EM FOCO
Ago/Set 10 Ano IV • nº 20 Publicação Bimestral R$ 12,00
A revista do negócio de lubrificantes
Óleos vegetais
Um estudo para sua utilização como base lubrificante e suas características principais.
API SN e ILSAC GF-5
Novas classificações para óleos lubrificantes automotivos chegam ao mercado.
O Programa Nacional de Qualificação e Certificação de Pessoal na Área de Manutenção - PNQC, desenvolvido pela ABRAMAN em parceria com instituições de ensino, foi criado para induzir a melhoria da qualidade e produtividade dos serviços de Manutenção no país, através da certificação de profissionais do setor. O profissional certificado pela Abraman/ PNQC garante o reconhecimento formal de sua capacidade, diferenciando-se, e valorizando-se no mercado de trabalho. A empresa que certifica seu quadro de colaboradores pelo programa da Abraman/ PNQC assegura melhoria na confiabilidade, segurança e eficiência de seus processos.
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Editorial Recentemente, tivemos mais um Simpósio de Lubrificantes no Brasil, no qual foi demonstrado o alto nível técnico em que o mercado se encontra, com palestras internacionais e apresentação de desenvolvimento de novas tecnologias. Também vivenciamos um momento em que regras rígidas e bem definidas colocadas pelos órgãos legisladores propõem uma maior moralização do setor de lubrificantes. A indústria automotiva investe em tecnologias que exigem cada vez mais óleos superiores, fazendo com que se estimulem a produção interna e a importação de básicos de melhor qualidade. Tudo isso faz com que a qualidade dos óleos lubrificantes no mercado melhore cada vez mais, certo? Errado! A linearidade do pensamento mecanicista poderia chegar a essa conclusão facilmente; no entanto, a complexidade da realidade humana mostra que, enquanto não se colocar maior rigor na fiscalização e nas punições aplicadas, sempre haverá um número considerável de “não conformidades” encontradas nos programas de controle. Assim tem acontecido, quando analisamos os resultados do Programa de Monitoramento da Qualidade dos Lubrificantes – PMQL da ANP, em que vimos recentemente um retorno aos níveis de 24% de problemas relativos à qualidade de produto. Só a simples existência do PMQL já reduziu bastante as situações problemáticas, que envolvem não só a qualidade, mas também não conformidades nos registros de produtos e nos rótulos das embalagens. Podemos considerá-lo um programa respeitável, que muito agregou à evolução do nosso mercado, pela seriedade e competência com que a ANP o tem administrado; entretanto, a volúpia de empresários inescrupulosos por lucro a qualquer custo tenta constantemente burlar as leis, enganando consumidores de boa vontade, porém simplesmente voltados ao menor custo, com a colocação de produtos no mercado que, nem de perto, atendem aos requisitos técnicos necessários e, pior ainda, danificam os motores e máquinas que os usam. O melhor exemplo disso é o aparecimento de óleos automotivos contendo básicos naftênicos e até mesmo Extrato Aromático em suas composições. A defesa de uma fiscalização mais efetiva e punição mais rigorosa aos fraudadores é uma bandeira que empunhamos e que representa um movimento geral de todas as empresas sérias que se adequaram a todas as Resoluções e procuram sustentar a credibilidade de um mercado de vital importância para o desenvolvimento tecnológico do país. Os Editores
Publicado por: AGÊNCIA VIRTUAL LTDA. Rua da Glória 366 - sala 1101 CEP 20241-180 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Tel.: (5521) 2224-0625 e-mail: comercial@lubes.com.br Conselho Editorial Antonio Carlos Moésia de Carvalho Ernani Filgueiras de Carvalho Gustavo Eduardo Zamboni Pedro Nelson Abicalil Belmiro Diretor Comercial Antonio Carlos Moésia de Carvalho Jornalista Responsável Marcia Lauriodo Zamboni - reg. 17118-78-45
Diretor de Arte Gustavo Eduardo Zamboni Capa Antônio Luiz Cunha
Publicidade e Assinaturas Antonio Carlos Moésia de Carvalho (5521) 2224-0625 R 22 assinaturas@lubes.com.br
Redação Tatiana Fontenelle
Tiragem 4.000 exemplares
Layout e Editoração Antônio Luiz Cunha Tatiana Santos Vieira
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Revisão Angela Belmiro Impressão Gráfica Burti
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Sumário 6
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r b . m o c . s e b u l . w ww CPT sob nova direção Entrevista com Vinicius Leandro Skrobot, o novo coordenador do Centro de Pesquisas e Análises Tecnológicas da ANP.
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A Logística Reversa
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A Sala de lubrificantes
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SMS: uma integração estratégica
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III Simpósio de Lubrificantes
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API SN e ILSAC GF-5
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Óleos vegetais
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Mercado em foco
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Notícias Rápidas
O impacto da Lei de Resíduos Sólidos na indústria de lubrificantes.
Como um armazenamento inadequado pode comprometer a qualidade dos lubrificantes.
A gestão da saúde vista como uma ferramenta internacional de desenvolvimento.
Informações sobre o evento ocorrido em São Paulo no dia 21 de outubro de 2010.
Novas categorias de óleos lubrificantes automotivos têm foco em economia de combustível e emissões.
Um estudo sobre as principais características necessárias aos óleos vegetais para funcionarem como bases lubrificantes.
Informações sobre o mercado brasileiro de óleos e graxas.
Atualidades do mercado de lubrificantes.
Programação de Eventos
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CPT Sob Nova Coordenação Por: Tatiana Fontenelle
O CPT - Centro de Pesquisas e Análises Tecnológicas, criado no ano de 1977, é referência nacional no ramo de combustíveis e lubrificantes. Desde o início, o Centro de Pesquisas sempre estabeleceu um forte intercâmbio com a comunidade científica da área de petróleo. Em entrevista exclusiva à LUBES EM FOCO, o atual coordenador do CPT e especialista em Regulação de Petróleo e Derivados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP, Vinicius Leandro Skrobot, fala sobre os seus planos e expectativas para o próximo ano com o novo cargo assumido. O engenheiro, mestre em química pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, tem diversos trabalhos publicados em revistas internacionais, além de congressos na área de química analítica, biocombustíveis, metrologia química, entre outros.
Lubes em Foco - O que é o CPT, e quais as suas principais atribuições? Vinicius Skrobot - O Centro de Pesquisas e Análises Tecnológicas (CPT) é parte da estrutura organizacional da ANP, subordinado à Superintendência de Biocombustíveis e da Qualidade de Produtos (SBQ), sendo responsável por avaliar a conformidade de combustíveis comercializados no país, propor especificações técnicas e métodos de ensaios nas áreas de petróleo, seus derivados, gás natural e biocombustíveis e realizar ensaios em petróleos, objetivando atender à legislação da ANP relativa à fixação de seus preços mínimos. Cabe ao CPT, também, dar subsídios técnicos para a concessão de registro de lubrificantes, corantes para combustíveis e aditivos para combustíveis e lubrificantes e vistoriar laboratórios de ensaios em combustíveis. Além disso, o CPT realiza pesquisas técnico-científicas em assuntos relacionados à qualidade de combustíveis e lubrificantes. Os resultados dessas pesquisas já foram publicados em diversos congressos. Lubes em Foco - Como e quando surgiu o CPT? Vinicius Skrobot - O Centro de Pesquisas e Análises Tecnológicas - CPT foi inaugurado em fevereiro de 1977,
quando era integrado ao Conselho Nacional do PetróleoCNP. O laboratório nasceu com a finalidade de controlar a qualidade dos produtos derivados de petróleo sujeitos à fiscalização e também de propor especificações técnicas e métodos de análises. Antes do CNP ser transferido para Brasília, o CPT, laboratório do CNP, funcionava na Praia Vermelha, onde realizava o controle de qualidade dos combustíveis e dividia as mesmas instalações físicas com o laboratório da Petrobras, hoje CENPES. À época, as amostras de gasolina, óleo diesel e álcool combustível (AEHC) coletadas pela Fiscalização, em todos os estados, eram enviadas, por transporte rodoviário, ao CPT, que realizava anualmente cerca de 70 mil ensaios. Lubes em Foco - Quantos laboratórios e quantas pessoas compõem o Centro de Pesquisas? Vinicius Skrobot - O CPT conta com 6 laboratórios com as seguintes especialidades: Laboratório para ensaios de monitoramento e fiscalização; Laboratório de Biodiesel;
Laboratório de Lubrificantes; Laboratório de Avaliação de Petróleo; Laboratório de Cromatografia; Laboratório de Motores (características de detonação). Atualmente, contamos com 40 servidores e outros profissionais de apoio terceirizados. Quinze servidores são mestres ou doutores. Lubes em Foco - Quais os principais programas em que o CPT está envolvido? Vinicius Skrobot - O CPT organiza e executa os seguintes programas: Programa de Monitoramento da Qualidade de Combustíveis em Goiás, Tocantins e Distrito Federal; Programa de Monitoramento da Qualidade de Lubrificantes em todo o território nacional; Programa de Comparação Interlaboratorial em Combustíveis com abrangência nacional e frequência bianual; Programa de Comparação Interlaboratorial em Biodiesel com abrangência nacional e frequência bianual; Programa de Comparação Interlaboratorial em Marcadores de Solventes com abrangência nacional e frequência bianual. Lubes em Foco - O CPT mantém convênio com alguma instituição ou outros laboratórios? Vinicius Skrobot - O CPT formalizou convênio com o Inmetro para realização conjunta de programa interlaboratorial em biocombustíveis. A primeira edição está programada para o primeiro semestre de 2011. O CPT participa, em parceria com institutos de pesquisa, de duas parcerias em projetos de pesquisa financiados pela FINEP para estudo da estabilidade oxidativa de biodiesel e suas misturas com óleo diesel. Lubes em Foco - Qual o investimento anual programado para o CPT? E quanto já foi investido até hoje em modernização de laboratórios? Vinicius Skrobot - O CPT tem aumentando significativamente os investimentos em equipamentos para modernização do laboratório conforme série histórica abaixo: INVESTIMENTO EM EQUIPAMENTOS EM REAIS (ANO) R$ 168.190,00 (2008) R$ 1.783.708,00 (2009) R$ 1.125,656,00 (2010) A previsão de investimentos em equipamentos para
Vinicius Leandro Skrobot
o ano de 2011 é de R$ 1.702.000,00 (um milhão, setecentos e dois mil reais), e, para o período de 2011 até 2019, o valor planejado em despesas de capital é de R$ 4.682.500,00 (quatro milhões, seiscentos e oitenta e dois mil e quinhentos reais). Está em andamento o projeto de reforma do CPT, que inclui obras civis, móveis e instalações, no intuito de adequá-lo às normas de segurança e às mais modernas práticas e concepções adotadas em laboratórios químicos. O Projeto Básico de reforma será finalizado até 15/12/10, com o custo total de R$ 286.000,00. A partir desse Projeto Básico, efetuaremos a licitação da reforma propriamente dita, para obras civis e para móveis e instalações. Lubes em Foco - Com relação ao PMQL, qual a exata função do CPT? Vinicius Skrobot - O CPT é responsável pela implantação e coordenação do PMQL, pois estabelece os procedimentos para o funcionamento do Programa, bem como orienta as instituições contratadas para coleta. Além do mais, no momento, é o único laboratório a realizar as análises das amostras de óleos lubrificantes de motor automotivo a serem monitoradas, em função da confidencialidade das informações.
Lubes em Foco - Quais os principais projetos em andamento e para o futuro? Vinicius Skrobot - O CPT planeja sedimentar-se como instituição de referência em nível nacional na área de qualidade de derivados de petróleo e biocombustíveis. Para tanto, este Centro está incrementando as atividades de pesquisas e a interação com a academia, além de modernizar seu parque de equipamentos e ampliar o escopo de ensaios. Em outubro deste ano, por exemplo, a ANP assinou parceria com a Universidade de Pernambuco para realização de pesquisa na área de estabilidade do biodiesel utilizando recursos da FINEP. Desde janeiro deste ano, o CPT implementou um Sistema de Gestão da Qualidade de acordo com a norma NBR ISO/IEC 17025. Planeja-se obter a acre-
ditação junto ao Inmetro no início de 2011. Esse mecanismo é o reconhecimento formal de que um laboratório atende aos requisitos da norma. Outro importante projeto do CPT é a realização de avaliação de petróleo. Os ensaios nesse produto exigem complexos equipamentos e pessoal altamente treinado. Desde março de 2010, o CPT inaugurou um novo laboratório preparado para realização de ensaios de destilação em qualquer tipo de petróleo. Esse ensaio é fundamental para o cálculo do preço mínimo do petróleo que, por sua vez, subsidia o cálculo dos impostos devidos pelos produtores. Além disso, há o projeto de reforma já mencionado, que modernizará nossas instalações e permitirá ampliar o escopo de ensaios.
O CPT tem aumentado significativamente os investimentos em equipamentos para modernização do laboratório.
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A Logística Reversa O impacto da lei de resíduos sólidos na indústria de lubrificantes Por: Walter Françolin
R
ecentemente, foi sancionada a Lei 12.305, de
906,5 milhões de litros e a coleta do óleo pós-consumo era
02 de agosto de 2010, que torna obrigatória a
da ordem de 103,92 milhões de litros. Em uma década, o
estruturação de sistema de logística reversa
trabalho desenvolvido junto aos canais reversos de distri-
pelos fabricantes e importadores de alguns
buição de lubrificantes trouxe avanço extraordinário. Em
produtos, merecendo destaque os óleos lubrificantes.
2003, enquanto o consumo aumentou 3,42% atingindo
Em matéria de coleta e destinação ambientalmen-
937,9 milhões de litros, a logística reversa desenvolvida
te adequada dos óleos lubrificantes pós-consumo, é
pelo setor assegurou a coleta e o tratamento de 239,21
preciso ter em conta que a nova lei pouco acrescentou
milhões de litros, com um aumento de 130,18 %.
ao eficiente sistema vigente no país e que tem servido de modelo a inúmeros países da América Latina.
Ainda assim, era necessário corrigir algumas distorções no setor. Com o objetivo de avançar com o sistema
De fato, embora ignorados por muitos, os óleos lubri-
de coleta e reciclagem dos óleos lubrificantes, em 2005
ficantes pós-consumo tiveram sua coleta no Brasil iniciada
foi aprovada a Resolução Conama 362/2005, que deter-
no ano de 1963, quando o antigo Conselho Nacional do
mina a coleta de todo o óleo usado disponível no terri-
Petróleo – CNP, através da Resolução CNP 06/63, tornou
tório nacional e seu encaminhamento à reciclagem atra-
obrigatório o encaminhamento dos óleos lubrificantes usa-
vés do processo de Rerrefino. A nova diretriz trazida pela
dos ou contaminados à atividade de Rerrefino.
Resolução Conama 362 determinou a reformulação, pela
As especificações técnicas fixadas pelo CNP
Agência Nacional do Petróleo - ANP, de sua legislação li-
para os óleos básicos rerrefinados (Resolução 02/85 e
gada aos óleos lubrificantes, o que se fez pelo conjunto de
Regulamento Técnico 08/85) tornaram viável a sua utili-
Resoluções de nºs 16 a 20 de 2009, todas elas voltadas
zação na formulação de óleos lubrificantes acabados em
para o controle da importação/produção de óleos bási-
substituição parcial à importação de básicos de primeiro
cos, produção/importação de óleos lubrificantes acaba-
refino, contribuindo assim para a garantia do abasteci-
dos, coleta, armazenamento e destinação ambientalmen-
mento nacional dos derivados do petróleo.
te adequada dos óleos usados pós-consumo.
No final do ano de 1991, tiveram início as discussões
Desse modo, é fácil compreender que, em matéria
em torno de uma proposta de norma ambiental que dis-
de óleo lubrificante usado ou contaminado, existe atribui-
ciplinasse o assunto, resultando na Resolução Conama
ção concorrente da Agência Nacional do Petróleo, como
9/93, já que, até então, todo o arcabouço legal em matéria
órgão executor da política do petróleo, traçada pelo minis-
de óleo usado era oriundo do antigo Conselho Nacional do
tério de Minas e Energia – MME, e do ministério do Meio
Petróleo ou do Departamento Nacional de Combustíveis.
Ambiente - MMA, pois, embora sob o prisma ambiental se
Em 1993, quando foi publicada a Resolução Conama
constitua em resíduo, sob o ângulo do abastecimento do
nº 9 disciplinando a coleta e a destinação dos óleos usa-
petróleo e seus derivados se revela como importante fonte
dos, o consumo de lubrificantes no Brasil era da ordem de
de matéria-prima, cujo reaproveitamento cumpre três dos
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cesso de rerrefino sob responsabilidade dos produtores e importadores de lubrificante acabado. Portanto, não resta dúvida de que, no Brasil, a Logística Reversa envolvendo lubrificantes, além de suficientemente regulamentada, já se acha implementada e em funcionamento, o que vem garantindo o retorno dos óleos lubrificantes usados à única destinação ambientalmente correta, cuja meta de coleta, prevista na Portaria Interministerial (MMA e MME) nº 464/2007, vem sendo Centros de coleta de óleo usado
atendida ano após ano, comprovando que o setor pro-
principais objetivos da Lei de conservação de energia: a
dutivo de lubrificante acabado e o Rerrefino, em parceira
proteção do meio ambiente, a utilização de insumos dispo-
inédita, vêm cumprindo com o papel da indústria nacional
níveis e tecnologia aplicável e a garantia de abastecimento
atenta ao desenvolvimento sustentável.
do mercado nacional de derivados do petróleo.
Diante dessa realidade, impõe-se que o Decreto
Destacam-se ainda, a par da legislação federal
que vier regulamentar o artigo 33 da Lei 12.305, que ins-
apontada e que vem disciplinando a logística dos canais
tituiu a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, preserve
reversos de distribuição envolvendo os óleos lubrificantes
todos os avanços conquistados ao longo dos 50 anos de
usados, o Convênio ICMS 03/1.990 (que concede isenção
atividade de coleta, transporte, armazenamento e desti-
do ICMS nas operações com óleo lubrificante usado) e o
nação final ambientalmente adequada dos óleos lubri-
Convênio ICMS 38/2.000, que validou como nota fiscal o
ficantes usados, cujo êxito deriva da ação coordenada
“Certificado de Coleta” criado pela ANP (Portaria 127/99) e
do setor produtivo, do setor de distribuição e revenda
que foi adotado pela Resolução Conama 362 para acober-
de óleos lubrificantes acabados e do setor de Rerrefino
tar as operações de circulação envolvendo o óleo usado,
de óleo lubrificante usado ou contaminado, oriundo da
desde a fonte geradora até o seu destino final.
atividade do mundo moderno.
Ainda, no estado do Rio de Janeiro e no município de São Paulo, a destinação dos óleos lubrificantes usados deve atender à Lei Estadual Carioca nº 5.541, de 17 de setembro de 2009, e à Lei Paulistana nº 14.040, de 27 de julho de 2005, que traçam diretrizes quanto à coleta e o retorno obrigatório dos óleos lubrificantes usados ao pro-
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Walter Françolin é advogado e Diretor Executivo do Sindicato Nacional da Indústria do Rerrefino de Óleos Minerais – SINDIRREFINO.
A Sala de lubrificantes O ponto de Partida
Por: Antonio Traverso
M
uito tenho abordado, em controle da contaminação, técnicas de filtragem, flushing, impactos dos contaminantes do lubrificante nos equipamentos, capacitação dos recursos humanos, amostragem correta e outras demandas operacionais, visando à correta e eficaz lubrificação industrial.x A cada dia a tecnologia evolui e, em decorrência, apresenta-nos as realidades funcionais e operacionais de maneira mais rica e abrangente. O impacto da tecnologia e do conhecimento aplicado na engenharia de lubrificação não é diferente. Mais e mais a ciência se aprofunda nos fenômenos do atrito e nas propriedades e comportamento dos materiais. A nanotecnologia já permite aos pesquisadores “visualizar” o que se passa em nível molecular na interação do lubrificante com as superfícies em movimento relativo. Nanosensores são capazes de medir com precisão espessuras de algumas poucas micras. Os nanoaditivos já são uma realidade e são promissores no advento de uma nova geração de lubrificantes inteligentes:os filtros absolutos de última geração utilizam meios filtrantes manufaturados com terras raras (Lantanídeos), e praticamente não apresentam nenhum tipo de delta P durante o seu ciclo de vida. Há inúmeros outros assuntos instigantes que serão tema de artigos futuros. Entretanto há aspectos estruturais que devem ser atendidos para que as empresas possam se apropriar desses prodígios da tecnologia no amanhecer deste século, que clama por eficiência energética, confiabilidade, maximização dos recursos e economia ambiental. Para
12
Por: Antonio Traverso Júnior
que esses paradigmas possam ser apropriados na engenharia e na prática da lubrificação, a integridade do lubrificante antes do uso deve ser assegurada de forma profissional. Qual é o ponto de partida? Como fazê-lo? Somente através de um armazenamento e distribuição criteriosa dos lubrificantes dentro da instalação industrial. Isso só pode ser feito, se estiver disponível um armazém de lubrificantes estruturado e organizado, assim como uma ou diversas salas de lubrificação dotadas de todas as funcionalidades, ferramentas e acessórios, visando à utilização de toda essa tecnologia contida nos lubrificantes e à eliminação de qualquer tipo de desperdício. Não adianta comprar lubrificantes de alta qualidade, se não sabemos armazená-los até o momento do uso. Em um armazenamento inadequado, podemos perder toda a “qualidade” do lubrificante e comprometer substancialmente todo o resultado pretendido, que, em última análise, é a lubrificação confiável do equipamento. Dessa forma, há duas estruturas físicas na manutenção do lubrificante antes do uso que, em verdade, estão deixando de ser ”básicas” e se tornando, como será visto abaixo, estruturas sofisticadas e avançadas. São elas: o armazém de lubrificantes e a sala de lubrificação. O armazém de lubrificantes O armazém de lubrificantes deve ser o mais protegido possível em termos de exposição a toda sorte de contaminantes e de movimentação excessiva. Deve ser
Tambores de lubes em depósito.
o mais hermético possível e só deve ser acessado por pessoas autorizadas e treinadas nos procedimentos operacionais de movimentação de cargas e lubrificantes. Um conceito básico a ser incorporado é que o armazém de lubrificantes está muito distante de um simples depósito de lubrificantes. Grande parte do que os lubrificantes não precisam é um depósito. Depósito é um lugar bom para se armazenar sólidos e outras mercadorias, não lubrificantes. Seguem alguns aspectos e características necessários à instalação de um armazém de lubrificantes de classe mundial:
»
O controle atmosférico - A ventilação e exaustão devem ser controladas, não excedendo a 0,9 m³ por minuto/m² de área útil. O portão de acesso deve ser o mais preciso e hermético possível. O controle de temperatura pode ser incrementado com a utilização de telhas duplas com isolamento térmico, tipo sanduíche, e forro rebaixado. O beiral do telhado deve ter um comprimento suficiente para manter as chuvas longe das paredes.A estabilidade de temperatura e de umidade dentro do armazém pode prolongar substancialmente a vida dos produtos armazenados. A faixa de temperatura de 28 a 30 °C deve ser a referência. A contaminação do ar deve ser contro-
lada através de pré-filtros de elevada eficiência, visando ao controle de particulados > ou = a 10 micra; » A Iluminação - É fundamental que seja intensa o suficiente para a correta localização, identificação e movimentação de todos os produtos estocados sejam possíveis. A iluminação natural através de dutos refletivos e domos de acrílico tem ocupado um lugar importante no atendimento desse conceito. A economia de energia elétrica pode ser expressiva; » A movimentação ergométrica - Evitar impactos em embalagens de lubrificantes armazenados é uma prática altamente recomendada. A eliminação de movimentação e queda “pneumática” ou tombos diversos em embalagens é a melhor forma de evitar acidentes e autocontaminação do lubrificante dentro da embalagem. Quando a embalagem metálica sofre um impacto ou um esforço excessivo, imediatamente e internamente ela libera partículas no produto contido. Se esse produto for um óleo hidráulico, nesse exato momento, a causa raiz de problemas futuros pode estar sendo criada. Para evitar esses impactos, o armazém deve dispor de plataforma/empilhadeira ou dispositivo de movimentar tambores e, se for um armazém de grande tamanho, deve dispor de plataforma/empilhadeira para movimentar e suspender pallets de tambores ou contentores; » O piso - O piso do armazém deve ser antider-
rapante, impermeabilizado e, de preferência, conter uma sinalização horizontal que auxilie na organização e localização precisa dos lubrificantes pelos seus grupos funcionais, tipos, usos etc. A sinalização horizontal é interessante também para delimitar as áreas de movimentação de dispositivos de transporte/movimentação e de empilhadeiras. Uma borda de contenção também deve ser prevista para o caso de derramamento e vazamento acidental de produtos. Esta borda evita que os produtos va-
Como o armazém de lubrificantes não deve ser.
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Como o armazém de lubrificantes deve ser: fechado, seco e sem risco de intempéries.
zados ultrapassassem os limites do armazém. Ver no detalhe 1, na página 15, o corte dessa borda na soleira/ base da porta de correr do armazém. Como alternativa, uma grelha integrada a uma caixa separadora poderia igualmente ser utilizada. O kit contra vazamentos (spill kit) também deve ser disponibilizado, com capacidade de absorção, de, no mínimo, 10% do volume total de lubrificantes do armazém.
Não menos importante é a sinalização vertical identificadora dos produtos nas paredes e/ou prateleiras do armazém. Estas, de preferência, devem ser feitas indicando minimamente: o nome do produto, a viscosidade, a utilização, a embalagem. Na página 15 o layout de referência para o armazém de lubrificantes proposto. Cabe lembrar que as fichas técnicas dos produtos armazenados e as fichas de informações de segurança de produtos químicos-FISPQs hoje são obrigatórias nesses espaços. Depois de resolvida a questão do armazém dos lubrificantes, chega a hora da distribuição desse lubrificante para as áreas ou unidades industriais. Essas salas tornam-se, a cada dia, mais sofisticadas, elaboradas e controladas, pois são nes-
ses locais que se preparam os lubrificantes e a “instrumentação”, para aplicá-los aos equipamentos, assim como são nessas salas que são separadas todos os materiais e utensílios para a operacionalização da monitoração preventiva ou preditiva dos equipamentos através dos lubrificantes em uso. Estas salas devem ser aptas e apoiar o seguinte: » O condicionamento, preparação e fracionamento dos lubrificantes provenientes do armazém; » A guarda e a manutenção das ferramentas manuais de lubrificação, inspeção e controle (ex: bombas de graxa, bombas pneumáticas, manuais ou elétricas de óleo, termômetros a laser, canetas de vibração etc.; » A preparação, a guarda, a manutenção e o reparo dos utensílios, carros de filtragem ou de recupera-
Um rack de tambores de óleo em uso na sala de lubrificação com filtro de respiro.
14
ção de lubrificantes e ferramentas de lubrificação; » O planejamento e a roteirização da manutenção; » A preparação e guarda do ma-
terial para a coleta de amostras de lubrificantes; » O armazenamento e a manipulação de outros consumíveis de lubrificação como filtros, elementos filtran-
O layout da sala de lubrificantes.
tes, vedações, mantas absorventes, filtros de respiro, pinos graxeiros sobressalentes, lubrificadores automáticos monoponto etc. Em termos estruturais, a sala de lubrificantes deve conter todas as funcionalidades e características do armazém descritas acima, porém deve ser mais “hermética” e preferencialmente ter uma porta dupla ou antessala de acesso, visando minimizar a entrada de correntes ou lufadas de ar. O condicionamento e a filtragem do ar também são recomendados. A exaustão deve ser calculada tomando-se como base 1,2 a 1,8 m³por minuto/m² de área útil. No layout ao lado temos uma sala de lubrificantes com as características apresentadas. Pode-se perceber que o armazém dos lubrificantes e a sala de lubrificação evoluíram e continuarão a evoluir como exige a moderna lubrificação de equipamentos, devido à demanda por práticas, métodos e processos de lubrificação mais sofisticados e precisos. Nesses processos, o lubrificante é uma parte vital, que, para cumprir o seu papel, deve ser mantido até a hora de abastecer o equipamento de destino em uma condição igual, se não melhor, à do dia em que entrou no armazém do cliente consumidor. Esse é um grande desafio na higiene industrial, visando a uma lubrificação de ponta ou até mesmo, de “classe mundial”.
Antonio Traverso Júnior é engenheiro e coordenador de Lubrificantes da Gerência de Grandes Consumidores da Petrobras Distribuidora. Layout e os respectivos cortes A-A e B-B do armazém.
15
S.M.S.
S.M.S.
SAÚDE - MEIO AMBIENTE - SEGURANÇA
Uma Integração Estratégica
GESTAO DE SAÚDE NO TRABALHO: UMA NOVA FERRAMENTA INTERNACIONAL Por: Dr. Newton Richa
Na geração de bens e serviços, o
sobre a saúde no Brasil. Os registros
Workshop realizado em Genebra, nos
trabalho pode resultar na exposição a
contabilizaram 20.786 doenças relacio-
dias 22 e 23 de outubro de 2009, com
agentes de natureza física (ruído, calor
nadas ao trabalho, o afastamento das
a participação de 56 especialistas de
e radiações), química (gases, vapores,
atividades de 580.592 trabalhadores
22 países, dos escritórios regionais da
poeiras e substâncias corrosivas), bio-
por incapacidade temporária, 8.504
OMS, representantes de programas
lógica (vírus, bactérias, fungos e outros
casos de incapacidade permanente e
da OMS, um representante da OIT,
parasitas), ergonômica (esforço postu-
óbito de 2.804 cidadãos. Os números
dois representantes de ONGs interna-
ral e movimentos repetitivos) e psicos-
da Previdência Social mostram que o
cionais e representantes dos trabalha-
social (demanda mental excessiva, fal-
país tem um enorme prejuízo em con-
dores e empregadores.Fundamentado
ta de apoio social e ambiente de hosti-
sequência da falta de políticas públicas
em razões éticas, econômicas e legais,
lidade). Tais exposições podem causar
efetivas voltadas para a saúde e a se-
o documento define local de trabalho
danos à saúde e à integridade física
gurança do trabalhador. Considerando
saudável como aquele em que os tra-
dos trabalhadores. Se não houver efe-
exclusivamente o pagamento, pelo
balhadores e os gestores colaboram
tiva prevenção, os trabalhadores irão
INSS, dos benefícios relativos aos
para a utilização de um processo de
sofrer lesões resultantes de acidentes
acidentes e às doenças do trabalho,
melhoria contínua para proteger e pro-
e adoecer em virtude do trabalho.
somado ao pagamento das aposen-
mover a saúde, a segurança e o bem-
Segundo o The European Health
tadorias especiais decorrentes das
estar de todos os trabalhadores e para
Report 2009, a exposição perigosa no
condições ambientais do trabalho em
a sustentabilidade do ambiente de tra-
local de trabalho está entre os 10 fatores
2008, obtém-se um valor da ordem de
balho. Os processos de organização
de risco mais importantes que afetam a
R$ 11,60 bilhões/ano.
de locais de trabalho saudáveis devem
carga global de doenças na Europa. No
Para dar suporte às necessárias
Brasil, as condições de saúde e segu-
políticas públicas voltadas para a saú-
rança no trabalho ainda deixam muito a
de e a segurança do trabalhador, a
¡ O ambiente de trabalho físico;
desejar. De acordo com a Previdência
publicação Healthy workplaces: a mo-
¡ O ambiente de trabalho psicossocial;
Social, em 2007 foram registrados, no
del for action for employers, workers,
¡ Recursos de saúde pessoal;
país, 653.090 acidentes e doenças do
policy-makers and practitioners, edi-
¡ Envolvimento da empresa na comu-
trabalho, entre os trabalhadores segu-
tada pela Organização Mundial de
rados. Esse número não inclui os traba-
Saúde (OMS), em 2010, constitui um
Os aspectos críticos do modelo
lhadores autônomos (contribuintes indi-
excelente recurso para fundamentar
proposto incluem ênfase em um pro-
viduais) e as empregadas domésticas.
as ações de melhoria das condições
cesso contínuo, passo a passo, de
Os infortúnios do trabalho provocam
e ambientes de trabalho no país. A
mobilização e envolvimento dos tra-
enorme impacto social, econômico e
documentação foi analisada em um
balhadores em torno de um conjunto
16
considerar as seguintes avenidas de influência:
nidade.
S.M.S. compartilhado de ética e valores, como
respeito pelos trabalhadores, o assé-
opera, para melhorar a saúde física
mostrado na figura a 1:
dio, a discriminação por gênero, a es-
e mental, a segurança e o bem-estar
tigmatização relacionada
dos trabalhadores e suas famílias. É
à infecção por HIV, a into-
enfatizado que, nos países onde a
lerância ética ou religiosa
assistência médica é insuficiente e a
e a falta de suporte para
legislação do trabalho e de proteção
a adoção de estilos de
ambiental é fraca ou ausente, o envol-
vida saudáveis. Várias
vimento da empresa na comunidade
alternativas para supera-
pode fazer uma grande diferença para
ção dos problemas são
a saúde ambiental da comunidade,
então descritas.
bem como para a qualidade de vida
Ambiente físico de trabalho Mobilizar Montar
Melhorar Envolvimento da liderança
Ambiente psicossocial de trabalho
Analizar
Ética e valores
Aferir
Recursos de saúde pessoal
Participação do funcionário
Os recursos de saúPriorizar
Fazer
dos trabalhadores e suas famílias.
de pessoal consistem
O modelo da OMS está anco-
em serviços, oportunida-
rado no processo de “melhoria con-
des, flexibilidade e outros
tínua”, cujos princípios fundamentais
mecanismos que uma
para o sucesso são: o compromisso
empresa assegura aos
da liderança baseado em valores es-
trabalhadores para pro-
senciais; o envolvimento dos trabalha-
Na abordagem do ambiente fí-
mover ou manter estilos de vida saudá-
dores e seus representantes; a análi-
sico de trabalho, são destacados os
veis, bem como monitorar e apoiar sua
se de falhas (gap analysis); aprender
agentes físicos, químicos, biológicos
saúde física e mental. Nesse campo,
com os outros; sustentabilidade; e in-
e ergonômicos, incluindo instalações,
as melhorias podem ser: fornecer ins-
tegração na estratégia do negócio.
ar, equipamentos, mobiliário, mate-
talações ou subsídio para a prática de
Por último, o documento trata da
riais, produtos químicos e processos
atividade física; encorajar a prática de
adaptação do modelo a contextos e
de produção. Além disso, são citados
caminhada e ciclismo no trabalho em
necessidades locais, com destaque
exemplos de alternativas de melhoria,
função da adaptação de processos e
para a importância de empregado-
tais como eliminação ou substituição
cargas de trabalho; prover e subsidiar
res, trabalhadores e seus represen-
do agente, controles de engenharia,
escolhas de alimentos saudáveis nas
tantes trabalharem juntos de modo
controles administrativos e uso de
empresas; flexibilizar pausas no traba-
colaborativo. Aspectos da legislação,
equipamento de proteção individual.
lho para permitir a prática de atividade
as normas técnicas, as condições de
No tocante ao ambiente de tra-
física; implantar e apoiar políticas e pro-
mercado e sistemas de cuidados pri-
balho psicossocial, são considerados
gramas de combate ao tabagismo; e
mários de saúde podem influenciar o
a cultura organizacional, as atitudes,
prover serviços médicos confidenciais
que pode ser alcançado pelas par-
os valores, as crenças e as práticas di-
abrangendo avaliações de saúde, exa-
tes envolvidas.
árias que podem afetar o bem-estar fí-
mes médicos e tratamento.
Planejar
Envolvimento da comunidade empresarial
Figura 1 Modelo de local de trabalho saudável OMS
sico e mental dos trabalhadores. Entre
Em relação ao envolvimento da
os exemplos de perigos psicossociais,
empresa na comunidade, o documen-
são apontados a falta de organização
to recomenda a aplicação de experti-
do trabalho, a falta de políticas e prá-
se e recursos no suporte ao bem-estar
tica relacionadas com dignidade ou
social e físico da comunidade em que
Newton Richa é Médico do Trabalho e Consultor de SMS do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis - IBP
17
2
III Simpósio de Lubrificantes Por: Tatiana Fontenelle
R
ealizado no dia 21 de outubro de 2010, em São Paulo, o III Simpósio de Lubrificantes, organizado pela Associação Brasileira de Engenharia Automotiva – AEA, debateu temas importantes relacionados à tecnologia de lubrificantes automotivos. A comissão organizadora, composta por Simone Hashizume, da Promax, Sergio Luiz Viscardi, da Ipiranga, o consultor Pedro Nelson Belmiro e Hidemburgo Campos, da AEA, conseguiu estabelecer um elevado nível técnico no programa, que foi enriquecido com a excelente qualidade das palestras apresentadas. A palestra de abertura foi feita pelo diretor de Engenharia da Fiat Powertrain Technologies – FPT, João Irineu Medeiros, que ressaltou a atenção especial que se deve dar aos lubrificantes nos projetos modernos, principalmente por sua utilização também como fluido hidráulico no sistema de atuação de válvulas e também no controle ambiental, em que as emissões de CO2 adquirem cada vez mais importância. A programação técnica foi dividida em três blocos, abrangendo desde novas tecnologias em óleos lubrificantes até resultados de testes de campo, passando por números da frota brasileira. No 18
primeiro painel, tivemos a presença da Indústria de Lubrificantes Nynas, com a gerente de Mercado Global, Valentina HolmSerra, que apontou as principais mudanças no mercado de óleos básicos e seu impacto na Indústria, lembrando a tendência de aumento da oferta de grupos II e III e de queda da produção de básicos do grupo I, além da possibilidade de se utilizarem básicos naftênicos pesados em substituição ao Bright Stock. O gerente de Serviços Técnicos e de Marketing de Lubrificantes para a América Latina da Afton Chemical, Douglas MacGregor, focou as mais recentes classificações de óleos, ILSAC GF-5 e API SN. A seguir, a empresa de aditivos Infineum apresentou, por meio de seu gerente Mundial de Contato com a Indústria, Brian Crichton, os aspectos importantes da tecnologia de transmissões. A Lubrizol esteve também presente com a palestra de seu gerente Regional de Negócios para Driveline, Dave Pristic, que abordou o crescimento das transmissões automáticas nos países em desenvolvimento, relatando os resultados dos testes de campo efetuados com ônibus de transporte urbano no Brasil. Outra palestra que também mereceu destaque foi a do Sr. Jack Zakarian, gerente Global de Desenvolvimento de Produtos Automotivos da Chevron, que apontou as tendências do mercado de lubrificantes para transmissão manual e óleos para eixos e diferenciais.
Após as apresentações desse primeiro bloco, houve uma seção de debates com a mediação do consultor Pedro Nelson Belmiro. Na segunda parte do Simpósio, após o almoço oferecido pelos patrocinadores, houve a palestra da coordenadora do Grupo de Trabalho de Reposição de Frota do Sindipeças, Deise Schiavon, que mostrou um mercado de cerca de 30 milhões de veículos e 9,5 milhões de motocicletas e apontou uma tendência de renovação cada vez mais rápida, principalmente devido às novas leis de inspeção veicular, que deverá tirar de circulação um grande número de veículos com mais de 20 anos de idade. Também mostrou a importância dos veículos flex que representam 86% dos veículos fabricados em 2010, até o mês de outubro. A Cummins Filtration se representou pelo seu gerente de Vendas e Aftermarket, Sérgio Giummarra, apresentando a importância do sistema de filtração na qualidade dos lubrificantes e na operação dos motores diesel. Segundo Giummarra, existe uma correlação comprovada entre a eficiência do filtro e o desgaste do motor, e 75% dos contaminantes do óleo são de natureza orgânica. Da Argentina, representando a YPF, veio a gerente de Relações Técnicas, Mônica Vasquez, que mostrou “uma análise do mundo real” através de um teste de campo para avaliação de desempenho de óleos de motor. O fluido de freio também teve seu espaço, com
a palestra da gerente de Qualidade da Oxiteno, Lucilene de Morais, que alertou sobre a importância de se seguirem as especificações e normas desse segmento. Esse segundo bloco teve seus debates mediados por Claudio Lopes da Afton Chemical. Na terceira e última parte do Simpósio, o engenheiro de Materiais da Mercedes Benz do Brasil, Charles Conconi, fez uma apresentação sobre sistema de arrefecimento, enquanto o Sr. Alan Van Arnhem, gerente de Tecnologia da Umicore, mostrou o impacto dos lubrificantes nos catalisadores de 3 vias. Para fechar o ciclo de palestras, a Ipiranga apresentou, por meio de sua coordenadora do Laboratório de Combustíveis e Lubrificantes, Roberta Teixeira, os resultados obtidos na avaliação da influência do Biodiesel sobre o óleo lubrificante de motor, principalmente quanto à diluição, corrosão, oxidação, depósitos e perda da capacidade de lubrificação. O debate final foi mediado por Marcelo Hipólito, da Lubrizol, e o final do evento foi seguido de um coquetel de confraternização.
Tatiana Fontenelle é jornalista pós-graduada em telejornalismo
19
ILSAC GF-5 e API SN As novas categorias de desempenho Por: Douglas MacGregor
A
PI SN e ILSAC GF-5, as novas categorias de desempenho para motores à gasolina e bicombustível, são licenciáveis desde 01/10/2010. Cada um desses padrões representa um incremento significativo em desempenho comparados aos padrões antecessores substituídos. As três principais melhorias são: economia de combustível (tanto para os óleos novos quanto usados), proteção aos sistemas de controle de emissões (conversor catalítico) contra o envenenamento por enxofre e fósforo provenientes do óleo de motor, além da “robustez” geral da formulação do lubrificante, tal como redução da formação de depósito e melhoria do desempenho em alta temperatura. ILSAC (International Lubricant Standardization and Approval Committee), representado pelos fabricantes de veículos norte-americanos e japoneses (“OEMs”), e o Comitê de Lubrificantes do API (American Petroleum Institute), representado pelas companhias de lubrificantes e aditivos, desenvolveram o novo padrão ILSAC GF-5. Os óleos com esse desempenho são identificados pelo 20
Figura 1 - Selo API ILSAC GF-5 e Selo API SN
símbolo API da figura 1. Os óleos com nível de desempenho API SN são identificados com o tradicional selo de marca do API, figura 1. A classificação API SN se baseia em requerimentos de teste do ILSAC GF-5. Então por que existem duas categorias de desempenho e como elas se diferem? Nos Estados Unidos, o padrão primário de desempenho recomendado pelos fabricantes de veículos de passeio é ILSAC GF-5 (a parte de qualquer especificação em particular desses fabricantes). Os óleos ILSAC GF-5 são restritos a graus de viscosidade específicos que proporcionam benefícios de economia de combustível, tais como SAE 5W-20, SAE 5W-30 e SAE 10W-30. A classificação API que corresponde exatamente ao padrão ILSAC GF-5 é API SN/ “Resource Conserving”. Uma vez que ILSAC GF-5 é essencialmente um padrão norte-americano e os pa-
drões API são aplicados em outras regiões do mundo onde ILSAC GF-5 não é aplicado, os óleos API SN (sem credencial “Resource Conserving”) possuem requerimentos de teste um pouco diferentes e incluem graus de viscosidade que o padrão ILSAC não reconhece, tais como SAE 15W-40, SAE 20W-40 e SAE 20W-50. Essas diferenças em particular são descritas mais adiante. Economia de Combustível O processo de desenvolvimento de novos padrões de desempenho para óleo de motor sempre acompanha as mudanças nas tecnologias de motor e nos combustíveis, a fim de permitir aos OEMs atingir suas metas de economia de combustível, emissões, durabilidade dos equipamentos e intervalo de troca do lubrificante. Melhoria na economia de combustível é especialmente importante em função dos novos requerimentos do Corporate Average Fuel Economy (CAFE). CAFE é um padrão estabelecido pelo National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA) nos Estados Unidos. Os
Sequência VID, foi desenvolvido para que, por sua vez, são mais severos a categoria ILSAC GF-5. O motor é um do que o grau SAE 10W-30. General Motors 3,6 litros V6, que representa um desenho mais moderno Proteção dos Sistemas de Controle de equipamento comparado ao antigo de Emissões motor Ford 4,6 litros V8 utilizado pela anterior Sequência VIB de teste. Os Os OEMs têm de assegurar limites de economia de combustível que os sistemas de controle de da Sequência VID foram delineados emissões fucionem adequadamenpelos OEMs para serem estatistica- te ao longo da vida útil do veículo mente melhores que aqueles dos óle- (120 mil milhas ou 200 mil km). Os os ILSAC GF-4. Agora são expressos resíduos contendo fósforo que deicomo “Ganho Total na Economia de xam o motor são conhecidos por Combustível (“FEI Sum”) e um limite causar o envenenamento do conFEI-2, com diferentes valores para os versor catalítico e formar depósito diferentes graus de viscosidade. FEI no sensor de oxigênio. Nas cateé o ganho na economia de combus- gorias ILSAC anteriores foram estível do óleo comparado ao resultado tabelecidos limites de conteúdo de da Sequência VID de um óleo de re- fósforo nas formulações de óleo de ferência, executada sob uma série motor. Como esse elemento é uma controlada de estágios operacionais parte importante da química antido motor, desenhado para reprodu- desgaste e antioxidante do pacote zir as condições típicas de trabalho de aditivos, os limites se mantêm na vida real. FEI-1 é o percentual de inalterados versus ILSAC GF-4. No ganho ou melhoria do óleo quando entanto, um teste de retenção de novo, comparado ao óleo de referên- fósforo (Sequência IIIG-B) foi adicia. FEI-2 é o percentual de ganho do cionado ao ILSAC GF-5. Os limites óleo quando usado comparado ao dessa sequência determinam que fluido de referência. O procedimento pelo menos, 79% do conteúdo orida Sequência VID desgasta artificial- ginal de fósforo do óleo de motor mente ou “envelhece” o óleo por 96 devem se manter no fluido ao final horas antes de medir o FEI-2. Essas de 100 horas de teste. 96 horas de envelhecimento corresEnxofre é um outro elemento pondem a, aproximadamante, entre 7 presente nas formulações dos óleos a 10 mil quilômetros de uso em con- de motor que pode impactar negatidições reais. O limite FEI Sum é * Apesar das sete diferentes simplesmente o áreas do pistão serem G1 avaliadas, 50% da total de FEI-1 + classificação é determinada L2 pela condição da terceira Ranhuras do FEI-2. Os limites G2 canaleta e da área entre os Anel de Pistão anéis de segmento (ORL). O R L(*) para os graus Essas são as duas áreas G 3(*) mais importantes, sob a SAE xW-20 (SAE ótica do desempenho de um óleo, e têm o maior peso, já 0W-20, SAE 5Wque possuem maior influência sobre o U /C 20) são mais funcionamento do anel de controle de óleo severos do que P /S (responsável pelo controle do consumo de óleo). para os graus xW-30 (SAE 0WFigura 2 - Áreas do pistão 30, SAE 5W-30), Aumento de Temperatura
fabricantes que não cumprem a média do padrão de economia de combustível para os seus veículos são multados em US$ 5,50 por cada 0,1 milha/galão abaixo do padrão. Isso é válido para todo veículo de passeio e comercial leve produzido. No passado, carros e caminhões tinham padrões distintos de economia de combustível. Em 2012, no entanto, a média será combinada. Atualmente o padrão é 27,5 milhas/galão (12 km/ litro) para veículos de passeio e 23,5 milhas/galão (10 km/litro) para comerciais leves, mas esses limites irão aumentar progressivamente entre 2012 e 2016 até atingir 34,1 milhas/galão (15 km/litro). Os fabricantes de veículos já vêm empregando novas tecnologias para melhorar a economia de combustível dos seus veículos, como: novos materiais para reduzir o atrito e peso do motor, motores turbo de menor capacidade volumétrica, injeção direta de gasolina, comando de válvula com tempo variável, desativação de cilindro, além de veículos híbridos (elétrico e gasolina). Óleos de motor de baixo atrito também possuem um importante papel no esforço geral para melhorar a economia de combustível, apesar de a sua contribuição ser relativamente pequena comparada às outras tecnologias mencionadas anteriormente. Os melhores lubrificantes ILSAC GF5 podem proporcionar somente 0,5% de ganho na economia de combustível comparados às tecnologias antecessoras. Esse ganho, no entanto, é obtido a um custo muito pequeno para os OEMs, enquanto as tecnologias mencionadas no parágrafo anterior podem adicionar até mais de US$ 1.000 por veículo. Um novo teste de motor para medir o desempenho em economia de combustível dos óleos de cárter, a
21
vamente os sistemas de controle de emissão. Para o ILSAC GF-5, o limite máximo de enxofre em um óleo de motor SAE 10W-30 foi reduzido a 0,6%, enquanto se manteve inalterado para os outros graus de viscosidade. Robustez do Óleo de Motor A mudança mais significativa do ILSAC GF-4 para o GF-5 foi o aumento da limpeza de pistão no teste de motor da Sequência IIIG, expresso como classificação WPD ( “Weighted Piston Deposits” ou peso dos depósitos no pistão). Os resultados WPD são derivados dos depósitos medidos em várias áreas do pistão (ver figura 2): canaletas dos anéis de segmento, áreas na coroa do pistão entre os anéis de segmento, na camisa do cilindro e na saia do pistão. Todas as áreas são classificadas numa escala de 0 a 10, onde 10 representa limpo. O fator de pesagem aumenta o significado da classificação na área do anel de óleo e na canaleta do terceiro anel, uma vez que essas são as zonas nas quais o lubrificante tem maior influência na prevenção de depósitos. O limite ILSAC GF-5 para WPD é 4.0 (méritos) e representa um aumento significativo em desempenho comparado aos limites do ILSAC GF-4. Os limites de depósito de borra, medidos pelo teste de motor da Sequência VG, são mais severos no ILSAC GF-5. A média dos méritos de borra em motor e na tampa do cabeçote aumentou, enquanto o máximo de área de borra no filtro de óleo foi reduzido. Três novos testes de “robustez” foram introduzidos no padrão ILSAC GF-5: o teste de bancada TEOST 33C, utilizado para medir depósitos à alta temperatura (para proteção contra carbonização em turbo compressor); 22
um teste de compatibilidade com selos utilizando 5 materiais elastômeros; e um teste de retenção de emulsão (Teste de Emulsão E85, onde E85 = 85% de etanol + 15% de gasolina). Este último teste assegura que óleos de motor contaminados com altos teores de água e etanol formarão uma emulsão estável e protegerão o motor contra corrosão e ferrugem. Essa situação ocorre quando veículos utilizando combustíveis com alto teor de etanol realizam frequentes trajetos curtos, especialmente em temperaturas ambiente mais baixas. Finalmente, ILSAC GF-5 permite um teste alternativo para a Sequência IIIG-A (fluidez à baixa temperatura / limites de viscosidade do óleo de motor usado obtido ao final do teste de motor da Sequência IIIG). O novo teste, conhecido como ROBO, foi nomeado assim em função do seu inventor (Romaszewski Oil Bench Oxidation test). Anteriormente ao advento do ROBO, um óleo que eventualmente passou por todos os requerimentos da Sequência IIIG (oxidação, depósito, desgaste) poderia ver seu fluido usado falhar nos requisitos de baixa temperatura da Sequência IIIG-A. O ROBO oferece uma alternativa de menor custo, evitando-se correr uma Sequência IIIG adicional somente para coletar o óleo usado para testar contra a Sequência IIIG-A. Como a categoria API SN se diferencia do ILSAC GF-5 A figura 3 ilustra os diferentes requerimentos entre as três variações da categoria API
SN (graus de viscosidade ILSAC sem “Resource Conserving”, graus de viscosidade não ILSAC sem “Resource Conserving” e graus de viscosidade ILSAC com “Resource Conserving”). Como ILSAC GF-5 não é requerido em algumas regiões fora dos Estados Unidos, alguns testes de bancada e o teste de motor para economia de combustível não são necessários para o API SN quando o componente “Resource Conserving” não está incluso. Além disso, para os graus de viscosidade não ILSAC, alguns dos limites dos testes de bancada são menos severos. Desenvolvimento de formulação ILSAC GF-5 Foi destacado, em termos de requerimentos de especificação, como ILSAC GF-5 é uma evolução em desempenho comparado ao ILSAC GF-4 (figura 4). Abordaremos a seguir o que isso significa em termos de requisitos para a formulação do lubrificante e, em particular, o pacote de aditivos. Os novos testes ILSAC GF-5 (compatibilidade com elastômeros, retenção de emulsão com alto teor de etanol e retenção de fósforo) têm um impacto significativo na escolha dos aditivos. Por exemplo, um novo tipo de ZDDP (dialquilditiofosfato de zinco) é necessário para cumprir com os requisitos da Sequência API SN (Parâmetros)
ILSAC GF-5 (Parâmetros)
Graus de Viscosidade ILSAC Outros Graus de Viscosidade
Conservação de Recursos
Seq IIIG, VG, IVA, VIII
o mesmo
o mesmo
o mesmo
Seq IIIGA ou ROBO
o mesmo
Não requerido
o mesmo
Seq IIIGB
Não requerido
Não requerido
o mesmo
Seq VID
Não requerido
Não requerido
o mesmo
TEOST MHT-4
o mesmo
45 mg máx.
o mesmo
TEOST 33C
Não requerido
Não requerido
o mesmo
Teor de P
o mesmo
0,06% mín.
o mesmo
Teor de S
o mesmo
Não requerido
o mesmo
Espuma (ASTM D-892)
o mesmo
10 min.
o mesmo
Índice de gelificação
o mesmo
Não requerido
o mesmo
Compatibilidade com elastômeros
o mesmo
o mesmo
o mesmo
Emulsão
Não requerido
Não requerido
o mesmo
Outros testes de bancada
o mesmo
o mesmo
o mesmo
Figura 3 - Requerimentos das variações da categoria API SN
do aditivo modificador de atrito. A reGF - 5 tenção da economia GF - 4 de combustível, por sua vez, também Economia de Controle de combustível desgaste é influenciada pelo tipo de antioxidante e seu balanceamento na fórmula. Esses aditivos são extremamente sensíveis Controle de Limpeza e ao teste de retenção oxidação formação de lama de emulsão E85. Os Figura 4 -Evolução de desenpenho entre GF-4 e GF-5 detergentes também são sensíveis ao mesmo teste e amIIIG-B (teste de retenção de fósforo). Este mesmo aditivo influencia o de- bos, detergentes e antioxidantes, sempenho do óleo em uma série de exercem papel importante no controtestes de motor, já que se trata de le da limpeza dos pistões. Esta é uma um composto multifuncional. Além outra combinação de características disso, a escolha do ZDDP é particu- de desempenho, que precisam ser larmente crítica nas áreas de contro- cuidadosamente balanceadas ao file de desgaste e economia de com- nal da formulação. Os dispersantes também bustível. Todos esses três aspectos de desempenho precisam ser cuida- possuem um importante papel no dosamente balanceados na formu- controle de depósitos e borra. No lação final, pois de nada adianta ter entanto, eles podem ter um impaco melhor ZDDP em termos de reten- to negativo significativo quanto à ção de fósforo se a proteção ao des- compatibilidade com elastômeros, gaste e a economia de combustível uma nova característica de desempenho no ILSAC GF-5. Esta é uma ficam comprometidas. A economia de combustível é área final de balanço da formulação também influenciada pela escolha requerida ao pacote de aditivos. Compatibilidade quanto a emissões
Esses balanços de formulação são interrelacionados e impactados pela escolha individual de aditivos e combinação dos mesmos. Assim, a escolha dos tipos de aditivos para cumprir com a demanda de qualquer dos novos testes de bancada pode ter influência direta ou indireta no desempenho de um número de áreas “tradicionais”, muitas das quais são agora mais exigentes no caso do padrão ILSAC GF-5. O conhecimento dessa interdependência, em particular no caso de novos aditivos, é a base necessária para construir a tecnologia final do pacote de aditivos ILSAC GF-5. Ter esse conhecimento é crítico no desenvolvimento de uma tecnologia que irá não apenas atender à especificação, mas também proporcionar isso através de uma faixa ampla de graus de viscosidade, em óleos básicos distintos, com diferentes modificadores de viscosidade e ainda ser comercialmente competitiva. Douglas L. McGregor é químico e gerente de Serviços Técnicos & Marketing de Lubrificantes para América Latina da Afton Chemical
23
Óleos Vegetais Utilização de óleos vegetais como bases lubrificantes Por: Paulo R R Matos e José Roberto dos Santos Politi
O
bserva-se atualmente um enorme esforço mundial para a redução da dependência dos produtos do petróleo, para minimizar o impacto da produção de materiais no meio ambiente. As discussões sobre questões ambientais, inseridas no amplo conceito de desenvolvimento sustentável, ganham intensidade cada vez maior. Segundo Maimon, “o desenvolvimento sustentável busca simultaneamente a eficiência econômica, a justiça social e a harmonia ambiental”. Mais do que um novo conceito, o desenvolvimento sustentável é um processo de mudança, no qual a exploração de recursos, a orientação dos investimentos, os rumos do desenvolvimento ecológico e a mudança institucional devem levar em conta as necessidades das gerações futuras. O Brasil já está participando desse esforço mundial, sobretudo na geração de energia. Contudo, com o desenvolvimento do país, está ocorrendo um crescimento da necessidade brasileira por óleos lubrificantes. A expansão do mercado de óleos lubrificantes no Brasil não tem encontrado sua contrapartida na produção nacional de óleos básicos, devido, entre outras razões, à falta de investimentos no setor. Esse panorama incentiva a importação de bases minerais e sintéticas para óleos lubrificantes, tornando essa ação uma alternativa recorrente. Uma opção para a reversão dessa tendência é a substituição da base mineral por bases vegetais. A utilização de bases vegetais nos óleos lubrificantes traz muitos benefícios ao país com o desenvolvimento de tecnologias próprias e agregando valor a produtos típicos nacionais, em uma perspectiva sustentável. O uso das bases vegetais pode gerar empregos para todos os níveis sociais da população, promover desenvolvimento no interior do Brasil, evitando o êxodo rural, e facilitar uma melhor distribuição de renda. Óleo Básico/Ano Produção Nacional (m3) Importacao (m3)
2008 730.000
2009
2010 (jan-abr)
794.000
235.000
430.000
316.000
151.500
Tabela 1- Produção e Importação de Óleos Básicos no Brasil.
24
Em relação ao meio ambiente, as bases vegetais são recursos renováveis, menos tóxica e são mais biodegradáveis que as de origem mineral. No aspecto econômico, a plantação das oleaginosas deve respeitar aspectos climáticos, do solo e culturais de cada região do Brasil, para que se tenha um preço mais viável desses óleos em relação aos óleos minerais. A despeito dos benefícios provenientes do uso dos óleos vegetais como base para lubrificantes, não é qualquer óleo vegetal que pode ser empregado na lubrificação. Para que um material atue como um lubrificante é necessário que ele apresente características físico-químicas bem definidas, tais como: viscosidade, índice de viscosidade, ponto de fulgor, índice de acidez, ponto de fluidez, estabilidade oxidativa, volatilidade etc. Os óleos vegetais são formados predominantemente de produtos de condensação entre glicerol [C3H5(OH)3] e ácidos graxos (R-COOH) chamados de triglicerídeos (90% a 98%). Além desses, existem os chamados não glicerídeos, como os fosfatídeos, esteróides, dentre outros. Tecnicamente, a utilização de óleos vegetais como base para óleos lubrificantes torna-se uma opção interessante na substituição das bases minerais, pois as bases vegetais apresentam alto índice de viscosidade, baixa volatilidade e elevado ponto de fulgor, além de serem mais biodegradáveis que os óleos minerais, como destacado anteriormente. Porém, os óleos vegetais, por apresentarem duplas ligações em sua estrutura, apresentam menor estabilidade oxidativa do que os óleos minerais, gerando compostos insolúveis, o que aumenta a viscosidade e a acidez do produto, além disso, diversos óleos vegetais apresentam alto ponto de fluidez. Neste trabalho, foram estudados os óleos vegetais de mamona, algodão, polpa de macaúba, amêndoa de macaúba, babaçu bruto, palma, maracujá, indaiá e macadâmia. Foram realizados os ensaios de viscosidade cinemática a 40 ºC e 100 ºC, índice de viscosidade, demulsiblidade, espuma, índice de acidez, ponto de fluidez, ponto de fulgor, cor ASTM, absorbância e densidade.
O O
H
C
R
ácido graxo
H H
C
O O
C
R
O H
H
H
C
OH
H
C
OH
H
C
OH
H glicerol
C
O
C
R
O H
C
O
C
R
H triglicerídeos
Figura 1 - Estrutura Química de Óleos Vegetais.
dados. O segundo componente principal é determinado por meio do mesmo critério, com a restrição de que deve ser ortogonal em relação ao primeiro.Vale ressaltar que, como a dispersão das variáveis obtidas e a natureza destas é expressa em unidades de medidas não comparáveis, faz-se uma normalização dos dados, tornando-as adimensionais com média nula e variância unitária. Os resultados das propriedades físico-químicas obtidas para os -1
PC
Y
-2
PC
Os resultados foram tratados estatisticamente, empregando o método da análise dos componentes principais (PCA). Esse procedimento permitiu avaliar a similaridade desses óleos com algumas bases minerais e sintéticas utilizadas na formulação de óleos lubrificantes e, consequentemente, a capacidade lubrificante dos óleos testados em função da sua aplicação potencial.
A análise de componentes principais (PCA) é uma técnica estatística que possibilita encontrar padrões em dados formados por muitas variáveis. Esse processo permite projetar o espaço original de variáveis num espaço de dimensão mais reduzida. As variáveis derivadas das originais são designadas componentes principais. O procedimento de PCA faz uma partição da variância nos componentes principais, sendo que cada componente principal é calculado de maneira a reter a maior quantidade de variância presente nas variáveis originais. Geometricamente os componentes principais podem ser vistos como projeções dos dados originais sobre eixos ortogonais (loadings) que cobrem o espaço das variáveis. O primeiro eixo é determinado para capturar o máximo de variância passando através das zonas mais densas dos
X
Figura 2- Gráfico de Componentes Principais PCA.
25
Produto
Visc 40
IV
Demulsibilidade
Ponto de Fulgor
Fluidez
IAT
Dens
Absorb
Óleo 1
42,6
167
2
216,9
-5
85,43
Visc 100 Cor ASTM 8,1
5,5
920,13
198
Óleo 2
28,33
201
0
219
6
22,08
6,45
1,5
916,6
198
Óleo 3
28,13
204
2
279
20
3,9340
6,55
0,25
923,2
195
Óleo 4
38,62
203
3
310,9
4
4,6450
8,366
5,5
912,98
204,94
Óleo 5
33,66
219
4
331
-8
2,5370
7,852
2
920,32
204,94
Óleo 6
253,2
88
5
295
-27
1,1080
19,16
2
960,48
202
Óleo 7
30,03
212
2
253,1
-7
23,57
7,13
2,5
919,86
202
Óleo 8
25,59
160
3
209,1
9
195,85
5,507
4
922,14
199
Óleo 9
32,79
167
80
217
11
79,94
6,716
8
909,63
204,94
Tabela 2- Resultados dos Ensaios Físico-Químicos dos Óleos Vegetais.
Epoxidação de triglicerídeos do óleo de soja (SBO), resultando em óleo de soja epoxidado (OSE) BF3. eterato anel epóxi de ESBO (2)
BF3
óleo de soja (SBO, 1) R
epoxidação
R
[H+] H2O2/HCOOH R R
óleo de soja após a epoxidação (ESBO, 2)
-BF3
acila derivado de SBO (4) ASO1. if = -CH2 de anidrido acético
F3B
intermediário (3)
+
R
Figura 3 - Obtenção de Diéster a partir de Óleo vegetal.
óleos vegetais estudados estão reportados na tabela 2, na qual os óleos vegetais são representados por números de 1 a 9. Esses dados foram analisados empregando-se a técnica PCA, e dessa análise foi possível notar a similaridade entre diversas propriedades dos óleos de origem vegetal e mineral. Verificou-se uma boa similaridade entre os óleos vegetais 2, 5, 6 e 7 e os óleos básicos minerais estudados, o que torna esses óleos eletivos para uso potencial em lubrificação. O próximo passo será realizar um estudo da estabilidade termoxidativa desses óleos. Várias estratégias podem ser utilizadas para modificar as propriedades físico-químicas dos óleos vegetais, no intuito de adequá-los às aplicações ou, até mesmo, ampliar o seu espectro de aplicação. Uma dessas estratégias é o uso de aditivos. Nesse sentido, o estudo de aditivos que melhorem as carac26
terísticas dos óleos vegetais, tais como estabilidade oxidativa e ponto de fluidez dos óleos vegetais é necessário. São necessários também estudos de mecanismos orgânicos que alterem os sítios oxidativos dos óleos vegetais, tais como proposto por Sharma e colaboradores representado na figura 3. Com o estudo, notou-se que os óleos vegetais estudados apresentam diversas características desejáveis para a sua utilização como óleo base para lubrificantes, sendo necessário o estudo da estabilidade termoxidativa. Existe uma grande expectativa para o desenvolvimento desses óleos, seja por meio do uso de aditivos e/ou alteração na estrutura química das moléculas de triglicerídeos. Paulo R.R. Matos é engenheiro químico do Centro de Pesquisas e Análises Tecnológias da ANP
27
O mercado em foco LUBES EM FOCO apresenta os números do mercado brasileiro de lubrificantes referentes ao primeiro semestre de 2010, fruto de pesquisa junto aos principais agentes do mercado e órgãos legisladores. As dificuldades para uma precisão continuam a existir, uma vez que ainda não há uma consolidação dos números dos pequenos distribuidores.
Uma estimativa do mercado no 1º semestre de 2010 O mercado aparente 725.700 m3
Mercado Total Óleos Lubrificantes
Óleos Básicos: Mercado Total
660.500 m3
Produção Local: Refinarias Rerrefino
395.500 m3 290.500 m3 105.000 m3
Importação Exportação
275.700 m3 10.700 m3
m3
Mercado Local: Automotivos: Industriais: Óleos Básicos
669.600 401.400 m3 254.200 m3 14.000 m3 76.900 m3 20.800 m3
Importação Produto Acabado: Exportação Produto Acabado: Mercado Total Graxas
Fonte: ANP, Aliceweb, Sindicom, Petrobras, Banco de Dados Lubes em Foco
30.000 t
1
Mercado SINDICOM •Comparativo 2010/2009 por região (período jan - set) Total de lubrificantes por região
Mil m3
Análise comparativa por produtos
Mil m3
480
600 450
2009 2010
487.827
2009 2010 434.227
420
442.948
480
371.251
360
420 300
300
311.432
300
240
256.418
240
180
60
29.534
GRAXAS
120
120
INDUSTRIAIS
AUTOMOTIVOS
150
96.053 47.765
33.490
0
Lubrificantes automotivos por região
SUL
SUDESTE
180
2009 2010
106.752 71.944
58.225
NORTE
NORDESTE
80.151
CENTRO OESTE
Lubrificantes industriais por região
Mil m3
200
280 240
153.394
60
0 Mil m3
141.887
2009 2010
177.927
160
239.933 217.303
140
200
139.734
120 160
100
120 80
80 60
91.359
86.048
64.492
40 0
71.726 44.809
30.297
SUL
SUDESTE
49.008
35.800
NORTE
NORDESTE
CENTRO OESTE
40
49.595
55.129
20 0
16.110 SUL
SUDESTE
20.828
NORTE
1. O SINDICOM é composto pelas seguintes empresas: Ale, BR, Castrol , Chevron, Cosan, Ipiranga, Petronas, Repsol, Shell.
28
27.827
30.876
NORDESTE
23.152
26.673
CENTRO OESTE
Mercado de Lubrificantes em 2009 (m3)
Mercado de Graxas em 2009 (t)
12,6% 11,9%
22,0%
9,6%
9,5%
21% 6,7%
BR Chevron Ipiranga Cosan (Esso) Shell Petronas Castrol Repsol YPF Outros
16,8% 14,1%
18,4%
7,0%
12,0%
3,2% 3,5% 9,7% 9,7%
Chevron BR Ingrax Ipiranga Petronas Shell Cosan (Esso) Outros
11,2%
NOTA: Os dados de mercado correspondentes ao ano de 2009, que foram retirados desta seção, podem ainda ser encontrados no site da revista, no endereço www.lubes.com.br, no item do menu SERVIÇOS / MERCADO.
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NACIONAIS Coleta de óleo é assunto na XII FIMAI A XII Feira Internacional de Meio Ambiente Industrial, realizada entre 9 e 11 de novembro de 2010, no Pavilhão Azul do ExpoCenter Norte, em São Paulo, foi enriquecida por um workshop sobre a importância da correta destinação do óleo usado ou contaminado. A apresentação ficou a cargo do group LWART, que é responsável pela coleta de
45% do óleo usado disponibilizado para coleta no país. De acordo com o Sindicato da Indústria do Rerrefino de Óleos Minerais - Sindirrefino, dos 500 milhões de litros de óleos lubrificantes usados gerados no país em 2009, apenas 330 milhões foram coletados para o rerrefino. A Feira é hoje considerada o evento mais importante de seu setor na América Latina.
INTERNACIONAIS Feira internacional vê microcompressor brasileiro A Embraco, empresa brasileira líder mundial no mercado de compressores para refrigeração, mostrou, na 24ª edição da Feira Internacional de Eletrônica, em Munique, o protótipo de um compressor de apenas 200 gramas e do tamanho de um pincel atômico. O equipamento dispensa o uso de óleo lubrificante, podendo ficar em qualquer posição no sistema. O
30
microcompressor não seria possível sem o uso da eletrônica, responsabilidade que coube à Embraco Eletronic Controls, divisão da Embraco, que desenvolveu uma placa de controle eletrônico (inversor) de 20,2 cm2, cinco vezes menor do que as convencionais. A instalação da linha-piloto do produto para essa aplicação ocorrerá no primeiro semestre de 2011. Fonte: CDN Comunicação Corporativa
Programação de Eventos
Internacionais e Nacionais
Data
Evento
2010 Outubro 17
ASME International Workshop on Green and Bio-Tribology - San Francisco, CA - USA - www.asmeconferences.org
Outubro 18 a 20
2010 STLE/ASME International Joint Tribology Conference - San Francisco, CA - USA - www.stle.org/events
Outubro 21 a 22
The European Lubricant Industry at the beginning of the New Decade - Viena - Austria - www.ueil.org/news
Novembro 11 a 12
International Lubricants & Waxes Meeting - Houston - TX - USA - www.npra.org/meetings
Dezembro 2 a 3
6th. ICIS Pan-American Base Oils & Lubricants Conference - N.Jersey - USA - www.icisconference.com/globalbaseoils
Cursos Data
Evento
2010 Novembro 8 a 12
Turbinas a Gás Industriais em Ciclos Combinados/Cogeração - Rio de Janeiro - www.ibp.org.br
Novembro 17
Segurança e Saúde em Laboratórios - Rio de janeiro - www.ibp.org.br
Novembro 22 a 26
Geração e Distribuição de Vapor - Rio de Janeiro - www.ibp.org.br
Novembro 23 a 26
Gás Natural Veicular - Rio de Janeiro - www.ibp.org.br
Se você tem algum evento relevante na área de lubrificantes para registrar neste espaço, favor enviar detalhes para comercial@lubes.com.br, e, dentro do possível, ele será veiculado na próxima edição.
Rio Pipeline
2011
Conference & Exposition
Setembro 20-22
10/10
20 a 22 de setembro de 2011
Chamada de Trabalhos: 17 de dezembro de 2010
Participação
Informações: Tel.: (+55 21) 2112-9000 Fax: (+55 21) 2220-1596 e-mail: riopipeline@ibp.org.br
Organização / Realização