma lei que regule ou restrinja o uso de lubrificantes de baixa qualidade? Mónica Vazquez - Na Argentina não há uma lei que defina uma qualidade mínima para os lubrificantes automotivos, portanto podem-se encontrar até mesmo óleos de nível API SB. Sem dúvida, a maior participação de mercado está com os lubrificantes multigrau ACEA A/B com API SL e superiores, em caso de serviço leve. No caso dos óleos de serviço pesado (HDD), a qualidade mais usada é a 228.1/ACEA E5 – 7 com níveis API variando entre o CG-4 e o CI-4. A classificação API para serviço pesado tem menos peso que em outras áreas devido à grande importância que tem a Mercedes Benz como fabricante na região. Lubes em foco - Em que segmentos o mercado de lubrificantes argentino difere do mercado brasileiro? Mónica Vazquez - Eu diria que a diferença fundamental está no tipo de combustível utilizado. A Argentina permite o automóvel movido a diesel enquanto no Brasil esse combustível só é permitido para o transporte. No Brasil se utiliza o álcool em diferentes proporções, que vão desde 22% até 100%, enquanto na Argentina só a partir de janeiro de 2010 se comercializará o E5, que é a gasolina com 5% de etanol. O Gás Natural Comprimido (GNC) se utiliza em ambos os países, porém na Argentina seu uso está mais massificado. Essas diferenças marcam perfis ligeiramente distinMónica Vazquez - Gerente de Serviço Técnico e OEMs da RepsolYPF Argentina tos para os lubrificantes. Um óleo para motor diesel de veículos de passageiros se vê submetido a condições requisitos técnicos para combustíveis e lubrificantes. O de serviço mais exigentes e em geral mais distintas do que que exatamente a Sra. quis dizer com regionalização e um veículo a gasolina. Daí, a utilização de normas euro- a que regiões estava se referindo? péias para veículos de passageiros, já que as americanas Mónica Vazquez - Basicamente, me refiro a uma revinão contemplam essa necessidade, uma vez que não são são dos requerimentos de viscosidade e dos períodos utilizados automóveis a diesel nos Estados Unidos. Creio de reformulação dos níveis de qualidade para os óleos que essa é uma diferença muito importante. Já o álcool, por de serviço. Não estou incluindo aqui o segmento de priexemplo, não é um combustível tão exigente como a gasoli- meiro enchimento (Factory Fill), mas poderíamos fazer a mesma avaliação para os óleos de transmissões mana, sob o ponto de vista das necessidades do lubrificante. nuais e automáticas. Lubes em foco - Em recente apresentação no Simpósio Quanto às regiões, refiro-me ao MERCOSUL. O interde Lubrificantes realizado em São Paulo, a Sra. mencio- câmbio em nossa região é muito importante e creio que nou um ponto interessante que é a regionalização de ninguém discorda de que, em termos econômicos e co7
merciais, precisamos nos ver como uma região e não como países isolados. O transporte de mercadorias sai de São Paulo e termina nos portos chilenos, e para isso cruzam quase toda a Argentina. Uma única região e três países e, quase poderíamos dizer, três qualidades distintas de combustíveis para os mesmos veículos. Lubes em foco - Por que é importante se regionalizar os requerimentos de viscosidade e qualidade dos óleos? Mónica Vazquez - Veículos são construídos no Brasil e na Argentina de acordo com plataformas globais para se poder comercializá-los não só na região, como também em todo o mundo. Assim sendo, os requerimentos de qualidade dos lubrificantes também estão globalizados não somente quanto ao desempenho, mas também quanto à viscosidade, e cada vez mais se exigem graus menos viscosos, indispensáveis para assegurar uma lubrificação eficiente em países de climas muito frios, porém talvez não tão críticos para países como os
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Lubes em foco - Que benefícios poderão surgir de um processo de regionalização de especificações? Mónica Vazquez - Eu creio que o benefício fundamental surge ao se eliminar os custos de qualidade que são gerados justamente quando se superdimensionam as especificações. Nesse momento de crise mundial, portanto, torna-se muito importante especificar os produtos o mais ajustadamente possível. Não é sustentável gerar níveis de qualidade cada vez mais exigentes, que por sua vez geram lubrificantes cada vez mais caros, que devem ser trocados mais frequentemente. O benefício deve ser integral e tangível para todos os stakeholders, ou seja, a todos os grupos de interesse direto no processo, caso contrário, corremos o risco de que o “cliente” da indústria automotiva, que também é nosso cliente, deixe de nos escutar para seguir os outros conselhos e recomendações que o levem a tomar decisões equivocadas. Também creio que pode gerar um benefício ao negós cio B2B, se analisarmos as especificações de fluido de primeiro enchimento. Muitas vezes há espaço para se trabalhar com as especificações comerciais, sem que por isso se tenha que relaxar os limites internacionais.
...em termos econômicos e comerciais precisamos nos ver como uma região e não como países isolados
nossos. O que lamentavelmente não se globaliza são os períodos de troca de óleo, que diferem de maneira substancial dos estipulados para o mesmo nível de qualidade no mesmo veículo, se esse é usado no país de origem da fábrica automotiva ou em países chamados de periféricos. O que estou querendo dizer com isso? Para um mesmo veículo e um mesmo nível de qualidade de lubrificante (por exemplo, máximo nível ACEA), se o cliente o utiliza em um país europeu, deve trocar o óleo a cada 30.000 km.; se o utiliza na Argentina, esse mesmo óleo se troca com 15.000 km.; e se a utilização é no Brasil, a troca deve ser feita com 10.000 km. Provavelmente, o lubrificante seja um 5W-30 ou outro grau de viscosidade dentro do grupo dos chamados óleos finos, que normalmente utilizam básicos dos grupos II+ e III. Isso encarece seriamente o produto, 8
quando na realidade não está claro o que estamos oferecendo em contrapartida ao cliente, que se pergunta por que deve comprar um óleo mais caro para trocá-lo mais frequentemente.
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Lubes em foco - Quais as principais dificuldades que se podem esperar para um projeto como esse? Mónica Vazquez - Acredito que a principal competência necessária para se analisar a viabilidade de um projeto dessa natureza está em ser capaz de transmitir os benefícios para todos os stakeholders. Não estamos sugerindo que se desenvolva um sistema de especificações regional e sim que a indústria automotiva possa ser capaz de, em conjunto conosco, pleitear junto a suas casas matrizes alguma flexibilização nos limites de certas propriedades que não geram nenhum impacto no desempenho quando o veículo e o lubrificante são utili-
zados em nossa região. É necessário que se tenha a cabeça aberta e um grande conhecimento técnico para analisar como uma redefinição de alguns parâmetros de uma especificação pode impactar tanto o desempenho como a economia. Estou convencida de que existe experiência suficiente para se poder fazer o proposto.
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Em um mundo globalizado, ninguém sai ileso quando há uma crise.
Lubes em foco - Como, em sua opinião, o mercado argentino de lubrificantes irá ser afetado pela crise econômica internacional? Mónica Vazquez - Creio que o mercado irá sofrer de maneira importante. Em um mundo globalizado, ninguém sai ileso quando há uma crise. No caso particular do nosso país, os dois motores que fizeram o mercado de lubrificantes crescer nesses últimos 5 anos estão sendo muito castigados pela crise mundial. Assim temos: 1- A indústria automotiva está muito integrada com o Brasil e fortemente ligada às exportações, portanto, se a demanda no mundo desenvolvido se retrai,
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Argentina e Brasil baixam seus níveis de atividade. 2- A indústria agrícola também será muito castigada em nível internacional, devido à queda dos preços das commodities e, particularmente na Argentina, devido a uma das secas mais sérias dos últimos trinta anos. Acredito que os próximos anos serão muito duros para nossa indústria e será um tempo de austeridade em que se deve continuar olhando para o futuro, mas sem abrir mão da excelência. Volto a insistir no conceito de “austeridade” (não sobre dimensionar qualidade), que é muito distinto do conceito de “miséria”, que é sacrificar a qualidade. Hoje, mais do que nunca, devemos estar muito perto do cliente para trabalhar em conjunto, buscando maximizar benefícios para todos, buscando não destruir as margens, mas cortar os custos ocultos da cadeia de valor.
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Reserva alcalina do óleo Por: Letícia Maria S. M. Lazaro
cidos e bases são compostos de características opostas que, quando reagem entre si, se neutralizam. O principal componente dos óleos lubrificantes são os óleos básicos e esses são geralmente neutros, aliás, é desejável que sejam sempre neutros, mesmo os de base sintética. Os compostos que conferem a característica básica ou ácida ao lubrificante são, então, os aditivos que os compõem. É importante ressaltar que a característica ácida de um lubrificante resultante de seus aditivos não significa que ele seja corrosivo. Por exemplo: o aditivo anticorrosivo que protege o equipamento lubrificado de ataques de componentes agressivos ou corrosivos possui característica ácida.
Á
Os aditivos que conferem característica básica ao lubrificante possuem como função principal neutralizar compostos ácidos aos quais o óleo possa estar submetido durante sua aplicação. Lubrificantes para aplicações industriais onde não há queima de combustível normalmente não possuem esse tipo de aditivo; eles são essenciais nos lubrificantes para motores. O combustível, dependendo do tipo de motor, pode possuir teores de enxofre muito elevados. A gasolina possui baixo teor de enxofre e o do diesel está sendo reduzido cada vez mais, em vista das regulamentações relacionadas a emissões. No entanto, para motores marítimos, não há, ainda, exigências tão severas no tocante a emissões, e esses combustíveis ainda podem possuir teores de
fig.1
+ H2O
= SO3
H2SO4 acido sulfúrico
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tes. Em meio ácido, eles apresentam uma cor diferente de quando eles estão em meio básico (ver figura). São chamados indicadores. Durante a neutralização de compostos básicos, adicionam-se ácidos e verifica-se que a neutralização se completou quando o indicador muda de cor. De acordo com a quantidade de ácido adicionada, calcula-se o IBT da amostra. No monitoramento de lubrificantes para motores é importante acompanhar o IB. Quando essa propriedade atinge um limite muito baixo é um indicativo de necessidade de troca da carga, pois o IBT originalmente presente já foi neutralizado ao longo do uso e não é mais suficiente para garantir a proteção do motor contra os ácidos gerados na combustão. Os lubrificantes para motores quando usados são, em geral, muito escuros e a dosagem do IB pelo método colorimétrico não é possível de ser feita, porque não se enxerga a mudança de cor do indicador. Nesses casos, usa-se o método potenciométrico (ASTM D 2896 e NBR 5798) que identifica a neutralização através da medição do pH. A curva de IBT d2896.1 - DET U 300
Titulação
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U ( mV)
enxofre bastante elevados. Durante a queima do combustível, o enxofre reage com oxigênio gerando óxidos de enxofre. Estes, por sua vez, podem reagir com moléculas de água geradas na própria combustão, gerando ácidos. (fig.1) Esses ácidos são extremamente agressivos e corrosivos aos motores, podendo causar sérios danos. Para evitar isso, os aditivos alcalinos neutralizam esses ácidos. Quanto maior for o teor de enxofre, maior terá que ser a concentração dos aditivos alcalinos no lubrificante. Para medir a quantidade desses aditivos no óleo, usam-se os métodos de análise chamados de IBT (Índice de Basicidade Total) proveniente da sigla em inglês TBN (Total Base Number). Atualmente, este termo foi alterado para apenas IB (índice de Basicidade) proveniente da sigla em inglês BN (Base Number ). A medição dessa propriedade é feita através da neutralização dos compostos alcalinos com ácidos e pode ser feita por dois tipos de métodos: colorimétrico e potenciométrico. O método colorimétrico (ASTM D 974 e NBR 14248) se baseia na mudança de cor de alguns compostos químicos dependendo do meio em que estão presen-
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V ( mL) Gráfico mostrando o ponto de inflexão da curva de neutralização
pH mostra uma inflexão, que é uma alteração no seu formato, muito brusca no momento em que a neutralização ocorre. Nesse ponto, calcula-se a quantidade de ácido adicionada e calcula-se o IB. O método potenciométrico é mais usado e é o mais indicado para especificações de lubrificantes.
Letícia M S M Lazaro é engenheira do CENPES - Centro de Pesquisas da Petrobras
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O Ã T S E G NA PRODUÇÃO DE LUBRIFICANTES atérias-primas provenientes da indústria petroquímica como aditivos e bases sintéticas podem elevar consideravelmente a qualidade de um lubrificante. A utilização de materiais que necessitam de cuidados especiais é sempre uma preocupação da indústria de derivados de petróleo, principalmente no que se refere à saúde e à segurança dos trabalhadores e ao aumento da produtividade. Muitos estudos e desenvolvimento tecnológico, tanto em motores como em formulações de lubrificantes, têm sido feitos com a finalidade de se reduzirem as emissões veiculares, e também de buscar o melhor direcionamento para os óleos usados e contaminados. Com isso, novas formulações estão em constante processo de aprovação e testes de campo. Nesse contexto, as áreas de SMS (Saúde, Meio Ambiente e Segurança) sofrem impactos consideráveis do processo produtivo utilizado, ficando bem clara a necessidade de um gerenciamento integrado dessas três áreas, devido à forte conexão que existe entre elas. Os materiais e as energias liberados nos processos produtivos de aditivos, óleos e graxas podem causar danos de curto, médio e longo prazos à saúde da força de trabalho e das comunidades vizinhas (campo da Saúde), às instalações e aos equipamentos (campo da Segurança) e ao Meio Ambiente. A gestão efetiva e compartilhada de SMS exige a convergência de ações de responsabilidade governamental (legislativo, executivo e judiciário), institucional (dirigentes empresariais e das instituições em geral), gerencial ou de supervisão e individual. Constituem objetivos da gestão integrada de SMS: • prevenir a poluição durante todas as etapas do ciclo de vida do lubrificante e seu derivados, ou seja, des-
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E D Ú A S DA Por: Newton Richa
de as atividades de aquisição de insumos, fabricação, mistura, armazenamento, transporte, distribuição, aplicação e tratamento de resíduos, efluentes, emissões e eventuais impactos ao solo e aqüíferos; • reduzir os riscos à segurança e à saúde dos trabalhadores em relação aos agentes físicos (ruído, vibrações, pressões anormais, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, temperaturas extremas), agentes químicos (poeiras, fumos, líquidos, névoas, neblinas, gases e vapores), agentes biológicos (vírus, bactérias, fungos, parasitas, protozoários etc.), agentes ergonômicos (posturas inadequadas, esforços e ritmos excessivos, mobiliário inadequado, trabalhos noturnos e em turnos, repetitividade e monotonia, iluminamento inadequado etc.), e às condições de risco de acidente (queda de níveis, eletricidade, trabalhos em altura e em espaços confinados, ferramentas, máquinas, equipamentos, veículos inadequados etc.); • prevenir riscos à Saúde Pública com ações de vigilância sanitária, para promover ações de prevenção de doenças, epidemias e pandemias; • assegurar os direitos dos trabalhadores em relação ao trabalho e à previdência social. A empresa é legalmente responsável pelas condições e ambientes de trabalho e deve assegurar que o trabalho não seja causa de agravos à saúde dos seus trabalhadores, seja como consequência de um acidente (efeito imediato) ou uma doença do trabalho (efeito tardio). Nesse sentido, ela deve atuar diretamente nas suas instalações e operações para assegurar a adequada prevenção de acidentes e doenças do trabalho, bem como manter prontidão para as emergências médicas, abrangendo primeiros socorros, remoção especializada com atendimento pré-hospitalar e assistência hospitalar complexa.
poração de atividades preventivas; Complementarmente, a empresa deve assegurar • ĂŞnfase na educação em saĂşde dirigida Ă adoção de assistĂŞncia mĂŠdica, odontolĂłgica e hospitalar para todos hĂĄbitos saudĂĄveis pela população; os trabalhadores e seus dependentes legais. Sobre os • aplicação de todos os conhecimentos de biologia demais condicionantes e determinantes de saĂşde fora de humana disponĂveis; sua responsabilidade direta, a empresa deve atuar prin• melhoria da qualidade ambiental, incluindo os amcipalmente por meio da educação em saĂşde. As açþes bientes de trabalho. de saĂşde devem contemA partir dessa nova plar igualmente toda a forvisĂŁo, os canadenses torça de trabalho, abrangen*. 1 " $ 5 0 4 % 0 1 3 0 $ & 4 4 0 1 3 0 % 6 5 *7 0 naram-se lĂderes mundiais / " 4 Ç 3 & " 4 % & 4 . 4 do empregados prĂłprios e em gestĂŁo de saĂşde. empregados de empresas No Brasil, a Lei 8.080, prestadoras de serviços. . " 5 c 3 *"4 de 19 de setembro de 130%6504 1 3 0 $ & 4 4 0 1 3 0 % 6 5 *7 0 As atividades de educação 1 3 *. " 4 1990, denominada Lei em saĂşde devem abranger, . " 5 & 3 *"*4 & & / & 3 ( *"4 Orgânica da SaĂşde, distambĂŠm, os familiares de pĂľe sobre as condiçþes toda a força de trabalho. para a promoção, proteção Gerenciar a saĂşde ĂŠ */ 4 5 " - " b  & 4 & 1 & 4 4 0 "4 . & *0 " . # *& / 5 & & 2 6 *1 ". & / 5 0 4 FNQSFHBEPT e recuperação da saĂşde, a entender, antes de tudo, WJ[JOIPT DPOTVNJEPSFT organização e o funcionaos processos envolvidos mento dos serviços core principalmente os conrespondentes em todo o ceitos relativos. Segundo a Organização Mundial de SaĂşde (1948), territĂłrio nacional. Essa lei estabelece que a saĂşde ĂŠ um “saĂşde ĂŠ o estado de completo bem-estar fĂsico, mental direito fundamental do ser humano, devendo o Estado e social e nĂŁo a simples ausĂŞncia de doença e enfermi- prover as condiçþes indispensĂĄveis ao seu pleno exerdadeâ€?. Essa definição clĂĄssica integra o fĂsico, o mental cĂcio. Atribui ao Estado o dever de garantir a saĂşde por e o social, segundo uma visĂŁo holĂstica, absolutamente meio da formulação e execução de polĂticas econĂ´micas atual. O exercĂcio fĂsico tranquiliza e melhora o raciocĂnio, e sociais dirigidas Ă redução de riscos de doenças e ao mostrando que o fĂsico e o mental constituem uma unida- estabelecimento de condiçþes que assegurem acesso de. Confirma isto o fato de a depressĂŁo ser capaz de en- universal e igualitĂĄrio Ă s açþes e aos serviços de saĂşde. De acordo com o art. 3Âş da lei 8080, a saĂşde tem fraquecer o sistema imunolĂłgico e o estresse, de desencomo “fatores determinantes e condicionantes a alimencadear inĂşmeras doenças, tais como a hipertensĂŁo arterial, o eczema, a asma brĂ´nquica. Pesquisas recentes tação, a moradia, o saneamento bĂĄsico, o meio ambienevidenciaram que as boas relaçþes sociais contribuem te, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer para a saĂşde e a longevidade das pessoas, demonstran- e o acesso aos bens e serviços essenciaisâ€?. Toda empresa ĂŠ tĂŁo mais competitiva quanto mais do a importância da dimensĂŁo social da saĂşde. Merece destaque a experiĂŞncia do CanadĂĄ na saudĂĄveis e produtivos forem seus empregados. Nesse gestĂŁo de saĂşde. Na dĂŠcada de 1960, o paĂs inves- contexto, as medidas de promoção, proteção e recupetiu fortemente na construção de modernos hospitais ração da saĂşde dos empregados devem ser compreencom o propĂłsito de melhorar os nĂveis de saĂşde da didas como um investimento de longo prazo, essencial população. Um relatĂłrio elaborado pelo MinistĂŠrio da para a competitividade, e nĂŁo apenas uma despesa ou SaĂşde daquele paĂs em 1975 revelou que, nĂŁo obs- mero cumprimento de uma exigĂŞncia legal. tante os vultosos gastos com hospitais modernos de alta complexidade, os nĂveis de saĂşde da população estavam piorando. Newton Richa, MĂŠdico do Trabalho, Os canadenses decidiram reformular seu sisteConsultor de SMS do IBP. ma pĂşblico de saĂşde, que estava centrado em hospitais, e passaram a atuar em 4 grandes frentes: • reorganização dos Serviços de SaĂşde, com a incor13
Por: Gustavo Eduardo Zamboni
os últimos 30 anos, a refrigeração deixou de ser um simples coadjuvante nas nossas vidas para se tornar um ator indispensável do nosso dia-a-dia. Hoje, seria totalmente inconcebível vivermos sem os benefícios que a refrigeração adicionou ao mundo moderno. Como exemplos disso podemos citar: os sistemas domésticos e comerciais de ar condicionado; os sistemas de refrigeração para medicamentos, vacinas ou sangue; os sistemas de refrigeração de máquinas e equipamentos como grandes computadores, tomógrafos ou ressonadores magnéticos e, por último, a cadeia de refrigeração alimentícia, que se estende desde a produção e estocagem até o consumo doméstico, passando por importantes itens como o transporte refrige-
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rado, que possibilita aos alimentos percorrer grandes distâncias até a mesa do consumidor, chegando em perfeitas condições de higiene e reduzindo perdas e desperdício.
O Conceito básico de refrigeração Os aerossóis fazem parte do nosso cotidiano e são utilizados para os mais diversos produtos, desde inseticidas ou cremes de barbear até alimentos. Mas o que isso tem a ver com refrigeração? A idéia básica por trás de um aerossol é muito simples: um fluido armazenado em alta pressão é utilizado para transportar outro fluido para fora da
Dentro de uma lata de aerosol com gás liquefeito
Bico
Lacre
Tubo imerso
Na forma de gás liquefeito / Mistura com propelente
embalagem através de uma válvula de controle. Porém, se mantivermos apertada a válvula do spray por algum tempo percebemos que a lata fica fria. Mas o que esfria a lata? O aerossol contém um fluido, chamado de propulsor (tem como objetivo expulsar o outro fluido da lata), que tem uma temperatura de ebulição inferior à do meio ambiente, enquanto o outro fluido, o produto comercializado (inseticida, desodorante etc.), tem uma temperatura de ebulição elevada. O fluido propulsor no interior da lata se encontra no estado líquido (em alta pressão). Quando a válvula superior é pressionada, a pressão do líquido propulsor cai instantaneamente para a pressão ambiente e, exposto a uma pressão menor, ele entra em ebulição formando uma camada de gás no topo da lata. Essa camada de gás em alta pressão empurra o produto e parte do propulsor para o exterior. Quando o líquido propulsor entra em ebulição, durante o processo absorve muito calor do meio ambiente, chamado calor de vaporização. E assim, à medida que o produto no interior da lata é expelido, a lata fornece o calor necessário para esse processo e, enquanto entrega seu calor para o fluido, se esfria na sua mão. É obvio que esse é um processo básico de refrigeração. E é exatamente desse modo que funcionam todos os sistemas de refrigeração, desde seu ar condicionado até os grandes sistemas industriais.
O ciclo de refrigeração O ciclo de refrigeração utiliza um fluido, denominado fluido refrigerante, para transferir calor de um local que desejamos refrigerar para um outro, onde o calor retirado do primeiro será liberado. As pessoas muitas vezes pensam no ciclo de refrigeração como um ciclo que produz frio, porém, se você alguma vez observou a parte de trás de um refrigerador ou ar condicionado, terá observado que o ciclo também produz calor. Para entender esse processo, devemos compreender que, expostos à mesma pressão, o fluido refrigerante ferve a uma temperatura muito menor que a água. Por exemplo, enquanto a água ferve a 100ºC, o fluido refrigerante utilizado num refrigerador residencial ferve a temperaturas entre 4,5ºC e 10ºC. Analisemos então o processo pelo qual atravessa o líquido refrigerante para conseguir esse resultado, utilizando como exemplo o ciclo de um ar condicionado (o mesmo de um refrigerador ou uma bomba térmica). O fluido refrigerante entra em estado líquido no evaporador, localizado no interior do local a ser refrigerado, encontrando-se a uma temperatura ao redor dos 40ºC ou 50ºC. À medida que o fluido refrigerante passa pela serpentina do evaporador, este absorve calor proveniente do ar quente e úmido que circula pela parte externa do evaporador e muda de estado de líquido para vapor (evaporação). Após sua passagem pelo evaporador, o ar, agora seco e frio, é recirculado com um ventilador para dentro do ambiente que queríamos resfriar. O fluido refrigerante, agora em estado de vapor, entra no compressor com o objetivo de aumentar a sua pressão e produzir seu deslocamento através do sistema. Esse aumento de pressão do fluido produz também um aumento de sua temperatura. Na saída do compressor, o fluido é um vapor quente com temperatura em torno de 50ºC a 60ºC. Nesse momento, entra na serpentina externa do sistema, denominada de condensador, localizada no exterior da área a ser refrigerada. No condensador e a essa temperatura, o fluido se condensa, passando para o estado líquido e liberando calor para o ambiente externo com a ajuda de um ventilador para esse fim. Esse é o calor que vemos sair de qualquer sistema de refrigeração. Uma vez que o fluido deixa o condensador, ele encontra-se a uma temperatura menor que a de entrada, mas ainda está na pressão com a qual saiu do compressor. Entra então na válvula de expansão, onde a pressão é reduzida 15
e, consequentemente, o fluido é esCompressor friado, transformando-se num fluido a baixa temperatura e pressão. O ciclo Baixa Pressão Alta Pressão por fim se completa, quando o fluido Vapor em Alta Temperatura Vapor a Baixa Temperatura refrigerante frio e a baixa pressão entra novamente no evaporador para, novamente, retirar calor do recinto a ser refrigerado. Concluindo, definimos como fluiCondensador Evaporador do refrigerante, qualquer composto químico utilizado em ciclos de refrigeBaixa Pressão Alta Pressão ração que passa por duas mudanças Liquido em Alta Temperatura Liquido a Baixa Temperatura de estado físico: primeiro, de líquido Válvula para gás, absorvendo calor de um de Expansão ambiente e, em uma segunda fase, retorna de gás para líquido, liberando o calor absorvido em um segundo local. Assim, extraindo- baixa e média temperatura e equipamentos pequenos e econômicos); e R134a (Composto HFC. Não degrada a se calor de um determinado ambiente, este é refrigerado. As duas principais utilizações do fluido refrige- camada de Ozônio e tem baixo potencial de aquecimenrante são para refrigeração/freezers e para ar condi- to global. Não contém Cloro. Substituto automotivo para o cionado. Sempre foi considerado um fluido comple- R12 para refrigeração em média temperatura). mentar porém, a partir da descoberta do impacto dos fluidos refrigerantes na camada de ozônio em 1980, vem chamando uma crescente atenção. Um bom fluido refrigerante deve ter: ponto de ebulição abaixo da temperatura desejada; alto calor de vaporização; densidade moderada em estado líquido e elevada densidade em estado gasoso; alta temperatura crítica; deve ser não corrosivo para ser compatível com os componentes utilizados nos compressores, as tubulações, o evaporador e o condensador do sistema; deve ser seguro quanto à toxicidade e inflamabilidade; não deve afetar a camada de ozônio e deve ser um composto estável. Os fluidos refrigerantes mais utilizados são: Amônia (forte odor, solúvel em água. não inflamável, explosivo usado em grandes plantas industriais); R11 (composto de CFC com alto conteúdo de Cloro, alto potencial de degradação da camada de Ozônio e alto potencial de aquecimento global. Foi banido da União e é usado ainda em plantas comerciais); R12 (pouco odor, sem cor, não tóxico, não inflamável, não corrosivo aos metais mais comuns. Estável e usado em plantas pequenas com compressores alternativos e sistemas de refrigeração automotivos de temperatura média); R22 (composto de HCFC com baixo potencial de degradação da camada de Ozônio e modesto potencial de aquecimento global. Baixo conteúdo de Cloro. Pouco odor, sem cor, não tóxico, não irritante nem inflamável, não corrosivo. Estável e usado em sistemas de 16
Lubrificantes para refrigeração Nos sistemas de refrigeração modernos, os lubrificantes desempenham um papel de vital importância para a eficiência e longa vida do sistema, sendo suas principais funções:
• Atuar como selo para o mecanismo de compressão; • Minimizar o desgaste das partes móveis; • Eliminar o excesso de calor gerado no processo de compressão; • Ser estável e compatível com o fluido de refrigeração utilizado; • Ter propriedades adequadas para a temperatura de operação do sistema; • Ser compatível com os elastômeros utilizados; • Aceitar baixo conteúdo de água para evitar congelamento e problemas de corrosão. Em sistemas de refrigeração que não possuem separadores de óleo eficientes, parte do lubrificante será transportado junto com o fluido refrigerante. Assim, é preciso existir um boa miscibilidade entre o refrigerante e o lubrificante. Para compressores alternativos e de parafuso, trabalhando em altas temperaturas, é preciso utilizar um óleo com baixa volatilidade.
Lubrificantes convencionais Como concluímos do exposto, os lubrificantes para compressores de refrigeração são um caso especial dentro da tecnologia de lubrificantes, já que a escolha certa do óleo utilizado terá influência direta sobre a vida útil dos equipamentos envolvidos. Isso deve-se ao fato de que a interação entre o óleo, o fluido refrigerante e os componentes do sistema, em presença de temperaturas extremas, exige características muito diferenciadas para o lubrificante utilizado.
Lubrificantes para sistemas que utilizam CFC Em sistemas que utilizam CFC, é importante analisar a estabilidade química do lubrificante em presença do refrigerante e dos componentes metálicos do sistema. Isso é realizado através da aplicação de calor sobre o lubrificante e o fluido refrigerante, na presença de componentes metálicos de cobre, aço e alumínio. Além da sua estabilidade química, óleos convencionais para refrigeração deverão apresentar propriedades adequadas à baixa temperatura. Essas propriedades são determinadas pelos testes de ponto de floculação e de névoa. As superfícies dos rolamentos em compressores de refrigeração são lubrificadas por um óleo que terá aproximadamente 5% de fluido refrigerante dissolvido, o que não comprometerá a eficiência do óleo para a maioria dos sistemas de refrigeração, já que as cargas de trabalho não serão elevadas. Em sistemas que utilizam CFC ou HCFC, foi demonstrado que fluidos refrigerantes com cloro interagem com as superfície dos rolamentos, motivo pelo qual uma aditivação anti-desgaste é frequentemente acrescentada na formulação dos lubrificantes para refrigeração. Durante muito tempo, os óleos básicos naftênicos foram utilizados para a fabricação de óleos de refrigeração, já que eles têm características adequadas para esse tipo de serviço, como baixo conteúdo de parafina, baixos pontos de fluidez, floculação e de névoa. Os básicos parafínicos não possuem propriedades adequadas para serem utilizados como óleos de refrigeração. Os mono e dialkylbenzenos são utilizados como óleos básicos para óleos de refrigeração para aplicações que requeiram alta resistência à degradação térmica. São altamente solúveis com R22, R114 e R502, a temperaturas inferiores a -60ºC, devido à sua aromaticidade. Assim, podem ser misturados com óleos naftênicos ou utilizados puros como óleos sintéticos. As PAOs têm uma melhor estabilidade à oxidação, reduzem a formação de depósitos, têm índices de viscosidade mais elevados e menores pontos de fluidez do que os óleos minerais, porém, têm uma tendência a encolher os selos de elastômeros e, para mitigar esse problema, são muitas vezes misturados com Ésteres. Outros óleos utilizados para refrigeração são os fabricados com básicos de grupo III que são similares, porém mais baratos que os feitos com PAOs. 17
Lubrificantes para sistemas que utilizam HFC Apesar de muitos fluidos refrigerantes alternativos serem compatíveis com os óleos parafínicos e naftênicos mais comuns, existem alguns fluidos HFCs que não se misturam com lubrificantes de base mineral não polares ou base de alkylbenzenos, por possuirem uma maior polaridade. Essa característica de não miscibilidade pode acarretar sérios problemas operacionais nos sistemas onde o lubrificante circula junto com o refrigerante, estando presente no condensador e no evaporador do sistema. Quando os dois fluidos são miscíveis, o lubrificante é levado novamente para o reservatório de óleo do compressor, porém, quando não se misturam, este poderá acumular-se no condensador e no evaporador. O óleo livre ou acumulado no condensador pode reduzir a transferência de calor e impedir a circulação de fluido refrigerante, causando vibração e barulho à medida que passa pela válvula de expansão, ou tubos capilares. Em aplicações que trabalham com baixa temperatura, o óleo pode congelar na válvula de expansão causando falhas no sistema. Dentro do evaporador, o óleo circulante também reduzirá a troca de calor e limitará a circulação de gás. Às vezes, a redução da quantidade de óleo no sistema poderá resultar em desgaste excessivo dos componentes e até em falhas do compressor por falta de lubrificação. O tema da miscibilidade entre lubrificante e fluido refrigerante conduziu os pesquisadores a dois tipos diferentes de óleos sintéticos para uso com fluidos refrigerantes HFC polares: os glicóis polialquilados e o éster Neopentilpoliol (POEs). Esses óleos apresentam uma aceitável miscibilidade com os HFCs utilizados.
mente podem absorver menos de 100 ppm de água. Em sistemas que utilizam PAGs como lubrificantes, são frequentemente relatados problemas de corrosão devido ao alto conteúdo de água absorvido por eles. Os PAGs foram selecionados como lubrificantes para sistemas automotivos de ar condicionado que utilizam fluido refrigerante R134a. Porém, é um consenso na indústria que talvez, no futuro, sejam utilizados lubrificantes com base de Éster Neopentilpoliol (POE) para esse tipo de aplicação.
Ésteres Neopentilpoliol – POEs São ésteres orgânicos muito utilizados como lubrificantes para turbinas de aviação devido à sua larga faixa de temperaturas de operação, sua estabilidade térmica e à oxidação em alta temperatura, além de apresentar boas características lubrificantes. Devido a essas características, além de possuirem uma adequada miscibilidade com os HFCs, esses fluidos são uma grande promessa como a próxima geração de óleos lubrificantes para refrigeração. Comercialmente, os POEs disponíveis atualmente são: derivados de neopentilglicol, trimetiloletano, trimetilolpropano e penteritritol. Entre eles, os mais promissores como óleos refrigerantes são os ésteres penteritrol e o trimetilolpropano. Os POEs têm alta estabilidade hidrolítica, boa miscibilidade com HFCs, resistência à corrosão, excelente estabilidade térmica (entre 200ºC e 260ºC), baixa volatilidade, baixa tendência à formação de depósitos, alto ponto de fulgor e alta temperatura de autocombustão. Para esses lubrificantes, o ponto de fluidez está entre -29 ºC e -46 ºC e o
Glicóis polialquilados – PAGs Há muitos anos os PAGs são utilizados em compressores para produção de gás natural, etileno e propileno, em aplicações náuticas e para aplicações que manipulam gases mais complexos. São normalmente polímeros de óxido de Etileno, óxido de Propileno ou misturas desses. Suas propriedades físicas mudam de acordo com suas terminações, que podem ser hidroxila, alquil ou acila. Em geral os Glicóis de Polietileno tendem a ser solúveis em água, enquanto os Glicóis de Polipropileno são insolúveis em água. Os PAGs são altamente higroscópicos e podem absorver muitos milhares de ppm (partes por milhão) de água, quando expostos à umidade do ar. Em contraste, os óleos minerais geral18
seu índice de viscosidade é normalmente acima de 100. Os pontos negativos são: altamente higroscópicos, suscetíveis à hidrólise em presença de alguns elastômeros. Não devem ser utilizados como lubrificantes em sistemas que utilizem como fluido refrigerante a Amônia. Enquanto os PAGS são quase totalmente insolúveis com óleos de refrigeração convencionais, os POEs podem ser fabricados com uma excelente miscibilidade com HFCs e fluidos comuns de refrigeração.
Gustavo Eduardo Zamboni é engenheiro industrial, formado pela Universidade Nacional de Buenos Aires
a. ance. g n ira form p I R er p G E r l. tus os po a u r iese as, c B d i d t leo ixonaogia sintémotores a es sever nte. ó a cnol ara ndiçõ rifica aste o v p a o s com te enho p em co do lub o desg or. N o a p Par brificante o desem latilidade reduzidoencionais a do mot o o v id • Lu altíssim aixa v sum con e part 2004; n s b o c 3ta uto cos d de em 3/A sen i rod B t a / e í p t r r l 4 c s u p E7/B • A ue res que o íodos A E r AC o q z mais os pe SL; / u d 4 d e te CI •R rren ; API o c 40 de 15W 229.1. E • SA 228.3/ MB
19
em redutores Por: Antonio Traverso Júnior
o contrário do senso comum, os redutores de engrenagens, nas suas mais diversas concepções e usos, precisam ser limpos por flushing, periodicamente e compulsoriamente após reparos ou repotenciamentos. Não menos importante é a limpeza por flushing de redutores novos na fase de comissionamento, mesmo que exista a informação do fabricante ou a crença de que o redutor saiu de fabrica descontaminado e/ou com limpeza assegurada. Pouca coisa adianta uma limpeza minuciosa do redutor imediatamente após a fabricação, devido ao grande potencial de re-contaminação quando da sua montagem e ajuste no sistema que for inserido.
A
O que é exatamente um flushing? Flushing é a passagem em velocidade/energia de um líquido limpo, o mais limpo possível, por um ambiente ou volume para desalojar os contaminantes e sujeiras, limpando todos os componentes e su20
perfícies que há nele. Em lubrificação já é bastante comum utilizar o flushing na limpeza de tubulações e dutos, entretanto em redutores de engrenagem ainda não é uma prática usual, até porque há poucos fabricantes de redutores que indicam como e quando fazê-lo de forma clara e prática. Em termos de redutores de engrenagens, há poucos fabricantes que incorporaram preceitos práticos de manutenção preditiva e inovativa nos seus produtos de modo a viabilizar tal prática.
Por que devemos fazer o flushing? Porque a presença excessiva de contaminantes leva a falhas e quebras prematuras dos redutores
comprometendo a disponibilidade e continuidade do processo em que o mesmo esta inserido. A bibliografia especializada aponta a contaminação como responsável por 70% das falhas de rolamentos. Rolamentos em redutores não fogem à regra. O flushing permite a remoção eficiente de todos os tipos de contaminantes que houver no redutor, sejam em suspensão ou aderidos nàs superfícies internas. Os contaminantes são os principais indutores de problemas e instabilidade na operação do redutor. Os contaminantes dividem-se em: • Gerados internamente São decorrentes do desgaste ou das reações químicas do lubrificante e, no limite, podem aparecer na forma de limalha, esferas, lâminas, vernizes, gomas e lacas. Quando existem em excesso, uma falha catastrófica pode ser eminente e repentina; • Ingeridos São decorrentes de contami-
nação invasiva por exposição intencional ou não à atmosfera externa, que carreia para dentro do redutor toda sorte de contaminantes que houver no ar, como sílica, óxidos de alumínio, ferro, amianto, polímeros, umidade etc. A combinação desses potencializam a velocidade de degradação do filme de lubrificante e o potencial de falha no redutor. É bom lembrar que contaminante gera contaminante, muitas vezes de forma exponencial. Qual a forma prática de fazer o flushing? A forma prática é recircular um óleo fino compatível com o óleo utilizado pelo redutor de forma turbulenta para poder desalojar e deslocar todos os contaminantes presentes de modo a capturá-los em uma unidade externa de filtragem de grande capacidade. Devido à grande variedade de instalações e processos que usam redutores, assim como a geometria, os projetos, as dimensões e modelos desses redutores, a montagem de um sistema de flushing deve ser “pensada” de forma individual e pormenorizada. Visualizar o sistema a ser limpo dentro de uma perspectiva sistêmica é condição determinante para o sucesso do flushing. Quais são os fatores básicos para um flushing real? • Carro de filtragem – Deve-se selecionar um sistema de filtragem com vazão compatível aos objetivos do flushing, isto é, dimensionar uma vazão de modo que um regime turbulento dentro do redutor seja obtido. Na prática, dependendo da complexidade do redutor, isto pode ser difícil de ser conseguido,
óleo filtrado
filtro
redutor bomba óleo contaminado
entretanto o Numero de Reynolds > 4000 deve ser almejado. • Escolha correta do fluido de flushing – Usar o fluido de flushing compatível com o lubrificante e com os componentes do redutor na menor viscosidade possível. Quanto menos viscoso for o fluido, mais turbulento será o flushing. Na impossibilidade de se usar um fluido de flushing, o próprio óleo do redutor poderá ser utilizado com um aquecimento nunca superior a 65 °C, se
for óleo mineral. Se for utilizado um óleo sintético, o fornecedor deverá ser consultado sobre a temperatura máxima admissível de aquecimento do óleo. • Seleção do meio filtrante – Utilizar filtros absolutos de alta eficiência em micragem compatível com a demanda do equipamento e a velocidade projetada para o flushing. Cabe lembrar que as folgas típicas envolvidas em engrenagens e em mancais
Limite de contorno
F ato r Risco
F ato r Tamanho/ complexidade
F ato res Operacionais
D EM AN D A DE LIMPEZA EQUIPAMENTO PROJETO CONCEPÇÃO LIMITAÇÃO
F ato r importância econômica
F ato res Ambientais
F ato res funcionais
21
de rolamentos estão entre 0,5 e 5 microns. Dessa forma, filtros absolutos em Beta 200 a 5 microns ou superiores são os mais recomendáveis.
dutor devem ser removidos ou bloqueados para evitar danificálos e/ou gerar pontos de fuga do fluido de flushing. Remoção de elementos filtrantes Se o redutor contar com sistema de filtragem dedicado, ele deverá ser desativado com a remoção dos elementos filtrantes. As carcaças devem permanecer para serem igualmente ”flusheadas”.
Utilização de filtros no vent Em redutores em que o flushing não pode ser pressurizado e ou onde tanques auxiliares forem utilizados, isto é, onde for necessária a utilização de respiros, esses respiros deverão ser filtrados com filtros absolutos compatíveis com o filtro que estiver sendo utilizado na unidade de flushing. Esta providência impede a recontaminação do redutor durante o próprio flushing e o atraso na obtenção do nível de limpeza almejado. É importante considerar a incorporação desses filtros de vent de forma definitiva nos redutores, visando a uma proteção efetiva da contaminação invasiva.
Instrumentos de medição O suporte de instrumentos analíticos de precisão são fundamentais para o acompanhamento e certificação do flushing. Um laboratório de campo com contador de partículas por microscopia e uma chapa quente para a crepitação do fluido de flushing é o aparato mínimo necessário.
Bloqueio de componentes sensíveis Componentes sensíveis de controle e instrumentação do re-
Fixação dos objetivos de limpeza O objetivo de limpeza no flushing deve ser mais restritivo do que o objetivo de limpeza do
lubrificante do redutor. Em geral utiliza-se um nível de limpeza abaixo considerando-se a escala da ISO 4406.
ISO 4406
fig. 1
Se a classe de limpeza recomendada para o lubrificante em um determinado redutor for 17/15/12, o nível de limpeza a ser alcançado com o flushing deve se 16/14/11. Com qual periodicidade devo fazer o flushing? A periodicidade será determinada pela curva de “recontaminação” do redutor e pelo limite de contaminação máximo aceitável fixado pela manutenção preditiva. Como monitorar o nível de contaminação dos redutores? A monitoração deverá ser realizada periodicamente através de válvulas de coleta es-
Tipo de elementos filtrantes
22
• Menor intensidade de manutenção e troca de componentes;
• Menor consumo de energia ; • Maior disponibilidade operacional;
• Menor necessidade de reposição de lubrificantes e menor geração de descartes ;
• Maior confiabilidade do redutor.
A válvula de amostragem
Redutores Industriais (PALL)
18/15/12
Redutores Médios e Pequenos (SKF)
*/14/11
Redutor de Transmissão de Força (SKF)
*/15/12
Redutores Grandes de Serviços Pesados (SKF)
*/18/13
Caixa de Engrenagens de Equip. Móvel (PALL)
18/16/13
Redutores Industriais (HYDAC)
17/15/12
* Escala antiga ISO 4406 de dois dígitos referentes a partículas > ou = a 5 e 15 microns
peciais localizadas em pontos específicos do redutor. Esses pontos devem ser instalados em locais que não induzam a manutenção a falsos alarmes. O ponto mais desfavorável para esta monitoração é o dreno original do redutor. As válvulas de amostragem, tipo minimess, com tubo de extensão são as ideais para serem instalados em redutores. Há uma infinidade delas no mercado. A amostragem com bombas de vácuo com tubulações invasivas livres através de tampas de visita do redutor não são recomendadas.
fig. 2
Quais são os objetivos de limpeza que devemos utilizar nos redutores? O objetivo de limpeza do lubrificante varia em função do tipo, potência, aplicação, tamanho etc. do redutor, entretanto há alguns valores que podem ser utilizados como referência e linha de base (ver fig.2).
Conclusão Um flushing periódico dos redutores de uma planta industrial já é consenso onde a manutenção preditiva e as análises gerenciais de custo x benefício são práticas correntes. Não é mais aceitável atuar corretivamente num redutor crítico ou vital em um determinado processo, ou acreditar que a simples drenagem da carga de lubrificante e uma lavagem da redutora com um querosene ou outro solvente qualquer, de pureza e origem duvidosas, possa remover todo o contaminante acumulado ao longo do tempo. A excelência de um flushing periódico bem feito não está na sua complexidade, está nos seus detalhes e nos seus resultados tangíveis.
Antonio Traverso Júnior é engenheiro e Coorde-
Quais são os ganhos reais com está prática de flushing? Há diversos ganhos diretos e indiretos, sendo que os principais são os ganhos econômicos decorrentes de:
nador de lubrificantes da Gerência de Grandes Consumidores da Petrobrás Distribuidora.
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Em busca de
FLUIDOS
MAIS SEGUROS Tradução autorizada de Pedro Nelson Belmiro do artigo “Searching for Safer Fluids”, de Nancy Demarco, publicado no Lube Report de 15 de outubro de 2008. Copyright LNG Publishing Co.,Inc.
• Asma? Pode apostar. • Dermatite? Ainda uma questão. • Câncer? Um problema. • Micobactéria? Nem sempre a culpada! • E as partículas ultrafinas? Fique ligado. Esses foram alguns dos tópicos cobertos pelas apresentações sobre os efeitos na saúde da exposição a um ambiente em que se trabalha com remoção de metais, no Simpósio sobre Fluidos para Remoção de Metais (Metal Removal Fluids Symposium), realizado em Dearborn, Michigan, nos Estados Unidos, em outubro de 2008. O Simpósio, o primeiro em mais de uma década, reuniu mais de 220 especialistas da indústria, de universidades, do governo e do trabalho, para trocar as mais recentes informações sobre saúde e segurança, medidas de exposição, questões regulatórias, melhores práticas de gerenciamento de fluidos, sustentabilidade e tendências. Existe um consenso geral sobre o fato de que dermatite e doenças respiratórias estão associadas à exposição a um ambiente em que se trabalha com remoção de metais. Porém, também existe consenso de que um bom gerenciamento de fluidos, equipamento de proteção individual adequado e boa manutenção do local de trabalho protegem a maior parte dos trabalhadores contra a maioria das exposições. Ted Haines, da Universidade McMaster em Hamilton – Ontário, nos Estados Unidos, apresentou seu recente trabalho sobre a associação entre a asma e a exposição aos fluidos de corte. Trabalhando com 24
a General Motors, Haines e seus colegas completaram uma pesquisa com mais de 1200 trabalhadores. Eles encontraram 350 casos de asma, 386 de bronquite crônica e 468 de rinite. Acompanhando o grupo com asma, Haines disse que a névoa de fluido refrigerante foi a única exposição que se pode associar à asma no estudo. Entretanto, notou que os níveis de asma e de bronquite crônica foram maiores em setores da fábrica que também apresentaram altos níveis de aerossol. Sua conclusão foi que essas duas doenças estão associadas a altas concentrações de névoa no ambiente.
Risco de câncer? O doutor David Garabrant, professor emérito da Escola de Saúde Pública da Universidade de Michigan, em Ann Arbor, descreveu o estudo sobre mortalidade em grande escala, que conduziu com seus colegas na fábrica da Ford Motor Co. de Livonia, em Michigan, para identificar os riscos de câncer associados à exposição aos fluidos de corte. A base desse longo e complexo estudo foi um risco dramaticamente excessivo de câncer de pulmão entre os trabalhadores não qualificados de produção nas fábricas de chassis e transmissão, ou seja, aqueles trabalhadores com exposição elevada aos fluidos de corte. Entretanto, Garabrant advertiu: “Em todas as análises em que houve aumento do risco de câncer de pulmão, também houve aumento de risco de doenças do coração, sugerindo a possibilidade de se confundir essa incidência com problemas relacionados ao fumo”.
Garabrant ressaltou que outros estudos sobre exposição aos fluidos de corte encontraram inúmeros casos de câncer de estômago. Seu estudo encontrou um número excessivo de câncer de estômago ou gastrointestinal entre trabalhadores expostos a óleos de corte tanto integrais como solúveis ou sintéticos. Não houve um risco claramente excessivo de leucemia ou linfoma entre os trabalhadores expostos a qualquer tipo de óleo de corte. Enquanto outros estudos sobre exposição a fluidos de corte mostraram casos excessivos de câncer de pâncreas nos trabalhadores dos setores de eixos e engrenagens e associados à exposição de fluidos sintéticos, Garabrant não encontrou um aumento significativo de risco desse tipo de câncer em trabalhadores expostos a fluidos de corte integrais ou mesmo aos solúveis. Garabrant ressaltou que pretende reanalisar seus dados com foco na duração da exposição.
Outras questões de saúde As micobactérias são frequentemente citadas como vilãs nos depósitos e névoas de fluidos, gerando respostas alérgicas, incluindo Pneumonite Hipersensitiva. Porém, em um recente grande surto dessa doença na Inglaterra, Brian Crook, do Laboratório Inglês de Saúde e Segurança, em Derbyshire, disse em um simpósio que essas bactérias não foram um fator considerável: “A micobactéria é comum e é um imuno-estimulante, entretanto, não foi encontrada qualquer espécie de micobactéria nesse que
foi o maior caso europeu de doença respiratória relacionada com trabalhadores”. Michael Rocker, da empresa alemã BG Metall Nord Sud, que fez seguro para os usuários finais de fluidos de corte, disse que as partículas ultrafinas de metal são conhecidas por induzir reações radicais nas células, o que pode resultar em estresse oxidativo, com consequentes danos ao DNA, que podem ser seguidos de câncer. Após vários anos de estudo, Rocker chegou à conclusão de que as partículas ultrafinas de metal geradas no processo de remoção são uma mistura de pedaços de metal e partes de fluido, com tamanhos variando entre sete nanômetros e um mícron. Rocker observou a geração de partículas ultrafinas em equipamento seco, com a mínima quantidade de lubrificante, e em equipamento úmido padrão, e a maior geração de partículas se deu no equipamento seco. “Foram produzidas 40 vezes mais partículas do que no equipamento lubrificado normalmente”, disse Rocker. Afirmou também que partículas ultrafinas não significam automaticamente a incidência de câncer, porém o
26
tempo de manifestação da doença pode ser de até 40 anos, e os equipamentos com mínima quantidade de lubrificante só têm de 12 a 15 anos de existência. Rocker acredita que ainda há muita pesquisa a ser feita para o melhor entendimento da formação de partículas ultrafinas e de seus efeitos na saúde humana. Wally Dalbey, recentemente aposentado do setor de Ciências Biomédicas da ExxonMobil, deu uma clara aprovação para os óleos integrais altamente refinados com relação à saúde: “Óleos integrais possuem baixa toxicidade, baixa alergenicidade, não causam efeitos pulmonares e não são carcinogênicos” John Howell, da D.A.Stuart, uma empresa da Houghton, concorda que o problema não é o óleo: “O óleo mineral não é responsável pelos efeitos à saúde observados. Outras entidades, como as endotoxinas, são alvos mais apropriados”. Concluiu dizendo que existe uma crescente evidência apontando para as endotoxinas mais componentes químicos, outras entidades microbiológicas, pH, hipotonicidade ou alguma combinação delas.
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O mercado em foco LUBES EM FOCO apresenta os números aproximados do mercado brasileiro de lubrificantes de 2008, frutos de pesquisa junto aos principais agentes e órgãos legisladores. As dificuldades para uma precisão numérica continuam a existir, uma vez que ainda não há uma consolidação dos números dos pequenos distribuidores. Com a esperada inércia do crescimento dos dez primeiros meses do ano, a importação e produção de óleos básicos apresenta números ainda altos, que não refletem a queda de consumo dos dois últimos meses.
Uma visão geral do mercado - 2008 O mercado aparente 1.395.000 m3
Total Óleos Lubrificantes:
780.000 m3 490.000 m3 61.000 t 35.000 m3
Automotivos: Industriais: Graxas: Óleos Básicos Importação Produto Acabado: Exportação Produto Acabado:
1.340.000 m3
Total Óleos Básicos:
730.000 m3 430.000 m3 180.000 m3
Produção nacional: Importação: Rerrefino:
60.500 m3 31.500 m3
Fonte: ANP, Aliceweb, Sindicom, Petrobras, Banco de Dados Lubes em Foco
Evolução do Mercado de Lubrificantes em 2008 (m3) Uma avaliação dos números finais de 2008 do mercado mostra uma sensível queda ocorrida nos meses de novembro e dezembro, fazendo com que o resultado final do ano ficasse apenas cerca de 3,1% superior ao resultado final de 2007 apesar de o primeiro semestre ter apresentado um crescimento médio da ordem de 8%. 130000
Comparativo 2008 x 2007 (%) 120000
%
20 15
110000
10 5
100000
0
média 3,1%
jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
-5 -10
90000
-15 -20
80000
jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set
out
Mercado de 2008 Mercado de Lubrificantes LubrificantesBrasil Brasil• •Participação Participação 2007
nov
dez
Mercado de Graxas Brasil • Participação 2008
13,1%
17%
12,5% 18,5% 10,5%
8,9%
23% 6,4% 3,4% 3,7%
28
BR Texaco Ipiranga Shell Esso Petronas (Fl Brasil) Castrol Repsol YPF Outros
17,2% 12,5%
9,9% 12,4% 4,1% 6,1%
11% 9,8%
Texaco Ingrax BR Ipiranga Shell Outros Petronas Esso Pax
1
Mercado SINDICOM • Comparativo 08/07 por região (Período Jan a Dez) Total de lubrificantes por região
Mil m3
Análise comparativa por produtos
Mil m3
600
500 2007 2008
597.099
2007 2008
494.800 473.729
450
573.650
400
500
350 400
300
380.487 352.896
250
300
200 186.540
200
195.306
100 43.101
GRAXAS
100
INDUSTRIAIS
AUTOMOTIVOS
150 115.940
50
64.473
125.796 85.864
67.593
94.091
42.817
0
0
SUL
300
NORTE
NORDESTE
CENTRO OESTE
Lubrificantes industriais por região
Mil m3
Lubrificantes automotivos por região
Mil m3
SUDESTE
210 278.580
290.028
204.772
2007 2008
2007 2008
195.149
180
250
150
200
120 150 90 100
114.931
116.908
78.398 79.839
60
85.221 58.041
50 42.259
71.609
62.028
40.575 36.101
30
42.914
22.214
32.063 27.823
24.679
0
0 SUL
SUDESTE
NORTE
NORDESTE
CENTRO OESTE
SUL
SUDESTE
NORTE
NORDESTE
CENTRO OESTE
1. O SINDICOM é composto pelas seguintes empresas: BR, Chevron, Ipiranga, Shell, Esso, Petronas, RepsolYPF, Castrol.
Protegem as máquinas que movem a vida
Testados e aprovados pelos melhores carros e motos em mais de 16 países SAC - 0800 703 75 00
LUBRIFICANTES
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NACIONAIS QUALIDADE DOS LUBRIFICANTES VOLTA A CAIR
INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA FECHA O ANO COM
NO CAMPO
RECORDE, MAS FUTURO É INCERTO
Segundo os dados divulgados pela ANP, o Programa de Monitoramento da Qualidade dos Lubrificantes detectou, no mês de dezembro, uma alta expressiva no número de não-conformidades, após uma considerável queda no mês anterior. Foram 24,5% das amostras pesquisadas com problemas de qualidade; dessas, 46% não continham qualquer tipo de aditivo. Os problemas com rótulo (14,5%) e registros (18,3%) praticamente triplicaram com relação ao mês anterior.
A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) divulgou o desempenho da Indústria Automobilística brasileira para o ano de 2008, com produção recorde de 3,21 milhões de veículos e uma expansão de 8,0% em relação a 2007. O licenciamento de veículos ficou em 2,82 milhões, um resultado superior em 14,5% ao de 2007. Diante das incertezas do momento atual, a Anfavea continua em caráter permanente avaliando a conjuntura econômica para apresentar suas estimativas de desempenho para 2009.
ALESAT COMPRA REDE DE DISTRIBUIÇÃO
SETOR DE AUTOPEÇAS COM O PÉ NO FREIO
DA REPSOLYPF
O Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos – Sindipeças, em consulta a seus associados, concluiu que 46% das empresas vão reduzir os investimentos para 2009, 48% manterão o que havia sido programado e apenas 6% irão aumentar seus investimentos.
O negócio realizado em dezembro último pelo valor de R$130 milhões envolveu 327 postos de serviço e limitouse à rede de distribuição de combustíveis da RepsolYPF no Brasil, não contemplando o setor de lubrificantes.
INTERNACIONAIS BÁSICO DO GRUPO I TEM PERSPECTIVA DUVIDOSA
ACEA 2008-NOVA CLASSIFICAÇÃO JÁ OFICIALIZADA
O aumento da demanda mundial por básicos de melhor qualidade, principalmente para uso automotivo, colocam um dilema no caminho do refino de básios de grupo I. Desde 1990, foram fechadas cerca de 12 plantas de produtores de básicos nos EUA e uma na Europa. Alguns técnicos dizem que o grupo I terá uma viabilidade econômica até o ano de 2020.
A Associação de Construtores Europeus de Automóveis (ACEA) oficializou a partir de 22 de dezembro de 2008 as novas classificações para óleos lubrificantes automotivos (ACEA 2008). Os novos parâmetros substituem os da ACEA 2007, que continuarão valendo até o final de 2010. As novidades em relação às especificações anteriores ficam por conta da eliminação da categoria E2 para motores diesel mais antigos e a introdução da E9, que é fortemente recomendada para motores diesel equipados com filtros de particulados e utilizando óleo diesel com baixo teor de Enxofre.
AUMENTA A OFERTA DE POLIALFAOLEFINA (PAO)
A ExxonMobil Chemical anunciou um aumento de disponibilidade das PAOs de 40 e 100 cSt em cerca de 30% para o ano de 2009. 30
Programação de Eventos Internacionais Data
Evento
2009 Fevereiro 11 e 12
Hybrid Vehicle Technologies Symposium - San Diego, California (USA) - www.sae.org
Fevereiro 19 e 20
World Base Oils Conference - The Royal Lancaster Hotel, London- www.icis.com
Abril 20 a 23
SAE World Congress - Detroit, Michigan (USA) - www.sae.org
Maio 17 a 21
64th STLE Annual Meeting & Exhibition - Orlando, Florida (USA) - www.stle.org/annual_meeting/index.cfm
Junho 07 a 10
2nd ECOTRIB 2008 - Pisa, Italia, EU - http://www.tribology-abc.com/conferences/default.htm
Junho 13 a 16
76th NLGI Annual Meeting - Tucson, Arizona, U.S.A.-www.nlgi.org
Junho 15 a 17
SAE International Powertrains, Fuels and Lubricants Congress - Florença, Itália - www.sae.org
Junho 21 a 25
Petroleum Products and Lubricants - Norfolk Waterside Marriott; Norfolk, VA US - www.astm.org
Junho 24 a 25
The 3rd ICIS Asian Base Oils & Lubricants Conference - The Mandarin Oriental Hotel, Kuala Lumpur - www.icis.com
Setembro
The 2009 China Base Oils Conference - Guangzhou, China - www.icis.com
Outubro
The 6th ICIS Middle Eastern Base Oils & Lubricants Conference - Dubai - www.icis.com
Novembro
2009 International Lubricants & Waxes Meeting - Houston TX - www.npradc.org/
Novembro 16 a 18
The 24th International Maintenance Conference - Hilton Ocean Walk Village, Daytona Beach Florida - USA - www.maintenanceconference.com/imc/
Dezembro
The 4th ICIS Pan-American Base Oils & Lubricants Conference - New York, USA - www.icis.com
Nacionais Data
Evento
2009 Março 31 a Abril 3
2a.Feira e Congresso de Manutenção de Equipamentos Industriais - Joinville, SC - www.marktevents.com.br
Abril 27 a Maio 2
Agrishow 2009 - Feira Internacional de Tecnologia Agrícola - Ribeirão Preto, SP - www.agrishow.com.br
Setembro 15 a 19
Intermach 2009 - Feira Internacional de Metal-Mecânica - Joinville, SC - www.intermach.com.br
Cursos Data
Evento
2009 Março 2 a 5
Planejamento e Controle da Manutenção - PCM - São Paulo - www.abraman.org.br
Abril 15 a 17
Lubrificantes e Lubrificação - Rio de Janeiro - www.ibp.org.br
Novembro
Lubrificantes e Lubrificação - São Paulo - www.ibp.org.br
Se você tem algum evento relevante na área de lubrificantes para registrar neste espaço, favor enviar detalhes para comercial@lubes.com.br, e, dentro do possível, ele será veiculado na próxima edição.
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