EM FOCO
Out/Nov 09 Ano III • nº 15 Publicação Bimestral R$ 12,00
A revista do negócio de lubrificantes
Óleos vegetais Uma alternativa sustentável para os óleos minerais na formulação de lubrificantes.
O futuro do petróleo Entrevista exclusiva com o ex-presidente da Petrobras, Armando Guedes.
O Programa Nacional de Qualificação e Certificação de Pessoal na Área de Manutenção - PNQC, desenvolvido pela ABRAMAN em parceria com instituições de ensino, foi criado para induzir a melhoria da qualidade e produtividade dos serviços de Manutenção no país, através da certificação de profissionais do setor. O profissional certificado pela Abraman/ PNQC garante o reconhecimento formal de sua capacidade, diferenciando-se, e valorizando-se no mercado de trabalho. A empresa que certifica seu quadro de colaboradores pelo programa da Abraman/ PNQC assegura melhoria na confiabilidade, segurança e eficiência de seus processos.
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Editorial O ano de 2009 terminou, mostrando o poder de recuperação do Brasil diante de uma crise de dimensões globais, que se apresentou extremamente voraz nos primeiros meses do ano. O país se realinha para o crescimento, com uma perspectiva bastante positiva, e já tendo contabilizado alguns créditos no âmbito internacional, como o aumento do fluxo de investimentos externos, a expectativa do mercado de energia para as reservas do pré-sal e a aceitação das credenciais brasileiras para sediar as Olimpíadas e a Copa do Mundo. Não queremos postular um otimismo ufanista, sem a devida atenção aos enormes desafios que o país tem pela frente até tornar-se uma real potência reconhecida, mas, sim, estar conscientes de que os desafios trazem em seu bojo grandes oportunidades, num momento em que o mundo trata de conter as quedas e as dificuldades econômicas dos grandes centros financeiros. Chegamos ao fim do ano com grande satisfação também pelo desempenho da nossa LUBES EM FOCO, que teve um aumento substancial do número de seus leitores e tem recebido um feedback bastante positivo do mercado de lubrificantes, ressaltando a seriedade e rigor técnico de seu conteúdo e a leveza agradável de sua estética visual. Ouvir o mercado e a ele retornar com informações e orientações relevantes tem sido nosso princípio e o sustentáculo da construção de uma relação duradoura, que se solidifica a cada bimestre com uma nova edição. Entendemos que, também como o país, temos grandes desafios e excelentes oportunidades de crescer, melhorar a qualidade dos nossos serviços e produtos, e assim também nos realinhamos para o início de mais um ano de trabalho e realizações. As dificuldades e os obstáculos continuarão, muitos serão os mesmos, mas teremos sempre uma nova forma de olhar para eles. Um novo olhar para situações antigas e muita determinação e otimismo para as novas realidades. Aos nossos leitores e colaboradores, agradecemos e continuamos a contar com o seu prestígio e sua atenção, para que o ano de 2010 traga, a todos nós, grandes momentos de realizações e sucesso, não só em nossas empreitadas profissionais, mas também nos torne, cada vez mais, seres humanos melhores e mais preparados para o futuro. BOAS FESTAS ! Os Editores
Publicado por: AGÊNCIA VIRTUAL LTDA. Rua da Glória 366 - sala 1101 CEP 20241-180 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Tel.: (5521) 2224-0625 e-mail: comercial@lubes.com.br Conselho Editorial Antonio Carlos Moésia de Carvalho Ernani Filgueiras de Carvalho Gustavo Eduardo Zamboni Pedro Nelson Abicalil Belmiro Diretor Comercial Antonio Carlos Moésia de Carvalho Jornalista Responsável Marcia Lauriodo Zamboni - reg. 17118-78-45
Diretor de Arte Gustavo Eduardo Zamboni Capa Gustavo Eduardo Zamboni
Publicidade e Assinaturas Antonio Carlos Moésia de Carvalho (5521) 2224-0625 R 22 assinaturas@lubes.com.br
Redação Tatiana Fontenelle
Tiragem 4.000 exemplares
Layout e Editoração Tatiana Santos Vieira Antônio Luiz Cunha
E-mail dos leitores e site leitores@lubes.com.br www.lubes.com.br
Revisão Angela Belmiro Impressão Gráfica Trena
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Feliz Sumário
2010
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já!
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A palavra do ex-presidente da Petrobras Armando Guedes Coelho sobre o momento atual e o futuro energético do Brasil.
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Aditivos na dosagem certa
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A Confiabilidade humana na lubrificação
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O grau de viscosidade SAE
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Óleos vegetais
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O futuro do petróleo
A importância do equilíbrio nas formulações.
Como as equipes de lubrificação hoje podem trabalhar inseridas em conceitos modernos de manutenção.
Entendendo uma propriedade que se tornou uma importante classificação para os lubrificantes.
Alternativas sustentáveis para os óleos de base mineral, os óleos vegetais já são uma realidade.
Graxas saindo do empirismo Uma nova visão para um setor que ainda precisa de novos olhares.
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Simpósio de lubrificantes com foco no mercado
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Mercado em foco
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Detalhes do evento que se tornou uma referência para debates e apresentações técnicas.
Informações sobre o mercado brasileiro de lubrificantes.
Notícias Rápidas Atualidades do mercado de lubrificantes.
Programação de Eventos
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O futuro do petróleo
A posição do Brasil no panorama energético mundial Por: Tatiana Fontenelle
Engenheiro Químico de formação, o Dr. Armando Guedes Coelho, atual presidente da Comissão de Energia da FIRJAN e conselheiro do IBP, passou por todos os níveis hierárquicos da Petrobras, chegando à presidência da empresa. Foi, por mais de uma década, responsável pelo departamento comercial, gerenciando duas crises de petróleo na década de 70, e também diretor industrial. Presidiu também as subsidiárias Petroquisa, BR e Interbrás, foi diretor da Suzano Petroquímica e um dos idealizadores do Pólo Gás Químico do Rio de Janeiro. Em entrevista exclusiva para LUBES EM FOCO, o Dr. Armando fala de fatos e informações extremamente importantes para o momento atual e para o futuro energético brasileiro e mundial.
Lubes em Foco - Como o Sr. vê o panorama mundial e suas perspectivas com relação ao petróleo como a principal fonte de energia? Armando Guedes - Não se vê, no mundo atual, muito espaço para novas grandes descobertas de petróleo, e a consequência disso é que, quando se olha para algumas décadas à frente, mesmo considerando as medidas que estão sendo tomadas no sentido de aumentar a eficiência dos processos, buscar fontes alternativas etc., o petróleo e o Gás Natural ainda vão representar, num horizonte de 40 a 50 anos, mais da metade da demanda mundial de energia. Isso é um complicador enorme, porque não se consegue mudar a cultura do mundo de uma hora para outra. Um exemplo típico é a China, onde entra no mercado 1 milhão de carros novos por mês e existem 1 bilhão de pessoas querendo melhorar de vida, então fica muito difícil atender a todas essas demandas. Não se pode falar para os americanos não usarem mais automóveis, isso é cultural para eles, pois lá não existe muito transporte coletivo, e a gasolina é mais barata do que o nosso álcool. Então, o petróleo, dentro desse contexto, apresenta um aspecto preocupante quanto ao futuro, porque não se tem uma perspectiva de novas fronteiras para ele, e só se poderia aumentar a produção através do que chamamos de recuperação secundária. Lubes em Foco - Com relação aos preços do petróleo, o que se pode esperar para o futuro? 6
Armando Guedes - Tudo indica que teremos para o futuro uma demanda de petróleo crescente, com uma oferta relativamente estável, ou mesmo diminuindo, e o acréscimo de volume terá que ser feito principalmente através de recuperação secundária, que é aumentar o nível de óleo recuperado em um campo, o que normalmente fica em torno de 30%. Isso vai fazer com que o petróleo tenha um preço relativamente elevado, pois com preços abaixo de US$70.00 por barril já não se justifica trabalhar com recuperação secundária dos campos existentes. A perspectiva é que, daqui a 20 ou 30 anos, será necessário se adicionar ao mercado um volume como o que se tem hoje, algo em torno de 80 milhões de barris por dia, o que é muito difícil de se fazer nesse período. Isso nos leva à conclusão de que a perspectiva de preços nesse horizonte será de alta e que será muito pouco provável que o preço chegue a valores abaixo de 60 ou 70 dólares por barril. Lubes em Foco - Como o Brasil se situa nesse contexto? Armando Guedes - A situação do Brasil é muito favorável com a descoberta do pré-sal. Ela agrega, numa perspectiva futura, quase que o volume de uma Arábia Saudita aos estoques existentes. Hoje, se trabalha com várias previsões de volume, mas podemos estimar reservas em torno de 50 bilhões de barris de petróleo no pré-sal, e, sendo otimistas, podemos admitir até 100 bilhões de barris. Então, o Brasil com certeza irá se tornar um grande produtor de petróleo.
Lubes em Foco - Quais os principais desafios que o Brasil enfrenta com relação ao pré-sal? Armando Guedes - O pré-sal ainda tem alguns desafios muito grandes a serem atendidos. Existe o desafio tecnológico, que eu diria que está razoavelmente bem equacionado, pois todas as empresas associadas já têm os dados em mãos e têm condições de produzir, não sendo portanto a tecnologia um fator impeditivo. Entretanto, existem grandes desafios de logística e desafios financeiros monstruosos. Para se ter uma idéia de ordem de grandeza, para cada barril que se quer produzir, gasta-se cerca de 10 a 12 dólares; portanto, quando se fala em 50 bilhões de barris de óleo, fala-se em 500 a 600 bilhões de dólares, e, se considerarmos 100 bilhões de barris, falamos de 1 trilhão de dólares. Ora, o Brasil não tem esse dinheiro, portanto, é muito importante que haja uma consciência nacional para se criar um sistema atrativo para investimento e canalizar recursos no exterior, no sentido de viabilizar o desenvolvimento dessa riqueza. Para isso precisamos passar uma imagem de seriedade, em termos de sustentabilidade do modelo a ser utilizado, para que o investidor estrangeiro possa confiar em colocar dezenas de milhões de dólares do país.
uma situação diferenciada em relação aos outros países. Também o acesso a recursos é fácil, visto que vários bancos já manifestaram interesse em colocar recursos no Brasil, pois se trata de uma área de ótimo retorno no futuro. Então, vivemos hoje uma situação extremamente conveniente a nós e, se tivermos juízo, estaremos em uma situação privilegiada nas décadas de 2040 e 2050. Lubes em Foco - O Sr. acha que o Brasil está preparado para o desenvolvimento que se espera? Armando Guedes - Um grande desafio que o Brasil enfrentará está na área de recursos humanos, pois a demanda que está se iniciando é incrivelmente grande e de altíssima qualificação. Portanto, é preciso que essas pessoas sejam muito bem formadas, pois irão enfrentar atividades relativamente complexas. Penso que, muito provavelmente, o Brasil será um importador de recursos humanos, o que é realmente inacreditável se olharmos para alguns anos atrás. Todos os dados que temos revelam que nossas universidades e centros formadores não têm a capacidade de produzir a quantidade de gente com a qualificação adequada para o desafio que vem por aí. Vale ressaltar que a Petrobras já tem hoje uma tecnologia provada e respeitada no mundo inteiro como exploradora e produtora de petróleo em águas profundas e ultra profundas. O primeiro poço do pré-sal, por exemplo, demorou quase 3 anos para ser feito, e gastaram-se quase 260 milhões de dólares nele. Só uma empresa com muita consciência, muita determinação e muita certeza tocaria para frente um projeto dessa natureza.
Brasil não tem esse dinheiro, portanto, é muito importante que haja uma consciência nacional para se criar um sistema que seja atrativo para investimento.
Lubes em Foco - Como os investidores estrangeiros estão se posicionando em relação ao Brasil? Armando Guedes - Temos tido a oportunidade de conversar com empresas estrangeiras dentro e fora do Brasil, e é impressionante a receptividade que existe, pois o Brasil tem hoje uma imagem positiva no que diz respeito a seguir o que foi acertado em contratos. Tanto as empresas produtoras de petróleo como as prestadoras de serviço têm um interesse enorme de estar no Brasil, porque temos, no momento atual,
Lubes em Foco - Alguns países preferem vender o seu petróleo e importar derivados. É uma postura aceitável ou arriscada para um país como o nosso? 7
Armando Guedes - Essa é uma discussão que está ainda em pauta entre os formadores de opinião. Petróleo é fácil de se vender. Normalmente, se comercializa de 7 a 8 vezes o volume de petróleo em relação aos derivados. Existe um princípio, que é aceito em todos os países do mundo, ou pelo menos entre os grandes consumidores de petróleo, que diz que a dependência de importação de derivados é um negócio muito sério, e nenhum país gosta de ficar dependente disso. Dessa forma, os grandes consumidores têm uma capacidade de refino quase equivalente às suas necessidades de demanda, o que significa dizer que eles importam petróleo, mas refinam em casa. Então, embora seja bonito falar-se em exportar derivados, pois têm maior valor agregado, não é muito simples garantir a colocação desses produtos. Dessa forma, como já comentei que teremos dificuldades com a obtenção de recursos, a prioridade de sua utilização deve ser com o desenvolvimento da produção, pois, vendendo-se o petróleo, obtêm-se os recursos. Após gerar os recursos com o óleo produzido, podemos passar a um segundo passo, que é a discussão sobre a vantagem ou não de exportar petróleo ou derivados. Fazer pura e simplesmente refinarias para exportação de derivados é um risco, e uma decisão que quase sempre é penalizada pelo mercado.
Lubes em Foco - Além das alternativas do etanol e do biodiesel, que outro caminho poderia existir para o Brasil aumentar sua oferta de energia para o setor automotivo? Armando Guedes - Um caminho importante que existe para o futuro é o melhor aproveitamento do Gás Natural. Nós não tínhamos uma cultura sobre o gás, visto que até 10 ou 15 anos atrás ele não participava mais do que 2 ou 3% na matriz energética brasileira. O GNV, por exemplo, é extremamente interessante. Ele substitui um combustível caro como a gasolina, podendo também estender seu uso a ônibus urbanos, por ser um combustível mais limpo, diminuindo a dependência do óleo diesel. Já se tem feito um trabalho muito interessante nesse sentido, no IBP e na FIRJAN, procurando mostrar ao governo e aos grandes formadores de opinião que a utilização do Gás Natural no Brasil tem que ser melhor pensada e mais valorizada também.
O Brasil será um importador de recursos humanos, o que é realmente inacreditável se olharmos para alguns anos atrás.
Lubes em Foco - Como o Sr. vê o equilíbrio da matriz energética brasileira ? Armando Guedes - A matriz energética brasileira é considerada bastante limpa e conveniente em termos de energia alternativa, porém não é bem equilibrada com relação aos combustíveis. No caso dos derivados de petróleo, nossa matriz é altamente dependente do óleo diesel, que representa quase 40% do mercado de combustíveis, e não se tem petróleo que possua 40% de óleo diesel. Isso foi decorrente de uma estratégia estabelecida na década de 1950, quando o Brasil criou a indústria automobilística, que trouxe um desenvolvimento muito grande ao país, mas levou à situação atual, em que se transportam praticamente 70% das cargas sobre rodas, e se depende do óleo diesel. Essa é uma das razões de o óleo diesel ser muito barato, já que aumentar o seu preço significa aumentar também a inflação, pois aumentarão os preços das cargas transportadas. 8
Lubes em Foco - E teríamos Gás Natural suficiente? Armando Guedes - O pré-sal é um fator que irá aumentar incrivelmente a produção de Gás Natural no país. Hoje temos uma produção na faixa dos 50 a 60 milhões de metros cúbicos por dia, e em 2020 estaremos produzindo cerca de 180 milhões, ou seja, três vezes mais. Junte-se a isso a recente descoberta de grande quantidade de Gás Natural nos Estados Unidos, que eram os grandes importadores do produto. Esse fato irá mudar radicalmente o panorama do mercado mundial de gás, pois muitas empresas se prepararam para atender aos Estados Unidos, com instalações no Oriente Médio, e agora não terão mais esse mercado para atender. Então, a lógica nos leva a acreditar em uma queda no preço do gás. Já se observa atualmente que, quando o petróleo subiu para a casa dos 70 dólares por barril, o Gás Natural caiu para 4 a 5 dólares por 1 milhão de BTUs, ou seja, os preços estão desatrelados. Isso pode trazer um efeito dramático para o Brasil, que tem um preço muito alto em relação ao mercado internacional e trabalhava, até então, com hipótese de exportar o excedente de Gás Natural vindo do pré-sal. Assim, a lógica é colocar esse gás no mercado interno, com redução de preço e agregando valor na substituição de combustíveis como a gasolina e o diesel. A indústria química é outro mercado importante para o Gás
Natural, que é um produto básico para produzir fertilizantes. O Brasil importa 70 a 80% dos fertilizantes utilizados, e, se queremos ser um grande produtor de grãos, não podemos ficar dependentes da importação de fertilizantes. Na Petroquímica, o Brasil praticamente paralisou suas plantas de metanol, devido ao alto preço do gás, e importa todo o metanol que precisa. E ainda, pode até vir a ser uma solução, para a utilização do gás, a fabricação de metanol lá nas plataformas do présal, a 300 km da costa, pois será muito complicado trazer esse gás de lá para as instalações de terra. É muito importante alterar a cultura que tínhamos em relação ao Gás Natural, que não tinha disponibilidade e era muito mais caro do que no exterior, para uma realidade que
chega com grande disponibilidade e sem mercado para exportação. Lubes em Foco - O mundo espera grandes problemas para o futuro. Isso afetará o desenvolvimento e as perspectivas de crescimento para o Brasil? Armando Guedes - Existem três pilares importantes para as previsões futuras. São três grandes problemas a serem resolvidos pela humanidade: o excesso de população, a escassez de energia e a escassez de alimentos. O mundo em 2050 deverá ter algo em torno de 9,2 a 9,5 bilhões de pessoas, e todos os especialistas dizem que o planeta, em condições normais, não comporta essa quantidade de gente. A energia será escassa e cara no futuro, e não haverá alimentos para todos. Quando olhamos esses três
pilares, percebemos que o Brasil caminha para uma direção exatamente oposta: a população brasileira em 2050 será algo em torno de 230 milhões de habitantes, o que é menos do que os Estados Unidos de hoje e nos leva a ser considerados de baixa população. Seremos grandes produtores de energia, em função do quadro que já comentamos acima, considerando não somente petróleo e gás, mas também energias alternativas com uma matriz energética bem limpa e com grande potencial de se desenvolver. E seremos também grandes produtores de grãos. Então, o Brasil será uma ilha fantástica no futuro, e as pessoas que estão nascendo agora terão uma oportunidade no futuro que talvez o Brasil não tenha dado a nenhum de seus antepassados.
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Aditivos na dosagem certa Quais as consequências para um motor quando o óleo lubrificante não apresenta a concentração de aditivos correta? Por: Luciane Marçon
notória a evolução dos motores, com dimensões cada vez menores, maior potência e melhor desempenho, exigindo redução no consumo do combustível, com consequente redução de emissões de gases poluentes, atendendo às necessidades do mercado globalizado e também às legislações ambientais. A evolução dos óleos lubrificantes está intimamente ligada ao desenvolvimento dos motores, assim, motores avançados exigem óleos lubrificantes avançados, elaborados com alta tecnologia. Atualmente no Brasil temos, para os motores Ciclo Otto, as categorias que vão desde o nível de desempenho mais simples, API SF, ao atual API SM, de alta tecnologia; o mesmo ocorre para veículos equipados com motores Ciclo Diesel, para os quais temos as categorias que vão do nível API CF ao API CI-4 PLUS. O desenvolvimento de novas tecnologias de óleos lubrificantes, ou seja, o lançamento de um novo Grau API, demanda uma bateria de ensaios padronizados realizados através de testes de laboratório e testes de motores. Esses testes padronizados de motores simulam ou exageram a realidade de um motor em operação urbana e estão cada vez mais elaborados, exigindo melhor desempenho dos óleos lubrificantes, como, por exemplo: menor consumo do óleo lubrificante, maior potência do motor, maior lubricidade, menor geração de poluentes, menor variação de viscosidade do óleo lubrificante durante o seu uso, menor formação de borras e vernizes, menor formação de depósitos nos pistões e menor desgaste das partes a serem lubrificadas, gerando sobretudo redução do número de paradas para manutenção. O diferencial para cada novo Grau API que é lançado no
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mercado com certeza está nos novos compostos químicos desenvolvidos e na quantidade superior dos aditivos incorporados às formulações dos óleos lubrificantes. Dessa forma o papel dos aditivos presentes na composição química de um lubrificante é de grande importância somada, é claro, ao balanço de óleos básicos, sejam esses de base mineral ou sintética, dependendo da viscosidade requerida e/ou Grau API. Os pacotes de aditivos compreendem entre 4 a 18% da formulação de um óleo lubrificante de motor, e seus principais componentes são: dispersantes, detergentes, antioxidantes, antidesgaste, inibidores de corrosão, melhoradores do índice de viscosidade, depressores do ponto de fluidez e antiespumantes. Os dispersantes servem para manter limpo o motor, conservando em suspensão os produtos insolúveis em óleo, como borras e resíduos formados ao longo da vida útil do óleo lubrificante. Os dispersantes são atraídos para a borra por forças polares, mantendo a borra em suspensão e evitando o depósito no interior do cárter. Esses aditivos podem ser succinimidas polialquilênicas, sulfonatos de metais, polímeros de hidrocarbonetos contendo grupos altamente polares e outros. Os detergentes possuem a função de neutralizar os gases ácidos formados durante a queima do combustível e evitar a formação de depósitos de Carbono e verniz nas peças lubrificadas. Os principais compostos detergentes são sulfonatos de Cálcio, sulfonatos de Magnésio, fenatos de Cálcio e outros. Esses compostos reagem quimicamente com as partículas dos resíduos precursores de verniz e borra, neutralizando-os e mantendo-os solúveis no óleo lubrificante.
Os aditivos antioxidantes e inibidores de corrosão são compostos formados por dialquilditiofosfatos de Zinco – ZDDPs, fenolatos de metal, sulfonatos básicos de metal e outros. Os aditivos antioxidantes são utilizados para aumentar a vida útil do óleo lubrificante, retardando a sua decomposição por oxidação, enquanto os inibidores de corrosão neutralizam a ação dos materiais ácidos corrosivos através da formação de uma película química protetora formada na superfície do metal. Os aditivos antidesgaste formam um filme lubrificante resistente, através de uma reação química sobre a superfície do metal, impedindo o contato direto entre as peças metálicas e, assim, o desgaste pelo atrito. Os compostos antidegaste podem ser dialquil ditiofosfato de Zinco (ZDDP), fosfatos orgânicos, fosfatos ácidos, compostos de Boro e Nitrogênio e outros. Os melhoradores do índice de viscosidade conhecidos como MIV possuem a função de minimizar a variação da viscosidade com o aumento da temperatura de operação. Os principais compostos são polímeros a base de etileno-propileno, polímeros a base de estireno, polimetacrilatos, polímeros e copolímeros a base de olefinas e outros. Os depressores do ponto de fluidez são utilizados na formulação de óleos lubrificantes com a finalidade de reduzir a temperatura de fluidez, possibilitando o seu fluxo a baixas temperaturas, como, por exemplo, em partidas a frio. Os compostos químicos aplicados para esse fim são polímeros a base de polimetacrilatos, polímeros fenólicos e naftaleno alquilados. Para os antiespumantes, são utilizados principalmente polímeros de silicone com o intuito de evitar a formação de espuma no óleo lubrificante durante
a operação. Esses aditivos atuam na redução da tensão superficial, a qual permite que as bolhas de ar se separem do óleo mais facilmente. Verificamos, dessa forma, a necessidade dos aditivos com os percentuais corretos para uma formulação balanceada atendendo à classificação API à qual se destina. A ausência desses aditivos em óleos lubrificantes de motores causa severos danos ao funcionamento do motor, levando-o às paradas definitivas, conhecidas como travamento de motor ou motor fundido. A ausência dos aditivos dispersantes ocasiona a formação de borra, que se acumula no interior do cárter entupindo os filtros de óleo, causando desgaste excessivo das partes metálicas e ranhuras nos cilindros. Sem os aditivos detergentes, ocorre a formação excessiva de áci-
dos livres gerados durante a combustão, o que, além de degradar o óleo lubrificante, causa também a corrosão das superfícies metálicas além do desgaste. A carência dos antioxidantes ocasionará a degradação prematura do óleo lubrificante, ou seja, a redução da vida útil tanto do óleo como do motor, formando compostos dos mais varados pesos moleculares. O contato metal-metal ocorre por falta do filme de óleo lubrificante formado através dos aditivos antidesgaste. Dessa forma, sua ausência causa um desgaste prematuro das peças metálicas, podendo gerar o travamento do motor. Para a viscosidade do óleo lubrificante, os aditivos melhoradores do índice de viscosidade e depressores do ponto de fluidez são essenciais, garantindo melhores partidas a frio, ou seja, o lubrificante contendo o depressor do ponto de fluidez terá uma menor viscosidade quando o motor estiver frio, e, ao ligá-lo, o óleo lubrificante terá um melhor fluxo de escoamento para todos os pontos que necessitam de lubrificação. Já o melhorador do índice de viscosidade garante uma viscosidade adequada a altas temperaturas, sem perder a viscosidade ou “afinar”, quando o motor opera em altas rotações, ou seja, nessas condições o MIV garante uma excelente lubrificação. Assim, a ausência desses aditivos acarretará desgaste prematuro das peças metálicas pelo contato metalmetal e aumento da temperatura interna do motor. Para garantir uma melhor qualidade nos óleos lubrificantes de motores, foi criado, em janeiro de 2006, pela Agência Nacional de Petróleo, o Programa de Monitoramento da 11
Qualidade dos Lubrificantes – PMQL, tendo como principal objetivo monitorar a qualidade dos óleos lubrificantes para motores automotivos comercializados no Brasil. Amostras são coletadas e são analisadas dentre outros itens, a qualidade dos produtos: viscosidade cinemática (cSt) a 100 ºC, e a quantidade de aditivos a base de Cálcio, Magnésio e Zinco, presentes no óleo lubrificante. Abaixo segue o gráfico com os percentuais das Não Conformidades sobre a qualidade dos lubrificantes comercializados no país, divulgados no site da ANP de maio de 2007 a setembro de 2009. Percebemos a linha de tendência decrescente desPercentuais das Não Conformidades sobre a Qualidade dos Óleos Lubrificantes para Motores comercializados no Brasil 40%
sas Não Conformidades, o que demonstra maior preocupação pelos fabricantes de óleos lubrificantes de motor, colocando no mercado brasileiro produtos de melhor qualidade. Além da fiscalização da qualidade, a ANP criou novas Resoluções, mais exigentes, estabelecendo requisitos mínimos para produção e controle de qualidade, aumentando dessa forma a qualidade do óleo lubrificante acabado que chega ao consumidor final.
35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out
ano 2007
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Luciane Marçon é coordenadora técnica da Agecom Produtos de Petroleo Ltda
melhoria de qualidade
MOTOS E CARROS TEM POUCO EM COMUM, INCLUSIVE OS LUBRIFICANTES REQUERIDOS. Motores de Motos 4 Tempos operam em rotações e temperaturas mais altas que os motores comuns de automóveis e, em geral, com menos óleo. Para a proteção adequada dos Motores de Motos é preciso um óleo especialmente formulado para estas condições de operação. O novo pacote de aditivos INFINEUM para Motores de Motos 4 Tempos contem uma tecnologia patenteada de aditivo antidesgaste, um balanceamento adequado de detergente e dispersante , robusto poder antioxidante, e um alto desempenho de fricção, indispensável às embreagens das motos atuais. O pacote pode ser ainda aditivado com um “booster “ para atendimento a requisitos de baixa fricção do segmento pequeno mas crescente de motos que utilizam transmissões automáticas.
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A Confiabilidade Humana na Lubrificação Por: Antonio Traverso
tualmente uma das características marcantes das organizações é a complexidade da dinâmica imposta à força de trabalho. As empresas vivem e desenvolvem-se em meio de sistemas sociotécnicos que evoluem continuamente, os quais expõem todos os colaboradores a atividades, interações, percepções e comportamentos cada vez mais avançados e abrangentes. A lubrificação, como um dos fundamentos da manutenção industrial, não foge à regra nesse novo cenário. Esse cenário, contextualizado em mudanças tecnológicas aceleradas, globalização extensiva e competição acirrada, impõe que as organizações estejam preparadas para suportar as mudanças. As empresas devem agora ser capazes de:
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“Disponibilizar novas ferramentas aos trabalhadores; Desenvolver ambientes cooperativos; Proporcionar uma aprendizagem contínua; Estar atentas às situações emergentes; E ainda incorporar as inovações que surgem ao longo do processo de trabalho.” (SANTOS et al., 2009) As empresas precisam ser ágeis para suportar o ambiente competitivo em que atuam visando manter a competitividade e o valor. A lubrificação e o profissional de lubrificação, seja: o engenheiro, o supervisor ou 14
mesmo o mecânico lubrificador, precisam incorporar novas atitudes e novos conhecimentos para incrementar a confiabilidade humana na lubrificação. Já se foi o tempo em que a lubrificação era pouco prestigiada dentre as disciplinas da manutenção. Hoje a lubrificação não se limita a “bater graxa ou trocar óleo” em períodos determinados. As equipes de lubrificação hoje trabalham inseridas em conceitos modernos de manutenção, como TPM (Manutenção Produtiva Total) ou RCM (Manutenção Centrada na Confiabilidade), entre outros, na busca incessante de disponibilidade, confiabilidade operacional e consequente agregação de valor na produção. Desse modo, analisaremos as “tarefas” listadas acima em termos de confiabilidade humana na lubrificação: • Disponibilizar novas ferramentas aos trabalhadores – As ferramentas de lubrificação tendem a se tornar instrumentos de precisão que incorporam funções de controle, aquisição de dados e medições precisas, além de propriamente possibilitar a lubrificação precisa. Podemos exemplificar com a introdução de coletores de dados auxiliando as rotinas dos mecânicos e substituindo paulatinamente as ordens de serviço e inspeção em formulários/fichas de papel. Esses coletores, por sua vez, estão interligados com sistemas de informação/controle e gestão que
permitem, já em tempo real, aos gestores da manutenção e aos outros gestores da empresa atuar de forma sistêmica, isto é, integrar os dados obtidos na lubrificação com outras informações como: estoques, cadastros, custos, reservas de material, planejamento de execução de serviços etc. Há inclusive coletores de dados que fotografam, medem temperatura e são intrinsecamente seguros. A automação e a informática entraram definitivamente na lubrificação e tendem, ao contrário do senso de alguns mecânicos, ampliar os seus respectivos escopos de trabalho, pois a utilização de novas tecnologias liberará o tempo desses profissionais para tarefas mais gratificantes e estimulará o potencial criativo de cada um deles. Outro exemplo interessante é a utilização de “caneta” de ultrassom para controlar a quantidade de lubrificação. Com essa tecnologia, a quantidade de óleo ou graxa a ser utilizada é determinada pela resposta do elemento que está sendo lubrificado ao ultrassom emitido pela caneta. Foi-se o tempo de determinações de se lubrificarem quantidades fixas. • Desenvolver ambientes cooperativos – O desenvolvimento de ambientes em que o feedback seja estimulado é fundamental para a ampliação da confiabilidade. Mesmo com toda sorte de procedimentos e rotinas padronizadas, existem aspectos e conhecimentos sobre a lubrificação, em cada determinado contexto, que só emergem e se aprimoram por meio de exercício de feedback e de reflexão coletiva. A motivação é outro poderoso ingrediente na obtenção de tais ambientes, uma vez que estimulará o foco, a criatividade e a busca de fazer cada vez melhor. O reconhecimento e a recompensa são instrumentos poderosos na motivação das equipes de lubrificação. A promoção do inter-relacionamento e do espírito de equipe deve ser outra atitude permanente na busca desses ambientes. Por fim, o ambiente cooperativo propicia a liberdade de criar, de participar de brainstorms e de solucionar as necessidades que surgem. • Proporcionar uma aprendizagem contínua – Neste ambiente de inovação permanente e vertiginosa, em que a obsolescência ronda tudo e todos continuamente, a aprendizagem precisa ser contínua e muitas vezes autônoma e espontânea. A confiabilidade humana necessita de que as empresas sejam ágeis, para que os novos recursos e tecnologias disponibilizadas sejam utilizados em todo o seu potencial. Para exemplificar, na lubrificação, a atualização permanente de softwares de gerenciamento de lubrificação, de termografia e de seleção de meios filtrantes requerem retreinamentos em base, pelo menos, anual. O conhecimento de informática e a habilidade com computadores são habilidades que devem ser desenvolvidas e aprimoradas. • Estar atentas às situações emergentes – Novas situações internas e externas requerem respostas rápidas e até inovadoras visando à manutenção e à ampliação da confiabilidade. Bom exemplo 15
disto são as exigências de certificações de sistemas de qualidade, segurança e meio ambiente exigidas entre as empresas na realização de negócios. São essas certificações que induzem à qualificação das equipes envolvidas nos processos de produção, como as equipe de lubrificação. Grandes empresas já exigem que as equipes de lubrificadores tenham Ensino médio técnico, uma certificação em lubrificação e até conhecimento em leitura e interpretação de plantas e desenhos mecânicos digitais. Há situações também nas quais o contexto de negócios exige que a manutenção autônoma seja adotada, fazendo com que a equipe de lubrificação migre para uma atividade mais próxima da atividade de inspeção preditiva na rotina e que só atue em lubrificação em macro lubrificações de paradas programadas. • Incorporar as inovações que surgem ao longo do processo de trabalho – Há processos e aspectos que são identificados no decorrer da integração de novos equipamentos e tecnologias. Essa integração pode resultar na demanda de novas formas de trabalhar e na necessidade de se apropriar novas tecnologias de lubrificação. A lubrificação de mancais de bombas de processo em refinarias é um bom exemplo disso. A lubrificação por copo desses mancais mostrou-se ineficiente com o novo paradigma de disponibilidade e confiabilidade exigido para estas bombas. Com a introdução dessa tecnologia, a lubrificação incorporou aspectos de inspeção, controle e reparo até então inexistentes. O sistema de névoa trouxe novas rotinas e tarefas ao lubrificador, assim como proporcionou à equipe de lubrificação a ampliação de conhecimentos em mecânica dos fluidos, automação, pneumática etc. O desafio da confiabilidade humana na lubrifica-
Foto 2- Sugerida. Foto de bomba com lubrifcação por névoa.
ção não difere dos desafios da confiabilidade humana em demais profissões de sistemas sociotécnicos, até porque os anseios e as necessidades humanas de reconhecimento, valorização e aceitação são muito semelhantes em um grande número de culturas e sociedades. O que torna o tal desafio particularmente peculiar na lubrificação é o fato de que o pessoal, as atividades e a tecnologia envolvidos, até pouco tempo atrás, não eram considerados elementos estratégicos na engenharia de manutenção nem na própria manutenção industrial. Felizmente esse quadro está mudando para melhor. “Não existe processo que atinja bons resultados se não for através de pessoas qualificadas, certificadas e motivadas. Este é o mais importante fator crítico de sucesso” (KARDEC,2001). Referências: • Confiabilidade humana e projeto ergonómico de centros de controle. Zenétia Santos. Synergia Editora - 2009. • Gestão estratégica e fator humano. Alan Kardec. Editora Quality Mark - 2002
Antonio Traverso Júnior é engenheiro e coordenador de Lubrificantes da Gerência de Grandes Consumidores da Petrobras Distribuidora. Foto 1- Foto do copo lubrificador em bomba de processo
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O grau de
viscosidade SAE Uma classificação que se tornou uma identidade para os óleos lubrificantes Por: Pedro Nelson Belmiro
iante da pergunta “que óleo você usa no seu carro?” é muito comum ouvirmos apenas números como resposta. Ao dizermos que um óleo é, por exemplo, 20W-40, 5W-30 ou simplemente 40, estamos apenas nos referindo a uma das classificações que um óleo deve ter, ou seja, o seu grau de viscosidade. Nesse caso, não estamos falando em níveis de desempenho no motor, que seriam dados pelas entidades classificadoras, como API, ACEA, JASO etc., e dos quais já falamos anteriormente. Um óleo lubrificante possui diversas propriedades e funções, além da lubrificação propriamente dita, tais como: limpar, resfriar, vedar, proteger e informar suas condições e do motor via análise, mas é na redução do desgaste e do atrito (lubrificação) que a viscosidade do óleo se torna fundamental, com a complementação de componentes químicos, os aditivos, para essa função. A viscosidade, apesar de não ser a única, é uma das mais importantes propriedades de um lubrificante e está diretamente relacionada ao balanço de óleos básicos
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da fórmula, não sofrendo, portanto, ação dos aditivos, com exceção dos Melhoradores do Índice de Viscosidade (MIV).
Histórico Em 1911, quando a Society of Automotive Engineers – SAE publicou o primeiro sistema de classificação de óleos lubrificantes, a base era única e exclusivamente a viscosidade, e só foram relacionados os graus estabelecidos a temperaturas de 100º F para os mais finos e 210º F para os mais viscosos. Já em 1933, foi introduzido o grau W, inicial de winter (inverno), cuja viscosidade era determinada a 0º F por extrapolação de dados, mas os óleos multiviscosos, ou seja, aqueles que atendem simultaneamente à classificação para alta e para baixa temperatura, só foram introduzidos em 1955. Essa classificação tornou-se oficial em 1962 com o nome de J-300. De acordo com o livro “Lubrificantes e Lubrificação Industrial” (Belmiro e Carreteiro – Ed. Interciência, 2007), o método de determinação de viscosidade a baixas temperaturas chamado Cold
Cranking Simulator – CCS foi criado em 1967 para substituir o método de extrapolação utilizado para determinar a viscosidade a 0º F dos graus “W”. Nessa mesma ocasião, a viscosidade cinemática tornou-se padrão principal para medidas a 210º F. Com o tempo, a introdução de novas técnicas de laboratório, bem como os requisitos mais exigentes dos motores modernos e o Sistema Internacional de Unidades – SI levaram a SAE a efetuar revisões em suas classificações. Para tentar representar com maior precisão o que realmente acontece na prática, os testes foram se modificando. A necessidade de se ter um óleo com uma película estável em condições de alta temperatura e alto cisalhamento fez com que fosse desenvolvido o teste de viscosidade HTHS (High Temperature, High Shear), medido a 150º C, como referência para a determinação dos limites para óleos de motor. Esse método, normatizado pelo ASTM D4683, passou a utilizar a unidade cP (centiPoise), que no SI equivale a 1 mili segundo Pascal – mPas, e a ser utilizado por diversas classificações de desempenho, como, por exemplo, a API SJ, API SL, ACEA A3/B3 etc.
Tabela 1: Graus de viscosidade SAE para óleos de motores – SAE J- 300 Viscosidades a baixa Temperatura GRAU DE VISCOSIDADE SAE
ASTM D 5293 cP max. Temp ºC
ASTM D 4684 cP max. Temp ºC
0W 5W 10W 15W 20W 25W 20 30 40
6.200 a - 35 6.600 a - 30 7.000 a - 25 7.000 a - 20 9.500 a - 15 13.000 a - 10
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40
--
--
50 60
--
---
60.000 a 60.000 a 60.000 a 60.000 a 60.000 a 60.000 a
- 40 - 35 - 30 - 25 - 20 - 15
Os óleos multiviscosos, também chamados de multigrau, são aqueles que atendem aos requisitos de mais de um grau de viscosidade da classificação SAE. São óleos que têm uma boa fluidez a baixas temperaturas, mas também dão a proteção necessária, com a viscosidade adequada na temperatura de operação do motor. Essa propriedade é conseguida com óleos de alto Índice de Viscosidade, que apresentam uma relativamente pequena variação da viscosidade com as mudanças de temperatura. Esses óleos recebem uma classificação dada pela SAE com dois números. Como podemos ver na tabela, um óleo para ter a classificação única, por exemplo SAE 40, precisa possuir uma viscosidade cinemática, medida a 100º C, entre os valores 12,5 e 16,3 cSt.
Min.
Máx.
3,8 3,8 4,1 5,6 5,6 9,3 5,6 9,3 12,5
-------
ASTN D 4683 ( cP a 150˚C min.)
-------
< 9,3 < 12,5 < 16,3
Assim também, um óleo que seja classificado como unicamente SAE 15W precisa possuir uma viscosidade a -20º C de, no máximo, 7000 cP. Para ser classificado como um óleo multiviscoso, como no exemplo SAE 15W-40, o lubrificante tem que, necessariamente, atender às duas especificações mencionadas acima, de forma simultânea, sendo, portanto, imprescindível que se verifique a viscosidade a 100º C
Viscosidade
Os óleos multiviscosos
ASTM D 445 (cSt a 100˚C )
2,6 2,9 2,9 (0W - 40, 5W- 40 e 10W - 40 ) 12,5 < 16,3 3,7 (15W -40, 20W - 40, 25W - 40, 40 ) 16,3 < 21,9 3,7 21,9 < 26,1 3,7 cSt = centistoke
cP = centipoise
Essas modificações foram introduzidas na última revisão da classificação J-300, efetuada em 1999, cujos valores são apresentados na tabela acima.
Viscosidades a alta Temperatura
Temperatura ºC
a partida do motor frio. Com o advento de especificações com limites para economia de combustível e a necessidade de se minimizar o desgaste das partes altas do motor, verificou-se que os óleos de viscosidade mais baixa apresentavam melhor rendimento, desde que mantivessem uma viscosidade adequada na temperatura de operação do motor. Ao atingirem as partes altas do motor mais rapidamente, evitam o contato prolongado de metal com metal nos primeiros segundos da partida, quando o maior desgaste acontece. Por isso, atualmente é quase que unanimidade a escolha de óleos mais finos, como, por exemplo, 5W-30, para o primeiro enchimento dos automóveis, ou seja, os carros já saem de fábrica com óleos desse grau de viscosidade. As dificuldades nas formulações de óleos multiviscosos de baixo grau de viscosidade estão principalmente relacionadas à qualidade dos básicos utilizados, pois os básicos do grupo I não conseguem atender simultaneamente às duas especificações de viscosidade de baixa e alta temperatura. Assim, os óleos de viscosidade SAE 5W-30 usam necessariamente básicos de grupo III ou Polialfaolefinas (PAOs).
150 ºC
SAE 15W/40 SAE 40 SAE 15W
(ASTM D-445) e a -20º C (ASTM D5293) na mesma batelada. Durante algum tempo, acreditou-se que esses óleos seriam apenas úteis em países onde a temperatura ambiente atinge níveis bastante baixos, dificultando de forma sensível
Pedro Nelson Abicalil Belmiro é engenheiro químico, consultor técnico em lubrificantes e coordenador da Comissão de Lubrificantes e Lubrificação do IBP.
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Óleos vegetais
da cozinha para as máquinas Por: Leticia Maria Seabra Monteiro Lazaro
s óleos vegetais são considerados alternativas sustentáveis para os óleos de base mineral na formulação de lubrificantes. Eles apresentam algumas vantagens, como o fato de serem biodegradáveis, mas seu desempenho não é tão satisfatório em alguns itens importantes. Outro fato relevante é que o uso de alguns óleos vegetais como lubrificantes comprometeria o fornecimento de alimentos. Esse fato não é verdadeiro para alguns óleos que possuem componentes alergênicos que impedem seu consumo como alimento, como, por exemplo, o óleo de mamona. Independente do balanço entre todos esses aspectos, os lubrificantes de base vegetal já são uma realidade em algumas aplicações.
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Composição dos óleos vegetais São originários das sementes das plantas. Sua produção é feita através de prensagem e posterior extração com solvente, usualmente hexano. Eles são compostos por ésteres de glicerina e ácidos graxos. Esclarecendo melhor, ácidos graxos são ácidos com longa cadeia de Carbono e a Glicerina é um triálcool, conforme mostrado a seguir.
Os ácidos graxos encontrados nos óleos vegetais mais comuns são apresentados na tabela 1, junto com informações sobre a molécula, como número de átomos de Carbono e quantidade de duplas ligações. Esses ácidos graxos estão distribuídos na composição dos óleos vegetais aproximadamente, conforme descrito na tabela 2. Ácido Graxo
Glicerina
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Palmítico Esteárico Oleico Linoleico Linolênico Ricinoleico
Número de Carbonos 16 18 18 18 18 18
Quantidade de duplas ligações 1 0 1 2 3 1
Outras características 1 hidroxila
Óleo Vegetal Ácido Graxo Soja Girassol Mamona Palma Canola Tabela 2
Oleico Olêico
Linoleico Linolêico
Linolênico
23 14 a 40 6a2 39 17 a 63
51 48 a 74 5a1 10 20
7 1 a 0,5 0,3 8
comum haver formação de emulsões estáveis quando há contaminação 4 com água em formulações de lubrifi1a7 85 a 95 1 a 0,5 cantes contendo óleos vegetais. 5 Esses produtos naturais pos1,7 suem valores de viscosidade que podem limitar suas aplicações. Por exemplo, os óleos vegetais citados neste artigo possuem viscosidades cinemática a 40° C em torno de 32 a 38 cSt. O produto mais viscoso é o óleo de mamona com 297 cSt a 40° C. Com esses óleos não é possível, por exemplo, formular um lubrificante ISO VG 460. Essas limitações dos óleos vegetais e a crescente demanda por produtos biodegradáveis fazem com que se desenvolvam outros ésteres sintéticos biodegradáveis a partir de outros ácidos, como o adípico, e outros álcoois, como octanol e pentaeritritol. Entretanto, em alguns casos, essa solução pode não gerar um produto com tão alta biodegradabilidade, e os produtos são cerca de 3 vezes mais caros que os derivados de óleos vegetais. Uma outra alternativa é utilizar os óleos vegetais em formulações junto com outros tipos de óleos básicos que sejam capazes de compensar as desvantagens do óleo de fonte renovável. Os resultados mostram, por exemplo, que a mistura de óleos vegetais com Polialfaolefinas pode resultar em formulações com muito bom desempenho. O uso de aditivos também deve ser considerado, já que existem componentes desenvolvidos especialmente para atuação em bases vegetais, como antioxidantes e depressores de ponto de fluidez. Algumas aplicações são extremamente favoráveis ao uso de componentes de origem vegetal, como lubrificação de correntes de motosserra, sistemas hidráulicos, aplicações para indústria de alimentos, tratores e outros equipamentos agrícolas, amortecedores, equipamentos navais e motores de popa. Apesar dos esforços para melhoria das características dos óleos vegetais para uso como lubrificantes, esses produtos tendem a ser componentes de algumas aplicações e não tendem a substituir totalmente os óleos de base mineral, devido à indisponibilidade de produção. Está claro que o principal objetivo da produção de óleos vegetais ainda é a alimentação.
Ricinolêico Esteárico Pálmítico Ricinoleico 10 4a9 1 a 0,5 44 5
A composição do óleo de canola em relação ao percentual de ácido oleico pode variar bastante, dependendo da espécie de canola em questão. Existem variações da espécie que são mais ricas em ácido oleico visando o consumo como alimento. Além dos ácidos graxos, os óleos vegetais possuem outros componentes, como óleos essenciais e vitaminas.
Características dos óleos vegetais como lubrificantes Para a aplicação em lubrificantes, os óleos devem possuir algumas características básicas, já que fazem parte de, no mínimo, 80% da formulação final. São elas: boa estabilidade térmica e oxidativa, boas propriedades a baixa temperatura, boa estabilidade hidrolítica, compatibilidade com elastômeros, entre outras. A polaridade inerente às moléculas de éster permite que os óleos vegetais possuam naturalmente elevada atração por superfícies metálicas, contribuindo para um melhor desempenho de proteção contra desgaste. Essa característica contribui também para uma maior solubilidade de aditivos. Os óleos vegetais normalmente apresentam limitações nas características de estabilidade oxidativa e propriedades a baixa temperatura. A presença de duplas ligações nas cadeias de Carbono contribui para que a resistência à oxidação, que está ligada à durabilidade do lubrificante, seja prejudicada. Ao mesmo tempo, essas duplas ligações permitem que o ponto de fluidez desses óleos seja mais baixo. Quando se hidrogena o óleo vegetal para eliminar as duplas ligações, melhora-se a resistência à oxidação, mas piora-se o ponto de fluidez. Uma alternativa que já está sendo estudada é a de introduzir quimicamente ramificações nas moléculas de ácido graxo de forma a melhorar a estabilidade à oxidação, contribuindo, também, para a melhoria das propriedades a baixas temperaturas. Uma outra limitação dos óleos vegetais é a estabilidade hidrolítica. Nas condições normais, os ácidos graxos estão ligados quimicamente à molécula de Glicerina. No entanto, na presença de água, ocorre a reação de hidrólise e os ácidos graxos são liberados, tornando o meio ácido e podendo provocar problemas de corrosão. Além disso, é
Letícia M S M Lazaro é engenheira do CENPES - Centro de Pesquisas da Petrobras
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Graxas
Saindo do empirismo Por: Manoel Honorato
uando falamos de saída do empirismo, estamos nos referindo a uma mudança na forma de fazer um mesmo produto, dando ao processo uma conotação industrial ao invés de artesanal, primando pela reprodutibilidade. Essa mudança ocorre pela necessidade de as empresas terem, como objetivo, repetibilidade de processo, uniformidade na qualidade do produto acabado e baixíssimo volume de retrabalho. Entretanto, devido a algumas características de certas matérias-primas, existe certa dificuldade em uma padronização de processo, sendo assim necessárias algumas modificações de procedimento ou de equipamentos. Essa é apenas uma das alternativas para que se tenha uma produção com boa repetibilidade, pois basta considerarmos uma das matérias-primas básicas na formação das graxas tipo sabão para percebermos que é imprescindível operar mudanças para se chegar a uma padronização.
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Alguns tipos de gorduras se comportam melhor quando expostas a condições controladas de temperatura e pressão. Isso é facilitado quando a reação química de saponificação ocorre em um sistema fechado especifico chamado de saponificador. Essa alternativa de produção é valida para graxas de Cálcio, Sódio, Lítio e graxas complexas, obtendo-se assim melhor consistência e uniformidade, devido a uma maior troca térmica e excelente tempo de reação, o que acarreta uma economia de custos operacionais, quando comparada com as graxas feitas em sistemas convencionais. A reação de saponificação é exotérmica, e, ao se elevar a temperatura para a catálise da reação, ocorre a formação de espuma como subproduto do processo. Assim sendo, a vantagem de se fazer o sabão num saponificador é a diminuição dessa espuma. Outro ponto importante nesse processo é realizar a reação química a uma pressão entre 4 a 7 bar, aproximadamente, pois, além de ser uma faixa típica para uma excelente reação de saponificação, também impede a formação de espuma. Também é recomendado, se possível, um aquecimento em torno de 200 a 210º C, o que fará com que a reação ocorra em, no máximo, 1 hora. Essa maior dispersão de sabão resulta em uma graxa com mais alto rendimento por quilo de sabão, o que pode levar a uma redução entre 10 a 20% do sabão utilizado, quando comparada às graxas feitas por sistemas outros que não utilizem saponificadores. Quando se trata de uma saída do empirismo para processo de graxas, não se quer dizer que não seja possível produzir boas graxas por sistemas convencionais, mas, sim, que existem outras formas de processo e que, caso as empresas tenham como objetivo a melhoria con-
tínua de processo e de produtos, podem lançar mão do que se tem à disposição, fazendo com que o investimento em melhoria de processo traga ganhos significativos. Nas graxas tipo sabão, ocorreram algumas melhorias com relação a processo, por conceito passado pela própria ASTM, conforme norma D 288-61, que conceitua graxa lubrificante como um produto de sólido a semifluido, proveniente da dispersão de um agente engrossador em um líquido lubrificante. Nesse caso, deve-se também atentar para os óleos apropriados para a produção de graxa, em função das aplicabilidades de cada graxa, devendo-se fazer uso de variados tipos de óleos, passando por básicos minerais e sintéticos, e de diferentes viscosidades. Assim, confirma-se que não só o sabão tem importância no processo de fabricação das graxas, mas também é imprescindível levar em consideração as características de uso dessas graxas. Para cada aplicação temos que ter um tipo de sabão específico, um óleo que atenda às características típicas da aplicação. Em alguns casos, podem–se adicionar compostos químicos para se complementar um desempenho, tal qual ocorre no segmento de óleos automotivos e industriais, em que se complementam algumas características dos óleos básicos com aditivos específicos. Tudo isso já está padronizado, seja por normas ASTM ou NBR, ou, em caso de consistência, pelo grau NLGI, e essas especificações já estão devidamente controladas pelos fabricantes através de seus laboratórios e de análises interlaboratoriais, quando é o caso. Entretanto, o mercado de graxas ainda carece de certa padronização, e isso só ocorrerá quando houver um trabalho conjunto dos fabricantes de graxas com as empresas fornecedoras de matérias-primas. Dessa forma, teríamos um “raio x” do segmento e poderíamos então tratar de normatização e padronização. É sabido que é a ANP que regulamenta esse segmento, porém ainda não há uma legislação específica para o mercado de graxas. Econtramos também atualmente capítulos nas resoluções de óleos que citam as graxas, mas não com a especificidade de que o segmento necessita. Assim, quando não se têm os números reais de quantos são os produtores, de que forma produzem e quais produtos estão produzindo, fica difícil fazer uma análise de como está esse mercado. O segmento de óleos lubrificantes foi objeto de um trabalho conjunto entre ANP e os agentes do setor produtivo, representado em alguns casos pelos seus sindicatos, tendo na sequência uma intensa fiscalização.
Prosseguindo o processo, vieram as revisões das resoluções, que, entre outras, geraram a Resolução 18, ainda causa de algumas controvérsias. O que se espera é que o segmento de graxas passe por processos semelhantes. Foi dado um primeiro passo, a formação de um grupo de trabalho composto por pessoal técnico, que se reuniu para tratar de assuntos relativos a matérias-primas das graxas. Com isso, tivemos um início que pode vir a balizar o setor de produção de graxas, e espera-se que o processo prossiga já no início de 2010, porém com uma pauta um pouco mais completa, em que se pretende discutir análises das matérias-primas, alguns testes de laboratório, padronização de produto, considerando critérios outros que não apenas os de consistência, padrão de ponto de gota para graxas de Cálcio, que é a graxa mais convencional em termos de comercialização, entre outros assuntos. Espera-se avançar nesses trabalhos e, ao se compilar o material discutido nas reuniões, passar uma idéia consolidada pela ótica dos fabricantes de graxas, porém incluindo a instituição que normatiza este segmento, que é a ANP. Assim, poderemos ter no mercado uma regulamentação que possa se referir ao uso de óleos e a outras matérias-primas para a fabricação de graxas, bem como dados de desempenho de produtos, sempre levando em consideração a opinião fundamentada dos participantes do setor. Essa saída do empirismo, que está acontecendo com os produtores de graxas, tem como objetivo padronizar o produto final e facilitar para que possam ser criadas resoluções técnicas publicadas pela ANP, específicas para o setor de graxas, e que transpareçam realmente os anseios do mercado. É importante também que tenha como intenção uma regulamentação que não inviabilize a atividade dos fabricantes, dando liberdade para os produtores e referências técnicas para quem já atua nesse segmento, ou para quem deseja ingressar. Sabemos que esse desafio está apenas começando, mas temos a certeza de que, com esse trabalho contínuo envolvendo todos os agentes do setor produtivo e responsáveis pela regulamentação, teremos uma melhora constante na qualidade do mercado.
Manoel Honorato da Silva Filho é formado em Química e em Administração de Empresas, Membro da Comissão de Lubrificantes do IBP e Sócio da Consultoria Honorato Serviços Combinados Ltda.
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Simpósio de
Lubrificantes Por: Tatiana Fontenelle
II Simpósio de Lubrificantes e Aditivos promovido pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis em conjunto com a Associação de Engenharia Automotiva – AEA levou mais de 250 participantes ao Centro de Convenções Milenium, em São Paulo. O evento reuniu os principais agentes econômicos do mercado brasileiro de lubrificantes, além de consumidores e interessados em se atualizarem com esse segmento. Logo na abertura do evento, o Sr. Ernani Filgueiras, gerente de abastecimento e petroquímica do IBP, e o Sr. Edison Parro, presidente da AEA, enfatizaram o sucesso que a aliança entre as duas
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Da esquerda para a direita: Ernani Filgueiras, Edson Parro, Simone Hashizune, Pedro Belmiro e Cladio Ishihara
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entidades organizadoras do evento tem tido ao focar o mercado de lubrificantes e trazer aos participantes o que há de mais atual e importante para o melhor desenvolvimento do mercado. O Sr. Pedro Nelson Belmiro e a Sra. Simone Hashizume, coordenadores técnicos do Simpósio, lembraram que o mercado brasileiro de lubrificantes teve um avanço nos últimos anos, em termos de qualidade, e também tem acompanhado o crescimento do país, mais especificamente da indústria brasileira, por isso a importância de se ter um foro exclusivo para debater e divulgar os principais temas desse mercado. A palestra de abertura ficou por conta do consultor independente e ex-funcionário da Petrobras Eraldo Porto, que discorreu sobre a Evolução do Preço Internacional do Petróleo e comentou sobre a importância da margem de refino. “Afinal de contas, é o refino que gera os combustíveis, que são os produtos da indústria de petróleo vendidos aos consumidores finais e sua principal fonte de receita”, declarou Porto. A visão da Petrobras sobre o mercado nacional de óleos lubrificantes básicos foi tema da palestra do gerente de Comércio Interno de Lubrificantes e Parafinas da empresa, Bernardo Noronha Lemos, que espera para 2010 uma participação total de produtos importados da ordem de 25 a 30%, com preços do Grupo II ficando em patamares competitivos com os do Grupo I.
A participação internacional no evento foi ressaltada pelas palestras dos Srs. Ammar Tahir e Mohamed Radzif, do grupo Petronas, da Malásia, sobre os critérios de fabricação de básicos do Grupo III; pela presença da Sra. Sandra Mazzo, da ExxonMobil Chemical, que apresentou os benefícios da utilização de lubrificantes sintéticos, como a economia de energia industrial, a economia de combustíveis e o aumento do período de troca dos óleos automotivos; e, finalmente, pelo Sr. Douglas McGregor, da Afton Chemical americana, que, representando a Associação Brasileira dos Fabricantes de Aditivos – ABRAFA, fez uma palestra, em Português, sobre os principais fatores que influenciam a economia de combustível nos veículos automotores. Após as palestras, seguiu-se uma sessão de perguntas e respostas com o público, sob a coordenação de Sra. Simone Hashizume. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP foi representada por sua superintendente de Biocombustíveis e de Qualidade de Produtos, a Sra. Rosângela Moreira de Araújo, que falou sobre os 10 anos da ANP e sua atuação no mer-
cado de lubrificantes, bem como sobre as perspectivas da Agência para o futuro, ressaltando a importância do Programa de Monitoramento da Qualidade dos Lubrificantes, as novas facilidades para registro de produtos, através do novo site da ANP, e também apresentando alguns números de mercado. A presença das montadoras foi marcante nas palestras dos Srs. Charles Conconi, da Mercedes Benz, Djalma Mello, da General Motors e Paulo Evando Barbosa, da FTP Powertrain Technologies. Todos apresentaram as mais modernas especificações de lubrificantes para os veículos de suas empresas e ressaltaram a importância de o mercado oferecer cada vez mais óleos de melhor qualidade aos consumidores. A inovação desse Simpósio foi a realização de uma mesa redonda para debater os problemas relativos ao mercado de lubrificantes, com a participação dos principais produtores, junto com a ANP e o Ministério de Minas e Energia – MME. O mediador do debate foi o coordenador da comissão de lubrificantes do IBP e consultor técnico, Pedro Nelson Belmiro, que, após uma rápida apresenta-
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Mesa redonda sobre o mercado de lubrificantes
ção dos números do mercado brasileiro, passou a mediar a troca de opiniões entre os participantes, Sra. Conceição França (ANP), Sr. Claudio Ishihara (MME), Sr. Eduardo Freitas (SINDICOM) e o Sr. José Roberto Godoy (SIMEPETRO). O toque de descontração dado pela disposição das poltronas e pela naturalidade com que foi conduzido o debate levou a interessantes colocações de ideias e informações, mesmo sem haver um total consenso em pontos sensíveis, como a elevação dos níveis mínimos de desempenho dos óleos automotivos, aceita pelo Sindicom, mas ainda rejeitada pelo Simepetro. A consolidação pela ANP dos números de produção, vendas e importação de lubrificantes foi considerado ponto de extrema importância para uma melhor compreensão e desenvolvimento de uma visão completa do mercado. A idade da frota brasileira de veículos, avaliada com base em números utilizados pelo Sindipeças, foi outro ponto que mereceu destaque e foi mencionado com sendo de grande importância para tomadas de decisões. O Simpósio foi encerrado com um coquetel de confraternização e, segundo as opiniões de participantes e organizadores, atingiu, mais uma vez, o sucesso esperado para o evento, a exemplo do ano passado.
Tatiana Fontenelle é jornalista pós-graduada em telejornalismo Os ganhadores do sorteio das assinaturas da revista Lubes em Foco
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O mercado em foco LUBES EM FOCO apresenta os números aproximados do mercado brasileiro de lubrificantes referentes ao primeiro semestre de 2009, frutos de pesquisa junto aos principais agentes e órgãos legisladores. As dificuldades para uma precisão numérica continuam a existir, uma vez que ainda não há uma consolidação dos números dos pequenos distribuidores.
Uma visão geral do mercado - 1º semestre 2009 O mercado aparente 650.000 m3
Total Óleos Lubrificantes:
375.000 m3 215.000 m3 26.000 t 15.000 m3
Automotivos: Industriais: Graxas: Óleos Básicos
33.000 m3 14.000 m3
Importação Produto Acabado: Exportação Produto Acabado:
547.500 m3
Total Óleos Básicos:
320.000 m3 137.500 m3 90.000 m3
Produção nacional: Importação: Rerrefino:
Fonte: ANP, Aliceweb, Sindicom, Petrobras, Banco de Dados Lubes em Foco
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Mercado SINDICOM • Comparativo 09/08 por região (Período Jan a Nov) Total de lubrificantes por região
Mil m3
Análise comparativa por produtos
Mil m3
560
600 540
2008 2009
558.640
2008 2009
490
542.300
480
485.772 457.522
420
420
350
360
359.135
300
280
317.856
240
210 192.028
60
172.944 121.506
40.777
GRAXAS
120
140
INDUSTRIAIS
AUTOMOTIVOS
180
36.363
64.871
SUL
SUDESTE
280
NORTE
NORDESTE
200 2008 2009
265.792
2008 2009
193.596
175
240
CENTRO OESTE
Lubrificantes industriais por região
Mil m3
Lubrificantes automotivos por região
271.447
88.108
59.042
0
0 Mil m3
118.902 94.374
70
174.206
150
200
125 160 100 120 109.526
75
104.897
80
79.388
79.511
50 58.368
40
39.912
74.150 60.291
54.612
37.711 34.770
25
37.488
23.039
28.694
0
0 SUL
SUDESTE
NORTE
NORDESTE
CENTRO OESTE
SUL
SUDESTE
NORTE
1. O SINDICOM é composto pelas seguintes empresas: BR, Chevron, Ipiranga, Shell, Esso, Petronas, RepsolYPF, Castrol.
28
30.639
19.894 NORDESTE
CENTRO OESTE
Evolução do Mercado de Lubrificantes no 1º semestre de 2009 (m3) Uma avaliação dos números do mercado estimados para o primeiro semestre de 2009 mostra uma queda significativa em relação ao mesmo período do ano passado, porém com uma tendência de recuperação, quando considerados os dois primeiros trimestres do ano.
Mercado de Lubrificantes Brasil • 1° Semestre 2009
130000
12,7%
120000
20,9%
11,3%
110000 8,9%
100000 25%
8,7%
90000 80000
BR Chevron (Texaco) Ipiranga Cosan (Esso) Shell Petronas (Fl Brasil) Castrol Repsol YPF Outros
3,4% 6,2% 2,8%
jan
fev
mar
abr
mai
jun
NOTA: Os dados de mercado, correspondentes ao ano de 2008, que foram retirados desta seção podem ainda ser encontrados no site da revista, no endereço www.lubes.com.br, no item do menu SERVIÇOS / MERCADO.
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NACIONAIS ANP determina menos enxofre nos combustíveis A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP publicou novos regulamentos voltados para a redução das emissões de poluentes. Em 10/12/2009 foi publicada a Resolução ANP nº 38, que estabelece as especificações da gasolina comercial com limite máximo de 50 partículas por milhão (ppm) de enxofre para atendimento à fase L-6 do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores – Proconve. É uma redução significativa dos atuais 1.000 ppm para 50 ppm, e essa gasolina estará disponível para comercialização em 1º de janeiro de 2014. A Agência determina também que, a partir dessa data, toda a gasolina automotiva vendida no país será aditivada, trazendo benefícios para o consumidor. A Agência publicou em 14/10/2009 a Resolução nº 31, que estabelece a especificação do óleo diesel comercial para atendimento à fase P-7 do Proconve, que estará disponível para comercialização no país a partir de 2013. Fonte: ANP/SCI Pneus com nanotecnologia diminuem consumo de combustível Com a nanotecnologia, os engenheiros descobriram que materiais manipulados em nanoescala podem ajudar a criar uma nova geração de pneus “verdes” que propiciarão economia de combustível sem sacrificar a segurança e a durabilidade. Os novos materiais, que estão sendo testados para uso na fabricação de uma nova geração de
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pneus, incluem um nanogel - um gel contendo nanopartículas - que aumenta a resistência à abrasão, a aderência e a durabilidade dos pneus. As nanopartículas, com cerca de 50 nanômetros de diâmetro, permitem uma conexão mais precisa entre os diversos elementos que entram na composição dos pneus, sobretudo a sílica e os silanos. O atrito dos pneus contra o asfalto pode ser responsável por até 20% do consumo de combustível do carro, por isso, pesquisadores estão desenvolvendo uma nova resina capaz de manter o ar no interior dos pneus por mais tempo. Fonte: Site Inovação Tecnológica Biodiesel com óleo de mamona já é realidade A Petrobras Biocombustível concluiu, no dia 15 de novembro, o processo tecnológico que per mite à empresa produzir biodiesel com óleo de mamona, dentro das especificações técnicas da ANP. O trabalho foi desenvolvido pelo Centro de Pesquisa da Petrobras – CENPES na Usina de Guamaré, no Rio Grande do Nor te, e o biodiesel foi obtido com uma mistura de 30% de óleo de mamona e 70% de óleo de girassol, ambos produzidos pela agricultura familiar nos programas de suprimento de oleaginosas da empresa. A usina de Candeias, na Bahia, também já produz biodiesel a par tir da mamona. A Petrobras Biocombustível já processou um total de 2.112 toneladas de mamona, desde outubro de 2009.
Programação de Eventos Internacionais Data
Evento
2010 Janeiro 19 a 21
17th International Colloquium Tribology - Stuttgart - Alemanha - www.tae.de/tribology
Fevereiro 18 a 19
14th ICIS World Base Oils conference - Royal Lancaster Hotel - Londres - www.icisconference.com/worldbaseoils
Março 23 a 25
Oil Analysis Week - Reliability Performance Institute - Fort Myers - Florida - USA - www.maintenanceconference.com
Abril 24 a 27
ELGI Annual General Meeting - Kiev - Ucrania - www.elgi.org
Maio 5 a 7
International Powertrains, Fuels & Lubricants Meeting - Rio de Janeiro - Brasil -www.saebrasil.org.br/
Maio 16 a 20
64th STLE Annual Meeting - Las Vegas - USA - www.tribology-abc.com/conferences/default.htm
Junho 12 a 15
77th. NLGI Annual Meeting - Bonita Springs - Florida - USA - www.nlgi.org/annual_meeting.htm
Junho 27 a Julho 01
ASTM International Meeting - Petroleum Products and Lubricants - Kansas City - MO, USA
Setembro 13 a 16
Rio Oil & Gas Expo and Conference - Rio de Janeiro - www.ibp.org.br
Novembro 11 a 12
International Lubricants & Waxes Meeting - Houston - TX - USA - www.npra.org/meetings
Nacionais Data
Evento
2010 Março 25
7º Forum de debates sobre uso e qualidade de combustíveis - São Paulo - www.ibp.org.br
Abril 26 a 30
Agrishow 2010 - Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação - Ribeirão Preto - SP - www.agrishow.com.br
Maio 4 a 5
3º Seminário de Laboratório - Rio de Janeiro - www.ibp.org.br
Junho 9 a 12
5ª Feira Sul-Brasileira da Indústria Automotiva - Pinhais - Curitiba - PR - www.feiraautopar.com.br/site/
Setembro 13 a 17
25º Congresso Brasileiro de Manutenção - Bento Gonçalves - RS - www.abraman.org.br
Cursos Data
Evento
2010 Março 08 a 12
Informação sobre bombas - Rio de Janeiro - www.ibp.org.br
Março 23 a 26
Manutenção em compressores alternativos - São Paulo - www.ibp.org.br
Abril 7 a 9
Corrosão - Rio de Janeiro - www.ibp.org.br
Julho 28 a 30
Lubrificantes e Lubrificação - Recife - PE - www.ibp.org.br
Se você tem algum evento relevante na área de lubrificantes para registrar neste espaço, favor enviar detalhes para comercial@lubes.com.br, e, dentro do possível, ele será veiculado na próxima edição.
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