EM FOCO
Abr/Mai 12 Ano V • nº 30 Publicação Bimestral R$ 15,00
A revista do negócio de lubrificantes
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O Programa Jogue Limpo
A embalagem de óleo lubrificante com destino certo.
Viscosidade
Uma propriedade vital no caminho de uma lubrificação econômica.
Editorial O casamento da revista LUBES EM FOCO com o Mercado Brasileiro de Lubrificantes chega de forma dinâmica e feliz aos 5 anos de existência. Os mais românticos poderiam lembrar que se comemoram nessa data as Bodas de Madeira, um elemento que é reconhecido por ser forte e duradouro. Significa que o casal está se fortalecendo, criando raízes e tronco forte para continuar trilhando um caminho de paz, harmonia e felicidade. Os mais cartesianos reconhecem nessa data um marco que, sem dúvida, celebra a eficácia e a consolidação de uma parceria bem sucedida pelo intercâmbio e atendimento às necessidades individuais. De qualquer forma, o sentimento que permeia a todos nós do Conselho Editorial da revista é de orgulho e satisfação, por observar o crescimento e a amplitude desse empreendimento, que nasceu voltado para o mercado, ouvindo-o e a ele retornando com informações relevantes, contribuindo para a melhoria da qualidade de produtos e da consciência dos agentes econômicos e reguladores. Na dinâmica das relações entre todos que participam de forma direta ou indireta dessa evolução, chamamos de Encontro o evento que nos tem reunido pelo segundo ano consecutivo. Não poderia haver melhor termo para descrever o espaço que foi criado para a troca de informações, apresentações especiais e a efetivação de um sadio network, tão importante aos negócios. O Segundo Encontro com o Mercado promovido pela LUBES EM FOCO emerge naturalmente, como consequência de um relacionamento fortalecido, que vem atender às expectativas de todos que buscam o desenvolvimento estruturado de negócios, de qualidade e de ocupação de um lugar de destaque e respeito na economia nacional e, por que não dizer também, na internacional. Encontrar é debater, discutir caminhos e até discordar de opiniões e posições, mas é, antes de tudo, olhar na mesma direção e buscar ideais congruentes de crescimento e convivência. São muitos os pontos a serem acertados e as arestas a serem aparadas; no entanto, ao estarmos em um “Encontro”, nos sentamos como solucionadores de problemas e compartilhamos desafios. O consenso é extremamente difícil de obter em um ambiente tão rico em diversidade de pensamentos e visões de mercado. Entretanto, o processo por sua busca é altamente esclarecedor e pode nos levar a saltos de compreensão e acordos em que todos se beneficiam, incluindo a sociedade e o meio ambiente. Comemorar essas bodas da revista com o mercado em um encontro de alto nível, tanto técnico como de visão empreendedora, nos leva a compartilhar com todos os nossos colaboradores, patrocinadores e leitores a alegria desse momento e a esperança de continuarmos juntos, trilhando esse caminho que se tem mostrado correto e compensador. Os Editores
Publicado por: AGÊNCIA VIRTUAL LTDA. Rua da Glória 366 - sala 1101 CEP 20241-180 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Tel.: (5521) 2224-0625 e-mail: comercial@lubes.com.br Conselho Editorial Antonio Carlos Moésia de Carvalho Ernani Filgueiras de Carvalho Gustavo Eduardo Zamboni Pedro Nelson Abicalil Belmiro Diretor Comercial Antonio Carlos Moésia de Carvalho Jornalista Responsável Marcia Lauriodo Zamboni - reg. 17118-78-45
Diretor de Arte Gustavo Eduardo Zamboni Capa Gustavo Eduardo Zamboni
Publicidade e Assinaturas Antonio Carlos Moésia de Carvalho (5521) 2224-0625 R 22 assinaturas@lubes.com.br
Redação Tatiana Fontenelle
Tiragem 4.000 exemplares
Layout e Editoração Antônio Luiz Cunha
E-mail dos leitores e site leitores@lubes.com.br www.lubes.com.br
Revisão Angela Belmiro Impressão Grafitto Gráfica e Editora Ltda.
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Sumário 6
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Programa Jogue Limpo Embalagem de óleo lubrificante com destino certo.
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Filtros de Ar Dissecantes
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Viscosidade
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Graxas para Rolamentos
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SMS
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Modernização da Lubrificação em Destilarias de Álcool e Usinas de Açúcar - parte 2
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Mercado em Foco
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O Motorista Cuidadoso
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Programação de Eventos
Considerações sobre a importância do uso de filtros em equipamentos industriais.
Uma propriedade vital no caminho de uma lubrificação econômica.
A expectativa do fabricante e a ótica do consumidor.
Trabalho decente, economia verde, segurança e saúde no trabalho.
Continuação da matéria do número anterior.
Informações sobre o mercado brasileiro de óleos e graxas.
Crônica bem humorada sobre as dificuldades de escolha de um óleo.
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Programa Embalagem de óleo lubrificante com destino certo Por: Tatiana Fontenelle
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om o crescimento da população, houve um aumento significativo de veículos e, consequentemente, dos óleos lubrificantes utilizados pelos motores desses veículos. O mundo moderno passou a produzir cada vez mais produtos de consumo que geram lixo orgânico e resíduos e são descartados em aterros improvisados, vias públicas, vias de água e sistemas de drenagem da água pluvial. Hoje, com a inovação tecnológica, já existem recursos para que resíduos adequadamente coletados gerem matéria-prima para a produção de novos produtos minimizando o desperdício. A consciência da responsabilidade ambiental é um dos principais objetivos do “Programa Jogue Limpo”. De acordo com o Coordenador do Programa, Maurício Sellos, as embalagens plásticas dos lu-
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brificantes usados agora têm novo destino: “Temos equipes especializadas e treinadas para a reciclagem de toneladas de embalagens de óleo em postos, estendendo essa iniciativa para as trocas de óleo, concessionárias e outras fontes geradoras desse tipo de produto”. Sellos destaca ainda que o estabelecimento deve ter acumulado pelo menos uma quantidade equivalente, em volume, a um tambor de 200 litros (recipiente padrão destinado ao armazenamento temporário das referidas embalagens).Em peso, esse volume corresponde a aproximadamente 10 kg de embalagens plásticas usadas de lubrificantes. O “Jogue Limpo” teve início em 2005, no estado do Rio Grande do Sul, antes da Lei Nacional de Resíduos Sólidos. Foi uma iniciativa do Sindicom e associadas do mercado de fabricação e importação
de óleos lubrificantes, que fazem parte da gestão operacional do Programa. De acordo com o Presidente Executivo do Sindicato, Alízio Vaz, o Programa começou a ser implementado no Rio de Janeiro há dois anos, com uma coleta e reciclagem de 133 toneladas de plástico no estado em 2011, o que equivale a 2,7 milhões de embalagens: “Temos oito caminhões já circulando pelo estado e três centrais de tratamento já em funcionamento. Queremos terminar o ano com 8 milhões de embalagens de óleo recicladas no Rio de Janeiro”. Para o Secretário do Quantidade de embalagens recicladas (em milhões de unidades) Ambiente, Carlos Minc, a logística reversa permite ganho de energia e de matéria prima, além de redução tores que ainda estão relutantes, mas o de lubrificandas emissões de gases do efeito estufa. “É uma alegria tes se organiza desde antes da aprovação da Política ver a logística reversa funcionar de fato. Há muitos se- Nacional”, completou o Secretário.
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neficia economicamente com a comercialização de um produto passa a compartilhar, juntamente, como os consumidores, com a responsabilidade pela destinação adequada de seus resíduos e de suas embalagens. Estão incluídos no segmento de lubrificantes os fabricantes, importadores, comerciantes atacadistas e comerciantes varejistas. Cada segmento identificado pela Lei tem a possibilidade de firmar com o governo federal um Acordo Setorial. A proposta é definida por um grupo de trabalho composto por representantes do Ministério do Meio Ambiente - MMA e dos segmentos envolvidos, sendo em seguida submetida ao Comitê Interministerial de Orientação da Logística Reversa que, após um processo de consulta pública, gera a forma final do acordo setorial. De acordo com Sellos, os acordos setoriais possuem os seguintes pressupostos: obrigação de destinação ambientalmente adequada dos resíduos sólidos, por meio de reciclagem, recuperação ou demais formas de destinação, respeitando a classificação do resíduo, preferencialmente em território nacional; é também dever dos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e do poder público implantar, de forma individualizada e encadeada, a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, além de os responsáveis pelos óleos lubrificantes envasados em embalagens plásticas (fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes) estruturarem e implementarem um sistema de logística reversa mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos.
Termo de compromisso de logística reversa Acordo setorial Foi firmado, no dia 04 de junho deste ano, o Termo de Compromisso de logística reversa de embalagens plásticas de óleo lubrificante, visando à implementação de um sistema de coleta e encaminhamento à reciclagem, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos. O acordo setorial, pioneiro no Rio de Janeiro, foi assinado pelo Secretário do Ambiente, além de titulares dos Sindicatos do setor, como o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes – SINDICOM. Essa política, entre outras inovações, institui o conceito de responsabilidade compartilhada, no qual todo o segmento produtivo que se be8
O Termo de Compromisso para Logística Reversa de Embalagens Plásticas Usadas de Lubrificantes tem por objeto formalizar a implementação do Sistema de Logística Reversa para recebimento, armazenamento e destinação final, preferencialmente reciclagem, de embalagens plásticas usadas de óleos lubrificantes. Já foram assinados os TCs com os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Os demais estados em que o Programa Jogue Limpo atua, (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) estão em análise. Segundo o Coordenador, há um Sistema de Logística Reversa das embalagens plásticas, composto de Pontos de Recebimento, Centrais de Recebimento e Sistema de Recebimento Itinerante especializado.
As entidades de classe signatárias do Termo de Compromisso concordaram e se comprometem a manter em operação o SISTEMA para atendimento ao comércio varejista (em postos de serviço e concessionárias de veículos) e comércio atacadista, disponibilizando-o em 100% dos municípios do Estado do Rio de Janeiro no ano de 2012. Em caso de não utilização do Sistema gratuito disponibilizado pelos fabricantes, importadores e comerciantes atacadistas, os postos de serviços e concessionárias poderão contratar outra empresa destinadora para as embalagens usadas de óleo lubrificante armazenadas em seus Pontos de Recebimento. Nessa hipótese, os comerciantes varejistas ficam diretamente responsáveis por encaminhar ao órgão ambiental estadu-
al, anualmente, ou disponibilizar eletronicamente online, relatório de informações sobre a destinação de suas embalagens plásticas recebidas e encaminhadas para reciclagem.
Fiscalização O “Programa Jogue Limpo” tem por objetivo receber todas as embalagens usadas de lubrificantes que lhe forem entregues pelos pontos geradores definidos nos Termo de Compromisso / Acordo Setorial. O peso de cada recebimento é transmitido online para o site do Programa com registro no CNPJ do ponto gerador. As embalagens recebidas vão para as Centrais do Sistema e posteriormente para as recicladoras. De acordo com o coor-
denador, os órgãos estaduais e municipais de meio ambiente têm acesso direto ao banco de dados do Sistema através do site do Programa para fiscalizar os pontos geradores e certificar-se de que a totalidade das embalagens usadas recebidas são enviadas para a reciclagem. “Este é um diferencial importante e pioneiro em informatização de controles, permitindo fiscalização online do Programa pelos órgão ambientais”, concluiu Sello.
Tatiana Fontenelle Jornalista pósgraduada em telejornalismo
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FILTROS DE AR DISSECANTES
Considerações sobre uso de filtros de ar dissecantes e de particulados para uso em tubos de respiro de redutores de velocidade, sistemas hidráulicos e turbinas a vapor, gás natural e hidráulicas Por: Marcos Thadeu G. Lobo
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rande parte dos redutores de velocidade, sistemas hidráulicos e turbinas a vapor, gás natural e hidráulicas não possuem filtros de ar dissecantes e para particulados instalados nos tubos de respiro permitindo a contaminação do óleo lubrificante por água e partículas abrasivas
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A água, além de provocar a oxidação das superfícies metálicas (ferrugem), provoca a redução da lubricidade do óleo lubrificante e acelera a sua oxidação, reduzindo a sua vida útil e a do equipamento. Como forma de se evitarem as “chuvas” que ocorrem no interior dos redutores de velocidade, sistemas hidráulicos e equipamentos similares, é recomendável o uso de filtros de ar dissecantes nos tubos de respiro dos referidos equipamentos, a fim de se diminuir a contaminação do óleo lubrificante por água.
Óleos lubrificantes de redutores de velocidade, sistemas hidráulicos e turbinas a vapor, gás natural e hidráulicas contaminados por água e partículas abrasivas oriundas do meio externo provocam rápido desgaste das peças móveis. Esse desgaste é retroalimentado pelas partículas metálicas que se formam provenientes das peças metáli-
cas, que passam a contaminar o óleo lubrificante, e este, ao invés de lubrificar, passa a atuar como uma pasta abrasiva. Porém, muitos OEM ainda evitam instalar, nos equipamentos que fornecem, filtros de ar dissecantes e de particulados nos tubos de respiro, e muitos usuários, por desconhecimento ou questão de custos, hesitam em instalar por conta própria esses dispositivos. O investimento em filtros de ar dissecantes e de particulados pode não ser imediatamente mensurável mas, com certeza, será rapidamente compensado com o aumento da vida útil do equipamento. A contaminação pela água oriunda de lavagem ou da umidade existente no ar pode afetar o óleo lubrificante de redutores de velocidade, sistemas hidráulicos, turbinas hidráulicas, a gás natural e a vapor diminuindo sensivelmente, mesmo quando em quantidades mínimas, a vida útil de mancais de rolamento, conforme se pode ver no gráfico acima. Para impedir a contaminação dos óleos lubrificantes por umidade e partículas abrasivas, já existem no mercado vários fornecedores de filtros de ar dissecantes e de particulados próprios para instalação nos tubos de respiro de redutores de velocidade, sistemas hidráulicos, turbinas hidráulicas, gás natural e a vapor, que contribuirão para evitar a contaminação do óleo lubrificante por água e particulados, proporcionando considerável aumento na vida útil dos citados equipamentos, evitando paradas imprevistas e gastos desnecessários.
Marcos Thadeu G. Lobo é Engenheiro Mecânico e Consultor Técnico em Lubrificação da Petrobras Distribuidora S.A.
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Compartilhamos a alegria de comemorarmos mais um aniversรกrio com nossos leitores, colaboradores e patrocinadores. Patrocinador Ouro
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Muita com a
atenção
viscosidade do
lubrificante! Por: Antonio Traverso
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odos que lidam com lubrificantes e lubrificação sabem, ou deveriam saber, o que é viscosidade e, deste “saber”, extrair um conhecimento prático e de valor para as suas respectivas atividades. De nada adianta sabermos que a viscosidade é a resistência do fluido ao movimento e que a viscosidade é medida no laboratório em viscosímetros, através de tubos capilares colocados verticalmente sob temperaturas controladas. É necessário sabermos que esta forma de medida de viscosidade é chamada viscosidade cinemática, é reportada em centistokes e expressada em centíme-
tros quadrados por segundo. Entretanto é mais importante percebermos como a propriedade mais importante do lubrificante pode participar do dia a dia do profissional da lubrificação, permitindo que este profissional aperfeiçoe o seu trabalho e, em consequência, o desempenho dos equipamentos sob sua responsabilidade. Podemos dizer que a viscosidade é a propriedade integradora e controladora de diversas características nos lubrificantes relativas ao atrito, fricção e desgaste, entre outras. Dessa forma, a viscosidade desempenha um papel relevante na busca de eficiência energética através da lubrificação. Portanto, assegurar a viscosidade apropriada é um caminho prioritário e mandatório para a boa lubrificação. Para percebermos melhor, tomemos como exemplo prático um grande conjunto de moto-bomba de uma empresa do setor de petróleo. Esse equipamento encontrava-se com sérios problemas de vibração e, por conta desse problema, passou a demandar cuidados extras de manutenção e supervisão. A equipe de manutenção responsável passou a “conviver” com o problema, contando que ele pudesse ser eliminado na próxima parada de manutenção. Logo após tomarmos conhecimento do problema, o cliente levou-nos ao campo para conhecermos o equipamento e a sua respectiva preocupação. Após conhecermos o equipamento, o seu princípio 13
de funcionamento e particularmente o seu sistema de lubrificação, perguntamos ao cliente qual era a viscosidade do óleo utilizado. Prontamente o mecânico respondeu: é um 68. Perguntei novamente, já que para aquele tipo de equipamento não me parecia a viscosidade adequada. O mecânico confirmou: é um óleo 68, pô! Segundos após a resposta, nossa equipe já estava procurando as placas do equipamento, tanto do conjunto (skid) quanto da bomba e do motor propriamente. Encontramos as placas do motor e da bomba, sendo que da placa da bomba só restavam vestígios, e a placa do motor estava bastante castigada com anos a fio de sol e chuva e algumas rebarbas de demãos de pintura. Olha de cá, olha de lá, de costas para o sol e fugindo de qualquer reflexo, enxergamos no cantinho da placa – viscosidade do óleo: ISO 46. Muito interessante, pensei com os meus botões. Voltamos para o escritório para checar a informação e infelizmente o histórico do equipamento não dizia muita coisa. Então decidimos recomendar a troca do ISO 68 para o ISO 46 imediatamente e adicionalmente manter a atenção no processo supervisório do equipamento. A surpresa, boa, não tardou uma semana: a vibração caiu completamente, e a temperatura do óleo e do equipamento como um todo caiu em mais de 8°C.
Figura 1: Temperatura nos Mancais
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Adicionalmente, mais adiante, o cliente vai notar que o óleo vai durar mais tempo na moto-bomba, o desgaste vai diminuir e o rendimento mecânico vai aumentar, sem mencionar que talvez o cliente vá prescindir de uma preditiva onerosa para esse equipamento. Muito benefício para um simples ajuste de viscosidade.
Figura 2: Curva de Stribeck
Porém há situações em que se quer, e se precisa, mais do que simplesmente ajustar a viscosidade, considerando que já se chegou ao ajuste máximo da viscosidade e ao máximo aproveitamento das propriedades reológicas do fluido. Então o que fazer? Não resta dúvida: ou se trocam os “ingredientes” do lubrificante ou se adiciona mais algum(s). Mais uma vez, é melhor começar pelo mais importante: focar na análise do ingrediente predominante, isto é, o óleo básico que em grande parte vai determinar a viscosidade do lubrificante acabado. Em geral é o meio mais econômico e mais eficaz. Nesse momento, chegou a hora de se pensar em óleos básicos com propriedades reológicas superiores, para se melhorarem as características de atrito e tração do óleo, assim como a espessura ótima do filme lubrificante. Vejamos a curva de Stribeck da figura 2, em que se relaciona o atrito entre as superfícies de um mancal carregado com o regime de lubrificação e a grandeza adimensionalηv/P, conhecida por número de Gumbel. Esse número também é proporcional à espessura do filme do lubrificante no mancal. O bom projeto de lubrificação almeja uma operação na aérea hachuriada do gráfico, isto é em uma região de lubrificação hidrodinâmica imediatamente após a região de lubrificação mista, visando à espessura ótima do filme lubrificante e ao mínimo de atrito. Com a utilização de óleos básicos mais avançados, consegue-se fazer com que essa curva seja mais flat ou mais geometricamente comportada, o que significa mais estabilidade em termos de variação do coeficiente de atrito e o n° de Gumbel
“oscilando” comportado dentro da região de projeto. Isso ocorrendo, teremos menos atrito, menos variação da viscosidade, menos dissipação de energia e menos oxidação do óleo, resultando em maior eficiência da lubrificação. Em redutores em que as perdas devido à intensidade do atrito e do cisalhamento, à agitação e ao próprio choque do óleo contra as engrenagens são muito intensas, uma das estratégias mais promissoras de aumento da eficiência desses conjuntos de potência é a utilização de óleos de base sintética no lugar do óleo mineral, pois esses óleos têm coeficientes de tração muito inferiores aos óleos minerais, podendo chegar a ser 30% menores, assim como outras propriedades reológicas superiores. Atribui-se parte dessas características a uniformidade molecular dessas bases sintéticas. Os altos IVs encontrados nas bases sintéticas também conferem aos lubrificantes acabados vantagens adicionais em termos de estabilidade na espessura do filme lubrificante e, consequentemente, na estabilidade do regime de lubrificação hidrodinâmica. Do ponto de vista de conservação energética, a redução de atrito com a utilização de óleos sintéticos pode variar 0,5% a 8%, dependendo do tipo de engrenagens e do número de estágios de en-
grenamento. Em engrenagens sem-fim, a redução pode chegar a 8% com o uso de sintéticos com base de polialquilenoglicóis PAGs. A melhoria da eficiência energética de redutores através do ajuste da viscosidade, como exemplificado no início do artigo, ou pela substituição de óleo mineral por óleo sintético corretamente balanceado/aditivado, pode vir a significar, em termos de economia de energia primária de uso industrial no Brasil, algo em torno de 250MW, energia suficiente para abastecer totalmente uma cidade de 400.000 habitantes. Dessa forma, ter muita atenção com a viscosidade correta no óleo mineral ou no óleo sintético é o caminho sem volta na conquista de uma lubrificação econômica, racional e operacionalmente correta. A propósito, qual é a viscosidade do óleo de seu equipamento mais instável ou problemático, em termos de lubrificação?
Antonio Traverso Júnior é engenheiro e Consultor Sênior de Lubrificantes da Gerência de Grandes Consumidores da Petrobras Distribuidora.
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Expectativa do Fabricante de Rolamentos A Ótica do Consumidor
Será que qualquer graxa que se intitule como uma Multipurpose serve para rolamentos? Por: Sérgio Spaziani
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á não é mais suficiente oferecer graxas ao mercado apenas com referências em boletins técnicos de que se aplicam para lubrificar rolamentos. Os requisitos exigidos aos lubrificantes são cada vez maiores, em função da necessidade de se reduzirem custos de manutenção, aumentar a disponibilidade das máquinas e minimizar o consumo específico de graxas lubrificantes. Sendo assim, as graxas antes chamadas de multipurpose, ou simplesmente uma graxa para múltiplas aplicações, tiveram que se aperfeiçoarem e passar por mais ensaios físico-químicos e de desempenho, até então somente exigidos para graxas de elevada performance. Um caso exemplar é uma graxa que, embora construída com espessantes tradicionalmente conhecidos, como o 12-hidróxido estearato de lítio, óleos minerais de predominância parafínica de básicos europeus e um grupo de aditivos, não atenderia mais hoje em dia as necessidades de uma graxa para rolamentos.
Qual é o diferencial então? Na visão dos fabricantes de rolamentos, as exigências são distintas e mais severas. Não se admite dizer que uma graxa é adequada à aplicação de rolamentos sem que se submeta a testes envolvendo rolamentos. Há equipamentos que simulam como uma graxa de lítio se comportaria em determinadas condições impostas a um rolamento. Por esse motivo, é possível oferecer ao mercado industrial um produto que já foi comprovadamente eficaz na aplicação de rolamentos. Os testes impostos atualmente são mais do que suficientes para garantir à indústria que uma graxa é realmente e comprovadamente adequada à lubrificação de rolamentos.
Gota, Viscosidade Cinemática mm2/s do óleo básico a 40 e 100 ºC e a Penetração Trabalhada sob 60 golpes expressa em 10 -1 mm, também foram desenvolvidos outros testes para julgar melhor o nível de desempenho de uma graxa. Um deles é o V2F, que tem o objetivo de verificar qual é o volume de vazamento que uma graxa oferece e qual seria a modificação na sua consistência NLGI se fosse submetida a altas vibrações. Previamente ela é submetida a 100.000 golpes descritos no ensaio ASTM-D-217; sujeita ao teste de esmagamento por um rolo de 5 Kg numa câmara contendo 50 gramas de graxa a 80 ºC como descrito no ASTM-D-1831 Roll Stability Test e, por fim, entra no procedimento V2F. Este teste simula uma condição real de campo muito encontrada em man-
Que testes são esses afinal? Além dos testes tradicionalmente impostos para produtos semelhantes, tais como o Ponto de
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Máquina de Teste de graxas sob altas vibrações – SKF V2F
cais de rolamento autocompensador de rolos em altas vibrações. Também não é admitida uma redução na consistência, isto é, um amolecimento da graxa maior que 50 décimos de milímetros acima do limite superior do grau NLGI 2, em caso contrário, se fará notório o vazamento pelo mancal. Como dizer que uma graxa possui grande resistência à ação da água sem que se submeta ao teste específico? É ele o principal ensaio que visa avaliar essa característica, fazendo um rolamento ficar submerso a um banho de água destilada assim como em água do mar. O rolamento alterna durante um ciclo de teste definido, entre parado e trabalhando, a uma rotação de 80 rpm. Essa rotação é proposital, já que, quanto menor, maior a dificuldade de a graxa se livrar da água. No final do teste, é avaliado o grau de corrosão impresso na
pista do anel externo de um rolamento. Tamanha é a importância desse teste, que a própria organização ISO resolveu adotá-la, criando a norma 11007. De igual forma, como saber se uma graxa tem a capacidade de lubrificar um rolamento, sem que se faça passar pelo R2F? O teste A é realizado à temperatura ambiente e o teste B a 120 ºC. Na condição B, a graxa fica num rolamento rígido de esferas submetido tanto a cargas radiais como axiais. Se a graxa for aprovada no teste A, isso significa que ela pode ser utilizada para lubrificar rolamentos de grandes dimensões e em temperaturas de funcionamento normais com pouca vibração. Se for aprovada no teste B, ela está adequada aos rolamentos de grandes dimensões sob elevadas temperaturas. A corrosão ao cobre, por exemplo, tem por objetivo mensurar qual é a força máxima de manchamento que uma graxa pode imprimir numa escala padrão de manchas. O intento é previamente avaliar se ela é ou não adequada para aplicações em rolamentos contendo gaiolas com ligas do cobre. Não obstante tudo isso, é requerido à uma graxa para rolamentos que também demonstre o seu comportamento sob outras normas reconhecidamente internacionais, tais como a DIN – 51817-7, a qual mensura percentualmente o quanto uma graxa perderia de seu próprio óleo básico, se fosse aplicada uma carga de 100 g sobre ela. Altos percentuais de perda demonstram que há uma falha na homogeneidade do produto e que o processo de fabricação não é tão apurado, impactando diretamente no curto período de armazenagem. Em respeito àquilo que diz a norma DIN 51825, as graxas devem ser enquadradas pelas suas áreas de atuação, tal como K 2 K – 30. A letra “K” garante pela referida norma que a graxa é aplicada para rolamentos. O segundo “K“ após o número que expressa o grau NLGI atesta que ela é apta até + 120 ºC. E por fim o – 30 é a sua temperatura operacional mínima. Esse enquadramento é uma tradução ao cliente final de que o processo de fabricação está sujeito a normas, garantindo a alta qualidade do produto. Uma graxa só poderia ser aplicada em rolamentos encontrados em tão variados equipamentos, tais como agrícolas, rodas de veículos, esteiras transportadoras, motores elétricos e ventiladores industriais, se efetivamente tivesse sido testada em ensaios que reflitam essas realidades.
Sérgio Spaziani é gerente de Produtos Lubrificantes da SKF do Brasil
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S.M.S.
SAÚDE - MEIO AMBIENTE - SEGURANÇA
Uma Integração Estratégica
TRABALHO DECENTE, ECONOMIA VERDE, SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO Por: Maria Christina Rodrigues Menezes e Newton Richa
Na percepção dos autores, Trabalho Decente é aquele capaz de garantir uma vida digna, exercido em condições de liberdade e equidade, de forma segura e saudável, e remunerado de forma a assegurar o acesso aos bens e serviços essenciais à realização profissional e à plena cidadania. O conceito de Trabalho Decente foi formalizado pela OIT em 1999 e sintetiza a sua missão histórica de promover oportunidades para que homens e mulheres possam ter um trabalho produtivo e de qualidade, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humanas, como condição fundamental para a superação da pobreza, a redução das desigualdades sociais, a garantia da governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável. A promoção do Trabalho Decente constitui um requisito fundamental para o cumprimento da missão histórica da OIT. A promoção do Trabalho Decente constitui uma prioridade política do Governo Brasileiro, assim como dos demais governos do hemisfério americano. O tema foi discutido em 11 conferências e reuniões internacionais de grande relevância, realizadas entre setembro de 2003 e novembro de 2005. Na Resolução da Assembleia Geral da ONU, adotada em setembro de 2005, os chefes de Estado e de Governo definiram o Trabalho Decente como um objetivo nacional e internacional, nos seguintes termos: “Apoiamos firmemente uma globalização justa e resolvemos fazer com que os objetivos do emprego pleno e produtivo e o trabalho decente para todos, especialmente para as mulheres e os jovens, sejam uma meta fundamental das nossas políticas nacionais e internacionais e de nossas estratégias nacionais de desenvolvimento, incluindo as estratégias de redução da pobreza, como parte de nossos esforços para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.”
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Como resultado da Cúpula das Américas, 34 chefes de Estado e de Governo de todo o hemisfério americano assinaram a Declaração e o Plano de Ação de Mar del Plata, nos quais reafirmam: “(...) nosso compromisso de combater a pobreza, a desigualdade, a fome e a exclusão social para melhorar as condições de vida de nossos povos e fortalecer a governabilidade democrática nas Américas. Conferimos ao direito ao trabalho, tal como está estipulado nos instrumentos de direitos humanos, um lugar central na agenda hemisférica, reconhecendo assim o papel essencial da criação de trabalho decente para a realização desses objetivos.” (Parágrafo 1º da Declaração de Mar del Plata)
Agenda Nacional de Trabalho Decente Outros fóruns internacionais têm dedicado especial atenção a determinados aspectos do Trabalho Decente, seja priorizando as ações de combate ao trabalho infantil e ao trabalho escravo, seja promovendo uma política de respeito à igualdade no mundo do trabalho, em especial no âmbito do Mercosul. Além disso, o Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC) elegeu a “criação de um ambiente no âmbito nacional e internacional que propicie a geração de emprego pleno e produtivo e de trabalho decente para todos, e suas consequências sobre o desenvolvimento sustentável” como tema central da agenda de suas sessões de alto nível realizadas em Nova York, nos dias 4 e 5 de abril de 2006. No Brasil, a promoção do Trabalho Decente passou a ser um compromisso assumido entre o governo brasileiro e a OIT a partir de junho de 2003, com a assinatura, pelo Presidente da República,
S.M.S. Luiz Inácio Lula da Silva, e pelo Diretor-Geral da OIT, Juan Somavia, do Memorando de Entendimento, que prevê o estabelecimento de um Programa Especial de Cooperação Técnica para a Promoção de uma Agenda Nacional de Trabalho Decente, em consulta às organizações de empregadores e de trabalhadores. Esse documento estabelece quatro áreas prioritárias de cooperação: a) geração de emprego, microfinanças e capacitação de recursos humanos, com ênfase na empregabilidade dos jovens; b) viabilização e ampliação do sistema de seguridade social; c) fortalecimento do tripartismo e do diálogo social; d) combate ao trabalho infantil e à exploração sexual de crianças e adolescentes, ao trabalho forçado e à discriminação no emprego e na ocupação. De acordo com o Memorando de Entendimento, caberá a um Comitê Executivo, composto pelos diversos ministérios e secretarias de Estado envolvidos com os temas aludidos e coordenado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a responsabilidade pela formulação de projetos nas áreas prioritárias de cooperação, bem como a tarefa de mobilizar os recursos técnicos e financeiros necessários para a implementação, o monitoramento e a avaliação desses projetos. Dando seguimento a essa iniciativa, o Governo brasileiro e a OIT, em consulta às organizações de empregadores e de trabalhadores, elaboraram a Agenda Nacional de Trabalho Decente. A definição das prioridades da Agenda Nacional de Trabalho Decente levou em consideração os eixos programáticos previstos no Plano Plurianual (PPA) 2004-2007, os resultados apresentados no Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, bem como os objetivos da Agenda Nacional de Desenvolvimento, elaborada pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). Foram considerados também os seguintes documentos: a) a proposta de uma política nacional de emprego elaborada pela seção nacional do Grupo de Alto Nível de Emprego (GANE), como contribuição à Estratégia Mercosul de Crescimento do Emprego, em elaboração pelo GANE-Mercosul; b) a Agenda Hemisférica para Promover o Trabalho Decente nas Américas, elaborada pela OIT e que foi apresentada pelo seu Diretor-Geral por ocasião da XVI Reunião Regional Americana da OIT, que ocorreu em Brasília de 2 a 5 de maio de 2006; c) o Marco de Assistência das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDAF) 2007-2011 para o Brasil, preparado pela Equipe das Nações Unidas no País (UNCT); d) a Plataforma
Laboral das Américas, elaborada pelo Movimento Sindical das Américas; e) a Declaração Conjunta da Comissão Empresarial de Assessoramento Técnico em Assuntos Trabalhistas (CEATAL) e do Conselho Sindical de Assessoramento Técnico (COSATE), adotada durante a XIV Conferência Interamericana de Ministros do Trabalho da OEA. A Agenda Nacional de Trabalho Decente estrutura-se a partir de três prioridades: 1- Gerar Mais e Melhores Empregos, com Igualdade de Oportunidades e de Tratamento; 2- Erradicar o Trabalho Escravo e Eliminar o Trabalho Infantil, em especial em suas piores formas; e 3- Fortalecer os Atores Tripartites e o Diálogo Social como um instrumento de governabilidade democrática. As linhas de ação da Agenda Nacional de Trabalho Decente contemplam as condições de trabalho e enfatizam a importância da implementação de uma Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho, oficializada pelo Decreto 7602/2011, e a identificação de mecanismos e o desenvolvimento de ações voltadas à garantia de um ambiente de trabalho seguro e saudável. Na perspectiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a Economia Verde resulta em melhoria do bem-estar humano e da igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz, significativamente, os riscos ambientais e a escassez ecológica. Sustenta-se em três pilares: pouco intensiva em carbono; eficiente no uso de recursos naturais; e socialmente inclusiva. A Economia Verde é uma expressão de significados e implicações ainda controversos. Assumida oficialmente pela comunidade internacional na Eco-92, gradualmente, foi tomando o lugar do termo “ecodesenvolvimento” nos debates e formulação de políticas envolvendo ambiente e desenvolvimento. A ideia central da Economia Verde é que o conjunto de processos produtivos da sociedade e as transações deles decorrentes contribuam cada vez mais para o Desenvolvimento Sustentável, principalmente em seus aspectos sociais e ambientais. Para isso, propõe como essencial que, além das tecnologias produtivas e sociais, sejam criados meios pelos quais fatores essenciais ligados à sustentabilidade socioambiental, hoje ignorada nas decisões econômicas estratégicas, passem a ser considerados. De forma mais pragmática, a Economia Verde pode ser encarada como uma ferramenta de mudança, que visa articular diferentes instrumentos e práticas econômicas capazes de dar centralidade à conexão entre questões sociais e ambientais. A chave para isso seria traduzir tais questões em linguagem econômica, viabilizando sua rápida incorporação aos
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O desafio central da Economia Verde é utilizar o poder da economia para dar força às propostas de sustentabilidade
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S.M.S. processos de análise e decisão cotidianamente adotados por consumidores, empresas, governos e demais atores sociais. Nesse contexto, o desafio central da Economia Verde é utilizar o poder da economia para dar força às propostas de sustentabilidade, com justiça social e proteção ambiental. Para isso, torna-se necessário construir um sistema de instituições e políticas, com efetivo controle social, voltado a direcionar a atividade econômica no rumo desejado. Segundo a OIT, apoiam-se em seis grandes eixos as mudanças necessárias para que as atividades econômicas no Brasil voltem-se para a Economia Verde: 1.Maximização da eficiência energética e substituição de combustíveis fósseis por fontes renováveis; 2.Valorização, racionalização do uso e preservação dos recursos naturais e dos ativos ambientais; 3.Aumento da durabilidade e reparabilidade dos produtos e instrumentos de produção; 4.Redução da geração, recuperação e reciclagem de resíduos e materiais de todos os tipos; 5.Prevenção e controle de riscos ambientais e da poluição visual, sonora, do ar, da água e do solo; e 6.Diminuição dos deslocamentos espaciais de pessoas e cargas. O documento “Workers’ health: global plan for action”, aprovado na 60ª Assembleia Mundial de Saúde, em 2007, descreve um panorama mundial em que os trabalhadores, responsáveis pela produção de bens e serviços para toda a sociedade, representam a metade da população global é, ainda hoje, em pequena minoria, têm acesso a serviços de saúde no trabalho. Nesse contexto, vale citar o Relatório Europeu de Saúde de 2009 (The European Health Report 2009), que alerta que a exposição perigosa no local de trabalho está entre os dez fatores de risco mais importantes que afetam a carga global de doenças no continente. O documento aponta que, a cada ano, cerca de 300.000 pessoas morrem de doenças ocupacionais e 27.000 de acidentes de trabalho na região. As doenças ocupacionais e as lesões causadas por acidentes do trabalho resultaram em uma perda de cerca de 4% do PIB europeu em 2009. No Brasil, as perdas não devem ser menores. A simples observação demonstra a precariedade dos ambientes e condições de trabalho existentes no país. Os brasileiros que conseguem sobreviver às péssimas condições de vida na infância, impostas pela pobreza, e buscam inserção no mercado de trabalho, ainda dotados de integridade física e mental, muitas vezes passam a se submeter a elevados riscos de acidentes e a condições insalubres capazes de corroer sua saúde a médio e longo prazos. Os autores têm a convicção de que as questões de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) devem ocupar a centralidade no processo de construção do Trabalho Decente e da Economia Verde. A superação dos desafios aqui apresentados depende de ações em diferentes níveis de responsabilida-
9
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de pela SST. Assim, em nível governamental, cabe ao Poder Legislativo criar leis apropriadas; ao Poder Executivo, elaborar a regulamentação técnica com base na legislação e fiscalizar o seu fiel cumprimento; e ao Poder Judiciário, punir o desrespeito às leis. Os dirigentes empresariais e de outras organizações devem adotar a legislação de SST como base do Sistema de Gestão das instituições sob sua responsabilidade e, nesse propósito, aprovar uma política de SST, atribuir responsabilidades, assegurar recursos humanos e materiais apropriados, promover melhoria contínua e incluir o desempenho em SST na avaliação global dos negócios. Aos gerentes nos diversos níveis compete comunicar os perigos aos trabalhadores, gerenciar os riscos, assegurar clima organizacional harmônico e solidário e compatibilizar os objetivos operacionais com a prevenção de acidentes e doenças do trabalho. Finalmente, cada trabalhador deve estar capacitado a identificar os perigos de acidentes e doenças do trabalho, adotar hábitos seguros e saudáveis, usar equipamentos de proteção coletiva e individual. Melhorias contínuas na área de SST dependerão de sua inclusão em todos os níveis do Sistema Nacional de Ensino para desenvolver e consolidar uma cultura de SST no país. Por oportuno, vale citar que se encontra em fase de votação, no Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educação para o decênio 2011-2020 (PNE - 2011/2020). Em sua proposta inicial, o Plano incluía em suas diretrizes a formação para o trabalho, a promoção da sustentabilidade socioambiental e a promoção humanística, científica e tecnológica do país, que dão suporte às questões relacionadas ao Trabalho Decente e à Economia Verde. A inserção criteriosa de conteúdos de SST no PNE - 2011/2020, levando em consideração a Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho em vigor, pode contribuir decisivamente no salto qualitativo que sonhamos para o país, que contempla, sem dúvida, o Trabalho Decente e a Economia Verde.
Maria Christina Rodrigues Menezes é Médica do Trabalho e Superintendente de Saúde, Segurança e Ambiente de Trabalho. Secretaria de Estado do Trabalho e Renda Governo do Estado do Rio de Janeiro
Newton Richa é Médico do Trabalho e Consultor de SMS do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis - IBP
Modernização da
Lubrificação em Destilarias de Álcool e Usinas de Açúcar - Parte 2 Por: Marcos Thadeu Giacomini Lobo
D
ando continuidade ao estudo da modernização da lubrificação das destilarias de álcool e usinas de açúcar, vamos analisar, a seguir, a lubrificação de uma das partes mais vitais dessas plantas industrais, que são as moendas para extração do caldo a ser utilizado na fabricação do álcool e do açúcar. As moendas, compostas por rolos de entrada, saída e superior, são equipamentos mecâni-
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cos sujeitos a elevadíssimos esforços e trabalham sob condições extremamente adversas, e paradas não programadas durante a safra provocam elevadas perdas às destilarias de álcool e usinas de açúcar. Daí a elevada responsabilidade na formulação do óleo lubrificante para uso nos mancais dos eixos das moendas, tendo em vista a importância vital que esse equipamento representa no processo produtivo de uma planta sucroalcooleira Os eixos das moendas são apoiados em mancais de deslizamento ou planos, geral-
mente de bronze (casquilhos), refrigerados à água (encamisados) e com lubrificação por perda total. A lubrificação por perda total serve, também, para remover impurezas (água e particulados) que, por melhor que seja a vedação dos referidos mancais, conseguem penetrar nas folgas entre o munhão e o mancal, causando abrasão e desgaste prematuro das superfícies metálicas, se não forem retiradas periodicamente pelo óleo lubrificante.
Casquilhos de mancais de moenda
A introdução do óleo lubrificante nos mancais de moenda é realizada por sistema de lubrificação pressurizada e com temporização. Aqui há um grande desafio aos formuladores de lubrificantes pois, como o lubrificante não é reaproveitado após o ciclo de lubrificação, os usuários desejam que o lubrificante permaneça nas folgas entre eixo e mancal o maior tempo possível, que a lubrificação reduza ao máximo o desgaste, refrigere bem os mancais e remova as sujidades com a máxima eficiência e que o consumo seja o menor possível com vistas a se reduzir, ao mínimo, os gastos com o lubrificante. O consumo, nesse caso, é tão vital que se criou parâmetro para verificar a eficiência da lubrificação, o g/ton cana moída. Até há bem pouco tempo, os lubrificantes para uso em mancais de moenda eram de base asfáltica com os inconvenientes já conhecidos: baixo Índice de Viscosidade - IV e formação inadequda de película lubrificante, elevado Ponto de Fluidez e dificuldade no bombeamento do óleo lubrificante em períodos de inverno, pouca amigabilidade ao meio ambiente e dificuldade em seu descarte. Porém, o custo dos lubrificantes de base asfáltica é baixo e, como o sistema de lubrificação dos mancais de moenda é por perda total, os inconvenientes acima mencionados compensavam. Porém, dificuldades no descarte dos óleos de base asfáltica, restrições por parte dos compradores de açúcar ao uso desses produtos e projetos
mais avançados de moendas no que diz respeito às vedações dos eixos e mancais de moenda levaram ao desenvolvimento de óleos sintéticos e semissintéticos com bases não asfálticas. Estes novos lubrificantes, além de proporcionarem uma melhor lubrificação aos mancais de moenda, possuem maiores IVs e, também, menores Pontos de Fluidez, que evitam a obstrução das tubulações de lubrificação no inverno. Além do mais, são produtos muito mais amigáveis ao meio ambiente em face de sua melhor biodegradabilidade, o que é altamente desejável nos dias de hoje, quando as normas de proteção ambiental vêm se tornando cada vez mais rígidas. Os lubrificantes de base asfáltica costumam ter viscosidades variando de 3.200 cSt a 4.600 cSt a 40 ºC, podendo ser utilizados, no entanto, produtos de viscosidades bem mais elevadas como, por exemplo, 12.000 cSt a 40 ºC ou ainda maiores. Porém, dada a lubricidade deficiente desses óleos lubrificantes, o seu consumo é relativamente alto, pois demandam ciclos de injeção de lubrificantes em intervalos menores, para compensar a lubricidade deficiente, ficando esse consumo geralmente na faixa de 7,0 até 15,0 g/ton de cana moída. Porém, há que se deixar claro que o consumo de óleo lubrificante não se deve exclusivamente ao tipo de base empregado na elaboração do produto, sendo função, também, do projeto de vedação dos eixos e mancais da moenda. No entanto, tem-se verificado que os óleos lubrificantes sintéticos ou semissintéticos, por terem uma lubricidade bastante melhor que os produtos de base asfáltica, têm um consumo bastante mais baixo, usualmente, na faixa de 2,5 a 5,0 g/ton de cana moída, o que vem compensando o seu uso a despeito do seu custo mais elevado em relação aos similares de base asfáltica. As viscosidades desses óleos lubrificantes variam na faixa de 7000 cSt a 40 ºC até 12000 cSt a 40 ºC para as moendas de menor porte e de porte intermediário, até 16000 cSt
Eixo de moenda
25
Sistema de lubrificação pressurizado para mancais de moenda
Distribuidor e tubulações de óleo lubrificante para os mancais de moenda
a 40 ºC para as moendas de maior porte e sujeitas a esforços mais severos. A temperatura da água de refrigeração nas camisas dos mancais de moenda é fator bastante importante na verificação das condições de lubrificação dos citados elementos mecânicos. Temperaturas acima das usu26
Manga de eixo de moenda
almente verificadas indicam deficiência de lubrificação nos mancais de moenda, que pode ser atenuada, em caráter excepcional, com diminuição do ciclo de injeção de lubrificante ou aumento no volume do lubrificante introduzido nos mancais, mas com consequente aumento no consumo de óleo lubrificante por tonelada de cana moída. A elevação de temperatura, todavia, pode ocorrer
Monitoramento da temperatura da água de
devido a vazamento de água de refrigeração por avaria na camisa, vazão de água de refrigeração insuficiente, ciclos de lubrificação muito espaçados, lubrificantes com viscosidade inadequada ou volume insuficiente de lubrificante injetado quando do acionamento do sistema de bombeamento do óleo lubrificante. Os óleos lubrificantes de base asfáltica para uso em mancais de moenda vêm sendo rapidamente substituídos por similares sintéticos ou de base sintética. Usinas que produzem açúcar, principalmente para exportação são auditadas periodicamente pelos compradores e um item cujo isso é fortemente restringido são os
óleos lubrificantes de base asfáltica. Em futuro próximo, a tendência dos óleos lubrificantes de base asfáltica é terem o seu consumo bastante reduzido, sendo utilizados apenas por destilarias de álcool mais antigas em que as moendas não têm sistema de vedação adequados. As novas plantas sucroalcooleiras já contam com sistemas de vedação de mancais de moenda bastante aprimorados, e os OEM já estimulam o uso de óleos sintéticos e semissintéticos desde o comissionamento da planta. Aos formuladores de lubrificantes resta o desafio de produzir óleos lubrificantes de consumo menor possível por tonelada de cana moída, amigáveis ao meio ambiente, que reduzam o desgaste dos eixos e mancais de moenda ao mínimo possível, a despeito das prováveis contaminações inevitáveis ao processo e severos esforços mecânicos a que são sujeitos esses componentes. Em artigo posterior, vamos abordar avanços em lubrificação que estão ocorrendo em plantas sucroenergéticas. Aguardamos a todos.
Marcos Thadeu Giacomini Lobo é Engenheiro Mecânico e Consultor Técnico em Lubrificação da Petrobras Distribuidora S.A.
Distribuidor de aditivos para:
Distribuidor Autorizado
Lubrificantes automotivos, para veículos a gasolina, diesel, etanol e gás Lubrificantes industriais A indústria de biocombustíveis A indústria de explosivos Melhoradores de índice de viscosidade
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O mercado em foco LUBES EM FOCO apresenta os números do mercado brasileiro de lubrificantes referentes ao ano de 2011, fruto de pesquisa junto aos principais agentes do mercado e órgãos legisladores. As dificuldades para uma precisão continuam a existir, uma vez que ainda não há uma consolidação dos números dos pequenos produtores.
Uma estimativa do mercado relativa ao ano de 2011 O mercado aparente 1.370.000 m3
Mercado Total Óleos Lubrificantes
Óleos Básicos: Mercado Total
1.336.000 m3 801.600 m3 505.400 m3 29.000 m3
Mercado Local: Automotivos: Industriais: Óleos Básicos
89.100 m3 55.100 m3
Importação Produto Acabado: * Exportação Produto Acabado: * Mercado Total Graxas
1.431.266 m3
Produção Local: Refinarias Rerrefino
862.520 m3 602.520 m3 260.000 m3
Importação Exportação
584.583 m3 15.837 m3
Fonte: ANP, Aliceweb, Sindicom, Petrobras, Banco de Dados Lubes em Foco
58.500 t
* Não considerados óleos brancos e a classificação “outros”.
Mercado SINDICOM1 •Comparativo 2012/2011 por região (período jan - abr) 200
2011 2012
300
2011 2012
190.557
175
179.956
150
245.769 218.258
200
Total de lubrificantes por região
Mil m3
Análise comparativa por produtos
Mil m3
125 100 132.145
14.329
GRAXAS
50
0
50.848
25 16.825
26.090
0
Lubrificantes automotivos por região
Mil m3
77.576 71.038
INDUSTRIAIS
AUTOMOTIVOS
75
129.096
100
SUL
SUDESTE
54.560 36.800
29.091
NORTE
NORDESTE
39.906
CENTRO OESTE
Lubrificantes industriais por região
Mil m3
100
140
90
2011 2012
120
2011 2012
80 113.266
100
70
72.568 68.718
100.681
60 80
50
60
40 49.109
40
30
43.037 34.649
39.069
20 23.839
20
17.052
24.941
25.235
24.627
19.699
14.357
10 8.382
0
SUL
SUDESTE
NORTE
NORDESTE
CENTRO OESTE
0
SUL
SUDESTE
NORTE
1. O SINDICOM é composto pelas seguintes empresas: Ale, BR, Castrol , Chevron, Cosan, Ipiranga, Petronas, Shell, Total e YPF.
28
13.390
11.897
13.140
8.614 NORDESTE
CENTRO OESTE
Mercado de Lubrificantes em 2011 (m3) 12,5% 12,2% 19,8% 12,2% 17,5% 11,5% 1,8% 2,6% 3,0%
Mercado de Graxas 2011 (t)
BR Ipiranga Chevron (Texaco) Cosan (Esso + Mobil) Shell + Sabba Petronas (FL) Castrol Alesat + Repsol Total Lubrificantes Outros
17,7% 13,6%
19,3%
6,9%
9,3%
13,3%
7,8% 8,9%
BR Chevron (Texaco) Ingrax Ipiranga Petronas Shell Cosan (Esso) Outros
9,7%
NOTA: Os dados de mercado correspondentes ao ano de 2010, que foram retirados desta seção, podem ainda ser encontrados no site da revista, no endereço www.lubes.com.br, no item do menu SERVIÇOS / MERCADO.
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O Motorista Cuidadoso Crônica de Pedro Nelson Belmiro
E
le é cuidadoso. Um motorista preocupado que chega ao posto de serviço com seu carro para mais um abastecimento de combustível. Escolheu o posto conhecido, pois já sabe que gasolina adulterada pode estragar o seu motor. Já leu muito sobre isso e assistiu a reportagens mostrando os problemas causados por pessoas inescrupulosas que misturam até água no combustível para ganhar mais dinheiro. Pede para encher o tanque e fica de olho na bomba para não ser enganado. É quando vem a terrível afirmação: “Senhor, o nível do óleo está baixo. Pega quase um litro. Assim o motor vai dar problema. Pode completar?” O motorista olha pela janela e vê o frentista com uma vareta e um pedaço de estopa suja nas mãos, aguardando sua decisão. Aos poucos um certo nervosismo começa a aparecer em seu semblante, e a dúvida toma conta de sua mente. E agora? Completar com que óleo? Procurar no manual do carro nem passou pela cabeça, pois achar em um livro como aquele, cheio de informações, um pequeno detalhe como este seria muito difícil. Engoliu em seco e decidiu confiar naquele que lhe parecia o expert no assunto. - O que o senhor recomenda? Pergunta o motorista vacilante. - Bom, aí depende. Tem o sintético, o semissintético, o 20W-40, o 10W-30, qual o senhor quer? Mais confuso ainda o motorista pergunta pelos preços, e complica de vez sua vida. A variedade é grande, e as diferenças de valores são enormes. A essa altura, já não acompanhava mais o abastecimento, e sua mente fervilhava em busca de uma solução para aquele problema que ameaçava destruir o seu motor. O olhar do frentista era sinistro. A situação precisava de uma atitude imediata, pois o risco era iminente. Pediu auxílio a outro frentista que passava e obteve como resposta, que poderia ser um óleo para 5 mil Km ou para 10 mil Km, mas que dependeria de quanto já rodou desde a última troca. Tinha também um SL ou SM que era de última geração. Um outro motorista que ouvia a conversa resolveu ajudar. “Olha moço, eu tinha um carro igual ao seu e li no manual que só podia colocar óleo do fabricante do veículo, que é um especial que eles fabricam para o carro.” O pânico já tomava conta do motorista. Já havia alí uma conferência de cerca de 5 ou 6 pessoas, pois curiosos chegavam para dar palpite também. E ele precisava decidir. Resolveu pedir ajuda a um amigo em quem confiava. Pegou o celular e ligou imediatamente explicando a situação em que se encontrava. O amigo não teve dúvidas, disse para ele tomar cuidado, pois estavam querendo lhe empurrar óleo caro e desnecessário. Era bom que ele visse qual era o API do óleo, pois modelos mais modernos precisam de API “alto”. No caso dele, era recomendado que fosse do SJ para cima. Pronto. Era o caos total. Ele sempre fora cuidadoso e temia que algo de ruim acontecesse com seu tão querido carrinho. Olhava para ele já com pena do que poderia acontecer se colocasse algo errado e não fosse compatível. Caramba! Com tanto cuidado com o combustível, nem pensou em se preparar para lidar com o lubrificante, afinal, rodava pouco e nunca tinha parado para ver o óleo. Talvez na última vez em que foi a uma oficina o mecânico tenha trocado, mas o que colocou? Já exausto, achando que todos o queriam enganar, com uma sopa de letras e números na cabeça, não conseguiria tomar uma decisão para colocar algo no interior da máquina que poderia quebrar, fundir, ou até mesmo explodir, quem sabe? Respirando fundo, teve um lampejo mental, e a solução brilhante lhe veio à cabeça. Empurrou o carro até um estacionamento alí perto, e chamou o reboque do seguro para levar o carro em completa segurança para a última oficina que visitou e que, com certeza, colocaria o mesmo óleo que já estava no motor. Sentou no bar mais próximo, pediu um cafezinho e pensou: “Ainda bem que tenho seguro!”
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Programação de Eventos Internacionais Data
Evento
2012 Maio 9 a 10
1st. Annual Base Oil and Lubes Middle East Conference - Bahrain - http://www.cconnection.org
Dezembro 1 a 2
7th. ICIS Pan-American Base Oil & Lubricants Conference - New Jersey - USA - www.icisconference.com
Nacionais Data
Evento
2012 Abril 18
8º Fórum sobre Óleos Lubrificantes - Rio de Janeiro - www.ibp.org.br
Julho 2 e 3
2º Encontro com o Mercado - Rio de Janeiro - www.lubes.com.br
Agosto 21 a 23
Expopostos & Conveniência - Rio de Janeiro - Rio Centro - www.postoseconveniencia.com.br
Setembro 10 a 14
27º Congresso Brasileiro de Manutenção - Rio de Janeiro - www.abraman.org.br
Cursos Data
Evento
2012 Maio 14 a 16
Lubrificantes e Lubrificação - Rio de Janeiro, RJ - www.ibp.org.br/cursos
Junho 18 a 22
Dimensionamento de Válvulas de Controle (VCD) - São Paulo, SP - www.ibp.org.br/cursos
Julho 23 a 25
Análise de Falhas e Soluções de Problemas de Equipamentos Mecânicos - Rio de Janeiro, RJ - www.ibp.org.br/cursos
Se você tem algum evento relevante na área de lubrificantes para registrar neste espaço, favor enviar detalhes para comercial@lubes.com.br, e, dentro do possível, ele será veiculado na próxima edição.
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A energia como tema. O Rio como cenário. E você como convidado.
Rio Oil & Gas. 30 anos. Um encontro imperdível.
17 a 20 de setembro de 2012 Riocentro - Rio de Janeiro - Brasil
05/12
Realização
Clube de Ideias
www.riooilgas.com.br
Patrocínio Prata:
Patrocínio Ouro:
Patrocínio Bronze:
Patrocínio Cobre:
Transpor tadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil S.A .